Você está na página 1de 10

Universidade Federal do Pará

Instituto de Tecnologia
Faculdade de Engenharia Química
Introdução à Engenharia Química
Professor: Célio Souza
Aluna: Raimunda Branco - 09025002901
Assunto:

BELÉM/PA
Junho de 2009
INTRODUÇÃO
O ar, tal como a água e o solo, é um recurso indispensável na Terra. Através de
ciclos naturais, seus constituintes são consumidos ou reciclados. A atmosfera tem assim
uma certa capacidade depuradora que, em condições naturais, garante a eliminação dos
materiais nela descarregados pelos seres vivos.
O desequilíbrio deste sistema natural autorregulado conduz à acumulação na
atmosfera de substâncias nocivas à vida, fazendo nascer a necessidade de uma ação de
prevenção ou de saneamento artificial que, conforme o caso, seja capaz de assegurar a
manutenção da qualidade do ar.
Os óxidos de nitrogênio (NOx) provêm de fontes naturais, tais como atividade
vulcânica, queima de biomassa (fundamentalmente queima de florestas provocada por
fontes naturais) e atividade bacteriana. Porém, o tráfego automobilístico, assim como a
combustão em caldeiras e fornos, constitui as principais fontes de formação destes
óxidos, que são considerados importantes contaminantes ambientais, devido à sua
participação na chuva ácida, responsável pela destruição das florestas, assim como no
"smog" fotoquímico (nuvem de poluentes; “smoke” = fumo e “fog” = nevoeiro), que é
intensamente irritante aos olhos e às mucosas. As emissões de NOx no mundo são de 10
milhões de toneladas por ano, provenientes de fontes naturais (1 milhão nos Estados
Unidos) e 40 milhões de toneladas por ano de fontes antropogênicas (6 milhões nos
Estados Unidos) oriundas principalmente dos processos de combustão, tais como as
emissões automotivas.
O catalisador foi inventado por Eugene Houdry, um engenheiro mecânico francês
que viveu nos Estados Unidos, justamente para amenizar essa poluição atmosférica. Em
1950, quando os resultados dos primeiros estudos de smog em Los Angeles foram
publicados, Houdry ficou preocupado com o papel do escape do automóvel na poluição
atmosférica e fundou uma empresa, Oxy-Catalisador, para desenvolver catalisadores
para motores a gasolina - uma ideia a frente do seu tempo, porém Eugene Houdry
adquiriu uma patente (US2742437) com essa ideia. O catalisador foi desenvolvido mais
tarde por John J. Mooney e Carl D. Keith no Engelhard Corporation, criando assim o
primeiro catalisador de produção em 1973.
O uso de conversores catalíticos automotivos teve início nos Estados Unidos, em
1975, para satisfazer uma Legislação imposta pela Agência de Proteção Ambiental dos
Estados Unidos (EPA - Environmental Protection Agency ou USEPA), que restringia as
emissões de origem veicular. Inicialmente, utilizavam-se catalisadores de oxidação,
compostos principalmente por paládio (Pd) e platina (Pt) suportados sobre alumina de
elevada área superficial, com promotores e estabilizantes adicionados ao sistema. Estes
catalisadores regulam, basicamente, as emissões de monóxido de carbono (CO) e
hidrocarbonetos (HCs) não-reagidos e são ativos também na redução dos NOx. As
emissões de NOx eram controladas empregando-se misturas pobres, ou seja, com uma
elevada relação ar/combustível e diminuindo-se as temperaturas de combustão,
mediante recirculação dos gases de exaustão. A partir daí, pressionadas por diversas
organizações de caráter ambiental, as legislações foram se tornando cada vez mais
restritas em relação à qualidade e aos níveis de emissões toleráveis, gerando a
necessidade do desenvolvimento de catalisadores capazes de alcançar, não apenas os
valores padrões para a remoção de CO e HCs, mas também, de remoção dos NOx.
Para se adaptar às novas necessidades ambientais, surgiram catalisadores
bimetálicos de Pd ou Pt. Utilizando-se um segundo elemento nesses catalisadores,
aumentou-se a capacidade de decomposição dos gases, podendo estes atuar na oxidação
de CO e HCs e na redução de NOx. A escolha do ródio (Rh), que continua sendo
utilizado até hoje, foi determinada levando-se em consideração a elevada capacidade
desse elemento (superior a qualquer outro) de reduzir NOx a N₂, com baixa formação de
NH₃, em presença de H₂.
Assim surgiram os catalisadores de três vias, os quais são adotados hoje na
maioria dos carros modernos, compostos por uma mistura de Rh, Pt e/ou Pd, capazes de
minimizar a níveis aceitáveis, e até mesmo eliminar, os principais contaminantes (NOx,
CO e HCs) presentes nos sistemas de exaustão dos automóveis.
O que são catalisadores ou conversores catalíticos?

As principais substâncias emitidas por um motor de carro são:

 Gás nitrogênio (N₂) - em sua constituição, o ar tem 78% de gás nitrogênio.


