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7/7/2015
228p. 21 cm
INDEX
1. Psicologia do Comportamento e Cognição
2. Behaviorismo
3. Psicologia Individual
CDD 155.2
CDU 159.9.019.4 ISBN 978-85-7918-010-1
BOOKS
ESETec Editores Associados
GROUPS
Solicitação de exemplares: comercial@esetec.com.br
Santo André - SP
4990 5683
www.esetec.com.br
INDEX
BOOKS
GROUPS
CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
conhecer e avançar
André Luiz Freitas Dias
Anna Christina Porto Maia Passarelli
Fernanda Uma de Melo
Marcela Almeida Sousa de Morais
Organizadores
INDEX
Ailton Amélio da Silva
Ana Karina Curado Rangel de-Farias
André Luiz Freitas Dias
Daniela Cristina Sampaio de Brito
Ernani Henrique Fazzi
Fabiana Aparecida Dutra Fernandes
Fabiana de Menezes Soares
Fernanda Lima de Melo
Gabriela Macedo Rodrigues da Cunha
Guilherme Massara Rocha
BOOKS
Jair Aurélio Borges
João Claudio Todorov
Juliana Prieto Bruckner
Leticia Siqueira Lemos
Luciana Leão Moreira
Naiara Minto de Sousa
Patrícia De Paula Martins
Patrícia Genelhu de Abreu Guilherme
Paulo Henrique Martins de Aimeida
Rafaela Santos de Araújo
Renata Guimarães Horta
GROUPS
Robson Nascimento da Cruz
Rodrigo Lopes Miranda
Ronaldo Rodrigues Teixeira Júnior
Samara Melo Moura
Sérgio Dias Cirino
Thais Porlan de Oliveira
Thtago Vai é rio Ruas
Vitor Geraldi Haase
Weverton de Barros Fonseca
ESETec
E d ito re s A sso cia d o s
2009
S u m á r io
P r e f á c i o ...............................................................................................7
INDEX
CA POR UMA EXPLICAÇÃO COMPLEXA DO COMPORTAMENTO
................................................................................. 21
B .F . S k in n e r e M . M . B a k h t in : d iá lo g o s p o s s ív e is o u
POSSÍVEIS D IÁLO G O S?..............................................................4 5
BOOKS
O DEBATE HOMANS - PARSONS SOBRE A PERTINÊNCIA DE
EXPLICAÇÕES BEHAVIORISTAS NA SOCIOLOGIA ............... 6 9
D e s e n v o l v im e n t o e m o d if ic a ç ã o d e p r á t ic a s c u l t u r a is
.................................................................................................................7 9
G r u p o d e p e s q u is a e m t e o r ia d a l e g is l a ç ã o : o p o r t u n i
dade DE DIÁLOGO E INTEGRAÇÃO ENTRE O DiREITO E A
GROUPS
C iê n c ia d o C o m p o r t a m e n t o ............................................. 91
C o n t r ib u iç õ e s d a a n á l is e d o c o m p o r t a m e n t o p a r a p r á
t ic a s d a P s ic o l o g ia o r g a n iz a c io n a l ........................... 9 8
E s c o l h a p r o f is s io n a l : u m a p r o p o s t a d e a v a l ia ç ã o d e
in t e r e s s e s a p a r t ir d a a n á l is e d o c o m p o r t a m e n t o
......................................................................... 108
A lg u m a s c o n s id e r a ç õ e s s o b r e o c o n c e ito d e b e h a v io r a l
CUSPS E a v is ã o c o m p o r ta m e n ta l d o d e s e n v o lv im e n
t o INFANTIL ................................................................................ 1 1 5
T e x t o e c o n t e x t o n a p e r s p e c t iv a d a s a ú d e a m b ie n t a l :
ANÁLISE DAS OBRAS INFANTIS DE MONTEIRO LOBATO
.............................................................................................................. 1 3 9
A n á l is e d o c o m p o r t a m e n t o : u m a p r á t ic a d e s a ú d e
INDEX
.............................................................................................................. 1 6 7
T e r a p ia a n a l ít ic o - c o m p o r t a m e n t a l d e c a s a is : c o n s id e
r a ç õ e s t e ó r ic a s e e s t u d o d e c a s o c l in ic o ..........1 7 5
A d o ç ã o a f e t iv a : u m e l o d e l ig a ç ã o e n t r e id o s o s a s il a
d o s e a s o c i e d a d e ............................................................... 1 8 4
BOOKS
Q u a l id a d e d e v id a n a t e r c e ir a i d a d e .............................1 9 4
C o n s t r u in d o o f u t u r o d a P s ic o l o g ia a p a r t ir d o s c u r
s o s d e g r a d u a ç ã o ..............................................................2 0 2
A d if íc il in c l u s ã o d a a n á l is e e x p e r im e n t a l d o c o m p o r
ta m e n to no c u r s o de P s ic o l o g ia - U F M G ............ 2 1 5
GROUPS
P r e f á c io
BOOKS
e está sendo atualmente, a produção e a prática da Análise do
Comportamento no nosso estado.
Desde o primeiro volume os temas têm sido variados,
os autores diversos, revelando muitas vezes jovens analistas
do comportamento mineiros. O que traz a todos nós a enorme
satisfação de ver nossa ciência crescendo e se multiplicando.
Nesse volume em especial, é notável o esforço e o
empenho para estabelecer um intercâmbio com outras ciênci
GROUPS
as. Já o primeiro capítulo tem como foco a interdisciplinaridade,
questão atual que atravessa e aproxima todos os campos da
ciência. A partir daí, temos autores mostrando de que maneira
um mesmo fenômeno pode ser compreendido por teóricos
diferentes, e para nossa surpresa com muitas similaridades.
Esse diálogo não fica restrito à Psicologia, convida também
outras áreas do saber como a Sociologia, o Direito e a
Fonoaudiologia.
Esse esforço sinaliza um amadurecimento da nossa
ciência, e como a ciência é o produto do comportamento dos
7
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
Parabéns aos autores e boa leitura aos leitores.
BOOKS
GROUPS
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
I n t e r d is c ip l in a r id a d e em t r e c h o s da
obra de S k in n e r : l im it e s e
POSSIBILIDADES1
BOOKS
e/ou distanciamento com a Análise do Comportamento (Skinner
1969\1984, 1977a, 1981, 1989\1991 b e 1990).
Skinner define como objeto de estudo da Análise do
Comportamento aqueles comportamentos que ocorrem no
nível ontogenético, deixando para a Etologia o estudo do com
portamento no nível filogenético, e uma parte da Antropologia
responsável pelo estudo do comportamento no nível cultural
(Skinner, 1990). Para ele, a escolha desse nível de investiga
GROUPS
ção para a Análise do Comportamento seria explicada pelo
fato destas variáveis serem passíveis de investigação através
do condicionamento operante. Este forneceria meios de se ter
INDEX
outros pontos, o isolamento que Skinner teria mantido de ou
tras áreas de estudo do comportamento, e a supervalorização
que este deu à Análise do Comportamento frente a outras áre
as do conhecimento.
Tal contexto de crítica pode ser observado no título do
primeiro comentário feito sobre seu artigo “selection by
consequences”: o título dado foi “Skinner sobre seleção - O
estudo de um caso de isolamento intelectual” (Barlow, 1984).
BOOKS
Outro exemplo se mostra claro em um outro comentário, ago
ra sobre o artigo “The phylogeny and ontogeny of behavior”:
GROUPS
Konrad Lorenz, fundador da Etologia, em muitos mo
mentos de sua obra também critica algumas posturas de
Skinner. Ele chama a atenção para a limitação dos métodos
da Análise do Comportamento, que, segundo ele, acabam por
deixar uma série de dados importantes sobre o comportamen
to de fora de seu estudo:
10
Acrescenta ainda:
INDEX
Com vários outros exemplos contidos nesses e em ou
tros trechos, poderíamos nos fazer algumas perguntas: Skinner
teria sido realmente tão extremo em suas delimitações? A Aná
lise do Comportamento de fato possuiria tal autonomia para
estudar o comportamento? Haveria margem para uma
integração entre áreas que estudam o comportamento e a
Análise do Comportamento, de acordo com a proposta de
Skinner? A seguir tentaremos explorar o tema.
BOOKS A lg uns tr e c h o s da o b r a de
GROUPS
ção e seleção envolvidos na determinação do comportamento
(Skinner, 1990). A filogênese envolveria as contingências de
sobrevivência responsáveis pela seleção natural; a ontogênese
envolveria as contingências de reforçamento responsáveis pelo
repertório dos indivíduos; e a cultura envolveria contingências
mantidas por um ambiente social (Skinner, 1981).
Conforme afirmado acima, além de propor uma sepa
ração entre as ciências de variação e seleção, Skinner ainda
diferencia as três da.fisiologia:
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momento o autor nega a influência dessas variáveis no estudo
do comportamento, porém limita sua interferência quando tra
ta de buscar os determinantes do comportamento.
Entretanto, em alguns trechos de sua obra,
Skinner parece apresentar diferentes visões acerca do grau
de influência e importância destas variáveis para o estudo do
comportamento e suas relações com a Análise do Comporta
mento. Em alguns momentos suas falas parecem pressupor
BOOKS
uma maior autonomia da Análise do Comportamento no estu
do do comportamento:
GROUPS
tas fisiológicas não podem refutar uma anáfise experi
mentai ou invalidar seus avanços tecnológicos” (Skinner,
1969\1984, p.384, negrito acrescentado).
Ou em outro trecho:
te
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"O fisiólogo do futuro nos dirá tudo quanto pode ser conheci
INDEX
do acerca do que está ocorrendo no interior do organismo
em ação. Sua descrição constituirá um progresso impor
tante em relação a uma análise comportamental, porque
esta é necessariamente 'h is tó rica q u er dizer, está limi
tada às relações funcionais que revelam lacunas tempo
rais. Faz-se hoje algo que virá a afetar amanhã o comporta
mento de um organismo. Não importa quão claramente se
possa estabelecer esse fato, faita uma etapa, e devemos
esperar que o fisiólogo a estabeleça. Eie é capaz de mos
trar como um organismo se modifica quando é exposto
BOOKS
às contingências de reforço e por que então o organis
mo modificado se comporta diferente, em data possivel
mente muito posterior. O que ele descobrir não pode in
validar as leis de uma ciência do comportamento, mas
tornará o quadro da ação humana mais completo.”
(Skinner, 1974\1991a, p. 183, negrito acrescentado).
E em outro exemplo:
GROUPS
“Quando pudermos gerar ou usar um estado diretamente,
seremos capazes de usá-lo para controlar o comportamento.
Entretanto, assim nem a ciência nem a tecnologia do com
portamento desaparecerão. As manipulações fisiológicas
simplesmente serão acrescentadas ao armamento do ci
entista do comportamento". (Skinner, 1969\1984, p. 384,
negrito acrescentado).
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INDEX
as, mas isso não seria o mesmo que “incluir na análise” os
dados destas outras áreas. Assim, cada área produziria um
tipo de conhecimento específico com seu próprio objeto e
metodologia. Nenhuma dessa formas de conhecimento nega
ria a existência da outra, porém cada uma disporia de seus
meios para dar conta de “sua parte do bolo”. Uma outra cita
ção de Skinner fala sobre esse ponto:
BOOKS
“Podemos predizer e controlar o comportamento sem saber
nada sobre o que acontece dentro dele. Um relato completo,
todavia, exige a ação conjunta de ambas as ciências [Fisiolo
gia e Análise Experimental do Comportamento], cada uma
com seus próprios instrumentos e métodos” (Skinner,
1989\1991a, p. 175).
GROUPS
mento sem saber nada sobre o que acontece dentro dele”,
porém, um relato completo “exige a ação conjunta de ambas
as ciências”. Afinal de contas, o que seria esse relato comple
to? Não estaríamos deixando variáveis importantes de fora
em um relato “incompleto”? Quando é falado “cada uma com
seus próprios instrumentos e métodos”, que tipo de interação
ele propõe? Daremos sequência ao trabalho discutindo essas
questões.
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
C o n t e x t o s q u e p o d e m e x ig ir u m t r a b a l h o c o n j u n t o
INDEX
Ambos exemplos de comportamentos que são próprios de cada
espécie. Outros exemplos também podem ocorrer na direção
oposta. Em um experimento do próprio autor (Skinner, 1960),
observou-se que pombos treinados para guiar mísseis muitas
vezes apresentavam uma taxa tão alta de bicar o alvo que eles
mostravam dificuldade de pegar grãos com o bico. Tais casos
dariam exemplos da importância de se adotar uma postura
interdísciplinar. Uma fragmentação do conhecimento pode não
BOOKS
só nos privar de dados importantes sobre o comportamento,
mas também nos levar a sérios erros de análise e intervenção.
Sobre isso, Lorenz (1978\1981) e Carvalho Neto (1996)
discutem acerca do problema da manutenção da dicotomia
inato X aprendido. A abordagem comportamental adota, so
bretudo, uma visão funcional dos eventos que ocorrem no
mundo. Tal distinção, assim como outras (organismo X ambi
ente, etc), podem se mostrar incoerentes com a abordagem
GROUPS
dado que nenhum evento em nossa investigação ocorre de
forma isolada, mas sim em relação a algum outro. Dado que o
comportamento é multicontrolado, deveríamos “incluir na aná
lise” todo e qualquer evento que possa interferir, de alguma
maneira, no comportamento em questão. Se não possuímos
o domínio sobre a variável, cabe ao profissional ou cientista
unir-se ao profissional da área em questão que tenha tal co
nhecimento. Não adotar essa postura significa correr o risco
de prejudicar o poder de predição e controle do comportamen
to, objetivos centrais da Análise do Comportamento.
15
INDEX
de atuação?
Tomando o exemplo da clínica, podemos pensar em uma
série de casos onde a relação da Análise do Comportamento
com outras áreas não torna a análise apenas mais completa
ou refinada, mas necessária. A “especialidade” do analista do
comportamento é analisar e intervir nos condicionamentos -
respondente e operante - presentes na história individual do
sujeito. Entretanto, outros fortes fatores de ordem biológica e
BOOKS
social podem estar presentes. Atender um cliente adolescente
sem "incluir na análise” alterações hormonais ou pressões
sociais aos quais ele está submetido pode levar a graves omis
sões ou erros por parte de um especialista em comportamen
to. O mesmo pode ser dito de clientes que apresentam algum
tipo de deficiência, lesão orgânica, doença ou sensibilidade a
algumas substâncias. Sabe-se, por exemplo, que os
psicofármacos alteram substancialmente o comportamento
daqueles que o utilizam, podendo muitas vezes auxiliar muito
GROUPS
no tratamento psicológico. Boas discussões a respeito desta
integração têm sido publicadas {ver Cavalcante & Tourinho,
2000).
Assim como esses exemplos, vários outros podem ser
pensados nesses ou em outros contextos. Isso não quer dizer
que o analista do comportamento deva possuir conhecimento
em todas essas áreas que exercem influência sobre o com
portamento. O que se está chamando a atenção é justamente
para uma maior aproximação que deveríamos ter de profissi
16
I n t e r d is c ip l in a r id a d e e a n á l is e d o c o m p o r t a m e n t o
INDEX
integrativas entre as áreas de estudo do comportamento.
Novamente, cabe ressaltar que isso não quer dizer que
o autor não reconhecia a importância de um trabalho conjun
to. Sobre isso ele escreve em outro trecho:
BOOKS
pecialistas, já que é improvável que alguém possa ser um
expert no campo como um todo”. (Skinner; 1977b, p. 1012).
GROUPS
bém analisar, manipular e controlar variáveis) não só parecem
nos dar descrições mais completas sobre o comportamento,
mas se mostram muitas vezes essenciais para atender aos
rigorosos critérios de predição e controle científicos estabele
cidos em nossa área.
Mas seria bom salientar que trabalhar de forma conjun
ta não quer dizer abrir mão do rigor e qualidade de uma área
para trabalhar fora de seu domínio específico. Da mesma for
ma que especializar-se em certa área não quer dizer isolar-se
de outras. A proposta interdisciplinar aqui levantada é de um
17
INDEX
juntas, tanto de estudantes quanto de profissionais. Ou seja,
ampliar nossa exposição à comunidade científica e à popula
ção em geral. Em outras palavras, para atendermos os requi
sitos básicos de uma postura interdisciplinar, não precisamos
nada mais do que avançar nos critérios que nos permitem ser
uma verdadeira ciência.
18
INDEX
Lorenz, K. (1979). Lorenz. Em R.l Evans, Construtores da Psicolo
gia. São Paulo: Summus\Edusp. (trabalho original publicado
em 1974).
Lorenz, K. (1981). The foundations of ethology. New York: Springer-
Verlag, Inc. (trabalho original publicado em 1978).
Skinner, B.F. (1938). The Behavior of organisms. New York: Appleton-
Century.
Skinner, B.F. (1960). Pigeons in a pelican. American Psychologist,
BOOKS
15, 28-32.
Skinner, B.F. (1977a). Why I am not a cognitive psychologist.
Behaviorism, 5, (2), 1-10.
Skinner, B.F. (1977b). Herrnstein and the evolution of behaviorism.
American Psychologist, 32, 1006-1012.
Skinner, B.F. (1979). B.F. Skinner. Em R.l. Evans, Construtores da
Psicologia. São Paulo: Summus\Edusp. (trabalho original
publicado em 1968).
504. GROUPS
Skinner, B.F. (1981). Selection by consequences. Science, 213, 501-
19
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BOOKS
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A PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL DE
B . F. S k in n e r e a b u s c a p o r u m a
EXPLICAÇÃO COMPLEXA DO
COMPORTAMENTO
BOOKS
pelo próprio Skinner (1984a) como seu darkyear, um momento
de crise existencial em diversos sentidos. É durante essa fase,
após uma tentativa frustrada de ser escritor, que ele decide
estudar Psicologia. Na primeira parte de sua autobiografia, ao
se referir a esse episódio e a sua posterior escolha pela Psi
cologia, ete sugere que seu interesse pela literatura foi na ver
dade uma introdução àquilo que ele realmente queria estudar.
“Eu estava interessado no comportamento humano, mas esti
ve investigando de forma errada”. (Skinner, 1984a, p.291).
GROUPS
Ao se inserir no campo da psicologia, Skinner formula
duas áreas do conhecimento, uma ciência experimental preo
cupada em estudar os processos comportamentais básicos,
denominada de análise experimental do comportamento, e a
posteriori uma filosofia dessa ciência, o Behaviorismo Radi
cal. “É possível tal ciência? Pode ela explicar cada aspecto do
comportamento humano? Que métodos pode empregar? São
suas leis tão válidas quanto as da Física e da Biologia? Pro
porcionará ela uma tecnologia e, em caso positivo, que papel
desempenhará nos assuntos humanos?” (Skinner, 2002, p.7).
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INDEX
grande parte dos pensadores modernos que negam criticar
suas bases metafísicas e deixam assim de observar as diver
sas influências filosóficas inerentes a qualquer formulação ci
entífica (Burtt, 1983). Contudo, no caso do pensamento
skinneriano, esse equívoco é, em grande medida, apenas apa
rente, porque, como aponta Dittrich (2004):
BOOKS
é um artifício lingüístico limitado. A metafísica, de fato, cons
titui o fundamento de todos os projetos científicos. Porém, a
gênese de tais projetos não segue, obrigatoriamente, a lógi
ca arquitetônica: seus fundamentos podem, sem prejuízo de
legitimidade, ser lançados a posteriori. A censura deve diri
gir-se, isto sim, aos projetos científicos que, arrogando-se
uma existência independente de fundamentos metafísicos,
desconhecem que os carregam em seu próprio ceme, ou tra
tam-nos como corpos estranhos, os quais cabe extirpar. Nesse
sentido, o trajeto de Skinner é particularmente legítimo. Tão
GROUPS
logo estabelece a originalidade de seu método, o autor lan
ça-se à tarefa de fundamentá-lo filosoficamente - uma tarefa
que exigirá parte significativa de seus esforços posteriores.
(Dittrich, 2004, p. 13)
INDEX
Ao lembrar algumas dessas influências, ele destaca o
papel da filosofia de Russel em sua escolha pelo campo da
psicologia. Skinner (1984a) relata que, através da leitura de
alguns artigos que o filósofo publicou em um periódico cha
mado Dial, ele ficou interessado em seu trabalho e leu o livro
Philosophyóe 1927. Livro em que Russell se dedica, em gran
de parte, a debater questões relacionadas ao behaviorismo
de Watson e as implicações do estudo do comportamento para
compreensão de aspectos relacionados à teoria do conheci
BOOKS
mento e significado.
Para Skinner (1984a) havia naquele trabalho uma abor
dagem diferente sobre a teoria do conhecimento que lhe cha
mou bastante atenção, pois uma das conseqüências da leitu
ra do trabalho de Russel foi entrar em contato direto com as
formulações de Watson. “Inspirado por Russel, eu comprei o
livro “Behaviorismo” de Watson. Eu perdi o interesse em
epistemologia e voltei-me para questões científicas”. “(...) Eu
p.299). GROUPS
mudei da “filosofia” para uma análise empírica.” (Skinner, 1984a,
23
INDEX
doutorado em Harvard, Skinner relata procurar o seu antigo
professor em Hamilton, Bugsy Morril, para discutir seu inte
resse pela psicologia e a indicação de um possível curso de
doutorado (Skinner, 1979). Esse professor, além de indicar a
Universidade Harvard, foi responsável por apresentá-lo os li
vros Conditioned Reflex: an investigation of the physiological
activlty of the cerebral cortex de Ivan P. Pavlov e Physiology of
the Brain and Comparative Psychology, de Jacques Loeb, que
foi o mestre de seu futuro professor e importante influência
BOOKS
em Havard, o fisiologista Willian John Crozier. (Skinner, 1984a).
De acordo com Moore (2005), alguns dos motivos que
tornaram a proposta desses dois cientistas atraente para
Skinner foi que, no caso de Pavlov, seus estudos sobre condi
cionamento reflexo tinham implicações empíricas importantes
para o estudo do comportamento, em particular, a relevância
dada ao controle das condições experimentais e a busca pela
ordem no comportamento, além, é claro, da sua descoberta
GROUPS
acerca do processo de condicionamento reflexo. Já Loeb de
fendia uma explicação do comportamento dos organismos sem
recorrer ao sistema nervoso como causa do comportamento
ao mesmo tempo em que defendia uma explicação determinista
e não mentalista do comportamento. Proposta essa bastante
atraente para Skinner e que influenciou suas futuras formula
ções acerca da explicação do comportamento. (Skinner, 1979)
Ao descrever os primeiros livros que constituíram sua
biblioteca, ele revela como alguns desses autores influencia-
24
INDEX
comportamental que sustenta toda sua ciência, o condiciona
mento operante.
BOOKS
notadamente mecanicistas predominavam. A escolha do con
ceito de reflexo como base para seu programa inicial de pes
quisa demonstra isso e o seu comprometimento com esse
modelo de ciência. Seu artigo de 1931, The concept of the
refiex in the description of behavior, é representativo dessa
posição, mas é, ao mesmo tempo, prova de que Skinner, des
de cedo, apresenta indícios de rompimento com essa tradi
ção. No trabalho de 1931, que é parte de sua tese de
doutoramento, Skinner estabelece as bases iniciais de seu
GROUPS
programa de pesquisa a partir de um conceito mecanicista, o
reflexo, e destaca igualmente a influência do físico e filósofo
da ciência Ernst Mach, um dos principais críticos do
mecanicismo do final do século XIX e início do Século XX
(Einstein, 1982). Mais especificadamente, Skinner (1961 a) cita
a leitura da obra: The science of mechanics: a criticai and
historícal account of its deveiopment e a importância do con
ceito de relações funcionais formulada por Mach.
De forma geral, a noção de relações funcionais propos
ta por Mach apresenta como fundamento a idéia humeana de
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
No caso de Skinner (1961 a), a idéia de relações funcio
nais torna-se fundamental para aquilo que ele denomina de
análise funcional do comportamento. Nesse tipo de análise, o
comportamento, que era explicado em termos de uma relação
necessária entre um estímulo e uma resposta, é mitigado. Ele
passa a ser descrito e explicado em termos de relações funci
onais, que são constantes e prováveis de ocorrência. Nessa
perspectiva as demonstrações de relações funcionais assu
BOOKS
mem algum nível de probabilidade para eventos empíricos.
Para Moxley (1999): “Isto reflete um pragmatismo Machiano
que estava em conflito com a necessidade mecanicista.”
(p. 109). No entanto, como já mencionado, o que precisa ser
notado é que Skinner adota essa perspectiva quando ainda
acreditava que o conceito de reflexo poderia ser a base de sua
ciência do comportamento.
Sério (1990), ao fazer uma minuciosa análise da pri
GROUPS
meira década do programa de pesquisa skinneriano, período
esse que abrange sua desvinculação do conceito de reflexo e
a formulação do conceito de operante, aponta os motivos des
sa suposta incoerência - recorrer a um conceito que presumia
uma relação necessária ao mesmo tempo em que se propõe
estudar o comportamento através de uma relação funcional.
De forma geral, durante esse período (primeiros anos
da década de trinta), Skinner começa a observar, em especial,
o efeito que uma resposta provoca no ambiente e sua relação
com o controle do comportamento. Skinner deixa dessa forma
de analisar o comportamento como um fenômeno determina
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7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
rente contradição. Segundo a autora: “O projeto inicial de
Skinner de estender o conceito de reflexo ao comportamento
total o conduz a um tipo de comportamento que não cabe den
tro do paradigma do reflexo, seu compromisso com este pro
jeto parece obrigá-lo a manter o conceito e seu paradigma: o
S (estímulo) se mantém mesmo quando não tem mais sentido
algum, o operante é dito um tipo de reflexo mesmo não haven
do um reflexo no caso do operante.” (Sério, 1990, p.174).
BOOKS
Os motivos que levaram Skinner inicialmente a manter
o conceito de reflexo, para explicar um tipo de comportamento
que não cabia dentro desse modelo, são diversos. A tradição
do conceito de reflexo, um autêntico representante da tradi
ção mecanicista, o contexto acadêmico onde Skinner estava
inserido, dentre outros fatores, dificultou a transição do mode
lo reflexo para o modelo operante, que ocorreu de forma gra
dual ao longo da década de 1930. Na realidade, mesmo quan
GROUPS
do Skinner define pela primeira vez o condicionamento
operante, este é definido como um tipo de comportamento re
flexo. Assim, para ele há dois tipos de comportamento reflexo,
o respondente e o operante.
O comportamento respondente é um tipo de comporta
mento controlado por um evento antecedente, ou seja, é aquele
disparado (eliciado) por um estímulo, portanto explicado por
uma relação de necessidade entre um estímulo e uma res
posta. Por exemplo, a diminuição da luz em determinado am
biente irá eliciar a resposta de dilatação da pupila, o contato
27
INDEX
não era suficiente. (Skinner, 1979, p.202).
Ao se referir aos investigadores passados que davam
ao conceito de reflexo papel central na explicação do compor
tamento, Skinner (2000) argumenta que “Vemos agora que o
princípio do reflexo ficou sobrecarregado. A entusiasmante
descoberta do estímulo levou a exageros.” “(...) a maior parte
do comportamento do organismo intacto não está sob este
tipo de controle primário”. (2000, p.54). Dessa forma, para ele,
BOOKS
o reflexo deixa de ser considerado o principal modelo de expli
cação do comportamento, portanto tem sua abrangência
explicativa bastante restringida.
Já no caso do comportamento operante, proposto inici
almente como um tipo de comportamento reflexo, Skinner
(1935) demonstra uma relação em que a resposta (comporta
mento) não era totalmente controlada por um evento antece
dente. Para explicar o comportamento dito voluntário, aquele
GROUPS
que supostamente não era possível observar um estímulo cau
sando uma resposta, Skinner identifica um processo denomi
nado por ele de condicionamento operante. O primeiro pará
grafo de seu livro Verbal Behavior, de 1957, é uma das passa
gens mais citadas da obra de Skinner. Nela, é descrita uma
genérica, mas clara definição do funcionamento desse tipo de
condicionamento.
28
INDEX
ou de uma explicação mentalista que recorrem a um evento
antecedente, seja um estímulo seja um estado mental como
causa do comportamento.
