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Teatro na Educação Infantil e Psicomotricidade

Gednilson de Freitas Lima – FAVENI

O teatro foi utilizado em seus aspectos pedagógicos há vários séculos em


nossa cultura, seja na Grécia antiga, no teatro litúrgico da idade medieval ou no
teatro jesuítico no Brasil, esta linguagem artística sempre esteve em contato com a
dimensão educacional. Entretanto é a partir de 2016 com a lei 13.278, que altera a
LDB de 1996, que o ensino do teatro passa a ser obrigatório como parte integrante
da disciplina de arte. A própria educação em arte é recente tendo sua
obrigatoriedade a partir da década de 1970. Na educação infantil o cenário é ainda
mais intrigante, pois há uma carência grande de publicação e capacitação dos
professores para trabalhar tal expressão nesta faixa etária, principalmente cidades
distantes de universidades e capitais. Com a nova lei em vigor é necessário a
capacitação dos profissionais para tal exercício. Assim, este trabalho se propõe a
auxiliar o pedagogo e/ou professor de arte na tarefa de pensar a arte dramática
aliada ao desenvolvimento psicomotor das crianças.
Nesta etapa o professor não ira ensinar o teatro propriamente dito - assim
como o concebemos classicamente com texto decorado, figurino e cenografia tudo
em cima de um palco – mas, “tornam-se responsáveis pelo exercício dos jogos
espontâneos e dramáticos que antecedem o Teatro” (BORTOLINI, 2008, p.03).
Assim como um professor de música não poderia ensinar a teoria musical ou a
formação de acordes em escala pentatônica sem antes o aluno ter sido
musicalizado, tampouco o educador em artes cênicas pode querer realizar uma
montagem teatral clássica, sem antes passar pela dramatização. É necessário que o
educando seja alfabetizado na linguagem teatral e isto se da, nesta etapa da
educação, com os jogos espontâneos e dramáticos.
Para tanto, os profissionais licenciados precisam adquirir disponibilidade
corpórea para o jogo, diferente do ensino fundamental II e Médio, onde o professor
pode ser o diretor da peça, sem a prerrogativa de atuar, na educação Infantil o
docente obrigatoriamente participa do jogo, sem esquecer que é o coordenador da
atividade. Ou seja, trabalhar com a expressão dramática na educação infantil exige
disponibilidade corporal1 do docente.
Nesta modalidade de ensino o teatro mostra-se espaço fértil para as práticas
interdisciplinares com a educação psicomotora. Mas, porque a educação
psicomotora é importante? Para Le Bouch esta prática “condiciona todos os
aprendizados pré- escolares; leva a criança a tomar consciência do seu corpo, da
lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, a adquirir habilmente a
coordenação de seus gestos e movimentos. (BOUCH, 1986, p.25), resultantes que
fazem parte do desenvolvimento natural das crianças, mas que se trabalhados
corretamente na escola potencializam estas características e auxiliaram na aquisição
dos códigos mais trade. Dessa forma, os objetivos da prática psicomotora se
constituem num meio adequado, que favorece o processo de ensino-aprendizagem
respeitando o processo maturativo de cada criança E este é o objetivo da educação
infantil, uma vez que a lei lei 12.796/13 (que altera a LDB/96) institui que sua
“finalidade [é] o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e
da comunidade.” (BRASIL, 2013, art. 29) Em resumo “a Psicomotricidade objetiva
desenvolver e compreender a „linguagem do corpo‟ e o controle corporal”
(GONÇALVES, 2004, p.12) e ´para tanto utiliza-se dos jogos e o teatro, também por
meio dos jogos, possibilita a criança a experiência do expressividade corporal
Logo, se é obrigação o ensino do teatro e se faz parte dos objetivos da
educação infantil às praticas psicomotoras, vamos uni-los. Assim, podemos buscar
jogos dramáticos que possibilitem, ao mesmo tempo, tanto a educação psicomotora
quanto a educação teatral. Sabemos que todo os exercícios de teatro voltados a
esta faixa etária de alguma forma auxiliam as crianças nesta aprendizagem, mas
cabe ao educador ser consciente de quais habilidades psicomotoras ele ira trabalhar
nas suas aulas, criando um plano de ensino que proporcione as principais
necessidades psicomotoras dos educandos ao mesmo tempo que o educa
esteticamente.
Referências
BERTOLINI, N, G, S, 2008. Práticas Psicomotoras E Jogos Dramáticos. Anais do XVII CON-
FAEB - Congresso Nacional da Federação de Arte Educadores do Brasil; Congresso Nacio-
nal da Federação de Arte Educadores do Brasil; XVII; Florianópolis; p. inicial 1; p. final 10;

1
Conceito bem trabalhado por Elisangela C. P. Leite em seu livro “Professor Em Ação Dramática Na
Educação Infantil”, publicado em 2015.
ISBN: 9788561136130; Meio digital;
http://www.ppgdesign.udesc.br/confaeb/comunicacoes/neide_das_gracas.pdf

BRASIL. Lei 12.796, de 04 de Abril de 2013. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre
direitos autorais e dá outras providências. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12796.htm >. Acesso em: 10
agosto. 2017.

LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento ao seis anos. Porto


Alegre: Artes Médicas, 1982
GONÇALVES, A,A. A Influência do desenvolvimento psicomotor na Educação Infantil.
Rio de Janeiro, 2004.

Gednilson de Freitas Lima: Professor de teatro, formado pela UNESPAR-FAP, pós-


graduando em Psicomotricidade relacional pela FAVENI.

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