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Apostila de
Tratamentos Térmicos
1
Tratamentos Térmicos:
1. Diagrama Ferro-Carbono ------------------------------------------ 2
6. Temperabilidade------------------------------------------------------ 48
2
1. Diagrama Ferro-Carbono
RESUMO
Como os aços carbonos são os materiais metálicos mais utilizados pela humanidade,
mostra a importância de se estudar o diagrama de fase ferro-carbono. Neste diagrama de
fases temos uma porcentagem ponderal limitada por até 6,67%C, a composição da
cementita. Já que em concentrações superiores a esta, não é utilizada comercialmente.
PALAVRAS-CHAVE
Diagrama ferro-carbono, austenita, ferrita, cementita, perlita.
INTRODUÇÃO
As transformações alotrópicas do ferro puro e o fato de que o carbono forma uma
solução intersticial com o ferro. Isto conduz a uma série de possibilidades de
transformações, cada um com suas microestruturas típicas, resultando na grande
variação das propriedades.
• Valor máximo de carbono de 6.67%. Isto se deve ao fato de que as ligas acima deste
teor não possuem qualquer importância comercial.
• Outros elementos de liga além de pequenas quantidades de impurezas que são
inerentes ao processo de obtenção do material estão presentes. Porém como
pequenas quantidades de outros elementos não produzem grandes alterações,
podemos utilizá-lo como base para o estudo.
• Representa na verdade um equilíbrio metaestável entre ferro e um carboneto de ferro
da liga ferro-carbono chamado cementita que tem fórmula estequiométrica Fe 3C.
• As fases são representadas por letras gregas e nomes.
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• 2,11% a 1148ºC é um ponto que separa os aços e os ferros fundidos.
• Assim, aço é uma liga com até 2,11%C. A escolha deste ponto deve-se ao fato de
que, quando resfriamos um aço desde o estado líquido, este sempre passará por uma
faixa de temperaturas em que a sua microestrutura será composta de uma única fase
chamada austenita.
• Fase γ – Austenita. Solução sólida do carbono no ferro γ (é mantida a estrutura CFC).
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• A austenita dissolve muito mais carbono do que a ferrita. Austenita – 2,11% em peso
na temperatura de 1148ºC e 0,025% a 727ºC para a ferrita.
• A solubilidade do carbono não é fixa para as fases, mas varia com a temperatura.
• Carbono é um elemento estabilizador da austenita. Para o ferro puro a austenita é
estável numa temperatura mínima de 912ºC. % Carbono cresce e a temperatura
diminui até 0,77% em 727ºC. a partir daí a temperatura de estabilidade aumenta
novamente até 2,11% para 1148ºC.
• O excesso de carbono propicia a formação de uma terceira fase que é chamada de
cementita com 6,69% de carbono.
• As regiões então podem ser monofásicas (austenita ou ferrita) e bifásicas (austenita e
ferrita, austenita e cementita ou ferrita e cementita).
• Ponto Eutetóide. Três fases convivendo simultaneamente. É o que ocorre para a
composição de 0,77% de carbono a 727ºC.
Informações sobre a reação Eutetóide:
5
Figura 3 – Diagrama meta-estável ferro cementita.
Estrutura Perlítica:
Aço Eutetóide:
Aços Hipoeutetóides:
Aço Hipereutetóides:
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REGRA DA ALAVANCA
O percentual de uma fase é tanto maior quanto mais próximo ao campo desta fase.
Isto nos permite calcular a partir de uma regra de três o percentual das fases
constituintes para um determinado ponto de um diagrama de fases.
Exemplo:
Na temperatura eutetóide:
FASES META-ESTÁVEIS:
Reação Martensítica
Quando o aço é resfriado rapidamente, não haverá tempo para o carbono difundir da
austenita. Na tentativa do ferro passar de CFC para CCC o excesso de carbono fará
com que ocorra uma distorção no reticulado cristalino.
8
Figura 5 – Microestrutura martensita em aço médio carbono.
Reação Bainítica
9
BIBLIOGRAFIA
• CALLISTER, William D. Materials Science and Engineering – An Introducyion .
5 ed. Nova York: 1999. 871p.
• SANTOS, Dagoberto. Metalografia 1 Departamento de Engenharia Mealúrgica
UFMG 207p.
• VAN VLACK, Laurence H. Princípios de ciência e tecnologia dos materiais.
Tradução da quarta edição. 1984. 566p.
Figura 1 Figura 2
Pode-se notar que a dureza aumenta progressivamente com o teor de carbono e que
as tensões de tração também aumentam nos aços hipoeutetóides, mas tendem a
estabilizar-se nos hipereutetóides. Na maioria dos materiais, porém, não via de regra,
para maior dureza terá maior fragilidade ou menor ductilidade, para a maioria dos aços.
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melhorar sua usinabilidade. A soma de todos esses elementos, inclusive carbono,
silício, manganês, fósforo e enxofre não pode ultrapassar 6%. No caso de elementos
como silício, manganês e alumínio, sempre presentes nos aços carbono, os aços são
considerados ligados quando seus teores ultrapassarem 0,6%, 1,65% e 0,1%,
respectivamente. Os aços-liga costumam ser designados de acordo com o elemento
predominante. Por exemplo: aço-níquel, aço-cromo, aço-cromo-vanádio. Em geral os
aços ligados classificam-se em:
Aço baixa liga: Aço em que a soma dos teores dos elementos de liga não ultrapassa
5%.
Aço média liga: Aço em que a soma dos teores dos elementos de liga está entre 5% e
12%.
Aço alta liga: Aço em que a soma dos teores dos elementos de liga é no mínimo 12%.
Aço baixa liga de alta resistência: Aço com teor de carbono inferior a 0,25%, com teor
total de elementos de liga inferior a 2,0%. Neste grupo de aço, os elementos mais
comuns são o Nióbio, o Vanádio e o Titânio.
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profundidade da camada temperada e por isso a dureza no núcleo dos aços temperados.
Nos aços inoxidáveis austeníticos aumenta o limite elástico diminuindo contudo, a resistência a
corrosão.
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98xx Níquel (1,00%), cromo (0,80%), molibdênio (0,25%)
Estabiliza os
carbonetos. Ajuda Aumento da Peças para
a criar resistência automóveis e
Aço para
microestrutura mecânica e peças para uso
Manganês construção
dura por meio de temperabilidade da geral em
mecânica
têmpera. Diminui a peça. Resistência engenharia
velocidade de ao choque. mecânica
resfriamento
Produtos para
Aumento da indústria
Aços para
Forma carbonetos. resistência À química.
construção
Acelera o corrosão e a Talheres,
Cromo mecânica.
crescimento dos oxidação. Aumento válvulas e peças
Aços-ferramenta.
grãos. da resistência a para fornos.
Aços inoxidáveis
altas temperaturas Ferramentas de
corte.
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temperabilidade. aços rápidos.
Maior resistência
mecânica. Maior
Inibe o
tenacidade e
crescimento dos Aços Ferramentas de
Vanádio temperabilidade.
grãos. Forma cromo-vanádio corte.
Resistência à
carbonetos
fadiga e à
abrasão.
Aumento da
dureza. Aumento Aços rápidos.
Forma carbonetos Ferramentas de
Tungstênio da resistência a Aços
muito duros. corte.
altas ferramentas.
temperaturas.
Aumento da
Forma carbonetos
dureza.Aumento Aços rápidos.
(fracamente) Lâminas de
da resistência à Elementos de
Cobalto Desloca a curva turbina de
tração. Resistência liga em aços
TTT para motores a jato.
à corrosão e à magnéticos.
esquerda.
erosão.
Aumento da
resistência À
Auxilia na Aços com alto
oxidação em
desoxidação. teor de carbono.
temperaturas
Silício Auxilia na Aços para Peças fundidas.
elevadas. Melhora
grafitização. fundição em
da temperabilidade
Aumenta a fluidez. areia.
e da resistência à
tração.
Tabela 2: Influência dos principais elementos de liga na estrutura dos aços, propriedades
e aplicações.
1. Aplicações
Os aços-liga, por serem uma família bastante ampla de diferentes tipos de aço,
com propriedades bastante distintas, encontram aplicações igualmente vastas. Podem ser
encontrados em praticamente todos os segmentos industriais, desde a construção civil até
a construção naval, passando pela indústria petrolífera, automobilística e aeronáutica.
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Exemplos de algumas aplicações de Aços Ligados:
1. Referências Bibliográficas
Resumo
Existem diagramas que fornecem as fases e constituintes formados em um aço, em
função de suas condições de resfriamento a partir do campo austenítico. Estes diagramas
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podem ser baseados em transformações a temperatura constante (após o material ser
resfriado rapidamente a partir do campo austenítico até a temperatura de interesse),
conhecidos como diagramas TTT (Tempo, Temperatura e Transformação) ou em
transformações desenvolvidas durante um resfriamento contínuo, diagramas TRC
(Transformação em Resfriamento Contínuo).
Abstract
“There are diagrams that provide the phases and constituents formed in a steel, according
to their conditions of cooling from the field austenitic. These diagrams can be based on the
constant temperature changes (after the material is cooled quickly from field austenitic
until the temperature of interest), it is known as diagrams TTT (Time, temperature and
Transformation) or changes developed during a continuous cooling, diagrams TCC
(Transformation in Cooling Continuous).”
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAL E MÉTODOS
Estes diagramas são experimentais, obtidos a partir de amostras de um dado aço, que
são aquecidos até uma temperatura no campo austenítico e que, após permanecerem
nesta temperatura por um certo tempo, são resfriados de acordo com o tipo de diagrama.
A Metalurgia da transformação da austenita (figura 1) pode ser acompanhada pela análise
metalográfica de amostras
resfriadas rapidamente, após seguirem a forma desejada de resfriamento por diferentes
períodos de tempo, ou através da medida de variações com o tempo de propriedades
físicas (ou outras características) dependentes da estrutura do aço, como por exemplo a
liberação de calor (análise térmica), a resistividade elétrica, etc.
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Figura1: Microestrutura de um aço hipoeutetóide em função de sua velocidade de
resfriamento a partir do campo austenítico. (esquemática).
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Figura 4: Diagrama TTT de um aço baixa liga (0,35%C, 0,23%Si, 0,65%Mn, 1,10%Cr, 0,18%Cu, 0,23%Ni,
0,05%Mo).
A utilização do diagrama TTT é limitada porque este prevê as fases formadas a uma
temperatura constante. Os tratamentos térmicos normalmente utilizados promovem a
transformação da austenita através de resfriamento contínuo. Para a previsão das fases
que serão formadas nestas condições foram desenvolvidos os diagramas TRC. Estes
diagramas registram o desenvolvimento de transformações à medida que a temperatura
decresce, para diferentes taxas de resfriamento.
A figura 5 apresenta o diagrama TRC do aço cujo diagrama TTT é mostrado na
figura 2. Acompanhando, por exemplo, a curva de resfriamento mais lento, observa-se
que esta passa pelas regiões de formação da ferrita e da perlita. Assim, quando o aço
alcançar a temperatura ambiente, terá sua microestrutura formada por estes dois
constituintes e apresentará uma dureza
Vickers de 195HV.
Diversos destes diagramas, para diferentes composições de aços e ferros fundidos,
foram construídos e podem ser utilizados para a previsão da microestrutura destes
materiais em função das condições de resfriamento.
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Figura 5: Diagrama TRC de um aço hipoeutetóide (0,44%C, 0,22%Si, 0,66%Mn,0,15%Cr)
23
Figura 6: Diagrama completo de transformação isotérmica para um aço autetoide. (Reed-Hill)
26
Figura 8: Diagrama de resfriamento contínuo de um aço contendo 0,38 % C, 0,74 Cr, 0,51 % Mo (Metals
Handbook).
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Figura 9: Diagrama de resfriamento contínuo de um aço contendo 0,37% C, 1,4% Ni e 0,47% Mo.
5 SUMÁRIO
Do acima exposto podemos retirar uma série de conclusões com base nos resultados
obtidos para os diversos resfriamentos:
O fato de se chegar até uma temperatura abaixo da eutetóide não implica em que se
tenha alguma transformação, pois as mesmas dependem da velocidade de reação.
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A transformação da martensita é uma exceção ao apontado no ítem anterior, pois a
mesma tem natureza atômica.
REFERÊNCIAS
1. MODENESI, P. J.; MARQUES, P. V; SANTOS, D. B. Introdução à Metalurgia da
Soldagem, cap. 2, p. 23-27, Belo Horizonte, maio-2006
http://www.demet.ufmg.br/labs/soldagem/textos/metsol01.pdf
2.http://www2.furg.br/projeto/gefmat/material_did/materiais/Vitor/Disciplin/MatCons/ApostT
T/Cap7.htm
3.www2.furg.br/projeto/gefmat/material_did/materiais/Vitor/Disciplin/MatCons/ApostTT/Ca
p8.htm
4.http://www.infomet.com.br/por_dentro_curvattt.php
5.http://demec.ufpr.br/pesquisas/superficie/material%20didatico/Curvas%20TTT.pdf
Resumo
Neste trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o recozimento: um método de
tratamento térmico. Onde foram descrito as etapas do recozimento e os seguintes
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tratamentos específicos: recozimento total ou pleno, recozimento isotérmico ou cíclico,
recozimento para alivio de tensões e esferoidização.
1 Introdução
1.1 Generalidades
Quando um metal ou uma liga é aquecida a uma certa temperatura ocorrem mudanças
estruturais que modificam suas propriedades mecânicas e/ou físicas. O estudo destas
mudanças constitue uma parte importante da metalurgia física. Neste trabalho serão a-
presentadas aquelas mudanças que produzam modificações de interesse prático nas
propriedades do metal ou da liga. É exatamente o estudo destas propriedades o objetivo
dos tratamentos térmicos. Quase todos os processos de tratamento térmico são termi-
camente ativados, ou seja, a velocidade destes processos depende da temperatura em
que eles ocorrem. Neste trabalho será abordado apenas o tratamento térmico:
recozimento.
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formação de novas discordâncias. Conseqüentemente, a distância média de separação
entre as discordâncias diminui — as discordâncias são posicionadas mais próximas umas
das outras. Na média, as interações de deformação discordâncias-discordâncias são
repulsivas. O resultado líquido ou global é tal que o movimento de uma discordância é
dificultado pela presença de outras discordâncias. À medida que a densidade de
discordâncias aumenta essa resistência ao movimento das discordâncias por outras
discordâncias se torna mais pronunciada. Ou seja, o encruamento é o resultado do
aumento do numero de deslocações e de outras imperfeições que impedem o escorre-
gamento. Dessa forma, a tensão imposta, necessária para deformar um metal, aumenta
com o aumento do trabalho a frio.
Comercialmente, o encruamento é utilizado com freqüência para aprimorar as
propriedades mecânicas de metais durante seus procedimentos de fabricação. Os efeitos
do encruamento podem ser removidos mediante um tratamento térmico de recozimento
conforme será discutido neste trabalho.
1.2.1 Recuperação
Durante a recuperação, uma parte da energia interna de deformação armazenada
é liberada em virtude do movimento das discordâncias (na ausência da aplicação de
uma tensão externa), resultado de uma melhor difusão atômica a temperatura mais
elevada. Existe alguma redução no número de discordâncias e são produzidas
configurações de discordâncias que possuem baixas energias de deformação. Além
disso, algumas propriedades físicas como as condutividades elétrica e térmica e afins
são recuperadas aos seus que existiam antes do processo de trabalho a frio.
1.2.2 Recristalização
Mesmo após o processo de recuperação estar completo, os grãos ainda se
apresentam em um estado de energia de deformação relativamente elevado. A
recristalização é o processo de formação de um novo conjunto de grãos livres de
deformação e que são equiaxiais (isto é, possuem dimensões aproximadamente iguais
em todas as direções), com baixas densidades de discordâncias, e que são
característicos das condições que existem antes do processo de trabalho a frio. A força
motriz para produzir essa nova estrutura de grão é a diferença que existe entre as
energias internas do material submetido a deformação e do material sem deformação.
Os novos grãos se constituem na forma de núcleos muito pequenos e crescem até que
substituam completamente o seu material de origem, consistindo em processos que
envolvem difusão em pequena escala. Vários estágios do processo de recristalização
estão representados nas figuras 1a a 1d. Nessas fotomicrografias,os pequenos grãos
"salpicados" são aqueles que foram recristalizados. Dessa forma, a recristalização de
metais que foram previamente trabalhados a frio pode ser usada para refinar a estrutura
do grão.
Ainda, durante a recristalização, as propriedades mecânicas que foram alteradas
como resultado do trabalho a frio são restauradas aos seus valores existentes antes; isto
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é, o metal se torna mais macio, menos resistente, porém mais dúctil. Alguns tratamentos
térmicos são projetados para permitir a ocorrência de recristalização com essas
modificações nas características mecânicas.
A recristalização é um processo cuja extensão depende tanto do tempo quanto da
temperatura. O grau (ou fração) de recristalização aumenta em função do tempo, como
pode ser observado nas fotomicrografias mostradas nas figuras 1a a 1d.
a) b)
c) d)
e) f)
Fonte: Ciência e Engenharia de Materiais: Uma Introdução, William D.Callister, Jr. (As fotomicrografias são
cortesia de J. E. Burke,General Electric Company.)
Figura 1. Fotomicrografias mostrando vários estágios da recristalização e do crescimento de grãos de latão.
(a) Estrutura de grãos submetidos ao trabalho frio (33%TF). (b) Estágio inicial de recristalização após
aquecimento por 3 s a 580°C (1075°F). Os grãos muito pequenos são aqueles recristalizados. (c)
Substituição parcial de grãos trabalhados a frio por grãos recristalizados (4 s a 580°C). (d) Recristalização
completa (8s a 580ºC). (e) Crescimento de grão após 15 min a 580°C. (f) Crescimento de grão após 10 min
a 700°C (1290°F). Todas as fotomicrografias estão com ampliação de 75X.
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A influência da temperatura está demonstrada na figura 2, que mostra um gráfico
do limite de resistência à tração e da ductilidade (à temperatura ambiente) de uma liga de
latão em função da temperatura, para um tempo de duração do tratamento térmico
constante de 1 h. As estruturas dos grãos encontradas nos vários estágios do processo
também estão apresentadas esquematicamente.
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como está mostrado na figura 3.
Fonte: Elements of Materials Science and Engineering. 6th edition, de Lawrence H.Van Vlack; Copyright
1989 por Addison-Wesley Publishing Company
Figura3. Representação esquemática do crescimento dos grãos através de difusão atômica.
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2 Processos de recozimento
Fonte: Adaptado de Metals Handbook, T. Lyman, Editor, American Society for Metals, 1948, p.661
Nessas condições obtem-se perlita grosseira que é a estrutura ideal para melhorar a
usinabilidade dos aços de baixo e médio carbono. Para aços de alto carbono, a perlita
grosseira não é vantajosa sob o ponto de vista da usinabilidade e neles prefere-se uma
estrutura diferente — a “esferoidita" obtida pelo coalescimento, como se verá mais adiante.
O recozimento total requer um tempo muito longo, de modo que, às vezes, é conve-
niente substituí-Io pelo:
2.4 Esferoidização
A esferoidização de aços de alto teor de carbono é um processo de recozimento de
grande importância industrial, por produzir uma estrutura macia e de maior usinabilidade
que quaisquer outras estruturas que podem ser obtidas nestes aços.
Usualmente a esferoidização se obtém por um recozimento de primeira ordem, isto
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é, realizado a uma temperatura abaixo de A1. A esferoidização da cementita ocorre acima
de 600°C, mais rapidamente se logo abaixo da temperatura eutetóide, e tem como força
propulsora a diminuição da energia livre do sistema pela diminuição da área interfacial
ferrita-cementita. Pode-se dividir o processo de esferoidização em duas etapas: uma,
inicial, que pode ser denominada de esferoidização propriamente dita e que corresponde
a um aumento de componentes isolados de cementita ("quebra" das lamelas); outra,
posterior que pode ser denominada de coalescimento e que consiste em uma
diminuição do número de componentes isolados de cementita e no gradual arre-
dondamento ou esferoidização destes componentes. Algumas partículas crescem à custa
de outras que tendem a desaparecer, diminuindo, pois, o número de esferóides de
cementita a medida que o processo prossegue. A dureza do aço esferoidizado é baixa,
variando entre 98 e 85 HRB.
A esferoidização da cementita é também obtida pelo aquecimento e resfriamento
alternados entre temperaturas logo acima e logo abaixo de A1, um tratamento que se
costuma denominar de "recozimento pendular". Neste caso, como já mencionado, temos
de fato um recozimento de segunda ordem, já que ocorre austenitização do aço, ainda
que parcial.
A evolução do processo de esferoidização é acompanhada de uma gradual
diminuição de dureza, que é o que confere ao aço esferoidizado sua boa usinabilidade.
Quando o aço a esferoidizar é hipereutetoide, o recozimento de esferoidização
deve ser precedido de uma austenitização completa e resfriamento a uma velocidade
conveniente que impeça a formação da rede de cementita pro-eutetoide normalmente
presente na microestrutura do aço hipereutetóide.
9 Referências
1 CHIAVERINE V. Tratamentos térmicos das ligas ferrosas.São Paulo,SP: ABM,1987.
5. Têmpera
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1. Estrutura de Aços Resfriados Rapidamente: Martensita
Há muito tempo, sabe-se que os aços resfriados rapidamente apresentam maior
dureza que os resfriados lentamente e que se obtêm materiais extremamente duros
quando os aços são inicialmente aquecidos e em seguida resfriados em água fria. Se um
corpo de prova de aço carbono é austenitizado e depois resfriado rapidamente, obtém-se
uma estrutura que é conhecida como martensita. Em superfícies polidas e atacadas, a
martensita aparenta forma de agulhas, ou acicular, porém em três dimensões. O cristal
tem a forma de “pena” ou placa, com superfícies planas.
A estrutura pode conter austenita não transformada ou “retida”, embora, em aços
carbono, esta seja encontrada somente para elevados teores de carbono. Com aços
carbono não é possível reter, por resfriamento rápido, uma estrutura completamente
austenítica, embora em alguns aços liga possa-se obter facilmente estruturas
completamente austeníticas.
