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FACULDADE DE SINOP
CURSO DE DOCÊNCIA APLICADA AO ENSINO SUPERIOR

JANAINA COSTA SANTOS


ROSEANA MARIA BERTOZZI
LÍDIA FERREIRA GONDIM

A UTILIZAÇÃO DO PORTFÓLIO NO ENSINO SUPERIOR: o portfólio


de aprendizagem como ferramenta pedagógica de avaliação

Sinop/ MT
2019
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JANAINA COSTA SANTOS


ROSEANA MARIA BERTOZZI
LÍDIA FERREIRA GONDIM

A UTILIZAÇÃO DO PORTFÓLIO NO ENSINO SUPERIOR: o


portfólio de aprendizagem como ferramenta pedagógica de
avaliação

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Banca Examinadora
do Departamento de Docência
Aplicada ao Ensino Superior da
Faculdade FASIPE, como requisito
para a obtenção do título de Pós-
Graduado em Docência no Ensino
Superior

Orientador: Leonardo Almeida


Cavalcanti

Sinop/ MT
2019
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A UTILIZAÇÃO DO PORTFÓLIO NO ENSINO SUPERIOR: o


portfólio de aprendizagem como ferramenta pedagógica de
avaliação

Janaina Costa Santos


Roseana Maria Bertozzi
Lídia Ferreira Gondim

Acadêmicas do Programa de Pós-Graduação em Docência do Ensino Superior


da FASIPE-Faculdade de Sinop, Centro de Pesquisa e Planejamento

Resumo: O presente artigo de revisão trata-se de uma pesquisa de natureza


bibliográfica do tipo qualitativo, que foi elaborada a partir de consulta em artigos,
livros, periódicos, leis e portarias, com objetivo geral de expor o portfólio como
uma importante ferramenta no processo pedagógico no ensino superior. Os
autores com maior relevância sobre o assunto foram Ambrósio (2013) e Vilas
Boas (2005; 2012). Basicamente, o portfólio é caracterizado pela junção de
trabalhos com o objetivo de apresentar suas obras, uma vez que, no contexto
escolar, trata-se da reunião dos trabalhos produzidos pelo aluno durante um
determinado tempo, podendo ser disposto em uma pasta. Na prática docente, o
uso dos portfólios possibilita avaliar o desenvolvimento do acadêmico,
considerando as dimensões do processo didático, ensinar, aprender, pesquisar
e avaliar. Dessa forma, o portfólio de aprendizagem pode ser considerado uma
importante ferramenta no processo pedagógico, permitindo o uso de uma
metodologia diferenciada para avaliação do processo ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Avaliação; Ensino; Portfólio.

Abstract: This review article is a qualitative bibliographic research, which was


elaborated from consultation in articles, books, journals, laws and ordinances,
with the general objective of exposing the portfolio as an important tool in the
pedagogical process. in higher education. The most relevant authors on the
subject were Ambrosio (2013) and Vilas Boas (2005; 2012). Basically, the
portfolio is characterized by the combination of works in order to present their
works, since, in the school context, it is the meeting of the works produced by the
student during a certain time, and can be arranged in a folder. In teaching practice,
the use of portfolios makes it possible to evaluate the academic development,
considering the dimensions of the didactic process, teaching, learning,
researching and evaluating. Thus, the learning portfolio can be considered an
important tool in the pedagogical process, allowing the use of a different
methodology to evaluate the teaching-learning process.
Keywords: Evaluation; Teaching; Portfolio
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Introdução

Portfólio é descrito como uma coleção de trabalhos/produções que


evidencia o desenvolvimento, bem como as habilidades do sujeito (WATERMAN,
1991 apud ALVARENGA; ARAUJO, 2006).
Para Crockett (1998 apud FREITAS, 2016), trata-se de uma coletânea
de documentos e produções que comprovam as habilidades e conhecimentos
adquiridos pelo estudante em um espaço de tempo.
Harp e Huinsker (1997 apud ALVARENGA; ARAUJO, 2006)
caracterizam o portfólio com um arquivo de trabalhos que podem mostrar o
desenvolvimento, as crenças, a personalidade e o processo de aprendizado do
aluno.
Originalmente o termo portfólio vem da palavra porta-fólio, que:
[...] vem do latim portáre que quer dizer portar, trazer, transportar,
e folíum, que significa folha [...] O conceito de portfólio nasceu
com as artes, denominando o conjunto de trabalhos de um
artista [...] ou de fotos de ator ou modelo usado para divulgação
das produções entre os clientes (DEPRESBITERIS; TAVARES,
2009, p.149 apud ALTHAUS, 2012, p.5).

