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Augusto dos Anjos

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Cruz do Espírito Santo, 20 de abril de


1884 — Leopoldina, 12 de novembro de 1914) foi um poeta brasileiro,
identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Todavia, muitos
críticos, como o poeta Ferreira Gullar, preferem identificá-lo como pré-
modernista, pois encontramos características nitidamente expressionistas em
seus poemas.

É conhecido como um dos poetas mais críticos do seu tempo, e até hoje sua obra
é admirada tanto por leigos como por críticos literários.

Nascimento 20 de abril de 1884

Cruz do Espírito Santo, Paraíba

Morte 12 de novembro de 1914 (30 anos)

Leopoldina

Nacionalidade Brasileiro

Ocupação poeta e professor

Escola/tradição Pré-modernismo, Modernismo

Biografia

Um dos maiores biógrafos de Augusto dos Anjos é outro conterrâneo seu, o


médico paraibano Humberto Nóbrega, trazendo à tona A poética carnavalizada
de Augusto dos Anjos[1] uma das críticas mais relevantes às contribuições à
investigação científica sobre o EU[2] por meio de sua obra de longo fôlego[3],
publicada em 1962, pela editora da primeira Universidade Federal da Paraíba, na
qual o biógrafo Humberto Nóbrega foi também Reitor.

Augusto dos Anjos nasceu no Engenho Pau d'Arco, atualmente no município de


Sapé, Estado da Paraíba. Foi educado nas primeiras letras pelo pai e estudou no
Liceu Paraibano, onde viria a ser professor em 1908. Precoce poeta brasileiro,
compôs os primeiros versos aos sete anos de idade.

Em 1903, ingressou no curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife,


bacharelando-se em 1907. Em 1910 casa-se com Ester Fialho. Seu contato com a
leitura, influenciaria muito na construção de sua dialética poética e visão de
mundo.

Com a obra de Herbert Spencer, teria aprendido a incapacidade de se conhecer a


essência das coisas e compreendido a evolução da natureza e da humanidade.
De Ernst Haeckel, teria absorvido o conceito da monera como princípio da vida, e
de que a morte e a vida são um puro fato químico. Arthur Schopenhauer o teria
inspirado a perceber que o aniquilamento da vontade própria seria a única saída
para o ser humano. E da Bíblia Sagrada ao qual, também, não contestava sua
essência espiritualística, usando-a para contrapor, de forma poeticamente
agressiva, os pensamentos remanescentes, em principal os ideais
iluministas/materialistas que, endeusando-se, se emergiam na sua época.

Essa filosofia, fora do contexto europeu em que nascera, para Augusto dos Anjos
seria a demonstração da realidade que via ao seu redor, com a crise de um modo
de produção pré-materialista, proprietários falindo e ex-escravos na miséria. O
mundo seria representado por ele, então, como repleto dessa tragédia, cada ser
vivenciando-a no nascimento e na morte.

Dedicou-se ao magistério, transferindo-se para o Rio de Janeiro, onde foi


professor em vários estabelecimentos de ensino. Faleceu em 12 de novembro de
1914, às 4 horas da madrugada, aos 30 anos, em Leopoldina, Minas Gerais, onde
era diretor de um grupo escolar. A causa de sua morte foi a pneumonia.

Durante sua vida, publicou vários poemas em periódicos, o primeiro, Saudade,


em 1900. Em 1912, publicou seu livro único de poemas, Eu. Após sua morte, seu
amigo Órris Soares organizaria uma edição chamada Eu e Outras Poesias,
incluindo poemas até então não publicados pelo autor.

[editar] Curiosidades biográficas

Um personagem constante em seus poemas é um pé de tamarindo que ainda


hoje existe no Engenho Pau d'Arco.

Seu amigo Órris Soares contou que Augusto dos Anjos costumava compor "de
cabeça", enquanto gesticulava e pronunciava os versos de forma excêntrica, e só
depois transcrevia o poema para o papel.

De acordo com Eudes Barros, quando morava no Rio de Janeiro com a irmã,
Augusto dos Anjos costumava compor no quintal da casa, em voz alta, o que
fazia sua irmã pensar que era doido.