Quando aços carbono sofrem transformação isotérmica em temperaturas
sucessivamente decrescentes, os produtos de reação são conhecidos por:
perlita → bainita superior → bainita inferior→ martensita → austenita retida
Destes, a bainita superior (ripas de ferrita na forma de “penas”) e a inferior (longas
placas de ferrita) – Figura 2 – são misturas de ferrita e carbono, e em aços de baixo
carbono temperados, a martensita consiste em lâminas delgadas, cujos eixos maiores são
paralelos às direções <111> da estrutura martensítica. Ao contrário, a martensita formada
em aços de alto carbono (1,0-1,4% C) consiste em plaquetas contendo faixas estreitas de
cristais maclados (Figura 1).
Geralmente, diz-se que durante a sua formação, a martensita permanece coerente
com a austenita matriz, entretanto, as duas estruturas diferem muito para haver completa
coerência.
2. Formação da Martensita
A formação da martensita ocorre por um processo de cisalhamento rápido que
envolve uma mudança de forma. Se uma superfície polida for observada através de um
microscópio de platina aquecida, vêem-se agulhas projetando-se através da superfície e
ouvem-se ruídos, sendo cada um acompanhado de um novo enrugamento da superfície.
41
Figura 1 – Subestrutura da martensita em forma de maclas
(A) (B)
Figura 2 – Morfologia da bainita: “penas” (A) e longas placas de ferrita (B)
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Em aços carbono, ou em ligas ferro (puro) – carbono, os valores de Ms e Mf
diminuem com o aumento de teor de carbono. Se a temperatura ambiente fica entre as
linhas Ms e Mf, a têmpera em água fria não produz uma estrutura completamente
martensítica e ter-se-á alguma austenita retida. Sob condições industriais há uma
tendência geral de aumentar-se a temperatura de austenitização para abaixar-se o Ms;
muito deste efeito deve-se ao fato de que temperaturas menores de austenitização não
permitem obter uma austenita completamente homogênea, de modo que as regiões de
menor teor de carbono começam a transformar-se em martensita em temperaturas mais
elevadas que as correspondentes à composição média do aço.
Segue-se também que baixas temperaturas de austenitização podem levar a um
aumento na proporção de austenita retida, porque regiões de teor de carbono mais
elevado podem não se transformar em martensita na têmpera.
Na descrição acima, supõe-se que, durante a têmpera, a velocidade de
resfriamento é tão elevada que a martensita, uma vez formada, permanece inalterada. O
revenido da martensita provoca a precipitação de carbonetos. Na têmpera de corpos de
prova grandes, pode acontecer que a velocidade de resfriamento é tal que ocorre um
“auto-revenido” da martensita, precipitando-se partículas de carbonetos; em tais casos as
partículas precipitam-se primeiro nos contornos de macla das plaquetas.
4. Transformação Martensítica
As transformações martensíticas são encontradas em ligas ferrosas e não ferrosas;
a definição geral destas reações é que elas devem satisfazer às duas condições abaixo:
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carbono não se distribui entre a cementita e a ferrita, formando novos compostos, mas se
instala nos sítios octaédricos na estrutura cúbica de corpo centrado produzindo, então,
uma nova fase martensítica.
A solubilidade do carbono na estrutura CCC aumenta muito quando a martensita é
formada. A martensita assume a forma TCC, na qual o parâmetro c da célula unitária é
maior que os outros dois parâmetros a. A distorção da rede tetragonal compacta torna o
movimento das deslocações muito difícil e é considerada a causa principal da elevada
resistência da martensita. Com o aumento da concentração do teor de carbono, mais
sítios intersticiais são preenchidos e a tetragonalidade aumenta.
A martensita é uma fase metaestável porque o mecanismo de difusão foi suprimido.
Se a martensita for aquecida a temperaturas onde os átomos de carbono tem mobilidade,
estes átomos se difundem da posição dos sítios octaédricos em que se encontravam.
Como resultado, a tetragonalidade é aliviada e a martensita é rearranjada em uma mistura
de ferrita e cementita conforme previsto pelo diagrama Fe-C.
Se a estrutura original da martensita não puder acomodar a mudança de forma na
nova estrutura martensítica produzida por cisalhamento ocorrerão trincas na interface
austenítica de origem.
Figura 4 – Curva TTT do aço AISI 5140 com 0,43% C, 0,68% Mn e 0,93% Cr.
Uma curva TTT refere-se a transformações isotérmicas; não deve ser usada
diretamente para a comparação com transformações que ocorrem durante resfriamento
contínuo. Existem várias tentativas para derivação de curvas de resfriamento contínuo,
sendo algumas válidas para certas faixas de temperaturas e velocidades de resfriamento;
Elas, porém, não devem ser usadas sem um exame crítico.
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Figura 5 – Diagrama de Transformação isotérmica para um aço ABNT 1080.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A Austenita
ASTM AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS
B Bainita
C Cementita
CP Capacidade de Processos
D, DC Diâmetro Crítico
DCI, DI Diâmetro Crítico Ideal
F Ferrita
FP Forno Panela
H Severidade de Têmpera
ICP Índice de Capacidade de Processos
JD Distância crítica Jominy
LD Convertedor LD
LIE Limite inferior da Especificação
LSE Limite superior da Especificação
M Martensita
P Perlita
RH Desgaseificador à Vácuo
SAE SOCIETY OF AUTOMOTIVE ENGINEERS
T Temperatura
TRC Transformação em Resfriamento Contínuo
TTT Temperatura, Tempo, Transformação
Ferrita
Austenita
Desvio Padrão
2 Variância
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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Introdução
As propriedades mecânicas dos aços dependem de sua microestrutura. A dureza,
microestrutura e velocidade de resfriamento estão intimamente relacionadas. Esse
relacionamento pode ser avaliado pela temperabilidade, que é um critério para seleção de
aços para construção mecânica.
Temperabilidade
Capacidade de Processos
Envolve a comparação do resultado de um processo com as especificações do
produto. Mede a capacidade de um processo de atender determinada especificação. É
medido pelo ICP (Índice de Capacidade de Processos).
50
COMPOSIÇÃO QUÍMICA - análise de panela (%)
Cliente/
Faixas C Mn Si Cr Ni Mo Cu P S Al
Açominas
Mínim 0,4 1,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,1 0,01 0,01
0,02
o 4 6 7 2 0 1 0 8 0
5
Especificação Máxim 0,4 1,3 0,2 0,1 má 0,0 má 0,02 0,03
máx
interna o 8 1 7 8 x 6 x 5 5
51
Segundo GROSSMANN & BAIN (1972), a penetração do endurecimento
(distribuição de dureza) produzido pela formação de martensita em um aço temperado
depende de 3 fatores:
Sua temperabilidade (composição química e tamanho de grão austenítico)
Severidade do meio de têmpera
Tamanho da peça
A expressão quantitativa da temperabilidade depende do método de ensaio
utilizado para sua determinação e está vinculada à severidade do meio de têmpera
empregado.
52
Fig.
3.1 Dureza da martensita X teor de carbono (ASTM A255, 1989)
54
Fig. 3.3 – Diagramas TTT e TRC do aço 45 M 5, similar ao SAE 1548M (VOORT, 1991)
Fig. 3.4: Diagramas TTT do SAE 5140 com 0,43%C, 0,68%Mn e 0,93%Cr (ROSSI, 2003)
55
A transformação austenitaferrita + cementita é uma reação que ocorre por
nucleação e crescimento. A nucleação da ferrita e da perlita ocorre em sítios de nucleação
heterogêneos tais como os contornos de grão. A velocidade de nucleação será tanto
maior quanto mais fino for o grão austenítico, pois maior superfície total estará disponível
para nucleação de ferrita. A velocidade de crescimento da perlita não é sensivelmente
modificada pelo tamanho de grão austenítico.
Teor de Carbono
É o elemento químico mais importante na temperabilidade. Aumenta a
temperabilidade do aço retardando a formação da ferrita e perlita. Níveis elevados de
carbono diminuem a formação de martensita para temperaturas mais baixas e a
transformação de austenita para martensita pode ser incompleta, levando a austenita
retida. Nessa microestrutura composta de martensita e austenita, há uma queda na
dureza, embora a dureza da fase martensítica seja elevada.
Elementos de Liga
A mais importante função dos elementos de liga em aços para tratamento térmico
é aumentar a temperabilidade, o que torna possível o endurecimento de seções maiores e
possibilita também o uso de têmpera em óleo para reduzir distorção e trincas de têmpera.
Estes deslocam a curva TRC para a direita e atrasam assim a transformação
austenitaferrita + perlita e/ou bainita, o que permite a formação de mais martensita para
uma taxa particular de resfriamento.
56
Mn e Ni: formadores de austenita. Estabilizam a austenita e retardam o início de formação
da perlita. Deslocam o nariz da curva TRC mas não modificam a curva. Mn é mais efetivo.
Cr, Mo e V (CHUEN, 1979): Fortes formadores de ferrita. Causam distorções na rede
cristalina do ferro. A interação dos campos de tensões mantém os átomos de C afastados
uns dos outros em solução sólida, impedindo sua precipitação. Ao se resfriar o aço, as
condições se tornam desfavoráveis para migração do C para formação de carbonetos.
Isto quer dizer que o tempo necessário para formação da perlita é aumentado.
V: Aumenta a temperabilidade. É tão efetivo quanto o Mn ou Mo quando em solução na
austenita. Segundo alguns autores (CRAFT & LAMONT,1944 apud ASTM A 255;
BROWNRIGG & PRIOR, 2002; ROSSI & CASTRO, 2003), V tem um comportamento
duplo. Até 0,05% aumenta a temperabilidade e acima desse valor reduz a temperabilidade
pela sua característica de refinar o grão austenítico.
P e S: P aumenta a temperabilidade e o S diminui.
Co: É o único elemento que diminui a temperabilidade. A presença de cobalto no aço
aumenta tanto a velocidade de nucleação quanto a velocidade de crescimento da perlita.
Boro: É um elemento muito potente , sendo que 20 a 30 ppm tem um efeito equivalente a
0,50% de Mo e é mais efetivo em aços com baixo teor de C. Tem grande afinidade por
nitrogênio e no estado combinado forma BN e não atua na temperabilidade. Torna-se
necessário a adição de Ti para fixar o N formando TiN e assim deixando o B livre para
atuar na temperabilidade. A prática usual é adição de Ti/N>=3,42 para precipitar qualquer
N disponível antes da adição de B (SHEN & HANSEN, 1997).
Somente afeta a temperabilidade do aço se estiver em solução sólida. É um átomo
grande para formação de solução sólida intersticial e muito pequeno para formação de
solução sólida substitucional. Os átomos de boro são atraídos para as irregularidades do
reticulado que existem nos contornos de grão e baixam a energia nessas regiões,
reduzindo a taxa de nucleação e retardando a decomposição da austenita.
Tempo
Inclusões não metálicas, nitretos e carbonetos não solubilizados: uma dispersão fina de
partículas promove nucleação de fases não martensíticas durante a transformação, o que
leva a diminuição da temperabilidade.
Ensaio Jominy
O primeiro passo (MELLOY, 1977a) no desenvolvimento do teste Jominy ocorreu em
1938 por Jominy e Boegehold. Tornou-se um ensaio de emprego universal para aços com
58
temperabilidade (DI) entre 1 a 6 polegadas e que pode ser convertida para diâmetro de
barra redonda em diferentes meios de têmpera.O ensaio Jominy pode ser usado para
medir temperabilidade dos aços e para estudar os efeitos de elementos de liga e do
processo de fabricação na temperabilidade. O resultado é mostrado numa curva de
dureza X distância da extremidade temperada (figura 3.5), conhecida como curva Jominy.
Ensaio (figura 3.6): Corpo de prova cilíndrico, diâmetro 25,40mm e comprimento
101,60mm. Numa das extremidades há uma flange de apoio. O corpo de prova é
normalizado (para eliminar diferenças em microestrutura) e então austenitizado em
temperaturas entre 800 e 900ºC. A amostra é transferida rapidamente para um dispositivo
e recebe um jato de água na extremidade inferior. A taxa de resfriamento varia ao longo
do comprimento da amostra de muito rápida, na extremidade que recebe o jato de água,
até taxas equivalentes a resfriamento ao ar na outra extremidade. Assim, ao longo do
corpo de prova tem-se uma variedade de tratamentos térmicos equivalentes, desde
têmpera até normalização, resultando em microestruturas distintas. A amostra é então
retificada ao longo de seu comprimento até uma profundidade de 0,38mm para remover
descarbonetação. A dureza é medida em intervalos de 1,6 mm (1/16 da polegada) à partir
da extremidade temperada. O ensaio Jominy está padronizado nas normas ASTM A 255 e
SAE J 406.
Conforme MELLOY (1977a), ocorrem 2 efeitos: têmpera por água numa extremidade
(equivale a severidade H = 2,33) e resfriamento ao ar pela superfície do corpo de prova
(H = 0,022). Até 50mm o resfriamento predominante é pela água, sendo desprezível o
resfriamento pelo ar (FONG, 1993). Acima de 50mm o resfriamento pelo ar já é
mensurável. A grande vantagem do ensaio Jominy é a de se obter em uma única barra
diferentes velocidades de resfriamento, que produzirão diferentes durezas ao longo do
eixo do corpo de prova. Cada posição da barra Jominy tem uma taxa de resfriamento
conhecida e independe do tipo de aço (tabela III.1).
°C/s 11 9 8 7 6 5,5 4 3 2 2
59
Fig. 3.5 – Curva Jominy (REED-HILL & ABBASCHIAN, 1994)
Fig. 3.7 – Posição na curva Jominy X diâmetro de barras redondas nos diversos meios de resfriamento
(SIEBERT et al., 1977)
61
Projeto de componentes estruturais tratados termicamente
De posse da curva Jominy pode-se prever a dureza da barra temperada em um meio de
determinada severidade de têmpera H. O inverso também pode ser feito: pode-se para
determinada bitola correlacionar a dureza no centro da barra com a distância Jominy.
Meio de têmpera:
Quanto mais severa for a têmpera, maior a mudança dimensional (distorção) resultante,
exceto se reduzido por técnicas especiais. Por causa desta distorção e o perigo de trincas
na têmpera, o aço selecionado deve ter uma temperabilidade mínima não maior que a
requerida pelo meio de têmpera selecionado. Quando a dimensão de uma peça aumenta,
a taxa de resfriamento na superfície e interior da mesma diminuem.
O normal e mais econômico é selecionar o aço de mais baixo teor de carbono que
produzirá a dureza indicada, usando o meio de têmpera indicado.
Faixas de Temperabilidade
Representam o resultado de numerosas determinações realizadas através de ensaio
Jominy. Como exemplo temos os aços faixa H da norma SAE 1268, que tem
temperabilidade garantida pelo fornecedor. Os aços faixa H tiveram a faixa de
temperabilidade definida mediante estatística de corridas utilizando média 2 ( =
desvio padrão), e contém 95,44% dos dados. A tabela III.2 mostra a faixa de DI para
vários aços SAE faixa H.
TABELA III.2
62
A temperabilidade pode ser especificada da seguinte maneira:
a- DI (diâmetro crítico ideal): faixa de valores, ou valor mínimo ou valor máximo.
b- A curva Jominy inteira.
c- Faixa para alguns pontos da curva.
Outras normas tais como DIN e JIS também especificam temperabilidade para diversos
aços.
Figura 3.8 – diâmetro crítico D X diâmetro critico ideal DI para várias taxas de
resfriamento (REED-HILL & ABBASCHIAN, 1994)
64
Fig. 3.9 – DI (pol.) x distância crítica Jominy JD (CHUEN, 1979)
Física da têmpera (MELLOY, 1977b; CHUEN, 1979): A figura 3.10 mostra as três etapas
no resfriamento de um cilindro por um líquido.
Etapa A: O resfriamento é muito lento devido a uma camada de vapor que paira
sobre a superfície: a água é impedida de entrar em contato a superfície da peça e
o calor é retirado através de pequenas “explosões” das bolhas e através de
radiação.
65
Etapa B: É o maior resfriamento. O calor é retirado pelas bolhas de vapor (superior
em quantidade e agitação que na etapa A) pois a temperatura é baixa o suficiente
para permitir um contato momentâneo entre o líquido e a peça. Uma corrente
convectiva é criada no líquido.
Etapa C: O terceiro estágio é caracterizado pela baixa taxa de resfriamento. Não há
vaporização e o calor é retirado por condução e convecção do líquido.
Severidade de têmpera
É o poder de resfriamento ou capacidade de extração de calor, determinado
experimentalmente pela têmpera de uma série de barras redondas de um dado aço.
A severidade de têmpera “H” é definida como a capacidade do meio refrigerante
em extrair calor rapidamente. Toma-se como referência a água a 18oC cuja severidade é
definida como H = 1. A severidade de têmpera é ainda muito influenciada pela agitação do
meio. A tabela III.3 a seguir mostra a severidade de têmpera para diversos meios de
resfriamento. A temperatura e viscosidade do meio são fatores importantes.
Grossmann estudou as severidades de têmpera reais e as extrapolou para uma
têmpera ideal.
66
Agitação violenta - 0,8 a 1,1 4 5
Têmpera ideal =
A estimativa das curvas Jominy pode ser feita em função da composição química e
do tamanho de grão austenítico.
67
Métodos:
C: Redes neurais: Conforme DOBRZANSKI & SITEK (1999a), o uso de redes neurais
para avaliar o efeito da composição química na temperabilidade apresenta melhores
resultados que os métodos até então existentes.
68
F: Análise de Regressão
Para derivar equações de regressão para um dado aço torna-se necessário dados de 30
~100 corridas e cada fórmula será válida para uma faixa estreita de composição química
(THOMAS et al., 1992).
Exemplos:
Just: Determinou as equações para uso de análise química para calcular a dureza
em várias distâncias Jominy para os aços SAE. Usou a composição química média
e a banda média de temperabilidade (JUST apud CHUEN, 1979).
CHUEN (1979): Para o aço SAE 8620 usando 120 corridas determinou uma equação
para cada ponto da curva Jominy de J1/16 a J10/16. O efeito relativo de cada
elemento C, Mn, Si, Cr, Ni, Mo, S e P foi determinado.
70
Padronizado pelas normas ASTM A 255 e SAE J406.
71
Cálculo de Curva Jominy
O método padronizado na norma ASTM A 255 pode ser usado para aços baixa liga
destinados a construção mecânica.
Método:
Primeiro passo: calcular o DI.
A dureza na extremidade de têmpera, denominada dureza inicial, é função exclusiva
do teor de C (Fig. 3.1).
Para um dado teor de C, a dureza num ponto intermediário (qualquer distância da
extremidade de têmpera) é função do valor de DI.
A razão entre a dureza inicial e a dureza em um dado ponto para qualquer teor de C é
uma constante (denominada “constante de divisão”) para cada diâmetro crítico ideal.
Mudando-se a composição química, mas mantendo-se o DI, as constantes de divisão
permanecem as mesmas.
Tamanho de grão 7
C 0,46 0,228
Mn 1,24 5,204
Si 0,22 1,154
Cr 0,15 1,324
Ni 0,00 1,00
Mo 0,03 1,09
DI - 1,98 polegadas
A tabela III.5 mostra a dureza calculada para cada ponto e a figura 3.13 mostra a
representação gráfica da curva Jominy
72
Tabela III.5 – Pontos da curva Jominy calculada do aço SAE 1548M
73
3.3 O que será feito
74
Processo capaz significa que tem o potencial de gerar produtos dentro das
especificações. Além desta definição qualitativa da capacidade do processo, há uma
expressão que envolve o cálculo do Índice de Capacidade do Processo (ICP). O ICP é o
menor valor entre :
Um ICP = 1 é o valor mínimo aceitável; um valor abaixo de 1 significa que alguma corrida
fora de especificação estará sendo produzida. O conhecimento da capacidade do
processo é extremamente importante para decisões sobre melhorias a serem introduzidas
no atual método de fabricação de aço, para decisões sobre alteração de especificações
inadequadas ou especificações de DI para novos produtos.
O DI resulta dos fatores de multiplicação dos elementos químicos C, Mn, Si, etc. Cada
elemento químico tem sua própria tolerância e, assim, a variabilidade do todo (DI) estará
relacionada com as variações de cada elemento individual. De acordo com as leis da
probabilidade é improvável que todos os extremos acontecerão ao mesmo tempo e com
esse conhecimento torna-se possível estabelecer tolerâncias mais abertas para cada
elemento sem aumentar a não conformidade do todo.
A variabilidade do DI das corridas depende da variabilidade de cada um dos elementos
químicos. Conforme GRYNA et al. (1988), a tolerância final para o DI pode ser
determinado pela Lei de adição de variâncias (variância = 2 = quadrado do desvio
75
padrão).
4. METODOLOGIA
76
Serão coletados dados de composição química e os Diâmetros Críticos Ideais serão
calculados conforme norma ASTM A 255 (exemplo no item 3.2.7).
Para cada elemento químico será montado um histograma e calculado o desvio padrão .
Será montado um histograma do DI e calculado o desvio padrão .
À partir da equação:
5. RESULTADOS ESPERADOS
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RETI, T., FRIED, Z., FELDE, I. Computer Simulation of Steel Quenching Process Using
79
a Multi-Phase Transformation Model. Computational Materials Sciente 22 (2001) 261-278.
THOMAS, K., GEARY, E. A., AVIS, P. , and BISHOP, D. The Prediction of Properties in
Heat Treated Engineering Steels. Materials & Design, Vol. 13, Nº1, Feb. 1992.
WORTMAN, B. The Quality Engineer Primer. 3rd ed. Indiana: Quality Council of
Indiana, 1993.
81
importante, e dureza e resistência constituem fatores de importância secundária.
A FIG. 2 mostra que a tenacidade pode diminuir se os aços são revenidos numa faixa de
temperatura que varia de 260 a 370ºC (500 a 700ºF). Esta diminuição na tenacidade é
referida como martensita revenida fragilizada. Em função desta fragilização, o
revenimento nesta faixa de temperatura é normalmente evitado na prática comercial.
Outro tipo de fragilização, a fragilização no revenimento, pode acontecer em aços
martensíticos revenidos acima de 425ºC (800ºF). Este tipo de fragilização será abordado
posteriormente.
82
FIGURA 3 – Diminuição na dureza com o aumento da temperatura de revenimento para
aços com vários teores de carbono.
83
FIG. 5 mostra mudanças nas propriedades mecânicas de um aço AISI 4340 temperado
em óleo e revenido a temperaturas acima de 200ºC (400ºF). Os limites de escoamento e
de resistência diminuem continuamente, enquanto a deformação e a redução de área
aumentam com o aumento da temperatura de revenimento.
