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Principios Fisicos Da Ressonancia Magnetica PDF
Principios Fisicos Da Ressonancia Magnetica PDF
Alessandro A. Mazzola1,2
Introdução
1
PhyMED – Consultores em Física Médica e Radioproteção – Av. Osvaldo Aranha, 1180/303 – Porto Alegre, RS/Brasil
2
Unidade de Diagnóstico por Imagem - Hospital Moinhos de Vento – Rua Ramiro Barcelos, 910 - Porto Alegre, RS/Brasil
amazzola@phymed.com.br
1
de campo magnético é coletado, processado e convertido numa imagem ou
informação.
RMN
2
Figura 1. Átomo de hidrogênio. O núcleo é composto somente pelo próton.
3
Juntamente com o spin o próton de hidrogênio possui outra propriedade chamada de
momento magnético, que faz com que o mesmo se comporte como um pequeno imã
ou um pequeno magneto. Esta analogia é valida se visualizarmos o próton como
uma pequena esfera carregada (carga positiva) e girando em torno de seu próprio
eixo (spin). Como para toda partícula carregada em movimento acelerado surge um
campo magnético associado, o próton de hidrogênio se comporta como um pequeno
magneto, ou um dipolo magnético. Podemos utilizar um vetor para descrever cada
dipolo magnético, ou cada próton, como mostra a Figura 1.
Figura 2. O próton de hidrogênio pode ser visto como uma pequena esfera (1) que possui um
movimento de giro (spin) em torno do seu próprio eixo (2). Por ser uma partícula carregada
positivamente (3) irá gerar um campo magnético próprio ao seu redor (4) se comportando
como um pequeno dipolo magnético (4) ou como um imã (5) com um momento magnético (µ)
associado.
4
o sul Magnético, os prótons de hidrogênio apontam paralelamente ao campo e
antiparalelamente. As duas orientações representam dois níveis de energia que o
próton pode ocupar: o nível de baixa energia (alinhamento paralelo) e o nível de
maior energia (alinhamento antiparalelo), como mostra a Figura 2. No modelo
quântico um dipolo nuclear somente pode ter 2I+1 orientações com o campo,
correspondendo a 2I+1 níveis de energia. O próton de hidrogênio (I=1/2) possuem
duas possíveis orientações, que correspondem aos níveis de baixa e alta energia.
Figura 3. Prótons de hidrogênio sob a ação do campo magnético externo aplicado. Os prótons
se distribuem em dois níveis de energia, sendo que um pequeno número maior de prótons se
alinha paralelamente.
A distribuição dos spins nos dois níveis é regida pela distribuição de Boltzmann:
E
NP −
= e kT
N AP (1)
Em que NP é o número de spins alinhados paralelamente, NAP é o número de spins
alinhados antiparalelamente, k é a constante de Boltzmann (k=1,3805x10-23
€
joules/kelvin) e T é a temperatura absoluta em kelvin. Para um campo de magnético
de 1,5 T e na temperatura média do tecido humano, a diferença entre os spins que
ocupam o estado de menor energia e o de maior energia é de aproximadamente 5
para 1 milhão. Do ponto de vista prático é somente com estes 5 spins resultantes
com que poderemos trabalhar para produzir sinal detectável na bobina.
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Movimento de Precessão e Equação de Larmor
ω = γ B0 (2)
Magnetização do Tecido
Como nas imagens a menor unidade será o voxel, e este é da ordem de 1,0 mm3 ou
mais, é o efeito combinado dos prótons de hidrogênio que irá nos interessar. A
magnetização resultante em cada voxel é o resultado da soma vetorial de todos os
spins que resultaram do cancelamento mútuo. No equilíbrio, a magnetização
resultante possui somente a componente horizontal (ao longo de B0). É fundamental
que neste momento façamos a localização espacial do vetor magnetização.
6
Figura 4. Eixos de coordenadas usados em IRM e o vetor momento magnético (µ) associado
ao próton de hidrogênio.
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Aplicação do Campo de Radiofrequência (B1)
Para que uma corrente elétrica seja induzida em uma bobina posicionada de forma
perpendicular ao plano transversal é necessário que o vetor magnetização como um
todo, ou parte dele, esteja no plano transversal e que possua coerência de fase. Se
todos os momentos magnéticos individuais forem desviados em 90º para o plano
transversal e todos estiverem precessando na mesma posição (mesma fase),
teremos o máximo de sinal induzido nesta bobina. Para reorientar o vetor
magnetização, um segundo campo magnético de curta duração (pulso) tem que ser
aplicado. Este campo B1 (pulso de radiofrequência) deve ser perpendicular a B0 e
deve estar em fase com a frequência de precessão.
O efeito no vetor M é o de afastá-lo, por um dado ângulo de desvio (α), do
alinhamento com o B0. Um dos pulsos de RF mais utilizados é o que irá resultar em
um ângulo de desvio de 90º, transferindo assim todo o vetor M para o plano
transversal.
Pulsos de 180º também são utilizados e são chamados de pulsos de inversão
(Figura 6).
A emissão deste pulso de RF é normalmente feito pela chamada bobina de corpo e
a detecção do sinal é feita por uma bobina local, como a bobina de crânio.
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- Faz com que os núcleos precessem, momentaneamente em fase no plano
transversal
Figura 7. Sinal de Indução Livre (SIL) gerado pelo retorno da magnetização para o alinhamento
após a aplicação de um pulso de RF de 90º.
A relaxação dos spins que gera o sinal de indução livre (SIL) é causada pelas trocas
de energia entre spins e entre spins e sua vizinhança (rede). Estas interações são
chamadas de relaxação spin-spin e spin-rede e juntas fazem com que o vetor M
retorne ao seu estado de equilíbrio (paralelo a B0). Duas constantes de tempo foram
criadas para caracterizar cada um destes processos: T1 e T2. A constante T1 está
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relacionada ao tempo de retorno da magnetização para o eixo longitudinal e é
influenciada pela interação dos spins com a rede. A constante T2 faz referência a
redução da magnetização no plano transversal e é influenciada pela interação spin-
spin (dipolo-dipolo).
t
−
M z = M L = M 0 ⋅ (1− e T1
) (3)
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Figura 9. Retorno da magnetização longitudinal (Mz) ao alinhamento. O tempo T1 caracteriza
este retorno.
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Constante de Tempo T2 versus T2*
Miocárdio 870 60
Músculo 870 50
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Figura 11. Imagem turbo spin eco ponderada em T2, mostrando na imagem ampliada a
resolução de contraste obtida devido às diferenças nos tempos T2 entre os tecidos
envolvidos.
13
que o eco irá surgir através dos tempos e de aplicação dos pulsos, porém a
defasagem e refasagem serão dependentes dos tipos de tecido em questão. Mais
tarde abordaremos a sequência de pulso gradiente eco, na qual poderemos
manipular também a defasagem e a refasagem.
Figura 12. Sequência de Pulso Spin Eco. Pulso de 90º e aplicação no tempo (TE/2) do pulso de
RF de 180º.O tempo entre sucessivos pulsos de RF de 90º é chamado de TR, ou tempo de
repetição.
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gradientes de campo magnético. Em 1973, Paul Lauterbur [6] propôs o uso de
gradientes de campo magnético, permitindo assim a codificação espacial do sinal.
Lauterbur mostrou que, adicionando gradientes de campos magnéticos lineares e
obtendo uma série de projeções da distribuição de sinal, ele poderia reconstruir uma
imagem através da mesma retroprojeção filtrada usada por Hounsfield para
obtenção de imagens de tomografia computadorizada por raios-X [0]. O método foi
aprimorado por muito outros pesquisadores, incluindo Peter Mansfield, o qual propôs
também a sequência de pulso eco planar (EPI) que será tratada mais adiante [8].
Até aqui consideramos que o campo magnético produzido pelo magneto possuí um
valor único e uniforme. Desta forma, se todo um volume de tecido, como o cérebro,
for posicionado neste campo e um pulso de RF for enviado com valor de frequência
exatamente igual a frequência de precessão dos prótons de hidrogênio, todo o
volume será excitado. Os prótons de hidrogênio do volume como um todo receberão
energia do pulso de RF e retornarão sinal para a bobina. Este sinal contém
informação de todo o tecido cerebral, mas não possibilita que saibamos de que parte
do cérebro ele provem.
€
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Em que Gz é a intensidade do gradiente aplicado (mT/m) na direção z e Bz(z) será o
novo valor de campo magnético numa dada posição z. O novo campo criado
localmente com o acionamento do gradiente irá fazer com que a frequência de
precessão mude, ou seja, cada posição do tecido na direção de aplicação do
gradiente precessa em uma frequência diferente. A Figura 13 exemplifica o
acionamento do gradiente. A frequência poderá ser usada agora para localizar
espacialmente o sinal.
Figura 13. Efeito de aplicação de um gradiente de campo magnético na direção do eixo z com
amplitude de 45 mT/m. As alterações na frequência de precessão dentro do volume de
interesse se modificam de acordo com a posição ao longo do eixo z.
