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RESUMO DA HISTÓRIA DO POVO DE DEUS NA BÍBLIA - ANTIGO TESTAMENTO

Segundo Santo Agostinho, Deus escreveu dois Livros para a Humanidade. O primeiro foi a Vida, que é um livro aberto que revela a mensagem de Deus. Depois de muito tempo
o povo se desviou do Projeto de Deus e então Deus decidiu escrever o segundo livro que é a Bíblia. Esta demorou em torno de 2 mil anos para ser concluída. Foram histórias e
fatos vividos, transmitidos oralmente e depois escritos em diversos livros e hoje temos a Bíblia traduzida para as nossas línguas modernas.
A História da Bíblia começa, em torno de 1850 aC, com os nossos Pais e Mães da Fé: Abraão e Sara → Isaac e Rebeca → Jacó, Lia e Raquel. Os 12 filhos de Jacó darão o
nome às Doze Tribos de Israel. O fio condutor de todo o AT é a Promessa (Gn 12,1-3): → Terra → Descendência → Bênção.
Deus escolheu pessoas para realizar seu projeto. Às pessoas chamadas Ele deu uma garantia: “Eu estarei contigo!”: Abraão (Gn 15,1; 21,22); Isaac (Gn 26,3.24); Jacó (Gn
28,15); Moisés (Ex 3,12; 18,19; 34,5); Josué (Js 1,5) com os Juízes (Jz 6,13.16); com o povo (Ex 33,14-16; Lv 26,12; Nm 14,8.14; 16,3; Dt 20,1.4) etc.
Em torno de 1250 aC os descendentes do povo da Promessa estão no Egito. Eles são “escravos do Faraó”. Eles gritam ao seu Deus, que “vê a opressão, ouve o grito e, porque
conhece, Deus desce para libertar o povo e conduzir à Terra Prometida” (cf. Ex 3,7-10). Moisés foi o líder que conduziu o povo pelo deserto.
Deus revela seu Nome (Ex 3,13-15): Eu sou Aquele que Sou (Sou o Existente): YHWH (Iahweh, Javé, Senhor). No AT Deus recebe outros nomes: Elohim (Deus); El Shaddai
(Todo Poderoso), Adonai (Senhor), o Eterno, o Altíssimo, etc.
No início do Livro do Êxodo (Ex 1–15) encontramos um conflito entre Deus e o Faraó: de quem é o povo? ( = escravos do faraó ou servos do Senhor?). Temos as Dez pragas...
A missão do povo será servir ao Senhor seu Deus! Ele quer fazer deste povo sua propriedade especial, um povo sacerdotal (Ex 19,5). A escolha foi feita por amor e para manter
a Promessa (Dt 7,6-10). Na Terra livre o povo deverá escolher entre: a vida ou a morte; a felicidade ou a infelicidade; a bênção ou a maldição (cf. Dt 30,15-20).
No deserto, Deus caminha com seu povo, ajuda a resolver os problemas: travessia do mar (Ex 14); água amarga (15,22-27), fome (16,1-35), sede (17,1-7), inimigos (17,8-16),
falta de lideranças (18,13-27), serpentes venenosas (Nm 21,4-9). Quando o povo rompe a Aliança (Ex 32), Deus se mostra misericordioso e renova outra vez (Ex 34).
Parada importante desta caminhada é o Monte Sinai (Ex 19,1ss). Com o povo Deus faz uma Aliança (Ex 24,1-11; 34,1ss): “Eu serei o vosso Deus e vocês serão meu povo!”. A
Aliança é baseada nos Dez Mandamentos (Ex 20,1-17 e Dt 5,6-21) e no Código da Aliança (diversas leis que regulam a vida em comunidade).
Na Tenda (e mais tarde no Santuário) Deus habita com seu povo e pode ser visitado. O povo oferece holocaustos, sacrifícios de comunhão e oblações (Lv 1–7).
Moisés morre no Monte Nebo (Dt 34,1-12), contemplando a Terra Prometida. Josué é seu substituto (Dt 31,1-8; Js 1,1-9). A conquista da terra se dá em um período em torno
a 50 anos e de três formas: ocupação de terras devolutas; expulsão dos reis de Canaã das suas cidades-estado ou guerras de conquista (cf. Livro de Josué).
Na nova terra, o povo vive o sistema tribal, é a época dos Juízes. A terra era partilhada entre as tribos (a tribo de Levi não recebe terra, pois sua missão é servir o povo). Não há
tributos, nem rei, nem exército organizado. Este sistema durou em torno de 200 anos.
O povo serve a seu Deus. Professa o Shemá (Dt 6,4), oração diária e que invoca o Deus Único. Deve ser um povo Santo, porque o Senhor Deus é Santo (Lv 11,44-45; 19,2...).
O povo é uma unidade: a Assembléia de Iahweh (Dt 9,10; 18,16), a Qahal Adonai, em hebraico e que em grego “ekklesía to teou”, termo que será usado no NT para a “Igreja”
(cf. Mt 16,18; At 7,38).
Monarquia e Profetismo:
Depois de cerca de 200 anos na Terra Prometida, temos a passagem do Tribalismo (Juízes) à Monarquia (Reis). Foi em torno de 1030 aC. As causas principais foram:
a) Divisões internas: alguns perderam a terra, outros acumularam; a corrupção dos juízes... A necessidade e desejo de organizar um estado e “ser como as outras nações”;
b) Povos vizinhos: os filisteus, que dominavam o ferro, amonitas, edomitas e outros povos que impunham derrotas a Israel que não tinha um exército mais organizado;
c) Grandes potências: Egito, Assíria e Babilônia cresciam no cenário internacional. Quem dominava o mundo queria ter o controle da passagem pela Terra Santa.
Continuação...
O Rei, no campo político, toma o lugar de Deus. Por isso, surgem os Profetas que são pessoas de Deus, que defendem a justiça, os pobres e a Lei de Deus. Primeiros Reis:
a) Saul: inicia bem, é aclamado pelos proprietários dos bois. Depois Saul se afasta do Profeta Samuel, do povo e de Deus. Tenta matar Davi. Foi um rei fraco.
b) Davi: foi o grande Rei de Israel. Unificou o país, estabeleceu as fronteiras, praticou a justiça. Mas... teve seus pecados. De Davi será a dinastia real e virá o Messias.