Na educação, o portfólio é um conjunto de atividades realizadas pelo


aluno e orientadas pelo professor, dentro de um período de sua vida escolar,
seja anual, semestral ou unidade de um curso (ALTHAUS, 2012).
Portanto, de maneira conceitual, o portfólio é a união dos trabalhos do
indivíduo para apresentação de suas obras, mas, no ambiente educacional, o
portfólio vai muito além disso.
O uso dos portfólios no processo de ensino é uma abordagem
inicialmente utilizada pelos ingleses e norte-americanos que buscavam uma
proposta de avaliação mais autentica, reflexiva e participativa (AMBROSIO,
2013).
No contexto acadêmico, trata-se de organizar os trabalhos, produzidos
pelo estudante e orientados pelo professor, durante um determinado período,
que possibilita a reflexão contínua da construção do conhecimento e concretizar
a avaliação de modo processual e formativo (AMBROSIO, 2013; FREITAS,
2016).
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Portanto, tem-se o portfólio como a “reunião elaborada e organizada dos


trabalhos dos educandos, representando sua evolução, evidenciando seu
desenvolvimento e aprendizagens construídas durante o período letivo em
questão” (FREITAS, 2016, p.9910).
Dessa forma “ele é considerado não apenas um procedimento de
avaliação, mas o eixo organizador do trabalho pedagógico” (VILLAS BOAS, 2005,
p. 283).
A utilização desse recurso como instrumento de avaliação permite a
análise das produções ao longo do caminho da aprendizagem do estudante, mas,
também, a reflexão da evolução do próprio docente, como uma ferramenta de
auto avaliação (FREITAS, 2016).
Portanto, o portfólio é usado para organizar e selecionar provas de
aprendizagem, o que dá ao aluno e ao professor oportunidade de reflexão sobre
os objetivos de aprendizado, refletindo se foram alcançados ou não. Dessa forma,
torna-se uma ferramenta de avaliação diretamente relacionada com a
construção do conhecimento.
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Revisão de Literatura

Considerando a complexidade do processo educacional e do sistema


avaliativo, se faz necessário pensar em práticas inovadoras de avaliações.
Nesse sentido, é preciso compreender que o portfólio usado como ferramenta
avaliativa infere na busca por novos olhares a respeito das práticas pedagógicas,
capazes de deixar os envolvidos conscientes de seus lugares na transformação
social e capazes de alcançarem seus objetivos (VIEIRA; SORDI, 2012).
Porém, é preciso aceitar o portfólio “não como mero instrumento de
avaliação de aprendizagem, mas como um procedimento de prováveis
desvelamentos e de apropriações significativas quanto ao aprender, o ensinar e
o avaliar” (VIEIRA; SORDI, 2012, p.5).
Portanto, a utilização do portfólio no contexto educacional pode alterar a
forma como os sujeitos se encaixam no cenário, de modo que o professor e o
aluno deixam de ser, respectivamente, examinador e examinado. O processo
passa a ser em parceria, mas ainda considerando a seriedade necessária
(VILLAS BOAS, 2005).
Por outro lado, a avaliação passa a ser mais transparente, e, por
conseguinte, mais exigente, uma vez que o professor possibilita que o aluno
vivencie o processo avaliativo e supere os problemas encontrados (VILLAS
BOAS, 2005).
Em contrapartida, Vieira e Sordi (2012) esclarecem que o ideal é
professor usar o portfólio como meio, e não como fim, além de usá-lo, não
somente como recurso de avaliação, mas também como recurso de
aprendizagem. Isso significa modificar a compreensão do conhecimento,
valorizando a capacidade de produção do aluno, através de atividades que
possibilitem uma auto avaliação do aluno e do professor, para, então, poderem
corrigir os caminhos, quando necessário.
Considerando portanto, que os portfólios de aprendizagem focam nas
produções dos alunos e em suas reflexões, torna-se viável afirmar que essa
ferramenta é capaz de auxiliar no desenvolvimento do pensamento crítico e nas
habilidades que baseiam a tomada de decisões.
Villas Boas (2005, p. 295) utiliza seis princípios para o trabalho com
portfólio, sendo: a construção do portfólio pelo próprio aluno; a reflexão sobre
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suas produções; a criatividade; a auto avaliação; a parceria professor-aluno; a