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gradiente de seleção de corte for acionado na direção z, cada posição ao longo do
eixo da mesa irá precessar com uma valor diferente de frequência. Se este gradiente
permanecer ligado, podemos enviar um pulso de RF com frequência central de
precessão igual a da região que queremos excitar. Dividimos assim o paciente em
cortes axiais. Os outros dois gradientes (codificação de fase e frequência) serão
acionados nos eixos que restaram (x e y ou y e x).
Figura 14. Diagrama simplificado da sequência de pulso Spin Eco mostrando o acionamento
dos gradientes de seleção de corte (GSC), codificação de fase (GCF) e codificação de
frequência ou de leitura (GL). Sempre que um pulso de RF é transmitido (RFt) ocorre o
acionamento de um gradiente de seleção de corte.
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Domínio do Tempo VS Domínio de Frequências – Fourier
Somente depois de coletar 64, 128, 256 ou mais ecos e armazená-los no chamado
espaço K é que aplicaremos a transformada de fourier (TF) para passar do domínio
do tempo para o domínio de frequências, obtendo a imagem de RM. Uma descrição
completa deste processo é apresentada por autores como Bracewell [0] e
Gallagher[0]. Abordaremos a seguir o conceito de espaço K de forma mais simples e
sua importância prática.
Espaço k
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Figura 15. Espaço K e a imagem de RM correspondente após a aplicação da transformada de
fourier bidimensional (TF 2D).
Características do Espaço k
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corte. Se por exemplo um pequeno artefato de entrada de RF na sala de
exames ocorrer em um dado instante durante a sequência de pulso, a
presença deste artefato bem localizado no tempo poderá gerar um artefato
que se propagará para toda a imagem de RM;
2) Quanto maior o número de linhas do espaço k, maior é a quantidade de sinal
coletado, porém maior é o tempo necessário. Se em uma sequência de pulso
Spin Eco cada linha do espaço k é preenchida a cada tempo de repetição
(TR), o tempo total para adquirir uma ou mais imagens será diretamente
proporcional ao número de linhas do espaço k;
3) As linhas centrais do espaço k estão diretamente relacionadas ao contraste
na imagem de RM e a periferia à resolução espacial;
4) Uma imagem de RM pode ser formada por mais que um espaço k. A escolha
do número de espaços k que irão ser utilizados para gerar uma imagem é um
parâmetro controlado pelo operador e costuma ser chamado de número de
aquisições ou número de excitações (NEX). Passar de um para dois espaços
k faz com que o tempo total de aquisição dobre, com o benefício de melhorar
em cerca de 40% a relação sinal-ruído na imagem.
Formas de preenchimento
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Figura 16. Esquema representativo das formas de preenchimento do espaço k. A diferença
entre a forma cartesiana (a) e a cêntrica (c) é que ao invés de iniciar o preenchimento por um
dos extremos do espaço k o método cêntrico inicia pela parte central.
Duas grandes famílias de sequências de pulso são usadas para formar imagens de
RM: Spin Eco (SE) e Gradiente Eco (GRE). A partir destas duas famílias se originam
uma diversidade de sequências de pulso que serão criadas, modificadas e
aperfeiçoadas para atender necessidades específicas de cada região do corpo e
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patologia. A Figura 17 apresenta um exemplo das sequencias de pulso e imagens
usadas para o exame do encéfalo.
A sequência de pulso Spin Eco (SE) ou Eco de Spin se caracteriza pela aplicação de
um pulso inicial de RF de 90º, seguido de um pulso de RF de 180º e a coleta de um
eco (Figura 14). Uma linha do espaço K é preenchida a cada tempo de repetição
(TR). A ponderação na imagem é controlada pelo TR e pelo TE. Os tempos típicos
de TR e TE, assim como, sua respectiva ponderação na imagem são apresentados
no quadro abaixo da Figura 18.
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Tempo de Repetição (TR) Tempo de Eco (TE) Ponderação
Figura 19. Imagem SE ponderada em T1 onde foi utilizado TR curto (500 ms) e TE curso (9 ms).
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Figura 20. Imagens Spin Eco (SE) adquiridas com várias combinações de TR e TE para
exemplificar as ponderações na imagem (T1 e T2) assim como imagens que não servem para o
diagnóstico.
24
Figura 21. Imagem ponderada em T2 e DP obtida com sequência de pulso SE Multieco.
Tempo de Aquisição
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Turbo ou Fast Spin Eco (TSE ou FSE) ou Spin Eco Rápida
A sequência de pulso turbo spin eco (TSE) utiliza múltiplos pulsos de RF de 180º,
combinados a múltiplas codificações de fase, dentro de um mesmo TR. Desta forma
um trem de ecos pode ser gerado. Cada eco irá preencher uma linha diferente do
espaço k, reduzindo assim o tempo total de aquisição. O número de pulso de RF de
180º a ser empregado é chamado de fator turbo ou tamanho do trem de ecos. A
redução no tempo total de aquisição é proporcional ao fator turbo, como mostra a
equação abaixo:
TR ⋅ NCF ⋅ NEX
TempoIm agem = (8)
Fator Turbo
Seria excelente que pudéssemos usar um fator turbo tão alto a ponto de reduzir
€
qualquer aquisição a não mais que alguns segundos. O eco coletado a cada pulso
de 180º diminui em amplitude de acordo com o tempo T2 do tecido, ou seja, cada
sinal coletado vai ficando menor a medida que aplicamos mais pulsos de
refocalização, até o ponto que estaremos coletando um sinal comparável ao ruído.
Outra observação sobre as sequências de pulso TSE é o chamado TE efetivo (TEef).
Como uma série de ecos serão gerados dentro de um mesmo TR, o conceito de TE
nos remete a conclusão que esta técnica possuirá múltiplos tempos de eco.
Entretanto o TE que irá afetar de forma mais significativa a ponderação na imagem é
o TE responsável pelo eco que fará o preenchimento da linha central do espaço K. A
este TE é dado o nome de TE efetivo (TEef).
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único tempo de repetição (1 TR). É necessário adquirir um pouco mais da metade do
espaço k (4/8 + 5%). O restante do espaço k é preenchido com zeros, o que mantém
a resolução espacial, mas reduz o sinal total adquirido. Devido ao elevado número
de pulsos de RF de 180º (128 ou mais), o TE efetivo fica bastante alto e com isso a
imagem resultante é altamente ponderada em T2.
Gradiente Eco
As sequências de pulso gradiente eco (GRE) são similares a SE, mas ao invés de
usar um pulso de RF de 180º para refasar os spins, é utilizado um gradiente de
campo magnético, como mostra a Figura 22.
Figura 22. Sequência de Pulso GRE. O pulso de excitação de 90º é substituído por um pulso α
e, ao invés de um pulso de RF de 180º, é utilizado um gradiente codificador de frequência ou
de leitura (GL) para defasar (lobo invertido ou negativo) e após refasar os spins (lobo positivo).
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O uso de gradientes de campo magnético faz com que ocorram defasagens dos
spins, ou seja, suas posições relativas mudam de acordo com a duração e direção
de aplicação dos gradientes. Se um pulso de gradiente de campo magnético for
aplicado numa direção, ele irá induzir uma quantidade de defasagem nos spins. Se
for aplicado um segundo pulso de gradiente de mesma duração e intensidade, irá
ocorrer uma reversão da defasagem e produzirá um eco que chamados de eco do
gradiente ou Gradiente Eco (GRE). Se os valores de TR, TE e ângulo de desvio do
pulso de excitação forem semelhantes aos utilizados em sequências SE, a
ponderação na imagem e o tempo de aquisição serão também semelhantes.
Entretanto, a GRE é mais sensível a inomogenidades de campo magnético e
apresenta mais artefatos na imagem devido a diferenças de susceptibilidade
magnética.
Uma vez que a defasagem e refasagem dos spins para a produção do eco são
agora controladas por um gradiente de campo magnético, é possível reduzir
brutalmente o TR e o TE, mas se faz necessária uma redução no ângulo de desvio
de forma a obter, entre sucessivos pulsos de excitação, uma quantidade adequada
de magnetização longitudinal. A combinação de baixo ângulo de desvio e curto TR e
TE é a base para a maioria das chamadas sequências de pulso rápidas de RM.
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Sequência de Pulso GE Philips Siemens
Spin Eco Rápida FSE TSE TSE
Spin Eco por Única Tomada SSFSE SSTSE HASTE
Spin Eco Rápida com Restauração da Magnetização FRFSE DRIVE RESTORE
Gradiente Eco GRE FE FID
Gradiente Eco (uso de spoiller ou incoerente) SPGR T1-FFE FLASH
Gradiente Eco (sem uso de spoiller ou coerente) GRASS FFE FISP
Gradiente Eco Balanceado FIESTA b-FFE TrueFISP
Figura 23. Quadro contendo alguns acrônimos de sequências de pulso GRE usados pelos
fabricantes.