c) Salomão: Assumiu o poder eliminando os adversários. É sábio. Construiu o Templo. Mas... sobrecarregou o povo com tributos. Casou com mulheres estrangeiras....
Divisão do Reino: Em 931 aC, morreu Salomão. O povo pediu menos tributos, mas o novo rei Roboão, filho de Salomão, não ouviu o povo e com isso houve a divisão do Reino:
Reino do Norte: com dez tribos, chamado também Israel, capital Siquém e depois Samaria. Sem uma dinastia permanente.
Reino do Sul: com duas tribos (Judá e Benjamin), chamado Judá, capital Jerusalém. Terá sempre reis da dinastia davídica.
O Reino do Norte iniciou recuperando muitas características do tempo dos Juízes. Mas aos poucos a sucessão dos Reis foi concentrando o poder. Um dos períodos dramáticos é
quando sobe ao trono o rei Acab. Ele casa-se com Jezabel, que é estrangeira. Esta traz para o santuário o culto a Baal e seus profetas. Surge então o maior de todos os Profetas,
que é Elias. Baal era o deus da fertilidade e da natureza, mas em vez de chuvas boas, veio a seca. O conflito entre o rei e o Profeta será constante...
Vários reis se sucederam e todos receberam a afirmação “fez o mal aos olhos do Senhor”. Num período de 15 anos, tivemos vários golpes de estado, cinco reis assassinados e um
que se suicidou. Houve a guerra sírio-efraimita (2Rs 19,4-5; Is 7-8). Uma guerra entre irmãos. Os Profetas (Amós, Oséias, Miquéias...) clamavam por justiça! Em 721 aC a
Assíria derrotou o Reino do Norte (2Rs 17,5-6), levando ao exílio seus líderes. Trouxe para a Samaria povos estrangeiros que deram origem aos samaritanos (2Rs 17,29-31).
No Reino do Sul, houve sempre reis da dinastia de Davi. A maior parte deles também “faz o mal aos olhos do Senhor”, com exceção de Ezequias, que foi um bom rei, e Josias,
que promoveu uma reforma religiosa, mas morreu jovem. A Assíria cercou Jerusalém, mas uma peste dizimou as tropas que se retiraram (2Rs 19,35-37). Isso ajudou a dar força à
idéia dos falsos profetas de que Jerusalém jamais seria destruída. Isaías, Jeremias... profetizaram! Em 609 aC, a Babilônia cercou a capital e fez a primeira deportação. E em
586 aC, foi a derrota total. O Templo foi saqueado e incendiado. As lideranças foram exiladas. Metade da população morreu. E o povo de Deus foi para o Exílio da Babilônia!
Encontramos sofrimento entre o povo que ficou (Livro das Lamentações) e sofrimento entre o povo que foi exilado (Salmo 137). A Profecia se manifestou de outra forma.
Profetas como Jeremias ficaram o povo da terra (Jr 40,1-6) e Ezequiel e o II Isaías (Is 40-55) acompanharam o povo exilado na Babilônia. Os Profetas alimentaram a esperança
de um novo êxodo. O povo de Deus era o Servo Sofredor, consolado por seu Deus e que mantinha firme a esperança na Promessa de seu Deus!
O Exílio foi o tempo também da reflexão. O povo olhava para o passado e verificava as causas da catástrofe. O povo não tinha escutado a voz profética de seu Deus, não seguiu
suas Leis e Mandamentos; esqueceu do Deus que os libertou do faraó e da terra do Egito... Foi neste período que foram escritos (ou feita a última redação) da maioria dos livros
do Antigo Testamento.
No período do Exílio foram escritos também os textos de Gn 1-11 mostram que o Deus Libertador é também o Deus da Criação, desde o princípio... Tudo é criado pela Palavra
de Deus: “Deus disse...” O povo buscava respostas para as grandes perguntas: por que fomos expulsos da terra (jardim)? Por que existe o mal, o pecado, a morte? Porque o
homem deve ganhar o pão com o suor do seu rosto? Por que a mulher sofre ao dar à luz? Por que um irmão mata o irmão? Por que existem tantas línguas diferentes?
O Retorno: 48 anos depois, a Babilônia caiu e Ciro, o rei da Pérsia, governava o mundo. Ele autorizou o retorno dos judeus exilados. Não foi um esplendor como o êxodo.
Nasceu o Judaísmo firmado em três pilares: Raça pura, Templo e Lei. Mas o povo pobre e algumas correntes internas ao Judaísmo começam a alimentar o sonho Messiânico!
A diáspora (dispersão dos judeus pelo mundo afora) conduziu o povo para o meio de outras culturas. É neste tempo que a Palavra de Deus foi traduzida para o grego
(Septuaginta ou LXX). Da mesma forma que toda a Sabedoria de Israel foi valorizada e recolhida como Palavra de Deus para evitar que os jovens perdessem todo o
patrimônio da cultura hebraica.: poesias, salmos, provérbios, cânticos, poemas de amor, conselhos... toda a cultura do povo entrou nos livros da Bíblia!
Novos impérios dominaram o mundo: A Grécia, com Alexandre Magno conquistou a Terra Santa. Depois de Alexandre, o império se dividiu entre os generais. Estes cobraram
tributos e tentaram helenizar a Terra Santa, chegando a colocar estátuas dos deuses no Templo. Surgiu a revolta vitoriosa dos Macabeus. E por fim, veio a dominação romana.
Alguns diziam que “os céus se fecharam” e que “Não existem mais profetas” (Sl 74,9; 1Mc 9,27). Mas, o AT se fecha em clima de futuro e expectativa (Ml 3,23-24). O povo lia
a Lei e os Profetas e esperava... Olhar para o passado era recordar a Promessa e as ações de Deus! Alguma coisa estava para acontecer!
Frei Ildo – ildo.perondi@pucpr.br
LINHA DO TEMPO DO NOVO TESTAMENTO
Império Templo Jesus Batista/Anúncio PMR Estêvão Tiago Concílio Nero Pedro/Paulo Templo! Domiciano Concílio Judeus Perseguição