Nessa perspectiva, o homem é visto como um organis
mo que modifica e é modificado pelo ambiente, o homem se
relaciona com o mundo não como um receptáculo de estímu
los ambientais ou através de uma mente gerenciadora. Como
aponta Matos (1995): “(...) o organismo não é nem gerente
BOOKS
nem iniciador de ações, é o palco onde as interações Compor
tamento - Ambiente se dão". ( p.34). A origem do fenômeno
comportamental deixa de ser algo que está apenas no orga
nismo ou somente no ambiente, e passa a ser explicado como
resultado de uma constante e indivisível relação organismo-
ambiente. Uma breve descrição da fórmula que define o
operante demonstra como se dá essa relação.
O modelo operante é estabelecido de forma inicial a partir
GROUPS
da noção de tríplice contingência (SD: R ’! C). A tríplice contin
gência significa que há sempre pelo menos três termos envol
vidos no momento em que um comportamento operante é
emitido. São eles: uma condição antecedente (estímulo
discriminativo - SD), uma resposta (R) e uma conseqüência
(C). A condição antecedente tem como função estabelecer uma
ocasião que aumenta a probabilidade de ocorrência de uma
resposta semelhante àquela que foi reforçada no passado em
um determinado ambiente. Em outras palavras, um comporta
mento tem mais chanpes de ser efetivamente emitido e, por-
29
INDEX
autor a diminuição do uso dessa expressão em seus traba
lhos e o aumento significativo de expressões tais como: con
dição antecedente e ambiente antecedente é a prova dessa
insatisfação. O que sinaliza a busca de Skinner por uma expli
cação que evite a idéia de uma causa única e antecedente
que a expressão SD parece suscitar. De acordo com Moxley
(1999), essa posição faz com que Skinner se afaste do
mecanicismo e se aproxime de um selecionismo pragmático.
BOOKS
Para Moxley (1999), a influência do pragmatismo de John
Dewey, William James e Charles Peirce, e principalmente do
trabalho de Darwin, são fundamentais para essa transforma
ção que deixa de lado uma causa antecedente como principal
variável no controle do comportamento. Para ele a definição
de comportamento operante como uma probabilística contin
gência de três termos - condição antecedente, comportamen
to e conseqüência, é similar aos conceitos chave da seleção
natural - condições de vida, variação e seleção. Dessa manei
GROUPS
ra: “Com o desenvolvimento de sua probabilística contingên
cia de três termos, Skinner tem implicitamente refutado toda
alegação de necessidade: nenhuma alegação de necessida
de pode ser mais que probabilística porque todas essas ale
gações são comportamentos verbais analisáveis em termos
de comportamentos operantes, que são inerentemente
probabilísticos.” (Moxley, 1999, p.120).
A influência do selecionismo de Darwin no pensamento
skinneriano é um dos aspectos mais importantes no desen-
30
INDEX
ção de uma série de padrões comportamentais, por exemplo,
o próprio comportamento operante (Andery, Micheletto & Sé
rio, 2002).
O condicionamento operante é, nesse sentido para
Skinner (2002), um processo que suplementa a seleção natu
ral, é um produto filogenético. Isso porque a filogenia como
produto de contingências de sobrevivência da espécie desen
volve-se em períodos de milhares de anos, o que resulta em
BOOKS
falhas na seleção natural, uma vez que o comportamento foi
selecionado para ser adaptado em um ambiente que não exis
te mais, já se transformou. Portanto, o condicionamento
operante tem como função estabilizar a ação do organismo no
ambiente atual. Conforme Skinner (2002): “Conseqüências
importantes do comportamento, que não poderiam desempe
nhar um papel na evolução porque não constituem traços su
ficientemente estáveis do meio, tornam-se eficazes, por inter
médio do condicionamento operante, durante a vida do indiví
GROUPS
duo, cujo poder de haver-se com seu mundo é assim
grandemente ampliado.” (p.43).
A ontogenia, como o segundo nível de seleção do com
portamento, surge através do condicionamento operante. As
sim cada organismo, é modificado pelas conseqüências de
sua ação, o que leva a emissão de respostas únicas e, por
conseguinte, repertórios comportamentais singulares. No caso
do comportamento humano, isso culmina naquilo que Skinner
(1989) nomeia de pessoa, porque nenhum ser humano vai
apresentar uma história ontogenética idêntica, mesmo sub-
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INDEX
dela que se torna possível a transmissão de práticas culturais
que garantem a sobrevivência da cultura. Todavia, nesse nível
de seleção, diferentemente dos dois primeiros, o efeito sobre
o indivíduo não é responsável pela sua evolução, mas sim o
efeito sobre o grupo que cria condições para a variação e se
leção dessas práticas. Em suma, para Skinner (1981):
BOOKS
as contingências de sobrevivência responsáveis pela seleção
natural das espécies e (II) as contingências de reforço res
ponsáveis pelos repertórios adquiridos pelos seus membros,
incluindo (III) as contingências especiais mantidas por um
ambiente social evoluído. (Definitivamente, é claro, tudo isso
é uma questão de seleção natural, uma vez que o condicio
namento operante é um processo evoluído, no qual as práti
cas culturais são aplicações especiais.), (p.501).
GROUPS
no Behaviorismo Radical extrapole a busca por relações
comportamentais lineares e apenas episódicas. Ou seja, a
tríplice contingência só faz sentido como ferramenta
interpretativa se o behaviorista radical volta-se para os pro
cessos comportamentais como eles ocorrem ao longo do tem
po. Assim, a relação organismo e ambiente atual constituem
apenas parte da história comportamental. Como bem aponta
Chiesa (1994):
32
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INDEX
(Chiesa, 1994).
Neste ponto, é preciso retomar a importância, como já
dito, do papel da linguagem, considerando sua função no se
gundo e no terceiro nível de seleção do comportamento. Para
caracterizar esse aspecto, iremos a seguir realizar uma intro
dução acerca da formulação skinneriana da linguagem e da
subjetividade.
BOOKS
A SUBJETIVIDADE COMO COMPORTAMENTO
GROUPS
behaviorista radical.
A própria definição propedêutica da expressão
Behaviorismo Radical carrega em si a síntese da concepção
de subjetividade veiculada nessa abordagem. Ao contrário do
que possa parecer à primeira vista, a expressão radical não
significa intransigência ou extremismo. A palavra radical re-
mete-se a expressão Radixque, em latim, significa raiz. Então
o objetivo de Skinner é estudar a origem, a raiz do comporta
mento, mas sem recorrer à mente para explicá-lo e, ao mes
33
INDEX
behaviorismo dos demais. E é com base na publicação do texto
de 1945, The operationalAnalysis of Psychologicai, fruto de um
trabalho apresentado em um simpósio sobre operacionismo na
psicologia que isso ocorre. Skinner (1961b) discute, nesse tra
balho, sua versão do uso de um princípio operacionísta na psi
cologia, já que naquele período versões do operacionismo es
tavam sendo utilizadas por diversos behavioristas. No entanto,
Skinner (1961b) ressalta que havia uma grande distância entre
BOOKS
o seu tipo de operacionismo e o adotado pelos demais
behavioristas.
O trabalho Logic of Modern Physics, do físico Percy
Bridgman, foi a base para discussão do uso de princípios
operacionais na ciência. Bridgman (1961), dentre outros pon
tos relevantes, discutiu como conceitos formulados por Newton,
como massa, força, espaço e comprimento foram elaborados
a partir da suposição sobre as propriedades da natureza “(...)
GROUPS
ou seja, explicava conceitos físicos em termos de proprieda
des sobre as quais não indicava uma relação precisa com o
próprio mundo físico.” (Tourinho, 1987, p.1).
Para Bridgman (1961) era preciso uma constante revi
são dos conceitos realizada de acordo com o desenvolvimen
to de pesquisas que indicasse novos fatos. “Isso seria possí
vel definindo-se os conceitos físicos em termos de eventos
igualmente físicos.” (Tourinho, 1987, p.1). De modo geral, o
que Bridgman (1961) postulava é que os conceitos não deve
34
INDEX
que acarretou uma defesa extremada da objetividade, a partir
da qual somente fenômenos publicamente observáveis, fun
damentados pelo critério de verdade por consenso público
seriam válidos. Nesse modelo, a linguagem do cientista era
interpretada como uma representação lógica de sua experiên
cia privada. Houve então o desenvolvimento de uma forma de
operacionismo que pretendia resolver os problemas da psico
logia mentalista, mas que cai na mesma armadilha que pre
BOOKS
tendia evitar. Ao interpretar a linguagem como representação
lógica dos fatos, esse modelo ultrapassava o campo descriti
vo do próprio comportamento.
É contra esse tipo de operacionismo que Skinner (1961 b)
apresenta o Behaviorismo Radical. Para ele o primeiro fator a
ser observado é que os eventos privados são tão físicos quan
to qualquer fenômeno natural observado publicamente. A dife
rença para ele estaria no fato de que, entre os eventos públi
GROUPS
cos e privados, os segundos seriam acessíveis para os obser
vadores do comportamento apenas indiretamente através do
relato verbal. Com isso, não adota e nem aceita o critério por
consenso público para investigar a experiência privada. Se
gundo Tourinho (1987), nessa situação: “(...) O problema da
concordância pública deve ser tomado como secundário, em
favor de um critério mais pragmático e de coerência interna do
sistema teórico." (p.4). Assim para Skinner: “O critério último
para a boa qualidade de um conceito não é se duas pessoas
entram em acordo, mas se o cientista que usa o conceito pode
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INDEX
que Skinner prefere o uso da expressão comportamento ver
bal ao invés de linguagem para evitar possíveis confusões, já
que para ele a expressão linguagem, além de ser utilizada
amplamente no vocabulário coloquial é fruto de uma tradição
representacionista, posição essa que ele procura evitar.
Para Skinner (1978) o comportamento verbal é definido
como um tipo de comportamento operante, ou seja, é um com
portamento que age sobre o mundo e é afetado por suas con
BOOKS
seqüências. A diferença é que esse é um comportamento que
age de forma indireta sobre o mundo, através da mediação de
outras pessoas. Para esclarecer o papei da mediação nesse
tipo de comportamento, Skinner diz que:
GROUPS
outro homem. Ao invés de ir até um bebedouro, um homem
sedento pode simplesmente “pedir um copo de água” - isto
é, ele pode engajar-se em comportamento que produz um
determinado tipo de padrão sonoro que, por sua vez, induz
alguém a trazer-lhe um copo de água. (Skinner; 1978, p.1).
36
INDEX
De acordo com Skinner (2000), a comunidade verbal muitas
vezes se confunde e é embaraçosa ao tentar ensinar a descri
ção de eventos privados, isso porque ela se propõe a ensinar
o sujeito a relatar um estado ao qual a comunidade verbal não
tem acesso direto. É fácil ensinar uma pessoa diferenciar ver
balmente o preto do branco em uma contingência de
reforçamento na qual o preto seja reforçado na presença do
preto e o branco na presença do branco. Mas é quase impos
BOOKS
sível ensinar uma pessoa a descrever seu estado interno com
precisão em situações onde não há observação pública dos
possíveis determinantes do estado interno do organismo. Para
Skinner, isso ocorreria porque a única pessoa que consegue
observar seu estado interno de forma direta é a própria pes
soa. Mas, isso não impede a comunidade verbal de ensinar o
sujeito a nomear seus estados internos através de observa
ções públicas de seu comportamento. Por exemplo, uma cri
ança que está com dor de estômago, chora e fica nervosa e
GROUPS
expressa isso através de lágrimas e expressões faciais. A co
munidade verbal não vê toda a dor que a criança está sentin
do e muito menos sente a dor, contudo isso não é obstáculo
para ensinar a criança a descrever sua dor.
Apesar das diferenças de condições internas que pos
sam existir de indivíduo para indivíduo, existem padrões
comportamentais que estão associados a certos tipos de res
posta, como a dor, alegria, raiva, etc. Mesmo assim Skinner
(2002) ressalta que: “Embora a comunidade verbal solucione
37
INDEX
que acontece dentro dele coloca o sujeito em uma posição
confusa, não tendo como entender muitas vezes o seu próprio
relato que se apresenta de forma distorcida (Skinner, 2000).
Segundo Catânia (1999), um possível motivo pelo qual acha
mos ter esse suposto conhecimento especial sobre nossos
estados internos, é porque: ‘Provavelmente, achamos que os
eventos privados, como nossos sentimentos e pensamentos
são aqueles aos quais temos um acesso privilegiado e, por
BOOKS
tanto, um conhecimento especial sobre eles”.(p.265).
Sobre esse aspecto, o Behaviorismo Radical assume
uma postura bastante particular em relação ao conhecimento
da experiência subjetiva. Skinner inverte a noção tradicional
de que o homem só pode conhecer sua experiência subjetiva.
Ele, na realidade, não vai considerar que o homem está fada
do a conhecer somente aquilo que é subjetivo e que o mundo
externo é somente um constructo. O que ele vai afirmar é que
GROUPS
o mundo privado, pelos motivos que acabamos de apresentar,
é que não pode ser conhecido de maneira satisfatória, mas
sim o mundo externo. (Abib, 1982)
Essa posição também leva a conclusão de que ter aces
so direto aos estados internos que acometem o organismo
não é garantia de autoconhecimento. Para que isso ocorra
minimamente, é preciso que o indivíduo consiga descrever os
determinantes atuais e históricos de seu comportamento. Sa
ber que os estados internos não são a causa do comporta
mento seria, portanto, somente o primeiro passo para evitar o
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INDEX
rimental do comportamento, é prática comum em diversas áre
as do conhecimento e que de modo algum diminui o valor da
análise.
Não restam dúvidas de que, para Skinner, a subjetivida
de é produto de contingências de reforçamento social (Tourinho,
1997; 1999). Ou seja, as vantagens ou desvantagens desse
comportamento não estão relacionadas ao nível individual, mas
sim ao nível social. Nessa perspectiva, Skinner (1961b) afir
BOOKS
ma que “O indivíduo torna-se consciente do que está fazendo
somente depois que a sociedade reforçou suas respostas ver
bais relacionadas ao seu comportamento como origem de um
estímulo discriminativo”, (p.281).
Uma das implicações dessa noção de subjetividade é
que, ao estudar, por exemplo, os relatos dos indivíduos sobre
os eventos privados como sua consciência, deve-se conside
rar que essa consciência é social (Tourinho, 1997;1999). O
GROUPS
que, contudo, não significa que o indivíduo não possua carac
terísticas idiossincráticas, já que cada pessoa tem uma histó
ria única, ou seja, vivenciou situações singulares em sua vida,
logo, repertórios comportamentais singulares foram modela
dos. Essas questões se fazem importante à medida que seja
possível demonstrar que a subjetividade não é algo inato ou
estruturado, mas produto das relações que o indivíduo man
tém com a cultura. Dessa maneira, qualquer investigação em
relação aos eventos privados em uma perspectiva behaviorista
radical considera sua origem e função em uma dada cultura
que selecionou e mantêm esse comportamento.
39
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INDEX
real, mas, segundo Skinner, devemos investigar em que con
dições a vida subjetiva privatizada se desenvolve. A resposta
do autor remete às relações sociais. É em sociedade que se
aprender a falar e uma pane da fala pode referir-se ao pró
prio corpo e ao próprio comportamento do sujeito. Contudo,
essa capacidade para falar de si é aprendida na convivência
com os outros. Toda linguagem é, assim, social, mesmo quan
do se refere ao ,lmundo privado". Por isso mesmo, o mundo
privado de cada um é uma construção social. O que eu sinto,
vejo, pressinto, lembro, penso, desejo, etc. Sempre depende
BOOKS
da maneira como a sociedade me ensinou a falar e a prestar
atenção aos estados do meu organismo. Numa condição
social em que os sentimentos e as intenções de um sujeito
passam a ser fatores socialmente importantes para o contro
le do comportamento, já que outras formas de controle estão
reduzidas, é natural que a sociedade se preocupe muito com
a “vida privada” e desenvolva em cada sujeito uma habilida
de especial para falar e “pensar" em si mesmo, para preocu
par-se consigo e relatar claramente suas experiências "ime
GROUPS
diatas” a fim de formular seus projetos, etc. O uso de aspas
em imediatas justifica-se porque, de fato, segundo Skinner,
as experiências subjetivas não têm nada de imediato; são
sempre construídas pela sociedade. ( p.75-76).
40
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C o n s id e r a ç õ e s f in a is
INDEX
se argumentar que o pensamento skinneriano apresenta um
nítido afastamento e crítica a uma explicação mecanicista do
comportamento desde seus primórdios. O abandono de expli
cações baseadas em relações necessárias entre estímulos e
respostas para a busca de relações funcionais constantes e
prováveis de ocorrência é um dos produtos dessas transfor
mações. Como sugere Moxley(1992):
BOOKS
ção ao longo do tempo - suas contribuições para o
behaviorismo funcional. Ao fazer estas contribuições, Skinner
afastou-se das relações necessárias, tais como a relação
estímulo-resposta da tradição mecanicista, e buscou uma
ampla gama de relações funcionais entre a probabilidade de
eventos, em seus contextos. Como resultado, seu
behaviorismo tomou alinhado com uma tradição funcional ao
Invés de mecanicista. (Moxley, 1992, p. 1308-1309).
GROUPS
Também foi possível observar que as formulações, mes
mo iniciais acerca da linguagem e subjetividade, no Behaviorismo
Radical, estão alinhadas às críticas pós-modernas ao
fundacionismo na epistemologia e ao representacionismo na
linguagem (Abib, 1999). Com essas questões, alguns aspectos
que compõem o arcabouço teórico dessa ciência e sua filoso
fia, destoam de muitas das críticas mais comuns a essa abor
dagem. Como a idéia de uma psicologia estímulo-resposta e a
negação dos estados subjetivos numa explicação do compor
tamento. Nesse sentido, a colocação de Figueiredo e Santi
(2000) sobre a concepção skinneriana de subjetividade é bas-
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INDEX
parece ser uma das principais marcas do desenvolvimento do
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INDEX
Juliana Prieto Bruckner
Clínica Particular
BOOKS I n tr o d u ç ão
GROUPS
mente sofisticadas. Ao longo dessa mesma obra, ele salienta
que seu intuito não era o de suprimir os demais estudos exis-
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tentes, mas sim, fornecer outros instrumentos de anáfise ao
campo lingüístico. Dessa maneira, desde 1957, data /e publi
cação do Verbal Behavior, pode-se pensar que Skiniler criava
condições para um trabalho interdisciplinar sobre o/ratamen-
to da língua entre a Análise do Comportamento e os estudos
lingüísticos.
Se considerarmos, como indica (Dorna, 2005), que todo
comportamento humano é social, o comportamento verbal tam
bém caracteriza-se como social. Primeiramente, porque sua
definição determina que é necessária a existência de ao me
nos dois sujeitos em interação para sua ocorrência, uma vez
que a ação verbal de um sujeito é conseqüencíada pelo res
INDEX
ponder de um outro (Vargas, 1991). Em segundo lugar, pelo
fato de que esse tipo de operante é aprendido e mantido em
comunidade verbal, composta por pessoas que partilham prá
ticas culturais, dentre elas, a língua.
Uma possibilidade de trabalho interdisciplinar refere-se
justamente ao fato do comportamento verbal ser social. No
campo de estudos da linguagem existe uma área denominada
Sociolingüística que se preocupa com as relações que a lín
BOOKS
gua estabelece com as estruturas sociais. Um dos principais
autores dessa área é Mikhail Mikhailovitch Bakhtin que, ele
mesmo comenta, interessava-se pelas relações entre a ideo
logia e as manifestações da língua, pela objetivação desses
elementos em sujeitos socialmente orientados (Bakhtin, 1986).
Bakhtin (1986) indica que, para esse tratamento do fa
zer verbal dos sujeitos, a Psicologia poderia contribuir, desde
que fornecesse explicações sobre os fenômenos da consci
GROUPS
ência e da língua fora do escopo subjetivista e biologicista.
Para tanto, essa Psicologia deveria se preocupar com a im
portância do mundo material (físico e social), e portanto cultu
ral, ao qual o indivíduo se integra. Assim, se a determinação
social é indispensável para a aprendizagem de uma língua,
pode-se colocar em diálogo o pensamento de Skinner e Bakhtin
sobre o fazer verbal do sujeito.
O intuito do presente capítulo é apontar um dos princi
pais resultados de uma pesquisa realizada que objetivo en
contrar consonâncias e dissonâncias entre o pensamento des-
46
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M étodo
GROUPS
a aproximação entre os conceitos de “interação verbal” e de
“episódio verbal”.
Já em um primeiro momento, a leitura de Skinner e
Bakhtin indica uma semelhança entre o pensamento detes:
ambos indicam que o foco de análise no estudo da língua cons
titui-se como as práticas verbais entre pessoas, ou seja, o fa
zer verbal necessariamente relacional entre sujeitos. O estu
do do “episódio verbal” requer a busca das variáveis com as
quais a ação verbal se relaciona, em outra palavras, na verifi
cação das contingências ao qual o responder é função. A aná-
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INDEX
composto pelas outras pessoas que partilham das práticas
verbais daquele que comporta-se verbalmente, a esse grupo
é dado o nome de comunidade verbal em Skinner e comuni
dade de fala em Bakhtin.
Tendo-se em vista a comunidade verbal (ou de fala),
surge um ponto interessante de aproximação entre o pensa
mento dos autores em questão. Para a Skinner, aquele que
comporta-se verbalmente é chamado de falante, mesmo con-
BOOKS
siderando-se a existência de práticas verbais que não são vo
cais, tais como a escrita. Aquele com quem essa pessoa se
relaciona, dá-se o nome de ouvinte, inclusive para nos casos
de comportamentos verbais não-vocais e, sua importância re
side no fato de que: (1) faz parte do contexto da produção
verbal do falante e; (2) provê a maior parte das conseqüências
para as respostas desse segundo.
Essa nomenclatura, embora usual na área analítico-
GROUPS
comportamental, a nosso ver possui limitações em detrimento
aos nomes empregados por Bakhtin. Primeiramente, pelo fato
de que existem práticas verbais que não são vocais, mas que
são verbais pela definição analítico-comportamental, como dis
semos no caso da escrita. Em segundo lugar, essa nomencla
tura deixa implícita a noção relacional que é imprescindível
para a compreensão tanto do comportamento verbal quanto
do episódio verbal. Acentua assim, aquele que comporta-se
verbalmente, ou seja, que faz ao algo, ao invés de incidir so
bre a questão da relação interindividual.
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pessoas que partilham práticas verbais. A primeira justificativa
para tal procedimento se deve ao fato de que a expressão
bakhtiniana, embora não se refira são às ações verbais, po
dem dar a entender que as práticas verbais se restringem a
apenas esse tipo de fazer. A segunda justificativa, por sua vez,
reside no fato de que tanto Skinner quanto Bakhtin propõem
que as práticas verbais não são apenas vocais, mas também
circunscrevem outras modalidades de ação (como a escrita e
BOOKS
os gestos, por exemplo). Dessa forma, a adoção do termo
comunidade verbal, pode ampliar o leque compreensivo da
aproximação entre as áreas em questão.
O interlocutor é de suma importância tanto para a ocor
rência da ação verbal quanto para seu desenvolvimento, pois
é pelo contato com a comunidade verbal que as pessoas apren
dem a agir verbalmente. Como parte do ambiente social com
o qual o locutor se relaciona, o interlocutor cria condições para
GROUPS
que aquele aja lingüisticamente; ele estabelece ocasião para
as respostas verbais e as conseqüencia. Bakhtin (1986), des
sa forma, indica que a configuração do enunciado se dá, em
grande medida, pelo fato de que ele se dirige à alguém, pois
se isso não ocorresse, a própria resposta verbal não poderia
ser decomposta e analisada.
A língua, assim, se constitui pela interação que os locu
tores e interlocutores estabelecem, tendo em vista o contexto
imediato da relação, bem como o horizonte social que lhes
configura. Para Bakhtin, todo ato verbal dialoga com as
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tão, apontar mais uma consonância se faz necessário: os dois
campos definem duas unidades de análise, uma formal e ou
tra real, na nomenclatura bakhtiniana e; no jargão skinneriano,
uma topográfica e outra funcional.
A unidade formal para Bakhtin é a oração e a real, a
enunciação. Essa segunda se concretiza como o ato verbal
do locutor em contato com um interlocutor, sendo que os dois
encontram-se socialmente orientados. A palavra sempre se
BOOKS
destina a um outro, mesmo quando o interlocutor se faz au
sente, pois o locutor responde a um sujeito constituído por um
horizonte social. A unidade formal, a oração, constitui-se como
o conjunto de elementos com os quais a lingüística tradicional
trabalha, uma vez que geralmente delega a um segundo plano
a determinação ideológica (e portanto social) da ação verbal
e, assim, ela se orienta lidando com uma entidade estática.
Estática pelo fato de que o campo utiliza como material, fontes
GROUPS
escritas e descontextualizadas do momento sócio-histórico em
que tais recursos foram produzidos (Bakhtin, 1986). No pris
ma bakhtiniano, a oração não tem autor e nem destinatário,
não suscitando uma resposta, ao contrário da enunciação.
Skinner (1957) por sua vez, aponta que o estudo do
comportamento verbal contempla duas direções: uma descri
tiva e outra explicativa. No rumo descritivo, o trabalho com
esses operantes implica em detalhar sua topografia (forma),
enquanto que, o percurso explicativo, diz da busca das variá
veis das quais a resposta verbal é função. Em outras palavras,
devemos verificar com quais aspectos do contexto o sujeito
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INDEX
da função dos operantes verbais, Skinner (1957) indica que a
topografia, embora importante para o estudo para o estudo
completo do fenômeno lingüístico, não carrega em si mesma
sua conseqüência sobre o ambiente social, ou seja, seu signi
ficado. Esse aspecto situa-se na relação que o sujeito, o con
texto imediato e o remoto (história de vida) em que a pessoa
figura. Portanto, também para Skinner, o foco de análise con
cretiza-se na função do fazer verbal, já que necessariamente
BOOKS
seu estudo requer o contato com os elementos sócio-históri-
co-culturais que constroem a ação verbal.
Existem dois aspectos dissonantes entre os dois auto
res que fazem parte do diálogo que aqui se situa. A primeira
trata sobre um tipo de comportamento privado, o pensamento
verbal. Esse tipo de ação encoberta que apenas o sujeito que
se comporta tem acesso ao responder, para Skinner, não é
um elemento imperativo para a ocorrência de outras respos
GROUPS
tas. Nesse sentido, não seriam as variáveis mediacionais que
deveriam ser buscadas para a explicação do fazer verbal, mas
sim, com quais os aspectos sócio-culturais, quando e como
faz a pessoa ao se comportar verbalmente. Contudo, pode-se
apontar que em uma cadeia comportamental, uma resposta
pode criar condições para a ocorrência de uma sucessora tem
poral e que, dentre essas, podem existir respostas preceden
tes que podem ser concomitantemente verbais e privadas, mas
isso não se caracteriza como uma relação sine qua non.
Já em Bakhtin (1986), a enunciação se configura como
um produto da interindividualidade, na qual o locutor possui
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INDEX
partir de um referencial materialista dialético. Ainda nesse
âmbito, o contexto que fornece elementos com os quais o su
jeito se integra para construir a si e o mundo ao seu redor, é
ideológico, implicando que a “palavra” nunca é neutra. Em
Skinner, a marca econômica, de classe e a ideológica não fa
zem parte obrigatoriamente da análise do comportamento ver
bal, sendo elementos que apenas podem constituir parte do
contexto de produção verbal.
BOOKS C o n c lu s ã o
GROUPS
Podemos verificar que os dois autores, mesmo com di
ferenças epistemológicas, buscam, sobretudo a história de
relações que os sujeitos mantêm com seu ambiente sócio-
cultural (e portanto verbal). Assim os conceitos de “interação
verbal” e de “episódio verbal” , embora tenham suas
especificidades, são definidos como ações que são aprendi
das e mantidas por meio de relações interindividuais, impli
cando na necessidade de haver ao menos dois sujeitos em
interação.
Esse conceitos, se definem também pelo fato de serem
dinâmicos, produzindo e sendo produtos das mudanças que
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INDEX
dos, sendo que cada indivíduo (Abib, 1997).
R efer ê n c ia s
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Um d iá l o g o e n t r e F reud e S k in n e r :
INDEX I n tr o d u ç ã o
BOOKS
buições relativas ao tema em algumas passagens de sua obra.