As sequências de pulso GRE vêm sendo usadas cada vez mais na prática clínica. A
angiografia por RM utiliza aquisições rápidas GRE tanto para evidenciar o fenômeno
de entrada de spins no corte (Figura 24) e assim produzir um hipersinal do vaso em
relação ao tecido estático saturado por RF (angiografia time-of-flight ou TOF)
quando para capturar todo um volume tridimensional durante a passagem do bolus
de meio de contraste a base de gadolínio (Figura 25) para capturar a circulação
arterial ou venosa de uma dada região do corpo.
Figura 24. Imagem axial de uma angiografia de crânio baseada em Time-of-Flight (TOF) onde é
possível identificar vasos arteriais hiperintensos. Nesta imagem, não foi usado meio de
contraste e o hipersinal é gerado exclusivamente pelo fluxo sanguíneo que penetra no fino
corte adquirido com a sequencia GRE.
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Figura 25. Imagem 3D com utilização da técnica de projeção de máxima intensidade (MIP) a
partir de 90 cortes axiais como os da figura anterior de uma angiografia de crânio baseada em
Time-of-Flight (TOF). Este tipo de apresentação permite ao radiologista uma identificação de
aneurismas, obstruções e outras anormalidades que podem ocorrer na anatomia vascular.
Figura 26. Imagem axial GRE do tecido cerebral onde é possível visualizar como áreas de
hipossinal (escuras) o sangue hemorrágico.
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É possível explorar a característica de aquisição rápida das sequências GRE e fazer
uma combinação de velocidade e resolução espacial para obtenção de imagens
durante a infusão de gadolínio para avaliação do tecido mamário. A aquisição 3D
GRE permite obter volumes com resolução milimétrica de todo tecido mamário a
cada minuto e, assim avaliar a impregnação do meio de contraste no tempo (Figura
27).
Figura 27. Imagem axial T1 com uso de saturação de gordura por RF para detecção de nódulos
mamários. Uma imagem a cada 0,9 mm pode ser adquirida de todo o tecido mamário durante
tempo inferiores a um minuto. Juntamente com a infusão de contraste endovenoso, várias
aquisições ao longo do tempo (6 a 8 minutos) podem ser coletadas para avaliar lesões na
mama.
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Figura 28. Reconstrução 3D do encéfalo obtida a partir de uma aquisição 3D T1 FLASH (GRE
com uso de spoiller).
A sequência GRE conhecida como CISS, FIESTA-C ou T2-bFFE (Figura 29) permite
obter imagens 3D com cortes submilimétrico (da ordem de 0,4 mm) em que
demonstra uma imagem com ponderação similar a T2 estruturas tão pequenas como
os canais semicirculares ou o conjunto de pares de nervos cranianos.
Figura 29.Imagem axial CISS com espessura de corte de 0,5 mm da região da orelha e
respectiva reconstrução 3D com uso de técnica de renderização de volume (VRT) para
demonstrar as estruturas da orelha interna..
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Outra forma de adquirir imagens rápidas em IRM é fazer uso da sequência de pulso
EPI (do inglês, Echo Planar Imaging) que será abordada a seguir.
Originalmente descrita por Peter Mansfield em 1977 [8] como uma forma teórica de
aquisição extremamente rápida, teve que aguardar melhorias nos sistemas de
gradientes e radiofrequência para se tornar útil clinicamente. Atualmente a aquisição
EPI é capaz de adquirir uma imagem bidimensional (2D) em tempos tão curtos
quanto 20 milisegundos. Desta forma, desempenhou e continua a desempenhar
papel fundamental para o desenvolvimento de aplicações como difusão, perfusão e
ressonância magnética funcional (RMf). A sequência de pulso EPI se difere das
sequências SE e GRE principalmente na forma como os gradientes de codificação
de fase e frequência são aplicados [0]. Um esquema inicial de aplicação de pulsos e
acionamento de gradientes pode estar baseado em SE ou em GRE. A Figura 30
mostra o diagrama de uma sequência de pulso EPI-SE.
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codificadores de fase, cada eco é coletado e armazenado em uma linha do espaço
k. Se todo o espaço k necessário para formar uma imagem for adquirido dentro de
um TR, chamamos a aquisição EPI de “tiro-único”. A forma de preenchimento do
espaço k é bastante particular para a sequência EPI, pois os ecos são armazenados
linha a linha em “zigue-zague”, como mostrou a Figura 14 (d). Da mesma forma que
na TSE, o TEef será determinado pelo eco que preencher o centro do espaço k. A
ponderação das imagens EPI é baseada em T2*, uma vez que a aquisição de todos
os ecos produzidos ocorre dentro do tempo de decaimento induzido livre. EPI é
bastante susceptível a inomogeneidades de campo.
EPI-SE
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EPI-GRE
A inversão da recuperação não deve ser tratada como uma sequência de pulso
específica, mas sim como um módulo que pode ser adicionado a frente de qualquer
sequência de pulso. O objetivo deste módulo é o de preparar a magnetização
longitudinal para que se consiga, com o início da sequência de pulso e coleta do
sinal, o contraste desejado na imagem ou a anulação do sinal de um determinado
tecido.
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Figura 32. Diagrama da aplicação dos pulsos de RF. O tempo entre a aplicação do pulso de
180º e o pulso de 90º é chamado de tempo de inversão (TI).
TI = T1 × 0,69
€ 36
Como exemplo, podemos considerar o tempo T1 da gordura como sendo igual a 250
ms em equipamentos de 1,5T e, assim., calcular o TI:
STIR
A técnica STIR permite que possamos anular o sinal da gordura e produzir imagens
onde a saturação por uso de pulsos de RF (pulsos de saturação espectral) não é
possível, como em equipamentos de baixo campo (<0,5T), ou onde a
homogeneidade de campo não está adequada, como próximo a implantes de metal.
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FLAIR
O uso do pulso de inversão para anular o sinal do líquor permite que a detecção de
lesões na substância branca cerebral seja melhor visualizada, pois retira o sinal
hiperintenso em imagens ponderadas em T2, permitindo uma análise mais
detalhada do tecido.
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Os agentes de contraste mais comuns em RM estão baseados no uso de gadolínio
(Gd), manganês (Mn) e óxidos de ferro. O paramagnetismo é uma propriedade de
alguns materiais de se alinhar a um campo magnético externo aplicado,
apresentando assim efeito de susceptibilidade ao campo positiva. Em outras
palavras, podemos entender que quando o material paramagnético é colocado no
campo, ele agrupa levemente as linhas de campo na região onde está - aumentando
assim o campo magnético local.
Gadolínio
O íon gadolínio é tóxico e sozinho não poderia ser utilizado. É utilizado junto ao íon
um agente (quelato) que dará segurança e permitirá que o mesmo seja eliminado
após a administração basicamente por via renal. Os meios de contraste a base de
gadolínio são utilizados para avaliar as mais diversas patologias. Especificamente no
tecido cerebral, o gadolínio não ultrapassa a barreira hematoencefálica (BHE)
normal e permanece no meio vascular. Entretanto, em tumores e outras lesões que
afetam ou alteram a BHE, o gadolínio permanece no tecido e assim é detectado,
conforme mostra a Figura 36.
39
Figura 35. Imagem ponderada em T1 adquirida após infusão endovenosa de gadolínio. Este
paciente apresenta tumor cerebral e a hiperintensidade de sinal causada pelo gadolínio
evidencia a quebra da barreira hematoencefálica e extensão da lesão.
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Figura 36. Mapa colorido obtido a partir de processamento de imagens EPI coletadas durante a
infusão de gadolínio, mostrando redução da perfusão cerebral (cor azul escura) num dos
hemisférios cerebrais, como resultado de um acidente vascular (obstrução da artéria carótida
interna).
Figura 37. Imagem TrueFisp (a) e T1 FLASH do coração. As imagens foram obtidas com uso de
sincronia cardíaca e aquisições GRE rápidas.
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Segurança no Uso do Gadolínio
Óxidos de Ferro
Uma vez que a alteração do campo magnético local pode resultar em contraste na
imagem de RM, o uso de partículas superparamagnéticas tem utilidade para o
estudo de algumas doenças. Partículas de óxido de ferro são usadas para estudos
do fígado, baço e sistema linfático, pois se associa ao sistema retículo endotelial.
Basicamente será captado pelos macrófagos do fígado (células de Kupffer) e
causará redução no sinal do tecido normal. Em contrapartida, a lesão não capta e
assim pode ser identificada como uma área de sinal aumentado nas imagens
ponderadas em T2. Por reduzir o sinal no tecido normal é chamado de um meio de
contraste negativo.
Manganês
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O manganês também esta presente em frutas com o abacaxi e o açaí e vem sendo
usado como um meio de contraste oral em exames de colangiografia por RM
(imagens altamente ponderadas em T2) para reduzir o sinal do líquido presente no
estômago e alças intestinais.
Figura 38. Colangio RM antes e após a administração por via oral de suco concentrado de
abacaxi. É evidente a redução do sinal de estômago e alças intestinais na imagem.