____________☺_________________________________________________________________________
63 aC 20aC 6aC 30 33 34 43 50 54 64 / 68 70 81 85-90 95-96

Datas aproximadas:
63 aC: Roma invade a Palestina.
20 aC: Começa a reconstrução do Templo (Herodes, o Grande).
6 aC – 0 : Nascimento de Jesus. A data é incerta. A data mais provável é que Jesus nasceu em torno do ano 6 antes da era cristã.
30 Pregação de João Batista. Batismo de Jesus. Início da atividade de Jesus na Galiléia.
33 Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
34 Martírio de Estêvão.
34 ou 36: Conversão de São Paulo.
43 Martírio de Tiago (At 12,2).
50 Concílio de Jerusalém (At 15). Primeiras Cartas de Paulo e que são os primeiros escritos do Novo Testamento.
54 – 68 Nero Imperador de Roma.
64 / 68 Martírio de Pedro e Paulo.
64-65 Perseguição de Nero aos Cristãos em Roma.
70 O general Tito destrói o Templo e a cidade de Jerusalém.
Começa a separação entre as Sinagogas e as Comunidades Cristãs.
70-90 Neste período são escritos os Evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas, além de outros livros do Novo Testamento.
81-96 Imperador Domiciano. Culto ao imperador. Decreto contra a religião cristã (o cristianismo passa a ser religião ilícita) .
85-90 Concílio de Jamnia (rabinos judeus – o que sobrou do Judaísmo): fica estabelecido o cânon judaico da Bíblia.
95-96 Grande perseguição contra os cristãos em todo o império (Imperador Domiciano). Foi escrito o Livro do Apocalipse

As três etapas da História das Comunidades .