Destas, há uma que incita de modo especial aqueles que se
interessam pelo diálogo entre a Análise do Comportamento e
a Psicanálise. Ela pertence a um tópico do livro “Ciência e
comportamento humano”, intitulado “Símbolos”, no qual Skinner
afirma que “Freud conseguiu demonstrar certas relações plau
síveis entre sonhos e variáveis na vida do indivíduo. A presen
te análise essencialmente concorda com sua interpretação.”
GROUPS
(Skinner, 1953/1994, p. 281)
A despeito das marcantes diferenças no campo dos pres
supostos epistemológicos e éticos, Psicanálise e Analise do
Comportamento consistem em práticas articuladas ao concei
to de contingência. As “relações plausíveis” que Skinner apro
va no procedimento epistêmico de Freud referem-se às cone-
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INDEX
encadeando-se de modo a fornecerem os elementos para
discernir-lhes as leis.
Quando Skinner afirma que sua análise concorda es
sencialmente com a de Freud, quer dizer que ambos tentam
explicar os sonhos a partir da história de vida dos sujeitos.
Não existem fórmulas para interpretar os sonhos, pois eles
dependem das experiências, daquilo que cada um viveu e está
vivendo. Todavia, se existe esta semelhança essencial entre
BOOKS
Freud e Skinner, não podemos esquecer de que também exis
te uma diferença crucial entre os modelos por eles propostos.
Para mostrar onde reside esta diferença, podemos retomar
um trecho do primeiro parágrafo do artigo “Sobre os sonhos”,
no qual Freud discorre sobre o modo como os sonhos eram
associados a fenômenos místicos, e conclui dizendo que: “[...]
hoje apenas uma pequena minoria de pessoas cultas duvida
de que os sonhos sejam um produto do próprio psiquismo
do sonhador” (Freud, 1901/1996c, p. 655, negrito incluído).
GROUPS
Grifamos o final da citação porque é neste ponto que Skinner
vai discordar de Freud. Ele diria que não é o psiquismo do
sonhador que produz os sonhos, mas que são as contingênci
as. Numa passagem do livro “Sobre o Behaviorismo”, que não
é específica sobre os sonhos, ele nos ajuda a entender esta
diferença de postura:
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O PROBLEMA DA CONTINGÊNCIA
INDEX
os comportamentos ocorrem. Se perguntarmos a uma pessoa
qual o seu nome, por exemplo, ela responderá: “Pedro”. A res
posta “Pedro” dependeu, entre outras coisas, da pergunta fei
ta e de uma história na qual esta pessoa aprendeu a falar tal
palavra, recebendo atenção ou reprovação de acordo com o
que falou. No caso do nome próprio, ele é acompanhado des
de cedo (antes mesmo do nascimento) por uma multiplicidade
de contingências. Imaginemos que “Pedro” era o nome do avõ
BOOKS
materno desse sujeito e que eles jamais se encontraram, pois
o avô faleceu há muitos anos. Por que será que lhe deram
esse nome? O nome carrega expectativas, cobranças? Será
que os pais tinham consciência dos motivos dessa escolha?
Provavelmente não. Há uma dificuldade para “re-arranjar” tais
contingências, porque elas transcendem o nível de compre
ensão de toda a família, mas mostram seus efeitos naquilo
que cada um faz e fala. As contingências operam em três ní
veis: filogenético, ontogenético e cultural.
GROUPS
Ao afirmar que “uma análise rigorosa mostra que, de
modo algum, a palavra é a unidade funcional” (Skinner, 1953/
1994, p. 101), Skinner adota um procedimento epistemológico
diferente daquele de Freud, para quem a palavra “Pedro”, por
exemplo, consiste numa unidade constitutiva de uma estrutu
ra discursiva. Se, por um lado, podemos aventar que Skinner
e Freud partiam da pressuposição da exterioridade da lingua
gem ao sujeito e nela reconheciam a ação de contingências
claramente determinantes de comportamentos, Freud, entre
tanto, reconheceria a funcionalidade em jogo na linguagem,
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INDEX
o ambiente, lembrando que o conceito de ambiente possui um
sentido amplo, e pode ser dividido em externo (físico e social)
e interno (biológico e histórico). (Cf. Todorov, 2007)
BOOKS
tos? Porque para ele, comportamento é qualquer ação do su
jeito, manifesta ou encoberta, inata ou aprendida; e que de
pende de todas as nuances do contexto que a envolve e afeta.
Para sonhar, dependemos de um aparato orgânico resultante
do processo de evolução da nossa espécie, mas que não é
suficiente para produzir os sonhos, ou seja, os sonhos depen
dem do cérebro, mas não apenas dele. O sonhador precisa
ser inserido numa cultura e nela viver uma história na qual
aprenderá a perceber coisas na ausência de determinados
GROUPS
estímulos externos. Exemplo: podemos agora fechar os olhos
e visualizar um cenário qualquer, com seus prazeres, perigos
etc. Da mesma forma que o devaneio, o sonhar é uma ativida
de encoberta adquirida a partir do contato que o sujeito esta
belece com seu ambiente. Quando dormimos, continuamos a
nos comportar sob a influência de nosso passado e presente.
O sonho é o melhor exemplo de comportamento durante o
sono. Para entendê-lo, seguimos o mesmo caminho usado
para os comportamentos manifestos: buscamos as contingên
cias. Maiores informações sobre as razões pelas quais os so-
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/... Meu amigo R. era meu tio. - Eu tinha por ele um grande
sentimento de afeição.
INDEX
especialmente nítida. (Freud, 1900/1996a, p. 172)
BOOKS
melhante indicação e não foram nomeados. Freud conversou
com um desses colegas, chamado R., que assim como ele
era judeu, e no dia seguinte teve o referido sonho. R. apare
ceu no sonho como sendo o tio de Freud. E Freud encontrou
com R. no dia anterior ao sonho. Deparamo-nos aqui com uma
instância daquela semelhança essencial entre os modelos
interpretativos propostos por Freud e Skinner: o sonho depen
de da história do sonhador. R. só apareceu no sonho porque,
entre outras coisas, Freud o conhecia, encontrou com ele um
GROUPS
dia antes, e corria o risco de não ser nomeado para o cargo,
assim como R. não foi.
Freud buscou o sentido de cada elemento do sonho na
sua própria história, começando pela palavra “Tio”. O primeiro
nome que lhe veio à cabeça foi o do seu Tio Josef. E o que se
lembrou? Que trinta anos antes seu tio praticou uma
desonestidade e foi punido. O pai de Freud, irmão de Josef,
ficou atormentado e sempre se desculpava dizendo que ele
não fez aquilo por maldade, mas por burrice. Freud racioci
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INDEX
contexto antecedente e conseqüente.
Por mais que o senso comum tenha o equivocado hábi
to de relacionar um único estímulo a uma única resposta, sa
bemos que as relações comportamentais são muito mais com
plexas. No caso da resposta “Tio Josef”, não existe um único
estímulo capaz de trazê-la à tona incondicionalmente. Assim
como Freud, Skinner acredita que os elementos do sonho pos
suem múltiplos determinantes. Skinner chamou esta rede de
BOOKS
influências de “causação múltipla”, e Freud a chamou de
“sobredeteminação” . No livro “O comportamento verbal”,
Skinner esclareceu esta característica dos comportamentos
em geral:
GROUPS
resposta.” (Skinner, 1957/1978, p. 273)
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BOOKS
de seu Tio Josef. Este seria um exemplo de “condensação”,
um dos mecanismos que participam do trabalho do sonho. O
que um analista do comportamento pensa a esse respeito?
Em vez de falar que existe um mecanismo psíquico chamado
“condensação”, ele prefere dizer, lembrando a primeira parte
daquela definição de “causação múltipla”, que "a força de uma
única resposta pode ser, e usualmente é, função de mais de
uma variável”. Em outras palavras, aquilo a que os psicanalis
tas chamam de “condensação” seria para o analista do com
GROUPS
portamento uma inferência que fazemos quando partimos da
resposta e chegamos aos seus múltiplos determinantes, sem
nos esquecermos daqueles estímulos cuja função controladora
decorre de um processo de generalização. Skinner evitou
inferências nos moldes freudianos porque temia que intérpre
tes desavisados pudessem tomar a inferência como entidade
concreta, interrompendo a busca pelas causas reais. O meca
nismo do “deslocamento” corresponderia à segunda parte da
definição, quando “uma única variável costuma afetar mais de
uma resposta, e a resposta menos passível de sofrer punição
é emitida.
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INDEX
‘‘Fora esse o método adotado por meu sonho: ele transfor
mara um deles, R., num tolo, e o outro, N., num criminoso, ao
passo que eu não era uma coisa nem outra; assim, já não
tínhamos mais nada em comum; eu podia me regozijar com
minha nomeação para o cargo de professor [...]. "(Freud, 1900/
1996a, p. 174)
BOOKS
refere às demais imagens que ali se superpõem, mas aos
significantes que definem a trama do sonho. Os processos de
significação do sonho são dotados por Freud de uma autono
mia em relação às condutas manifestas. Talvez fosse oportu
no, nesse momento, uma breve retomada do tema relativo ao
conceito de unidade funcional. Suponhamos que uma terapeuta
se utilize da fábula do menino e o lobo com a finalidade de
inibir o comportamento de mentir de um paciente de cinco anos.
GROUPS
Toda a história (palavras, frases e parágrafos) pode ser consi
derada uma unidade funcional, dado seu efeito sobre a dimi
nuição da freqüência do comportamento em questão. Para a
Análise do Comportamento, é o efeito da narrativa que deter
mina seu estatuto de unidade funcional. No caso da Psicaná
lise, a formulação teria que ser diferente sob diversos aspec
tos. De um ponto de vista mais teórico, a narrativa teria valor
de estrutura significante, não propriamente de significado.
Mesmo que se saiba que a fábula tem uma “moral da história”,
ou seja, uma direção de sentido. O psicanalista supõe que
não se pode dizer a priori, para sujeitos diferentes, se e como
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INDEX
sem referência à norma, ou seja, à obrigatoriedade de dizer a
verdade. A Psicanálise pressupõe que toda relação de um in
divíduo com a linguagem é distorcida. Então, a proposta da
Psicanálise seria menos de retificar essas distorções, e mais
de investigar seus sentidos, suas origens e desdobramentos.
Talvez para a Psicanálise a palavra “comportamento” seja ex
cessivamente carregada de conteúdo moral, teleológico; e não
combina bem com uma ética que não é prescritiva, que não
tem como miragem a funcionalidade adaptativa da conduta,
BOOKS
mas algo muito diferente disso. Não custa ressaltar que o uso
de uma palavra não corresponde ao uso de um mesmo con
ceito: “comportamento” não significa a mesma “coisa” para
freudianos e skinnerianos.
Retornando ao sonho de Freud, o Tio Josef é conside
rado um “cabeça fraca” (tête faible): na Psicanálise, o rearranjo
da imagem é comandado pela função da linguagem. Assim,
as imagens oníricas têm importância secundária. A operação
GROUPS
1 Freud, no livro dos chistes, lembra o paradoxo verdade/mentira
contido na anedota: “Dois judeus encontraram-se num vagão de
trem em uma estação na Galícia. ‘Onde vai?’ perguntou um, ‘À
Cracóvia’, foi a resposta. ‘Como você é mentiroso!’, não se conteve
o outro. ‘Se você dissesse que ia à Cracóvia, você estaria querendo
fazer-me acreditar que estava indo a Lemberg. Mas sei que, de
fato, você vai à Cracóvia. Portanto, por que você está mentindo pra
mim?” Aqui Freud quer fazer destacar que, numa estrutura narrativa,
é possível que alguém esteja “mentindo quando fala a verdade e
fale a verdade por meio da mentira”. (Freud, 1905/1996b, p. 113)
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INDEX
localizado para além da empiria do comportamento manifes
to. O desejo que se imiscui no sonho, ainda que jamais possa
ser completamente revelado, aqui se mostra claramente liga
do ao Complexo de Édipo e ao Nome-do-pai. O sonho pode
ser referenciado no âmbito da questão do reconhecimento
paterno, da filiação e da nomeação no sentido mais profundo
do termo. Mas a palavra “nomeação" deve aqui ser observada
em seu sentido próprio. O sonho é um paradigma do caráter
BOOKS
inominável do desejo, por isso mesmo, às voltas com sua no
meação (a frase de R: “agora pelo menos eu sei onde eu es
tou”; essa é a frase que liga o sonho ao desejo). Todo sonho
expressa o fato de que a nomeação do desejo é essencial
mente vacilante.
Numa visão skinneriana, o principal modelo adotado para
entendermos um comportamento operante é o da tríplice con
tingência, e ele abarca a noção lacaniana de significante. O
GROUPS
comportamento é uma função de contingências passadas e
presentes: “significante para outro significante”. No futuro, se
ria válido explorar possíveis relações entre os conceitos de 1)
“comunidade verbal” e “Outro”, 2) “ouvinte” e “outro", 3) “uni
dade funcional” e “significante”, e 4) “classe de respostas” e
“traço unário”. Este esforço não pode se limitar a simplesmen
te traduzir conceitos de um sistema para a linguagem de seu
vizinho, o que seria absurdo, pois “um termo, ou mesmo uma
noção, pode pertencer a dois espaços do saber distintos, mas
um conceito teórico só se define por referência a um campo
teórico específico.” (Garcia-Roza, 2003, p. 13)
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C o n t in g ê n c ia , a d a p t a ç ã o e d e s e j o
INDEX
um parêntese, o temor skinneriano de que a análise se perca
com o uso de ficções explanatórias é válido, mas apenas para
o leitor ingênuo e incapaz de entender que a função dessas
metáforas é organizar os dados coletados. Isto faz parte do
processo de construção teórica. Os dados carecem de elabo
ração, de sentido. E existem “inferências” e “inferências”. Freud,
profundo conhecedor da neurologia de sua época, sabia que
não há dentro da cabeça das pessoas uma espécie de
BOOKS
homúnculo que articula as operações mentais e que nossos
atos surgem como epifenômenos. Os conceitos que Freud
criou, desde que bem compreendidos, funcionam como ata
lho para esse processo de investigação das relações que o
sujeito vivência, e não como barreira.
De volta ao sonho, quando Freud afirma que viu, na
figura do seu tio, R. como um tolo e N. como um criminoso,
porque assim ele poderia evitar a conclusão de que sua no
GROUPS
meação fracassaria pelo fato de ser judeu, ele estava se com
portando em função de contingências de reforçamento e puni
ção. Segundo Skinner:
“Um símbolo, tal como o termo foi usado por Freud na análi
se de sonhos e da arte, é qualquer padrão temporal ou espa
cial que seja reforçador em razão da semelhança com outros
padrões, mas que escape de punição por causa das diferen
ças.” (Skinner, 1953/1994, p. 280)
fato de ser judeu, e ser nomeado por ser um judeu que não é
nem tolo nem criminoso. Como em qualquer situação
comportamental, a resposta que aparece é sempre a mais
adaptativa. Quem determina esta adaptabilidade são as con
tingências, as relações de dependência que o sujeito estabe
lece com seu ambiente, ou seja, suas experiências.
E onde fica o desejo? Qual o seu lugar na Análise do
Comportamento? O sonho aqui relatado mostra-se atravessa
do pelo desejo de Freud de ser nomeado professor. Então,
como Skinner vê a questão do desejo? Esta discussão mere
ce um “capítulo” à parte. Todavia, para ao menos apontarmos
um operador de leitura, usaremos as seguintes palavras, ex
INDEX
traídas de uma literatura “não-comportamentaíista”:
BOOKS
incluído)
GROUPS
intangível, porque o desejo, como tal, jamais é tornado consci
ente. E na medida em que o desejo se articula na linguagem,
talvez a correlação entre desejo e “privação” seja mais delica
da. Aqui vemos que Skinner se aproxima de uma vertente da
investigação de Freud, para quem também o mundo verbal
fornece contingências: “Todo o comportamento, seja ele hu
mano ou não-humano, é inconsciente; ele se torna ‘conscien
te’ quando os ambientes verbais fornecem as contingências
necessárias à auto-observação.” (Skinner, 1989/1995a, p. 88).
Mesmo que essas contingências, na obra de Freud, ao forne
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INDEX
submetidos aos mesmos princípios que regulam as ações “nor
mais”. Isso oferece à noção de “adaptação” um sentido inclu
sivo: o sintoma é "operante”, por mais que pareça disfuncional
e cause sofrimento.
Para concluir, o que se pretendeu evidenciar aqui é a
prodigalidade do debate entre Análise do Comportamento e
Psicanálise, com destaque para alguns dos efeitos epistêmicos,
éticos e clínicos. “O lamentável sectarismo entre as duas abor
BOOKS
dagens parece residir muito mais em posturas preconceituosas
dos seguidores das mesmas do que em impasses conceituais. ”
(Medeiros & Rocha, 2004, p. 27)
R e fer ê n c ia s
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por Skinner. Seu posicionamento é bastante criticado na soci
ologia (Davisand, Boulding, 1962; Deutsch, 1964; Allwood,
1973, Parsons, 1964). Com a finalidade de discutir algumas
dessas críticas, o texto a seguir trata de apresentar breve
mente o debate entre Homans e Parsons sobre a pertinência
do uso das proposições behaviorista no campo das ciências
sociais.
Homans (1987), em seu ensaio intitulado Behaviorismo
GROUPS
e pós-behaviorismo, trata de examinar a corrente psicológica
conhecida como behaviorismo, defendendo seu uso na soci
ologia, Para tanto, ele procede a uma explicação dos princípi
os gerais do comportamento, distinguindo inicialmente dois
conceitos fundamentais, o comportamento respondente e o
comportamento operante e seus componentes básicos e, em
seguida faz um esforço de mostrar como tal teoria pode se
inserir no debate teórico sociológico.
*nandalimamelo@ gmail.com
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portamento emocional, característicos de uma mistura de
respondente com operante.
O comportamento operante, por outro lado não é auto
maticamente gerado por um tipo de estímulo, ele é, na verda
de, controlado pelas próprias conseqüências que produz. Um
comportamento exploratório qualquer, que for seguido de uma
recompensa, que pode ser um alimento (estímulo naturalmente
reforçador), por exemplo, provavelmente se repetirá por ter
BOOKS
alcançado sucesso no passado. Assim, o efeito da recompen
sa de induzir o indivíduo a repetir o ato é, portanto, o que jus
tifica a afirmativa de que o comportamento foi reforçado e, por
assim dizer, aprendido, pois se observa que a pessoa é capaz
de se comportar de maneira eficaz para alcançar o reforço
desejado. Como a ação não gera automaticamente um refor
ço, a relação entre o comportamento e o estímulo que se se
gue pode ser fortuita, podendo criar, assim, o que chamamos
GROUPS
de comportamento supersticioso. Os estímulos reforçadores,
portanto, podem ser de natureza diversa. Alguns deles são
naturalmente reforçadores como o prazer sexual, outros, como
o dinheiro, são reconhecidos como tal no processo de apren
dizagem dos indivíduos mesmo que não tenham uma nature
za reforçadora.
A partir da análise da aprendizagem operante, Homans
(1987) ressalta que devemos tomar o behaviorismo como uma
ciência histórica, pois as ações futuras são sempre orientadas
em função de conseqüências passadas de ações anteriores.
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soluto o custo para alcançá-lo. Esse custo pode ser a dificul
dade da ação que leva ao reforço ou mesmo o atraso de sua
liberação.
Para o autor, se comportar de forma que, diante de cur
sos de ações alternativos a escolha seja feita por aquele cur
so que tenha o maior retorno relativo (isso porque desconta
mos sempre o custo da ação) lembra o que alguns teóricos da
sociologia ou da economia chamam de princípio da escolha
BOOKS
racional. Homans (1987), entretanto, argumenta que usar o
rótulo racional nada acrescenta ao significado das ações.
O autor argumenta que muitos cientistas sociais utili
zam de uma explicação behaviorista e não se dão conta disso,
chamam-na de utilitarismo ou teoria da escolha racional. Es
sas teorias, entretanto, deixariam de lado diversos elementos
da psicologia behaviorista, o que faz com que o autor as intitule
“versões despojadas do behaviorismo”. Para Homans (1967),
GROUPS
o que falta a essas teorias é a consideração sobre o processo
de aprendizagem que gera os valores que orientam a ação,
bem como a importância do caráter histórico dos comporta
mentos.
Segundo Homans (1967) o behaviorismo e suas ver
sões despojadas, que se dedicam à explicação do comporta
mento individual ou social, usualmente servem às doutrinas
individualistas e a chamada doutrina teórica da “lei explicativa”.
Na doutrina individualista, as leis gerais estabelecidas pela
psicologia behaviorista servem à argumentação de que as leis
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partir de um conjunto de proposições, Homans (1987) defen
de a posição de que as leis explicativas de todas as ciências
sociais são as leis da psicologia behaviorista, com a diferença
de que algumas dessas ciências aplicarão mais do que outras
tais leis. Dizer, portanto, que certas proposições de uma ciên
cia decorrem, sob condições dadas, das proposições de outra
significa dizer que as primeiras são reduzidas às segundas,
assim, o autor não considera a psicologia como sendo uma
BOOKS
das ciências sociais, mas como sendo a ciência de cujas pro
posições gerais as outras ciências sociais decorrem.
O autor ressalta que, de fato a sociologia pode ser re
duzida à psicologia, mas que, dados alguns problemas práti
cos, muitas vezes relacionados à agenda de pesquisa, não há
uma fusão entre essas ciências.
Para o autor, a aplicação behaviorista na sociologia será
bem sucedida se dedicar ao estudo de reguiaridades que es
GROUPS
tão presentes em diversos grupos sociais antes de examinar
aspectos específicos de grandes sociedades, entretanto, o
autor supõe que isso nunca acontecerá, pois os cientistas bus
carão o que lhes interessa, assim, mesmo que eles percam
em estratégia, eles ganham em motivação.
Tratando do tema das instituições, Homans (1987) defi
ne estrutura social como qualquer traço de um grupo que se
mantêm estável no tempo. Após o surgimento dessa estrutu
ra, pelas conseqüências das ações dos indivíduos, e a manu
tenção dela pelo grupo, ela própria provê condições para os
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sulta do fato de o behaviorismo ser uma ciência histórica, em
que contam para sua explicação tanto as condições atuais
quanto os acontecimentos passados. A sociologia conhece
muito das condições atuais, mas tem pouco acesso às infor
mações sobre as condições passadas para explicar o com
portamento atual.
O autor conclui seus argumentos afirmando que as mais
diversas escolas em sociologia, excetuando-se a sua, costu
BOOKS
mam não esclarecer suas leis explicativas, sendo
teoreticamente débeis. Se tais teorias não conseguem esta
belecer princípios gerais, a comparabilidade entre elas fica di
ficultada, dando a impressão de que elas são radicalmente
diferentes, o que é um erro, segundo o autor. Para ele, caso
as teorias fizessem o esforço de formalizar suas proposições
em termos de uma explicação behaviorista, mesmo que isso
seja feito apenas uma vez, pois não seria preciso recorrer todo
GROUPS
tempo a uma explicação dos princípios mais básicos, elas
descobririam que fazem uso dos princípios da psicologia
behaviorista e, a partir daí seria possível reconhecer as apro
ximações das teorias.
Dessa forma, Homans (1987) afirma que tal busca por
leis explicativas, que as teorias tenham em comum, nada afe
ta na devoção às diferentes áreas de pesquisa empírica. Tal
empreendimento, de utilizar a psicologia behaviorista não só
como fornecedora de premissas gerais pra a explicação de
fenômenos empíricos como também na forma de um guia geral
para a natureza da explicação nas ciências sociais, teria como
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pos, que estariam representando uma pequena escala dos sis
temas sociais, tem como objetivo a discussão da relevância
de princípios psicológicos, para o comportamento social, que
seriam generalizáveis a ponto de cobrir a explicação de todos
os sistemas sociais em quaisquer níveis.
Para Parsons (1964), um dos grandes problemas da
teoria em questão é que ela, apesar de se pretender geral,
chegando a sugerir o reducionismo da sociologia à psicologia,
BOOKS
não consegue sucesso em mostrar como tais princípios psi
cológicos poderiam ser úteis na explicação de níveis macro
sociais. Um dos erros então estaria na generalização de sua
doutrina para a sociologia como um todo.
Além disso, o autor considera errônea a pouca relevân
cia dada por Homans às diferenças entre os comportamentos
dos ratos de laboratório estudados por Skinner e o comporta
mento humano, que, segundo o autor, são de vital importân
GROUPS
cia, tanto quando se considera o aspecto psicológico quanto
quando se considera o sociológico. A economia, por exemplo,
seria uma teoria muito mais abstrata, com alto grau de especi
alização na organização social, que tais princípios elementa
res do comportamento não poderiam explicar. Assim, apesar
do argumento de Homans de que o dinheiro seria um reforçador
generalizado, por possuir a propriedade de poder ser trocado
por diversos objetos, a existência do mercado e dos proces
sos institucionalizados que promovem seu controle são ferra
mentas indispensáveis para a explicação do uso do dinheiro.
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reforços, na linguagem homansiana. Os meios simbólicos,
nesse sentido não poderiam ser tratados como elementares.
Para o autor tais meios simbólicos só puderam desen
volver uma função em um sistema social organizado, portan
to, a distinção entre tais meios e os reforçadores, comuns aos
comportamentos animais, deveria ter sido privilegiada na obra
de Homans, que negligencia a explicação das condições
organizacionais a partir das quais tais meios simbólicos pude
BOOKS
ram ocupar um papel tão importante para o comportamento
humano.
Por fim, Parsons (1964) diz concordar com Homans no
sentido de que existem princípios elementares que governam
o comportamento dos organismos em geral e, que governam
o comportamento dos homens, entretanto, ressalta a impor
tância da distinção de um nível cultural de organização da vida
em sociedade, que torna o comportamento humano diferente
GROUPS
daqueles exibidos por ratos ou pombos de laboratório. Além
disso, ele considera a importância da divisão analítica dos
subsistemas cultural, psicológico, sociológico e orgânico, os
quais Homans insiste em reduzi-los ao psicológico que é co
mum tanto aos animais quanto aos homens em qualquer nível
de interação.
Em um comentário sobre a crítica de Parsons, Homans
(1964) defende sua teoria afirmando que o autor estava equi
vocado em sua interpretação de alguns elementos cruciais.
Os principais pontos de debate entre os autores são a questão
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intituladas psicólogas, entretanto, a importância dessas pro
posições é que elas tratam do comportamento dos indivíduos
tanto quando se comportam sozinhos, quanto em situação de
interação.
Em relação à querela sobre os princípios econômicos,
o autor diz haver certa tensão na critica de Parsons à sua teo
ria. Primeiramente Parsons parece tratar o comportamento
econômico como apenas aquele que envolve o uso do dinhei
BOOKS
ro, Homans, por outro lado, considera como econômico ou
tros tipos de comportamento como o de uma pessoa que te
nha conhecimentos escassos sobre algo e que oferece ajuda
a outra pessoa que necessita de tais conhecimentos e recebe,
em troca de sua ajuda, prestígio e aprovação social. Para o
autor tal situação estaria perfeitamente de acordo com a lei
econômica da oferta e da demanda, sem, entretanto, envolver
o dinheiro.
GROUPS
Parsons (1964) ainda ressalta que não seria possível
utilizar uma explicação psicológica para o uso do dinheiro, pois
para isso seria crucial lançar mão de elementos institucionais
como o mercado. Homans (1964) se defende dizendo que
nenhuma psicologia pode explicar a origem do dinheiro ou dos
mercados por falta de informações históricas das condições
de surgimento de tais elementos. Dessa forma, o autor argu
menta que as proposições psicológicas do behaviorismo seri
am suficientes para a explicação do surgimento de padrões
chamados institucionais, desde que se possa recorrer às in
formações históricas e, chega a desafiar seus críticos a for
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reforçador e atuar de forma a aumentar a probabilidade de
ocorrência do comportamento em um contexto semelhante.
O equívoco parsoniano estaria, portanto, em perder de
vista a idéia de que as proposições da teoria que pretende
criticar tratam dos mecanismos gerais da ação, independente
de seus conteúdos. É, portanto, insuficiente utilizar os argu
mentos da semântica para criticar o que faz parte da sintaxe.