85
TABELA 1
Propriedades mecânicas de vários diâmetros de barra para um aço 4340, após vários
tipos de revenimento
86
FIGURA 6 – Curvas de tensão/deformação verdadeira, para uma ripa de martensita com
pacote de tamanho de 8,2 m, em ligas Fe-0,2C temperada, e temperada e revenida.
FIGURA 7 – Distribuição uniforme das deslocações e partículas de cementita numa martensita Fe-
0,2C revenida. Fotomicrografia de transmissão de elétrons.
87
de carbonetos. Sem estes elementos as ligas ferro-carbono e aços de baixo carbono
amaciam rapidamente com o aumento da temperatura de revenimento como mostrado
na FIG. 3. A FIG. 8, da mesma forma, mostra o amaciamento em função do
revenimento e do teor de carbono. Este amaciamento é grandemente influenciado pelo
rápido crescimento da cementita com o aumento da temperatura de revenimento, um
processo que depende da difusão do carbono e do ferro. Se os elementos formadores
de carbonetos estiverem presentes em quantidades suficientes no aço, eles não
retardam apenas o amaciamento, mas também formam finos carbonetos de liga que
produzem um aumento na dureza com temperaturas de revenimento mais altas. Este
aumento na dureza é freqüentemente referido como endurecimento secundário.
88
FIGURA 8 – Dureza em função do teor de carbono na martensita de ligas Fe-C revenidas em várias
temperaturas.
89
FIGURA 9 – Retardo no amaciamento e endurecimento secundário durante o revenimento de aços com
vários teores de molibdênio.
O efeito dos elementos de liga nas mudanças de dureza produzida pelo revenimento
de aços carbonos martensíticos e de baixa liga, foi resumido em um trabalho com aços
com adição de silício, manganês, fósforo, níquel, cromo, molibdênio, e vanádio acima de
1,5%. Gráficos de diferenças de dureza (ΔHv), relativos a ligas Fe-C revenidas, em função
do conteúdo de elemento de liga, foram obtidos para temperaturas de revenimento
variando de 200 a 700ºC (400º a 1300ºF), com tempo de revenimento constante de 1 h.
As FIG. 10 e 11 mostram gráficos de ΔHv versos conteúdo de elementos de liga para
martensita revenida a 260ºC (500ºF) e 540ºC (1000ºF), respectivamente. Quando o ΔH v
para cada elemento, a uma dada temperatura de revenimento, é adicionado à dureza de
revenimento determinada através do teor de carbono e temperatura de revenimento
(FIG.8), a dureza de revenimento final de aços carbono e de baixa liga pode ser
rapidamente estimada. As FIG. 10 e 11 refletem diferenças interessantes em relação aos
vários elementos de liga. Os maiores formadores de carbonetos, responsáveis pelo
endurecimento secundário, não possuem um grande efeito até que altas temperaturas
sejam alcançadas. O níquel possui um efeito constante e pequeno na dureza de
revenimento em todas as temperaturas, e como não é um elemento formador de
carbonetos, sua influência enfraquece a solução sólida. O silício possui um efeito de
retardar o amaciamento por volta de 316ºC (600ºF), através da inibição da transformação
de carbonetos de transição de baixa temperatura em uma cementita mais estável. O
manganês a baixas temperaturas de revenimento possui um pequeno efeito sobre o
amaciamento, mas em temperaturas mais altas possui um efeito mais forte, talvez por
causa da incorporação de manganês no interior dos carbonetos a altas temperaturas,
acompanhada pela resistência ao crescimento da cementita que está associada com a
difusão de manganês.
91
FIGURA 10 – Efeito dos elementos de liga no retardo do amaciamento durante o revenimento de ligas Fe-C a 260ºC
(500ºF).
FIGURA 11 – Efeito dos elementos de liga no retardo do amaciamento durante o revenimento de ligas Fe-C a 540ºC
(1000ºF).
93
identificado como tendo estrutura hexagonal e designado de carboneto epsilon ().
Posteriormente, foi mostrado que o carboneto de transição possui uma estrutura isomorfa
ortorrômbica com carbonetos de metais de transição do tipo M2C. Os carbonetos de
transição com esta última estrutura cristalina foram chamados de carboneto eta (). As
estruturas dos carbonetos epsilon e eta são muito semelhantes e são diferenciadas por
difração de elétrons. Carbonetos epsilon, Fe2.4C, e carbonetos eta, Fe2C, possuem
conteúdo de carbono substancialmente mais altos que a cementita, Fe 3C, que se forma a
altas temperaturas. Estudos de cinética mostraram que o primeiro estágio do revenimento
é dependente da difusão do carbono através da martensita, com uma ativação de energia
de 1600 cal/mol.
FIGURA 12 – Microestrutura martensítica em uma liga Fe-1,2C revenida a 150ºC (302ºF). A microestrutura consiste de
placas de vários tamanhos contendo arranjos uniformes de carbonetos muito finos e austenita retida (áreas pretas).
Micrografia de transmissão de elétrons.
94
FIGURA 13 – Distribuição dos carbonetos eta na placa de martensita de uma liga Fe-1,22C revenida a 150ºC (302ºF)
por 16h. Micrografia de transmissão de elétrons. Aumento de 80000x, mostrando aqui a 75%.
FIGURA 14 – Fileiras de finas partículas esféricas de carbonetos eta na placa de martensita de uma
liga Fe-1,22C revenida a 150ºC (302ºF) por 16h. Micrografia de transmissão de elétrons. Aumento
de 80000x, mostrando aqui a 75%.
FIGURA 15 – Transformação da austenita retida numa liga Fe-1,22C em função do tempo em três temperaturas de
revenimento.
FIGURA 16 – Austenita retida e cementita em função da temperatura de revenimento em aços do tipo 4340 e 4140. As
quantidades de fases foram determinadas por espectroscopia.
96
O terceiro estágio do revenimento consiste na formação da ferrita e cementita como
requerido pelo diagrama Fe-C. Contudo, há alguma evidência, especialmente em aços de
alto carbono, que a formação de carbonetos Hägg ou chi () precede a formação da
cementita ou carbonetos theta (). O carboneto chi possui uma estrutura monoclínica, e
composição Fe5C2. Contudo, a despeito das diferenças entre cementita e carboneto chi,
as estruturas relativamente complexas das duas fases de carbonetos são semelhantes e
dificultam a separação por difração de raios-X e de elétrons. Sendo assim, em função da
dificuldade em se separar a presença do carboneto chi da cementita, a temperatura e
composição dos aços em que os carbonetos chi se formam não estão completamente
definidas até o momento.
97
da cementita, forma conhecida como transformação in situ, ou os carbonetos podem se
formar pela nucleação separada, após as partículas de cementita se dissolverem na
matriz ferrítica. As partículas de carbonetos de liga nucleadas independentemente são
geralmente nucleadas nas deslocações residuais da martensita temperada, e tendem a
ser muito mais finas que os carbonetos de liga nucleados nas partículas de cementita.
FIGURA 17 – Formação da cementita e/ou carbonetos chi na estrutura martensítica de um liga Fe-1,22C temperada a
350ºC (662ºF) por 1 h. Micrografia de transmissão de elétrons. Aumento de 30000x, mostrada aqui a 75%.
98
FIGURA 18 – Microestrutura de ripas de martensita em uma liga Fe-0,2C após o revenimento a
400ºC (752º) por 15 min. Aumento, 500x.
99
FIGURA 20 – Microestrutura de ripas de martensita em uma liga Fe-0,2C após o revenimento a
700ºC (1292º) por 2h. Aumento, 500x.
O aço AISI 4340 é um aço martensítico de baixa liga, largamente empregado como
parte de maquinários, porque possui uma combinação vantajosa de resistência,
ductilidade e tenacidade. Entretanto, é suscetível à fragilização durante o revenimento
dentro de uma determinada faixa de temperatura. Tendo isto em vista, Lee e Su (1999)
avaliaram as propriedades mecânicas e microestruturais de um aço ligado AISI 4340 de
alta resistência sob diferentes condições de revenimento. Com o intuito de se obter
diferentes estruturas martensíticas temperadas e revenidas, as amostras (barras com
25,4mm de diâmetro) foram austenitizadas a 850ºC por 30 min, temperadas em óleo, e
revenidas a 100, 200, 300, 400, 500 e 650ºC, por 2 e 48 h, respectivamente. Após o
tratamento térmico foram fraturadas à temperatura ambiente com uma taxa de
deformação constante de 3,3x 10-4s-1 em um sistema de teste dinâmico. As propriedades
mecânicas e de endurecimento por deformação foram consideradas em função das
condições de revenimento. Após o teste mecânico, as amostras foram observadas em
Microscópio Eletrônico de Transmissão (MET), para avaliar as deslocações na
subestrutura e a precipitação de carbonetos. Os resultados dos testes de tração indicaram
que a temperatura e o tempo de revenimento possuem um efeito óbvio nas propriedades
mecânicas e características da microestrutura do aço, sendo a temperatura de
revenimento mais importante. Sob as condições de revenimento testadas, a resistência,
dureza e endurecimento com a deformação diminuíram exponencialmente com o aumento
da temperatura e tempo de revenimento. A redução de área e o alongamento aumentaram
com o aumento da temperatura e tempo de revenimento, entretanto houve uma
diminuição na tenacidade a 300ºC em função da austenita retida e formação de filmes de
carbonetos entre as ripas de martensita, ocorrendo a fragilização da martensita revenida.
As observações no MET mostraram que a estrutura temperada dentro das ripas de
martensita apresentou altas densidades de deslocações e algumas micro-maclas.
Quando revenido em diferentes temperaturas, vários tipos de precipitados de carbonetos
em diferentes formas e tamanhos apareceram na matriz. A distribuição dos carbonetos foi
diretamente afetada pelas condições de revenimento. À baixas temperaturas de
revenimento, foi formada uma estrutura semelhante à placas (Fe 3C) que foi substituída
por carbonetos esferóides Cr7C3 quando a temperatura de revenimento chegou a 650ºC.
A análise da fratura mostrou que para todas as temperaturas de revenimento, a fratura foi
102
predominantemente dúctil, com dimples, exceto para o caso a 300ºC, onde o material
fraturou de maneira frágil em função da fragilização da martensita revenida.
103
período de 1 hora para o revenimento, enquanto a TE gasta muitas horas para se
completar. A TE é então empregada em grandes seções, que são revenidas a altas
temperaturas para garantir um adequado balanço de resistência e tenacidade. Em
particular, colunas e motores grandes são suscetíveis à TE porque mesmo após o
revenimento acima da temperatura crítica, estas grandes seções são resfriadas
lentamente por várias horas, até a faixa crítica para a fragilização. A TME, por outro lado,
se desenvolve durante o revenimento num curto período de tempo, em uma faixa crítica, e
desta forma, independe do tamanho da seção e/ou da taxa de resfriamento após o
revenimento.
104
é substituída por cementita na faixa de temperatura crítica para a TME.
A FIG. 23 mostra várias características da TME em dois aços 4340 de mesma composição
química, exceto pela presença de fósforo. A tenacidade do aço com maior teor de fósforo
(0,03%) é inferior à do aço com baixo teor de fósforo (0,003%) após o revenimento a uma
temperatura acima de 500ºC (932ºF). Ambos os aços mostram um platô de energia
absorvida entre 250 e 400ºC (482 e 752 ºF). A menor tenacidade para o aço com alto teor
de fósforo foi relacionada a uma maior quantidade de fratura intergranular,
aproximadamente 20% após o revenimento acima de 200ºC (392ºF), e mais de 80% após
o revenimento entre 300 e 400ºC (572 e 752ºF). A FIG. 24 mostra uma fratura
intergranular ao longo do contorno de grão da austenita em um aço 4340 com alto teor de
fósforo, fraturado à temperatura ambiente após o revenimento a 400ºC (752ºF). O modo
de fratura intergranular associado com a TME é muito comum e tem sido relacionado com
a segregação do fósforo no contorno de grão da austenita durante a austenitização. O
fósforo, desta forma, está presente no contorno de grão da martensita temperada e após
o revenimento a 200ºC (392ºF), mas apenas após o revenimento onde a cementita se
forma na martensita revenida que a TME se completa. A última observação indica que
uma interação entre o fósforo e a cementita é necessária para o modo intergranular da
TME.
105
FIGURA 24 – Fratura intergranular de um aço 4340 contendo 0,03% de fósforo, após o revenimento a 400ºC (752ºF). A
amostra foi quebrada em teste de impacto à temperatura ambiente.
A FIG. 25 mostra a superfície de fratura de um aço 4340 com baixo teor de carbono,
fraturado num teste de impacto à temperatura ambiente, após o revenimento a 350ºC
(662ºF). Nenhuma fratura intergranular está aparente, mas facetas de fratura lisas estão
entre as regiões de fratura dúctil. Estas facetas estão orientadas através da ripas dos
pacotes. A iniciação da fratura, neste caso, é atribuída às fendas de partículas
relativamente finas de cementita. A FIG. 26 mostra carbonetos entre as ripas de uma
amostra de aço 4340 com baixo teor de fósforo revenida a 350ºC (662ºF). Os carbonetos
formados entre as ripas são resultados da transformação dos 4% de austenita retida na
condição temperada.
FIGURA 25 – Facetas de fraturas lisas em um aço 4340 contendo 0,003% de fósforo após o
revenimento a 350ºC (662ºF). A amostra foi fraturada em teste de impacto à temperatura ambiente.
106
O modo de fratura transgranular da TME, que é observada em aços de baixo carbono
como o 4130, temperados e revenidos, é de natureza dúctil. A iniciação e propagação das
trincas ocorrem pela coalescência de micro vazios ao redor das partículas de carbonetos
retidos após a austenitização, e produzidos durante o segundo estágio do revenimento. A
FIG. 27 mostra uma fratura por sobrecarga de uma amostra de aço de baixo carbono,
4130, revenida a 300ºC (572ºF). A fratura consiste de micro vazios, muito maiores que os
observados em amostras revenidas a 200ºC (392ºF), mas em alguns deles, facetas de
fissuras também estão presentes. As fraturas por sobrecarga de um aço 4130 são
precedidas por iniciação de cisalhamento e crescimento estável da trinca, acompanhados
por coalescência dos micro vazios e fratura dúctil.
Amostras de aço 4130 com baixo (0,002%) e alto (0,017%) teor de fósforo exibem quase
a mesma tenacidade à temperatura ambiente, após o revenimento a 300ºC (572ºF),
mostrando que os carbonetos formados durante o revenimento, independente do teor de
fósforo, são responsáveis pela TME dos aços 4130. Aços de alto carbono, 4140 e 4150,
por apresentarem maiores quantidade de carbonetos entre as ripas e nos contornos de
grãos, mostraram grandes modos de fratura transgranular e intergranular por TME. A
fragilização de aços inoxidáveis martensíticos por grandes partículas de carbonetos foi
constatada por Neri e Colas (2001).
Fragilização no revenimento
Dentre os fatores que induzem à fragilização no revenimento (TE) estão as condições
de revenimento e composição química do aço. Em relação aos tratamentos térmicos, os
aços suscetíveis devem ser aquecidos ou resfriados a uma temperatura crítica que varia
de 375 a 575ºC (706 a 1070ºF) para desenvolver a TE. A fragilização resultante é
detectada primeiramente por aumento da temperatura de transição como mostrada na
FIG. 28, para um aço 3140 (contendo 1,15% de níquel e 0,65% de cromo), fragilizado pelo
revenimento isotérmico e resfriamento lento através da variação de temperatura crítica. A
cinética da fragilização segue o comportamento de uma curva em C, com tempo de
revenimento e temperatura, com um “nariz” ou tempo mínimo para a fragilização por volta
108
de 550ºC (1022ºF). É observada uma demora de aproximadamente 1 hora a 550ºC
(1022ºF), para o primeiro aumento na temperatura de transição ser notado, e várias
centenas de horas para os primeiros sinais de fragilização a 375ºC (706ºF), que consiste
na menor temperatura limite para a TE. A TE é reversível, e a desfragilização pode ocorrer
no aquecimento a aproximadamente 575ºC (1070ºF) após uma espera de poucos minutos
nesta temperatura.
A causa da TE tem sido difícil de identificar porque ainda não há uma ferramenta com
resolução micro estrutural capaz de identificar as características de fratura intergranular
109
de amostras fragilizadas. A única evidência metalográfica da fragilização tem sido a
habilidade de certos agentes de ataque em revelar o fósforo segregado nos contornos de
grãos da austenita. As técnicas de análise de superfície disponíveis, como a
Espectroscopia de Elétrons de Auger (AES), que é capaz de analisar a composição das
camadas atômicas adjacentes às superfícies de fratura intergranular têm contribuído
grandemente para a compreensão da TE. A AES tem mostrado que grandes
concentrações de átomos impuros segregados nas superfícies de fratura, bem como,
elementos de liga como níquel, podem estimular a segregação das impurezas no
contorno de grão da austenita. Por exemplo, carbonetos nos contornos de grãos podem
rejeitar o níquel durante seu crescimento, e desta forma, produzir grandes concentrações
de níquel que levam à concentração de átomos de impurezas. As interseções das
impurezas com os elementos de liga que produzem segregação têm sido tratadas pelo
modelo termodinâmico. Sendo assim, pesquisas indicam que não apenas elementos de
liga, mas à interação das impurezas com os elementos de liga podem ser responsáveis
pela segregação que leva à falta de coesão dos contornos de grãos em aços fragilizados
no revenimento. A interação do fósforo com os elementos de liga comum, mostra que o
manganês segrega fracamente, e que a segregação do níquel, cromo e molibdênio,
possui uma forte interação com o fósforo. O coeficiente de interação com o contorno de
grão aumenta com o níquel, manganês, cromo e molibdênio. A maior interação ocorre
entre o fósforo e o molibdênio, e é conhecida como o efeito benéfico do molibdênio na TE,
e promove a formação do (Mo,Fe)3 P ou de aglomerados de átomos Mo-P que previnem a
segregação do fósforo no contorno de grão. Existe uma forte repulsão entre o carbono e o
fósforo, uma interação que é esperada ser fortemente oposta à segregação do fósforo.
110
maior contribuinte para a TE, enquanto o enxofre é a maior fonte para as inclusões, e
estes elementos podem ser reduzidos a níveis muito baixos.
Elementos como o antimônio, arsênio e estanho, não são passíveis de oxidação durante o
processamento do aço e devem ser controlados pela seleção cuidadosa do aço que é
fundido em fornos elétricos. Estes elementos têm sido associados com a TE, e com o
aquecimento rápido de aços de baixo carbono contendo manganês e nióbio, em faixas de
temperatura que variam de 900 a 1100ºC (1652 a 2012ºF). A redução na ductilidade a
quente ocorre em função de trincas intergranulares desenvolvidas nos contornos de grãos
da austenita contendo AIN e Nb (C, N), partículas e segregados de cobalto, estanho e
antimônio.
111
aparência cristalina macroscópica produzida pelas grandes facetas intergranulares destes
aços. A FIG. 29 mostra partículas de nitreto de alumínio e carbonetos extraídos de uma
superfície de fratura intergranular, de um aço fundido de médio carbono. As partículas de
nitreto de alumínio são muito finas, com morfologia de lâminas ou placas, e são
rapidamente identificadas por difração de elétrons.
A exposição dos aços a metais líquidos também pode causar fratura frágil por trincas
intergranulares. Aços carbono e de baixo carbono podem ser fragilizados pela exposição
ao chumbo líquido, cádmio, latão, bronze-alumínio, cobre, zinco, soldas chumbo-estanho
e lítio. A iniciação da fratura por fragilização por metal líquido, não é tempo dependente,
mas começa imediatamente ao molhamento dos aços. Geralmente uma baixa tensão é
suficiente para causar fratura por este mecanismo.
112
presente internamente no aço. O chumbo utilizado no aço para melhorar a usinabilidade,
pode aumentar a fragilidade. A FIG. 30 mostra um exemplo extremo dos efeitos da
fragilização pelo chumbo em aços 4145, tratados termicamente a 200 Ksi (1380 MPa). A
ductilidade é reduzida significantemente nas temperaturas de teste entre 200 e 480ºC
(400 e 900ºF), com uma severa redução de ductilidade, chegando à zero, acima do ponto
de fusão do chumbo, 327ºC (621ºF). Geralmente a fragilização é mais severa quando há
um maior nível de tensão no aço, e desta forma, aços temperados e revenidos, que
possuem chumbo, são especialmente mais suscetíveis. As fraturas associadas com a
fragilização são geralmente intergranulares.
Em resumo, três condições são necessárias para que haja fragilização pelo chumbo:
(1) a presença de chumbo tanto internamente quando externamente no aço, (2) carga de
tração, e (3) temperaturas entre 200 e 480ºC (400 e 900ºF). A ausência de qualquer uma
destas três condições irá prevenir a fratura frágil associada com a fragilização por metal
líquido.
FIGURA 30 – Propriedades de tensão para um aço 4145, com chumbo, temperado e revenido a 200
Ksi (1380 MPa).
113
de área até a fratura, e aceleração significativa do crescimento de trincas. O hidrogênio
responsável por estes efeitos pode estar presente na superfície externa do aço, ou pode
estar presente internamente como resultado da produção ou processamento do aço,
como o eletro polimento. O hidrogênio pode promover a transição da fratura dúctil para a
frágil, ou pode reduzir a ductilidade sem mudar o tipo de fratura. De considerável
interesse a respeito da têmpera e revenimento de aços muito resistentes é o
desenvolvimento de trincas intergranulares na presença do hidrogênio. Atualmente,
trincas induzidas pelo hidrogênio têm sido relacionadas com o mesmo tipo de efeito
causado por segregações de impurezas responsáveis em parte pela TME e TE.
114
FIGURA 31 – Curvas de fadiga estática para amostras de aço 4340 chanfradas, temperadas e revenidas, modificadas por
hidrogênio, e endurecidas a 150ºC (300ºF).
Sobre-aquecimento no forjamento
Inclusões
Austenita retida
FIGURA 32 – Micro vazios e partículas arrancadas na superfície de fratura de um aço 4130 revenido a
400ºC (752ºF). Micrografia de transmissão de elétrons.