Dos anos 30 a 40 Dos anos 40 a 70 Dos anos 70 a 100


O anúncio do Evangelho entre os A expansão Missionária no mundo grego. Organização e consolidação das
judeus: Jerusalém, Samaria e Galiléia. Viagens missionárias de Paulo. comunidades.
Martírio de Estêvão (At 7) Perseguição em Roma. Perseguição em todo o império
e de Tiago (At 12,1-2) Martírio Pedro e Paulo Os Evangelhos são escritos

Segundo o esquema proposto por Lucas, a revelação de Deus segue estas três etapas: .

Antigo Testamento Evangelho de Lucas Atos dos Apóstolos


DEUS PAI JESUS CRISTO (FILHO) ESPÍRITO SANTO
Tempo da Promessa e Aliança Tempo de Jesus Tempo da Igreja
Preparação do povo de Deus Vinda e atividade de Jesus Primeiras Comunidades
Reinado de Deus Anúncio do Reino de Deus Expansão a todo o mundo
10. As etapas da história
Para compreender o Apocalipse é importante situá-lo no seu contexto histórico. A história das primeiras comunidades do NT pode ser dividida
em três grandes partes1:

Dos anos 30 a 40 Dos anos 40 a 70 Dos anos 70 a 100


O anúncio do Evangelho entre os A expansão Missionária no mundo Organização e consolidação das
judeus grego comunidades

a) Dos anos 30 a 40
É um período curto de apenas dez anos. O ponto de partida é a manifestação de Pentecostes (At 2,1-36) que gera o anúncio da Boa nova por toda
a Palestina (At 2,41.47; 4,4; 5,14; 6,7; 9;31). Este período é também chamado “Movimento de Jesus”. Este período termina com a crise provocada
pela política do imperador Calígula (37-41) e pela perseguição dos cristãos por parte do rei Herodes Agripa (41-44)2.
Neste período a maioria dos cristãos era formada por judeus convertidos. Fundavam comunidades ao redor das sinagogas, à margem do
judaísmo oficial. O seu crescimento obrigou-os a criar novas formas de organização, como por exemplo, a escolha de novos animadores, chamados
diáconos (At 6,2-6).
O objeto da pregação era o anúncio da chegada do reino (Mt 10,6) e a Morte e Ressurreição de Jesus (At 2,23–3,6; 3,14-15; 4,10-12). Os
evangelhos ainda não tinham sido escritos. E por isso eles liam o AT a partir do evento Jesus Cristo e repetiam os ditos e feitos de Jesus a partir do
testemunho dado por aqueles que tinham visto e ouvido Jesus Cristo.
Já neste período aparecia a primeira divergência entre os cristãos judeus. Havia um grupo mais ligado a Estevão, que buscava uma abertura aos
judeus da diáspora e ao helenismo (At 7,1-53). De outro lado havia o grupo ao redor de Tiago, ligado aos judeus da Palestina, que defendia uma
fidelidade à Lei de Moisés e à “Tradição dos Antigos” (Mc 7,5; Gl 1,14). Na primeira perseguição só os cristãos ligados ao grupo de Estêvão foram
perseguidos (At 8,1). Porém, na segunda perseguição, aquela de Herodes Agripa (At 12,1-3), todos os grupos cristãos eram alvo da repressão. Esta
perseguição aos cristãos, na Palestina, teve como conseqüência a missão para fora do território judeu. Paulo e Barnabé, seguindo a linha de
Estêvão, estavam entre esses missionários que foram pelo mundo para formar novas comunidades.

