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GESTÃO

9. Análise de Projectos de Investimento

9.1 A dimensão temporal e o cálculo financeiro


9.2 Critérios de análise da rendibilidade de projectos de
investimento
9.3 A organização de um estudo de avaliação de um projecto de
investimento
9.4 A avaliação de uma empresa como caso particular de
avaliação de um projecto de investimento

Autor: Sergio Alfredo Macore -


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9.1 A dimensão temporal e o cálculo
financeiro

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Suponham que lhes prometem 1.000 euros.
Oferecidos!
 O que preferem: recebê-los hoje ou daqui a
um ano?

 E se daqui a 1 ano puderem comprar o


mesmo que comprariam hoje com os 1.000
euros?

 Nesse caso não haveria… INFLAÇÃO.


 Definição de inflação: aumento sustentado
e generalizado do nível de preços.
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Se a taxa anual de inflação for de 1,5%, qual o
valor real hoje desses 1.000 euros daqui a 1 ano?

Dito de outra forma, qual o valor desse dinheiro a


preços constantes (1.000 é o valor a preços
correntes, do ano)?
 Resposta: 1.000 euros/ ( 1 + 0,015)=985,22 euros

 Demonstração: Um bem que custe hoje 985,22


euros, custa daqui a um ano 985,22 x 1,015 =
1.000 euros

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Suponham agora que já receberam os 1.000
euros e os pretendem depositar no banco
Podem:

(i) deixar nessa conta só o montante


inicial, levantando os juros todos os
anos (juros simples)

(ii) depositá-los numa conta a prazo em


que os juros vencidos ficam a acumular
nessa conta gerando mais juros (juros
compostos)

Vejamos as duas possibilidades:


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Capitalização

Juros Simples Capital ou depósito inicial = 1000;


r = taxa de juro = 2%

Período 0 1 2 3 … n
   
Fluxos -1000 20 20 20 … 1020
   
rC0+C0= 
-C0 r C0 r C0 r C0 … (1+r)C0

Fluxo<0 corresponde a pagamento


Fluxo>0 corresponde a recebimento

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Capitalização

Juros Compostos Capital ou depósito inicial = 1000;


taxa de juro = 2 %

Período 0 1 2 3 … n
   
-1000 0 0 0 … 1000(1+0,02)n
   
-C0 0 0 0 … C0 (1+r) n

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Capitalização versus Actualização
Capitalização
Co C1 C2 Cn

C2(1+r) n-2  Valor de


C2 no ano n
C1(1+r) n-1

C0(1+r) n

Actualização (ou desconto)


Co C1 C2 Cn

Cn/(1+r) n

C2/(1+r) 2

C1/(1+r)  Valor de
C1 no ano 0
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Outra vez a inflação!

 Taxa de juro nominal (tn): a preços


correntes, não é corrigida do efeito da
inflação

 Taxa de juro real (tr): expurgada do


efeito da inflação, logo é mais baixa do
que a nominal

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Outra vez a inflação!
 Se 2% é a taxa de juro nominal (tn), a
preços correntes, qual será a taxa de juro
real (tr), dado que a taxa de inflação (ti) é de
1,5 %?
 Resposta:
Se (1+0,02) = (1+0,015) * (1+tr), então
tr = (1+tn)/(1+ti)-1 = 1,02/1,015-1= 0,492%.

Aproximadamente,
tr = tn – ti = 2% - 1,5% = 0,5%

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Análise a preços correntes ou constantes

 1.000 euros recebidos hoje


capitalizariam daqui a 1 ano
1.000*1,00492 = 1.004,92 euros
em termos reais, a preços constantes do
ano 0.

 Capitalizam 1.000 * (1+0,02) = 1.020


euros em termos nominais, a preços
correntes.
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Análise a preços correntes ou constantes

 Inversamente, 1.000 euros recebidos daqui


a 1 ano correspondem ao valor actual
(hoje!) de
1.000/1,02 = 980,39
se estivermos a trabalhar a preços
correntes, com os 1.000 euros a preços do
ano 1.

Se esses 1.000 euros já estiverem a preços


constantes do ano 0, então o seu valor
actual é de
1.000/1,00492= 995,10 euros.
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Análise a preços correntes ou constantes

 Conclusão: na análise de um projecto de


investimento, fluxos financeiros expressos
a preços constantes actualizam-se com
taxas reais, e fluxos a preços correntes
actualizam-se com taxas nominais.