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Figura 39. Diagrama simplificado das principais partes de um sistema de RM.
Magneto
Uma divisão em relação ao design criou uma nomenclatura não muito correta que
vem sendo aplicada pelo mercado: aberto e fechado. O sistema fechado de RM na
verdade não é fechado, pois se caracteriza por um cilindro oco, aberto nas duas
extremidades, em que o paciente é posicionado dentro deste cilindro na sua região
central, o também chamado isocentro. O equipamento aberto é assim chamado, pois
oferece maior comodidade ao paciente, uma vez que as partes laterais são abertas
ou semiabertas permitindo uma menor sensação de confinamento e reduzindo assim
a claustrofobia.
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Figura 40. Equipamento de RM aberto (0,35T) e fechado (1,5T).
Tipos de Magnetos
Magnetos Permanentes
São constituídos de imãs permanentes e oferecem como vantagem a não utilização
de energia elétrica e a configuração aberta. Alguns fabricantes adotam a construção
na forma de um “C” o que permite ao paciente acesso facilitado, sensação de maior
espaço e conforto. Entretanto, os magnetos permanentes não conseguem atingir
valores altos de campo magnético, ficando reduzidos a menos de 0,5T.
Eletromagnetos
Os eletromagnetos são constituídos por enrolamentos de fios (bobinas) onde a
passagem de corrente elétrica irá produzir o campo magnético. A passagem de
corrente elétrica pode ocorrer com a presença da resistência elétrica (magnetos
resistivos) ou com o uso do fenômeno da supercondutividade (magnetos
supercondutores)
Magnetos Resistivos
Este tipo de magneto está praticamente extinto do mercado de equipamento de RM
para formação de imagem, pois o campo magnético irá ser gerado pela passagem
de corrente elétrica pelo conjunto de bobinas de forma clássica, ou seja, com a
presença constante da resistência elétrica. Assim, é possível desligar o campo
magnético quando não há exames e religá-lo conforme a necessidade. A
desvantagem é o alto consumo elétrico para manter o campo magnético e a
limitação quanto a intensidade do campo magnético produzido. Uma vez que o fio
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oferece resistência a passagem de corrente elétrica, a produção de calor é inevitável
e, consequentemente, somente valores baixos de campos (até cerca de 0,3T) são
possíveis. Também possuem homogeneidade de campo reduzida e necessitam ser
refrigerados a água. A massa destes magnetos também pode exceder 10.000 kg.
Magnetos Supercondutores
São eletromagnetos compostos de enrolamentos quilométricos de fio de uma liga de
nióbio-titânio que, mergulhados em hélio líquido (criogênico) a uma temperatura
próxima do zero absoluto (-273 ºC ou 0 kelvin), não irão oferecer resistência elétrica,
atingindo a chamada supercondutividade e, assim, podem produzir um campo
magnético alto, sem a geração de calor e sem custo relacionado a consumo elétrico.
Neste tipo de magneto é critico o controle dos sistemas relacionados a temperatura,
pressão e quantidade de hélio no interior do magneto para que não ocorra o
aumento da temperatura interna, que elevaria a taxa de evaporação do hélio
(conhecida como boiloff) e poderia chegar ao ponto critico de resultar no
apagamento do campo magnético, o chamado quenching.
46
Figura 41. Magneto supercondutor de 1,5T.
47
correntes de eddy, que podem se formar na carcaça do magneto durante o
acionamento dos gradientes, devem ser compensadas por sistema de bobinas
desenhadas especificamente para isso e chamadas de blindagem ativa das bobinas
de gradiente ou mesmo via software.
Quando não são utilizadas bobinas locais para transmissão do pulso de RF esta
tarefa é realizada pela bobina de corpo. A bobina de corpo está inserida na própria
carcaça do equipamento e vem sendo cada vez mais utilizada como a única bobina
transmissora. Para as bobinas locais fica somente a tarefa de coletar o fraco sinal de
RF que se origina de um corte do corpo do paciente.
48
Uma variedade de bobinas foi e continua sendo desenvolvida para permitir não só
uma coleta mais eficiente do sinal, como também para ser utilizada em novas
aplicações e novas metodologias de aquisição do sinal.
Podemos destacar o uso cada vez mais intenso de bobinas de múltiplos elementos
com arranjo de fase. As bobinas de arranjo de fase são compostas por múltiplas
pequenas bobinas (ou elementos) cada uma com um circuito próprio de detecção,
que se sobrepõem e irão envolver a anatomia de interesse. Até bem pouco tempo
atrás a única bobina do tipo arranjo de fase era a bobina de coluna, porém
atualmente o conceito vem sendo aplicado para todas as bobinas. Utilizar bobinas
com múltiplos elementos permite o uso das técnicas de imagens paralelas (SENSE,
GRAPPA, ARC etc) que irão utilizar a informação da distribuição espacial do padrão
de sinal gerado pela bobina em cada paciente e economizar etapas da codificação
de sinal, permitindo assim um ganho expressivo de tempo e novas possibilidades de
utilização da RM, especialmente onde velocidade é mandatório.
49
Figura 44. Gráfico da relação de sinal com o tipo de bobina e profundidade no corpo.
Reconstrutor de Imagens
50
atenuará a radiofrequência que entra na sala do magneto. Um visor de vidro pode
ser utilizado, porém deve possuir uma malha metálica em contato com o restante da
cabine. A porta da sala também é especialmente construída para dar continuidade a
esta blindagem quando fechada, sendo os contatos da porta de especial atenção da
equipe técnica, pois problemas decorrentes da entrada de RF para dentro da sala
podem ter origem em defeitos destes contatos.
A palavra artefato deriva do latim e significa arte factus, ou “feito com arte”, o que
não deixa de ser verdadeiro se imaginarmos que muitos dos efeitos observados nas
imagens podem ser tratados como obra quase poética, porém não é neste sentido
que utilizamos esta palavra em Imagem por Ressonância Magnética (IRM) e nos
demais métodos de diagnóstico por imagem. Segundo Houaiss[13], artefato é toda
conclusão enganosa derivada de ensaio científico ou de medição, e causada por
problemas na aparelhagem empregada ou por ineficácia do método eleito. Em IRM,
vamos adotar que artefato é qualquer intensidade, sinal ou característica anormal
que não possui correspondência com o objeto de que se está adquirindo a imagem.
Desta forma, podemos definir as duas grandes questões que este capítulo pretende
abordar:
51
1. Como identificar um ou mais artefatos em uma imagem de RM?
2. Como minimizar o artefato em uma imagem de RM?
Vejam que falamos em minimizar e não eliminar. Talvez fosse mais conveniente
usar o termo eliminar, porém isto não é totalmente verdadeiro. O que ocorre na
quase totalidade dos exames é a busca pela adequação da técnica no intuito de
minimizar a ocorrência de artefatos. Como veremos mais adiante, o efeito físico que
gera o artefato pode estar ocorrendo, porém devido a uma alteração nos parâmetros
de aquisição ou escolha de uma técnica específica, conseguimos fazer com que ele
não se torne tão evidente na imagem.
Dada a grande quantidade de tipos de equipamentos de RM, bobinas, sequências
de pulso e novas técnicas, abordaremos neste capítulo os artefatos mais comuns.
Artefatos mais antigos relacionados a problemas já resolvidos em equipamentos de
RM e artefatos de técnicas muito recentes ainda não disponíveis clinicamente serão
deixados de lado para tornar o texto mais objetivo e conciso. Buscaremos também
não limitar os artefatos aos equipamentos de 1,5T, comentando também o efeito de
um mesmo artefato em equipamentos com campo magnético maior ou menor.
A diferença entre achar uma imagem bonita e perceber um artefato nesta parece
residir no conhecimento do observador. Esta afirmativa não é diferente para as
imagens de RM. Conhecer a física, a técnica e as patologias estudadas em IRM é o
52
pressuposto para a identificação e a minimização de artefatos. Alguns artefatos,
como os causados por implantes metálicos, são evidentes nas imagens de RM,
porém outros são tão sutis que podem conduzir o radiologista a um erro de
diagnóstico por criar uma falsa imagem ou ocultar uma lesão existente.
Conhecimento faz com que um exame se torne mais conclusivo, e, por que não
dizer, mais belo.
Alguns autores classificam os artefatos quanto ao efeito físico que o originou, outros
preferem classificá-los quanto a sua aparência nas imagens ou a parte do sistema
de RM a que o mesmo está vinculado [0,0,0].
Muitos são os efeitos físicos que podem gerar artefatos. Cada parte do sistema de
RM, incluindo o magneto, os gradientes de campo magnético, o sistema de
radiofrequência (RF) e os computadores de processamento, tem sido continuamente
aperfeiçoada para evitar a ocorrência de erros e minimizar falhas no seu
funcionamento. Se tentássemos agrupar os tipos de artefatos por cada parte que
compõe o sistema, poderíamos seguir a classificação mostrada na Tabela 2.