b) Dos anos 40 a 70
A perseguição, o desejo missionário e a vontade de anunciar a boa nova a “toda a criatura” (Mc 16,15) levou os cristãos para fora da Palestina.
Nesses trinta anos o Evangelho se expandiu por todo o império, chegando a todas as grandes cidades, inclusive a capital Roma, o “fim do mundo”
(At 1,8).
Se seguirmos a descrição das três viagens de Paulo e seus companheiros, narradas nos Atos dos Apóstolos, vemos que eles percorreram em
torno a 16 mil quilômetros. Enfrentaram muitos problemas (2Cor 11,25-26) e também dificuldades da própria missão de anunciar o Evangelho.
Além disso, a mensagem de Jesus foi marcada pelas mudanças de contextos. Vejamos as principais:
1
CRB. Viver e Anunciar a Palavra (Coleção Tua Palavra é Vida nº 6), 15-27
2
É importante não confundir os três Herodes que governaram na época dos escritos do NT: a) Herodes, chamado o Grande, governou sobre toda a Palestina de 37 a 4 aC. É aquele que aparece em
Mt 2,1.16, no nascimento de Jesus e no massacre das crianças inocentes. Foi ele que iniciou a construção do Templo que existia na época de Jesus. b) Herodes, chamado Antipas, governou sobre a
Galiléia de 4 aC até 39 dC. Ele aparece em Lc 23,7, por ocasião do julgamento de Jesus. Foi também o autor da morte de João Batista (Mc 6,14-29). c) Herodes, chamado Agripa, governou sobre
toda a Palestina de 41 a 33 dC. Ele aparece nos Atos dos Apóstolos (At 12,1.20). Mandou matar o Apóstolo Tiago (At 12,2).
→ Do Oriente → para o Ocidente
→ Da Palestina → para a Ásia Menor, Grécia e Itália
→ Da cultura judaica → para a cultura grega (helenismo)
→ Da realidade rural → para a realidade urbana
→ Das comunidades ao → para comunidades ao redor das casas (oikój) nas periferias
redor das sinagogas das grandes cidades da Ásia e da Europa.
Estas passagens foram marcadas profundamente pela mudança de mentalidade e pela tensão entre os cristãos vindos do judaísmo e os novos
cristãos que vinham de outras culturas (At 15; Gl 2). Foi um doloroso processo de conversão com muitos conflitos ao interno do próprio
cristianismo. Imaginamos a dificuldade dos cristãos judeus, formados dentro da visão judaica da Lei, e que deviam abrir-se para uma visão
universal de Deus. A passagem da visão de um povo eleito, privilegiado por Deus entre todos os povos para a certeza de que em Cristo todos os
povos faziam parte de um único povo (multirracial e pluricultural) diante de Deus (Ef 2,17-18; 3,6).
As comunidades que surgiam, pequenas e frágeis, levavam a sério a mensagem de Jesus. E foram os outros a reconhecer isso. Em Antioquia,
para distingui-los, deram a eles o nome de Cristãos (At 11,26). E começaram assim a adquirir a sua própria identidade. Os Atos dos Apóstolos
relatam a beleza e o vigor dessas primeiras comunidades (At 2,42-47; 4,32-37).
Mas a dificuldade nossa hoje é que não temos as notícias de todas as primeiras comunidades. Os Atos e as Cartas relatam basicamente a missão
do Apóstolo Paulo e das comunidades surgidas através da sua missão. Quase nada sabemos do trabalho de outros missionários, das comunidades
espalhadas pelo norte da África, na Itália e pelas outras regiões e que estavam presentes no dia de Pentecostes (At 2,9-10). Pouco sabemos também
das comunidades da Síria e da Arábia, cujo centro era Antioquia. A comunidade de Antioquia chegou a competir em autoridade e influência com a
de Jerusalém. Foi desta comunidade que Paulo partiu para as suas viagens missionárias, e onde viveu muito tempo.

c) Dos anos 70 a 100


Alguns fatos políticos ajudam a entender esta terceira fase da história. A ascensão de Nero ao poder do império romano, com a perseguição aos
cristãos, o martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo. O massacre aos judeus, sobretudo no Egito (66 dC) e a revolução judaica na Palestina, iniciada no
ano 68 dC e que levou à brutal destruição de Jerusalém no ano 70. As comunidades cristãs ainda eram pequenas e sem influência, e por isso se
tornaram alvos fáceis da perseguição romana.
Por outro lado, a destruição de Jerusalém e o fim do estado judaico e das suas instituições religiosas, provocou a separação definitiva entre
cristãos e judeus. Tornaram-se duas religiões distintas, inimigas entre si, que se excomungavam mutuamente. E foi também o período do
surgimento de muitas religiões e doutrinas gnósticas e mistéricas, que começavam a invadir o império romano. Elas penetraram também nas
comunidades cristãs e provocaram novos conflitos e tensões. No final do século I os cristãos foram perseguidos pelo imperador Domiciano. O
cristianismo foi declarado religião não-lícita pelo império.

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