Embora tenha morrido de pneumonia, tornou-se conhecida a história de que


Augusto dos Anjos morreu de tuberculose, talvez porque esta doença seja
bastante mencionada em seus poemas.

[editar] Obra poética

A poesia brasileira estava dominada por simbolismo e parnasianismo, dos quais o


poeta paraibano herdou algumas características formais, mas não de conteúdo. A
incapacidade do homem de expressar sua essência através da "língua paralítica"
(Anjos, p. 204) e a tentativa de usar o verso para expressar da forma mais crua a
realidade seriam sua apropriação do trabalho exaustivo com o verso feito pelo
poeta parnasiano. A erudição usada apenas para repetir o modelo formal clássico
é rompida por Augusto dos Anjos, que se preocupa em utilizar a forma clássica
com um conteúdo que a subverte, através de uma tensão que repudia e é atraída
pela ciência.

A obra de Augusto dos Anjos pode ser dividida, não com rigor, em três fases, a
primeira sendo muito influenciada pelo simbolismo e sem a originalidade que
marcaria as posteriores. A essa fase pertencem Saudade e Versos Íntimos. A
segunda possui o caráter de sua visão de mundo peculiar. Um exemplo dessa
fase é o soneto Psicologia de um Vencido. A última corresponde à sua produção
mais complexa e madura, que inclui Ao Luar.

Sua poesia chocou a muitos, principalmente aos poetas parnasianos, mas hoje é
um dos poetas brasileiros que mais foram reeditados. Sua popularidade se deveu
principalmente ao sucesso entre as camadas populares brasileiras e à divulgação
feita pelos modernistas.

Hoje em dia diversas editoras brasileiras publicam edições de Eu e Outras


Poesias.

[editar] Crítica literária

Que ninguem doma um coração de poeta![4] é um ensaio sobre o soneto


“Vencedor” e o EU que constata um Augusto dos Anjos convicto em instaurar
uma nova civilização brasileira que assombrará o mundo por meio dum novo
estatuto à palavra feia e federonta arrombando as portas à nova poética do
Cosmos. Assim Augusto dos Anjos reivindica um novo Cosmos a Deus, pois está
inconformado e quer salvar a humanidade, encarnando também um novo Cristo
por acreditar piamente que ele não morreu, pois em carne, osso e sangue vive
na Serra da Borborema, lá na Velha Paraíba onde nasceu.

A poética[5] EU de Augusto dos Anjos, assentada em bases sólidas do verossímil


e da unidade clássica do filósofo Aristóteles, necessita de risco, fazer o que tem
de ser feito, no seu projeto fracassado dum novo Cosmos que ressuscita à vida
duma nova Roma instaurada noutra nova civilização brasileira frente ao velho
mundo.

Trata-se duma poética da transgressão que se dá à janela livre da globalização


ao unir os povos numa só nação chamada Brasil, por estar à frente de seu tempo
e na vanguarda cultural da unidade das nações também à luz da pluralidade [6],
de Paul Feyerabend.

Nem é à toa que no livro A poética carnavalizada de augusto dos anjos[7] o


crítico constate como em todo o EU e no soneto “Vencedor” há um poeta
atormentado em instaurar uma nova civilização brasileira que assombrará o
mundo por meio de seu novo estatuto dado à palavra feia e federonta como a
cloaca que alimenta à hiena, animal desvairado que ainda assim sorrir. Palavra
esdrúxula e excêntrica essa que arromba as portas da unidade clássica à
literatura universal por meio de sua poética da pluralidade, da transgressão,
ordinária e inclassificável.

A festa da carne é resultado da Recepção e transgressão: o público de Augusto


dos Anjos[8] outra pesquisa científica desenvolvida por meio de Engenharia da
Informação na mídia e na net dando acesso a aproximados 10.064.090 milhões
de registros e referências crítico-literárias só no Google, dentre outros levantados
pelo pesquisador e autor da página eletrônica sob a URL
http://montgomeryvasconcelos.zip.net nos quais a poesia e a prosa do poeta
paraibano apresentam a face negra de Brasil, o signo da corrupção, divulgando
críticas como A poética carnavalizada de augusto dos anjos. A ideia de conjunto
da obra angelina o EU é essa festa da carne, entre outras poéticas da
intersemiose na semiótica da literatura e nas artes, que são desenvolvidas
também na Fundação Científica Reis de Leão e das Astúrias, hospedada na
página eletrônica sob a URL http://fucirla.spaces.live.com, em São Paulo-SP.