119
4340 austenitizado a temperaturas maiores que 1200ºC (2192ºF). Foi encontrado que a
tenacidade à fratura aumenta, mas a energia de impacto CVN decresce com o aumento
da temperatura de austenitização. A tenacidade à fratura é obtida por amostras sob
cargas onde trincas rapidamente são fadigadas. O campo de tensão em volta da trinca é
muito pequeno e age na principalmente na estrutura da matriz, em amostras de grãos
grandes. Então o aumento da resistência à fratura da matriz resulta em maior tenacidade
à fratura. Em contraste, tenacidade CVN é obtida por carga de impacto em uma amostra
que possui um chanfro relativamente grande. O campo de tensão em volta do chanfro é
maior. Como resultado, a fratura intergranular ocorre ao longo dos contornos de grãos
fragilizados e a tenacidade da microestrutura das amostras, com altas temperaturas de
austenitização, é diminuída.
A FIG. 33 mostra a energia absorvida num impacto em função da temperatura, para uma
série de amostras com vários teores de carbono, e com dois níveis de teor fósforo. Os
aços 41xx contêm nominalmente 1% de cromo e 0,2% de molibdênio, enquanto os aços
52100 contêm nominalmente 1,5% de cromo. Altos e baixos níveis de fósforo foram
respectivamente 0,02 e 0,002% para os aços 41xx, e 0,023 e 0,009% para os aços
52100. Todos os modos de fratura dúctil e frágil, relacionados aos vários arranjos de
partículas descritos acima, foram mostrados por uma ou outra amostra.
120
FIGURA 33 – Energia de impacto CVN absorvida em função da temperatura de revenimento para aços com
vários teores de carbono e fósforo.
Tipicamente nenhum problema apareceu na superfície de fratura. A fratura foi iniciada foi
por cisalhamento ao longo dos chanfros das amostras, como mostrada na FIG. 34. As
curvas tempo/carga associadas com a fratura por impacto estão relacionadas com
estágios associados com a iniciação, propagação e formação de planos de cisalhamento.
A iniciação de trincas está associada com a menor tenacidade da amostra e sua
habilidade de se deformar plasticamente, e com a maior fração de energia absorvida.
121
FIGURA 34 – Cisalhamento ao longo de um chanfro em um aço 4340 CVN, temperado e revenido a 200ºC
(392ºF).
A FIG. 33 mostra que o fator que possui maior efeito sobre tenacidade ao impacto de aços
temperados e revenidos é a quantidade de carbono. A tenacidade ao impacto cai
drasticamente em amostras revenidas a 200ºC (392ºF) onde a fratura é exclusivamente
dúctil, de 60J em aço carbono com 0,3%C para menos de 2J para aços carbono com
1%C. Certamente a densidade de iniciação de vazios por partículas de carbonetos
aumenta com o carbono, especialmente em aço 52100 austenitizado intercriticamente,
mas a densidade da partícula sozinha não pode explicar o forte efeito do carbono no
revenimento. Outro efeito do aumento de carbono é o aumento da dureza e da resistência
em uma dada condição de revenimento, desta forma, o carbono modifica o
comportamento da deformação plástica e deve contribuir fortemente para a tenacidade ao
impacto, carbono dependente, de aços temperados e revenidos.
A FIG. 35 mostra uma curva de engenharia de tensão/deformação para aços 4130, 4140,
4150, austenitizados a 900ºC (1652ºF), temperados e revenidos a 150ºC (302ºF),
enquanto a TAB. 2 lista as propriedades mecânicas e durezas derivadas de testes de
tração. As FIG. 36 e 37 mostram a fluência, em vários níveis de deformação, derivados de
testes de tração e compressão, respectivamente. Os limites elásticos obtidos a partir da
deformação também estão incluídos na FIG. 37.
122
FIGURA 35 – Curvas de
tração/deformação de engenharia para aços 4130, 4140, 4150, temperados e revenidos a 150ºC (302ºF).
TABELA 2
123
.
FIGURA 37 – Fluência por compressão e limite elástico em função do teor de carbono para aços 41xx.
FIGURA 38 – (a) Austenita retida entre as ripas (diagonais brancas) e carbonetos de transição eta em um
aço 4130 revenido a 150ºC (302ºF). (b) Densa precipitação de carbonetos de transição eta na ripa de
martensita em um aço 4150 revenido a 150ºC (302ºF). Micrografia de transmissão de elétrons.
125
A caracterização estrutural acima de microestruturas martensíticas revenidas a baixas
temperaturas, mostra que altas taxas de endurecimento por deformação e altas tensões
de deformações dos aços com maiores teores de carbono, correlaciona com o
refinamento das deslocações/ carbonetos de transição na subestrutura, com o aumento
do teor de carbono. A austenita retida contribui para a diminuição do limite elástico (FIG.
37) e taxas de endurecimento por deformação muito altas, inicialmente, em aços com
altos teores de carbono. A austenita retida se transforma em martensita por mecanismos
de tensão/deformação dependendo do volume, mas estes efeitos são esgotados para
baixos níveis de tensão. Desta forma, a maior parte do endurecimento por deformação e
resistência carbono dependente é acompanhada por interações de deslocações na
estrutura fina das ripas de martensita revenida. Aumento no revenimento, leva ao
crescimento das deslocações na subestrutura e da distribuição dos carbonetos, reduz o
endurecimento por deformação, e aproxima os limites de escoamento e resistência como
observado nas FIG 5 e 6.
126
dos grãos e nas interfaces das ripas de martensitas, já os nitretos hexagonais Cr 2N foram
observadose nos contornos das ripas. A precipitação dos nitretos hexagonais a 200ºC
não afetou as propriedades de superfície significativamente. A maior resistência à
corrosão-erosão dos aços com alto teor de N foi atribuída a uma maior distribuição
homogênea do cromo na martensita e a um menor número de partículas grandes de
segunda fase, especialmente para temperaturas de revenimento abaixo de 550ºC. A
substituição do cromo por ferro nestes precipitados não foi significativa. A menor
resistência à corrosão-erosão dos aços 420 foi atribuída à ocorrência de grandes áreas
sem Cr em volta dos precipitados M23C6. Após o revenimento a 600ºC, ambos os aços
mostraram propriedades de superfície semelhantes.
127
Referências Bibliográficas
3 LEE, W.S.; SU, T.T. Mechanical properties and microstructural features of AISI 4340
high-strength alloy steel under quenched and tempered conditions. Journal of Materials
Processing Technology, v.87, p. 198-206, 1999.
5 NERI, M.A.; COLÁS, R. Analysis of a martensitic stainless steel that failed due to the
presence of coarse carbides. Materials Characterization, v.47, p.283-89, 2001.
RESUMO
Os tratamentos térmicos especiais são realizados nos materiais para que eles
adquiram melhorias em suas propriedades mecânicas como resistência mecânica,
ductilidade e tenacidade – no caso dos tratamentos termomecânicos. Já a austêmpera é
utilizada para materiais que necessitam de alta tenacidade (efeito-mola), seguindo com a
martêmpera, que é para peças propensas a sofrerem empenamentos e que necessitam
das mesmas propriedades alcançáveis pelo beneficiamento, e terminando com o
patenteamento, seu objetivo culmina em uma microestrutura adequada para as
deformações que serão realizadas no material.
PALAVRAS-CHAVE
Tratamentos térmicos especiais, austêmpera, martêmpera, tratamentos termomecânicos.
128
Martêmpera
1.
a) b)
129
A seqüência operacional da martêmpera pode ser descrita da seguinte forma:
Austêmpera
A seleção dos tipos de aço que melhor se prestam ao tratamento de austêmpera deve
levar em conta as informações que se podem obter nos diagramas TTT, em especial a
posição do nariz da curva, o tempo necessário para a transformação isotérmica da
austenita em bainita e a posição do ponto Mi
130
Figura 2 – Diagrama TTT - Austêmpera
Temperado e
715 ± 43 832 ± 46 23,3 ± 0,6 43 ± 2
Revenido
Tabela 1 - Propriedades mecânicas obtidas em ensaios de tração e medidas de dureza do aço SAE 5160
nas condições de tratamento térmico: normalizado, temperado e revenido, e austemperado.
Em aços de alto teor de elementos de liga, como por exemplo, aços ferramenta
de alto cromo, a austêmpera pode ser impraticável, em virtude da elevada duração do
período de incubação da austenita na faixa de transformação bainítica, o que exigiria
um tempo excessivo de tratamento.
132
Figura 4 – Patenteamento industrial
FONTE: http://www.atlantic-cable.com/CableCos/RichardJohnson/index.htm
Tratamentos Termomecânicos
133
AUSFORMING
LAMINAÇÃO CONTROLADA
134
ISOFORMING
CONFORMAÇÃO A MORNO
BIBLIOGRAFIA
135
9.Tratamentos Termoquímicos
9.1.Cementação
Resumo
É um tratamento termoquímico, aplicado a materiais ferrosos, onde se promove um
endurecimento superficial pela modificação da composição química e microestrutura em
regiões superficiais.
1 INTRODUÇÃO
2 MATERIAIS E MÉTODOS
3Fe + 2CO
Fe3C + CO2
O processo de cementação cria um gradiente de concentração de carbono na
espessura do componente, indo do núcleo para a superfície da amostra.
Um cemento de boa qualidade necessita ter:
Efeito constante de carburação;
Composição perfeitamente definida;
Possibilidade de ser utilizado um grande número de vezes.
137
2.1 CEMENTAÇÃO GASOSA
138
Figura1: Forno de cementação gasosa de operação descontínua (por lotes)
As camadas cementadas pelo meio líquido são similares às obtidas com o meio
139
gasoso, entretanto, os ciclos são mais curtos devido ao período de aquecimento ser mais
rápido. Os banhos de sal apresentam coeficientes de transferência de calor muito
elevados por apresentarem, simultaneamente, condução, convecção e radiação. A
composição dos banhos é à base de cianetos e o processo é dividido em duas variantes:
Banhos de baixa temperatura – operam em temperaturas entre 845 e 900°C. São
mantidos com uma camada protetiva de carbono (carvão moído) e são indicados
para camadas com profundidades entre 0,13 a 0,25 mm.
Banhos de alta temperatura - operam em temperaturas entre 900ºC e 955ºC. São
indicados para profundidades de camada entre 0,5 mm e 3,0 mm, entretanto, sua
principal característica é o rápido desenvolvimento de camadas entre 1 e 2 mm.
Mecanismo:
O agente ativo no banho de sal é o cianeto de sódio (NaCN) ou o cianeto de
potássio (KCN).
2NaCN + O2
2NaCNO
4NaCNO
2NaCN + Na2CO3 + CO + 2N
3Fe + 2CO
Fe3C + CO2
Parte do N liberado na reação pode ser absorvido pelo aço.
140
A primeira reação ocorre na interface entre o banho de sal e a atmosfera: as outras
duas ocorrem entre o banho e o aço.
Banho com 40 a 50% de NaCN, camadas de 0,8 mm
Banho com 10% de NaCN, camadas de 1,5 mm
A peça é temperada em água direto da cementação.
Principais características:
Processo mais rápido (camadas entre 1 e 2 mm);
Tempos totais de ciclo mais curtos;
Facilidade de manuseio das peças (uso de ganchos, ou cestas);
Oferece um controle preciso da camada cementada.
Desvantagens do processo:
Requer sistema de exaustão sobre o banho, uso de EPI e cuidados adicionais para
evitar contaminação por cianetos;
Neutralização dos banhos via processamento químico, após um determinado período de
operação.
141
A formação de CO é favorecida pela presença dos carbonatos.
Operação:
Os compostos para cementação sólida comuns são reutilizáveis e contêm de 10 a
20% de carbonatos de metais alcalinos e carvão vegetal moído ou coque. O carbonato de
bário é o catalisador principal e responde por 70% do teor dos carbonatos. As
temperaturas de operação estão entre 815ºC e 955ºC. Os componentes devem
posicionados no interior da caixa, de maneira eqüidistante. A distância recomendada entre
as peças e entre elas e as paredes da caixa deve ser de, no mínimo, 25 mm e deverá ser
preenchida pelo composto de cementação.
Um esquema completo sobre os três processos de cementação citados pode ser
visto no Anexo 1.
3 RESULTADOS E DISCUSSÔES
Gráfico 2: Profundidade de cementação versus tempo de cementação para quatro temperaturas diferentes.
142
A temperatura permite a transferência dos átomos de carbono para a superfície da
peça, que é processada por reações químicas. Como a concentração de carbono na
superfície aumenta, aparece o mecanismo de difusão do carbono para o interior da peça,
que consiste, portanto, numa migração dos átomos de carbono. Abaixo pode-se observar
uma perfil de uma engrenagem mostrando o gradiente da concentração de carbono.
Gráfico 3: Gradiente de carbono e perfil de dureza em uma barra de aço SAE 8620 com 25,4 mm de
diâmetro, cementada a gás a 925C.
c) Têmpera direta:
145
Gráfico 6: Têmpera direta (Resfriamento rápido da cementação).
146
Gráfico 6: Dureza das ligas Fe-C temperadas em salmoura.
d) REVENIMENTO
Gráfico 7: Alívio de tensões versus temperatura de revenimento para duas concentrações de carbono na
austenita. (tempo de revenimento de 1h).
147
4 CONCLUSÃO:
Superfície
aço. Figura
7: Estrutura de um aço cementado. Amostra resfriada devagar a partir da temperatura de cementação.
5 REFERÊNCIAS
http://www.brasimet.com.br/catalogos/cementacao.pdf
http://www.materiais.ufsc.br/lcm/TratTermoquimicosSuperficiais.pdf
http://www.dalmolim.com.br/EDUCACAO/MATERIAIS/Biblimat/endursup.pdf
148
149
Anexo 1
150
9.2.Nitretação e Carbonitretação
Nitretação
dM
Ix (eq. 1)
S .dx
dc
Ix D (eq. 2)
dx t
dc d 2c
D 2 (eq.3)
dt x dx t
Nitretação gasosa
(1)
que deveria preceder a absorção, é muito lenta.
(2)
Expressões que exigem uma maior energia de ativação do que a reação (1).
Entretanto, se o ferro α é aquecido em uma mesma temperatura à 1 atm de pressão de
NH3, então boa quantidade de N atômico é produzida, quantidade essa bem maior do que
a produzida apenas com N2. Cada passo na decomposição da amônia em N e H
monoatômicos na superfície do ferro tem uma menor energia de ativação do que aquelas
necessárias para as reações (1) e (2).
As reações envolvendo a amônia estão demonstradas nas expressões:
Uma vez que N e H monoatômicos são adsorvidos pela superfície metálica, podem
ocorrer dois fenômenos: o N monoatômico pode ser absorvido pelo volume metálico
através da reação (7) ou dois átomos de N podem se recombinar e formar N 2, voltando
para a atmosfera, através das reações (8) e (9). São elas:
153
N ADS ⇔ N ABS
(7)
2N ADS ⇔ N2 ADS 2
(8)
N2 ADS ⇔ N2 GÁS
(9)
Na reação completa de dissociação tem-se, como resultado, uma significante
quantidade de N que pode ser absorvido pelo Fe. Do ponto de vista tecnológico, a
interação do Fe com NH3(g) é muito importante, devido ao fato de que a exposição do Fe
em NH3 em temperaturas elevadas representa a base da produção de nitretos de ferro
pela nitretação gasosa - foco dos estudos desta dissertação. Basicamente, a produção de
camadas de nitretos, pode ser dividida cronologicamente em duas etapas. São elas:
154
Em relação a estas reações, parece coerente um questionamento com relação ao
destino do H, pois, se absorvido, pode causar dano à estrutura do metal e às
propriedades mecânicas, denominado ‘fragilização por hidrogênio’. Os estudos mediram a
difusividade e concentração do hidrogênio em chapas de 0,99 mm de espessura de um
aço para laminação à quente, nitretadas à plasma, com o uso de um modelo de três
camadas de membranas, onde pode ser distinguida uma zona de difusão da camada de
compostos.
Este estudo concluiu que a absorção do hidrogênio cai com a realização de
tratamentos de nitretação à plasma. Esta absorção reduzida pode ser explicada por dois
efeitos. São eles:
A reação global acima pode ser composta pela soma de outras duas:
156
A nitretação gasosa apresenta algumas vantagens em relação à iônica. As
principais vantagens da nitretação gasosa sobre a iônica são:
Investimentos menores;
Possibilidade de nitretação de furos broqueados de pequeno diâmetro;
Possibilidade, para alguns tipos de aços, de realizar o revenimento da peça
conjuntamente com a nitretação em temperaturas adequadas.
Alguns pesquisadores vêm estudando o caso da utilização da uréia (H 2NCONH2)
como uma substância capaz de realizar a nitretação ou de formar nitretos, particularmente
com o Ga e In. Um composto formado pela decomposição da uréia, o dicarbamil amina
(H2NCONHCONH2), é o principal agente nitretante na formação do nitreto de Índio,
enquanto que a cianamida (H2CN2) é o principal agente para a formação do nitreto de
Gálio. As temperaturas de formação destes nitretos em atmosfera de amônia são de
700ºC para o InN e 850ºC para o GaN (nitretos com mais de 99% de pureza). Também foi
estudado o desenvolvimento da nitretação de aços com uréia. Os estudos concentraram-
se na possibilidade de nitretar com uréia pela sua decomposição em NH3 e CO2 nas
temperaturas da nitretação.
As equações (13) e (14) envolvem aeração, enquanto que as reações (15) e (16)
ocorrem na superfície da peça a ser nitretada.
Nitretação iônica
Neste processo utiliza-se a tecnologia de descarga incandescente para a
introdução de nitrogênio nascente na superfície do aço. A alta voltagem empregada (500-
1000V) é utilizada para a formação do plasma no vácuo, pelo fato de excitar o gás e
ionizá-lo, resultando no brilho ou incandescência característica. Através deste plasma,
íons de nitrogênio são acelerados e bombardeiam a superfície do aço, provocando a
158
absorção do nitrogênio e a sua difusão em direção ao núcleo. Nesta técnica, as peças são
colocadas no interior de uma câmara comum e utiliza-se elementos de aquecimento
(resistências) que elevam a carga às temperaturas de 375ºC a 650ºC antes da descarga
incandescente. A pressão, durante o aquecimento, é elevada evitando-se assim que o
feixe incandescente não fique muito espesso, de modo a causar superaquecimento. Logo
após fixa-se uma determinada velocidade de fluxo, conforme a área superficial da carga.
A pressão é regulada na faixa de 1 a 10 torr.
O gás de processamento é geralmente uma mistura de nitrogênio, hidrogênio e, as
vezes, pequenas quantidades de metano. A colocação das peças é feita de modo que
fiquem isoladas eletricamente das paredes da câmara, sendo que essas paredes
constituem o ânodo enquanto as peças constituem o cátodo.
Uma das vantagens principais da nitretação iônica em relação ‘à gás’ é a vantagem
de se obter maior controle no suprimento do nitrogênio. A principal desvantagem é o
superaquecimento isolado.
Pode-se observar uma lista com algumas outras vantagens da nitretação iônica sobre as
convencionais (gasosa e líquida). São elas:
159
menores temperaturas.
160
Duração do tratamento Pequena 3 vezes maior
para uma mesma dureza
e espessura
Todos os materiais a Sim Sim, com exceção de
base de Fe podem ser aços alta liga.
tratados
Resíduo Salino Nenhum Nenhum
Nitretação de furos Sim Sim
broqueados
Áreas cobertas podem Sem problema Difícil
ser nitretadas
Soldabilidade Sim Não
Camada branca livre de Sim Não
poros
Produção da exata Sim Não
especificação da
superfície nitretada
possível
Camada branca fina Sim Sim
possível
Camada branca espessa Sim Sim
possível
Carbonitretação gasosa
Este tratamento consiste no aquecimento do aço a uma temperatura elevada,
geralmente acima da temperatura de transformação, em uma atmosfera gasosa que pode
fornecer carbono e nitrogênio, simultaneamente, que são absorvidos pela superfície do
metal. Praticamente, a carbonitretação gasosa é um processo de cementação gasosa
modificado.
Os constituintes da atmosfera carbonitretante são:
gás endotérmico, produzido pela decomposição (em gerador endotérmico)
de gás natural ou outro hidrocarboneto, e que é essencialmente uma mistura de N 2, H2 e
CO, com porções de metano, oxigênio, vapor de água e CO2 ;
161
Gás natural, propano ou butano;
Amônia anidra (99% de pureza, no mínimo).
Nitretação
162
injeção de plásticos, de peças automotivas (válvulas, engrenagens, pistões, etc.), moldes
de extrução de alumínio, ferramentas de corte e usinagem de metais, punções de
matrizes para corte em geral, tratamento de próteses, etc.
A nitretação e a carbonitretação a plasma são processos utilizados para a melhoria
de várias propriedades físicas de aços, que resultam em um aumento na vida útil das
peças tratadas. Estes processos termoquímicos a plasma consistem em uma descarga
luminescente de gases a baixa pressão contendo nitrogênio e metano. O Plasma
envolve as peças uniformement e disponibilizando nitrogênio e carbono atômico
que se funde no aço formando nitretos e carbetos de elevada dureza.
Nas últimas duas décadas têm havido diversos progressos na tecnologia utilizada
nos processos de tratamentos superficiais, principalmente com o desenvolvimento do
método de nitretação por plasma em forno a vácuo e métodos de implantação iônica.
O tratamento termoquímico por plasma oferece diversas vantagens quando
comparado aos métodos tradicionais de nitretação por banho de sal ou nitretação gasosa.
Entre outros pode-se mecionar:
163
9) Não produz contaminação ambiental. O processo de nitretação com plasma usa
baixa quantidade de gases neutros, enquanto que os processos convencionais usam sais
tóxicos ou grandes quantidades de gases tóxicos.
10) Menor custo se comparado aos processos convencionais, por ser um processo
mais rápido, que usa menores quantidades de produtos químicos, sem necessidade de
retrabalho e com menor refugo. Uma outra vantagem que o tratamento de superfícies com
plasma oferece é a possibilidade de combinar a ação termoquímica com o processo de
deposição. Nos fornos a plasma pode-se usar compostos metal-orgânicos de baixa
temperatura para adicionar ao metal, previamente submetido a um processo de nitretação
iônica, um depósito de nitruro de cromo (ou carburo de cromo) com excelente aderência à
superfície do metal e extraordinária dureza.
Estudos realizados recentemente, comparando vários métodos de nitretação,
mostram que é possível melhorar sensivelmente as propriedades metalúrgicas dos
metais, utilizando a implantação com feixe de íons e a nitretação com plasma
intensificado.