53
Tabela 2. Relação entre a parte do sistema, incluindo o paciente, e alguns tipos de artefatos
em IRM.
54
v Fantasmas;
v Envelopamento ou “Aliasing”;
v Linhas e Ondulações;
v Distorção Geométrica.
Antes de iniciarmos a revisão sobre artefatos, que tal testar seus conhecimentos
prévios quanto à identificação, causa e a ação corretiva mais adequada para os
artefatos mostrados na Figura 46? Observe as imagens com atenção, guarde as
suas observações e busque identificar no texto a descrição que melhor se relaciona
com os artefatos apresentados. Ao final do capítulo apresentaremos solução para
este pequeno enigma.
Figura 45. Quais artefatos podem ser identificados nas três imagens acima (a, b e c)? Qual a
causa e a ação corretiva mais adequada? (Respostas no final do capítulo).
Fantasmas
55
Figura 46. (a) Imagem axial spin eco (SE) ponderada em T1 do encéfalo com presença de
artefato fantasma (seta menor) devido ao movimento dos olhos. Nas imagens axiais do
encéfalo a direção de fase tem que ser colocada na direção direita-esquerda para evitar o
artefato. (b) Artefato fantasma devido ao movimento das estruturas do abdome causado pela
respiração. O uso de sincronia respiratória é uma das formas de evitar o aparecimento deste
artefato.
56
spin eco (TSE ou FSE) ponderadas em T1 da fossa posterior antes da administração
de meio de contraste a base de gadolínio em comparação com imagens pós-
gadolínio, como mostra a Figura 48. O mesmo raciocínio vale para regiões onde a
gordura (em T1) e o líquido (em T2) estejam presentes e hiperintensos. A saturação
do sinal da gordura torna a imagem com menor quantidade de artefatos fantasma,
não pela redução do movimento, mas pelo cancelamento do sinal da estrutura.
Figura 47. (a) Imagem axial T1 SE na região da fossa posterior com a presença de gadolínio e
com o artefato fantasma presente devido ao sangue hiperintenso e pulsando. A direção de
fase é laterolateral. (b) Após a aplicação de técnica de compensação.
57
fase, mesmo que a direção do movimento não seja esta, como mostra a Figura 47.
Mas, por que isto ocorre?
É preciso lembrar que o tempo necessário para preencher uma linha do espaço K,
ou seja, para amostrar o sinal durante o acionamento do gradiente de leitura (ou
gradiente de codificação de frequência) é muito menor que o tempo necessário para
passar de uma linha a outra do espaço K (codificação de fase). Em uma típica
aquisição turbo spin eco (TSE), o tempo para preenchimento da linha (coleta do eco)
é da ordem de milissegundos (1ms = 10-3s), já o intervalo de tempo entre o
preenchimento de uma linha e a próxima linha do espaço k é da ordem de
segundos. Neste tempo mais longo, a anatomia mudou de posição, incorrendo em
erro de localização na direção de fase da imagem.
Ação Corretiva:
58
Através do uso de gradientes de campo magnético adicionais na sequência de pulso
é possível reduzir o artefato fantasma, porém o TE mínimo irá aumentar.
Comentaremos mais adiante no texto os detalhes esta técnica.
Figura 48. Imagem axial T1 GRE adquirida em parada respiratória sem uso de banda de
saturação superior ao corte (a) e com uso de banda de saturação (b).
Trocar a direção de codificação de fase pode ser útil para jogar o artefato numa
direção que não comprometerá a avaliação da região de interesse. Nos exames de
RM de Joelho, por exemplo, a aquisição axial STIR é adquirida com direção de fase
direita-esquerda, ao invés de anteroposterior, jogando o artefato de pulsação dos
59
vasos poplíteos para os lados e não comprometendo a avaliação da patela (Figura
51).
60
dos gradientes necessários para coleta do sinal são calculados de forma que
compensem eventuais defasagens induzidas nos spins estacionários. Entretanto, os
spins em movimento irão possuir desvios de fase, como mostra a Figura 52, que
podem gerar, basicamente, três problemas, fantasmas, dispersão de fase intravoxel
e erros de registro espacial [0]. Estes desvios induzidos pelo movimento podem ser
minimizados e até eliminados se incorporarmos lobos de gradiente adicionais antes
da leitura do sinal. Sendo que cada um dos três eixos (leitura ou frequência,
codificação de fase e seleção de corte) é tratado de forma independente. Desta
forma, a compensação de fluxo pode ser realizada em apenas um eixo ou nos três.
61
compensação de fluxo a fase dos spins em movimento é restituída no momento da
leitura do sinal (TE), aumentando a intensidade de sinal dos vasos ou do líquor e
reduzindo a defasagem intravoxel. Lobos mais complicados de gradiente podem
estar disponíveis nos equipamentos de RM para compensar aceleração (termos de
segunda ordem) porém são raramente usados devido ao aumento causado no
tempo de eco (TE), que já é significativo quando acionada a compensação de
primeira ordem. Especialmente em sequências GRE não só o TE aumenta, mas
também o tempo de repetição (TR).
Fluxo Liquórico
Ação Corretiva:
62
v Utilizar sincronia cardíaca
Movimento Peristáltico
O movimento peristáltico durante a aquisição das imagens faz com que ocorra um
erro na codificação espacial do sinal. Este artefato é apresentado como uma área
borrada na imagem, na região do intestino do paciente, onde o movimento é mais
intenso, porém prejudica toda a região pélvica.
Ação Corretiva:
v Realizar jejum
v Utilizar antiespasmódicos
63
Medicamentos antiespasmódicos são recomendados para pacientes que irão
realizar exames de abdome e pelve e estes devem ser administrados momentos
antes de o paciente entrar na sala de exames. Os antiespasmódicos também
ajudam a reduzir artefatos de movimento causados pela peristalse uterina [0].
De forma geral, quanto mais rápida for a aquisição das imagens, menor será a
presença de artefato de movimento. Sequências rápidas, tipo half-fourier (HASTE,
SSFSE etc) e True-FISP, permitem a obtenção de imagens em tempos inferiores a
dois segundos, minimizando artefatos. Em contrapartida, estas sequências de
pulso não oferecem a resolução espacial ou a ponderação necessária para o
diagnóstico de certas patologias.
Movimento Cardíaco
O batimento cardíaco durante a aquisição das imagens faz com que ocorra um erro
na codificação espacial, formando um artefato que se propaga na direção de fase,
como mostra a Figura 53. O coração é apresentado como um grande borrão na
imagem e estruturas na direção de fase deixam de ser corretamente visualizadas
devido a propagação do artefato fantasma. Exames cardíacos vêm ganhando cada
vez mais importância e já fazem parte da rotina de muitos centros, porém nos
concentraremos nas soluções mais simples para os artefatos relacionados ao
movimento do coração. Uma leitura mais detalhada e específica está disponível na
literatura [0,0].
64
Figura 51. Imagem do coração sem o uso de sincronia cardíaca e com o uso de sincronia
cardíaca.
Ação Corretiva:
65
Em exames cardíacos é fundamental o uso de sequências de pulso rápidas (turbo
FLASH, True-FISP etc) juntamente com sincronia cardíaca para eliminar o artefato e
permitir que a anatomia possa ser estuda nas fases diferentes do ciclo cardíaco.
Figura 52. Complexo PQRS e dados coletados para mostrar fases do batimento e gerar
imagens em cine ou dados coletados da fase em que o coração está mais parado.
Sequências tipo half-fourier (SSFSE ou HASTE) podem ser usadas para aquisição
de imagens da região do tórax, assim como sequências de pulso True-FISP,
combinadas a períodos de parada respiratória.
66
Figura 53. Artefato coração exames de mama.
Movimento Respiratório
Ação Corretiva:
67
v Utilizar navegador respiratório na imagem
68
Está é a técnica mais adotada quando o paciente é colaborativo, apesar de uma
quantidade cada vez maior de trabalhos mostrarem vantagens em relação a
qualidade da imagem e detecção de lesões quando é utilizada sincronia respiratória
por cinta ou navegador [25,0]. O amplo uso da parada respiratória se deve a
rapidez com que se consegue realizar o exame. O uso de sequências de pulso
HASTE e TSE em tempo inferiores a 20 segundos permitem que sejam adquiridos
de 10 a 30 cortes. Aquisições com múltiplas paradas respiratórias também podem
ser adotadas, porém resultam em maior desgaste do paciente e possibilidade de
perda de registro de localização do corte, uma vez que o paciente pode executar a
parada respiratória com maior ou menor quantidade de ar, resultando em alteração
na posição de estruturas como o fígado e o pâncreas.
69
Em estudos do abdome tem sido cada vez mais adotada a técnica de correção de
movimento baseada em aquisições em projeção do espaço k para uso em
pacientes não colaborativos, e onde a sincronia respiratória não é possível. Em
exames de ombro e plexo braquial esta técnica tem sido útil para eliminar artefatos
devido a movimento respiratório.