 Actualizar é diferente de deflacionar!

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Equivalência entre taxas de diferentes períodos
inferiores ao ano

 Por vezes os bancos calculam a taxa


infra-anual como uma fracção da taxa
anual (nominal) correspondente.
 Ex: taxa mensal correspondente à taxa
anual nominal de 12%
rm = 12%/12=1%

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Equivalência entre taxas de diferentes períodos
inferiores ao ano

 No entanto, a taxa mensal equivalente a


uma taxa anual de 12% seria dada por
(1+rm)12=1+ra,
donde rm=(1+ra)1/12 -1=0.949%

 Taxas equivalentes: são referidas a


diferentes períodos de capitalização,
mas, aplicadas a capitais iguais,
produzem o mesmo montante de juros
em igual tempo.
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Cálculo de Rendas: Anuidades e Perpetuidades

Empréstimo = C
Rendas / Pagamentos Constantes = A
Período = n (pode ser o nr de anos, trimestres, meses …)
Taxa = r (pode ser a taxa infra-anual equivalente: trimestral, mensal…)

0 1 2 ... n
C -A/(1+r) -A/(1+r)2 ... -A/(1+r)n

Progressão Geométrica: 1ºtermo-último termo × razão


Soma=
1-razão

Ex: Aquisição de um automóvel ou de uma habitação

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1 1 1 (1 + r) n − 1 Anuidade
− ×
1 + r (1 + r) n 1 + r (1 + r) n +1
C=A =A =
1 1 + r −1 Factor de
1−
1+ r 1+ r
anuidade:
(1 + r) n −1 1 + r (1 + r) n −1
=A n +1
× =A a
(1 + r) r (1 + r) n × r n r

1 1 1
− ×
1 1+ r A
C = A 1+ r ∞ 1+ r = A × =
Perpetuidade 1−
1 1+ r r r
1+ r

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Perpetuidade com taxa de
crescimento constante g < r

0 1 2 ... n

C A/(1+r) A(1+g)/(1+r)2 ... A(1+g)n-1/(1+r)n

A
C=
r −g
Ex: Pensão vitalícia que é aumentada g% todos os anos

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9.2 Critérios de análise da rendibilidade
de projectos de investimento

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Um investimento…
 É qualquer aplicação actual de recursos,
visando benefícios futuros.

 Os benefícios podem não ser medidos


directamente em unidades monetárias, podem
ser de ordem social, como os feitos pelo Estado
p.ex. na educação, saúde ou vias de
comunicação.

 Contudo, esse tipo de benefícios extravasa o


âmbito da nossa análise que vai ser
eminentemente na óptica da (max)rendibilidade
empresarial.

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Neste caso um investimento é …
 Uma sequência de fluxos financeiros (cash flows)
distribuídos por diversos períodos:

Período 0 1 2 3 … n
CF0 CF1 CF2 … … CFn

 em que o primeiro ou primeiros cash flows são normalmente


negativos – despesas de investimento em terrenos,
edifícios, equipamentos, licenças e patentes ou, até, em
capital circulante, como a constituição e reforço de stocks de
matérias primas ou mercadorias.
No final do período de investimento a parte destas despesas
que seja recuperável constitui o valor residual do
investimento.

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Valor Residual do Investimento
 A venda no fim do período em análise (ano n) de um
dado activo fixo origina um ganho ou perda
extraordinário que, se a empresa for lucrativa, tem
impactos fiscais. Deste modo, o valor recebido pela
empresa no final do investimento corresponde a:

Valor residual do investimento fixo no ano n


= Valor Mercado n - (Valor Mercado n – Valor
Contabilístico n) * Taxa imposto

Sendo:
Valor Mercado n = Valor esperado de venda do activo
no ano n
Valor Contabilístico = Valor de compra – Amortizações
Acumuladas

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Valor Residual do Investimento

 Para a empresa lucrativa a diferença


entre Valor Mercado e Valor
Contabilístico corresponde ao ganho ou à
perda (mais-valia ou menos-valia) que
vai originar um pagamento de imposto
respectivamente superior ou inferior face
à situação de ausência dessa mais ou
menos-valia.

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um investimento é (cont.)…

 Os outros cash flows são habitualmente positivos


e correspondem aproximadamente aos ‘lucros +
custos reconhecidos pelo Fisco mas não pagos’
que se prevê obter durante a fase de exploração.