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D e s e n v o lv im e n to e m o d ific a ç ã o de
PRÁTICAS CULTURAIS1
BOOKS
do Comportamento: Conhecer e Avançar”) trouxe textos refe
rentes a apresentações na IV Jornada Mineira de Análise do
Comportamento, realizada em 2003, em Belo Horizonte. Fica
claro já no Prefácio, quando a Professora Adélia Maria S.
Teixeira faz um tributo póstumo à dona Carolina Martuscelli
Bori, o grande interesse da Análise do Comportamento em
tornar-se “uma ciência forte e influente nos demais campos
de investigação científica” (p. vii). A Profa. Dra. Carolina, den
GROUPS
tre suas inúmeras contribuições à Análise do Comportamen
to, e à Psicologia como um todo no Brasil, já na década de 70,
discutia um importante procedimento para melhor planejar o
processo de ensino-aprendizagem2, procedimento este que
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análise skinneriana (Skinner, 1981). A seleção por conseqüênci
as é mais conhecida no nível biológico (com autores como Darwin,
Mendel e Dobzhansky), quando nos deparamos, por exemplo,
com a explicação para mutações genéticas e a extinção de dife
rentes espécies (e.g., dinossauros). Menos conhecida no nível
comportamental, que trata de variações e seleções que ocorreri
am na relação de um organismo individual e seu ambiente espe
cífico (estudo representado por autores como Thorndike e
Skinner). Este segundo nível poderia explicar a aquisição e pos
BOOKS
terior extinção de respostas tais como chupar o dedo, choramin
gar, queixar-se, etc., ao longo das etapas de desenvolvimento de
um indivíduo (infância, adolescência, idade adulta e velhice). O
terceiro nível, o cultural, no qual poderíamos citar Homans, Veblen
(como precursores), Skinner e Glenn (mais atuais), é ainda me
nos difundido, apesar de sua aplicação para a investigação de
usos e costumes tais como palmatória, assédio, escravidão, moda
e padrões de elegância, ou extermínio de línguas indígenas.
GROUPS
O parágrafo acima pode ser reescrito da seguinte for
ma: a Teoria da Evolução das Espécies tem mais de 100 anos.
A Teoria do Reforço de Skinner tem mais de 50 anos, enquan
to a sua aplicação a práticas culturais, retomada por Sigrid
Glenn, é mais recente. No que se refere à diferença no conhe
cimento e aceitação dos estudos destes três níveis de varia
ção e seleção, vaie a pena citar o que o Prêmio Nobel de Físi
ca em 2004, David Gross, afirmou, em entrevista à Garcia
(2006), da Folha de São Paulo:
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Se as novas idéias sobrevivem, elas se tornam mais fáceis
de entender para as gerações futuras”.
BOOKS
2006). É, portanto, sobre o terceiro nível de variação e sele
ção, que visa explicar a evolução e manutenção de práticas
culturais, que trataremos mais a fundo no presente capítulo.
A proposta de Glenn (1986, 1988, 1991), utilizando-se
dos conceitos de prática cultural e metacontingências, permi
te tratar o comportamento social, em seus diferentes níveis de
complexidade, sem pressupor novos princípios teóricos ou
métodos de investigação (Glenn, & Mallott, 2004; Kunkel, &
GROUPS
Lamal, 1991; Todorov, Moreira, & Moreira, 2004).
O conceito de prática cultural envolve o conjunto de prá
ticas semelhantes aos membros de um grupo. Desse modo,
práticas culturais caracterizam o grupo; descrevem comporta
mentos emitidos por seus membros, assim como suas regras
(valores, normas, leis); apontam formas de controle da natu
reza, e práticas inexistentes na natureza (i.e., “invenções” da
quele grupo específico); especificam procedimentos de
reforçamento social e natural, e a utilização (e.g., frequência e
tipo) de reforçadores imediatos versus atrasados. O estudo
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lações entre contingências comportamentais entrelaçadas e
seus ambientes selecionadores, o que promove uma transi
ção do nível de análise para os efeitos selecionadores do am
biente sobre o comportamento do grupo, não mais do indiví
duo (Andery, Micheletto, & Sério, 2005; Kunkel, & Lamal, 1991).
Analistas do comportamento têm se dedicado a identifi
car metacontingências (ou o entrelaçamento de contingências
tríplices) em importantes contextos, o que deve resultar em
BOOKS
desenvolvimento teórico-conceitual e metodológico. Pode-ci-
tar a análise da constituição brasileira (Todorov, 1987), ou a
análise de Todorov, Moreira, Prudêncio e Pereira (2004), so
bre estudos de metacontingências descritas no Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), que podem nos ajudar a
entender o planejamento de leis, suas falhas, assim como pro
mover a ampliação do seguimento de tais leis que visem mo
dificar práticas culturais. De forma mais geral, o reconheci
GROUPS
mento e investigação das variáveis ambientais em um sentido
macro permitir-nos-á o planejamento cultural, necessário para
modificações sociais tão almejadas, tais como melhoria nas
desigualdades sociais e raciais (Buvinic, & Morrison, 2000; de-
Farias, & Lima-Parolin, 2007; Guerin, 1994, 2004; Mattaini,
2002), diminuição da violência (Andery, & Sério, 2001; Assun
ção, 2002; Buvinic, & Morrison, 2000; Mattaini, 2002, 2003,
2006; Villani, 2004), mudanças no sistema judiciário (Pereira,
2006; Prudêncio, 2006), respeito às leis de trânsito (Lé
Sénéchal-Machado, 2007), mudanças organizacionais (Glenn,
& Malott, 2005; Martone, & Todorov, 2005), comportamento
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comportamento não-social. A sutileza desse tipo de agente
reforçador pode gerar, portanto, comportamentos mais instá
veis. Isso, somado à dificuldade de descrição operacional dos
estímulos sociais e ao atraso das consequências, amplia o
trabalho do analista do comportamento, que deverá identificar
“os participantes, os elementos do ambiente social e os ele
mentos do ambiente não social que participam das contingên
cias” (Andery, e cols., 2005, p. 157).
BOOKS
Apesar da complexidade, mudanças em práticas cultu
rais podem depender de uma só intervenção. Isso foi tentado
na economia brasileira, sem sucesso nos Planos Cruzado e
Collor, porém adequadamente no Plano Real. Além disso, uma
única intervenção bem planejada funcionou para que os moto
ristas passassem a respeitar a faixa de pedestres em Brasília,
o que se tornou exemplo em todo o país (Lé Sénéchal-Macha-
do, 2007).
GROUPS
Deve-se ter claro que, como no caso dos comportamen
tos individuais, práticas culturais não podem apenas ser modifi
cadas. Deve-se também planejar a manutenção dessas mu
danças, o que, certamente, requer cuidados. A aquisição e ma
nutenção dos comportamentos envolvidos dar-se-ão pelas ma
neiras já bem conhecidas por analistas do comportamento:
modelagem (exposição direta às contingências), modelação
(aprendizagem por observação) e comportamento governado
por regras. O estabelecimento de leis e punições para seu não-
cumprimento, exibições do comportamento em locais públicos
ou na mídia, e a divulgação de informações e resultados de
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prazo. Exemplos desses prejuízos não nos faltam, principal
mente em sociedades que fazem grande uso de controle
aversivo (Andery, 2001; Glenn, 2006; Horta, 2004; Lé Sénéchal-
Machado, 2007; Malott, 1988; Mattaini, 2001; Otero, 2004;
Sidman, 1989/1995; Skinner, 1953, 1971/1992; Villani, 2004).
Analisar e intervir em questões culturais são cruciais
para os analistas do comportamento por dois motivos. Em pri
meiro lugar, grande parte das variáveis de controle do com
BOOKS
portamento humano encontra-se no ambiente social. Além dis
so, a aplicação dos conhecimentos obtidos por analistas do
comportamento validará o corpo teórico-conceitual e empírico
dos estudos operantes realizados em laboratório. A análise de
práticas culturais não impõe limites aos estudos já realizados
por analistas do comportamento. Ao contrário, defende-se a
inclusão e ampliação de análise das contingências que influ
enciam o comportamento individual, além de uma ampliação
da unidade de análise utilizada (Andery, e cols., 2005; de-Fari-
GROUPS
as, 2005; Houmanfar, & Fredericks, 1999; Skinner, 1953). Uma
das questões centrais seria: “uma vez especificada a
metacontingência, como garantir a especificação das novas
regras a serem apreendidas por todos e que afetará o com
portamento de cada um?” (Todorov, & Moreira, 2005, p. 40).
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GROUPS
90
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G r u p o d e p e s q u is a e m t e o r ia d a
l e g is l a ç ã o : o p o r t u n id a d e d e
C om po rtam ento
INDEX
LabAC; Departamento de Psicologia / FAFICH - UFMG
BOOKS
of the OECD on improving the quality of Government
Regulation) vem dedicando especial atenção à qualidade da
legislaçao/regulaçao com o fim de reforçar a sua eficácia e
legitimidade, além de apontar a relação entre boa regulaçao e
desenvolvimento econômico e social. Tal fato se deve ao in
cremento de processos de elaboraçao normativa impulsiona
dos por organismos multilaterais que impactam a legislaçao
nacional. A preocupaçao com law-making processes que di
minuam a assimetria informacional no momento de escolha
GROUPS
de um dado conteúdo para uma certa legislaçao integra o elen
co de boas práticas de better legislation, documentados em
vários atos normativos e políticas multilaterais de boa legisla
ção/regulação (OECD, 1997).
Neste quadro, o papel do componente linguístico assu
me uma singular importância, haja vista a existência de servi
ços de jurilinguistas responsávies pela idoneidade dos textos
de atos normativos válidos em diversas línguas.
A necessidade de compreensão do “contexto” dos vári
os envolvidos e possíveis interessados e atingidos por uma
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INDEX
those of the independence, pluralism and diversity of the me
dia, deeply concerned by the disparities existing between
developed and developing countries and the consequences of
every kind arising from those disparities that affect the capability
of the public, private or other media and individuals in developing
countries to disseminate information and communicate their
views and their cultural and ethical values through endogenous
cultural production, as well as to ensure the diversity of sources
and their free access to information. ”
BOOKS
Durante a primeira década do século XXI a OECD (OECD
Guiding Principles for Regulatory Quality ans Performance,
2005), a UE, (Tratados de Lisboa e de Amsterdã, Mandelkern
Report, Better Regulation Policy) evidenciaram as ações no piano
legislativo-regulatório, em prol da boa governaça e a efetividade
de normativas elaboradas distantes dos parlamentos nacionais
e seu impacto sobre a realidade dos países envolvidos. A expe
riência em processos de elaboraçao multilíngues da UE, bem
como em países como Canadá e Suíça reforçaram algumas
GROUPS
ações e princípios necessários a uma Better Regulation strategy,
como por exemplo:
92
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INDEX
pode ser comprometido pela assimetria em diálogos que ex
cluam manifestações na própria língua.
A transparência melhora a qualidade dos atos
normativos, na medida em que identifica mais eficazmente os
efeitos imprevistos e tendo em conta os pontos de vista das
partes diretamente envolvidas. É por isso que a elaboração da
legislação não deve estar confinada às estreitas fronteiras dos
organismos da administração pública e do legislativo.
GROUPS
Um grande problema à recepção de atos normativos
oriundos de organismos internacionais sobre a legislação na
cional é o seu impacto sobre a coerência do sistema jurídico.
Uma legislação coerente, compreensível e acessível àqueles
a quem se destina é essencial à sua aplicação. O princípio de
inteligibilidade pode exigir um esforço particular de comuni
cação de poderes envolvidos, por exemplo, em relação a pes
soas que, devido à sua situação, encontrem dificuldades em
fazer valer os seus direitos. Muitas vezes uma novidade será
introduzida e merece uma especial atenção quanto á circula
ção de modelos jurídicos desconhecidos.
93
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BOOKS
palavra, para a ciência da Análise do Comportamento o mesmo
deve ser buscado na história das relações estabelecidas pelo
indivíduo (sujeito de sua história) em suas interações com o
mundo, com as outras pessoas e consigo mesmo (Skinner,
1974/1999)1.
Nesse sentido, os conjuntos políticos e atos normativos
são entendidos enquanto processos relacionais complexos,
nos quais diversos sujeitos, grupos e instituições atuam em
GROUPS
redes intrincadas de controle mútuo, de grande influência e
impacto social, econômico e político sobre todos os seus inte
grantes (Skinner, 1953/1994; 1969/1980; 1971/1983).
De acordo com a ciência da Análise do Comportamen
to, a lei pode ser compreendida como um “enunciado de uma
contingência de reforço mantida por uma agência governa-
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INDEX
passagem da lei. Assim, as leis são tanto descrições de pro
cedimentos passados como garantias de procedimentos se
melhantes no futuro. Uma lei é uma regra de conduta no sen
tido de que especifica as consequências de certas ações que
por seu turno “regem” o comportamento.” (p. 322)
BOOKS
ma Skinner (1953/1994), o procedimento mais comumente
utilizado pela agência governamental para o controle
comportamental é a coerção, percebida tanto na aplicação de
sanções quanto na retirada de benefícios ao indivíduo, grupo
e/ou instituição que se comporta.
Os efeitos desse controle coercitivo sobre os cidadãos
são evidenciados pelos comportamentos de revolta, violência,
fuga, esquiva, resistência passiva e apatia. Atribuir a respon
GROUPS
sabilidade pelos ditos atos “ilegais” aos sujeitos e desenvolver
técnicas mais refinadas para o efetivo controle do almejado
comportamento “legal” ou “obediente” são os objetivos e me
tas da maioria dos Governos (Skinner, 1953/1994).
Discordando das práticas vigentes, Skinner (1953/1994)
contraponhe o uso do controle coercitivo, compreendido por
ele como letal ao desenvolvimento e sobrevivência de uma
cultura, a médio e longo prazos, a métodos alternativos mais
efetivos, eficientes, eficazes e éticos de planejamento cultu
ral. Em sua proposta nota-se claramente um predomínio de
contingências de reforçamento positivo, um equilíbrio entre os
95
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INDEX
culdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), em 2004.
O objetivo principal do grupo é o exame crítico da legis
lação e seu processo constitutivo, observando todos os critéri
os abordados e já comentados anteriormente nesse texto, e a
formação de profissionais do direito e áreas afins para uma
atuação política e responsável enquanto operadores de um
grande e importante sistema que necessita, no âmbito brasi
BOOKS
leiro, de maior organização, coesão, transparência, acessibili
dade e coerência com a realidade das estruturas sócio-cultu-
rais, econômicas e políticas do país.
Sua maior virtude, a interdisciplinaridade, também vem
se apresentando como sua grande dificuldade. Aprender a co
municar os conhecimentos de seus campos específicos de
conhecimento e interagir visando uma efetiva transformação
social são os grandes desafios para os cientistas e aplicadores-
GROUPS
membros deste núcleo de investigação. Em breve, espera
mos apresentar à comunidade científica os primeiros produ
tos desta profícua união.
R efer ên c ias
Macedo, L. M. D. S. (2004). Os projetos de lei municipal sobre
violência da cidade de São Paulo (1991 a 2003): uma ca
racterização comportamental. Dissertação de mestrado
apresentada ao Programa de Estudos Pós-Graduados em
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GROUPS
97
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C o n t r ib u iç õ e s d a a n á l is e d o
c o m p o r t a m e n t o p a r a p r á t ic a s d a
P s ic o l o g ia o r g a n iz a c io n a l
INDEX
C o n t r ib u iç õ e s d a a n á l is e d o c o m p o r t a m e n t o p a r a a s
PRÁTICAS DA PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL
BOOKS
organizacionais ou da infra-estrutura da empresa. O caso que
será apresentado nesse trabalho descreve uma consultoria
realizada em uma pequena empresa, na qual os resultados do
Diagnóstico Organizacional apontam para problemas
comportamentais, para a necessidade de mudanças no
processo de interação entre os atores devido a ocorrência de
divergências no relacionamento, nos valores e nas atitudes
dos envolvidos.
GROUPS
O termo Diagnóstico será discutido nas subáreas de
conhecimento da Psicologia a Psicologia Organizacional e a
Análise do Comportamento com o intuito de verificar as
implicações da aplicação da Análise Funcional do
Comportamento, própria da Análise do Comportamento, nas
práticas de um Psicólogo que atue em organizações, em
’ patriciadpmartins@yahoo.com.br
? renataghorta@gmail.com
INDEX
desempenho em níveis satisfatórios de eficiência e eficácia.
A análise dos dados coletados para o Diagnóstico
permite verificar fatores organizacionais e também relativos
as características pessoais dos envolvidos como, por exemplo,
aptidão, conhecimentos, habilidades e atitudes para o trabalho,
necessidades pessoais, valores e crenças, entre outras.
O Diagnóstico, de acordo com Bennis (1969), visa
BOOKS
representar um quadro com a situação real e atual da
organização, para onde ela quer ir ou onde quer chegar,
demonstrando seus objetivos e metas. É capaz de fornecer um
modelo de desempenho organizacional identificando quais os
comportamentos influenciam outros e como se dá essa relação;
auxiliando na formulação de metas e na definição dos objetivos.
Assim possibilita a identificação de comportamentos
disfuncionais existentes identificando suas causas e agentes
mantenedores; permite levantar as necessidades de treinamento
GROUPS
através da análise e compreensão das observações feitas ou
de outras fontes de dados e, ainda, que áreas de risco possam
ser identificadas antes de se tornarem problemas e serem, então,
aperfeiçoadas como medida preventiva.
Para um planejamento estratégico ser feito é necessário
traçar planos, ações, táticas, regras, padrões, deixando claro
os caminhos a serem seguidos. Vieira (2002) propõem que ao
planejar intervenções no contexto organizacional é preciso
perceber o que está acontecendo na organização, analisá-la
em todos os seus aspectos: as relações que se estabelecem,
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INDEX
Diagnóstico são os colaboradores da empresa, seja por
entrevistas com as pessoas chaves nos casos ou mesmo com a
observação dos trabalhos e das relações pessoais entre os
colaboradores e entre colaboradores e chefes durante a execução
das tarefas. Mota e Vasconcelos (2004). É comum que seja
atribuída uma ênfase excessiva em fatores comportamentais nos
Diagnósticos Organizacionais, fazendo com que todas as
propostas de mudanças para o Desenvolvimento Organizacional
sejam atribuídas diretamente aos comportamentos dos atores
BOOKS
organizacionais em detrimento dos aspectos estruturais da
organização como, por exemplo, a desconsideração da estrutura
burocrática da organização poder ser causadora de desajustes
individuais ou grupais, de modo a que o problema não seja
diretamente tratado.
D ia g n ó s t ic o pa r a a A n á l is e do C om portam ento
GROUPS
Assim como na área da Psicologia Organizacional na
Análise do Comportamento o Diagnóstico visa fornecer
insumos para a tomada de decisão sobre intervenções
específicas em ambientes clínicos ou em outros ambientes.
Através da Análise Funcional do Comportamento proposta por
Skinner (1953) é possível analisar as causas, os estímulos
que levam a emissão de determinados comportamentos
apenas em determinados contextos e as conseqüências
desses comportamentos a curto prazo e ainda traçar as
possíveis conseqüências a longo prazo.
100
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INDEX
E para a Análise Funcional do Comportamento é preciso saber
sobre as conseqüências de curto, médio e longo prazo, quais
contingências sustentam os comportamentos mais efetivos e
sobre as fontes de reforçamento positivo disponíveis para
comportamentos concorrentes ou incompatíveis. Deve-se indicar
e descrever o efeito comportamental de freqüência, duração e
intensidade dos comportamentos em questão, como o cuidado
de não fazer juízos de valores, e a partir dessa análise diferenciar
BOOKS
como esses indicadores fornecem dados para as intervenções,
alinhado ao planejamento estratégico da organização.
A nálise de um caso
D e m a n d a in ic ia l:
GROUPS
de pequeno porte teve como demanda inicial o relato do Diretor
da empresa de que a organização estava passando por uma
fase de mudanças devido a um grande crescimento e que por
isso ele próprio teve as suas tarefas rearranjadas e estava
com dificuldades para se organizar. Ele precisava assumir
diversas funções com exigências diferentes para conseguir
cuidar de todo o trabalho, funções essas que lhe ocupavam a
maior parte de seu dia. Com isso procurou pelo Recursos
Humanos de uma empresa parceira para prestação de
consultoria.
101
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M étodo
O Rh contratado teve como primeira ação o
agendamento de uma entrevista com o Diretor da empresa
para mais informações sobre a demanda inicial e também sobre
características de funcionamento da empresa. A partir dessa
primeira entrevista foram outras duas pessoas da empresa
consideradas como agentes importantes para o diagnóstico
que estava sendo montado foram também entrevistadas.
As entrevistas foram realizadas, preferencialmente, no
ambiente de trabalho próprio dessas pessoas para que além
das informações colhidas no relato verbal fossem feitas ainda
algumas observações sobre a dinâmica de trabalho da empresa.
INDEX E n t r e v is t a
BOOKS
funcionários da empresa.
Nessa entrevista a principal demanda levantada pelo Diretor
é de que a secretária não era proativa e que só conseguia
desempenhar suas funções após ser solicitada. Reconhece que
o trabalho da secretária quando demandado por outras pessoas
da organização é satisfatório e que o problema se encontrava no
relacionamento direto: chefe/secretária. Demonstrou valorizar os
seus colaboradores e se preocupar muito com o funcionamento
GROUPS
das atividades desempenhadas por eles.
Como resumo das queixas do Diretor pode-se colocar em
evidência o relacionamento com a secretária e as reclamações
sobre o desempenho do funcionário da área de comunicação.
E n t r e v is t a com o f u n c io n á r io da á r e a d e C o m u n ic a ç ã o
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INDEX
empresa é exigente com o trabalho dos demais da empresa e
em como tem dificuldade para se manter informado sobre o
desempenho dos funcionários na rotina de trabalho e que em
vários momentos o relacionamento do Diretor com seus
funcionários é bastante turbulento.
E n t r e v is t a c o m a s e c r e t a r ia
BOOKS
maior parte das queixas levantadas pelo Diretor e relatou sobre
outro aspecto da dinâmica de trabalho muito importante, a falta
de paciência e o mau humor do Diretor da empresa. A secretária
afirmou que sente medo de lidar com o Diretor e que prefere
se manter o mais afastada possível, mesmo que isso atrapalhe
o desempenho de seu trabalho.
Segundo ela, é capaz de se relacionar bem com todos
os outros integrantes de seu ambiente de trabalho sem
GROUPS
nenhuma reclamação, sempre fora tímida e mais reservada,
não gosta muito de conversar e de sair, por isso não gosta de
participar das reuniões e festas da empresa. Outro fator que
dificultava a convivência é que trabalha em apenas meio
horário, no turno da manhã, e esse não é o horário que
normalmente o Diretor se encontra na organização, por isso
precisa passar muitas das informações de seu trabalho para
seu chefe via email ou recados em papeizinhos.
A secretária respondeu ainda a uma auto-avaliação e
uma avaliação de perspectivas de desenvolvimento, além da
entrevista semi-dirigida.
103
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R e s u l t a d o s e d is c u s s ã o
INDEX
momentaneamente retirado de foco já que estavam testando
um novo método, aparentemente promissor, para resolução do
problema e foi esclarecido ao Diretor que muitas informações
não lhe estavam sendo acessíveis porque o próprio não se
mobilizava para consegui-las. A empresa passava por um
período de grande crescimento e reconhecimento de seu produto
no mercado nacional, demonstrando qualidade e eficiência, por
isso essa parte também não foi incluída na pesquisa diagnostica.
Então, o fator considerado como mais relevante no diagnóstico
BOOKS
foi o entrave na comunicação entre Diretor e a Secretária. E a
melhora no relacionamento entre Diretor e Secretária
provavelmente melhoria outros problemas com relação ao
acompanhamento do Diretor da dinâmica da empresa, já que
uma das responsabilidades da secretária era a manutenção do
escritório.
Foram analisados os principais pontos negativos em
cada um que poderia atrapalhar a intervenção e os principais
GROUPS
pontos a serem valorizados e que colaborariam com a proposta
de mudança. Os comportamentos considerados problemas
foram descritos e analisados a partir da Análise Funcional do
Comportamento, foi dada maior atenção aos antecedentes e
aos conseqüentes de cada um, analisando as variáveis
mantenedoras e os comportamentos que já aconteciam e
precisavam ter sua freqüência aumentada.
Com a utilização da Análise Funcional do Comportamento
diagnosticou-se que a comunicação dos dois agentes era
baseada em padrões de interação diferentes. O Diretor preferia
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INDEX
da secretária. A ela foi proposto ter mais iniciativa nas
conversas, principalmente com o Diretor, acompanhar a agenda
pessoal do chefe e procurar por ocasiões nas quais pudesse
agir informalmente, como, dar bom dia, desejar um bom fim
de semana e perguntar pelos locais de viagem do Diretor. E
aos dois juntos que escolhessem atividades nas quais
pudessem se envolver mais um com o outro, ambos foram
encorajados a generalizar essas dicas comportamentais para
BOOKS
outros ambientes que não apenas na relação de um com o
outro com base na argumentação de que essas alterações
poderiam trazer ganhos em outros tipos de relacionamentos.
Outro tema trabalhado com o Diretor foi o fato de que
caso a secretária fosse substituída seria contratada em seu
lugar uma pessoa que possivelmente também teria problemas
de relacionamento com ele, devido as grandes exigências
impostas, ao cargo ser apenas de meio horário e a
GROUPS
principalmente o temperamento do próprio Diretor. Foi
trabalhado ainda o fato de a substituição requerer um tempo
de treinamento e a atual secretária não receber nenhum tipo
de reclamação de nenhum outro funcionário da empresa.
O Diagnóstico Organizacional é uma das etapas do
planejamento do Desenvolvimento Organizacional, com o
Diagnóstico é possível traçar e planejar uma estratégia de
mudança, direcionar para a educação dos membros
envolvidos, propor uma consultoria e ou treinamentos e fazer
uma avaliação do processo para se necessário um novo
105
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INDEX
BOOKS
GROUPS
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E scolha p r o f is s io n a l : u m a
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DE
INTERESSES A PARTIR DA ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO
BOOKS
na orientação profissional chamada “Gosto e faço” e a técnica
R-O (Realidade Ocupacional). Este trabalho iniciou-se em se
tembro de 2005 e encontra-se ainda em desenvolvimento.
O levantamento de interesses profissionais tem ocupa
do um lugar de destaque na orientação profissional contem
porânea. Identificar quais são os interesses mais fortes do cli
ente propicia o autoconhecimento e direciona os esforços na
GROUPS
busca de informações, aumentando a probabilidade de que a
escolha do cliente seja reforçadora para ele futuramente.
Vários instrumentos foram criados com o objetivo de
levantar tais interesses e ajudar os clientes na difícil tarefa de
escolher uma profissão. Levenfus (2005) cita os seguintes:
Inventário de Interesses de E.K Strong (1985), Registro de
Preferências Vocacionais de Kuder, Cuestionario de intereses
INDEX
então com uma gama muito ampla de interesses, ambas con
dições dificultam a tomada de decisão, e são nestes casos
que o levantamento de interesse mais pode contribuir.
Interesses p r o fis s io n a is :
BOOKS
formas de lazer disponíveis nos ambientes sociais. A partir
daí surgem perguntas como: Por que cada pessoa se interes
sa por coisas específicas? O que determina tais interesses?
Levenfus (2005) comenta que “para alguns autores, os
interesses são estados motivacionais estáveis caracterizados por
despertar a atenção dirigindo-a a certos objetos e atividades”.
Para a Análise do Comportamento os interesses estão
relacionados à história de reforçamento, em outras palavras,
GROUPS
são classes de reforçadores que exercem controle sobre o
comportamento dos indivíduos.
A explicação para estes interesses pode ser fundamen
tado na generalização e no processo de imitação. Comporta
mentos que foram fortemente reforçados na história de vida
do indivíduo podem futuramente ser generalizados para cate
gorias mais amplas. Por exemplo, desenhar pode ser genera
lizado em um “interesse” pelas artes plásticas, se jogar futebol
foi muito reforçador, futuramente pode ser generalizado em
“interesse” pela área de esportes.
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O pro c esso de d e c id ir :
INDEX
preende uma seqüência de comportamentos operantes que
resultam em um comportamento final de decidir. Entende-se
por comportamento operante toda classe de comportamentos
que são afetados pelas suas conseqüências, aumentando ou
diminuindo a probabilidade de sua ocorrência. A maioria dos
comportamentos humanos classificam-se nesta categoria e
são chamados de operantes porque operam sobre o ambien
te gerando modificações no mesmo e no organismo que se
comporta.