Movimento Voluntário
O movimento do paciente durante a aquisição das imagens faz com que ocorra um
erro na codificação espacial, formando um artefato que se propaga na direção de
fase. A imagem é apresentada com um artefato do tipo fantasma em várias posições
na direção de fase, degradando a qualidade da mesma. Dependendo do nível de
movimento, um borramento total da imagem pode ocorrer, inviabilizando a
continuação do exame.
Ação Corretiva:
70
Quando o paciente é informado previamente sobre todas as etapas do exame e se
sente tranquilo e seguro, a ansiedade tende a diminuir, reduzindo assim a chance de
movimentação. Durante o exame, o operador deve se comunicar com o paciente
pedindo-lhe cooperação e explicando cada etapa. Em exames com a infusão de
meio de contraste endovenoso, o preparo prévio dos materiais necessários e a
punção otimizam o tempo e evitam que o mesmo mude de posição. Este ponto é
especialmente importante quando se deseja que as imagens pré e pós-contraste
possuam boa correlação de posição, como nos exames de mama e abdome.
v Técnica Propeller/BLADE
71
Técnicas de Correção de Movimento Baseadas em Aquisições em Projeção do
Espaço k (PROPELLER/BLADE/MultiVane)
72
Fantasma N/2 EPI
Devido ao fato de que cada segunda linha do espaço k é lida através da aplicação
de um gradiente negativo, as imagens EPI são extremamente susceptíveis à
modulações do sinal de uma linha para outra. Antes da transformada de fourier dos
dados do espaço K, estas linhas devem ser revertidas. Este processo de reversão
pode resultar na introdução de erros de fase em cada linha alternada do espaço k
[0]. A modulação do sinal em imagens EPI causa uma imagem fantasma que
aparece desviada em metade do campo de visão, daí o nome N/2, onde N se refere
ao número de pixels na direção de codificação de fase. A maior parte das ações
corretivas possíveis necessita de intervenção do fabricante, pois se referem a
calibrações e ajustes que não estão acessíveis ao operador.
Ação Corretiva:
73
artefato não recaísse sobre a anatomia de interesse. A penalização para esta ação é
a perda de resolução espacial.
Envelopamento
Figura 58. Imagem sagital SE T1 do encéfalo onde o centro do corte foi posicionado de forma
errada, causando efeito de dobra (envelopamento de fase) da parte anterior da face no lado
oposto do campo de visão.
74
região 3D excede o volume de imagem e é utilizada codificação de fase na direção
de corte. O aparecimento de imagem de estruturas que estão acima ou abaixo do
volume pode inutilizar alguns cortes importantes da aquisição.
Ação Corretiva:
Esta ação é a mais simples, porém altera diretamente a resolução espacial se não
for acompanhada de aumento na matriz na direção de fase, o que resulta por sua
vez em aumento no tempo de aquisição. Na maioria das vezes é aplicada para
adequar o tamanho do paciente ao campo de visão.
Trocar a direção de fase pela de frequência garante que a anatomia excedente não
irá dobrar. Esta ação pode ser adotada num corte axial do abdome quando o
paciente repousa com os braços ao longo do corpo. Se a direção de fase for
anteroposterior, a imagem dos braços não recairá para dentro do campo de visão.
Deve se ter atenção quanto a ocorrência de artefatos tipo fantasma que se
propagam na direção de fase, pois podem passar a ocorrer ou atrapalhar a imagem
da região de interesse.
75
v Utilizar recursos de “slice” ou “volume oversampling”
Da mesma forma que com o phase oversampling, esta técnica permite que a
codificação de fase em imagens 3D aumente simetricamente nos dois lados da fatia
na direção de corte. Este aumento acarretará aumento no tempo de aquisição e na
razão sinal-ruído.
Linhas e Ondulações
O aparecimento de linhas, ondulações e outros sinais com padrões diversos que não
possuem correlação com a presença de vasos ou movimentação do paciente,
caracterizam este tipo de artefato, como mostra a Figura 59. Basicamente estão
relacionados a erros durante o preenchimento do espaço k, seja por problemas de
instabilidade dos gradientes, seja por erros na transmissão de RF. Problemas
externos ao sistema de RM, como entrada de RF espúria pela gaiola de faraday,
acessórios não próprios para o ambiente da sala de exames (bomba injetora de
contraste, monitor multiparamétrico, oxímetro, bomba de infusão etc) também
podem ser a causa deste tipo de artefato na imagem. Podemos subdividir o artefato
76
em dois tipos: “spikes” e “zipper”, apesar de em alguns casos os dois tipos estarem
presentes na imagem.
Figura 59. (a) Imagem axial tof para angiorressonância do encéfalo mostrando artefato em
linha. (b) reconstrução 3D com visão anterior do volume adquirido mostrando a ocorrência do
artefato em outros cortes e prejudicando a visualizacão das estruturas. O artefato foi causado
por entrada de RF causado devido a problema na blindagem da porta da sala de exames.
77
Figura 60. (a) Exemplo de imagem com artefato tipo “Spike”, (b) correspondente imagem do
espaço k mostrando o local de ocorrência do artefato, (c) remoção manual da região do
espaço k e (d) aplicação da transformada de Fourier 2D no espaço k modificado para
demonstrar a eliminação completa do artefato da imagem.
78
Ação Corretiva:
Os contatos da porta da sala de exames sofrem avarias com o tempo e devem ser
revisados e limpos periodicamente, sendo substituídos quando quebrados ou
ausentes. Testes realizados por empresas especializadas podem ser necessários
quando existe desconfiança quanto a integridade da gaiola, principalmente quando é
percebido sinais de umidade ou mesmo goteiras dentro da sala de exames.
79
Figura 61. Artefato tipo “Zipper”.
Manchas escuras, sombras e falsos contornos nas imagens podem ter diversas
causas que foram aqui agrupadas pela característica de envolver a redução de sinal
local na imagem. As diferenças de frequência de precessão entre diferentes
materiais, efeitos locais de susceptibilidade magnética e o simples fato da excitação
de um corte interferir em outro corte próximo, podem causar este tipo de artefato.
Uma subdivisão quanto a causa, ajuda a escolher a melhor opção para eliminar ou
reduzir estes artefatos. Desta forma, esta categoria de artefato foi subdividida em:
desvio químico, susceptibilidade, sobreposição de cortes, truncamento e volume
parcial.
80
Desvio Químico
Figura 62. Artefato de desvio químico criando uma falsa borda na direção de frequência entre a
gordura e o tecido hepático.
81
de um pixel for predominantemente de água (e.g., tecido hepático) e do outro pixel
de gordura, além da distância em frequência gerada pelo processo de codificação
espacial, teremos um afastamento do pixel de água em relação ao pixel de gordura
causado pela diferença de precessão entre os dois. No espaço vazio deixado por
este afastamento surge a sombra escura vista nas imagens. A presença de uma
borda brilhante pode ocorrer se houver sobreposicão de tecidos devido ao desvio
químico.
Figura 62. Demonstração do artefato de desvio químico com frasco contendo água e óleo
mineral e a influência da seleção de direção de codificação de frequência e da escolha da
largura de banda de recepção.
82
Imagens em fase e fora de fase
O desvio químico entre a água e a gordura origina uma técnica utilizada em IRM que
faz uso de um artefato para o diagnóstico de patologias. As chamadas imagens em
fase e fora de fase têm origem em sequências de pulso gradiente eco (GRE),
adquiridas com tempos de eco (TEs) calculados a partir do desvio químico entre a
água e a gordura. Nas sequências de pulso Spin Eco (SE), os spin da água e os da
gordura estarão em fase no momento da leitura (coleta do eco).
Isto quer dizer que a cada 4,7 ms os spins da água e da gordura, submetidos a um
campo de 1,5T, estarão em fase e a cada 2,4 ms estarão fora de fase. A Tabela 3
mostra valores calculados de TE para diferentes valores de campo a serem
utilizados em sequencias GRE.
Tabela 3. Valores aproximados de tempo de eco (TE) em milissegundos (ms) para que os spins
estejam em fase e fora de fase para diferentes valores de campo magnético.
83
A partir deste conceito podemos obter imagens gradiente eco com tempos de eco
em fase e fora de fase, como mostra a Figura 67, onde, nas imagens fora de fase,
as interfaces entre tecidos com uma quantidade maior de água e tecidos com maior
conteúdo de gordura aparecerão com perda de sinal, como é o caso dos limites
entre o fígado e a gordura intraperitonial. No caso de patologias como a adenoma da
glândula adrenal e infiltração gordurosa hepática, onde o tecido doente passa a ter
uma concentração maior de gordura, o diagnóstico pode ser auxiliado pelo artefato,
uma vez que nas imagens fora de fase, o sinal no tecido será reduzido em relação
as imagens em fase, como mostra a Figura 67 [0,0].
Figura 64. Imagem com adenoma da glândula adrenal in fase e fora de fase.