Nitretação a plasma
O processo
164
A peça a ser tratada é envolvida pelo plasma e ao redor dela se forma uma região
luminosa com alta densidade de íons, os quais são "acelerados" em direção à superfície
metálica devido à aplicação de um campo elétrico negativo na peça (catodo). Durante
esse processo, o forno é mantido em vácuo, em uma faixa de pressões entre 1 e 10 torr, a
temperatura constante, em uma faixa 350o C e 580o C e por um período de tempo que
satisfaça a especificação solicitada. As descargas de plasma são geradas em pulsos com
freqüência que podem variar de 1 até 1000 us (técnica de plasma pulsado). A figura 2
apresenta uma série de engrenagens banhada por um plasma N2 + H2. A cor
característica deve à emissão de fótons pelo descaimento das espécies excitadas.
165
Comparações da nitretação a plasma com as técnicas convencionais de nitretação
a gás e sais fundidos
As comparações entre estas tecnologias devem ser efetuadas analisando as
propriedades metalúrgicas finais da superfície modificada e pelo princípio de
funcionamento dos equipamentos envolvidos em cada técnica. A nitretação em banho de
sais fundidos e a maioria das nitretações gasosas são denominadas de técnicas
convencionais.
A primeira delas usa sais fundidos de cianetos de sódio e potássio. A segunda usa
amônia como agente nitretante. Em ambas, a temperatura de trabalho se encontra na
faixa dos 500-580oC. Por outro lado, o potencial químico do nitrogênio não pode ser
controlado, provocando a formação de uma camada branca porosa. Essas condições de
tratamento põem limitações implícitas, devido a que podem alterar o tratamento térmico
anterior (distorções, incremento de volume e perdida da dureza de núcleo) e é pouco
flexível com a escolha metalúrgica da camada nitretada. Por outro lado, a nitretação a
plasma se realiza a baixa pressão, aonde os íons de nitrogênio são acelerados pela
aplicação de pulsos negativos até a superfície da peça (catodo).
Devido a que o plasma pode ser ligado a partir de 120oC, o processo de nitretação
pode ser executado a baixas temperaturas. Os gases envolvidos no processo são N2, H2
e Ar, o que torna o processo amigável com o meio ambiente. Além disso, a mistura
gasosa nitretante (N2 - H2) pode ser modificada, criando um apurado controle do
potencial químico de nitrogênio e, conseqüentemente, diferentes tipos de camadas
nitretadas podem ser obtidas (sem e com camada branca e de espessura variável),
atingindo a metalurgia desejada. A versatilidade do plasma possibilita um tratamento de
oxidação, após a nitretação, realizando dois tratamentos diferentes em um mesmo
processo. Finalmente, vale destacar que o plasma se gera em vácuo, o que permite um
acabamento superficial de alta qualidade e sem resíduos de sais, semelhante à têmpera a
vácuo. A tabela I apresenta as comparações mais importantes entre a nitretação a plasma
e os processos convencionais (nitretação a gás e em sal).
166
Incremento de volume Desprezível Sim, mínima Sim
Temperatura de
350-580oC 500-580oC 500-580oC
tratamento
Proteção contra Sim, mas menor que Sim, mas menor que
Sim
corrosão com plasma com plasma
Incremento da
Desprezível Sim Sim
rugosidade
Tempo de tratamento
Até 3 vezes maior que
para uma dada Baixo Baixo
em plasma
profundidade
Tipos de ligas ferrosas a Não pode tratar aços Não pode tratar aços
Todo tipo
serem nitretadas altamente ligados altamente ligados
Especificação exata da
Sim Não Não
camada superficial
Formação de uma CB
Sim Sim Sim
espessa
167
meio ambiente
Qualificação do
Alta Média Baixa
funcionário
168
Carbonitretação
169
Temperatura
Produtos Características
de trabalho
C3B 750-850ºC
C2 750-850ºC
Carbonitretação a Plasma
Referência Bibliográfica
http://plasmartecnologia.com/index.php?conteudo=nitro&menu=eng_sup
171
10. Tensões Internas e Alívio de Tensões
Tensões internas, ou residuais, podem ser definidas como aquelas tensões resultantes e
em equilíbrio existentes em corpos quando não são solicitados, isto é, sem qualquer
tensão externa aplicada, provenientes de deformações térmicas ou mecânicas não
uniformes.
Uma outra classificação para tensões residuais, mais comum que a anterior, as divide em
macro e microtensões. As macrotensões correspondem às tensões de 1ª ordem, capazes
172
de alterar a geometria do objeto e de maior utilidade em engenharia. As microtensões são
consideradas uma combinação de tensões de 2ª e 3ª ordem.
173
A retificação é uma operação de acabamento final de alta precisão dimensional e que
trabalha por arranque de material. A ação de corte é alcançada através de partículas
abrasivas distribuídas de forma aleatória ao longo de uma mó de retificação. A energia de
corte relativamente elevada neste processo é responsável por uma geração de calor bem
como por deformações plásticas entre as partículas abrasivas e a peça. Na maior parte
dos casos a zona afetada pela retificação é muito menos extensa do que no caso da
fresagem. Se forem dominantes os efeitos térmicos pela produção importante de calor
devida, por exemplo, a velocidade de corte elevada ou refrigeração insuficiente,
predomina a tendência para tensões superficiais de tração. Caso contrário, se dominarem
os efeitos das deformações plásticas heterogêneas, o resultado será a produção de finas
camadas superficiais sujeitas a tensões residuais de compressão. Em muitos dos casos
os dois tipos de efeitos, térmicos e mecânicos, são importantes, resultando uma tendência
para tensões residuais de compressão à superfície e tensões de tração logo abaixo. O
perfil de tensões em profundidade pode ser substancialmente alterado se, como resultado
de aquecimentos localizados e deformações plásticas, houver alguma transformação
estrutural. Fato interessante é que a retificação produz normalmente aquilo que se pode
aproximar de um estado plano de tensões, isto é, o valor absoluto das tensões numa
direção paralela à superfície retificada é significativamente superior ao das componentes
na direção perpendicular.
Durante tratamento térmico dos aços, são criadas tensões que são resultado de variações
volumétricas provenientes dos gradientes térmicos e também das transformações de fase.
176
A tabela 1 apresenta, de forma resumida, os principais procedimentos geradores de
tensões superficiais:
177
de uniões
As diferenças nos estados de tensões das peças, pelas mais variadas causas
apresentadas, sejam térmicas ou mecânicas, geram alterações da estrutura cristalina e,
por conseguinte, a disparidade de propriedades desejáveis ao longo dos corpos. Como
conseqüências, as peças podem apresentar defeitos como empenamento e fragilidade, e
serem totalmente perdidas. Fissuras e trincas podem aparecer ou ampliarem-se,
promovendo quebras. Por isso, invariavelmente, é necessário o uso de técnicas a fim de
extinguir as tensões residuais. Este resultado é alcançado através dos Tratamentos
Térmicos.
A medição de tensões residuais não pode ser feita pelos procedimentos tradicionais de
análise experimental de tensões, dado que, os métodos de medição de deformação,
como extensometria, fotoelasticidade, entre outros, são alheios ao histórico de fabricação
e montagem dos equipamentos, medindo apenas as mudanças de deformação após a
instalação dos sensores.
As técnicas mais comumente utilizadas na medição de tensões residuais dividem-se em
destrutivas, semidestrutivas e não destrutivas, de acordo com o nível de dano introduzido
no equipamento medido quando de sua aplicação. As técnicas mais usadas utilizam os
métodos tradicionais de análise experimental de tensões, aliados à remoção de material
da peça avaliada para informar de tensões e deformações existentes antes da instalação
do sensor. São destrutivas as técnicas que, para colherem informações de deformação
suficientes para a análise das tensões residuais existentes, comprometem ou
impossibilitam o uso do espécime medido. São semidestrutivas aquelas que introduzem
algum dano no equipamento, porém não comprometem sua integridade ou sua operação.
As técnicas não-destrutivas não precisam da remoção material e não provocam
qualquer tipo de dano no equipamento para a medição de tensões residuais.
A seguir, a tabela 2 compara as técnicas mais comuns para medição das tensões
internas.
178
Técnica Furo-cego Deflexão Seccionamento Raio X Difração de Ultra-som Magnética
Nêutrons
Tipo de Tipo I Tipo I Tipo I Tipo I e Tipo I e Tipo I + Tipo I +
tensão Tipo II ou Tipo II Tipo II + Tipo II +
residual Tipo III Tipo III Tipo III
analisado
Informação Deformação Deforma Deformação Variação Variação das Variação na Amplitude
obtida na superficial ção ou superficial ou das distâncias velocidade do ruído de
medição ou deslocamento deflexão deslocamento distâncias interplanares de Barkhausen
interplanares propagação ou
de ondas Permeabilid
ultrasônicas ade
magnética
Porção 0,5 mm2 1000 100 mm2 0,5 mm2 4 mm2 De 0,1 1 mm2 para
mínima de mm2 se mm2 para o método
material for a técnica do ruído de
analisado medida a das Barkhausen
deflexão frequências e 100 mm2
e altas e para o
100mm2 30 mm2 método de
se for a para a permeabilidade
deformação técnica magnética
convencional
Profundidade 20 μm 20 μm 1 a 2 μm Até 1 mm 15 μm 300 μm 100 μm
mínima dezenas de até
microns
Custo do 10000 a 1000 15000 10000 a Algumas 40000 a 40000 a
equipamento 50.000 200000 centenas de 200000 200000
(US$) milhões
179
Tratamentos térmicos para alívio de tensões
180
A maioria dos processos eletroquímicos apresentam quantidades significativas de
hidrogênio no estado iônico que difunde-se para o interior do metal pela diferença de
concentração do elemento. A difusão de hidrogênio apresenta diversos efeitos deletérios,
que incluem geração de tensões internas, fragilização e a precipitação de hidretos.
Austêmpera é uma forma de tratamento térmico de têmpera indicada para aços de alto
teor de carbono, obtendo-se ao final do processo bainita.Aços austemperados tem, como
principal característica, a associação de elevada dureza com uma maior tenacidade,
quando comparados com os aços temperados e revenidos. A austêmpera é
frequentemente aplicada em anéis elasticos, pinos elásticos, alguns tipos de molas e
peças pequenas, que necessitem de boa tenacidade.
Bibliografia
182
MODENEZI, Paulo;
www.demet.ufmg.br/grad/disciplinas/emt019/tensao_residual.pdf
Infomet
www.infomet.com.br
Metalmundi
http://www.metalmundi.com
http://www.brasimet.com.br/videos/player.asp?video=aula03.asf
www.dalmolim.com.br/EDUCACAO/MATERIAIS/Biblimat/tratterm.pdf
bf.no.sapo.pt/ttm/ttool3-1.pdf
www.maxwell.lambda.ele.puc-rio.br/cgi-bin/PRG_0599.EXE/ 10462_3.PDF?
NrOcoSis= 33577&CdLinPrg=pt
Ferros fundidos são ligas de ferro e carbono nas quais o teor de carbono, diferentemente
dos aços, supera 2%, quantidade que excede o limite de solubilidade na Austenita na
temperatura do eutético, em torno de 1140oC . Entretanto, comercialmente, poucas ligas
excedem 4,5%. Na maioria das ligas, também é importante a presença de silício, além de
outros elementos de liga residuais ou intencionalmente aplicados, como enxofre,
183
manganês e fósforo. São, em geral, produzidos a partir do ferro-gusa refundido e sucatas,
mediante procedimentos e etapas para reduzir teores de elementos indesejáveis.
Existem várias classificações para ferros fundidos, que variam segundo a composição ou
utilização da liga. Uma delas é, segundo a quantidade de carbono, em Ligas de Ferro
Fundido eutéticas, hipoeutéticas ou hipereutéticas, respectivamente com 4,3% de
carbono, abaixo e acima desta percentagem, que corresponde à formação da Ledeburita.
Outra classificação, mais comercial e importante, diferencia os ferros fundidos em
Cinzento, Dúctil ou Nodular, Maleável, Grafítico Compacto ou Vermicular, Branco e
Mesclado, segundo as concentrações dos principais elementos e constituintes presentes
nestas ligas.
Ferros fundidos cinzentos apresentam-se microestruturalmente com carbono na forma
livre, grafita, em morfologia de lamelas e carbono na forma combinada, cementita (Fe 3C).
184
Neste caso, os principais elementos de liga são o carbono e o silício, podendo haver
outros, como o manganês, cromo e cobre que irão conferir aos fundidos outras
características exigidas. Sua superfície de fratura apresenta coloração cinza escuro,
origem de seu nome. É um material frágil e quebradiço devido a sua microestrutura, não
servindo muito bem a aplicações que requeiram elevada resistência à tração. Sua
resistência e ductilidade são maiores sob compressão, além de terem excelentes
capacidades de amortecimento de vibrações e elevada resistência ao desgaste mecânico.
São aplicados como componentes estruturais de máquinas e equipamentos pesados
sujeitos à vibração, peças fundidas de vários tipos que não necessitam de elevada
resistência mecânica, pequenos blocos cilíndricos, pistões, cilindros, discos de
embreagem e peças fundidas de motores a diesel.
Ferros fundidos brancos apresentam microestruturas com predominância do carbono na
forma combinada, devido à baixa porcentagem de silício, e a adição de outros elementos,
como cromo, que é estabilizador da cementita. Isto confere ao material a característica de
maior resistência ao desgaste. Seu nome se refere à superfície de fratura de coloração
clara e brilhante. Extremamente duro e frágil, chegando a ser inadequado para a
usinagem em alguns momentos. Sua aplicação é restrita aos casos em que dureza
elevada e resistência ao desgaste são necessárias, como nos cilindros de laminação,
equipamentos de manuseio de terra, mineração e moagem, rodas de vagões e
revestimento de moinhos.. O ferro fundido branco, geralmente, é utilizado como um
processo intermediário na produção do ferro fundido maleável.
Ferros fundidos mesclados apresentam-se como uma combinação dos ferros fundidos
cinzento e branco, ou seja, com a grafita em morfologia lamelar e uma certa quantidade
de cementita, que varia em função do emprego do material. Sua superfície de fratura
apresenta coloração brilhante acinzentada. Permite a fabricação de engrenagens ou
equipamentos com resistências diferenciadas em cada região.
O ferro fundido maleável é uma liga obtida por meio de tratamento térmico de
maleabilização do ferro fundido branco. A finalidade deste tratamento é transformar a
cementita em grafita esferoidal, conferindo ao material melhores propriedades mecânicas
como maior resistência, limite de escoamento e ductilidade. Sua superfície de fratura
apresenta coloração cinza claro. É aplicado tanto em temperaturas normais quanto mais
elevadas em flanges, conexões para tubos, peças para válvulas ferroviárias e navais e
outras peças para indústria pesada.
O ferro fundido dúctil, ou nodular, apresenta-se na sua forma microestrutural o carbono
livre, na morfologia de nódulos, o que confere a este tipo de ferro características
185
mecânicas superiores àquelas do ferro fundido maleável. É obtido por modificações
químicas na composição do material no estado líquido. Sua superfície de fratura
apresenta coloração prateada. Sua estrutura nodular confere maiores resistência
mecânica e ductilidade ao material, aproximando suas características das do aço. Suas
aplicações incluem válvulas carcaça de bombas, virabrequins, engrenagens, pinhões,
cilindros e outros componentes de máquinas e automóveis.
Ferro fundido grafítico compacto, também chamado de ferro fundido vermicular é um ferro
fundido obtido pela adição do titânio na composição do ferro fundido nodular, com a
finalidade de degenerar o nódulo de grafita. Apresenta propriedades intermediárias entre
os ferros fundidos nodular e cinzento.. Em comparação com os ferros fundidos cinzentos,
os grafíticos compactos possuem maior resistência mecânica, maiores ductilidade e
tenacidade e menor oxidação a temperaturas elevadas. Já na comparação com os ferros
fundidos dúcteis, possuem menor coeficiente de expansão térmica, maior condutibilidade
térmica, maior resistência ao choque térmico, maior capacidade de amortecimento,
melhor fundibilidade e melhor usinabilidade. Sua fratura apresenta-se na forma mesclada.
Dentre as aplicações típicas, podem ser citadas a base para grandes motores a diesel,
cárteres, alojamentos de caixas de engrenagens, alojamentos para turboalimentadores,
suportes de rolamentos, rodas dentadas para correntes articuladas, engrenagens
excêntricas, moldes para lingotes, coletores de descarga de motores e discos de freio.
Uma outra classificação divide os ferros fundidos entre ligados e não ligados. Os não-
ligados constituem-se basicamente de ligas de ferro-carbono-silício contendo pequenas
quantidades de manganês, fósforo e enxofre. Os ferros fundidos ligados, por sua vez, são
divididos em tipos, de acordo com a adição de elementos de liga, suas aplicações e
propriedades: brancos resistentes à abrasão, resistentes à corrosão, cinzentos de alta-
186
resistência, dúcteis termoresistentes e brancos termoresistentes.
Dois são os fatores que decidem se durante a solidificação do ferro fundido será branco
ou cinzento: composição química e a velocidade de resfriamento.
Quanto à composição química, os ferros fundidos contêm, além de ferro e carbono, outros
elementos químicos tais como silício, manganês, fósforo, enxofre e outros.
Com teores baixos de carbono, há tendência para formar o tipo branco. Maiores
quantidades deste elemento favorecem a formação do ferro fundido cinzento. Nos ferros
fundidos brancos, a dureza se eleva com o teor de carbono, porque aumenta a
quantidade de cementita.
O silício é o principal responsável pela decomposição da cementita e aumenta a
resistência ao impacto do material formando ferrita e carbono. O silício forma solução
sólida com a ferrita, de forma que não é possível detecta-lo ao microscópio.
O manganês tem ação contrária à do silício, pois dificulta a decomposição da cementita.
Seu principal papel nos ferros fundidos comuns é neutralizar a ação do enxofre, formando
com este MnS. É um elemento usual na composição química do ferro fundido e tem como
principal finalidade favorecer a redução do enxofre. Por outro lado, dificulta a formação da
ferrita e, portanto, sempre é requerido quando se necessita de um fundido com maior
resistência mecânica ou elevação dureza, preservando uma microestrutura perlítica.
O enxofre atua com o manganês, sob a forma de sulfeto de ferro, tornando o material
sensível às conseqüências de um esfriamento rápido. É um elemento nocivo ao fundido,
pois causa precipitação de sulfetos e imperfeições, chamadas de “dross”, o que fragiliza o
fundido. Portanto, o enxofre é um elemento que deve apresentar o mais baixo teor
possível.
O fósforo, assim como o enxofre, é um elemento nocivo ao fundido por causar fragilidade.
Deve ser mantido o mais baixo possível, a não ser quando se necessita de um fundido
com maior fluidez, o que ocorre em alguns casos isolados. Mesmo assim não deve
ultrapassar 1%. Quando o teor de fósforo é superior a 0,15% pode-se encontrar rede de
steadita, produto de natureza eutética, compreendendo partículas de Fe3P e Fe3C, com
baixo ponto de fusão.
A velocidade de resfriamento responde diretamente sobre os constituintes do ferro
fundido. Em termos termodinâmicos, a forma mais estável dos ferros fundidos seria
187
aquela totalmente decomposta em ferro e grafita, o que corresponderia a um ferro fundido
cinzento. Entretanto, a Cinética da decomposição da cementita em ferro e grafita requer
um certo tempo para se efetuar. Assim, pode-se atenuar ou até mesmo evitar esta
transformação por meio de resfriamento rápido desde o início da solidificação de tal forma
a se obter ferro fundido branco, que assim corresponde a um equilíbrio metaestável da
liga ferro - carbono.
Relaciona-se a velocidade de resfriamento de um fundido durante o processo de
solidificação à formação de estruturas dendriticas. As dentritas tem seu crescimento
lateral limitado pelo crescimento de dentritas vizinhas, o que provoca o aparecimento de
pequenos vazios entre elas. Este defeito é muito comum nos ferros fundidos, o que é uma
desvantagem em relação ao aço. Estes vazios estão diretamente relacionados à
precipitação da grafita. Depois da solidificação, o fundido apresenta numerosos grãos
dentríticos quando o resfriamento é rápido, área tem pequena espessura ou foram usados
resfriadores no local. Desta maneira, os grãos dentríticos ficam mais compactados, com
textura fina e com menor possibilidade de apresentarem vazios. Porém, quando ocorre o
oposto, a granulação é mais grosseira, já que o resfriamento é mais lento. Neste caso, o
fundido poderá apresentar áreas com grãos mais finos, nas partes de pouca espessura e
outras áreas com grãos mais grossos, em partes mais espessas ou que tenham entrado
em contato com produtos exotérmicos.
188
molde em areia, a distribuição do calor oriunda do metal fundido é distribuída de forma
igual em toda a área da moldação fazendo com que os grãos apresentem uma fina zona
de cristais orientados. Quando o molde é totalmente metálico, conforme apresentado na
Figura 1-B, observa-se que a área de cristais orientados se torna mais larga. Finalmente,
quando é adicionado um resfriador, que são pontos metálicos e localizados
estrategicamente dentro do molde, a zona de cristais orientados é larga, porém
localizada, conforme apresentada na Figura 1-C.
Quando um ferro fundido apresenta velocidade de resfriamento muito alta, como em
seções finas, áreas adjacentes às paredes dos moldes ou, quando foram usados
resfriadores, não há tempo suficiente para a decomposição da cementita, podendo
ocorrer pouca ou nenhuma grafitização e acarretando a formação do ferro branco, como
resultado do efeito de coquilhamento . Neste caso, para que possa ocorrer a grafitização
do ferro fundido, eliminando o efeito de coquilhamento (que é nocivo ao fundido) é
necessária a adição do silício, elemento grafitizante, com objetivo de favorecer o
aparecimento da ferrita resultando em um fundido de baixa dureza e boa usinabilidade .
No caso oposto, isto é, quando a velocidade de resfriamento é baixa, ocorre uma
quantidade apreciável de grafitização com a presença do silício, além do aumento da
quantidade de ferrita, o que confere ao fundido baixa resistência mecânica e baixa
dureza, além de boa usinabilidade. Neste caso, a porcentagem do silício deve ser
controlada. A velocidade de resfriamento também influencia na formação, tipo e tamanho
da grafita o que é inclusive padronizado por normas internacionais.
189
Figura 2. Diagrama Fe-Fe3C e região dos ferros fundidos brancos comerciais.