 Com mais rigor, esses cash flows de exploração


= Resultados Antes de Juros e Impostos *
(1- tx. imposto) + Amortizações

 Nota: Resultados Antes de Juros e Impostos =RAJI=EBIT, na


literatura internacional
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Exercício de ilustração:
1.Uma empresa investiu 100.000 euros numa nova
máquina.

2. Esta é amortizável em 5 anos, findos os quais pode


ainda ser vendida por 10.000 euros (valor residual).

3. Sabe-se que a sua produção vai ser vendida por


150.000 euros no 1º ano.

4. Os custos operacionais com pessoal, fse e matéria


prima serão, no 1º ano, de 100.000 euros, acrescidos
dos custos com amortizações.

5. Proveitos e custos sobem 10% ao ano.

6. A taxa de imposto a pagar pela empresa é de 25% .


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Resolução do exercício:
Rubrica/Período 0 1 2 3 4 5

(1) C. Investimento -100.000

(1) Val.Residual Inv. Líq. Imp. 7.500

Cash Flow do Investimento -100.000 7.500

(3) Proveitos 150.000 165.000 181.500 199.650 219.615

- (4) C. Operacionais -100.000 -110.000 -121.000 -133.100 -146.410


(pessoal, fse, mat.primas)
- (4)(b) Amortizações -20.000 -20.000 -20.000 -20.000 -20.000

Resultado Operacional (EBIT) 30.000 35.000 40.500 46.550 53.205

(a) EBIT x (1 - 0,25) 22.500 26.250 30.375 34.913 39.904

CF Exploração (=a+b) 42.500 46.250 50.375 54.913 59.904

CF Total = CF Inv. + CF Expl. -100.000 42.500 46.250 50.375 54.913 67.404

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Rubrica/Período 0 1 2 3 4 5

CF Total = CF Inv. + CF Expl. -100.000 42.500 46.250 50.375 54.913 67.404

Vale a pena investir na compra de


uma nova máquina?

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Critérios de rendibilidade

a) VAL (Valor Actual Líquido)


(em inglês NPV – Net Present Value)

n
CFk
VAL = ∑
k =0 (1 + r) k

VAL >0

VAL1 > VAL2 => P1 preferível a P2

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No exemplo anterior…
CF Total = CF Inv. + CF Expl. -100.000 42.500 46.250 50.375 54.913 67.404

 VAL= - 100.000/(1+r)0 + 42.500 /(1+r)1 +


+ 46.250/(1+r)2 + 50.375/(1+r)3 +
+ 54.913/(1+r)4 + 67.404/(1+r)5 =
=

taxa rr??
Que taxa
Que

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Já vimos que …
 As taxas de actualização devem ser nominais (e
daí maiores!) quando fazemos a análise a
preços correntes. Devem ser reais (descontadas
da inflação) quando os cash flows estão
calculados a preços constantes.

 As taxas de actualização nominais premeiam a


renúncia ao consumo presente, em função do
rendimento futuro (lembram-se dos 1.000
euros oferecidos?)

 E que mais …?

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Rendimento esperado e risco
 No caso dos 1.000 euros, o que preferiam?

 i) um depósito a prazo em vosso nome, a levantar


daqui a um ano, com uma taxa de juro de 2%;
 ii) idêntico valor em acções, para venderem daqui
a um ano, com um rendimento esperado também
de 2%?

 E se em ii) o rendimento esperado fosse de 10%?


(aqui está um exemplo de trade-off: entre rentabilidade e risco)

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Modified from Stocks, Bonds, Bills and Inflation: 1998 Yearbook,TM annual updates work by
Roger C. Ibbotson and Rex A. Sinquefield (Chicago: Ibbotson Associates
(1926-1994)

Risk premium
Arithmetic (relative to U.S. Standard
Series mean Treasury bills) deviation

Common
stocks 12.2% 8.5% 20.3%

Small-company
stocks 17.4% 13.7% 34.6%

Long-term
Corpor.bonds 5.7% 2.0% 8.4%

Long-term
Gov. bonds 5.2% 1.5% 8.8%

Intermediate-term
government bonds 5.2% 1.5% 5.7%

U.S. Treasury bills 3.7% 3.3 %

Inflation 3.2% 4.6%

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-90% 0% 32 90%
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Fonte: http://www.montepio.pt/ePortal/v10/PT/jsp/activos/campanhas.jsp

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Ainda as taxas de actualização …

 Em conclusão, as taxas de actualização devem estar


também associadas ao risco do investimento.