84
equipamentos de 3,0T ou mais, é bastante útil, pois não utiliza pulsos de RF
adicionais para saturar o sinal da gordura, reduzindo assim a taxa de absorção
específica (SAR). Artefatos decorrentes desta técnica residem, em grande parte, no
problema de corrigir de forma eficiente a fase no pós-processamento e compensar
as inomogeneidades de campo magnético [0,0].
Susceptibilidade
85
(paramagnetismo) ou de aumentar bastante o campo magnético local
(ferromagnetismo).
Desta forma, podemos dizer que a simples presença de tecido humano no interior do
equipamento altera a homogeneidade do campo. De forma geral, o tecido humano é
diamagnético, conforme observações realizadas por Faraday ainda no século XIX
[0], porém tecidos em condições funcionais ou patológicas específicas podem
produzir alterações no seu estado magnético e, consequentemente, no sinal,
podendo assim ser usadas diretamente para o diagnóstico ou gerar artefatos.
Algumas proteínas que contêm íons metálicos, como a deoxihemoglobina,
metahemoglobina, hemosiderina e ferritina são paramagnéticas. O gadolínio
presente nos meios de contraste usados em RM é paramagnético.
86
Figura 66. Artefato produzido por aparelho dentário em diferentes sequências de pulso usadas
em exames de rotina do encéfalo. (a) Sagital SE T1, (b) Axial Time-of-Fligth (TOF) para
angiografia do encéfalo, (c) Axial EPI SE e (d) Axial EPI GRE. É possível perceber que a o
artefato é mais proeminente nas imagens gradiente eco (b), especialmente na sequência de
pulso EPI GRE (d).
87
As sequências de pulso SE são as menos sensíveis aos artefatos de
susceptibilidade. Já as sequências GRE e, principalmente, EPI, são muito sensíveis.
As interfaces ar-tecido-osso, mesmo causando pequenas alterações de
susceptibilidade, podem afetar de forma bastante heterogênea o sinal de imagens
EPI e causar distorções geométricas importantes.
Ações Corretivas:
Sequências de pulso Spin Eco (SE) e Turbo Spin Eco (TSE) são menos sensíveis a
artefatos de susceptibilidade que sequencias gradiente eco, uma vez que o pulso
de RF de 180º refocaliza os spins corrigindo a defasagem.
88
O aumento da largura de banda faz com que o desvio químico entre a água e a
gordura diminua de pixel para pixel e reduz a amplitude do artefato de
susceptibilidade causado pela presença de metal na região. Também possibilita que
um menor TE possa ser selecionado pelo operador. O inconveniente fica por conta
do aumento de ruído na imagem que deve ser compensado de outra forma, como
por exemplo, aumentando o NEX.
Ao contrário do que ocorre para outras aquisições axiais do encéfalo que utilizam SE
ou TSE, nas imagens EPI a direção de fase tem que ser anteroposterior. Assim o
gradiente de susceptibilidade causado pelas interfaces ar-tecido-osso vai estar na
mesma direção que o gradiente codificador de fase, reduzindo, mas não eliminando
o artefato.
Imagens EPI são muito sensíveis ao efeito do desvio químico. Qualquer mudança na
frequência do sinal, como no caso da gordura, irá resultar em um pronunciado
desvio de posição na imagem devido ao longo tempo de amostragem do sinal (50 a
100 ms), podendo afetar até mais que 10 pixels na imagem. O uso de saturação de
gordura por RF ou de técnicas baseadas na anulação do sinal da gordura por
inversão da recuperação (STIR) são formas recomendadas de evitar este artefato.
Mapas de susceptibilidade são imagens gradientes eco rápidas que podem ser
usadas para mapear as alterações de campo magnético causadas pelo próprio
tecido (e.g., base do crânio e seios paranasais) ou pela presença de metal (e.g.,
grampos de sutura craniana). Estas imagens podem ser usadas como localizadoras
para a programação de cortes em sequências como a EPI, onde a proximidade com
interfaces ar-osso-tecido ou com o metal degradam a qualidade. Podem também ser
89
utilizadas na programação de aquisições single e multivoxel para espectroscopia
cerebral.
Como já descrito anteriormente o método Dixon é uma opção para obter imagens
com supressão do sinal da gordura mesmo na presença de inomogeneidades do
campo magnético. O tempo de aquisição mais prolongado que técnicas de
saturação da gordura por RF é um limitador para o seu uso.
Este artefato ocorre, geralmente, em exames da coluna lombar, onde alguns cortes
acabam sendo sobrepostos ao serem posicionados sobre os discos e seguindo sua
angulação. Assim, a região de um corte sofre a influência da radiofrequência do
corte adjacente, ficando saturada. A região da imagem onde ocorreu a sobreposição
do corte é apresentada como uma faixa de baixo sinal, como pode ser visto na
Figura 68.
90
Figura 68. Imagem axial da coluna lombar mostrando sombra resultante da sobreposição entre
cortes adjacentes.
v Ajustar o posicionamento
91
redução geral do sinal na imagem. Quanto mais rápido e mais fino for o corte
desejado, a tendência é que seja menos perfeito o pulso de RF que irá excitar a
região, ocasionando maior efeito de sobreposição de RF de um corte para outro.
Esta opção faz com que a excitação dos cortes não ocorra de forma contigua e sim
intercalada entre cortes pares e ímpares. Primeiro são excitados os cortes pares (2,
4, 6...) e depois os cortes ímpares (1, 3, 5...).
92
Figura 59. Artefato tipo truncamento.
Um objeto com borda bem definida, como a medula em relação ao líquor nas
imagens ponderadas em T1, será bem representada se houver uma alta taxa de
amostragem do sinal de RM, para representar bem esta mudança abrupta.
Dependendo da direção de aplicação do gradiente e da orientação da estrutura na
imagem esta direção pode ser a codificação de fase ou a codificação de frequência.
O truncamento do sinal de RM, principalmente na direção de fase, que possui
relação direta com o tempo de aquisição, ocorre quando selecionamos uma matriz
muito baixa, como por exemplo, 128.
93
v Filtro de Suavização
Distorção Geométrica
94
A variação linear do gradiente de campo magnético deve ocorrer ao longo do campo
de visão até sua máxima dimensão selecionável pelo operador. Porém, na maioria
dos equipamentos, nos limites do campo de visão ocorrem alterações da
homogeneidade de campo magnético principal além de distorções no perfil do
gradiente, como mostra a Figura 73. Estes erros levam a distorção da imagem
nestas regiões, como mostra a Figura 70. Um artefato bastante comum nas imagens
de RM, e que está diretamente relacionado à homogeneidade do campo, são as
falhas na saturação de gordura, principalmente em regiões próximas aos limites do
campo de visão.
Figura 71. (a) Imagem adquirida no plano coronal com campo de visão (CDV) de 40 cm em um
equipamento de 0,35T e sem uso do filtro de correção. Foi utilizado dispositivo de teste
composto de grade de acrílico utilizado para verificar a distorção geométrica. (a) Imagem do
mesmo dispositivo, porém com uso do filtro de correção. (c) e (d) Imagens de exames
realizados com uso do máximo CDV sem uso do filtro de correção.
95
Ação Corretiva:
96
importantes na estrutura física no entorno da sala do magneto ou problemas nas
bobinas de gradiente, por exemplo.
Outros Artefatos
Das referências utilizadas somente uma relatava este tipo de artefato bastante
incomum, mas presente no nosso meio. É importante relatar este tipo de artefato,
pois vem se tornando cada vez mais frequente a instalação de um segundo ou
terceiro equipamento de RM de mesmo valor de campo magnético e bastante
próximo um do outro, quando não um ao lado do outro. Se os dois equipamentos
97
estão operando na mesma frequência e ao mesmo tempo é muito importante que as
salas sejam circundadas por blindagem especialmente desenhada para que não
ocorra o “cross talk” entre os sistemas. É recomendável que o aterramento da
blindagem de RF seja feito separadamente e que os armários dos sistemas de RF e
gradientes sejam mantidos distantes ou em ambientes distintos para cada sistema.
Figura 72. EPI do encéfalo sem (a) e com uso de fat Sat (b).
A opção para eliminar este artefato é fazer uso de pulso de saturação espectral do
sinal da gordura (Figura 72-b) ou utilizar pulsos de inversão da magnetização e
tempo de inversão (TI) ajustado para anular o sinal da gordura.
98
Difusão da Mama com Próteses de Silicone
Figura 73. (a) Imagem axial T2 TSE STIR mostrando prótese de silicone unilateral (mama
2
direita). (b) Imagem axial EPI STIR ponderada na difusão (b=50 mm/s ) mostrando o
pronunciado deslocamento na direção de fase (anteroposterior). (c) Imagem axial EPI
2
ponderada na difusão (b=50 mm/s ) com uso de pulso adiabático de saturação e inversão da
magnetização, onde é possível verificar que o sinal do silicone foi saturado.
99
Efeito do Ângulo Mágico
100
tempo T1 do líquido cefalorraquidiano (LCR) e é o responsável pelo aparecimento
de hiperintensidades no LCR que podem ser erroneamente atribuídas conteúdo
proteico anormal ou hemorragia subaracnóidea. [0,0,0]
Figura 46 – Letra a
Tipo de Artefato: Presença de objeto metálico.