A poética carnavalizada de Augusto dos Anjos é a festa da carne, o carnaval,


apresentando-se com a mesma sinonímia triádica da sátira menipéia, que
Bakhtin, em seu livro Problemas da poética de Dostoiévski, resgata lá nas
manifestações carnavalescas da antiguidade grega por meio de Menipo de
Gadare, seu criador que lhe dá nome.

Nem é à toa também que o poeta de EU, Augusto dos Anjos, explore em sua
poética expressões tétricas como "Evangelho da podridão", "verme", "matéria
em decomposição", “cloaca”, "escarro", “miseria”, “grito”, “horrenda”, “alegre” e
"sangue". Todavia tudo junto e misturado às palavras alegres da literatura
carnavalizada, que vai abrindo a cena inaugural da miséria nacional por meio
dum estranho circo de horrores. É como se criasse assim nessa poética uma
metalinguagem cinematográfica sobre o corpo devorado por seus próprios
vermes. E o faz por meio duma escritura em plena festa da carne, o carnaval.

Enfim, a sátira menipéia manifesta-se pois também nessa poética aristotélica de


EU. Mas ao mesmo tempo é uma poética da transgressão, uma autêntica e
original "coroação destronamento"[9]. Trata-se de polifonia, dialogismo e
discurso social confluindo na categoria explorada por Bakhtin em sua tríade
filológica: "primeira peculiaridade", "segunda peculiaridade" e "terceira
peculiaridade", equidistantes à tríade semiótica de Peirce: primeiridade,
secundidade, terceiridade, que se vão corresponder também com a tríade de
Lacan: real, simbólico, imaginário.

A poética EU do maior poeta paraibano do século XX, Augusto dos Anjos, é o grito
desesperado pra salvar a humanidade por meio de seu projeto fracassado, na
promessa de ressurreição tal como sucedeu com Jesus Cristo, vencendo a morte
da estética e a instaurando numa cena inaugural doutra nova e gigantesca
civilização brasileira que assombrará o mundo.

Se o artista na pintura do quadro Banho Turco faz a reprodução da carne, o poeta


Augusto dos Anjos propaga sua apologia da carne, a partir de EU e do soneto
"Vencedor", conforme constata o ensaio crítico Que ninguem doma um coração
de poeta![10] Augusto dos Anjos, na sua poética da transgressão, instaura a
festa da carne, a subversão, a constatação da miséria da natureza humana:
espírito e corpo, da matéria; as virtudes sociais humanas, a moral cristã, a
política, a cultura, a economia, a saúde, a sociologia, a antropologia e a ética, são
questionadas, à luz das teorias científicas vigentes na época desse poeta à frente
de seu tempo. É como se Augusto dos Anjos abrisse a cena inaugural de sua
poética do Cosmos por meio de estranha epifania, com o propósito imperioso de
salvar a humanidade numa nova Roma instaurada noutra civilização brasileira
que assombrará o mundo.

Sua linguagem orgânica, muitas vezes cientificista e agressivamente crua, mas


sempre com ritmados jogos de palavras, ideias, e rimas geniais, causava repulsa
na crítica e no grande público da época. Ele somente apresentou grande
vendagem anos após a sua morte.

Muitas divergências há entre os críticos de Augusto dos Anjos quanto à


apreciação de sua obra e suas posições são geralmente extremas. De qualquer
forma, seja por ácidas críticas destrutivas, seja através de entusiasmos exaltados
de sua obra poética, Augusto dos Anjos está longe de se passar despercebido na
literatura brasileira.