BOOKS
Skinner (1981) afirma que o processo de decidir carac
teriza-se pela manipulação das variáveis das quais o compor
tamento é função, e que nem todas as pessoas emitem com
freqüência este comportamento. Embora o comportamento de
decidir possa ser adquirido acidentalmente, no geral ele é
aprendido com a comunidade verbal. Para Skinner toda vez
que se ensina uma criança a “parar e pensar” antes de agir e a
“avaliar todas as conseqüências possíveis” de uma ação, está
GROUPS
sendo modelado o comportamento de decidir.
O processo decisório envolve uma cadeia de comporta
mentos públicos e privados, que culminam em um comporta
mento final que afetará o ambiente. Nesta cadeia ocorrem di
versos comportamentos privados, tais como pensar, compa
rar, analisar, sentimentos como angústia, ansiedade, apreen
são, e comportamentos públicos como conversar com outras
pessoas sobre a sua dúvida, pedir opinião, buscar informa
ções através de leituras, etc. É importante ressaltar que para
que esta cadeia comportamental seja acionada é necessário
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INDEX
indivíduo pode tomar uma decisão precipitada com o intuito
de remover o incômodo da indecisão ou então não decidir,
fugindo dos estímulos conflitantes. Uma decisão precipitada é
aquela em que as variáveis importantes não foram devida
mente consideradas e analisadas, partindo-se para a ação sem
reflexão prévia. Muitos se comportam desta forma evitando o
sofrimento da indecisão, mas muitas vezes, sofrendo com
conseqüências aversivas posteriormente.
BOOKS
Skinner (1981) afirma que “quando examinamos cuida
dosamente uma situação, o tomar uma decisão,
presumivelmente, aumenta a probabilidade de que a resposta
finalmente feita consiga reforço máximo.” O processo de Ori
entação Profissional é, em última análise, uma forma de ensi
nar o indivíduo a decidir, examinando da forma mais completa
possível, as variáveis envolvidas na escolha profissional. Co
nhecer a si mesmo e conhecer as profissões/ mercado de tra
GROUPS
balho, são maneiras de manipular variáveis, aumentando as
chances do cliente decidir por uma profissão que seja
reforçadora para ele futuramente, ou seja, que lhe traga satis
fação em diversos níveis.
A TÉCNICA
Os objetivos desta nova técnica são:
• Avaliar o grau de informação geral do cliente sobre as
profissões de graduação;
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INDEX
procedimento é realizado com cada profissão e no final explo
ra-se com o cliente cada categoria formada.
Etapas de aplicação:
GROUPS
• Tem formato de “jogo” portanto mais lúdica e prazerosa
para o cliente, principalmente jovens e adolescentes;
• Ao mesmo tempo que avalia, a técnica também informa,
possibilitando uma ampliação do repertório do cliente;
• A técnica possibilita organizar e planejar todo o pro
cesso de busca de informação profissional.
• É uma técnica com base na Análise do Comporta
mento, portanto coerente com a fundamentação teórica
de orientadores que trabalham nesta abordagem.
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L im it a ç õ e s :
C o n c lu s ã o
BOOKS
tes resultados: A técnica auxilia na discriminação de variáveis
que interferem na escolha profissional, organiza o processo
de busca de informação, avalia e amplia o conhecimento do
cliente sobre as profissões universitárias. Devido ao seu for
mato de jogo, a técnica é mais interativa e lúdica do que os
inventários existentes, fazendo com que sua aplicação seja
prazerosa tanto para o cliente quanto para o orientador.
Para as próximas etapas há necessidade de aperfeiçoar
GROUPS
as definições das profissões, aplicar a técnica em um maior
número de voluntários, principalmente que estejam em proces
so de orientação profissional, aplicação por outros orientadores
profissionais e aprofundar a fundamentação teórica.
R efer ên c ias
Ivatiuk, Ana Lucia. (2004). Orientação profissional para profissões
não universitárias: perspectiva da análise do comporta’
mento. Dissertação de mestrado. Pontifícia Universidade
Católica de Campinas. Campinas - SP.
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INDEX
BOOKS
GROUPS
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A lg u m a s c o n s id e r a ç õ e s s o b r e o
CONCEITO DE BEHAVIORAL CUSPS E A
VISÃO COMPORTAMENTAL DO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL1
BOOKS
Com relação à questão de se as mudanças que ocor
rem ao longo do desenvolvimento infantil são decorrentes de
variáveis inatas e maturacionais ou recebem maior influência
de variáveis ambientais, alguns autores (Carvalho Neto &
Tourinho, 2001; Catania, 1999; Tourinho & Carvalho Neto, 2004)
analisam que esta dicotomia referente à determinação inata
ou aprendida dos fenômenos comportamentais é uma ques
tão limitada haja vista a evolução das pesquisas que demons
GROUPS
traram a complexidade dos processos de determinação do
comportamento. A respeito da influência exercida pela
filogênese e ontogênese para a compreensão do comporta
mento humano, Tourinho & Carvalho Neto (2004) afirmaram:
115
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INDEX
seriam variáveis filogenéticas ou inatas); porém é inegável tam
bém que a partir do nascimento o homem interage com um
ambiente físico e principalmente social, que proverão variáveis
ontogenéticas (incluindo variáveis culturais) que interagem de
forma dinâmica e complexa entre si e com as variáveis
filogenéticas, de forma que é impossível diferenciar ou determi
nar qual o peso exercido por cada uma destas variáveis na com
preensão de como ocorre a aquisição e o desenvolvimento de
uma capacidade ou comportamento.
BOOKS
Em relação às concepções acerca do peso que as influ
ências inatas e aprendidas desempenham nos comportamen
tos humanos, Oliva (2004) discutiu a noção de estado inicial
nas teorias de desenvolvimento e as evoluções empíricas ne
cessárias para que as concepções sobre desenvolvimento se
jam capazes de abarcar a complexidade dos fenômenos
comportamentais. Segundo a autora, o estudo do desenvolvi
mento sob a perspectiva da existência de um estado inicial ao
GROUPS
nascimento de um organismo traz como pressupostos: 1) que o
bebê ao nascer estaria no estado inicial, momento no qual o
organismo estaria livre das influências do meio; 2) que a crian
ça passaria por uma série de estados intermediários, nos quais
os comportamentos estariam sendo desenvolvidos; tais aquisi
ções são explicadas de diferentes maneiras dependendo da
perspectiva adotada para compreensão do desenvolvimento;
3) que os comportamentos dos organismos chegariam ao esta
do final, no qual uma determinada competência ou capacidade
se estabelece. É importante notar que as estruturas de funcio
namento dos estados inicial, final e intermediários não poderi
am ser observadas diretamente.
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organismo ainda não foi “influenciado” pelo ambiente. Porém,
numa perspectiva condizente com a de outros autores (Bijou,
1995; Rosales-Ruiz & Baer, 1997; Tourinho & Carvalho Neto,
2004), Oliva (2004) defende que a evolução dos estudos tem
evidenciado ser impossível delimitar algum momento no de
senvolvimento humano em que a experiência não esteja inter
ferindo nesse processo.
A noção de estados não se mostra útil ao considerar
BOOKS
mos o desenvolvimento um amplo e complexo processo no
qual estão interligadas dimensões da ontogênese e da
filogênese da espécie. Conforme analisaram Seidl de Moura e
Ribas (2004), os estudos sobre as capacidades dos recém
nascidos mostram que seu repertório não é simples ou desor
ganizado; é um repertório com características de flexibilidade
e abertura para aprendizagem e tem diversas funções com
bastante espaço para plasticidade comportamental e desen
volvimento.
GROUPS
Em concordância com a concepção de estados inicial e
final do desenvolvimento, podemos analisar a visão de que o
desenvolvimento ocorre em estágios, ou seja, períodos com
características próprias que se constituem em seqüências
invariantes vividas pelas crianças. A passagem por tais estági
os explicaria a complexidade crescente dos comportamentos
do indivíduo em função de uma variável fundamental: a idade.
Podem-se destacar alguns dos principais exemplos de expli
cação do desenvolvimento segundo estágios: a teoria do de
senvolvimento cognitivo proposto por Piaget (1971), a teoria
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o estudioso, de quantos estágios são necessários para expli
car o desenvolvimento (qual o critério de divisão de determi
nado período do desenvolvimento em um número específico
de estágios); 3) quais os fatores determinantes ou definidores
da transição de um estágio para o próximo (como identificar a
passagem de um estágio para outro).
Tomemos como exemplo a visão do desenvolvimento
infantil através de explicações que remetem a estágios se
BOOKS
gundo os quais se desenvolvem estruturas mentais, como as
estruturas cognitivas de Piaget. Tal concepção prioriza a exis
tência de um caráter maturacional pelo qual capacidades
cognitivas das crianças são possibilitadas e, desta forma,
minimizam muito o aspecto comportamental e ontogenético
do desenvolvimento que seria dado pela importância que as
conseqüências decorrentes da ação da criança no seu meio
físico e social exercem para que uma habilidade seja adquiri
GROUPS
da e mantida. Uma análise comportamental dos fenômenos
psicológicos concentra-se na investigação do papel das variá
veis ontogenéticas na constituição dos repertórios
comportamentais. Numa compreensão do desenvolvimento
baseada nesta perspectiva, portanto, à medida que a criança
interage com seu ambiente físico e social, o repertório
comportamental é estabelecido, mantido e modificado em de
corrência de relações únicas estabelecidas entre o organismo
e o ambiente, incluindo as variáveis contextuais e culturais que
adquirem função ao longo da vida da criança (Bijou, 1995; Oli
veira & Gil, 2008; Schlinger, 1992, 1995; Skinner, 1953; Souza
& Pontes, 2007; Tourinho & Carvalho Neto, 2004).
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INDEX
que tem conseqüências para o organismo que se sobrepõem
às conseqüências diretas da própria mudança, resultando em
modificações nas interações entre o organismo e seu ambien
te. O que define uma behavioral cusp não é o aspecto topo
gráfico da mudança ou sua magnitude comportamental, mas
é fundamentalmente a função que novas aquisições adquirem
para o organismo ao expor o repertório individual a novos
ambientes, especialmente novos reforçadores e punidores,
BOOKS
novas contingências, novas respostas, novos controles de
estímulos e novas comunidades de contingências de manu
tenção ou de extinção. Assim como no caso do reforçamento,
cusps são analisadas pelos seus efeitos: sua importância para
a expansão do repertório do indivíduo, podendo inclusive ge
rar novas cusps (Rosales-Ruiz & Baer, 1997).
Bosch e Fuqua (2001) propuseram alguns critérios para
a análise de mudanças comportamentais que poderiam ser
GROUPS
consideradas cusps, são eles: a) acesso a novos reforçadores,
novas contingências e a novos ambientes; b) validade social
ou função exercida para a comunidade verbal do indivíduo; c)
potencial gerativo ou capacidade da modificação de propiciar
a ampliação do repertório comportamental do indivíduo; d)
competição com respostas inapropriadas; e) número e impor
tância relativa das pessoas afetadas. De acordo com tais cri
térios, cusps tendem a ser classes de respostas relativamente
amplas como a imitação generalizada, a leitura, engatinhar ou
manter contato visual. Por ser uma definição funcional, cusps
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mente as oportunidades de aprendizagem e de atividades para
além de ambientes internos fechados e obviamente aumen
tou seu controle sobre algumas de suas atividades diárias.
Além disso, os autores salientam a mudança de percepção da
família em relação à criança: de um “eterno problema” para
um aprendiz, que por meio da aquisição de novas habilidades
poderia melhorar a vida de todos; de alguém que deveria ser
cuidada para alguém que poderia ser ensinada com maior in
dependência.
BOOKS
Outra cusp que envolve a aquisição de um repertório
comportamental relativamente específico é apertar um botão,
por exemplo, de um computador. Retomando o exemplo anteri
or da criança com retardo mental severo, a nova habilidade per
mitiria a ela realizar treinos de tarefas complexas que poderiam
melhorar seu repertório verbal, inclusive estabelecerem algu
mas respostas envolvidas no comportamento de leitura e com
preensão de texto (de Rose, de Souza & Hanna, 1996).
GROUPS
O conceito de behaviorai cusps pode envolver a apren
dizagem de habilidades que promovam o desenvolvimento do
indivíduo, ou seja, que envolvam a aquisição de habilidades
socialmente desejadas ou ainda a aprendizagem de compor
tamentos considerados socialmente inadequados, tal qual o
comportamento anti-social em crianças (Bosch & Hixson,
2005). Estes autores consideraram os efeitos cumulativos do
comportamento anti-social em crianças, que estaria relacio
nado ao fracasso escolar, rejeição dos pares e delinqüência.
Tais conseqüências do comportamento anti-social em longo
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senvolvimento dos organismos, ao considerar os efeitos cu
mulativos que uma mudança no repertório pode proporcionar
para a aquisição e manutenção de outros repertórios.
Quanto a este aspecto, o conceito aproxima-se da cha
mada hierarchical learning (aprendizagem hierárquica), defi
nida por Staats (1977) como “habilidades comportamentais que
uma criança deveria ter antes de tentar uma nova tarefa de
aprendizagem”. Segundo o autor, a criança está envolvida em
BOOKS
uma progressão de aprendizagem que se move da aquisição
de repertórios básicos para a aquisição de habilidades mais
avançadas baseadas na aprendizagem anterior.
Hixson (2004) salienta o caráter cumulativo da aprendi
zagem envolvido no conceito de Behavioral cusps. Segundo o
autor, muito do desenvolvimento do comportamento é cumu
lativo e hierárquico, pois a aprendizagem subseqüente é de
pendente da aprendizagem prévia. O comportamento ou mu
GROUPS
danças de classes de respostas que produzem importantes
mudanças comportamentais subseqüentes são designados
como repertórios comportamentais básicos (basic behavioral
repertories) ou cúspides comportamentais (behavioral cusps).
Esta progressão da aprendizagem é chamada “aprendizagem
hierárquica-cumulativa” (cumulative-hierarchical learning) e
deve ser um importante conceito para entender muitos dos
comportamentos humanos complexos.
Diante desta perspectiva de progressão contínua e cu
mulativa de repertórios proposta por estudiosos da Análise do
Comportamento, é interessante pensarmos na contraposição
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INDEX
crianças e minimizam o papel das contingências ambientais
para que os comportamentos sejam adquiridos (Bosch &
Hixson, 2004). As estruturas cada vez mais complexas ao lon
go dos estágios são as variáveis que proporcionam a aquisi
ção de capacidades pelas crianças. A perspectiva
comportamental, por sua vez, prioriza a aprendizagem dos
comportamentos uma vez que o desenvolvimento só se dá a
partir da interação singular e funcional entre o repertório
BOOKS
filogenético da criança desde a sua concepção e a complexa
rede de relações estabelecida com variáveis ontogenéticas e
culturais. Para compreendermos o desenvolvimento na pers
pectiva comportamental devemos olhar para a aquisição de
repertórios pelas crianças enquanto um aumento progressivo
de acesso ao ambiente e suas contingências sem perdermos
de vista que a aquisição de novos comportamentos foi prece
dida por relações funcionais estabelecidas com o meio e não
apenas decorreu da maturação de estruturas internas do or
GROUPS
ganismo. Desta forma, o conceito de Behavioral cusps é um
instrumento que facilita a análise de que o comportamento
humano é adquirido em um processo de aprendizagem de lon
ga duração e complexidade no qual a interação organismo-
ambiente e a aquisição de uma habilidade capacitam o orga
nismo a adquirir outras habilidades.
R efer ên c ias
Bijou, S. W. (1995). Behavior Analysis of Child Development. Reno:
Context.
122
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INDEX
UFMG
In t r o d u ç ã o
BOOKS
a tal conceituação. Segundo De Rose & Gil (2003), a maioria
das definições requerem que esse comportamento seja es
pontâneo e prazeroso. Em vista disso, esses autores apontam
o brincar como um comportamento que não pode ser definido
por sua topografia, pois, a depender de sua função, enquanto
uma brincadeira, diferentes formas de se comportar podem
ser identificadas. Além disso, eles definem esta atividade lúdica
como um comportamento mantido por conseqüências natu
GROUPS
rais. E essas conseqüências são mais eficientes que os
reforçadores extrínsecos, comuns na manutenção e na modi
ficação comportamental.
Em concordância com essa posição, é possível indicar
três definições do comportamento de brincar;
125
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INDEX
Essas definições nos possibilitam pensar sobre o com
portamento de brincar e verificar sua importância, tanto para o
atendimento infantil, como também para o desenvolvimento
da criança. Segundo Ortega & Rosseti (2000), de maneira
geral quando a criança brinca, atua como agente histórico.
Isto exige dela o desenvolvimento de autonomia, de autentici
dade, de pertinência e de responsabilidades com o meio soci
al no qual está inserida. %
BOOKS
Essa atividade lúdica mostra-se eficiente no desenvol
vimento de alguns operantes importantes, tais como o
autocontrole e o autoconhecimento, ou seja, medeia o contato
com ouvintes e uma audiência e, dessa forma, com
reforçadores sociais (verbais e não verbais) que possibilitam a
aprendizagem de respostas verbais de auto-descrição. Brin
cando, em interação com outras crianças ou com adultos, a
criança pode também demonstrar respostas colaterais asso
GROUPS
ciadas a sentimentos e, a partir desses, justamente pelo con
tato com interlocutores, ficar sob controle de seu corpo e de
seus próprios comportamentos.
O brincar permite que a criança aprenda pelo contato
com regras. Os comportamentos controlados por regras po
dem ser aprendidos sem o contato direto do sujeito com a
contingência que as produziu (Baum, 1999) o que é, de certa
forma, vantajoso, pois diminui a interação da criança com os
estímulos aversivos. E, como estímulo discriminativo que indi
ca respostas possíveis a uma dada conseqüência, a regra
126
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INDEX
estimulação aversiva.
Observa-se que a atividade lúdica traz contribuições
importantes para o refinamento de todas aquelas respostas
com alta probabilidade de reforçamento que estão atreladas
ao desenvolvimento infantil. Isso ocorre ou por meio da extinção
de “comportamentos problemas”, ou pelo surgimento de com
portamentos que concorrem com aqueles apresentados como
queixa. Desta forma, o brincar auxilia na discriminação das
BOOKS
variáveis de controle do comportamento, na descrição de en
cobertos e na expressão de experiências desagradáveis, co
laborando para a atenuação de respostas emocionais tais como
tensão e raiva (Carvalho, Souza e Ferraz, 2003).
Além disso, as estratégias lúdicas utilizadas como uma
abordagem indireta aos comportamentos encobertos das cri
anças possibilita o contato com contingências presentes no
seu contexto. Por meio do brincar pode-se avaliar e intervir
GROUPS
diretamente no comportamento infantil, o que nos permite con
siderar que o brincar pode (e deve) ser contingenciado nos
mais variados contextos nos quais se trabalha com crianças,
por ex: na educação, no atendimento hospitalar e na clínica.
127
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INDEX
mento de novas classes de resposta, o estabelecimento de dis
criminações e a formação de classes de equivalência, ou seja,
ela trata de desenvolvimento de comportamentos complexos
através do refinamento das contingências (Catania, 1984).
Dessa forma, considerando-se que a aprendizagem está
constantemente ocorrendo e já que o sujeito está sempre em
contato com um ambiente (físico e social), faz-se necessária a
sistematização das condições para a emissão de respostas
BOOKS
específicas, sobremaneira no contexto escolar. Essa impor
tância é maior quando o sujeito que se comporta é uma crian
ça, que possui uma longa história_a construir e, por esse moti
vo, os impactos de conseqüências contraproducentes podem
influir tanto a curto quanto em longo prazo, na história de vida
da mesma (Carvalho, Souza e Ferraz, 2003).
O contexto educativo se consolida como uma extensão
dos demais ambientes nos quais a criança se insere e fornece
GROUPS
condições para o contato dela com contingências que podem
ser encontradas cotidianamente. Por suas particularidades, a
escola permite o desenvolvimento da criatividade, com sua
exposição aos vários aspectos ambientais com os quais a cri
ança ainda não teve contato permitindo, também, que ocor
128
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INDEX
desenvolvimento integral. Apropriada e convenientemente, um
dos fundamentos norteadores da educação infantil, nessa
Resolução, é a atividade lúdica. O brincar, associado a essas
características, tende a potencializar os efeitos da prática
educativa, principalmente porque a aprendizagem torna-se
mais efetiva quando é divertida (Soares e Zamberlan, 2001).
Essa atividade lúdica abre possibilidades para se pen
sar também na redução do ‘Iracasso escolar"’, pois permite o
BOOKS
contato da criança com alguns reforçadores que, com toda
certeza, fazem parte de seu ambiente extra-escolar, parte des
ses, conseqüências naturais da brincadeira, possibilitando aos
professores tornarem a escola um elemento bastante
reforçador para a criança, ampliando sua motivação e as
chances de um comparecimento mais assíduo à escola.
O brincar, ao articular o ensino e a aprendizagem exige,
outrossim, da criança uma postura mais ativa, auxiliando no
GROUPS
desenvolvimento da pró-atividade (Ortega e Rosseti, 2000),
elemento este que se adequa à definição de educação como
um processo correlacionai entre crianças e professores. Além
disso, o ambiente escolar, com a função de favorecer a elabo
ração de uma nova interpretação de mundo, cria condições
para este brincar, permite a aproximação entre professores e
alunos, cria uma história coletiva que implica diferentes traje
tórias e relações, constituindo uma belíssima experiência cul
tural (Debortoli, 2005).
Como permite o contato do brincante com contingênci
as sociais, essa atividade lúdica, parte constituinte de um re
pertório social, cria condições para que aquele que brinca te
nha oportunidades de exercitar, ampliar e refinar suas habili
dades sociais (Gil e de Rose, 2003). O comportamento lúdico
concede o aumento das interações sociais e, permitindo a
aprendizagem social, amplia o contato com reforçadores soci
ais e a ampliação dos vínculos entre criança e professores.
Além disto, como conseqüência, possibilita o trato com o com
portamento verbal, viabilizando o contato com os comporta
mentos encobertos e o responder mais apropriado por parte
dos ouvintes (Baum, 1999; Skinner, 1974/2003). Acrescente-
se que, brincadeiras de grupo e jogos, por envolverem a parti
cipação de outras pessoas, fazem com que a criança entre
INDEX
em contato não apenas com um novo contexto social, mas
também, como observado anteriormente, com regras.
BOOKS
quais esta pessoa fica sob controle.
Por exemplo, num hospital, os pacientes são frequente
mente submetidos a vários procedimentos técnicos, a exa
mes invasivos, a medicações e curativos, a cirurgias, a exer
cícios físicos e imobilização de pequenas ou extensas partes
do corpo, dentre outros procedimentos eliciadores de respos
tas estressoras. As limitações durante a internação também
extrapolam as condições impostas pelo quadro clínico (como
GROUPS
as diversas intensidades de dor, o mal-estar geral, a incapaci
dade para caminhar, a sonolência, etc.). Neste ambiente, o
paciente torna-se dependente de cuidados e das decisões de
outras pessoas, seja de um profissional ou de um acompa
nhante. Como se não bastasse, a internação ainda se confi
gura pela privação de atividades e práticas cotidianas. O paci
ente separa-se de seu ambiente familiar e passa a conviver
com um conjunto de hábitos bastante limitado como por ex:
horários rígidos, cardápio de alimentação específico, restrições
de visitas, etc.
INDEX
Neste caso, a hospitalização é encarada, muitas vezes,
como a interrupção da infância. Esta concepção tem em vista,
especialmente, o afastamento da criança de suas atividades
diárias, dentre as quais se destacam a escola, bem como o
espaço e o momento para brincar. As restrições e imposições
do ambiente hospitalar podem contribuir na emissão de respos
tas que não auxiliam no tratamento. A criança pode apresentar
regressões em habilidades e competências já adquiridas: de
sordens de sono e de alimentação, medos imaginários, depen
BOOKS
dência, agressividade, apatia, negativismo e todo um conjunto
de manifestações ansiogênicas (Gariépy e Howe, 2003; Rennick
et al., 2002). A partir dessa configuração, a inclusão do brincar
na hospitalização infantil, é plenamente justificada.
Soares & Zamberlan (2001) descrevem como a quali
dade do meio pode influenciar o processo de recuperação de
pessoas inseridas em condições de enfermidade e
hospitalização. Aí, então, a atividade lúdica se caracteriza como
GROUPS
uma possibilidade de intervenção eficiente, permitindo à cri
ança entrar em contato com o contexto hospitalar de outra
maneira experimentando um número maior de conseqüênci
as positivas. O paciente infantil constrói, por meio do brincar,
formas de lidar com contingências às quais não está habitua
da, facilitando a sua compreensão sobre os elementos
integrativos do contexto abordado nesta seção.
O brincar permite o desenvolvimento do repertório
com porta mental infantil, incrementando-o com diferentes res
131
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
estreitamento dos laços afetivos entre adulto e criança. Con
seqüentemente, estes fatores levam à redução de alterações
emocionais e comportamentais geradas pela hospitalização
pediátrica também entre aqueles que acompanham a criança
internada. (Soares e Zamberlan, 2001 e 2003; Felde-Puig et
al., 2003).
Já para os profissionais, observar a criança brincar gera
sentimentos positivos e de relaxamento e eles percebem que
BOOKS
os efeitos desagradáveis que o tratamento pode trazer e/ou
os sinais e sintomas da enfermidade não trouxeram danos
totalmente insuportáveis para seu paciente. Além disso, o
envolvimento desses profissionais em atividades lúdicas, com
a criança, permite o estabelecimento de um vínculo mais pró
ximo, tanto com a criança, quanto com seu acompanhante. E
esta vinculação, por sua vez, facilita a adesão ao tratamento e
a adaptação da criança ao ambiente hospitalar (Soares e
Zamberlan, 2001).
GROUPS
Considerando-se todos esses aspectos, a inclusão do
brincar na rotina da internação pediátrica contribui para uma
visão da atenção hospitalar enquanto um processo, que prima
pela qualidade de vida do público que atende não só durante a
realização de seus procedimentos, mas também nos perío
dos que os antecede e sucede. A presença do lúdico no hospi
tal reduz a distância entre esses três momentos da vida da
criança, fazendo com que a internação acarrete menos sofri
mentos e dificuldades desnecessárias.
132
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
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INDEX
mento governado por regras, assim como no comportamento
mantidos pelas contingências.
O trabalho psicoterápico com criança tem as seguintes
características em sua atuação: (1) a observação direta do
comportamento infantil; (2) a ampliação do problema-queixa e
da tríplice relação de contingências e; (3) a participação da
criança e dos adultos significativos no ambiente infantil.
BOOKS
A observação direta pode ocorrer tanto dentro do con
sultório como em outros espaços freqüentados pela criança
(casa, escola, parques, etc.). Essa observação direta do com
portamento da criança passou a contribuir também para análi
ses funcionais da relação cliente-terapeuta e da fala dos clien
tes em sessão. A fala da criança passa a ser um recurso res
peitado e, através dela, o terapeuta pode ter acesso a com
portamentos públicos e privados da criança.
GROUPS
No que tange à ampliação do problema-queixa e à tríplice
contingência, propõe-se que esta última mantém-se como a
base e a sustentação para a análise funcional do problema.
Entretanto, esta análise inclui outros eventos significativos como
as variáveis orgânicas, os comportamentos encobertos e os
relatos verbais.
O objetivo do trabalho terapêutico passa a ser mais
amplo e mais complexo, bastante diferente da pura extinção
de determinados comportamentos e da aprendizagem de ou
tros incompatíveis. O desenvolvimento do comportamento de
133
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INDEX
resguardando-se os limites impostos por seu desenvolvimento
global" (Conte e Regra, 2000, p.89-90 - o grifo é nosso)
BOOKS
vendo a criança em contingências relacionadas ao comporta
mento problema; são eles que podem acrescentar informações
relacionadas aos aspectos do meio e ao histórico da criança.
Trabalhar com os adultos significativos possibilita trabalhar com
estratégias familiares e alterar contingências ambientais.
Segundo Conte & Regra (2000) a participação das cri
anças não exclui a participação dos adultos significativos no
ambiente infantil.