Grande parte dessa substância passa pelo motor do veículo;
 Dióxido de carbono (CO₂) - é um dos produtos da combustão. O carbono do
combustível se une com o oxigênio do ar;
 Vapor de água (H₂O) - é outro produto da combustão. O hidrogênio do
combustível se une com o oxigênio do ar.

Essas descargas são, em sua maioria, benignas, embora as emissões de CO₂


(conhecido também como gás carbônico) contribuam para o efeito estufa e o
aquecimento global. Porém, como o processo de combustão não é perfeito, também são
produzidas substâncias prejudiciais, tais como:

 Monóxido de carbono (CO) - gás venenoso, sem cor e inodoro;


 Hidrocarbonetos (HC) ou compostos orgânicos voláteis (VOCs) - produzidos
principalmente por combustível não queimado, que evapora. A luz solar quebra
os hidrocarbonetos para formar oxidantes. Estes reagem com óxidos de
nitrogênio, transformando-se em ozônio (O₃), de baixa altitude, um componente
importante da poluição do ar ao formar a névoa fotoquímica (“smog” em inglês);
 Óxidos de nitrogênio (NO e NO₂, quando juntos, são chamados de NOx) -
contribuem para o “smog” e para a chuva ácida e causam irritação das mucosas
humanas.

Essas são as três principais substâncias sujeitas a limites. A função dos


catalisadores é reduzi-las. Então, catalisadores (nome popular) ou conversores
catalíticos são dispositivos usados para reduzir a toxicidade das emissões dos gases de
escape de um motor de combustão interna.
A localização dos conversores catalíticos depende de sua fabricação, no entanto a
maioria dos fabricantes posiciona o catalisador na região abaixo do banco do passageiro
dianteiro. Assim, ele fica suficientemente distante do motor, mantendo a temperatura
em níveis que não o afetarão. Hoje, porém, com o desenvolvimento da construção de
catalisadores, são inúmeros os modelos de automóveis que vêm com o catalisador
instalado imediatamente após o coletor de escapamento.

A seguir está uma tabela com a ação dos conversores catalíticos nos principais
gases tóxicos:
Gases Efeitos Após a catálise
HC Irritação nas vias Transforma-se em
(Hidrocarbonetos) respiratórias, vapor d’água e gases
anemias, leucemias e inofensivos
câncer pulmonar.
CO (Monóxido de Asfixia sistêmica, Transforma-se em gás
Carbono) pneumonias e danos carbônico (gás
cerebrais. exalado na
respiração)
NOx (Óxidos de Ardência nos olhos, Transforma-se em N2
Nitrogênio) nariz e mucosas. (Nitrogênio), que
Também provoca representa 75% do ar
bronquites, que respiramos da
enfisemas, atmosfera.
insuficiência
respiratória e até
mutações genéticas.
O3 (Oxidantes Irritação nos olhos, A transformação dos
fotoquímicos, Ozônio garganta e infecções gases HC, CO e NOx
e Aldeídos) generalizadas. evita a formação do
O₃, pois o O₃ é
originado das reações
fotoquímicas da luz
solar com esses
poluentes.

Componentes de um conversor catalítico:

O conversor catalítico é formado por um núcleo cerâmico ou metálico, que abriga


uma camada de metais nobres (paládio, platina e ródio); uma manta expansiva e
amortecedora, que funciona como um isolante térmico e serve para a proteção contra
vibrações e choques; uma cápsula ou carcaça metálica (aço inoxidável) e as flanges
(cones de entrada e saída).
Estrutura catalítica em cerâmica tipo colméia

Partes de um conversor catalítico:

A peça catalisadora, na verdade, usa dois diferentes tipos de catalisadores: um de


redução e outro de oxidação. Ambos consistem em uma estrutura cerâmica coberta por
um catalisador de metal, geralmente platina, ródio e/ou paládio. A idéia é criar uma
estrutura que exponha o máximo da área da superfície catalisadora para o fluxo de
descarga ao mesmo tempo em que se procura minimizar o trabalho dos catalisadores,
pois são muito caros.

O catalisador de redução:

É a primeira parte do catalisador. Usa platina e ródio para ajudar a reduzir a saída
de NOx. Quando as moléculas NO ou NO₂ entram em contato com o catalisador, ele
"expulsa" o átomo de nitrogênio para fora da molécula. Com isso, o átomo fica retido e
o catalisador libera o oxigênio na forma de O₂. Os átomos de nitrogênio se unem com
outros átomos de nitrogênio. Todos são retidos pelo equipamento, formando N₂. Por
exemplo:

2NO => N₂ + O₂ ou 2NO₂ => N₂ + 2O₂

O catalisador de oxidação:

É a segunda parte do catalisador. Reduz os hidrocarbonetos não-queimados e o


monóxido de carbono, queimando-os (oxidação) sobre o catalisador de platina e
paládio. Isso ajuda na reação do CO e dos hidrocarbonetos com o restante do oxigênio
nos gases de escapamento. Por exemplo:

2CO + O₂ => 2CO₂


O sistema de controle:

A terceira parte de um conversor catalítico é um sistema de controle que monitora


o fluxo de descarga e usa essa informação para controlar o sistema de injeção de
combustível. Há um sensor de oxigênio colocado antes do catalisador, portanto mais
próximo do motor que o catalisador. Este sensor diz ao computador do motor quanto
oxigênio há no nos gases de escapamento. Sendo assim, o computador pode aumentar
ou diminuir essa quantidade de oxigênio através de um ajuste na mistura ar-
combustível. Este esquema de controle permite que o computador tenha certeza de que
o motor está funcionando bem perto do ponto estequiométrico e também ajuda a
certificar que há oxigênio o suficiente para permitir que o catalisador de oxidação
queime o restante dos hidrocarbonetos e CO.