190
ferrítico
Figura 2: Esquemas de microestruturas dos ferros fundidos - (1) Ferro fundido branco, (2)
Ferro fundido cinzento perlítico, (3) Ferro fundido cinzento ferrítico, (4) Ferro fundido dúctil
perlítico, (5) Ferro fundido dúctil ferrítico, (6) Ferro fundido maleável perlítico, (7) Ferro
fundido maleável ferrítico.
Figura 3: Ferro fundido cinzento com veios relativamente grandes, sem ataque. Notam-se também
numerosas inclusões pequenas. 190 x.
191
Figura 4: Ferro fundido branco hipoeutético.Dendritas de perlita,áreas pontilhadas de ledeburita,áreas
brancas de cementita.Ataque:nítrico.100x
Figura 9: Ferro fundido cinzento com dendritas de ferrita. Grafita do tipo D.Ataque:pícrico.75x.
193
Figura 10: Ferro fundido cinzento com fundo hipoeutetóide,visto com maior aumento.
Ferrita,perlita,grafita,steadita e inclusões de sulfureto de manganês. Ataque:pícrico:770x.
Figura 11: Ferro fundido mesclado. Região apresentando dendritas de perlita com grafita do tipo E e áreas
de ledeburita com cementita.Ataque:pícrico.80x.
Figura 12: Região mesclada de uma peça de ferro fundido coquilhado.A perlita está coalescida.A faixa
pontilhada a esquerda com delimitações retas,é um eutético de fósforo.A direita,nota-se uma área de
ledeburita.O fundo branco é cementítico.Ataque:pícrico.300x.
194
Figura 13: Ferro fundido cinzento e fundo hipoeutetóide com 3,25%C; 2,87%Cg; 1,82% Si e 0,48%P.Estado
original.Dureza Brinell:108.Perlita,ferrita,grafita em veios e steadita.Ataque:nítrico.150x
Figura 14: Mesmo material da figura 13.depois de recozido.Dureza Brinell:147.Parte do carbono da grafita
entrou em solução e aumentou a percentagem de perlita.Ataque:pícrico.150x
Figura 15: Ferro fundido temperado de 1150ºC.Região em que se nota bem o desenvolvimento de dendritas
circundadas de ledeburita na qual se notam agulhas de cementita.Ataque:pícrico.150x.
195
Figura 16: Ferro fundido maleabilizado de núcleo preto.Nódulos de grafita sobre um fundo de
ferrita.Ataque:pícrico.150x.
Referências bibliográficas
Colpaert,Hubertus,1901-1957
Metalografia dos produtos siderúgicos comuns
3.ed.São Paulo,Edgard Blucher,1974.
Infomet: http://www.infomet.com.br/h_ferros_fundidos.php
PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0024997/CA
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Resumo
Neste trabalho foi realizada uma revisão bibliográfica sobre aços inoxidáveis. Onde foram
descrito as propriedades dos aços inoxidáveis ferríticos, austeníticos e martensíticos.
1. Introdução
196
1.1. Breve histórico do desenvolvimento dos aços inoxidáveis
O desenvolvimento dos aços inoxidáveis é atribuído ao inglês Harry Brearly, em 1912. Ao
experimentar um liga ferro-cromo com aproximadamente 13% de cromo, fez algumas
observações metalográficas e constatou que a liga fabricada resistia à maior parte dos
reagentes freqüentemente usados em metalografia; a essa liga ele denominou “Stainless
Steel”, ou seja, “aço sem manchas”. Brealy, na verdade quis dizer que esse aço não era
atacado ou “manchado” quando submetido aos ataques metalográficos da época.
No mesmo ano, na Alemanha, Eduard Maurer afirmava que uma liga ferro-cromo
elaborada por Brenno Straus resistiu por vários meses aos vapores agressivos do
laboratório em que trabalhava.
Os aços inoxidáveis descobertos por Brealy e Strauss são, basicamente, os tipos
conhecidos hoje como ABNT 420 e ABNT 302. Na mesma época, foram feitos tratamentos
térmicos a altas temperaturas para conseguir boa dutilidade (No tipo ABNT 302) e alta
dureza (no tipo ABNT 420), no primeiro caso o tratamento foi dado por Maurer.
Na Alemanha, já em 1914, uma liga à base de ferro e contendo 20% de cromo, 7% de
níquel e 0,25% de carbono foi utilizada numa fábrica de anilina e soda; imediatamente os
aços inoxidáveis foram adotados nas fábricas de amônia sintética do país.
As ligas ferro-cromo (17% cromo) e ferro-cromo-níquel (18% cromo e 8% níquel) foram
amplamente usadas nos anos de 1920/1930 nos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha,
em fábricas de amônia e ácido nítrico.
- absorção de gás oxigênio por átomos de cromo na camada superficial dos aços
contendo esse elemento de liga (que como se verá é o mais importante nos aços
resistentes à corrosão);
- produção de uma distribuição favorável de elétrons entre o ferro e o cromo, auxiliada
pela absorção do oxigênio e prejudicada por hidrogênio.
198
Quando comparamos os aços inoxidáveis com alguns metais ou ligas, observamos
diferenças importantes. O comportamento típico de um metal em presença de um
determinado meio agressivo é mostrado na figura 2. Imaginemos um metal qualquer
imerso numa solução ácida que tenha certo poder oxidante, indicado pelo ponto A na
figura. À medida que o poder oxidante da solução aumenta, aumenta o ataque ao metal,
medido pela intensidade da corrente que passa pelo material.
CORRENTE DE CORROSÃO
CORRENTE DE CORROSÃO
Na figura 3, do ponto 1 até o ponto 2, o aço inox inicia o processo de oxidação; entre os
pontos 2 e 3 temos a etapa de passivação, conseqüência da formação do filme de óxido
de cromo, extraordinariamente fina, (30 a 50 Aº) e extremamente resistente; entre os
199
pontos 3 e 4 o material já formou a Camada Passiva e é imune ao meio, não sendo mais
atacado; entre os pontos 4 e 5, o meio já é tão agressivo que a Camada Passiva não
protege mais o material, iniciando-se novamente processos de oxidação.
• Corrosão em frestas
• Corrosão por pite
• Corrosão intergranular (ou intercristalina)
• Corrosão sob tensão
• Corrosão galvânica (bimetálico)
• Erosão – corrosão
• Corrosão por fadiga
200
2.2. Mecanismos de corrosão no aço inoxidável
Os aços inoxidáveis são geralmente muito resistentes à corrosão e têm desempenho
satisfatório na maioria dos ambientes. O limite da resistência à corrosão de um
determinado aço inoxidável depende dos seus elementos constituintes o que significa que
cada aço tem resposta ligeiramente diferente quando exposto a um ambiente corrosivo.
Assim é necessário cuidado para selecionar o mais adequado tipo de aço inoxidável para
uma determinada aplicação. Uma seleção muito cuidadosa do tipo de aço, bem detalhado
e com bom acabamento pode reduzir de forma significativa a possibilidade de ocorrência
de manchas e corrosão.
202
Devem ser tomados cuidados quando os componentes de aço inoxidável com tensões
residuais elevadas (por ex. devido ao trabalho a frio) são usados em ambientes ricos em
cloretos (por ex. piscinas cobertas, marinho, plataforma marítima)
Essas regiões descromizadas, desde que tenham menos de 11% de cromo, não são mais
inoxidáveis e deixam de resistir ao ataque de determinados meios agressivos. Como
conseqüência, tem-se um ataque localizado nos contornos de grãos, razão pela qual a
corrosão assim promovida é conhecida como corrosão intergranular. Na região
termicamente afetada pelo cordão de solda, existem faixas submetidas às temperaturas
críticas que levam à ocorrência de corrosão intergranular em determinados meios, em
duas faixas paralelas e próximas ao cordão de solda.
Quanto maior é o teor de carbono do material, maior também é o teor de cromo removido
203
da solução sólida e, conseqüentemente, maior será a susceptibilidade do material a se
corroer intergranularmente em certos meios. É importante observar que nem todos os
meios são capazes de provocar corrosão intergranular. Nos meios sulfúricos, nítricos,
fluorídricos e até em alguns molhos comestíveis, existirá tendência a essa forma de
corrosão em materiais sensitizados.
Nas juntas soldadas (Figura 5) há sempre uma região da ZAC que está sujeita à faixa de
sensitização e, dependendo da velocidade de resfriamento, o tempo de permanência
pode ser suficiente para provocar a precipitação de carbonetos de cromo.
Quando ocorre, a corrosão intergranular se dá como uma faixa paralela e próxima, mas
não adjacente ao cordão de solda. É a região que ficou aquecida por mais tempo na faixa
crítica.
204
que aquela que tem o cromo. Assim precipita-se o carboneto de titânio e o cromo
permanece em solução sólida. Com a mesma finalidade pode ser utilizado o nióbio. Tanto
o titânio quanto o nióbio são estabilizadores do carbono e os aços inoxidáveis assim
obtidos (por exemplo, tipo ABNT 321 e ABNT 347) são conhecidos como aços inoxidáveis
estabilizados.
Uma terceira alternativa introduzida em 1947, atualmente mais utilizada, é a redução do
teor de carbono nas ligas austeníticas. O limite de solubilidade do carbono na austenita é
de 0,02%. Logo, mantendo-se o carbono abaixo desse teor, a formação de carboneto de
cromo não será possível. Assim, surgiu o aço inoxidável ABNT 304L, com o teor máximo
de carbono de 0,030%. O excedente de 0,01% de carbono que, eventualmente poderá
precipitar, não é suficiente para remover grandes quantidades de cromo da solução
sólida. Hoje, os aços inoxidáveis austeníticos extra baixo carbono têm substituído os aços
estabilizados em muitas aplicações, com grandes vantagens em muitos casos.
A classificação mais simples e mais usada dos aços inoxidáveis é baseada na microes-
trutura que apresentam à temperatura ambiente. Nessas condições, são considerados os
três grupos seguintes:
3.1. Efeito do Cr
Primeiramente será considerado o diagrama de constituição da liga Fe-Cr, isenta de
qualquer carbono (figura 6).
Os principais pontos a notar no referido diagrama são os seguintes:
A presença da chamada "lupa austenítica", a qual indica que todas as ligas de
composição à direita da lupa, mais ou menos além de 12% ou 13% de cromo, solidificam
na forma de ferrita e como tal permanecem até a temperatura.
205
Figura 6 - Diagrama de constituição da liga Fe-Cr.
A presença de uma fase quebradiça Fe-Cr, denominada "fase sigma", entre 42% e 48%
de cromo. A esquerda do campo em que está presente somente a fase sigma, nota-se um
campo em que estão presentes duas fases: ferrita ou ferro alfa e sigma. Assim sendo, os
aços inoxidáveis ferríticos com teor de cromo acima de cerca de 23% (como o AISI 446) já
podem apresentar essa fase quebradiça. A desvantagem da sua presença reside no fato
de que a mesma afeta as propriedades mecânicas do aço e suas resistência à corrosão.
De fato, sendo a fase sigma dura e quebradiça, sua presença tende a reduzir a
ductilidade e principalmente a tenacidade do aço. A influência sobre a resistência à
corrosão da fase signa, no sentido de prejudicá-la, foi verificada experimentalmente. Al-
guns autores consideram que a fase sigma é parcialmente responsável pelo fenômeno
denominado "fragilidade a 475*C", que pode ocorrer nos aços inoxidáveis ferriticos. Verifi-
cando-se que a presença da fase sigma é realmente prejudicial, pode-se atenuar esse
inconveniente pelo aquecimento do aço acima da máxima temperatura de estabilidade da
fase sigma, de modo a dissolvê-la na austenita ou convertê-la em ferrita delta. Assim, são
restauradas as propriedades normais. As temperaturas recomendadas são superiores a
900°C.
O sistema Fe-Cr torna-se bem complexo, quando o carbono está presente, mas seu
estudo é simplificado pela observação do que ocorre no diagrama Fe-C quando se
introduz cromo em teores crescentes. O efeito mais importante é verificado na zona
206
austenítica, como mostra a figura 7.
Nota-se que, à medida que o teor de cromo aumenta, a faixa austenítica diminui até
praticamente desaparecer para cêrca de 20% de cromo. Esse fato leva à conclusão de
que, à medida que o cromo cresce a composição das ligas Fe-C-Cr que permitirá a
obtenção de endurecimento total por têmpera fica reduzida a limites cada vez mais
estreitos.
3.2. Efeito do Ni
É interessante inicialmente verificar o efeito do níquel e do cromo na transformação
alotrópica do ferro, o que está demonstrado na figura 8.
207
Nessa figura estão colocados lado a lado os diagramas de constituição aproximados dos
sistemas Fe-Ni e Fe-Cr. Qualquer dos elementos, adicionados em quantidades
apreciáveis, elimina a alotropia do ferro, mas o níquel estabiliza a austenita ao passo que
o cromo estabiliza a ferrita. Assim, quando ambos os elementos estão presentes, resulta
uma situação de compromisso e ambas as formas alotrópicas podem desenvolver-se às
suas temperaturas apropriadas. Aparentemente o níquel exerce uma influência mais
decisiva do que o cromo, no que diz respeito às formas alotrópicas do ferro.
A figura 9 mostra a influência aproximada do níquel quando adicionado a uma liga Fe-Cr
com 18% de cromo e a influência do cromo quando adicionado a uma liga Fe-Ni corte 8%
de níquel. Esses teores foram escolhidos devido à importância dos aços inoxidáveis do
tipo 18-8 (18% Cr e 8% Ni).
209
Figura 10 - Aspecto micrográfico de acço inoxidável austenítico tipo 18-8, mostrando zona superficial de
corrosão intergranular. Sem ataque. Aumento 100x.
Figura 11 - Núcleo colorido do mesmo aço da fig.8; verifica-se a estrutura normal de aço inoxidável
austenítico. Ataque: percloreto de ferro. Aumento: 100x.
Neste grupo, o cromo é ainda o principal elemento de liga. O teor deste elemento pode,
neste caso, superar o máximo verificado nos aços martensíticos e como o carbono não
ultrapassa 0,35% (valor já considerado excepcional), a austenita fica inteiramente
eliminada.
A estrutura desses tipos de aço, à temperatura ambiente, com qualquer velocidade
de resfriamento, é sempre ferrítica e esses aços inoxidáveis são também chamados não
endurecíveis.
Os aços ferríticos têm custo inferior aos austeníticos, mas têm limitada resistência à
corrosão comparada com os austeníticos mais comuns. Da mesma forma são limitados
na tenacidade, conformabilidade e soldabilidade em comparação aos austeníticos.
As dimensões de fornecimento (ou seja, espessura) são restritas devido a baixa
tenacidade. São, entretanto do grupo ferro magnético “mole” e tem assim algumas
utilizações especiais, como por exemplo, núcleo de válvulas solenóides.
A Tabela 1 dá os principais tipos e algumas de suas aplicações mais importantes.
Os tipos 405 e 409 são os de cromo mais baixo. A estrutura ferrítica é no 405 garantida
pela adição de alumínio que, como se sabe, é poderoso estabilizador da ferrita. Nesse
tipo, a quantidade de alumínio adicionada é suficiente para evitar a formação de
quantidade apreciável de austenita, quando o aço é aquecido a altas temperaturas. Esse
fato tem grande importância e significado nas operações de soldagem, as quais podem
210
ser feitas normalmente, sem que haja formação de martensita próximo à zona soldada, o
que exigiria um recozimento posterior.
O tipo 430 é o mais usado, devido sua grande resistência à ação de ácidos, sobretudo o
nítrico e ácidos orgânicos e à ação da água do mar. Esse é o único tipo de aço do grupo
ferrítico que não é inteiramente.ferrítico, podendo por resfriamento rápido sofrer um ligeiro
endurecimento. Entretanto, nesse aço como nos outros tipos do mesmo grupo, o
tratamento térmico usual é o recozimento para alívio de tensões e obtenção da máxima
ductilidade. A adição de enxofre, fósforo ou selênio, dando origem ao tipo 430F, melhora
a sua usinabilidade.
Os tipos 442 e 443 possuem melhor resistência à corrosão que os anteriores. A adição de
cobre, tipo 443, melhora a resistência ao ataque pelo ácido sulfúrico.
O tipo 446, sendo o de mais alto cromo da série, é o que apresenta maior resistência à
corrosão e à oxidação a altas temperaturas. Esse aço pode apresentar carbonetos
dispersos na ferrita ou nos contornos dos grãos, o que constitui um inconveniente,
sobretudo porque favorece o crescimento de grão durante o aquecimento, resultando em
resistência ao choque mais baixa que a normal.
Como foi visto, sendo esses aços não endurecíveis, o tratamento térmico usual é um
recozimento para alívio de tensões originadas no tratamento a frio e para obtenção da
máxima ductilidade. Geralmente, recoze-se a 800-850ºC, durante uma a duas horas,
seguindo-se resfriamento ao ar ou mesmo em água ou óleo para evitar a fragilidade que
pode ocorrer pelo resfriamento lento. O tipo 430F de usinagem fácil é recozido a
temperatura baixa – 675ºC a 800ºC.
211
Composição química, (%) Propriedades gerais e aplicações
Tipo AISI C Cr Outros elementos típicas
405 0,08 max 11,5- Al – 0,10 a 0,30 Não endurecível devido à presença de
14,5 Mn – 1,00 Al; para tubos de irradiadores, caldeiras,
Si – 1,00 recipientes para indústrias petrolíferas,
etc.
409 0,15 max 12,0- Al –3,50 a 4,50 Usos gerais; sistemas de axaustão de
14,0 Mn – 1,00 automóveis, etc.
Si – 1,00
Ti - 0,75 max
430 0,12 max 16,0- Mn – 1,00 É o tipo mais comum desse grupo por
18,0 Si – 1,00 ser de conformação muito fácil; muito
usado em equipamento para indústria
química, em equipamento de
restaurantes, cozinhas, adornos de
automóveis, decorações arquitetônicas
interiores, peças de fornos, etc.
429 0,12 max 14,0- Mn – 1,00 Boa soldabilidade; equipamento para
16,0 Si – 1,00 ácido nítrico.
213
434 - com O,12 C; 16,O-18,O Cr; 1,O Mn; 1,0 Si; O,75-1,25 Mo; é uma modificação
do tipo 430, para resistir à corrosão na presença de condições de inverno;
436 - com O,12 C; 16,O-18,O Cr; 1,O Mn; 1,0 Sl; 1,25 Mo; (Nb+Tal 5xC min ou
0,70 max; semelhante aos tipos 430 e 434; um dos empregos é em guarnições de
autom6veis.
tipos 403 e 410: podem ser conformados facilmente a frio no estado recozido e
empregados em lâminas forjadas e usinadas de turbinas e compressores,
tesouras, componentes microeletrônicos, componentes para indústria
petroquímica, etc.;
tipo 420: pela sua alta dureza e razoável tenacidade adquirida após tratamento
térmico são empregados em cutelaria, instrumentos cirúrgicos, eixos de bomba,
válvulas, etc.;
tipos 414 e 431: pela alta resistência mecânica e dureza são empregados em
parafusos e porcas, molas, peças para fornos, etc. Destaque para o 431 que
possui melhor resistência a corrosão entre aços inoxidáveis martensíticos;
tipos 440A, 440B e 440C: possuem alta resistência ao desgaste devido ao alto teor
de carbono. Empregados em instrumentos cirúrgicos e odontológicos, mancais de
esfera, bocais e outras aplicações que exijam alta dureza, resistência ao desgaste
e corrosão.
214
Tabela 3 - Aços inoxidáveis martensíticos
Mn P Si
Tipo AISI C S máximo Cr Ni Mo Outros
máximo máximo máximo
403, 410 0,15 máx. 1,000 0,040 0,03 0,50 11,5/13,0 - - -
414 0,15 máx. 1,000 0,040 0,03 1,00 11,5/13,5 1,25/2,50 - -
416 0,15 máx. 1,250 0,060 0,15 min. 1,00 12,0/14,0 - 0,6 máx. -
416 Se 0,15 máx. 1,250 0,060 0,06 1,00 12,0/14,0 - - Se = 0,15 min.
420 0,16/0,25 1,000 0,040 0,03 1,00 12,0/14,0 1,00 máx. - -
420 0,26/0,35 1,000 0,040 0,03 1,00 12,0/14,0 1,00 máx. - -
420 0,36/0,45 1,000 0,040 0,03 1,00 12,0/14,5 1,00 máx. - -
420F 0,15 min. 1,250 0,060 0,15 min. 1,00 12,0/14,0 - 0,6 máx. -
422 0,20/0,25 1,000 0,025 0,025 0,75 11,0/13,0 0,5/1,00 0,75/1,25 0,15/0,30 V; 0,75/1,25 W
431 0,20 máx. 1,000 0,040 0,03 1,00 15,0/17,0 1,25/1,00 - -
440A 0,60/0,75 1,000 0,040 0,03 1,00 16,0/18,0 - 1,75 máx. -
440B 0,75/0,95 1,000 0,040 0,03 1,00 16,0/18,0 - - -
440C 0,95/1,20 1,000 0,040 0,03 1,00 16,0/18,0 - - -
215
Tabela 5 - Propriedades mecânicas médias de aços inoxidáveis martensíticos após tratamento térmico de
têmpera e revenido
403 925/1000 15 a 30 óleo 225/375 1a3 360/380 130 1280 98 960 15 2,8/6,2 27,5/60,8
404 925/1000 15 a 30 óleo 225/375 1a3 360/380 130 1280 98 960 15 2,8/6,2 27,5/60,8
414 975/1050 15 a 30 óleo ou ar 225/400 1a3 370/400 137 1340 102 1000 15 4,1/8,3 40,2/81,4
416 925/1000 15 a 30 óleo 225/375 1a3 360/380 130 1280 98 960 12 2,8/6,2 27,5/60,8
431 975/1075 15 a 30 ar, óleo e água 225/400 1a3 370/400 137 1340 102 1000 17 4,1/8,3 40,2/81,4
ar, óleo
420 975/1050 15 a 30 150/375 1a2 470/530 175 1720 158 1550 8 1,1/2,1 10,8/20,6
quente
1000/107 ar, óleo
440A 15 a 30 150/375 1a2 500/560 189 1850 182 1790 5 0,4/0,8 3,9/8,85
5 quente
1000/107 ar, óleo
440B 15 a 30 150/375 1a2 520/590 196 1920 189 1850 3 0,3/0,7 2,9/6,9
5 quente
1000/107 ar, óleo
440C 15 a 30 100/375 1a2 540/620 200 1960 1890 1890 2 0,3/0,7 2,9/6,9
5 quente
216
Aço inoxidável de alto carbono para cutelaria
12
Têmpera de 870°
Temperatura de revenido, 1h
Gráfico 1 - Influência do revenido sobre a resistência ao ataque em solução normal de ácido nítrico do aço
inoxidável martensítico tipo cutelaria
Os aços inoxidáveis endurecíveis por precipitação (PH) têm dureza aumentada por
tratamento de envelhecimento e assim têm algumas similaridades com os aços
martensíticos, entretanto o processo metalúrgico para endurecimento é diferente.