 As taxas de actualização exprimem o custo de


oportunidade do capital. Se o risco é mais elevado, os
accionistas querem maior remuneração dos seus
investimentos. Caso contrário desinvestem e vão comprar
acções de outras empresas.

 A taxa de actualização é o custo de oportunidade do


capital. O investidor exige receber pelo menos a taxa que
obteria em investimentos alternativos com o mesmo grau
de risco.
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Ainda as taxas de actualização …

 Assim, as taxas de actualização devem


corresponder à soma do rendimento
esperado de activos sem risco
(rendimentos previsíveis a priori com
precisão, como a remuneração dos
títulos de dívida do Estado, geralmente
mais elevada que a dos depósitos
bancários) com um prémio de risco
inerente à actividade económica em
causa e ao risco financeiro associado ao
grau de endividamento da empresa.

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E a aplicação do critério do VAL…
 Se um investimento X é, p. ex.:
-1000 1100
E temos um investimento alternativo Y com idêntico
risco e um rendimento esperado de:

a) 10%:
VAL 10% (X)= -1000 + 1100 /(1+0,1) = 0
É indiferente investir em X ou Y;

b) 5%:
VAL 5% (X) = -1000 + 1100/1,05=47,6 > 0
É preferível investir em X;

c) 15%:
VAL 15% (X) = -1000 + 1100/1,15=-43,48 <0
É preferível investir em Y.
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Critérios de rendibilidade

b) TIR (Taxa Interna de Rendibilidade)


( em inglês IRR - Internal Rate of Return )
TIR  é a taxa de actualização para a qual o VAL = 0

n
CFk

k =0 (1 + r)
k
=0

calcula-se iterativamente

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Relação entre o VAL e a TIR

VAL

r (taxa de actualização)
r = TIR

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Problemas no cálculo e na utilização da TIR

VAL

r (taxa de actualização)
r = TIR
1º Pode existir mais do que uma TIR. É o caso, p. ex., da existência de
cash-flows negativos intermédios ou finais (investimentos não
convencionais).

Ex : Co C1 C2 TIR’s
-4000 25000 -25000 25 e 400%

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2º Pode não existir TIR

Ex: C0 C1 C2
1000 -3000 2500

3º A TIR é inadequada para projectos mutuamente


exclusivos (ex: temos um terreno – podemos construir
nele um prédio ou uma vivenda, mas só uma destas
opções)

Taxa de actualização=5%

VAL A > VAL B  A melhor que B (o uso da TIR daria informação


incorrecta) Autor: Sergio Alfredo Macore -
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Critérios de rendibilidade

c) Período de Recuperação do Investimento


(“Payback Period”): tempo necessário para que os
cash-flows gerados pelo projecto igualem (recuperem) o
capital investido inicialmente.

PB

Sem actualização ∑ CFi = 0


i=0
PB

Com actualização ∑ CFi/(1+r)i = 0


i=0
com: CFi = cash-flow do período i;
PB = nº de períodos do “Payback”;
r = taxa de actualização
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Período(anos) 0 1 2 3 4 5 6

Cash Flows(*) -1000 200 300 400 420 500 700

C.F. Cumulativo -1000 -800 -500 -100 320 820 1520

(*) Não actualizados

Pay Back = 3 + 100/[320-(-100)] = 3 + 100/420 = 3.238 Anos

≈ 3 anos e 3 meses (0.238*12 meses ≈ 3 meses)

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Critérios de rendibilidade
d) Índice de Rendibilidade (em inglês: Profitability
Index ou Benefit/Cost Ratio)
VAL
IR = (critério de aceitação: ser >0)
C0

ou
n

∑ k
CF /(1 + r ) k

1
(critério de aceitação: ser >1)
C0

Nota: C0 em módulo

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Problema idêntico ao da TIR:
Investimentos Mutuamente Exclusivos

Investimento C0 C1 r VAL IR
A -1 3.3 10% 2 (=3.3/1.1-1) 3
B -10 22 10% 10(=22/1.1-10) 2
B-A -9 18.7 10% 8 (=18.7/1.1-9) 1.89

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9.3 A Organização de um Estudo de
Avaliação de um Projecto de
Investimento

Autor: Sergio Alfredo Macore -


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Esquema Geral de um Estudo de Investimento

1. IDENTIFICAÇÃO DO
PROJECTO
2. ESTUDOS PRÉVIOS
Estudo de mercado
Estudo de localização
Estudos de impacte ambiental
Estudos de engenharia
Estudo de fornecimento
Estudo sobre mão de obra