autonomia do aluno.
Entende-se que esses princípios são essenciais para alcançar bons
resultados com essa prática, uma vez que, seguindo esses princípios, o aluno
se torna verdadeiro autor das suas produções, tomando decisões, organizando
seu portfólio da maneira que escolheu, realizando auto avaliação a todo
momento e eliminando situações e atitudes centralizadoras.
É importante compreender que “o portfólio possibilita ao estudante fazer
escolhas e buscar novas formas de aprender. Em todos os níveis de
escolarização isso é importante, mas em cursos de formação de educadores
essa oportunidade ganha dimensão maior” (VILLAS BOAS, 2008, p.82 apud
WIERZBICKI; JUNGES, 2015, p. 33732).
Porém, para inserir o portfólio no cotidiano universitário e nas práticas
do ensino superior, é necessário que haja uma transformação na concepção do
educador que forma e no que está sendo formado, ou seja, novos olhares sobre
ensinar e aprender, em busca da formação de educadores críticos e autônomos
intelectualmente (VILLAS BOAS, 2012).
Acrescenta-se aqui a importância de incorporar práticas inovadoras à
formação de profissionais da educação, para que haja devida apropriação deste
conhecimento que será refletido na conduta do professor em formação e,
consequentemente, produzindo experiências significativamente positivas
(FREITAS, 2016).
A utilização dos portfólios é capaz de eliminar ou diminuir o autoritarismo
no processo de avaliação e na organização das tarefas pedagógicas. Dessa
forma, pode-se dizer que inserir essa prática na vivência escolar provoca
resistência, insegurança e até medo nos profissionais (VILLAS BOAS, 2005).
Porém, o uso do portfólio na educação permite ao professor avaliar o
conhecimento de forma processual “[...] superando a visão pontual das provas e
testes, integrando-o no contexto do ensino como uma atividade complexa
baseada em elementos de aprendizagem significativa e relacional” (ALVES,
2006, p.106 apud ALTHAUS, 2012, p.5).
Considerando que essa é uma ferramenta elaborada e, portanto, possui
tanto possibilidades quanto limites, exigindo cuidados em sua aplicação, os
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portfólios precisam de fundamentação teórica, planejando e preparação dos


professores e alunos (VIEIRA; SORDI, 2012).
Entende-se que não é muito simples a utilização desse recurso como
ferramenta avaliativa no ensino superior, ou seja, dentro do ensino superior
brasileiro, o professor precisa de uma formação pedagógica especifica para
poder inserir essa nova forma de exposição do conhecimento de avaliação do
aprendizado.
É importante ressaltar que pontos positivos só serão alcançados em
ambientes com condições adequadas de trabalho e que proporcionem o
desenvolvimento do docente, considerando a autonomia intelectual (VILLAS
BOAS, 2005).

O processo de avaliação com o uso de portfólios de aprendizagem

Vieira e Sordi (20212, p. 3) defendem que “pensar a escola e a avaliação


significa inserir-se na transformação dos modos de trabalho pedagógico por
meio da reflexão crítica de seus fazeres pedagógicos, no sentido de investigar a
própria prática e muitas vezes transformá-la”.
São muitas as metodologias avaliativas que destacam apenas os
resultados dos alunos e desconsideram o caminho percorrido para compreensão
dos conteúdos. Assim, o portfólio vem na contramão e permite que o aluno
organize suas produções e, ele mesmo, avalie seus resultados e observe seus
erros e acertos, bem como onde deve inserir mudanças (WIERZBICKI; JUNGES,
2015).
A utilização do portfólio no processo avaliativo é um procedimento
diferente do que tem sido vivenciado pela maioria dos educadores, uma vez que
os princípios apoiadores dificilmente fazem parte do trabalho pedagógico e dos
cursos de formação destes profissionais (VILLAS BOAS, 2005).
Além disso, o portfólio pode ser considerado uma ferramenta mediadora
do aprendizado que, por meio da escrita reflexiva, auxilia no processo avaliativo
e na concretização do ensino (VIEIRA; SORDI, 2012).
Além disso, Villas Boas (2008 apud VIEIRA; SORDI, 2012, p.13)
acrescenta que:
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[...] o portfólio motiva o aluno a buscar formas diferentes de


aprender, suas produções revelam suas capacidades e
potencialidades, as quais poderão ser apreciadas por várias
pessoas. Amplia-se, assim, a concepção de avaliação, que
deixa de ter a função de ‘verificar’ a aprendizagem para
incorporar a de possibilitar ao aluno e até mesmo incentivá-lo a
mostrar o seu progresso e prepará-lo para comunicar o que
aprendeu e a defender suas posições.