Principais Tipos de Catalisadores:

Catalisador de Oxidação para todos os motores:


 Oxidação de CO e HC;
 Função com excesso de oxigênio / Condições pobres;
 Pt/Rh, Pd/Rh, Pd somente e Pt somente.

Catalisador “Lean-burn” para todos os motores:


 Reduz NOx em ambiente pobre;
 Requer combustível com teor de enxofre muito baixo.

Catalisador de três vias para gasolina (considerado o mais completo e o mais


utilizado):
A expressão "três vias" se refere às três substâncias que eles ajudam a reduzir:
monóxido de carbono, VOCs e moléculas de NOx. Os catalisadores de três vias
permitem o controle da emissão de NOx dos motores de gasolina convencionais sempre
que a relação ar/combustível seja mantida perto do ponto estequiométrico. Esses
catalisadores são formados por um suporte, geralmente alumina modificada com
promotores, como o óxido de cério, zircônia e com cério/zircônia, e metais de transição,
sendo os mais utilizados platina e ródio. A alumina, por sua vez, é suportada sobre um
monólito cerâmico, geralmente de cordierita.
O catalisador de três vias opera num circuito fechado que inclui uma catálise
redutora, uma catálise oxidante e um sensor de oxigênio para regular a entrada de
ar/combustível no motor: o catalisador pode, simultaneamente, oxidar o CO e os HCs a
CO₂ e água, enquanto reduz os NOx a nitrogênio (N2).
A princípio, os catalisadores de três vias foram utilizados em conjunto com os
catalisadores de oxidação, nos chamados catalisadores de leito duplo. Nestes sistemas, o
motor trabalhava em condições ricas em combustíveis para facilitar a reação de redução
dos NOx no primeiro leito catalítico, constituído pelo catalisador de três vias. A seguir,
injetava-se ar na corrente de exaustão, para obter a combustão total do CO e HCs no
segundo leito, constituído por um catalisador de oxidação (Pt e/ou Pd). Somente no
início da década de 80, os catalisadores de três vias começaram a ser utilizados em um
único leito obtendo-se, assim, uma conversão simultânea de CO, HCs e NOx.
Imagem de um conversor catalítico de três vias

O comportamento de um catalisador de três vias para uma composição de


alimentação fixa pode ser mostrado na figura abaixo: 
CONCLUSÃO

Desde sua invenção em 1950 por Eugene Houdry e seu posterior


desenvolvimento por John J. Mooney e Carl D. Keith em 1973, que os conversores
catalíticos vem ganhando consideráveis modificações para adaptarem-se a todas as
exigências propostas para se obter uma sociedade menos poluída. Pois a grande
evolução ao nível de qualidade, praticidade e segurança dos conversores catalíticos foi
adquirida a base de muitos estudos envolvendo transformações físico-químicas, ou seja,
tendo sempre presente as atividades desempenhadas por engenheiros químicos.
A produção em massa de conversores catalíticos, desde os menos complexos até
aos catalisadores mais modernos, como por exemplo, o catalisador de três vias que pode
ser considerado o mais completo por reduzir CO, HC e NOx simultaneamente com mais
eficácia, evitando com maior efeito a proliferação de gases tóxicos, não teria sido
possível sem as pesquisas desenvolvidas pela Engenharia Química. Os engenheiros
químicos, ao transpor os desenvolvimentos laboratoriais para a escala industrial, iniciam
um ciclo extremamente promissor, que desenvolve não somente a indústria de
conversores catalíticos, como também contribui para a melhoria da qualidade de vida
em âmbito mundial.
Sem a Engenharia Química, os carros ainda pesariam hoje três toneladas, porque
os componentes usados na sua construção seriam de ferro e aço e não de materiais
sintéticos (polímeros) de alta resistência.
BIBLIOGRAFIA

 http://www.mundovestibular.com.br/articles/1166/1/CATALISADORES/Paacutegina1.
html
 http://www.infoescola.com/quimica/catalisadores/ Autor do texto: Luiz Molina Luz
http://carros.hsw.uol.com.br/conversor-catalitico2.htm
 http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-
40422004000300013&script=sci_arttext&tlng=pt
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Conversor_Catal%C3%ADtico
 http://www.omecanico.com.br/modules/revista.php?recid=22&edid=3

Você também pode gostar