Estes aços são capazes de atingir a resistência a tração até 1700 MPa. Normalmente têm
estrutura martensítica e assim são ferro magnéticos.
Os aços endurecíveis por precipitação (PH) têm boa ductilidade e tenacidade,
dependendo do tratamento térmico. Sua resistência à corrosão é comparável ao aço
austenítico 304 (1.4301). Podem ser soldados mais facilmente que os aços martensíticos
217
comuns.
Foram desenvolvidos e são usados de forma ampla, tanto nos Estados Unidos como no
Reino Unido, por exemplo nas aplicações aeroespaciais.
Exemplo de aços PH são 17– 4 PH (1.4542) e 520 B (1.4594).
8. Duplex
Os aços inoxidáveis duplex têm uma estrutura mista de austenita e ferrita e como
resultado têm características desses tipos básicos. Uma composição química típica tem
22% de cromo, 5% de níquel e 3% molibdênio com pequena adição de nitrogênio.
Os aços duplex são endurecíveis por tratamento térmico e são mais duros que os aços
ferríticos e austeníticos na condição recozida mole e têm limite de escoamento médio em
torno de 450 MPa. Como os aços ferríticos são ferro magnéticos, mas têm a boa
conformabilidade e soldabilidade dos aços austeníticos. Entretanto são necessários
maiores esforços na conformação devido a sua maior resistência.
Estes aços podem ser utilizados em projeto com secções mais finas que os aços
austeníticos, mas sua grande vantagem é sua maior resistência a corrosão sob tensão. O
molibdênio é normalmente adicionado para aumentar a resistência à corrosão galvânica e
por pite.
9. Referências
218
13.Térmicos das Ligas Não Ferrosas
Introdução
Têmperas
É uma condição aplicada ao metal ou liga, por meio de deformação plástica a frio
ou de tratamento térmico, propiciando-lhe estrutura e propriedades mecânicas
características. A expressão não tem qualquer ligação com a usada nos produtos de aço
(material tratado termicamente para aumentar suas propriedades mecânicas).Ainda que a
resistência original possa ser aumentada agregando-se certos elementos, as
propriedades mecânicas das ligas, com exceção de algumas para fundição, não
dependem apenas da sua composição química. Semelhante a outros metais, o alumínio e
suas ligas endurecem e aumentam sua resistência quando trabalhadas a frio, como, por
exemplo, uma chapa laminada. Além disso, algumas ligas de alumínio possuem a valiosa
característica de responder ao tratamento térmico, adquirindo resistências maiores do que
as que podem ser obtidas apenas no trabalho a frio. O gráfico abaixo ilustra o efeito do
trabalho a frio nas propriedades mecânicas da liga 3003, uma liga típica entre as que não
220
podem ser tratadas termicamente.Desta forma, as ligas de alumínio são divididas
convenientemente em dois grupos: as ligas “tratáveis” termicamente, propiciando-lhes
maior resistência, e as ligas “não-tratáveis” termicamente, cuja resistência só pode ser
aumentada através do trabalho a frio. As ligas tratáveis termicamente podem ser
trabalhadas a frio e, posteriormente, sofrer o tratamento térmico para o aumento da
resistência mecânica. As ligas não tratáveis termicamente podem ser submetidas a
tratamentos térmicos como de estabilização e recozimentos plenos ou
conforme a norma NBR 6835 e de acordo com os processos a que são submetidos: "F" (como fabricada), "O"
(recozida), "H" (encruada), "W" (solubilizada) e "T" (tratada termicamente)
Homogeneização:
Recozimento:
Recristalização:
A recristalização caracteriza-se pelo aparecimento gradual de uma microestrutura
de novos grãos. A nova microestrutura formada não apresenta evidências de deformação
e a densidade de discordâncias é insignificante, seja no interior do grão ou nos seus
contornos. A recristalização somente ocorre em temperaturas mais elevadas e tempos
mais longos do que os que já são suficientes para ocorrer a recuperação. Os grãos
225
recristalizados são formados pelo crescimento de subgrãos selecionados na
microestrutura deformada e recuperada. A recristalização é função do tempo e da
temperatura, embora possa sofrer interferência de outros fenômenos, como, por exemplo,
a solubilização, composição química, grau de encruamento e a precipitação de fases
secundárias.
Outro fator importante para a recristalização e para o tamanho final dos grãos
recristalizados é a taxa de aquecimento até a temperatura de recozimento. Quanto mais
lento o aquecimento maior o tamanho de grão resultante. Quanto maior a temperatura de
recozimento, maior o tamanho de grão resultante, porém menor o grau de encruamento
necessário para que a recristalização aconteça, entretanto a temperatura de recozimento
não altera significativamente a relação entre o tamanho de grão e o grau de deformação
ou a taxa de aquecimento.
Podem acontecer casos em que ocorre recristalização desde a superfície do
material até uma certa profundidade a partir da qual o material permanece deformado
sem recristalizar. Isso se deve ao fato de que em determinados processos de fabricação a
deformação é muito mais intensa nas superfícies externas do material do que no seu
interior, havendo assim um gradiente de encruamento que com o recozimento resulta em
um gradiente de recristalização, uma vez que
somente nas regiões relativamente próximas à superfície o grau de deformação foi
suficiente para que ocorresse recristalização. Nestes casos os grãos recristalizados
tendem a ser muito grandes.
O tamanho de grão também é muito afetado pela composição química. Em geral
elementos de liga comuns e impurezas como cobre, ferro, magnésio e manganês
favorecem a redução do tamanho de grão. Os efeitos de elementos com baixa
solubilidade sólida como manganês, cromo e ferro dependem do tipo de fases que esses
elementos formam, reagindo entre si e com outros elementos e pela sua distribuição na
liga.
A forma do grão recristalizado nas ligas de alumínio trabalhadas varia
consideravelmente, e é influenciado pela presença de alguns elementos como o
manganês, o cromo e o zircônio. A microestrutura trabalhada consiste de bandas ou
camadas alternadas densas ou dispersas de dispersóides. Os grãos recristalizados têm
seu crescimento obstruído por essas bandas de dispersóides e assim formam-se os grãos
alongados típicos das ligas de maior resistência mecânica.
A recristalização prossegue modificando as propriedades do metal deformado e
recuperado, o que continua até que a recristalização se complete. A recristalização
226
completa restaura as propriedades originais do metal não deformado, com exceção dos
efeitos do tamanho de grão e da orientação preferencial. Nas ligas termicamente tratáveis
o recozimento pode ter como efeito adicional a precipitação e mudanças na concentração
de soluto. A recristalização também é acompanhada por um decréscimo adicional da
energia armazenada durante a deformação e pela eliminação completa das tensões
residuais.
Solubilização:
O objetivo do tratamento de solubilização é por em solução sólida a maior
quantidade possível de átomos de soluto, como cobre, magnésio, silício ou zinco, na
matriz rica em alumínio. Para algumas ligas a temperatura na qual a máxima quantidade
de soluto pode estar dissolvida corresponde à temperatura eutética. Sendo assim, as
temperaturas de solubilização devem ser limitadas a um nível seguro no qual as
conseqüências do superaquecimento e da fusão parcial sejam evitadas. Mesmo assim, o
limite superior de temperatura de solubilização deve levar em conta outros fenômenos,
como o crescimento de grão, efeitos de superfície, economia e operacionalidade. O
crescimento excessivo de grãos, durante a solubilização, é tanto mais significativo quanto
mais elevadas as temperaturas e mais longos os tempos de solubilização. Outra
conseqüência negativa de elevadas temperaturas de solubilização é a oxidação em altas
temperaturas, principalmente se a atmosfera do forno estiver contaminada com umidade
ou enxofre.
Trabalho mecânico
Semelhante a outros metais, o alumínio e suas ligas endurecem e aumentam sua
resistência, através do encruamento quando trabalhadas a frio, como, por exemplo, uma
chapa laminada. Além de aumentar a resistência o trabalho mecânico, adicionalmente,
nas ligas endurecíveis por precipitação, acelera o aumento de dureza associado com a
formação de precipitados. Entretanto, produtos endurecidos por encruamento podem ter
sua baixa dureza original restaurada, parcial ou completamente, pelo tratamento térmico
de recozimento, ao modificar a microestrutura resultante do encruamento.
O trabalho mecânico é utilizado para produzir as chamadas têmperas de
encruamento. Para evitar que esse fenômeno ocorra de modo descontrolado, essas ligas
são então aquecidas em baixas temperaturas, acelerando controladamente o
amolecimento e permitindo então a obtenção de propriedades estáveis que favoreçam as
operações subseqüentes de trabalho mecânico.
227
A deformação nas ligas de alumínio ocorre através dos processos de deslizamento
de discordâncias, sendo possível observar nessas ligas bandas de deslizamento e
bandas de deformação. As discordâncias normalmente se arranjam para formar
subestruturas celulares. Quando o grau de encruamento é mais severo, aumenta a
densidade de discordâncias e reduz-se o tamanho das células. As distorções do
reticulado, associadas com as discordâncias e com as tensões resultantes da interação
entre discordâncias, são as principais fontes de endurecimento resultante do
encruamento.
Entretanto, o aumento de resistência mecânica obtida através do trabalho
mecânico é acompanhado por uma perda de ductilidade medida pelo alongamento ou
pela redução de área no ensaio de tração.
A introdução de elementos de liga no alumínio tem um efeito importante nas
características de encruamento da liga, mesmo quando não confere a capacidade de
endurecimento por precipitação. A adição de elementos como magnésio e manganês, por
exemplo, permite obter maiores taxas de endurecimento por deformação, devido à maior
densidade de discordâncias.
O trabalho a frio também proporciona aumento de resistência à fluência em
temperaturas baixas, ao cisalhamento e à fadiga em amostras não entalhadas.
Entretanto, o uso do encruamento para o aumento da resistência mecânica das ligas
termicamente tratáveis é limitado, encontrando sua aplicação principal em produtos
extrudados e trefilados como vergalhões, arames e tubos, os quais podem ser
trabalhados após o tratamento térmico, para aumentar a resistência mecânica e melhorar
o acabamento superficial.
228
tende a acelerar as reações químicas devido à maior energia armazenada, mas a
resistência à corrosão não é muito influenciada pelo encruamento, com exceção dos
casos de corrosão sob tensão. Outro efeito do encruamento é induzir ou acelerar a
precipitação nos contornos de grão de ligas Al-Mg não termicamente tratáveis.
Bibliografia
http://www.abal.org.br/
www.alcoa.com.br
Tratamentos Térmicos das Ligas Metálicas do Vicente Chiaverini
Introdução
229
Figura 1 – Mineral e lingote de magnésio
1 – Propriedades do Magnésio
2 – Ligas de Magnésio
Cu Ni Fe Be
Mg% Outros% Al % Zn% Mn% Si%
ppm ppm ppm ppm
Liga AM 0.01 4.5- 0.20 0.28- 0.050 80 10 40
Balanço -
50A max. 5.3 max. 0.50 max. max. max. max
Liga AM 0.01 5.6- 0.20 0.26- 0.05 80 10 40
Balanço -
60B max. 6.4 max. 0.50 max. max. max. max
Liga AS 0.30 3.7- 0.10 0.22- 0.60- 400 100
Balanço - -
41A max. 4.8 max. 0.48 1.40 max. max.
Liga AZ 0.01 8.5- 0.45- 0.17- 0.05 250 10 40
Balanço -
91D max. 9.5 0.90 0.40 max. max. max. max
Liga AZ 0.01 7.8- 0.3- 0.17 0.05 150 10 40
Balanço -
81 max. 8.5 1.0 min. max. max. max. max
232
Ligas Magnésio-Alumínio-Zinco
A mais conhecida e utilizada liga do sistema Mg-Al-Zn é a liga AZ92A, que consiste
basicamente numa liga de magnésio com cerca de 9 % de alumínio e 2 % de zinco. Nesta
liga a fase sólida em equilíbrio com a solução sólida rica em magnésio é a fase Mg17Al12
(fase gama), a mesma que aparece na liga binária Mg-Al. Esta fase se forma por uma
reação eutética. Mesmo se no resfriamento lento passar do líquido para o campo
monofásico da solução sólida rica em magnésio sem que ocorra a reação eutética, esta
reação pode ocorrer como resultado da segregação de soluto se a liga for resfriada de
modo suficientemente rápido a parte da fase líquida. A microestrutura bruta de fusão desta
liga revela a presença de fase gama massiva resultante da reação eutética. Se uma liga
com este tipo de microestrutura é aquecida para ser solubilizada à temperatura
recomendada de 408 ºC, e então rapidamente resfriada até a temperatura ambiente,
forma-se uma microestrutura com contornos de grãos ligeiramente ondulados por causa
da formação de precipitados descontínuos, que não podem ser observados em
microscópio ótico, mesmo que o resfriamento seja rápido. Além da fase gama, podem ser
observadas partículas de fases Mg2Si e Mn, que não se dissolveram à temperatura de
solubilização.
Por outro lado, se o teor de zinco for suficientemente elevado a liga encontra-se no
campo trifásico, estando presente a fase ternária intermetálica fi. Este composto possui
temperatura liquidus de cerca de 363 ºC e, caso se forme durante solidificação ou
resfriamento no estado sólido, quando a liga é solubilizada a 408 ºC pode ocorrer fusão
localizada nas regiões em que esta fase se formou, podendo gerar porosidade (por
mecanismos ainda não esclarecidos) no material termicamente tratado. Esse fenômeno é
conhecido como fusão incipiente e só pode ser evitado mediante aquecimento lento ou
em etapas, até se atingir a temperatura de solubilização. Esta liga endurece por
precipitação mediante tratamentos térmicos de solubilização e envelhecimento em
temperaturas por tempos adequados.
Uma característica importante das ligas de magnésio é a sensibilidade à corrosão
causada pela presença de determinados elementos em certos níveis. Isso se deve à
formação de fases indesejáveis, ou à formação de pares galvânicos com elementos com
potencial de oxidação muito diferente, como ferro, níquel, cobalto e cobre, que
apresentam baixa solubilidade no magnésio e tendem a formar fases que reduzem a
resistência á corrosão. Elementos como o manganês e o zircônio são adicionados às ligas
de magnésio com o objetivo de ajudar à remoção desses elementos indesejáveis, como o
233
ferro, por exemplo. Esses elementos intencionalmente adicionados levam à precipitação
do ferro e de outros elementos indesejáveis, que assim podem ser mais facilmente
removidos.
As ligas de magnésio-zinco na condição fundida possuem propriedades mecânicas
inferiores às de outras ligas de magnésio, devido à formação de grãos grosseiros durante
este processo de fabricação. O zircônio pode ser usado para o refino do grão, mas em
geral essas ligas apresentam baixa fundibilidade, que, no entanto pode ser melhorada
mediante a adição de terras raras e tório, que também contribuem para melhorar a
soldabilidade destas ligas, sem prejudicar suas propriedades mecânicas. As ligas
magnésio-zinco-zircônio também são utilizadas na condição de ligas trabalhadas e
adicionalmente podem ser endurecidas pelo tratamento térmico de solubilização e
envelhecimento (precipitação controlada).
As ligas de magnésio que contêm terras raras e tório são as que apresentam
resistência mecânica mais elevada entre as ligas de magnésio, e podem ser trabalhadas
em temperaturas superiores á temperatura ambiente, da ordem de 200 a 300 ºC.
4 - Aplicações
Outros usos
Aditivo em propelentes convencionais.
Obtenção de fundição nodular (Fe-Si-Mg).
Agente redutor na obtenção de urânio e outros metais a partir de seus sais.
O hidróxido ( leite de magnésia ), o cloreto, o sulfato ( sais Epsom ) e o citrato são
empregados em medicina.
O pó de carbonato de magnésio ( MgCO3 ) é utilizado por atletas como ginastas,
alpinistas e levantadores de peso para eliminar o suor das mãos e segurar melhor
os objetos.
Outros usos incluem flashes fotográficos, pirotecnia e bombas incendiárias.
236
Figura 3 - Aplicações das ligas de magnésio
5 – Curiosidades
Um motor de carro, com o bloco feito de magnésio, e pesando apenas 14 quilos, acaba
de completar os primeiros testes com sucesso. Equipando um Volkswagen Lupo, o motor
a diesel de três cilindros rodou 65.000 quilômetros por estradas da Áustria e da
Alemanha, sem qualquer problema mecânico.
"Nós queremos observar como a microestrutura da liga de magnésio pode ter se alterado
durante sua vida operacional," explica ele. "Nosso exame inicial descobriu que a liga
agüentou muito bem. Medições da circularidade dos cilindros revelaram uma clara
ovalização na direção transversal do motor. Entretanto, a distorção fica abaixo do limite
aceitável. Melhoramentos adicionais na liga poderão reduzir isto significativamente."
Os blocos de motores feitos de ferro fundido pesam cerca de 55 quilos, o que torna o
bloco de liga de magnésio 70 por cento mais leve. Mas, obviamente, o magnésio deseja
concorrer como o alumínio. "Este teste nos dá uma grande confiança de que é possível
conseguir significativas reduções de peso pelo uso das ligas de magnésio,"
complementou Bettles.
A liga de magnésio, chamada AM-SC1, foi fabricada para resistir a deformações de longo
prazo sob altos índices de temperatura, pressão e carga. Segundo os pesquisadores, a
nova liga assimila ruídos e vibrações de forma muito mais eficiente do que o ferro ou o
alumínio.
Bibliografia
www.inovacaotecnologica.com.br/noticias
www.wikipedia.com.br
www.rima.com.br
Apostila de Tratamentos Térmicos das Ligas Metálicas
238
13.3.Tratamentos Térmicos das Ligas de Titânio
1) Introdução
O custo elevado dos componentes da liga de titânio pode limitar seu uso às
aplicações para ligas de baixo-custo, tais como o alumínio e aços inoxidáveis. O custo
relativamente elevado é frequentemente o resultado do custo intrínseco do metal cru, do
custos de processamento e dos custos da remoção de impurezas, para se obter a forma
final desejada.
239
sua combinação útil de densidade baixa (4.5 g/cm3) e elevada resistência mecânica. Os
limites de escoamento variam de 480 MPa, para algumas classes do titânio comercial, à
1100 MPa, aproximadamente, para produtos estruturais de liga de titânio.
2) Tratamentos térmicos
240
c) Aumentar a resistência mecânica por solubilização e envelhecimento (endurecimento
por precipitação);
Alívio de Tensões
241
c) Soldagem de artigos fundidos ou trabalhados e resfriamento de peças fundidas.
242
Recozimento
Generalidades
243
Ti-6Al-2Nb-1Ta-0,8Mo 790 – 900 1–4 Ar
Ti-6Al-4V 705 – 790 1–4 Ar ou forno
Ti-6Al-6V-2Sn 705 – 815 3/4- 4 Ar ou forno
(Cu + Fe)
Ti-3Al-2,5V 650 – 750 1/2 - 2 Ar
Ti-6Al-2Sn-4Zr-6Mo Geralmente Geralmente Geralmente
não recozido não recozido não recozido
Ti-5Al-2Sn-4Mo Geralmente Geralmente Geralmente
-2Zr-4Cr não recozido não recozido não recozido
(Ti-17)
Ti-7Al-4Mo 705 – 790 1–8 Ar
Ti-6Al-2Sn-2Zr- 705 – 815 1–2 Ar
2Mo-2Cr-0,
25Si
Ti-8Mn 650 – 760 1/2 - 1 Forno até 540º
e depois ar
Ti-13V-11Cr-3Al 705 – 790 1/6 – 1 Ar ou água
Ti-11,5Mo-6Zr-4,5Sn 690 – 760 1/6 – 1 Ar ou água
(Beta III)
Ti-3Al-8V-Cr-4Zr-4Mo 790 – 815 1/4- 1 Ar ou água
(Beta C)
Ti-10V-2Fe-3Al Geralmente Geralmente Geralmente
não recozido não recozido não recozido
Ti-15V-3Al-3Cr-3Sn 790 - 815 1/12 – 1/4 Ar
244
quando o material é exposto às elevadas temperaturas de serviço. As ligas alfa-beta
possuem fração de fase beta relativamente baixa, como é o caso da liga Ti-6Al-4V, por
exemplo, e podem ser resfriadas ao ar a partir da tempera de recozimento, sem prejudicar
sua estabilidade. O resfriamento muito lento em forno pode promover a formação da fase
Ti3Al, a qual pode reduzir a resistência à corrosão sob tensão. No caso de ligas que são
solubilizadas e envelhecidas, o tratamento de envelhecimento pode ser visto, em alguns
casos, como um tratamento térmico de estabilização.
Uma ampla gama de níveis de resistência mecânica pode ser obtida nas ligas alfa-
beta e beta por tratamentos de solubilização e envelhecimento. A origem das respostas
ao tratamento térmico das ligas de titânio está na instabilidade da fase beta de alta
temperatura nas temperaturas mais baixas. O tratamento de solubilização e
envelhecimento (estabilização) geralmente, mas nem sempre, é realizado após as
operações de trabalho mecânico para gerar propriedades mecânicas otimizadas.
Aquecendo-se uma liga alfa-beta à temperatura de solubilização, produz-se uma maior
fração de fase beta. Esta partição de fases é mantida pelo resfriamento rápido pós-
solubilização, quando é realizado o envelhecimento subseqüente, a decomposição de
fase beta instável e da martensita (caso esta exista) acontece. As ligas comerciais beta,
geralmente fornecidas na condição solubilizada, precisam somente de envelhecimento
para atingir as propriedades desejadas.