Utilizando-se dos portfólios de aprendizagem, o aluno e o professor


podem avaliar as atividades que foram executas durante um tempo determinado,
caracterizando a avaliação como a construção de um progresso, e não uma
classificação ou punição (VILLAS BOAS, 2016).
Dessa forma, são observadas as produções e, então, compara-se
durante o caminho, valorizando o avanço que se obteve e pontuando os pontos
não satisfatórios (AMBROSIO, 2013; VILLAS BOAS, 2016).
Deve-se considerar no processo de elaboração do portfólio, os registros
das atividades que foram orientadas, como relatórios, discussões, sínteses, bem
como produções escritas. Estas produções servirão de base para que o
professor possa avaliar de forma continua a evolução dos alunos acerca do
aprendizado (ALVARENGA; ARAUJO, 2006).
Percebe-se que, através dessa prática, o aluno se torna capaz de
analisar seu progresso e, então, desenvolver um sentimento de pertencimento
ao sistema.

Pontos positivos alcançados com o uso do portfólio no processo de


avaliação
Estudos mostram que os portfólios podem ser usados como recurso na
avaliação das capacidades de pensamento crítico, ajudando na articulação e
solução de problemas complexos. Isso porque se utiliza de um trabalho
colaborativo para desenvolver os projetos e, assim, o aluno se torna mais capaz
de formular seus objetivos na aprendizagem (MURPHY, 1997, apud VILLAS
BOAS, 2005).
Assim, entende-se que a produção dos portfólios se torna uma
oportunidade do aluno poder exercer iniciativa, julgamento e autoridade sobre
suas atividades.
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Esse recurso propicia uma coleta de dados sobre a construção do


conhecimento do aluno, além de ser uma oportunidade “de vivenciar
reflexivamente o próprio processo de formação, permitindo identificar
dificuldades, necessidades e concepções que o compõem” (ZÍLIO, 2010, p. 3
apud VILARINHO et al. 2017).
Alvarenga e Araujo (2006) acrescentam o elemento sócio emocional do
pensamento reflexivo, capaz de melhorar a autoestima e o autoconhecimento
por meio da percepção do progresso e do desenvolvimento. Isso por que o aluno
consegue ver e demostrar desejo em produzir seu portfólio, uma vez que este
enaltece o sucesso e não o fracasso.
Assim, o aluno que faz a organização dos trabalhos produzidos no
portfólio, permite que o professor discuta em conjunto acerca do
desenvolvimento e a importância das atividades desenvolvidas (WIERZBICKI;
JUNGES, 2015).
Um estudo realizado por Freitas (2016), com a participação de 29
acadêmicos da disciplina de Didática, do curso de Pedagogia, evidenciou que o
recursou oportunizou, com mais facilidade, a revisão e reflexão dos conteúdos
vistos em sala, permitindo a associação do que se foi aprendido com a prática
exercida.
Vilarinho et al. (2017) realizou uma pesquisa e analisou 24 artigos com
a temática do uso dos portfólios como método avaliativo. Como vantagem,
observaram que esse é método é benéfico, uma vez que proporciona melhoria
no aprendizado, pois, mostra como o conhecimento está sendo construído, além
de ajudar na reflexão dos erros, e como podem ser usados para alcance dos
objetivos.
Wierzbicki e Junges (2015) realizaram uma pesquisa com 54
acadêmicos do quarto ano do curso de pedagogia, para avaliarem o uso do
portfólio como ferramenta de ensino e aprendizado na formação do docente. Os
acadêmicos, em sua maioria, conceituaram o portfólio como um recurso inovador
dentro do processo de avaliação. Além disso, consideraram que a proposta
possibilita momentos de reflexão dos acadêmicos e facilita a construção do
conhecimento e avaliação do futuro profissional. Os sujeitos da pesquisa
receberam de forma positiva o impacto que este recurso trouxe, ressaltando
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como vantagem o desenvolvimento de rotina e organização, bem como seleção