GROUPS
"Mais do que instruir pais ou treinar com eles respostas espe
cificas, pode ser necessário fazê-los analisar seu próprio com
portamento e a relação deste com o comportamento da cri
ança, lidar com seus próprios comportamentos abertos e
encobertos (como regras, conceitos, sentimentos e sensa
ções relacionados ao problema)”, (p.94)
134
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INDEX
criança e pessoas significativas de seu ambiente; na percep
ção das relações de contingências envolvidas na queixa, as
sim como na identificação dos sentimentos, sensações e pen
samentos que a criança tem diante de determinadas situa
ções e pessoas.
O brincar na clínica permite que o terapeuta analise com
a criança, “ao vivo”, comportamentos públicos e privados que
ela emite diante de determinadas situações. Possibilita, ainda,
BOOKS
modelar respostas alternativas mais adaptativas e desenvol
ver outras habilidades.
No brincar, a criança expressa ao terapeuta o quanto
ela está sensível a contingências ambientais diretamente rela
cionadas a seu comportamento e sua alteração. Quanto me
nor a criança e menos complexo seu desenvolvimento verbal,
mais facilmente ela está sensível às essas contingências, pois
os recursos lúdicos permitem uma abordagem indireta dos seus
GROUPS
comportamentos encobertos, facilitando ao terapeuta informa
ções sobre as reais contingências presentes no seu contexto,
e possibilitando à criança o desenvolvimento do comportamento
de observação e o autoconhecimento.
São diversas as estratégias e os recursos que o terapeuta
pode utilizar com crianças na clínica. Como forma de ilustração,
são sugeridos: brincar com bonecos, bichos e casinha de bone
cas; dramatizar com fantoches ou máscaras; formar, comple
tar, interpretar e recontar histórias; elaborar desenhos com base
nas fantasias, vivências pessoais ou sob instruções; construir
painéis e murais; assistir a filmes e interpretá-los.
C o n sid er aç õ es F inais
INDEX
estratégias lúdicas.
O brincar possui inúmeras potencialidades de inserção
nos contextos assinalados no presente texto, o que torna
importante um maior número de estudos por parte dos analistas
do comportamento. Para tanto, indica-se a necessidade de maior
interesse da área ao se debruçar sobre essa atividade lúdica,
em todos os contextos em que o trabalho envolva crianças.
Além disso, já que é conhecida a existência de outros
BOOKS
referenciais teóricos que atuam diretamente com a criança,
aponta-se a necessidade de diálogo entre os teóricos da Análise
do Comportamento com os de outros campos do conhecimento,
tanto dentro quanto fora da Psicologia. É importante conhecer e
fazer uma releitura, dentro do enfoque comportamental, dos
procedimentos e das estratégias desenvolvidas por esses
profissionais.
136
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INDEX
De Rose, J.C. & Gil, M.S.C.A. (2003) Para uma análise do brincar e
de sua função educacional na função educacional do brin
car. In: Brandão, M.Z.S.; Conte, F.C.S.; Ingberman, Y.K.;
Moura, C.B.; Silva, V.M. & Oliane, S.M. (Orgs.). Sobre o com
portamento e cognição. A história e os avanços, a seleção
por conseqüências em ação, volume 11. Santo André: Esetec.
p. 373-382.
Debortoli, J.A. (2005) Educação Infantil e Conhecimento Escolar:
reflexões sobre a presença do brincar na educação de crian
BOOKS
ças pequenas. In: Carvalho, A. M; Salles, F.; Guimarães, M. &
Debortoli, J. A. (Orgs). Brincar(es). Belo Horizonte: Editora
UFMG. p. 65-80.
Felder-Puig, R. et al. (2003) Using a children’s book to prepare
children and parents for elective ent surgery: results of a
randomized clinical trial. International Journal of Pediatric
Otorhinolaryngology, 67, p. 35-41.
Gariépy, N. & Howe, N. (2003) The Therapeutic Power of Play:
GROUPS
Examining the Play of Young Children with Leukemia. Child:
Care, Health e Development, 29 (6). p. 523-537.
Gil, M.S.C.A. & De Rose, J.C.C. (2003) Regras e Contingências
Sociais na Brincadeira de Crianças. In: Brandão, M.Z.S.; Con
te, F.C.S.; Ingberman, Y.K.; Moura, C.B.; Silva, V.M. & Oliane,
S.M. (Orgs.). Sobre o comportamento e cognição. A história e
os avanços, a seleção por conseqüências em ação, volume
11. Santo André: Esetec. pág. 383-389.
Guerrelha, F.; Bueno, M. & Silvares, E.F.M. (2000) Grupo de
Ludoterapia Comportamental X Grupo de Espera Recreativo
137
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
Ortega, A.C. & Rossetti, C.B. (2000) A concepção de educadores
sobre o lugar do jogo na escola. Revista do Departamento de
Psicologia, Rio de Janeiro, v.12(2-3). pág. 45-53.
Rennick, J. E. et.al. (2002) Children’s Psychological Responses after
Critical Illness and Exposure to Invasive Technology.
Developmental and Behavioral Pediatrics.
Sidman, M. (1995). Coerção e suas implicações. Campinas: Livro
Pleno.
BOOKS
Silvares, E.F.M. & Gongora, M.A.N. (1998). Psicologia clínica
comportamentai. A inserção da entrevista com adultos e cri
anças. São Paulo: Edicon.
Skinner, B.F. (1975) Tecnologia do Ensino. São Paulo: EPU. (Origi
nal publicado em 1968)
Skinner, B.F. (2003) Sobre o Behaviorismo (8a edição). São Paulo:
Cultrix. (Original publicado em 1974).
GROUPS
Soares, M.R.Z. & Zamberlan, M.A.T. (2001) A Inclusão do Brincar na
Hospitalização Infantil. Estudos de Psicologia, v. 18(2). pág.64-
69.
Soares, M.R.Z. & Zamberlan, M.A.T. (2003) Brincar no Hospital. In:
Zamberlan, M.A.T. (Org.). Psicologia e Prevenção: modelos
de intervenção na infância e na adolescência. Londrina: Edi
tora da UEL. pág. 193-207.
138
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
T e x t o e c o n t e x t o n a p e r s p e c t iv a d a
S a ú d e A m b ie n t a l : a n á l is e d a s o b r a s
INDEX
Entende-se por Saúde Ambiental o campo do conheci
mento que tem como objeto de investigação a relação entre o
ambiente - físico, social, natural, construído - e o padrão de
saúde de uma população ou coletividade (TAMBELLINI &
CÂMARA, 1998).
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde
(OPAS/OMS), compreende tal campo do conhecimento todos os
processos, condicionantes e fatores ambientais que exercem al
BOOKS
gum efeito sobre a saúde e bem-estar do homem e sociedade.
Apesar do interesse e investimento inicial muito restri
tos à temática do saneamento básico, encontra-se hoje na
literatura científica uma grande diversidade de temas, objetos,
público-alvo e elementos considerados na relação saúde e
ambiente (PHIUPPI JR., 2005). A seguir, citaremos alguns
estudos para exemplificar essa variedade de interesse, pre
sente no campo da Saúde Ambiental.
GROUPS
S aúde A m b ie n ta l : diversidade de interesse e
INVESTIMENTO
INDEX
Considerando outros objetos e focos de análise, alguns
estudiosos vêm dedicando suas pesquisas à relação entre os
espaços urbanos e os costumes, modos de vida e condições
de saúde de cidadãos e coletividades. A correta e adequada
orientação e localização de prédios, ruas, parques, restauran
tes e praças e os efeitos nos comportamentos das pessoas e
populações são o principal interesse desses pesquisadores
(FERREIRA, EDUARDO & DANTAS, 2003).
BOOKS
No que diz respeito à poluição ambiental, um artigo de
revisão publicado por Duchiade (1992) listou os diversos tipos
de agentes poluidores, tais como o fumo, partículas em sus
pensão, óxidos de nitrogênio, sulfatos e ozônio, entre outros e
seus efeitos sobre a saúde de adultos e crianças.
Cançado et. al. (2006) foi além, atualizando a lista dos
principais agentes poluidores e seus efeitos sob a saúde res
GROUPS
piratória e cardiovascular, dando ênfase à queima de combus
tíveis fósseis e de biomassa.
Lopes e Ribeiro (2006), também preocupados com a
influência da poluição ambiental na saúde da população, ino
varam na construção de um Sistema de Informação Geográfi
ca (SIG), objetivando verificar a possível correlação entre os
produtos das queimadas de cana-de-açúcar no estado de São
Paulo e a incidência de problemas respiratórios em morado
res da região.
Outro assunto que vem ganhando grande destaque no
campo da Saúde Ambiental é o da exposição a fatores especí-
INDEX
comportamental (BARS), visando detectar padrões de
neurotoxicidade em pessoas com pouca instrução ou índice
de alfabetização expostas a agentes tóxicos.
Também sensível aos efeitos dos produtos e elementos
químicos, mas em um contexto mais específico, a área de
Saúde do Trabalhador, especialmente no que tange o
gerenciamento de riscos, trouxe grandes contribuições para a
Saúde Ambiental (RIGOTTO, 2003).
BOOKS
São antigos os estudos nos quais se procura relacionar
a situação da classe trabalhadora às condições ambientais,
tanto no nível micro - no âmbito da própria empresa ou indús
tria - quanto no macro - havendo a consideração de questões
mais amplas, como as práticas culturais, as condições sócio-
econômicas e políticas de uma sociedade e o modelo de de
senvolvimento propostos e seguidos por determinados países
e regiões (PORTO & FREITAS, 1997; PHILLIPI JR.,
GROUPS
MALHEIROS & AGUIAR, 2005).
Mesmo considerando toda essa diversidade de temas,
vale ressaltar que o interesse na relação entre saúde e ambi
ente não é uma novidade para a Saúde Pública, fazendo parte
de toda sua história. Como aponta Freitas (2005) em um le
vantamento sobre a produção científica acerca do tema ambi
ente na saúde coletiva, novo mesmo é o termo saúde ambiental
para se referir a um determinado campo de investigação.
Desde os tempos do movimento higienista e do
sanitarismo à promoção da saúde dos dias atuais, a interação
141
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INDEX
Monteiro Lobato também, mediante sua extensa partici
pação em jornais como O Estado de São Paulo e a publicação de
vários livros, tem a atuação destacada na divulgação de temas
relacionados à saúde e ao meio ambiente (OLIVEIRA, 2005).
Segundo Silveira (2005) e Bertolli Filho (2003), o autor,
coerente com a época em que viveu, travou uma “cruzada higi
enista”, havendo pouco espaço para uma atuação ativa do su
jeito, que deveria seguir normas para um agir mais higiênico.
BOOKS
Em um estudo divergente, Carvalho (2007), ao analisar
a obra A reforma da natureza (1941), ressalta a maneira como
Lobato dialoga com a criança, entendendo-a como ser atuan
te e passível de conscientização de suas ações e impactos
sobre o ambiente, protagonista de sua realidade e não somente
uma seguidora de regras e normas.
Análises semelhantes fazem Piola & Saito (2007),
Gregorin Filho (2006) e Souza da Silva e Barcelos (2006), para
GROUPS
quem a maior virtude de Monteiro Lobato é o estabelecimento
de uma condição de reflexão crítica e autônoma do sujeito e o
exercício de cidadania. Uma tentativa de despertar no leitor
uma flexibilidade diante do modo habitual de ver o mundo e
resolver os seus problemas.
Na visão da ciência da Análise do Comportamento, se
gundo ressalta Vasconcelos et. al. (2008), a literatura infantil e,
mais especificamente, a obra de Monteiro Lobato poderia esta
belecer uma oportunidade para o desenvolvimento do repertório
comportamental das crianças, ao possibilitar o refinamento do:
142
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INDEX
analisar as obras infantis de Monteiro Lobato, na perspectiva
da Saúde Ambiental.
M étodo
1. DO OBJETO
BOOKS
pleta de Monteiro Lobato, direcionada ao público infantil (perí
odo: 1920-1947). A coleção é composta pelas seguintes obras.
Ano Título
1920
1921
1921
1921
GROUPS A menina do narizinho arrebitado
Fábulas de Narizinho
Narizinho arrebitado
0 Saci
1922 0 marquês de Rabicó
1922 Fábulas
1924 A caçada da onça
1924 Jeca Tatuzinho
1924 O noivado de Narizinho
1927 As aventuras de Hans Staden
1928 Aventuras do príncipe
1928 0 Gato Félix
143
INDEX
1935 História das invenções
1936 Dom Quixote das Crianças
1936 Memórias da Emília
1937 Serões de Dona Benta
1937 0 poço do Visconde
1937 Histórias de Tia Nastácia
1938 0 museu da Emília
1939 0 Picapau Amarelo
1939 0 minotauro
1941 A reforma da natureza
BOOKS
1942 A chave do tamanho
1944 Os doze trabalhos de Hércules
1947 Histórias diversas
GROUPS 2 . P r o c e d im e n t o
A ) Id e n t if ic a ç ã o d e t r e c h o s a f in s a o c a m p o d a S a ú d e A m b ie n t a l
144
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
ameaça à saúde pública que o país afetado necessite de
assistência externa para enfrentar a situação.
Já os acidentes referem-se a incidentes ou situações perigo
sas provocadas por descargas acidentais de uma substância
de risco para a saúde humana e/ou ao meio ambiente. Estas
situações incluem incêndios, explosões, fugas ou descargas
de substâncias perigosas que podem causar a morte ou le
sões a um grande número de pessoas.
O mandato da OPAS/OMS é cooperar com os países da re
BOOKS
gião da América Latina e do Caribe na redução dos efeitos
das situações de emergência e de acidentes, através dos
seus programas de prevenção, mitigação e preparação, e
através do apoio para uma administração eficiente da ajuda
internacional, quando situações de emergência ocorrem.
O trabalho do Programa na Preparação e Mitigação de de
sastres da OPAS/OMS envolve todos os setores da socieda
de e abrange uma visão global de todas as necessidades
humanas físicas, mentais e sociais, importantes para o im
GROUPS
pacto na saúde.
Outra atividade essencial da OPAS nesta área tem sido a
publicação de informação técnica e a produção de materiais
de capacitação para desastres e a criação da Biblioteca Vir
tual de Desastres é um exemplo disso. ”
145
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
O trabalho do Programa na Preparação e Mitigação de de
sastres da OPAS/OMS envolve todos os setores da socieda
de e abrange uma visão global de todas as necessidades
humanas físicas, mentais e sociais, importantes para o im
pacto na saúde.
Outra atividade essencial da OPAS nesta área tem sido a
publicação de informação técnica e a produção de materiais
de capacitação para desastres e a criação da Biblioteca Vir
tual de Desastres é um exemplo disso."
BOOKS
A.4) Gerenciamento de Riscos
(...) é um processo complexo que combina ciências físicas,
biológicas e sociais. O primeiro passo neste processo é a
avaliação que é um exercício quantitativo no qual o resultado
de risco é avaliado e comparado com padrões e diretrizes de
riscos existentes. Depois desta comparação, a presença de
risco significante pode ser determinada por um profissional
na área de saúde ambiental.
GROUPS
A percepção de risco por parte de um indivíduo ou por parte
de comunidades ameaçadas pelo risco também devem ser
levadas em consideração na avaliação.
Após a avaliação, a exposição ao risco deve ser controlada
apropriadamente, e o risco monitorado. Embora algumas
vezes o problema possa ser resolvido através destes pas
sos, normalmente o processo é interativo, necessitando de
uma constante reavaliação de risco e da perceção de risco
pela comunidade.”
146
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
A.5) Qualidade do Ar
“A qualidade do ar é um tema de grande importância mundial
por afetar a saúde humana, de animais e de plantas. Por
exemplo, há uma grande evidência que a saúde de 900 mi
lhões de pessoas que vivem em centros urbanos é compro
metida diariamente pelos altos níveis de concentrações de
dióxido de enxofre. A poluição do ar afeta mais
significantemente a saúde humana quando estes compostos
são acumulados em altas concentrações, produzindo efeitos
biologicamente significativos.
Estudos recentes tem mostrado que mesmo baixos níveis de
exposição a estes compostos podem causar doenças e até
mesmo levar a morte numa comunidade. Frequentemente,
INDEX
estes efeitos não são tão visíveis comparados com o grande
número de mortes causadas por outros fatores mais fáceis
de serem identificados. A poluição do ar pode também afetar
as propriedades de materiais, visibilidade e comprometer a
qualidade de vida em geral."
BOOKS
local ou terreno onde há comprovadamente poluição ou con
taminação causada peia introdução de quaisquer substânci
as ou resíduos que nela tenham sido depositados, acumula
dos, armazenados, enterrados ou infiltrados de forma
planejada, acidental ou até mesmo natural. Nessa área, os
poluentes ou contaminantes podem concentrar-se em
subsuperfície nos diferentes compartimentos do ambiente,
como por exemplo, no solo, nos sedimentos, nas rochas, nos
materiais utilizados para aterrar os terrenos, nas águas sub
GROUPS
terrâneas ou, de uma forma geral, nas zonas não saturadas
e saturadas, além de poderem concentrar-se nas paredes,
nos pisos e nas estruturas de construções. Os poluentes ou
contaminantes podem ser transportados a partir desses mei
os, propagando-se por diferentes vias, como o ar, o próprio
solo, as águas subterrâneas e superficiais, alterando suas
características naturais de qualidade e determinando impac
tos negativos e/ou riscos sobre os bens a proteger, localiza
dos na própria área ou em seus arredores. ”
147
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
existentes e para garantir que a água seja utilizada de me
lhor forma, limitando os conflitos decorrentes do seu uso.
A área de Recursos Hídricos no Brasil promove atualmente a
gestão integrada das bacias hidrográficas. Esta forma de
gestão facilita a descentralização das ações e permite que
os diversos usuários do recurso organizem suas ações em
consonância com uma estratégia de desenvolvimento social
e econômico sustentável."
BOOKS
A.8) Saúde do Trabalhador
“(...) os maiores desafios para a saúde do trabalhador
atualmente e no futuro são os problemas de saúde
ocupacional com as novas tecnologias de informação e
automação, novas substâncias químicas e energias físicas,
riscos de saúde associados a novas biotecnologías, transfe
rência de tecnologias perigosas, envelhecimento da popula
ção trabalhadora, problemas especiais dos grupos vulnerá
veis (doenças crônicas e deficientes físicos), incluindo
GROUPS
migrantes e desempregados, problemas relacionados com a
crescente mobilidade dos trabalhadores e ocorrência de no
vas doenças ocupacionais de várias origens.
A saúde do trabalhador e um ambiente de trabalhao saudá
vel são valiosos bens individuais, comunitários e dos países.
A saúde ocupacional é uma importante estratégia não so
mente para garantir a saúde dos trabalhadores, mas também
para contribuir positivamente para a produtividade, qualida
de dos produtos, motivação e satisfação do trabalho e, por
tanto, para a melhoria geral na qualidade de vida dos
indivíduos e da sociedade como um todo."
INDEX
enças ou agravos relacionados à variável ambiental.
As tarefas fundamentais da vigilância ambiental em saúde
referem-se aos processos de produção, integração,
processamento e interpretação de informações, visando o
conhecimento dos problemas de saúde existentes, relacio
nados aos fatores ambientais, sua priorização para a tomada
de decisão e execução de ações relativas às atividades de
promoção, prevenção e controle recomendadas e executa
das por este sistema e sua permanente avaliação. A estrutu
BOOKS
ra da vigilância ambiental em saúde abrange a diversidade
de setores e instituições por meio das quais se cumprirão os
objetivos e ações do sistema de vigilância."
B) Desenvolvimento Sustentável
B.1) Atenção Primária Ambiental (APA)
"... é uma estratégia de ação ambiental, basicamente pre
ventiva e participativa a nível local, que reconhece o direito
do ser humano de viver em um ambiente saudável e adequa
GROUPS
do, e de ser informado sobre os riscos do ambiente em rela
ção à saúde, bem-estar e sobrevivência, ao mesmo tempo
em que define suas responsabilidades e deveres em relação
ã proteção, conservação e recuperação do ambiente e da
saúde.
Este conceito foi elaborado a partir de importantes atividades
como a Conferência Pan-Americana sobre Saúde e Ambien
te no Desenvolvimento Humano Sustentável realizada em
Washington em 1995, a Reunião Regional sobre Atenção
Primária Ambiental realizada no Chile em 1997, a Reunião
Sub-regional para a América Central sobre a APA realizada
em Costa Rica em 1998 entre outras. Constitui-se, assim, em
INDEX
ampliada de qualidade de vida.
Os principais pilares de uma iniciativa de municípios/cidades
saudáveis são a ação intersetorial e a participação social e
por isso existe uma forte complementaridade com a APA.
A primeira experiência no Brasil ocorreu no município de
Toledo no Paraná. ”
BOOKS
"Em 1987 a Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desen
volvimento das Nações Unidas publicou o Relatório de
Brundiand, que apresentou o conceito de “Desenvolvimento
Sustentável". Esse conceito implica no uso racional dos re
cursos naturais, de forma a evitar comprometer o capitai eco
lógico do planeta. Trata-se de incluir considerações de or
dem ambiental no processo de tomada de decisões
econômicas, com vista ao desenvolvimento. Desenvolvimento
Sustentável deve, portanto, significar desenvolvimento soci
GROUPS
al e econômico estável, com distribuição de riquezas gera
das, considerando a fragilidade, a interdependência e as es
calas de tempos próprios dos recursos naturais. Este concei
to foi consolidado como diretriz para a mudança de rumos no
desenvolvimento global, que foi definida pelos 170 países
presentes à Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro,
em 1992. Para tornar realidade as novas inspirações, a Con
ferência aprovou a Agenda 21, documento contendo uma série
de compromissos acordados pelos países signatários, que
assumiram o desafio de incorporar, em suas políticas públi
cas, princípios do Desenvolvimento Sustentável.
150
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
contexto, esta disciplina tem sido denominada de
Epidemiologia Ambiental, tendo em vista algumas caracte
rísticas próprias que se verificam em sua aplicação nos estu
dos sobre a relação entre o ambiente e a saúde. A
epidemiologia ambiental utiliza informações sobre fatores de
risco existentes (físicos, químicos, biológicos, mecânicos,
ergonômicos e psicossociais); as características especiais do
ambiente que interferem no padrão de saúde da população;
as pessoas expostas; e os efeitos adversos à saúde. ”
BOOKS
B.4) Espaços saudáveis (municípios, habitação, empresa)
“Habitação Saudável é a concepção da habitação como
um agente da saúde de seus moradores. Implica em um
enfoque sociológico e técnico de enfrentamento dos fatores
de risco, e promove uma orientação para a localização, cons
trução, moradia, adaptação e manuseio, uso e manutenção
da habitação e do seu ambiente. O conceito de Habitação
Saudável se introduz desde o ato do projeto da habitação, sua
GROUPS
micro-localização e construção, e se estende ao seu uso e
manutenção. Este conceito está relacionado com o território
geográfico e social onde está localizada a habitação, os mate
riais usados para a sua construção, a segurança e qualidade
dos elementos usados, o processo construtivo, a composição
do seu espaço, a qualidade do seu acabamento, o contexto
periférico global (comunicações, energia, vizinhança) e a edu
cação sanitária dos seus moradores sobre os estilos e condi
ções de vida saudável.
151
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
C) Informação para decisão
C.1) Informação para decisão
“A disponibilidade de informação apoiada em dados válidos
e confiáveis é condição essencial para a análise objetiva da
situação da Saúde e Ambiente, assim como para a tomada
de decisões baseadas em evidências e para a programação
de ações nesta área. A busca de medidas do estado de saú
BOOKS
de da população é uma antiga tradição em saúde pública.
Com os avanços obtidos no controle de doenças e a melhor
compreensão do conceito de saúde e de seus determinantes,
a análise da situação sanitária passou a incorporar outras
dimensões do estado de saúde incluindo fatores ambientais,
acesso aos serviços, qualidade da atenção e condições de
vida. ”
D) Mudanças Climáticas
GROUPS
D.1) Protegendo a saúde frente às mudanças climáticas
152
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E) Saneamento Ambiental
E.1) Abastecimento de água
INDEX
“O meio ambiente possui um importante papel na determina
ção da distribuição das doenças transmitidas por vetores.
Além da água e da temperatura, outros fatores tais como a
umidade e a densidade, tipo do cultivo da safra, densidade
da vegetação e habitação podem ser críticos para a sobrevi
vência de espécies diferentes de vetores transmissores de
doenças. Todas essas doenças são mais presentes nos paí
ses mais pobres, e entre aqueles que vivem em condições
de empobrecimento. Eles contribuem com o círculo vicioso
BOOKS
de pobreza-doença.
O Gerenciamento Ambiental para o Controle de Vetores -
(Environmental Management for Vector Control - EMVC) é
uma das várias estratégias utilizadas pela Organização Mun
dial da Saúde (OMS) e muitas outras agências de saúde pú
blica na administração integrada e controle de insetos vetores,
com o objetivo de reduzir a gravidade das doenças causadas
por vetores na população humana. A estratégia vem associ
ada a intervenções em outros setores. A OMS coordena o
trabalho do Painel de Especialistas em Gerenciamento
GROUPS
Ambiental para Controle de Vetores da OMS (Panel of Experts
on Environmental Management for Vector Control - PEEM).
Esta coordenação visa criar uma estrutura de colaboração
entre as agências envolvidas a fim de promover o uso do
EMVC como garantia de saúde nos projetos de desenvolvi
mento envolvendo os recursos hídricos e do solo e para pro
moção de saúde através dos programas e projetos de agri
cultura, ambiente, assentamento urbano e urbanização. ”
153
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
cidência de diarréia observada nos países em desenvolvi
mento e que é responsável pela morte de cerca de 2 milhões
de crianças e causa cerca de 900 milhões de episódios de
doenças por ano.
Além disso, a falta de um adequado sistema de coleta, trata
mento e destino dos dejetos é a maior causa da degradação
da qualidade das águas subterrâneas e superficiais.
Apesar dos esforços nas últimas duas décadas, os investi
mentos nesta área continuam inadequados enquanto a ne
cessidade continua a crescer, principalmente em relação ao
BOOKS
tratamento dos dejetos. Esta situação é o resultado da baixa
prioridade dada ao tratamento dos dejetos. ”
GROUPS
das águas pluviais como devido à interferência com os demais
sistemas de infra-estrutura. A retenção da água na superfície
do solo pode propiciar a proliferação dos mosquitos responsá
vel pela disseminação da malária e dengue. Além disso, a fal
ta de um sistema de drenagem urbana apropriada pode trazer
transtornos ã população com inundações e alagamentos fa
zendo com que as águas a serem drenadas se misturem a
resíduos sólidos, esgotos sanitários e/ou fezes, propiciando
com isso o aparecimento de doenças como a leptospirose,
diarréias, febre tifóide etc. Portanto, a falta de atenção ã dre
nagem urbana pode afetar diretamente a qualidade de vida
das populações e representar uma ameaça para a saúde hu
mana. ”
154
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INDEX
gestão e disposição final.”
BOOKS
portamento {SKINNER, 2003), conforme sugerido por Vascon
celos et. al. (2008).
Segundo essa teoria, todo comportamento deve ser com
preendido a partir das interações estabelecidas entre o sujeito e
o ambiente, levando-se em consideração o contexto atual, sua
história de ocorrência, assim como as implicações ou
consequências. Às relações estabelecidas entre os elementos
constituintes de tais interações dá-se o nome “contingências”.