Relato do Ocorrido: uma paciente idosa orientada a retirar todos os metais entrou
em sala para realizar uma RM de Encéfalo e tão logo se iniciou o exame (imagens
localizadoras) foi percebida a presença deste forte artefato em ambos os lados do
crânio. Paciente foi questionada quanto a cirurgias e revisada quanto a brincos e
algum passador de cabelo. Negou e mostrou que não havia nada. Porém informou
que usava peruca.
Causa: presença de presilhas metálicas para fixação da peruca.
Solução: remoção da peruca e reinicio do exame.
Figura 46 – Letra b
Tipo de Artefato: Presença de imagens fantasma.
Relato do Ocorrido: paciente agitado e com dificuldade de manter apneia.
Causa: movimento respiratório do tórax e abdome durante a aquisição em apneia.
Solução: redução do tempo total de aquisição em apneia com utilização de técnicas
de imagens paralelas; uso de sincronia respiratória por cinta ou navegador na
imagem ou uso de técnica tipo BLADE ou Propeller.
101
Figura 46 – Letra c
Tipo de Artefato: Presença de imagens fantasmas hiperintensas se propagando
lateralmente na fossa posterior prejudicando a visualização das estruturas.
Relato do Ocorrido: aparecimento do artefato somente nas imagens axiais após
uso do meio de contraste a base de gadolínio.
Causa: artefato causado por imagens fantasma devido a pulsação do seios venosos
hiperintensos devido a presença do gadolínio.
Solução: utilização de técnica de compensação de fluxo.
102
líquido), também oferecem perigo e devem ser considerados numa análise de
segurança no setor.
Cabe destacar que o Brasil não possui legislação ou mesmo recomendação sobre
aspectos de segurança em RM e é, portanto, dever das instituições e dos que
trabalham garantir a segurança dos pacientes, acompanhantes, colaboradores e
prestadores de serviço na sua relação com o ambiente de RM.
Histórico de Acidentes
Muitos acidentes estão relatados na literatura e vão desde ferimentos causados por
pequenos objetos ferromagnéticos levados inadvertidamente para dentro da sala do
magneto, passando por queimaduras causadas por equipamentos não apropriados
para RM até mortes em pacientes portadores de clipes de aneurisma e marcapasso.
Em um período de 10 anos, a base de dados do FDA catalogou um total de 389
incidentes em instalações de RM em todo os EUA, porém sabe-se que os dados são
subestimados, pois em um levantamento de 16 meses realizado pelo Pennsylvania
Patient Safety Authority um total de 88 incidentes foram computados [0].
No Brasil, não possuímos registros oficiais de acidentes, porém é fácil perceber que
a mesma ocorrência existe em nosso país, pois não existe serviço de RM que não
relate pelo menos um incidente ocorrido desde a instalação de seus equipamentos.
103
criança. Este gritou por ajuda quando percebeu que o sistema de oxigênio do quadro
de gases da sala de exames não estava funcionando, levando a enfermeira a entrar
na sala do magneto com o material inapropriado. A grande tragédia neste caso é
que o menino realizava o exame após uma cirurgia para retirada de um tumor
benigno no cérebro. O resultado mais recente deste caso foi a condenação do
hospital a pagar uma indenização para a família do menino no valor de 2,9 milhões
de dólares.
104
Campo Magnético Estático (B0)
Todos os objetos que necessitarem ser levados para dentro da sala devem ser
cuidadosamente verificados por pessoal especializado (físicos, engenheiros ou
responsáveis da instituição ou fabricante) de forma a garantir que não haverá risco
de atração com o campo magnético.
105
cocleares etc) devem ser questionados mesmo antes de entrar no setor de RM, pois
a presença destes equipamentos além da linha de 5 G ou 0,5 mT (1 T = 10.000 G)
é proibida.
106
Cuidados com Campo Magnético Estático (B0)
107
imagem eco planar) e nas extremidades dos magnetos, especialmente nos
magnetos supercondutores de formato cilíndrico.
Radiofrequência
108
em consideração que a temperatura do tecido não ultrapasse 1,0 ºC e os limites
existem para corpo inteiro e regiões específicas.
Líquidos Criogênios
109
Durante abastecimentos e manutenções cuidados especiais são tomados pelas
equipes técnicas para evitar queimaduras, devido a baixa temperatura das partes
em contato com o líquido ou com o gás, e a possibilidade de substituição do ar
ambiente pelo gás hélio levando ao sufocamento. Na rotina de um serviço de RM, o
controle e registro diário da pressão do magneto e nível de hélio se faz necessária
para evitar perdas excessivas com a evaporação e pontos críticos de trabalho com o
magneto, como nos casos em que o nível de hélio fica inferior a 50% da capacidade
de abastecimento.
110
- Não respirar e ou se aproximar de gases/vapores criogênicos;
- Não tocar superfícies congeladas no magneto ou da torre do magneto;
- Manter a saída externa do tubo de quench desobstruída e direcionada para
local que não possibilite circulação de pessoas;
- Em caso de apagamento do campo magnético, remover o paciente
imediatamente e avisar o serviço técnico do fabricante do equipamento;
- Manter o ar condicionado da sala de exames em boas condições e com
renovação parcial do volume de ar.
Sinalização
Figura 75. Exemplo de cartaz de aviso a ser posicionado na porta da sala de exames de RM.
111
Restrição de Acesso e Anamnese
Exemplo:
- Perguntas no momento do agendamento do exame;
- Preenchimento da ficha de investigação de metais e consentimento informado
na recepção do setor e assinatura dos mesmos pelo paciente ou responsável
legal pelo mesmo;
- Anamnese e conferencia das fichas e consentimentos pelo técnico de
enfermagem e pelo técnico ou tecnólogo em radiologia momentos antes do
exame e antes de ingressar na sala do magneto.
Gravidez e RM
112
Conduta em casos duvidosos
Situações de Emergência
Parada Cardiorrespiratória
Incêndio no Setor de RM
113
incêndio na sala do magneto, pois do contrario os cilindros convencionais
ferromagnéticos serão atraídos pelo campo podendo resultar em acidente com os
presentes na sala do magneto e quebra do equipamento de RM.
Treinamento
Deve ser realizado treinamento anual por profissional capacitado para todos os
envolvidos com o setor de RM e os conteúdos devem abranger os tópicos relatados
acima. O treinamento deve ser repetido para colaboradores novos, especialmente
que irão atuar diretamente na sala de exames. Uma regra importante que pode ser
estabelecida em cada instituição é a de somente permitir que pessoas com
treinamento comprovado em segurança em RM entrem na sala do magneto. Esta
medida é especialmente importante se considerarmos as equipes de anestesia
(médicos anestesistas) e pessoal de higienização e manutenção. Estes profissionais
nem sempre atuam diretamente no setor e possuem rotatividade alta.
114
Controle
de
Qualidade
em
RM
Inspeção Visual
Uma planilha para inspeção visual diária a ser realizada pelo técnico de radiologia
ou pelo tecnólogo é muito importante para garantir que todos os itens necessários
para a realização do exame estão disponíveis e em conformidade. Esta inspeção
pode conter a verificação da temperatura do ar condicionado, sistema de criogenia,
condição das bobinas, baterias de equipamentos e materiais em geral. Esta
metodologia busca evitar surpresas e mantém controle sobre itens críticos. Pode ser
adotada no início do dia ou nas trocas de turnos.
115
bobina, blindagem da RF, preenchimento da bobina, processamento da imagem e
parâmetros de aquisição. A periodicidade deve ser diária, mas não precisa envolver
mais do que uma bobina por equipamento. Alguns serviços adotam uma única
bobina (ex.: bobina de crânio) para a realização da RSR, porém a melhor estratégia
é alternar entre bobinas mais utilizadas, como a de crânio, joelho e coluna, com
bobinas menos utilizadas, como punho e tornozelo. Desta forma, ao longo do tempo,
todas as bobinas são avaliadas.
Procedimento
116
6) A razão sinal-ruído (RSR) pode então ser calculada através da seguinte
equação:
S
RSR = 2 ×
R
1) As medidas da razão sinal-ruído obtidas com o dispositivo de teste fornecido
pelo fabricante podem ser comparadas com valores padrão do próprio
fabricante, se estes valores estiverem disponíveis ou armazenadas em
planilha eletrônica para comparações diárias.
Testes Específicos
Muitos outros testes podem ser realizados nos equipamentos de RM e podem fazer
parte de um programa de garantia de qualidade mais amplo [0]. Também é dever do
fabricante após a instalação mecânica do equipamento e durante manutenções
realizar testes funcionais no equipamento.
Conclusão
A imagem por ressonância magnética amplia cada vez mais suas aplicações para o
diagnóstico médico. Um aprofundamento nos conceitos físicos aqui apresentados é
necessário para o entendimento completo, uma vez que o caminho mais simples foi
adotado.
117
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