do aprendizado e autorreflexão acerca da evolução do conhecimento.
Os autores constataram, ao acompanhar o desenvolvimento e
elaboração dos portfólios, que o desenvolvimento dos acadêmicos teve
resultados mais positivos, uma vez que ouve mais presença efetiva nas aulas,
em decorrência das atividades e registros que deveriam compor o portfólio. Além
disso, observaram que, com a presença de mais alunos, as aulas ficaram mais
dinâmicas e com vários momentos de diálogo e reflexão.
Althaus (2012) fez uma intervenção com seis alunos de Doutorado em
Educação, buscando analisar a avaliação do processo de ensino-aprendizagem
através do portfólio na docência do ensino superior. Perceberam, quase
instantaneamente, que a ausência de uma formação pedagógica, impossibilita o
conhecimento de outras abordagens de avaliação no ensino superior. Os
doutorandos concluíram que, ao inserir o portfólio no trabalho pedagógico, criam
um caminho que possibilitam uma avaliação verdadeira e uma aprendizagem
significativa.
Vilarinho et al. (2017) explica que, como o portfólio é criado pelo próprio
estudante, estes ficam mais críticos e reflexivos, o que contribui para a liberdade
de expressão destes e também para a expansão da criatividade a medida que o
tempo passa.
Os autores acrescentam que o “como instrumento, [o portfólio] cumpre
as finalidades de coleta e registro de informações, transcendendo o aspecto
instrumental na medida em que fomenta a relação teoria-prática” (VILARINHO
et al., 2017, p.323).
Acerca disso, Wierzbicki e Junges (2015) acrescentam que o portfólio se
torna uma metodologia que possibilita uma reflexão compromissada e ética,
sendo um ponto importante no processo de ensino-aprendizagem.
Neste contexto, a reflexão diminui a tendência de os alunos serem
impulsivos e aumenta a capacidade de solução de problemas. Dessa forma, o
comportamento reflexivo proporciona ao aluno a capacidade de analisar o
assunto, promover o debate, melhorar a comunicação e forçar o
autoquestionamento (KISH et al., 1997, apud ALVARENGA; ARAUJO, 2006).
Em vista disto, observa-se que, entendendo que é possível utilizar o
portfólio como um instrumento de reflexão, os envolvidos tornam-se capazes de
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verem seus erros, não como obstáculos, mas como degrau de construção do
conhecimento.

O uso do portfólio na auto avaliação do docente


Desde o início do uso dos portfólios na educação, Crockett (1998 apud
ALVARENGA; ARAUJO, 2006) já defendia que estes podem ser usados para o
educador avaliar os alunos e também para sua autorreflexão e consequente auto
avaliação.
Freitas (2016) também evidencia que o portfólio pode ser usado como
uma ótima ferramenta de aprendizagem e auto avaliação do docente,
contribuindo, assim, para a formação de educadores mais conscientes e
engajados em melhorar seu desempenho.
Vilarinho et al (2017) também concorda que o uso do portfólio, como
prática avaliativa, além de melhorar o processo de aprendizagem do aluno,
também ajuda o professor a compreender suas situações de ensino e
aprendizagem, bem como sua vida profissional.
Dessa forma, a análise reflexiva do trabalho pedagógico permite a
verificação do alcance dos objetivos, e também ajuda a identificar mudanças
necessárias para corrigir os erros e para melhor proceder para garantir o
aprendizado do estudante (VIEIRA; SORDI, 2012).
Entende-se, portanto, que o portfólio “oportuniza ao professor
experimentar alternativas diversificadas e refletir sobre a possibilidade de
utilização futura em sua própria prática profissional” (VILARINHO et al. 2017,
p.323).
Vieira e Sordi (2012, p. 14) corroboram afirmando que “neste processo
não é só o construir da aprendizagem por parte do aluno que se revela”. É um
processo magnífico em que o educador educa e é educado, estando aberto para
indagações sobre suas práticas e a aprendizagem do aluno. Além do mais, o
processo permite uma análise contínua e sistemática através de um trabalho
construído ao longo do tempo. Para tanto, se faz necessário que os envolvidos,
professor e aluno, pratiquem a reflexão de seu desenvolvimento, caso contrário,
a avaliação não tem sentido.
É importante ressaltar que quando o professor opta por incluir o portfólio
como uma ferramenta mediadora do ensino e recurso avaliativo, precisa estar
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sensibilizado e preparado para compreender as mudanças que ocorrerão no


processo educativo, e estar ciente da necessidade de uma reavaliação de sua
visão sobre ensino, aprendizado e avaliação (VIEIRA; SORDI, 2012).
Observa-se, que, com o uso desse recurso, os dois envolvidos, professor
e aluno, aprendem, o primeiro aprende por meio dos feedbacks dados pelos
alunos, o segundo aprende com sua autorreflexão. Dessa forma, tem-se um
processo de ensino aprendizagem, melhorando as práticas pedagógicas do
professor e beneficiando o aprendizado do aluno.
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Considerações finais