[editar] Abordagem biográfica

O aspecto melancólico da sua poesia, que a marca profundamente, é


interpretado de diversas maneiras. Uma vertente de críticos, na qual se inclui
Ferreira Gullar, fundamenta a melancolia da obra na biografia do homem
Augusto dos Anjos. Para Gullar, as condições de nossa cultura dependente
dificultam uma expressão literária como a de Augusto dos Anjos, em que se
rompe com a imitação extemporânea da literatura europeia. Essa ruptura de
Augusto dos Anjos ter-se-ia dado menos por uma crítica à literatura do que por
uma visão existencial, fruto de sua experiência pessoal e temperamento, que
tentou expressar na forma de poesia. A poesia de Augusto dos Anjos é
caracterizada por Gullar como apresentando aspectos da poesia moderna:
vocabulário prosaico misturado a termos poéticos e científicos; demonstração
dos sentimentos e dos fenômenos não através de signos abstratos, mas de
objetos e ações cotidianas; a adjetivação e situações inusitadas, que transmitem
uma sensação de perplexidade. Ele compara a miscigenação de vocabulário
popular com termos eruditos do poeta ao mesmo uso que faz Graciliano Ramos.
Descreve ainda os recursos estilísticos pelos quais Augusto dos Anjos tematiza a
morte, que é personagem central de sua poesia, e o compara a João Cabral de
Melo Neto, para quem a morte é apresentada de forma crua e natural.
[editar] Abordagem psicanalítica

Outros, Como Chico Viana, procuram explicar a melancolia através dos conceitos
psicanalíticos. Para Sigmund Freud, a melancolia é um sentimento parecido com
o luto, mas se caracteriza pelo desconhecimento do melancólico a respeito do
objeto perdido. A origem da melancolia da poesia de Augusto dos Anjos estaria,
para alguns críticos, em reflexões de influências politica com os problemas de
sua família, e num conflito edipiano de sua infância.

[editar] Abordagem bloomiana

Há ainda aqueles que tentam analisar a poesia de Augusto dos Anjos baseada
em sua criatividade como artista, de acordo com o conceito da melancolia da
criatividade do crítico literário norte-americano Harold Bloom. O artista seria
plenamente consciente de sua capacidade como poeta e de seu potencial para
realizar uma grande obra, manifestando, assim, o fenômeno da "maldição do
tardio". Sua melancolia viria da dificuldade de superar os "mestres" e realizar
algo novo. Sandra Erickson publicou um livro sobre a melancolia da criatividade
na obra de Augusto dos Anjos, no qual chama especial atenção para a natureza
sublime da poética do poeta e sua genial apropriação da tradição ocidental.
Segundo a autora, o soneto é a égide do poeta e, munido dele, Augusto dos
Anjos consegue se inserir entre os grandes da tradição ocidental.

[editar] Unanimidades

De forma geral, no entanto, sua poesia é reconhecidamente original. Para Álvaro


Lins e para Carlos Burlamaqui Kopke, sua singularidade está ligada à solidão, que
também caracteriza sua angústia. Eudes Barros, em seu livro A Poesia de
Augusto dos Anjos: uma Análise de Psicologia e Estilo, nota o uso inusitado dos
adjetivos por Augusto dos Anjos, e qualifica seus substantivos como
extremamente sinestésicos, criando dimensões desconhecidas para a
adjetivação convencional. Manuel Bandeira destaca o uso das sinéreses como
forma de representar a impossibilidade da língua, ou da matéria, para expressar
os ideais do espírito. Portanto, os recursos estilísticos de Augusto dos Anjos se
reconhecem como geniais.

As imagens da obra poética de Augusto dos Anjos se caracterizam pela


teratologia exacerbada, por imagens de dor, horror e morte. O uso da
racionalidade, e assim da ciência, seria uma forma de superar a angústia da
materialidade e dos sentimentos. Mas a Ciência, que marca fortemente sua
poesia, seja como valorizada ou através de termos e conceitos científicos,
também lhe traz sofrimento, como nota Kopke. É marcante também a repetição
de temas nessa poesia, e um sentimento de solidariedade universal, ligado à
desumanização da natureza e até do próprio humano, o que reduziria todos os
seres a uma só condição.
Os contrastes peculiarizam seus temas. Idealismo e materialismo, dualismo e
monismo, heterogeneidade e homogeneidade, amor e dor, morte e vida, "Tudo
convém para o homem ser completo", como diz o próprio poeta em Contrastes.

[editar] Curiosidades da obra literária

Um exemplar do Eu faz parte da biblioteca da Faculdade de Medicina do Rio de


Janeiro, por causa dos termos científicos que Augusto dos Anjos utilizava em suas
composições.