GROUPS
R esultados e discussão
155
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Quadro 2 - Obras infantis de Monteiro Lobato selecionadas, trechos e temas identificados afins ao campo da Saúde Ambiental
INDEX
porque não existe problema de ar na roça. Têmo-lo do mais puro ar e
na maior abundância. Mas os moradores das grandes cidades sofrem RiscosA.5)Qualidade do Ar
muito com o mau ar, de modo que para eles o condicionamento seria a
maravilha das maravilhas, “(p. 139)
1937 O poço do
Visconde
BOOKS Estava u cibrir um poço e clescuidou-se de colocar o
tom arão. Subitamente o petróleo jorrou com enorme
violência, varrendo com a sonda e arrancando os tubos de aço
do encanamento. Não houve jeito de estancar o repuxo. O
A)Avaliação e
Gerenciamento de
RiscosA. 3)Desastres
TecnológicosA .7) Recursos
GROUPS
petróleo inundou tudo, formou uma lagoa em redor, invadiu os Hídricos e Qualidade da
riachos próximos - uma verdadeira calamidade! Av ÁguaA.9)Segurança
indenizações que os vizinhos exigiram da pobre companhia Química e Toxicologia
arrastaram-na à falência, f (p. 27)
1944 Os doze trabalhos ... Os sintomas sã<> de envenenamento. Meu amo envenenou- A)Avaliação e
se com gases mefítico<das cavalariças de Au g ias. Até eu sentir Gerenciamento de
de Hércules
dor naquele dia. - L eu. uma tontura - ileclarou Emília.- E eu. RiscosA.5)Qualidade do
uma azia de estômago ' declarou Pedrinho. - E eu. um calafrio ArA.9)Segurança Química e
Toxicologia
- declarou Mcioamaein- Pois é ' concluiu o Visconde ' Tudo
isso, efeitos dos í>ases letais daquela infame esterqueira. Mas
como estávamos muito longe, respiramos apenas mínimo de
gás... (p. 9H)
cn Quadro 3 - Trecho e contingências descritas dos trechos das obras infantis selecionadas de Monteiro Lobato
oo
Ano Título Trechos Contingências descritas(contexto:
comportamento - implicações ou
consequências)
1933 Caçadas de Pedrinho "Não há mais terras habitáveis neste Contexto: incidente de morte de uma
país.Os homens andam a destruir todas onça envolvendo Pedrinho
Comportamento: “os homens andam a
as matas, a queimá-las:' (p. 14)
destruir todas as matas, a queimá-las”
Implicações /Consequências: “não há
mais terras habitáveis neste país'’
1935 Geografia de Dona Benta “...Deu começo às obras ... mas foi tanta Contexto:Comportamento: ... Deu
malária e febre amarela a atacar os começo às obras...”
trabalhadores que nada conseguiu. Sua Implicações / Consequências: 1)”mas
foi tanta malária e febre amarela a
empresa levou a breca. Mais tarde, os
atacar os trabalhadores que nada
americanos retomaram a tarefa, fazendo conseguiu.” 2)"Sua empresa levou a
a coisa bem feita. Primeiro sanearam a breca”.
zona, isto é, mataram os mosquitos..." Contexto: “Mais tarde, os americanos
(p.88) "... O melhor meio de acabar com retomaram a tarefa...”
os mosquistos consiste em drenar as Comportamento: "... fazendo a coisa
INDEX
águas paradas ou derramar petróleo bem feita. Primeiro sanearam a zona,
sobre as lagoas mortas. É nessas águas isto é, mataram os mosquitos”
Descrição da “técnica” utilizada para o
estagnadas que se desenvolvem as combate aos mosquitos:"... O melhor
larvas dos mosquistos. Drenando-as, isto
GROUPS
sobem de dentro da água para respirar mosquistos. Drenando-as, isto é,
na superfície, dão com a camadinha de secando-as, ou petrolizando-as ,
petróleo ali espalhada e morrem. " "... acaba-se com as larvas, e não
Hoje, porém, em vez de dar drogas aos havendo larvas, não há mosquistos.
febrentos e maláricos, a higiene suprime larvinhas não podem viver sem
os mosquitos ... evitando, assim, que respirar. Quando sobem de dentro da
água para respirar na superfície, dão
haja febrentos e maláricos.'' (p. 89)
com a camadinha de petróleo ali
espalhada e morrem
Contexto: "... Hoje, porém, ...”
Comportamento: em vez de dar
drogas aos febrentos e maláricos, a
higiene suprime os mosquitos ...”
Implicações / Consequências: ... a
higiene suprime os mosquitos ...
evitando, assim, que haja febrentos e
maláricos.”
1937 O poço do "Estava a abrir um poço e Contexto: “Estava a abrir um poço ...”
Visconde descuidou-se de colocar o Comportamento: "... descuidou-se de
torneirão. Subitamente o petróleo colocar o torneirão.”
jorrou com enorme violência, Implicações / Consequências:
varrendo com a sonda e “Subitamente o petróleo jorrou com
arrancando os tubos de aço do enorme violência, varrendo com a sonda
encanamento. Nâc houve jeito de e arrancando os tubos de aço do
estancar o repuxo. O petróleo encanamento. Não houve jeito de
inundou tudo, formou uma lagoa estancar o repuxo. O petróleo inundou
tudo, formou uma lagoa em redor, invadiu
em redor, invadiu os riachos
os riachos próximos - uma verdadeira
próximos - uma verdadeira
calamidade! As indenizações que os
calamidade! As indenizações que vizinhos exigiram da pobre companhia
os vizinhos exigiram da pobre arrastaram-na à falência.”
companhia arrastaram-na à
falência."(p. 27)
Contexto: moléstias
Está claro. Esses ainda são gravesComportamento: "... fazem Dona
1941 A reforma da
INDEX
piores, porque transmitem Benta gastar muito dinheiro com Flit.”
natureza Contexto: “O Visconde diz que a febre
moléstias e fazem Dona Benta
gastar muito dinheiro com Flit. O amarela, a malária e outras doenças são
transmitidas pelos pernilongos”
GROUPS
adeus febre amarela, adeus malária..:
(p. 349)
1944 Os doze trabalhos “... Os sintomas são de Contexto: gases mefíticos das
de Hércules envenenamento. Meu amo cavalariças de Augias (mesmo estando
envenenou-se com gases mefíticos muito longe).
Comportamento: "Até eu sentir dor
das cavalariças de Augias. Até eu
naquele dia.”- - E eu, uma tontura -
sentir dor naquele dia.- E eu, uma declarou Emília.- E eu, uma azia de
tontura - declarou Fmília.- E eu, uma estômago - declarou Pedrinho.- E eu, um
azia de estômago - declarou calafrio - declarou Meioamaeio
Pedrinho.- E eu, um calafrio - declarou Implicações / Consequências:
Meioamaeio- Pois é - concluiu o envenenamento
Visconde - Tudo isso, efeitos dos
gases letais daquela infame
esterqueira. Mas como estávamos
muito longe, respiramos apenas
mínimo de gás... “ (p. 98)
O)
INDEX
da Primeira República, conforme o já citado estudo de Santos
(1985). Segundo o autor:
BOOKS
do sanitarismo. (p. 198)
GROUPS
des políticos e empresas brasileiras, assim como sua deca
dência financeira (GREGORIN FILHO, 2006).
C o n s id e r a ç õ e s f in a is (ou in ic ia is )
162
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
dizendo respeito à uma interação ou um diálogo estabelecido
entre o autor e o leitor, também ser ativo, atuante e operante
sobre o mundo e sua realidade.
Para finalizar, gostaríamos novamente de citar algumas
passagens do livro organizado por Vasconcelos (2008), ao tratar
da importância das histórias infantis para o desenvolvimento
da criança:
BOOKS
“O desenvolvimento dos padrões de comportamentos (...)
pode ser facilitado quando os primeiros educadores, sejam
pais ou professores, apresentam histórias por meio de livros,
músicas, filmes ou peças teatrais. A leitura pode se tornar
parte do mundo da criança desde os primeiros anos de vida.”
(p. 11)
GROUPS
da história podem auxiliar na programação da exposição da
criança à história, de modo a despertar seu interesse." (p. 19)
163
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GROUPS
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A n á l is e d o C o m p o r ta m e n to : uma
p r á t ic a d e S aúde
BOOKS
exemplo. Questões essas que responsabilizam o profissional
psicólogo a repensar no seu campo de estudo e de pesquisa,
assim como em suas práticas e condutas, freqüentemente
voltadas ao ambiente do consultório particular.
Skinner (1947/1972, citado por Andery, 1997) descre
veu a importância do compromisso da ciência do comporta
mento em realizar uma abordagem mais crítica sobre os pro
blemas atuais, ressaltando a necessidade de uma reflexão e
GROUPS
transformação da cultura e da sociedade. De acordo com
Andery (1997), a análise da interação entre o sujeito e seu
contexto leva ao conhecimento dos fatores do ambiente soci
al; espaço no qual se encontram as mais importantes variá
veis do controle do comportamento humano. A autora com
pleta com uma afirmativa de Skinner, em 1947, sobre a não
restrição da ciência experimental, sendo possível e indicado
a extensão de suas práticas no mundo em geral, Assunção
(2002) menciona a responsabilidade dos analistas do com
1 danielacbrito@hotmail.com
167
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INDEX
A n á l is e d o c o m p o r t a m e n t o e s a ú d e c o l e t iv a
BOOKS
expressamente instituídos na Constituição de 1988.
Na I Conferência Internacional de Promoção de Saúde,
em 1986, Ottawa, a saúde, também definida como o mais com
pleto bem estar físico, mental e social, é determinada por con
dições biológicas, sociais, econômicas, culturais, educacionais
e ambientais. Essa ampla determinação também é reforçada
nas leis brasileiras em que “A saúde tem como fatores
determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação,
GROUPS
a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho,
a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens
e serviços essenciais.” (Lei n° 8.080, Art. 3o).
Desta forma, saúde e doença deixam de ser entidades
antagônicas, constituindo-se em um processo complexo, de con
tínuo movimento e influenciado por diversos fatores. O homem
doente não deve ser reduzido apenas ao seu substrato biológico,
mas sim compreendido e tratado dentro do seu contexto social,
cultural, religioso e familiar. Sua história de aprendizado é consi
derada, assim como a sua condição de ser pensante, responsá
vel e ativo sobre a sua vida, sua saúde e seu tratamento. Esses
168
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
BOOKS
duto do ambiente, mas principalmente como resultado do con
texto social. Assim, as determinações do comportamento não
são todas diretamente observáveis e Skinner (1945 citado por
Micheletto, 1997), propõe a determinação conjugada do ambien
te em três níveis: o da espécie, o que opera na vida do indivíduo
e o social.
O comportamento passa a ser descrito de acordo com a
sua multideterminação, devendo o homem ser compreendido a
GROUPS
partir de sua história genétíco-fisiológica, história cultural/social e
história de vida. “Qualquer procedimento de fragmentação e iso
lamento e qualquer suposição de que a compreensão do com
portamento ocorre inteiramente a partir de sua manifestação, da
simples observação direta, não permitirá entender dimensões tão
complexas e múltiplas que o comportamento agora assume.”
(Micheletto, 1997, p. 40).
Essa determinação não implica que o homem respon
de passivamente ao ambiente em que se encontra inserido.
Esse indivíduo que comporta, não responde apenas sob a in
fluência de um estímulo eliciador; ele age sobre o ambiente,
169
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INDEX
ciência do comportamento deve propor a descrever o compor
tamento não só por si mesmo, mas em sua relação com os
outros eventos, ou seja, a descrição da sua relação funcional,
como menciona Micheletto (2000).
Para Meyer (1997), a análise funcional refere-se a um
instrumento básico de trabalho do analista do comportamento
que irá contribuir tanto para uma melhor compreensão do com
portamento alvo, como estabelecer relações de contingências
BOOKS
que alterem, reduzam e até eliminem comportamentos pre
sentes no repertório do indivíduo. E será a partir dessa
metodologia de trabalho, associada às interlocuções entre a
ciência do comportamento e a saúde coletiva, que se institui o
lugar do analista do comportamento no campo da saúde. Com
portamento e saúde, de acordo com essas duas ciências, são
conceitos com grande semelhança e influência, assim como a
própria concepção do homem e de seus determinantes, o que
vem a tornar a inclusão do analista do comportamento nos
GROUPS
serviços de saúde fundamental para uma compreensão am
pliada e uma ação mais efetiva nos processos saúde e doen
ça e nos tratamentos das enfermidades.
O bjetivos d o a n a l is t a d o c o m p o r t a m e n t o n o c a m p o
da saúde
170
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INDEX
principais emoções desencadeadas a partir do adoecimento,
tratamento e reabilitação. A Psicologia da Saúde também exe
cuta ações que vem a promover comportamentos saudáveis,
ao mesmo tempo em que previnem aparecimento de quadros
patológicos.
Dentro da Psicologia da Saúde, existem várias aborda
gens teóricas do campo da Psicologia, estando a ciência do
comportamento entre elas. O trabalho do analista do compor
BOOKS
tamento embasa-se na filosofia em que o comportamento não
é independente do organismo biológico, podendo as funções
orgânicas do indivíduo serem diretamente afetadas pelo seu
padrão comportamental e vice versa. O modo em que esse
indivíduo interage com o ambiente aumenta, ou não, a sua
possibilidade de adquirir fatores de risco para alterações orgâ
nicas específicas, levando a um processo de adoecimento. O
comportamento do indivíduo também é fundamental para a
GROUPS
uma alta eficácia do tratamento e da reabilitação. Do mesmo
modo, as respostas emitidas pelo indivíduo podem contribuir
para a aquisição de uma boa condição de saúde e assim para
uma melhor qualidade de vida.
O analista do comportamento, seja em qual área da
saúde em que esteja atuando, sempre irá focar as suas ações
a partir da análise funcional do comportamento do indivíduo
doente, considerando que, conforme Laloni (2001), não exis
tem comportamentos ou respostas doentes, mas sim
adaptativos. Deve-se, portanto, identificar as variáveis do am
biente que controlam o comportamento alvo, compreendendo
171
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
O analista do comportamento deve buscar investigar a
relação entre o comportamento e os estados de saúde e do
ença, identificando as respostas emitidas pelo indivíduo que
direta ou indiretamente aumentam a probabilidade de adquirir
fatores de risco ou de desenvolver algum quadro patológico
específico. Comportamentos diretos referem-se àqueles que
produzem contato direto com o agente patogênico; e os indire
tos são os que aumentam a vulnerabilidade do organismo para
BOOKS
o adoecimento. Por exemplo, comportamentos associados ao
uso de tabaco e hábitos alimentares ricos em gordura e
sedentarismo aumentam a possibilidade de desenvolver do
enças coronarianas ou diabetes mellitus. A condução de veí
culo, após o uso abusivo de bebida alcoólica, pode acarretar
em morte por acidente de trânsito. Estados de estresse eleva
dos e contínuos elevam os níveis da pressão arterial, constitu-
indo-se em fator de risco para várias patologias como o aci
dente vascular cerebral e a insuficiência renal crônica.
GROUPS
Há comportamentos que podem vir a piorar um estado
patológico já existente, como não seguir corretamente a pres
crição proposta. Os comportamentos relacionados a adequa
da adesão ao tratamento também se constituem como um foco
importante de intervenção do analista do comportamento, prin
cipalmente devido a alta prevalência de baixo repertório refe
rente ao auto cuidado, apresentado por pacientes crônicos,
por exemplo. Muitas estratégias de intervenção dentro do
referencial da ciência do comportamento têm sido planejadas
a fim de melhorar o grau de adesão do indivíduo doente em
172
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INDEX
ças ou que promovam saúde e qualidade de vida. Ações volta
das às políticas públicas saudáveis, com foco à população
geral, ou até mesmo, intervenções com grupos de risco, a partir
de mudanças de hábitos e redução de comportamentos de
risco como deixar de fumar, também se inclui em sua prática.
A ciência do comportamento pode e deve contribuir com
pesquisas e novos modelos teóricos para uma melhor com
preensão e identificação de variáveis controladoras para os
BOOKS
estados de saúde e doença, subsidiando as intervenções no
campo de atuação do analista do comportamento e também
as de outros profissionais de saúde. Isto, pois, será a partir do
trabalho em equipe interdisciplinar que poderá ser possível
abranger toda a complexidade que envolve os temas saúde e
doença, estimulando desta forma o desenvolvimento de com
portamentos saudáveis no indivíduo e na população, promo
vendo uma melhor qualidade de vida.
173
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
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174
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
T e r a p ia a n a l ít ic o - c o m p o r t a m e n t a l
d e c a s a is : c o n s id e r a ç õ e s t e ó r ic a s
BOOKS
Por fim, um caso clínico atendido pelas autoras será apresen
tado para ilustrar a aplicação da proposta descrita.
T e r a p ia d e C a s a is : c o n s id e r a ç õ e s g e r a is
GROUPS
e tratamento dos problemas conjugais. ATerapia de Casal tem
hoje, ajudado vários casais a viverem melhor (namorados, jo
vens, idosos, heterossexuais, homossexuais, noivos) e, além
da constatação da ampliação do perfil daqueles que procuram
por terapia, é possível observar também uma mudança no que
diz respeito às queixas apresentadas por eles. Hoje, as quei
xas mais comuns estão relacionadas às peculiaridades dos
novos contextos sociais, econômicos e profissionais
vivenciados pelo casal, além de queixas relacionadas às dife
renças de costumes e valores de vida entre os membros do
par. As mudanças no perfil de quem procura por terapia de
175
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
BOOKS
predominam sentimentos de insegurança e ciúmes. Casos em
que queixas tais como essas são colocadas, uma intervenção
analítico-comportamental tenderia a melhorar o repertório
afetivo-conjugal e, logo, a qualidade de vida do casal.
P r o p o s t a d e in t e r v e n ç ã o a n a l ít ic o - c o m p o r t a m e n t a l
GROUPS
como principal objetivo identificar e alterar as variáveis
ambientais responsáveis pela instalação e manutenção de
padrões comportamentais apresentados pelo cliente. A pro
posta da Terapia Analítico-Comportamental de Casais é iden
tificar os padrões que trazem prejuízo ao casal. Após a discri
minação das contingências controladoras, estratégias para
mudança são propostas para a instalação de outros repertóri
os de interação entre o casal que aumentem as interações
positivas e diminuam as negativas. A história de vida dos côn
juges também será analisada, já que é ela que determina o
que cada um é hoje. As pessoas são influenciadas pelo ambi-
176
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INDEX
terapeutas analítico-comportamentais são: 1) contraposição
de regras e auto-regras, modificando, assim, expectativas ir
reais; 2) apresentação, na sessão terapêutica, de estímulos
antecedentes para uma comunicação mais eficiente entre o
casal e reforçamento positivo dos avanços do casal no “aqui-
agora” da sessão, ou seja, modelar os novos comportamen
tos que aparecem na sessão a partir de estímulos anteceden
tes dos terapeutas; 3) modelação - terapeuta servindo como
modelo de comunicação para o casal; 4) ensino, através de
BOOKS
instrução, de estratégias para solução de problemas; 5) apre
sentação de tarefas para o casai realizar no ambiente natural
com o objetivo de facilitar a generalização dos novos padrões
comportamentais,
D if e r e n t e s p o s s ib il id a d e s d e c o n d u ç ã o d a T e r a p ia
A n a l ít ic o - C o m p o r t a m e n t a l d e C a s a is
GROUPS
Existem diferentes possibilidades para a condução de
uma Terapia Analítico-Comportamental de Casais, tais como
a opção por sessões conjuntas, sessões conjuntas e individu
ais ou sessões basicamente individuais. Além disso, o atendi
mento pode ser realizado por um terapeuta ou por duplas tera
pêuticas. Os critérios de escolha baseiam-se nas característi
cas pessoais de cada terapeuta e na natureza do problema
apresentado pelo casal. Neste capítulo, damos ênfase ao aten
dimento em duplas terapêuticas em que os dois terapeutas
realizam sessões com o casal, além de sessões individuais
nas quais cada terapeuta atende um dos membros do par. O
177
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INDEX
bros do casal sinta-se acolhido para falar sobre alguma intimi
dade que não queira expor na presença de seu parceiro, bem
como à vontade na situação terapêutica configurada pelas
quatro pessoas.
E s t u d o de c a s o
BOOKS
terapêutico de Sônia (nome fictício), 36 anos, segundo grau
completo, e conselheira tutelar. Seu marido, Milton (nome fic
tício), 38 anos, tinha primeiro grau incompleto e trabalhava
como pedreiro. O casal tinha três filhos, o mais velho com 12
anos, outro com 10 anos e o mais novo com 7 anos e estavam
casados há 14 anos.
Na primeira sessão com o casal, Sônia queixou-se de que
tinham poucos momentos juntos. “Nosso casamento foi muito
GROUPS
rápido e conturbado. Os meninos vieram muito rápido! (...) Rara
mente a gente consegue ficar só nós dois. Nunca tiramos tempo
para nós dois. (...) Quando fato do meu casamento me dá vonta
de de chorar." (Sônia) Sônia chorou bastante neste momento.
Além disso, outras queixas também apareceram na primeira ses
são do casal como: falta de carinho, conflitos relacionados a ques
tões financeiras, principalmente, falta de diálogo. A falta de diálo
go ficou evidente na sessão, já que Milton ficou surpreso com as
colocações da esposa e disse que nunca haviam conversado
sobre isto antes.
178
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BOOKS
“Os problemas vividos por um casal, na maioria das vezes,
são desencadeados pelas dificuldades inerentes à qualida
de de comunicação que eles têm. (...) Se não sabem falar e
não sabem ouvir, eles não sabem ser assertivos. Ser assertivo
é saber dizer o que quer, respeitando a si e ao outro." (Otero
e Guerrelhas, 2003, p.73)
GROUPS
comportamental de casais. O ambiente terapêutico é uma opor
tunidade para que o casal: 1) explicite comportamentos enco
bertos, desenvolvendo, assim, a assertividade; 2) fique sensí
vel às reações do parceiro durante a sessão; 3) dessensibilize
reações produzidas por interações negativas; 4) generalize
comportamentos para o ambiente natural.
Além das dificuldades de comunicação, Milton e Sônia
também tinham dificuldades de elogiar e receber elogios; de
ficar sob controle de comportamentos adequados do cônjuge
e de organizarem-se financeiram ente. Tais padrões
comportamentais produziam vários conflitos entre o casal. Di
179
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INDEX
forneciam modelo de assertividade e também modelavam com
portamentos assertivos que apareciam nas sessões ou que
eram relatados pelo casal; 2) sugestão de tarefas para o am
biente natural; 3) apresentação de estímulos discriminativos
para comportamentos assertivos do casal na sessão; 4)
terapeuta como facilitador da compreensão e aceitação entre
os membros do par.
Para que haja essa aceitação entre os cônjuges, é impor
BOOKS
tante que cada um entenda a história de contingências de seu
parceiro. No caso de Milton, sua dificuldade em ser assertivo, em
elogiar e receber elogios, sua inabilidade em solucionar proble
mas e em ficar sob controle dos comportamentos adequados da
esposa são produto de uma história de vida caracterizada por
pouco reforço social e excesso de contingências aversivas. Quan
do criança, Milton convivia apenas com seus irmãos, já que a
mãe os abandonou quando ele tinha oito anos e o pai trabalhava
GROUPS
o dia todo. Esse era bastante agressivo e não permitia que os
filhos fizessem qualquer tipo de reivindicação. Não conversava
com os filhos e tampouco era carinhoso. Assim, podemos dizer
que a comunidade verbal de Milton não o ajudou a desenvolver
comportamentos de auto-observação, ou seja, não o ajudou a
identificar e expressar sentimentos e a ficar sob controle do com
portamento do outro. Já no caso de Sônia, as dificuldades em ser
assertiva, organizar-se nas tarefas domésticas, ser carinhosa com
o marido e com os filhos são produto de uma história de contin
gências aversivas. O pai de Sônia faleceu muito cedo e a mãe
trabalhava o dia todo. A mãe sempre foi muito agressiva com os
180
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INDEX
outro num ambiente seguro (sessão terapêutica) com a expecta
tiva de que estes possam ser tolerados e aceitos mais facilmen
te. Vandenberghe (2006) aponta que:
BOOKS
plenamente em contato com seu sofrimento sem acusar -
defender - atacar ou recuar); transformar o problema em
atrativo (...); promover a expressão de emoções agradáveis;
prever problemas futuros como também situações em que o
problema não acontece; promover tolerância (...); ênfase no
positivo (...); valorizar diferenças (...); planejar recaída (...);
simular problemas em casa; a prática de autocuidados (...).’’
(Vandenberghe, 2006, p. 155)
GROUPS
exposta acima, apresentaremos a seguir alguns resultados
obtidos no processo terapêutico do casal:
1) Aumento do repertório de produção de reforço positi
vo na interação entre o casal - ambos ficaram mais carinhos.
Ex.: “Estou tentando ser mais carinhoso. Acho que ela tam
bém mudou. Está mais carinhosa." {Milton)
2) Melhoria na qualidade da comunicação - ambos pas
saram a tomar iniciativa de conversar e solucionar os proble
mas e, conseqüentemente, conquistaram uma maior organi
zação financeira. Ex.: a) ‘‘Comecei a fazer o planejamento.
181
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
a gente estava dormindo! Estamos pensando mais na gente!
Fazendo planos.” (Sônia)
4) Aumento de comportamentos de auto-observação e
autoconhecimento de cada um dos membros do casal. Ex.; a)
“A mâe sempre foi muito durona, sabe... Teve que cuidar sozi
nha dos filhos e ficava muito nervosa com a gente... Sempre
criticou muito, não sabe elogiar, falar alguma coisa boa para
gente. (...) Acho que por isso eu tenho dificuldade de me soltar
BOOKS
(...) não quero se igual a ela.” (Sônia); b) “Alguma coisa me
impedia de crescer. Não conseguia tocara obra da minha casa.
Estou conseguindo analisar isso agora. Eu nunca tive boa auto-
estima. Tinha dificuldade de me apresentar diante das pesso
as. Não tinha cuidado comigo. (...) Não sei como chegou a
esse ponto, demorei para perceber que aquilo não estava me
fazendo bem.” (Milton)
Podemos dizer, então, que cada membro do casal tor
GROUPS
nou-se um agente ativo de produção de reforços positivos e
de redução de estimulação aversiva.
C o n sid er aç õ es finais
182
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R e f e r ê n c ia s
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183
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A d o ç ã o a f e t iv a : u m e l o d e l ig a ç ã o
e n t r e id o s o s a s il a d o s e a
SOCIEDADE
Fabiana Aparecida Dutra Fernandes
Puc Minas em Arcos
I ntr o d u ç ão
BOOKS
Este artigo descreve parte de uma pesquisa de desen
volvimento que objetivou elaborar intervenções
psicoterapêuticas breves fundamentadas nos princípios do
ouvir ativo e da empatia que pudessem facilitar a criação, o
desenvolvimento e a manutenção de um vínculo de afeto en
tre idosos asilados e famílias da comunidade, favorecendo
assim, a adoção afetiva dos idosos pelas famílias.
Entende-se por adoção afetiva, a disponibilidade e a
GROUPS
responsabilidade do adotante em envolver-se e oferecer afe
tos e cuidados ao adotado, sem compromisso material ou fi
nanceiro, bem como a receptividade do adotado em acolher e
oferecer o afeto e o cuidado ao adotante. O objetivo era que
as famílias reconhecessem os idosos asilados como parte in
tegrante de sua convivência familiar, desenvolvendo por eles
INDEX
tos de compaixão e de interesse pelo bem-estar desta.” (p.
198). Sendo essa uma habilidade importante para o estabele
cimento de boas relações interpessoais.
Assim, a utilização da empatia com um aspecto
norteador das intervenções psicoterapêuticas foi relevante,
porque a partir do entendimento empático das famílias sobre
as condições de vida do idoso asilado e deste sobre a disponi
bilidade da família em adotá-lo que favoreceu o surgimento do
BOOKS
respeito, da compreensão mais profunda e do afeto entre eles.
Outro aspecto de fundamental importância no processo refe
re-se à habilidade de ouvir ativamente.
De acordo com Silva (2002) e Rodrigues (2005), o ouvir
ativo refere-se à capacidade do indivíduo de ouvir o outro com
compreensão, aceitação e respeito, promovendo um clima de
confiança que faz com que a pessoa que é ouvida dessa for
ma sinta-se aceita e segura para aprofundar e compartilhar os
GROUPS
aspectos mais íntimos de sua vida, minimizando a carga de
sofrimento, tristeza e solidão, favorecendo, assim, o estabele
cimento de laços de amizade, carinho e compreensão.
Para esses autores, a habilidade de ouvir ativamente é
uma das mais importantes para o estabelecimento de relacio
namentos interpessoais gratificantes. Pelo fato de favorecer
uma relação de compreensão, aceitação e de intimidade entre
os envolvidos que a habilidade de ouvir ativamente foi utiliza
da como um recurso complementar à empatia e facilitador do
desenvolvimento do afeto entre os participantes.
185
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
tuição pelos familiares, ou mesmo por amigos e/ou vizinhos.
Com a intenção de amenizar o impacto destas duas
variáveis, abandono e solidão, o objetivo da pesquisa fora ten
tar a aproximação do idoso asilado de uma convivência fami
liar saudável, através de intervenções psicoterapêuticas bre
ves, motivacionais e específicas para esse fim.