3. ANÁLISE DE RENDIBILIDADE DO PROJECTO

4. ESTUDOS COMPLEMENTARES:
FINANCIAMENTO, RISCO, ESTATUTO JURÍDICO E
FISCALIDADE
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Estruturação do Dossier

I - Identificação dos promotores do Investimento

1 - Denominação Social da empresa ou agrupamento de


empresas, departamento ou nome dos promotores
individuais

2 - Estrutura jurídica da empresa constituída, ou a


constituir, com referência ao capital social

3 - Elementos curriculares/identificativos dos promotores


ou principais responsáveis

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Estruturação do Dossier

II - Caracterização Técnico-Económica
1 - Descrição sumária do projecto

1.1 - Principais objectivos


1.2 - Principais características técnicas, Plantas /
Layout
1.3 - Mapa síntese do investimento e das principais
fontes de financiamento
1.4 - Cronograma do investimento
1.5 - Plano do pessoal afecto ao projecto e de
formação

2 - Análise Estratégica e do Mercado

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Cronograma do Investimento
Jan-98 Mai-99 Set-00 Fev-02 Jun-03 Nov-04 Mar-06

Estudos Prévios

Selecção e Aquisição do Local

Licenciamentos (Patentes)

Elaboração do Caderno de Encargos

Concurso de Const. e Fornec. Equip.

Selecção do Construtor

Construção de Infraest. e Instalações

Selecção do Fornecedor de Equip.

Instalação de Equipamento

Formação de Pessoal

Testes e Licenciamento Final

Promoção de Lançamento

Exploração

Reinvestimento

Fonte: Soares et al. (1999) Avaliação de Projectos de Investimento na Óptica Empresarial, Editora Sílabo

Autor: Sergio Alfredo Macore -


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Estruturação do Dossier

III - Estudo da Viabilidade Económico-Financeira


1 - Mapas de Investimento e Amortizações
2 - D.R. Previsionais e Mapas complementares de
custos e receitas
3 - Balanços Previsionais e Mapas de Tesouraria e
Financiamento
4 - Análise da Rendibilidade e do Equilíbrio
Financeiro

IV - Anexos

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Standard Business Plan
 Executive Summary: Write this last. It's just a page or two
of highlights.
 Company Description: Legal establishment, history, start-
up plans, etc.
 Product or Service: Describe what you're selling. Focus on
customer benefits.
 Market Analysis: You need to know your market, customer
needs, where they are, how to reach them, etc.
 Strategy and Implementation: Be specific. Include
management responsibilities with dates and budget.
 Management Team: Include backgrounds of key members
of the team, personnel strategy, and details.
 Financial Plan: Include profit and loss, cash flow, balance
sheet, break-even analysis, assumptions, business ratios,
etc.
Fonte: Palo Alto Software, Business Plan Pro

Autor: Sergio Alfredo Macore -


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9.4 A avaliação de uma empresa
como caso particular de avaliação de
um projecto de investimento

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Técnicas de Determinação do Valor
de uma Empresa
Vamos ver 3 técnicas de determinação do
valor de uma empresa:

 técnica dos “free cash-flows” ou dos


“discounted cash-flows”
 técnica dos dividendos
 múltiplos de mercado

Com estas técnicas, avaliar uma empresa é


um caso particular da avaliação de um
projecto de investimento.

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Técnicas de Determinação do Valor
de uma Empresa

 Técnica dos “free cash-flows”:


 O valor de mercado da empresa (Enterprise Value) é o
valor de um investimento que vai gerando “cash-
flows”. O valor da empresa para os accionistas é o
Equity Value e obtém-se do Enterprise Value
subtraindo a dívida financeira.

 Ao pormos os activos operacionais de uma empresa a


“rodar”, obtemos o fluxo de cash-flows operacionais
(ou free cash-flows) da empresa durante o seu
período de vida. O valor económico desses activos
operacionais (VAO) será o valor actual dos cash-flows
operacionais futuros da empresa.