Considerando a atual busca por uma educação fundamentada numa


aprendizagem colaborativa, bem como a valorização da autonomia do estudante
e a importância da auto avaliação no processo de construção do conhecimento,
tem-se o portfólio como uma significativa ferramenta, uma vez que, utiliza a
reflexão para auto avaliação, além de estimular a autonomia, a criatividade e a
parceria professor-aluno.
Os autores consultados evidenciaram que, a partir do uso dos portfólios
no processo avaliativo, é possível obter considerações acerca do conhecimento,
habilidade, atitude, valores, intenções, gêneros e linguagens utilizadas pelo
aluno. Assim, o professor possui uma ferramenta que possibilita o uso de uma
nova metodologia no processo de avaliação do aprendizado e também da forma
como seu ensino está sendo absorvido.
Além do mais, considerando como um dos maiores objetivos da
educação o ensinar a pensar, observa-se uma grande vantagem do uso do
portfólio: o desenvolvimento do pensamento reflexivo, que por sua vez, torna o
aluno capaz de sintetizar as informações através da prática da análise e da auto
avaliação.
Entende-se que usando esse recurso é possível ajudar o aluno a vencer
suas barreiras de aprendizagem, bem como ajudar o professor a avaliar seu
ensino e alterar, quando necessário, buscando os benefícios de uma pedagogia
diferenciada.
Tem-se, portanto, o portfólio como uma ferramenta de avaliação
formativa e também de diálogo entre professor e aluno, o que possibilita
significativas mudanças na maneira de avaliar o processo de construção de
conhecimento.
Se faz importante ressaltar que a montagem do portfólio é um processo
que exige trabalho, organização, atenção, comprometimento e honestidade, não
somente por parte do aluno, mas também do professor.
Embora o desenvolvimento de um portfólio, contendo organizadamente
as produções para uma avaliação justa, seja um trabalho demorado e minucioso,
os benefícios desta prática superam as dificuldades da elaboração.
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Referências

ALTHAUS, Maiza Taques Margraf. O portfólio na prática pedagógica


universitária: reflexões de um grupo de doutorandos em educação. In: ANPED
SUL, 9., Caxias do Sul, 2012. Anais...Caxias do Sul: ANPED SUL, 2012. p.1-
10.

ALVARENGA, Georfravia Montoza; ARAUJO, Zilda Rossi. Portfólio: conceitos


básicos e indicações para utilização. Estudos em Avaliação Educacional.
v.17, n. 33, jan./abr. 2006. p.137-148.

AMBROSIO, Marcia. O uso do portfólio no Ensino Superior. Petrópolis:


Vozes, 2013. 183p.

FREITAS, Mariane de. Portfólio – do conceito à prática universitária: uma


vivência construtiva. In: ENDIPE, 18., Cuiabá, 2016. Anais...Cuiabá: ENDIPE,
2016. p. 9909-9913.

VIEIRA, Maria Lourdes; SORDI, Mara Regina Lemes. Possibilidades e limites


do uso do portfólio no trabalho pedagógico no ensino superior. Revista e-
curriculum. São Paulo, v.8, n.1, abri. 2012.

VILARINHO, Lucia Regina Goulart. et al. O portfólio como instrumento de


avaliação: uma análise de artigos inseridos na base de dados e-AVAL. Meta
Avaliação. Rio de Janeiro, v.9, n.26, p.321-336, maio/ago. 2017.

VILLAS BOAS, Benigna Maria de. O Portfólio no curso de pedagogia:


ampliando o diálogo entre professor e aluno. Educação e Sociedade. v.26,
n.90, p. 291-306, jan./abr. 2005.

WIERZBICKI, Silmara Maria; JUNGES, Kelen dos Santos. O uso de portfólios:


vivências significativas no ensino superior. In: EDUCEARE, 12.; ENAEH, 4.;
SIRSSE, 3.; SIPD, 5., Curitiba, 2015. Anais...Curitiba: EDUCERE; ENAEH;
SIRSSE; SIPD, 2015. p. 33722-33733.

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