Após a limpeza, os componentes de titânio devem ser colocados em suportes que
permitam acesso livre ao meio de aquecimento e de resfriamento rápido. Componentes
espessos e finos da mesma liga podem ser solubilizados juntos, mas o tempo de
tratamento é determinado pela peça de maior espessura. Para determinar o tempo
necessário para a maior parte das ligas, a regra consiste em considerar 20 a 30 minutos
para cada 25 mm de espessura, seguido pelo tempo necessário de manutenção à
temperatura. Uma carga pode ser colocada diretamente num forno operando à
temperatura de solubilização. Embora o pré-aquecimento não seja essencial, pode ser
utilizado para minimizar distorções em peças com formato complexo.
Tratamento de Solubilização
246
se baseia em considerações práticas como o nível desejado de propriedades de
resistência à tração e de ductilidade a ser obtido após o envelhecimento.
247
requisitos de tempos de resfriamento curtos. Dependendo da massa das seções que
estão sendo tratadas, algumas ligas alfa-beta podem tolerar um tempo de no máximo 7
segundos, ao passo que ligas beta altamente estabilizadas podem permitir tempos de
resfriamento da ordem de até 20 segundos.
Envelhecimento
3 Tratamentos Termoquímicos
Generalidades
250
ser removida.
Um revestimento pode aplicado com spray antioxidante antes da operação de
limpeza das chapas de modo a minimizar o acúmulo de oxigênio durante o tratamento
térmico. Estes revestimentos funcionam bem em temperaturas de até 760 ºC, mas seu
uso não elimina completamente a necessidade de remover o óxido superficial após o
tratamento térmico.
O perigo do acúmulo de hidrogênio é de maior importância do que a oxidação, uma
vez que o hidrogênio não forma uma camada visível na superfície, que possa ser usada
como indicador do excesso de hidrogênio no metal. As especificações atuais limitem os
teores de hidrogênio a um valor máximo da ordem de 125 a 200 ppm, dependendo do tipo
de liga e de operação de conformação. Acima desses limites o hidrogênio fragiliza
significativamente algumas ligas de titânio, reduzindo assim a resistência ao impacto e à
tração de corpos de prova entalhados, causando também trincamento retardado.
Acúmulo de Hidrogênio
Com exceção dos tratamentos térmicos em alto vácuo, banhos de sais e gases
quimicamente inertes como o argônio, todas as atmosferas de tratamento térmico contêm
um certo teor de hidrogênio em temperaturas usadas no recozimento do titânio.
Combustíveis á base de hidrocarbonetos produzem hidrogênio como subproduto da
combustão incompleta; fornos elétricos com atmosfera de ar contêm hidrogênio como
resultado da decomposição do vapor d’água. Entretanto, por ser possível tolerar
pequenos teores de hidrogênio no titânio e devido ao fato de que vácuo e atmosferas
inertes representam um alto custo, a maioria das operações de tratamento térmico de
titânio são realizadas em fornos convencionais que utilizam atmosfera oxidante, a qual
proporciona ao titânio uma camada de óxido protetor que retarda o acúmulo de
hidrogênio.
Taxas de Oxidação
As taxas de oxidação das ligas de titânio variam muito. A liga Ti-6Al-4V apresenta
taxas de oxidação inferiores às da liga Ti-5Al-2,5 Sn e às do titânio comercialmente puro,
sendo praticamente nula a 650 ºC. E mesmo em temperaturas mais elevadas, da ordem
de 980 ºC, a liga Ti-6Al-4V oxida a uma taxa de 25 mg/cm 3, enquanto a liga Ti-5Al-2,5 Sn
na mesma temperatura oxida a quase 150 mg/cm3 e o titânio comercialmente puro a
cerca de 80 mg/cm3.
251
Nitrogênio
Cloretos
252
tratamento térmico.
Um método para verificar a completa remoção da camada oxidada consiste em
atacar o componente com uma solução composta por 18 g de bifluorito de amônia por litro
de água. A presença ou ausência da camada oxidada é detectada pela diferença de
características obtidas após o ataque: uma coloração cinza clara mostra a presença da
camada oxidada, enquanto uma coloração cinza escura indica a ausência desta camada
oxidada. Se um componente forjado for usinado, o tratamento com bifluorito de amônia
deve ser precedido por um ataque numa solução contendo 5 % de ácido fluorídrico e 30
% de ácido nítrico em água. Para outros tipos de produtos trabalhados mecanicamente,
como placas, por exemplo, geralmente é feita uma observação em estéreo-microscópio
em amostras representativas tiradas da placa.
Pequenos teores de hidrogênio (100 a 200 ppm) podem ser tolerados em ligas de
titânio, dependendo do tipo de aplicação, que define a norma à qual o produto se aplica.
Elevados teores de hidrogênio podem levar à falha prematura de um determinado
componente. O acúmulo de hidrogênio no material ocorre não apenas durante o
tratamento térmico, mas também durante a decapagem ou operações de limpeza química
em geral utilizadas para remover a camada externa oxidada. A quantidade de hidrogênio
acumulado só pode ser determinada por análise química. Se for encontrado um elevado
teor de hidrogênio, é necessário o recozimento em vácuo. Um típico ciclo de recozimento
em vácuo consiste no aquecimento na temperatura especificada para o recozimento, ou
em temperatura próxima, durante 2 a 4 horas num vácuo não inferior a 10 micrometros.
253
Bibliografia:
a) http://www.msm.cam.ac.uk/phase-trans/2004/titanium/titanium.html
b) http://www.key-to-metals.com/
c) http://en.wikipedia.org/wiki/Titanium
Cobre
O Cobre e suas ligas são, o terceiro metal mais utilizado no mundo, perdendo
apenas para os aços e para o alumínio e suas ligas. Suas principais características são as
elevadas condutividades elétrica e térmica, boa resistência à corrosão e facilidade de
fabricação, aliadas a elevadas resistências mecânica e à fadiga. Sua densidade é de 8,94
g/cm³, um pouco acima da do aço, e sua temperatura de fusão é de 1083 ºC. As
propriedades mecânicas do cobre laminado e recozido são: σ u = 23-25 kg/mm² δ = 40-
50% Bhn = 30-40
Quando trabalhado a frio tem. Significativamente, aumentada sua resistência mecânica
assim como reduzido seu alongamento, adquirindo as seguintes propriedades: σu = 40-43
kg/mm² δ = 1-2 % Bhn = 100-120.
Devido a sua grande dutilidade o cobre pode ser trabalhado com facilidade seja a
quente (550-750°C) ou a frio (com recozimento intermediário a 500-600°C).
A micro estrutura do cobre puro (99.26% Cu) e recozido está ilustrado na fig. 225 a.
As propriedades mais importantes do cobre são as altas condutividades elétrica (58 x 10 4
Ω-1cm-1 a 20°C no estado recozido) e térmica (0,910 cal/cm.s.°C – coeficiente linear de
expansão térmica 16,42 x 10-6 mm/mm.°C). Essas propriedades do cobre são as bases
para sua aplicação como condutor elétrico/térmico e muitas vezes são empregadas como
referência para expressar as condutividades de outros metais.
O cobre tem uma excelente resistência à corrosão atmosférica devido à formação
de um filme protetor em sua superfície, constituído de CuSO 3.3Cu(OH)2.
254
Classificação
Existem vários tipos de liga de cobre. Os elementos de liga são adicionados ao cobre
com o intuito de melhorar a resistência, a ductilidade e a estabilidade térmica, sem causar
prejuízos à formabilidade, condutividades elétrica e térmica e resistência à corrosão
característicos do cobre. As ligas de cobre apresentam excelentes ductilidade a quente e
a frio, ainda que um pouco inferiores às do metal puro. As grandes ligas de cobre são
divididas nos grandes grupos listados abaixo:
Ligas de Cobre
O cobre puro quase não tem aplicação estrutural devido às suas baixas
propriedades mecânicas. A composição e classificação do cobre devido à quantidade e
tipo de impureza presente são apresentadas na tabela 55. Cobre tipo M0 e M1 são
comumente usados como condutores elétricos e como constituintes de ligas com altas
propriedades mecânicas. Os tipos M2 e M3 são utilizados para ligas forjadas e o tipo M4
para bronze fundido e ligas de menor importância.
Ligas de bismuto e cobre (fig. 256 a) formam um eutético com baixo ponto de
fusão que se arranja ao longo dos contornos de grão quando o cobre se solidifica (fig. 255
b). Essa liga falha facilmente quando trabalhada a frio devido à fragilidade do composto
presente no contorno de grão. Esse tipo de fragilidade é chamada de cold shortness.
Quando trabalhado a quente o eutético funde e separa os grãos induzindo, também, o
material a falhar. É impossível trabalhar a quente cobre que contenha centésimo de por
cento de bismuto. Todas as ligas cobre-bismuto são red-short.
Ligas de chumbo e cobre também formam um eutético com baixo ponto de fusão
(fig 256 b) provocando o comportamento red-shortness no cobre. No entanto a quantidade
tolerada de chumbo é maior que a do bismuto, como se pode observar na tabela 55.
Enxofre e oxigênio formam compostos frágeis com o cobre; Cu 2S e Cu2O. Esses
compostos formam um filme ou rede no contorno de grão (fig 255 c), na forma eutética (fig
256
256 c), interferindo no trabalho a frio, tornando a liga cold-short. Além disso o óxido
cúprico é suscetível ao ataque de hidrogênio quando aquecido; o hidrogênio difunde-se
no metal reagindo com o óxido: Cu2O + H2 → 2Cu + H2O. Forma-se vapor de água dentro
do material, criando regiões de alta pressão que, por sua vez, geram micro-trincas e
flocos ao longo do material induzindo a falha completa da peça.
Outra impureza digna de nota é o antimônio que se dissolve completamente no
cobre e, embora não seja considerada uma impureza danosa, interfere na
trabalhabilidade do material. Ligas de cobre com zinco, alumínio, estanho e outros,
apresentam melhores propriedades mecânicas e de fabricação do que as do cobre puro
e, por isso, são utilizadas de forma ampla na indústria.
257
Como está evidente na figura 257, a solução sólida beta tem uma ampla faixa de
homogeneidade em altas temperaturas. Ela se decompõe assim que a temperatura é
diminuída e os cristais em excesso da fase γ ou da fase alfa começam a se precipitar da
solução.
A fase γ, formada em ligas de cobre com alta porcentagem de zinco, é uma solução
sólida fundamentada no complexo eletrônico Cu5Zn8 (21/13), tendo um complexo cúbico
entrelaçado. A fase γ é um componente muito frágil e, por esta razão, o latão intencionado
para serviço de tratamento térmico consiste completamente da fase alfa (latão-alfa) ou da
mistura de alfa+ β’ (latão alfa+ β’).
Microfotografias de latão alfa e de latão alfa+ β’ usados extensivamente estão
dispostos na figura 258 e na figura 258-2 e 258-3.
50 m
258
100 m
259
particular, quando exposto à agente corrosivo reativo. Isto leva à desintegração e falha do
metal, ou seja, sendo propício a trincas. A dureza considerável do Latão não possibilitará
uma superfície plana sem marcas a ser obtido no processamento. Então uma pequena
quantidade de chumbo é adicionada para melhorar o processamento.
O chumbo no Latão forma pequenas inclusões localizadas preferencialmente no interior
do grão.
As ligas de Latão podem ser divididas em três grupos:
1) Latão com elevada resistência à corrosão,
2) Latão de alta dureza,
3) Latão de antifricção (que reduz o atrito ou fricção).
O Latão bem trabalhado contém uma pequena quantidade de elementos de liga e
são soluções sólidas homogêneas à base de cobre. Isto explica sua alta plasticidade e
maleabilidade. O Latão fundido, o qual não requer alta ductilidade, contém grandes
quantidades de adições especiais. As ligas de cobre-zinco como também as ligas de
cobre-zinco-prata, são usadas em grande volume como solda de latão (seu ponto de
fusão varia entre 700°C à 850°C).
Bronze
Ligas de cobre com todos os outros elementos exceto zinco são chamadas de
bronze. Zinco pode ser um componente de bronze, mas apenas em conjunto com os
outros componentes e de um montante relativamente pequeno. Bronze-estanho. O
diagrama de equilíbrio Cu-Sn é mostrado na Fig. 260. No sistema Cu-Sn, a fase α é uma
solução sólida de cobre estanho. O número de elétrons para o tipo Cu 31Sn8, tem uma
razão 21/13 elétrons de valência para o número de átomos e Cu3Sn (7/4) também são
formados neste sistema.
260
O diagrama (Fig. 260) mostra que o sistema Cu-Sn tem vários pontos de
transformação peritéticas e dois pontos de transformação eutetóide no estado sólido. A
587 ˚C, a fase β cristalina submetida a um eutetóide decompõe-se e forma uma mistura
da fase α e γ, enquanto a 520 ˚C, a solução sólida da fase γ se decompõe em uma
mistura de fase α e Cu31Sn8. A uma temperatura de cerca de 350 ºC, o composto de
elétrons, Cu31Sn8, se decompõe na solução sólida de fase α e composto Cu 3Sn. Esta
transformação ocorre apenas em um estado de completo equilíbrio; Sob condições reais
de resfriamento a estrutura do bronze consiste em uma das fases α + Cu31Sn8. Apenas a
parte esquerda do diagrama é de importância prática. Ela corresponde à formação da
solução sólida alfa de estanho em cobre.
261
100 m
A curva dada na Fig. 262 mostra a variação das propriedades mecânicas do bronze em
função da quantidade de estanho presente.
262
100 m
Por conseguinte, apenas o bronze contendo até 5-6% de Sn é viável. As ligas bronzes
estanho apresentam boa “castabilidade” e são amplamente utilizadas na fundição.
Uma característica particular do bronze é sua propriedade anti-fricção, devido a
uma estrutura dendritica bem formada na solidificação da liga (Fig. 261), onde os eixos
das dendritas contêm menos estanho que nos espaços entre elas. Na operação desse
bronze como rolamento, essa combinação de componentes duros e suaves é importante
uma vez que as áreas duras suportam o eixo enquanto as macias são submetidas ao
desgaste por fricção que promove a formação de minúsculos canais por onde o
lubrificante circula. Zinco pode ser adicionado à liga bronze estanho. Isto permite que o
conteúdo de estanho seja reduzido e isso é feito com freqüência para reduzir os custos e
melhorar a “castabilidade”.
A trabalhabilidade do bronze pode ser melhorada através de uma adição chumbo
enquanto o fósforo age como um desoxidante quando adicionado às ligas de bronze, bem
como um elemento de fortalecimento das mesmas. Uma adição de cerca de 1% de
fósforo melhora a “castabilidade”, aumenta as propriedades mecânicas e de anti-fricção.
Ligas de bronze estanho forjadas são recozidas (600–650 ˚C), como um processo
intermediário antes do trabalho a frio ou como operação final dando as propriedades
requeridas para um produto semi-acabado (folhas ou tiras).
Bronzes que contem grandes quantidades de estanho são ligas muito caras e que
estão sendo substituídas por ligas mais baratas como os bronzes de baixo estanho com
adição de zinco, chumbo, níquel e outros metais.
A tabela 58 lista as propriedades das várias ligas estanho bronze.
263
Bronze forjado
20 - 50 10 – 28 80 - 150
Tabela 58
Como estanho é muito caro, utiliza-se ligas de bronze sem estanho (tinfree), as quais
encontraram várias aplicações na indústria. Suas características estão listadas na tabela
59.
Propriedades Mecânicas da ligas Bronze tinfree
σu (kg/mm²) Bhn
Ligas Bronze alumínio
40 – 60 2 – 13 100 - 250
Ligas Bronze silício
50 – 90 1 – 15 -
Ligas Bronze berílio
Até 150 2–3 370
Ligas Bronze chumbo
6 – 12 4 25
Tabela 59
A maioria das ligar de bronze tinfree tem propriedades mecânicas superiores às da liga
bronze estanho, melhor resistência à corrosão, excelente propriedade anti-fricção, etc, e,
portanto, têm encontrado generalizadas aplicações na indústria. Sua trabalhabilidade e
“castabilidade”, no entanto, são inferiores às das ligas bronze estanho.
Ligas bronze alumínio são amplamente empregadas. É evidente no diagrama equilíbrio
Cu-Al (Fig. 263) que todas ligas alumínio bronze, aplicáveis na prática industrial, são
constituídas pela solução homogênea sólida alfa e uma mistura de fase α + γ ‘
.
264
O eutetóide constituinte α + γ ‘ é formado como
resultado da decomposição da fase β, esta, no entanto, é
encontrada quando o bronze possui uma fração de e alumínio
de 6-8%, mediante resfriamento rápido nas condições reais. O
efeito da adição de alumínio sobre as propriedades mecânicas
do cobre é ilustrado nas curvas no Fig. 264. A queda no
alongamento relativo é devido ao surgimento da fase γ, que é
frágil, na estrutura. As variações dessas propriedades
determinam os procedimentos e técnicas de trabalho desses
bronzes.
Bronze contendo até 6-8% Al pode ser trabalhado com
êxito quer a quente ou a frio. As propriedades mecânicas
destes bronzes são consideravelmente melhores devido ao endurecimento por tensão.
Bronze contendo 10% Al só pode ser trabalhado em altas temperaturas, mas são
facilmente produzidos e são muito utilizados como matéria para fundição. Todos os
bronzes de alumínio têm boa resistência à corrosão e uma adição de ferro a eles pode
refinar suas propriedades mecânicas.
As melhores combinações de propriedades mecânicas podem ser obtidas para os
componentes feitos liga específica, aplicando normalização ou endurecimento, consistido
no aquecimento a 650 ˚C seguido por resfriamento em água.
As elevadas propriedades mecânicas desenvolvidas em temperatura ambiente por
ligas bronze alumínio, com adições de níquel, são mantidas também em elevadas
temperaturas. É muito desejável adicionar manganês a esses bronzes, pois melhoram
tanto as propriedades mecânicas quanto as de fabricação, e, em particular, a
formabilidade.
Ligas de bronze silício, em certos casos, como na fabricação de molas, é usada
como substituto às ligas bronze estanho, por serem mais baratas e, com a adição de
manganês, passam a apresentar boas propriedades mecânicas.
Ligas Berílio bronze apresentam propriedades mecânicas excepcionalmente
elevadas após tratamento térmico. Após o endurecimento (ou, mais propriamente,
tratamento térmico de solução), atingindo 800 ˚C e resfriado em água, estas ligas
adquirirem resistência mecânica de 54 kg/mm² e um alongamento relativo de 25%. A
subseqüente têmpera (endurecimento por idade) a 350 ºC por uma ou duas horas
265
aumenta a resistência mecânica para 150 kg/mm² enquanto o alongamento relativo cai
para 2-4%.
Ligas de bronze-berílio são excelentes materiais para se usar como molas devido
a seu alto módulo de elasticidade e resistência a fadiga e corrosão, além de sua alta
dureza e resistência ao desgaste. Sua desvantagem é o seu alto custo.
Ligas de bronze-chumbo são aplicadas como rolamento de maquinários
apresentando desempenho satisfatório mesmo quando submetidos a altas pressões e
velocidades. No estado sólido chumbo e cobre são praticamente insolúveis entre si e a
estrutura desses bronzes consiste em cristais de cobre e de chumbo macio, o que lhe
proporcionam uma excelente propriedade anti-fricção. A desvantagem dessas ligas é que
tendem a segregação e, para evitar isso, são necessários procedimentos especiais
durante sua fabricação.
Ligas de cobre-níquel são utilizadas industrialmente como materiais resistentes à
corrosão para serviços em altas temperaturas como, também, para instrumentos
cirúrgicos, moedas, utensílios domésticos, ornamentos, e com cerca de 30% de Ni são
amplamente utilizadas para fabricação de tubos de condensadores navais devido à sua
boa resistência a corrosão em água do mar. Já ligas cobre-níquel com cerca de 40% Ni e
1,5% Mn, apresentam sua resistividade elétrica praticamente constante independente da
temperatura e, por isso, são usadas para a fabricação de reostatos e aparelhos térmicos
que operem em temperaturas moderadamente elevadas.
Sistema de classificação
O sistema de classificação unificado do UNS divide o cobre em dois tipos: ligas
266
trabalhadas e ligas
fundidas.
Recozimento
As ligas de cobre trabalhadas a frio são suscetíveis à corrosão sob tensão mesmo
em temperaturas e atmosferas/ambientes comuns. Esse tipo de degradação é acelerado
em ambientes que contêm amônia e é mais comum em ligas que contêm mais de 10 %
de zinco. O latão naval e o latão com alumínio são especialmente suscetíveis.
O alívio de tensões é obtido mediante aquecimento adequado ou flexão mecânica.
Freqüentemente uma combinação de aquecimento e de ação mecânica é o método mais
efetivo para aliviar tensões. O aquecimento para alívio de tensões é feito de maneira lenta
e uniforme e em temperaturas inferiores à temperatura de recristalização da liga. A flexão
mecânica é feita ao se submeter o material encruado ao endireitamento ou achatamento
em máquinas que realizam esses tipos de operação em vergalhões, tubos, placas e
chapas.
269
Fatores que afetam o Tratamento Térmico
O primeiro requisito é a uniformidade da têmpera. Já foi mencionado que o
tamanho de grão é a grandeza padrão para determinar a têmpera. Outro aspecto a ser
considerado é o acabamento superficial, que determina o tipo de forno, combustível,
atmosfera protetora e limpeza a ser realizada antes e após o aquecimento. A temperatura
especificada determina o tipo de forno, se de construção leve ou pesada, o tipo de
combustível e o tipo de controles necessários. A temperatura também afeta o
acabamento. Lubrificantes usados no processamento do metal podem ser queimados em
temperaturas elevadas, deixando um depósito que adere à superfície, enquanto baixas
temperaturas não permitem a queima completa dos óleos, exigindo a limpeza do metal
antes do tratamento térmico. O recozimento em baixa temperatura se constitui em uma
270
ajuda considerável ao recozimento limpo de ligas contendo zinco.
O tempo durante o qual o material é mantido no forno é determinado pela massa a
ser aquecida e pelo método de carregamento. De um modo geral quanto menos tempo o
material permanece no forno, mais limpo ele estará ao término do aquecimento. O uso de
ventiladores, que promovem a circulação forçada de ar em câmeras de aquecimento e de
resfriamento, pode reduzir o tempo dessas operações em até 30 %.
cob
272
Aplicações
O Cobre e suas ligas encontram aplicações nos mais diversos setores: construção
civil, elétrica, automobilística, arquitetura, eletro-eletrônica, mecânica, objetos decorativos,
bélica, mineração, construção naval e exploração petrolífera, entre outras.
Referência Bibliográfica:
273