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Técnicas de Determinação do Valor
de uma Empresa
n
FCFt
VAO = ∑ , onde
t=1 (1 + r )
t

FCFt =cash-flow operacional ou free cash-flow no período t,


r=taxa de actualização

••Porém,
Porém,oofluxo
fluxode
decash-flows
cash-flowsgerado
geradopelos
pelosactivos
activosda
daempresa
empresa
nãoé,
não é,em
emgeral,
geral,passível
passívelde
deintegral
integralapropriação
apropriaçãopelos
pelosseus
seus
accionistas,uma
accionistas, umavez
vezque
queuma
umaparcela
parcelados
dosrendimentos
rendimentosgerados
geradoséé
canalizadapara
canalizada parafazer
fazerface
faceao
aoserviço
serviçoda
dadívida
dívidado
dopassivo
passivo
(encargosfinanceiros
(encargos financeiroseereembolso
reembolsoda dadivida),
divida),contraída
contraídapara
para
financiaraaactividade
financiar actividadeda
daempresa.
empresa.

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Técnicas de Determinação do Valor
de uma Empresa

•No entanto, a utilização de divida remunerada


por parte da empresa reduz a factura fiscal a
pagar, uma vez que os encargos financeiros são
aceites como custo fiscal, reduzindo assim o
Resultado Antes de Impostos sobre o qual se
calcula o imposto a pagar.
•Há, pois, uma poupança fiscal associada (PFA
ou tax shields), cujo valor global é naturalmente o
somatório dos valores descontados.

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Técnicas de Determinação do Valor
de uma Empresa
n
fluxo de poupança fiscal
PFA = ∑ t
t =1 (1+r)
PFA==valor
PFA valoractual
actualdos
dosfluxos
fluxosde
depoupança
poupançafiscal
fiscal

Então,
Então,
Valorda
Valor daEmpresa
Empresa==VAO
VAO+PFA
+PFA
EquityValue
Equity Value==Valor
Valorda
daEmpresa
Empresa--Dívida
DívidaFinanceira
Financeira

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Técnicas de Determinação do Valor
de uma Empresa
 Com este método vê-se claramente que o
VALOR DE UMA EMPRESA (Market Value) é
determinado pelo valor que os seus activos
vão gerar.

 A avaliação de uma empresa é pois fazer um


exercício sobre os cash-flows futuros.

 O valor contabilístico da empresa (book-


value) é apenas o valor contabilístico actual
dos seus activos.
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Técnicas de Determinação do Valor
de uma Empresa
 Técnica do fluxo de dividendos:
• Neste método obtemos directamente o valor da
empresa na óptica do accionista (Equity Value).
Adicionando a dívida financeira (D) chegaremos ao
Entreprise Value.
• Simulamos uma Demonstração de Resultados
Previsional ao longo da vida da empresa e,
admitindo um payout ratio, obtemos os fluxos de
dividendos que os accionistas vão receber.
• payout ratio = dividendos / resultado líquido

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Técnicas de Determinação do Valor
de uma Empresa
n
Dividendos t
Valor actual do fluxo de dividendos = ∑ t
t=1 (1+r)

Como é óbvio,
Valor dos Capitais Próprios (Equity Value) = Valor actual do fluxo
de dividendos

Daqui é fácil obter


Enterprise Value = Equity Value + Dívida

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Técnicas de Determinação do Valor
de uma Empresa

 Múltiplos de mercado:
 Determina-se o valor de mercado de uma
empresa por comparação com outra empresa
semelhante.

 Através do PER (Price Earnings Ratio=P/EPS)


de uma empresa cotada para a qual se sabe o
valor das acções e o resultado líquido por
acção, podemos calcular o valor aproximado
do mercado de outra empresa semelhante do
mesmo sector, para a qual se sabe o resultado
líquido por acção (EPS).

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Técnicas de Determinação do Valor
de uma Empresa

 Exemplo:
Empresa Cotada Empresa a avaliar
P=2000€ (valor da cotação de acção) Sabe-se:
EPS= 200 (resultado por acção) EPS= 100€
PER = P = 2000 = 10
EPS 200

Então o P (preço por acção) da empresa em avaliação será


(utilizando o mesmo PER), aproximadamente:

P = PER da empresa da referencia * EPS


= 10 * 100= 1000€ (Preço de mercado da acção da empresa a
avaliar)

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Técnicas de Determinação do Valor
de uma Empresa

• O Goodwill de uma empresa é a diferença


entre o seu valor de mercado (market value)
e o seu valor contabilístico (book-value).

• Quando os activos intangíveis da empresa -


como marcas, patentes, capital intelectual -
têm grande importância, o valor de mercado
será muito superior ao valor contabilístico. É
o caso das empresas baseadas na economia
do conhecimento.
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