"Eu e outras poesias" (disponível gratuitamente em PDF) é a reunião do livro


"Eu" (publicado em vida) a outras poesias que foram acrescentadas
postumamente à obra.

[editar] Academia Paraibana de Letras

É patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de Letras, que teve como


fundador o jurista e ensaísta José Flósculo da Nóbrega e como primeiro ocupante
o seu biógrafo Humberto Nóbrega, sendo ocupada, atualmente, por José
Neumanne Pinto.

[editar] Bibliográficas

Wikiquote

O Wikiquote possui citações de ou sobre: Augusto dos Anjos

Wikisource

O Wikisource possui trabalhos escritos por este autor: Augusto dos Anjos

ANJOS, Augusto dos [1884-1914]. EU. 1ª ed., revista e custeada pelo poeta
ainda em vida com ajuda de seu irmão Odilon dos Anjos, Rio de Janeiro: [s.c.p.]
1912.

_______. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996.

BARROS, Eudes. A poesia de Augusto dos Anjos: uma análise de psicologia e


estilo. Rio de Janeiro: Ouvidor, 1974.

ERICKSON, Sandra S. F. A melancolia da criatividade na poesia de Augusto dos


Anjos. João Pessoa: Editora Universitária, 2003.

GULLAR, Ferreira. "Augusto dos Anjos ou vida e morte nordestina". In: ANJOS,
Augusto dos. Toda a poesia; com um estudo crítico de Ferreira Gullar. Rio de
Janeiro: Paz e Terra, 1978.

HELENA, Lucia. A cosmo-agonia de Augusto dos Anjos. 2ª ed., Rio de Janeiro:


Tempo Brasileiro, Biblioteca Tempo Universitário — 47; João Pessoa: Secretaria
da Educação e Cultura da Paraíba/Comissão do Centenário de Augusto dos Anjos,
1984.
NÓBREGA, Humberto. Augusto dos Anjos e sua época. João Pessoa: Edição da
Universidade da Paraíba, 1962.

_______. Augusto dos Anjos. João Pessoa: A União, 1971.

VASCONCELOS, Montgômery. A poética carnavalizada de Augusto dos Anjos.


São Paulo: Annablume, 1996.

VIANA, Chico (Pseudônimo de Francisco José Gomes Correia). O evangelho da


podridão: culpa e melancolia em Augusto dos Anjos. João Pessoa: UFPB, 1994.

_______. A sombra e a quimera: escritos sobre Augusto dos Anjos. João Pessoa:
Idéia/Universitária, 2000.

Na página da USP na internet, são dadas as seguintes indicações de leitura:

PROENÇA, Manuel Cavalcanti de. O artesanato em Augusto dos Anjos, em


Augusto dos Anjos e outros ensaios. Rio de Janeiro/Brasília: Grifo/INL, 1973;

MAGALHÃES JUNIOR, Raimundo de. Poesia e vida de Augusto dos Anjos. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 1978;

ROSENFELD, Anatol. A costela de prata de Augusto dos Anjos, em Texto e


contexto. São Paulo: Perspectiva, 1973.

Referências

↑ VASCONCELOS, Montgomery José de. A poética carnavalizada de Augusto


dos Anjos. 1ª ed., São Paulo, Annablume, Selo Universidade 28, 1996.

↑ ANJOS, Augusto dos [1884-1914]. EU. 1ª ed., custeada pelo poeta e seu
irmão Odilon dos Anjos, Rio de Janeiro [s.c.p.] 1914.

↑ NÓBREGA, Humberto. Augusto dos Anjos e sua época. João Pessoa, Edição
da Universidade da Paraíba, 1962.

↑ Ensaio publicado na página http://montgomery1953.wordpress.com do


pesquisador Montgômery Vasconcelos que empreende 35 anos de investigação
científica em torno da poética de Augusto dos Anjos.

↑ ARISTÓTELES [384-322 a.C.]. Poética. Tradução Eudoro de Souza, texto


bilíngüe grego-português, São Paulo, Ars Poética, 1992.

↑ Contra o MétodoFEYERABEND, Paul [1924-1994]. Contra o método: edição


revista. 1ª ed., New Left Books, 1975; Ed. rev. Verso, 1988; Ed. rev., Col. Ciência,
Tradução de Miguel Serras Pereira do original Against Method, Lisboa, Relógio
D’água, 1993.

↑ VASCONCELOS, Montgomery José de. A poética carnavalizada de Augusto


dos Anjos. 1ª ed., São Paulo, Annablume, Selo Universidade 28, 1996.
↑ VASCONCELOS, Montgômery. Recepção e transgressão: o público de
Augusto dos Anjos. Tese de doutoramento apresentada à Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, Programa de pós-graduação em Comunicação e Semiótica,
2002.

↑ BAKHTIN, Mikhail Mikhailovich.. Problemas da poética de Dostoiévski.


Tradução de Paulo Bezerra, Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1981.

↑ http://fucirla.wordpress.com

Poeta brasileiro

Augusto dos Anjos

20/04/1884, Engenho Pau D'Arco, (PB)

12 /11/1914 Leopoldina (MG)

Página 3 - Pedagogia & Comunicação

Reprodução

Pessimismo e cientificismo são marcas da poesia do paraibano Augusto dos


Anjos, autor de Eu

"Vês?! Ninguém assistiu ao formidável/ Enterro de tua última quimera./ Somente


a ingratidão - esta pantera -/ Foi tua companheira inseparável!" Morte dos
sonhos, solidão e pessimismo são algumas das marcas da poesia de Augusto dos
Anjos que - mesmo beirando o mau gosto muitas vezes - é um dos poetas mais
originais da literatura brasileira.

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no engenho Pau d'Arco,


Paraíba. De uma família de donos de engenhos, assistiu à decadência da antiga
estrutura latifundiária, substituída pelas grandes usinas. Seu pai, bacharel, foi
quem lhe ensinou as primeiras letras. Quando estava no curso secundário,
Augusto começou a mostrar uma saúde delicada e um sistema nervoso abalado.

Em 1903, iniciou os estudos na Faculdade de Direito do Recife onde teve contato


com o trabalho "A Poesia Científica", do professor Martins Junior. Formado em
1907, preferiu não advogar e ensinar português. Casou-se, em 4 de julho de
1910, com Ester Fialho.

No mesmo ano, em conseqüência de desentendimento com o governador, foi


afastado do cargo de professor do Liceu Paraibano, onde havia estudado.
Resolveu então se mudar para o Rio de Janeiro, onde exerceu durante algum
tempo o magistério. Lecionou geografia na Escola Normal, depois Instituto de
Educação, e no Ginásio Nacional, depois Colégio Pedro II, sem conseguir ser
efetivado como professor. Em 1911, morreu prematuramente seu primeiro filho.
Em fins de 1913 transferiu-se para Leopoldina, MG, por ter sido nomeado para o
cargo de diretor de um grupo escolar. Morreu nessa cidade, vitimado pela
pneumonia, com pouco mais de trinta anos. Ainda jovem, os sofrimentos físicos
tinham-lhe dado um aspecto senil.

Quase toda a sua obra poética está no seu único livro "Eu", publicado em 1912.
Apesar de praticamente ignorado a princípio, pelo público e pela crítica, a partir
de 1919 o livro foi constantemente reeditado como "Eu e outros poemas".

Escrito em um momento de transição, pouco antes da virada modernista de 22,


sua obra representa o sincretismo entre o parnasianismo e o simbolismo. No
livro, Augusto dos Anjos faz da obsessão com o próprio "eu", o centro do seu
pensamento. O egoísmo e angústia estão presentes ("Ai! Um urubu pousou na
minha sorte"); assim como o ceticismo em relação ao amor ("Não sou capaz de
amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de amar-me").

O poeta aspira à morte e à anulação de sua pessoa, reduzindo a vida a


combinações de elementos químicos, físicos e biológicos ("Eu, filho do carbono e
do amoníaco,"). Tal materialismo o tornava amargo e pessimista ("Tome, doutor,
essa tesoura e corte/ Minha singularíssima pessoa"). Contrapõe-se a inapetência
para o prazer e um desejo de conhecer outros mundos, onde a força dos instintos
não cerceie os vôos da alma ("Quero, arrancado das prisões carnais,/ Viver na luz
dos astros imortais").

http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u196.jhtm

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