BOOKS
M e to d o lo g ia
1. P articipan tes
GROUPS
um idoso e 06 funcionários dos respectivos asilos, sendo dois
de cada um.
2 . In s t r u m e n t o s :
P r o c e d im e n t o s :
INDEX
não receber visitas freqüentes de familiares, amigos e conhe
cidos no asilo e ter idade mais elevada comparada com a média
de idade dos demais idosos do asilo. Também foram incluídos
nesses critérios aqueles asilados que, apesar de não serem
idosos, apresentavam deficiência física.
Concomitantemente houve uma ampla divulgação do
projeto (por meio de folhetos, cartazes, entrevistas em rádios,
jornais e TV) com o objetivo de mobilizar as famílias dos três
BOOKS
municípios para aderirem à proposta de adoção afetiva dos
idosos.
No acolhimento das famílias, buscou-se explicar sobre
os objetivos da pesquisa, modo de participação e assinatura
do termo de consentimento livre e esclarecido, bem como fei
to o levantamento dos dados de identificação, expectativas,
interesses, motivações e temores quanto à participação no
GROUPS
processo.
Quanto à seleção das famílias, os critérios considera
dos foram: aceite ao convite, conhecimento dos objetivos da
pesquisa e consentimento livre e esclarecido de sua participa
ção, disponibilidade, interesse e motivação para participar do
processo.
Após a análise do perfil dos idosos e das famílias envolvi
das, buscando adequar o perfil do idoso ao perfil da família, deu-se
início as intervenções que visavam desenvolver o vínculo de afeto
entre os idosos e as famílias para assim favorecer a adoção.
187
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
R esultados e discussão
BOOKS
dos idosos adotados eram do sexo masculino e 44,4% do sexo
feminino, havendo assim uma equivalência relativa entre ho
mens e mulheres. Dentre eles, 74% eram analfabetos, e os
demais apresentavam o 1- grau incompleto, ou seja, houve
um predomínio de baixa escolaridade entre os idosos, dado
que justificou a necessidade de um número maior de interven
ções ao longo do processo de adoção afetiva.
Outro dado relevante identificado foi que 100% dos ido
GROUPS
sos selecionados para a adoção não recebiam visitas com fre
qüência, embora 63% desses possuíam familiares vivos, ou
seja, a maioria deles se encontrava em situação de abando
no. Também foi verificado que a maioria dos idosos recebeu
as famílias adotantes com interesse e disponibilidade.
A média de idade dos idosos adotados foi de 72 anos,
sendo, portanto, considerados idosos, de acordo com a Orga
nização Mundial de Saúde (OMS). Entretanto, três dos
adotados são deficientes físicos com idade inferior a 60 anos,
que, no entanto, foram incluídos na proposta de adoção afetiva
188
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
ter contribuído para uma sensibilização delas em aderir à pro
posta de adoção afetiva. Cabe ressaltar que, para melhor aná
lise dos dados, considerou-se apenas um membro da família
como adotante.
A primeira sessão de entrevista e intervenção foi de
acolhimento do idoso e objetivava conscientizá-lo sobre sua
participação no processo, ou seja, informá-lo de forma empática
que passaria a receber visitas de uma família que manifestou
BOOKS
interesse e disponibilidade para adotá-lo afetivamente. Tam
bém fora objetivo dessa intervenção criar um contexto para o
idoso expressar seus anseios, medos, expectativas e afetos,
através de uma postura empática e do ouvir ativo do terapeuta.
A segunda sessão de entrevista e intervenção constou
do acolhimento dos membros da família e teve como objetivo
conscientizar a família quanto a sua participação no processo,
bem como levantar suas expectativas, crenças sobre a ado
GROUPS
ção afetiva, receios, interesse e disponibilidade de tempo para
o convívio com o idoso.
Na terceira sessão de intervenção, foi realizado um en
contro coletivo com todos os idosos adotados e as famílias
adotantes em um café interativo nos respectivos asilos. Essa
intervenção teve como objetivo apresentar todos os envolvi
dos no processo de adoção afetiva e distribuir o termo de com
promisso sobre as responsabilidades assumidas perante a
adoção.
189
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
carta escrita pela família adotante, assim como feita uma re
flexão sobre o conteúdo nela contido com a participação do
idoso, ressaltando o interesse e a disponibilidade da família
em adotá-lo, bem como os sentimentos expressos em rela
ção à sua pessoa.
A sétima sessão de intervenção visou proporcionar
meios de fortalecer a amizade e a intimidade entre os idosos e
as famílias pela expressão de seus sentimentos na dinâmica
BOOKS
das cores. Nessa dinâmica, a família e o idoso fizeram um
mosaico com diferentes formas e cores que expressavam os
sentimentos de cada um.
Na oitava sessão de intervenção foi trabalhada a fideli
dade do vínculo entre idoso adotado e família adotante, atra
vés da dinâmica do lenço de bolso para que o idoso e família
pudessem considerar-se amigos de todas as horas, com quem
é possível contar nos momentos tristes e felizes.
GROUPS
Na nona sessão de intervenção, foi realizado um pas
seio terapêutico em ambiente extra-asilar com cada família
adotante e idoso adotado para observar a interação entre eles.
A décima sessão de intervenção visou integrar todos os
envolvidos no processo de adoção afetiva em um café
interativo, avaliar o processo e refletir sobre uma poesia inspi
rada na fábula do “Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-
Exupéry (1983) que abrange a premissa da responsabilidade
por quem cativamos.
190
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INDEX
A décima terceira sessão de entrevista e intervenção foi
realizada com dois funcionários de cada asilo a fim de levantar
o grau de satisfação da administração dos asilos com o pro
cesso de adoção afetiva e a efetividade do mesmo.
Além das intervenções descritas acima, foi necessário
realizar intervenções terapêuticas individuais tanto com os ido
sos como com os familiares, conforme suas necessidades e
dificuldades com a adoção.
BOOKS
Cabe ressaltar que durante todas as intervenções bus-
cou-se otimizar a relação de amizade e vínculo entre família e
idoso adotado, procurando sanar as dúvidas e anseios dos
envolvidos para concretizar efetivamente a adoção.
Percebeu-se, então, que todas as intervenções realiza
das conseguiram atingir seus objetivos, ou seja, a efetivação
do vínculo entre idosos adotados e famílias adotantes.
GROUPS
Foram iniciadas 30 adoções, porém, três delas foram
interrompidas durante o processo em função de morte de uma
pessoa adotante, morte de uma idosa adotada e mudança de
cidade de uma família. Foi oferecido suporte terapêutico para
a família e os idosos das adoções interrompidas.
Com as três últimas sessões de intervenções foi possí
vel observar que o vínculo afetivo, o compromisso e a adoção
afetiva mantinham-se bem estabelecidos mesmo com o
espaçamento de tempo entre as sessões e a perspectiva do
fim delas.
191
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
C onclusão
BOOKS
interessadas.
Apesar dessas dificuldades que gradativamente foram
contornadas e do baixo número de participantes da amostra,
foi possível concluir que as intervenções pautadas pela empatia
e pelo ouvir ativo manifestados pelo terapeuta e ensinados
aos idosos e familia, como um modo de entendimento e com
preensão mútuos, favoreceram a criação do vínculo afetivo
entre eles e concretizaram a adoção afetiva dos idosos asila
GROUPS
dos pelas famílias.
R e f e r ê n c ia s
192
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INDEX
BOOKS
GROUPS
193
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Q u a l id a d e de v id a
NA TERCEIRA IDADE
INDEX Q u a l id a d e d e v id a
BOOKS
Tal definição abrange três aspectos essenciais: é
subjetiva, multidimensional e inclui aspectos positivos e
negativos. É subjetiva se considerando: bem estar, prazer,
realização pessoal, e objetiva quando se considera: satisfação
de necessidades básicas.
O termo Qualidade de Vida tem sido abordado
amplamente no âmbito da saúde, como tema de estudos,
congressos e conferências, em um sentido bem genérico. Há,
GROUPS
no entanto, uma falta de clareza e consistência quanto à
definição e operacionalização do termo, de modo que os
fatores que compõem o constructo podem variar de autor para
autor. Assim, para relacionarmos o termo “qualidade de vida”
à terceira idade faz-se necessário a exposição de alguns
conceitos.
Após a segunda guerra mundial, QDV era referência
de posses e usufrutos materiais como propriedades, casa,
carro, quantidade de eletrodomésticos, dinheiro para viagens
(QDV subjetiva), o termo, no entanto foi sendo “alargado” e
194
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
BOOKS
experiência subjetiva de qualidade de vida, representada peio
conceito de satisfação” (NERI.2000).
No âmbito da saúde coletiva e das políticas públicas,
QDV tem sido incluída como indicador de eficiência e impacto
de determinados tratamentos para grupos de portadores de
agravos diversos. Outro interesse está diretamente ligado às
práticas assistenciais cotidianas dos serviços de saúde que
se refere à QDV como indicador nos julgamentos clínicos de
GROUPS
doenças específicas, Trata-se do impacto físico e psicossocial
que as enfermidades podem acarretar para pessoas
acometidas, permitindo um melhor conhecimento do paciente
e de suas adaptações à condição.
Para Zannom (2004), existem duas tendências à
conceituação do termo em questão: qualidade de vida como
um conceito mais genérico, e qualidade de vida relacionada à
saúde. Os conceitos mais genéricos apresentam uma
concepção mais ampla, influenciada por estudos sociológicos
sem fazer referencias a disfunções ou agravos. Uma
característica importante nessa tendência genérica é a não
195
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INDEX
sua saúde.
Os conceitos individuais podem influenciar de maneira
determinante a percepção e valoração que a pessoa faz de
seu estado de saúde e de sua satisfação com a vida. É dessa
maneira que duas pessoas com o mesmo estado funcional ou
a mesma situação objetiva de saúde podem apresentar
qualidades de vida muito diferentes, devido a aspectos
subjetivos. Entende-se, nesse contexto, subjetividade como a
BOOKS
percepção que o sujeito tem sobre sua própria QDV.
Alguns autores propõem que as necessidades humanas
são fundamentos da qualidade de vida e que QDV seria o grau
de satisfação atingido a partir dessa necessidade, podendo
ser ela, física ou psicológica, assim qualidade de vida é a
extensão com que o prazer e realização pessoal são obtidos.
Existe um consenso sobre a natureza de várias
dimensões da qualidade de vida entre os diferentes conceitos
GROUPS
a ela atribuídos (multidimensional). Mesmo que os domínios
de saúde física ou psicológica e de função social permeiem a
maioria das definições, há uma menor concordância quanto a
outros campos como, por exemplo: espiritualidade, níveis de
independência, situação socioeconômica, auto-estima, estado
funcional, desempenho no trabalho, grau e qualidade de
interação na comunicação e na interação social, enfretamento
e satisfação com a vida.
Há ainda a presença de aspectos tanto positivos quanto
negativos, o conceito de “qualidade” não deve se restringir à
196
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INDEX
sentido amplo, ele se apóia na compreensão das necessidades
humanas fundamentais, material e espiritual e tem no conceito
de promoção da saúde seu foco mais relevante. Quando vista
de forma mais focalizada concentra-se na capacidade de viver
sem doenças ou de conviver com elas, superando as
dificuldades dos estados ou condições de morbidade. Embora
se saiba que o estado de saúde, assim como, o sistema de
saúde, influenciam e são influenciados pelo ambiente global.
BOOKS
Desse modo pode se dizer que a questão de qualidade de
vida diz respeito ao padrão que a própria sociedade define e
se mobiliza para conquistar, consciente, ou inconscientemente,
e aos conjuntos das políticas públicas e sociais que induzem e
norteiam o desenvolvimento humano, as mudanças positivas
no modo, nas condições e estilos de vida, cabendo parcelas
significativas da formação e das responsabilidades ao
denominado setor de saúde.
197
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
buídos ao envelhecimento propriamente dito, mas a fatores
de estilo de vida ou a doenças que podem acompanhar ou
não o processo de envelhecimento. Nesse sentido pesquisa
dores definiram como primário ou secundário. O envelheci
mento primário seria um processo gradual, irreversível, pro
gressivo, inevitável e universal de deterioração corporal que
começa mais cedo na vida e continua com o passar dos anos;
por outro lado, o envelhecimento secundário compreenderia
BOOKS
as mudanças (abuso ou desuso), fatores que, por vezes são
evitáveis e estão dentro do controle do indivíduo. Acredita-se
que, com a manutenção dos hábitos de vida adequados, mui
tos idosos poderão afastar os efeitos secundários do envelhe
cimento.
Existem três domínios gerais a serem considerados na
velhice, exceto por algumas variações individuais:
1g- há um aumento nas perdas físicas; a saúde tende
mular;
GROUPS
as ser um problema crescente;
2-- as pressões e as perdas sociais tendem a se acu
198
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INDEX
tificou três perfis de idosos segundo suas definições sobre o
que é qualidade de vida: o primeiro mencionou situações refe
rentes a relacionamentos interpessoais (49%), equilíbrio emo
cional, e boa saúde (72,34%), ou seja, é o idoso que prioriza a
questão afetiva e familiar; o segundo grupo mencionou hábi
tos saudáveis(38,9%), lazer e bens materiais (50,51 %), ou seja,
é o idoso que prioriza prazer e conforto; o terceiro mencionou
espiritualidade (8,22%), trabalho (6,3%), retidão e caridade
BOOKS
(4,93%), conhecimento e ambientes favoráveis (6,57%), po
deria ser sintetizado como idoso que identifica como qualida
de de vida, conseguir colocar em prática seus ideários de vida.
Segundo Santos (2002), uma pesquisa de natureza
quantitativa, feita na cidade de João Pessoa no estado da
Paraíba, utilizou cinco grupos de indivíduos em diferentes co
munidades, na faixa etária de 60 anos ou mais. Tal estudo
utilizou uma entrevista composta de duas partes: a primeira,
GROUPS
constituindo-se de dados sociodemográficos e a segunda, da
escala de Qualidade de Vida de Flanagan, que conceitua qua
lidade de vida a partir de cinco dimensões: bem-estar físico e
material, relações com outras pessoas, atividade social, co
munitárias e cívicas, desenvolvimento pessoal e realização, e
recreação/lazer. Concluiu-se em tal estudo que, a qualidade
de vida da amostra de idosos, numa graduação, varia de pou
ca a moderada satisfação, decorrente da condição
biopsicossocial experimentada por esses grupos de indivídu
os no contexto brasileiro.
199
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INDEX
ção na diminuição das competências desses idosos aos fami
liares, o que diminui significativamente seus conceitos sobre
qualidade de vida.
De uma forma geral o conceito de Qualidade de Vida
está relacionado à auto-estima e ao bem estar pessoal. Abran
ge uma série de aspectos como a capacidade funcional, o ní
vel socioeconômico, o estado emocional, a interação social, a
atividade intelectual, o autocuídado, o suporte familiar, o pró
BOOKS
prio estado de saúde, os valores culturais e éticos da realida
de, o estilo de vida, a satisfação como emprego e/ou com ati
vidades diárias e o ambiente em que vive.
C onclusão
GROUPS
de sobrevivência/convivência na sociedade, para que o
individuo nela inserido possa desenvolver o máximo de suas
potencialidades, sejam estas de cunho subjetivo (bem-estar,
realização pessoal, prazer, etc), objetiva (satisfação de neces
sidades básicas), ou ainda multidimensional (domínio da saú
de física e psicológica e das funções sociais).
Vale lembrar que o conceito de QDV pode variar de as
pectos quantitativos de uma determinada região para outra,
mas seu parâmetro de abordagem é essencialmente o mes
mo.
200
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R e fer ê n c ia s
Pereira, RJ. et al. Contribuição dos domínios físico, social, psicoló
gico e ambientai para a qualidade de vida global de idosos.
Rev Psiquiatr RS jan/abr 2006; 28(1):27-38.
INDEX
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Epdemiol. n98, p.246-252. mar.2005.
GROUPS
201
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
C o n s t r u in d o o f u t u r o d a
INDEX
Vocês não podem imaginar o que significa, para mim,
estar aqui, diante de tantos coordenadores, dirigentes e/ou
responsáveis pela gestão didático-pedagógica dos cursos de
graduação em Psicologia. O mesmo se registra em relação aos
nossos parceiros convidados: ANPEPP - Associação Nacional
de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia; SBP - Sociedade
Brasileira de Psicologia; CFP - Conselho Federal de Psicologia
BOOKS
eABEP-Associação Brasileira de Ensino de Psicologia e IBAP
- Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica.
Quando nos aproximamos do final de uma carreira
profissional, supomos ter algo a dizer para aqueles que estão
iniciando-a ou ingressando-se nela. E, podem crer, temos
mesmo.
Sem dúvida, o Exame Nacional de Cursos (ENC)
acumulou dados que permitem conhecer e aprimorar a
GROUPS
organização e o funcionamento dos cursos de graduação em
nosso País. Os resultados apurados nas duas avaliações dos
cursos de Psicologia, realizadas nos anos 2000 e 2001, retratam
a trajetória de todos que estiveram envolvidos com esses cursos,
desde suas implantações até o momento presente.
202
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INDEX
Em primeiro lugar, vejamos os resultados gerais obtidos
pelos formandos de Psicologia nos anos 2000 e 2001.
QUADRO 1 - ENC/PROVÃO/2OOO/PSICOLOGIA
Desempenho geral no Brasil e em uma instituição com conceito A
(escala: 0/1000)
Mediana P
BOOKS
Categorias P25 P7S 1 <30
o
-O
« (0 Brasil 501.0 436,3 567,3 624,5
3 L_CD
_cç
Q
co
Õ -C
"ffl
>
o
Cl
"õ Brasil
o
CO
GROUPS
<D Instit. A
505,6
601,9
447,9
563,4
640,4
563,4
621,1
678,9
CO
>
<0
> C/5
Brasil 497,0 426,8 573,1 631,6
u D
O
CL w
Instit. A 579,0 491,2 655,1 701,9
b
203
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
QUADRO 2 - ENC/PROVÃO/2001/PSICOLOGIA
Desempenho geral no Brasil e em uma instituição com conceito A
(escala: 0/1000)
Categorias Mediana
o
■o Brasil 508,7 448,6 558,8 618,9
4<—
0*
3 Instit. A 608,9 568,8 659,0 709.1
w
<D
cc
ro
D
Brasil 517,9 457,0 654,8 609.2
INDEX
Instit. A 609,2 578,7 563,5 670.0
BOOKS
ENC - Exame Nacional de Cursos
GROUPS
zação e do ensino praticados nesses cursos, não permitem
qualquer nível de tolerância ou conformismo em relação a eles.
Não é possível conviver com um padrão de organização e de
ensino que produz um nível de desempenho abaixo de 70%
em cerca de 90% dos alunos, e que concentra 50% de
formandos (com base na mediana) num nível de desempenho
entre 50% e 60%.
A esses dados, acrescentam-se, agora, os resultados
gerais obtidos pelos formandos de Psicologia nos anos 2002
e 2003.
204
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
O <u
a.
CC
>
CO CO Brasil 496,3 446,0 567,9 620,1
>
vj 13
O
CL CO Instit. A 567,9 507,0 655,0 715,9
b
BOOKS
QUADRO 4 - ENC/PROVÃO/2003/PSICOLOGIA
Desempenho geral no Brasil e em uma instituição com conceito A
(escala:
■ 0/1000)
- ’ "JOC
Categorias Mediana • ?<=; 7f i -------
o
"O
03 Brasil 506,6 452,1 570,2 616,2
3
CO
CU Instit. A 606,7 543,2 661,4 679,6
cr
Q
GROUPS
Brasil 513,5 455,5 571,5 614.9
667.4
Instit. A 614,9 571,5 571,2
205
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
Ano Teorias e Avaliação Pesquisa Clínica Social
Sub-área Sistema Psicológica
de (teoria (Testes)
conhe sócio-
cimento histórica
BOOKS
< A
o Brasil
WêÊÊÊ
OJ 14,2 33,6 16,1
o Instituição
< A 24,0 42,1 28,7
GROUPS
No ano de 2000, foram avaliadas cinco sub-áreas de
conhecimento em Psicologia: teorias e sistemas, privilegiando
a teoria sócio-histórica; avaliação psicológica: pesquisa: clínica
e Psicologia Social. No ano de 2001, foram avaliadas as sub-
áreas: pesquisa; clínica e Psicologia Social. Novamente, os
dados são alarmantes. Sub-áreas, reconhecidas como
concentradoras de maior investimento pedagógico - clínica e
Psicologia Social produzem resultados que revelam absoluta
falta de retorno. No ano de 2000, o padrão médio de desempe
nho dos formandos, nestas sub-áreas, oscilou num nível entre
206
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
especialmente, quando se registra a presença de número ele
vado de professores titulados e que se auto-denominam pes
quisadores. O mesmo Quadro 5 mostra o pouco conhecimento
dos alunos da abordagem sócio-histórica, super valorizada e
mencionada no meio universitário, e de práticas relacionadas
com avaíiação psicológica (aplicação de testes), prerrogativa
do profissional em Psicologia.
Lamentavelmente, este trabalho não dispõe dos dados
BOOKS
correspondentes aos anos de 2002 e 2003 na categoria - Ques
tões discursivas/sub-áreas de conhecimento. No entanto, os
interessados poderão obtê-los diretamente no INEP - Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais - no Ministério
da Educação (MEC).
Pode-se antecipar, contudo, que a tendência dos resulta
dos não apresentará alterações, o que permite reiterar a conde
nação das práticas de ensino nos cursos de graduação em Psi
cologia.
GROUPS
Em terceiro lugar, observemos o Quadro 6 disponibilizado
no presente artigo. Mostram-se nele as notas mínimas e máxi
mas obtidas pelos formandos nos anos 2000,2001,2002 e 2003.
Os números são tão alarmantes que dispensam
comentários. Os resultados na Instituição A mostram que
alunos formaram-se e se habilitaram para a profissão de
Psicólogo com repertório de conhecimento que varia de 10 a
30% do que deveriam conhecer. As notas máximas, cuja
freqüência é mínima, não ultrapassam 80% do conhecimento
207
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
Brasil RG 218,1 829,3
PME 196,3 730,9
PD 317,4 1.020,8
Instituição A RG 218,1 829,3
PME 198,3 715,7
PD 317,4 976,8
BOOKS
Brasil RG 233,8 835,3
PME 217,8 781,8
PD 306,7 898,7
Instituição A RG 305,2 784,3
PME 349,4 763,0
PD 306,7 794,3
Instituição A
GROUPS PME 267,1
PD 345,8
RG 278,5
759,9
946,8
743,8
PME 267,1 745,4
PD 345,8 759,0
RG - Resultado Geral
PME - Prova Múltipla Escolha
PD - Prova Discursiva
208
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INDEX
Instituições, deveria corresponder, respectivamente, a uma
classificação do tipo: menos ruim, ruim, muito ruim, horrível e
abaixo da crítica.
Em quarto lugar, vejamos os dados apresentados nos
Quadros 7 e 8.
No ano de 2000, os alunos percebem o grau de
dificuldade da prova entre médio e difícil; no ano 2001, entre
médio e fácil. No dois anos, os dados convergem para o nível
BOOKS
médio. Os coordenadores, quase em sua totalidade, percebem-
no como médio nos dois anos (97%).
2000
2001
GROUPS
MF F M
<---- -—
D
----------->
MD
(50/70) (40/20)
(30/20) 4r- (50/60)
A direção das setas indica a força relativa das respostas dos alunos.
"Esses dados representam uma faixa de variação de valores médios
em cinco categorias: 1. instituição; 2. região geográfica; 3. categoria
administrativa (federal, estadual, municipal, privada); 4. organização
acadêmica (universidade, centro universitário, faculdade integrada,
estabelecimento isolado); 5. Brasil.
209
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
BOOKS
realísticos sobre o que ocorre nos cursos de Psicologia, o que
pode produzir expectativas falsas acerca das possibilidades
acadêmicas dos formandos. Por outro lado, parece que os
alunos não têm conhecimento de si mesmos (do que sabem
ou do que deveriam saber). Supõem estar respondendo
corretamente questões, que, de fato, não estão. Ou então, as
duas populações - coordenadores e formandos em Psicologia
- estariam inseridas numa prática cultural que aceita a
GROUPS
mediocridade como padrão de desempenho.
Lamentavelmente, dados correspondentes nos anos
2002 e 2003 não estão disponíveis neste trabalho.
Concluídas as análises e avaliações dos dados
retomados do Provão/2000, 2001, 2002 e 2003, pergunta-se:
o que projetar para a formação do psicólogo em nosso País?
Como construir o futuro da Psicologia a partir dos cursos de
graduação?
Em primeiro lugar, as declarações anteriores sugerem
a necessidade de uma mudança radical e imediata nos cursos
210
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
verdadeiras expressões retóricas de efeito. Além disso,
registraram-se fortes influências “sociologizantes” ,
“culturalistas”, “historicistas” , filosóficas, psicanalíticas,
“econom icistas” , que produziram grades curriculares
dispersivas, desarticuladas e fragmentadas. O aluno crítico,
criativo e engajado é produto dos procedimentos de ensino
utilizados. Ninguém adquire esse perfil, apenas interagindo com
textos e discursos correlatos. Pode-se indagar: nossos
formandos são críticos, criativos e engajados? O custo destas
BOOKS
influências nos cursos foi muito alto e o benefício muito baixo.
Não se deve esperar mais para mudar a organização e o ensino
de Psicologia no País. Discussões retóricas sobre para onde
apontar esses cursos devem ser evitadas porque atrasam o
processo de mudança e costumam, mesmo, bloqueá-lo.
Precisamos de ações. Há a necessidade de um esforço
organizado e unificado da comunidade envolvida em prol de
uma mudança urgente. Quando se constata que se está muito
GROUPS
mal, qualquer mudança desencadeia um processo que tira da
inércia o status quo de qualquer instituição. Assim, sugere-se
a mudança imediata dos cursos de Psicologia.
Em segundo lugar, ressalta-se que esta mudança
sugerida precisa estar em consonância com o que vem
caracterizando as tendências da Psicologia Científica, hoje.
Convém atentar para o que está sendo produzido nos Centros
mais avançados de ensino e pesquisa nesta área de
conhecimento científico. A arte e a ciência sempre foram
“globalizadas” e “globalizantes”. Não faz sentido particularizar
experiências numa busca obcecada por um projeto próprio do
211
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
costumam declarar que seus alunos não estão preparados para
aprender. Teriam de ter passado pelo ensino pré-escolar. Os
do 2- grau dizem o mesmo em relação aos alunos egressos
do 19 grau. Os docentes de 32 grau (ensino superior) repetem
a fala, declarando que estão recebendo alunos muito mal
ensinados no 25 grau (não sabem nem escrever!). Começa-
se agora a ouvir que os programas de pós-graduação
dependem da qualidade do aluno egresso do 3- grau. Esse
BOOKS
tipo de avaliação retira de foco os verdadeiros problemas do
ensino - organização e método - deslocando-os para a figura
dos alunos envolvidos nele. Com isso, torna-se mais fácil
conviver com fracassos institucionais e de docência. Essa visão
distorcida do foco do problema faz supor um aluno idealizado
que aprenda sem ser ensinado e que esteja sempre no padrão
desejado pelos professores que o recebem. Isso realmente
pode acontecer. Alguns alunos podem aprender sem ser
ensinados; mas isto, além de constituir raridade, pode mostrar-
GROUPS
se muito demorado quando comparado com o processo
experimentado pelo aluno que é ensinado, de fato.
A partir destas declarações, pode-se, portanto,
vislumbrar a construção da Psicologia a partir dos cursos de
graduação.
O Exame Nacional de Cursos permite avaliar toda a
seqüência dos níveis de ensino. Os cursos de pós-graduação
formam os professores que ensinam no nível de graduação.
Os egressos dos cursos de graduação ainda ocupam alguns
212
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
mostram que os formandos não estão interagindo com o padrão
de ensino desejável.
Os concursos públicos para preenchimento de vagas
docentes, nos cursos de Psicologia, nas universidades federais
estão enfrentando muitas dificuldades para encontrarem
candidatos qualificados para as demandas de seu ensino,
especialmente nas sub-áreas de conhecimento básico. Os
candidatos que aparecem são titulados, mas não se
BOOKS
apresentam preparados para as demandas identificadas. A
visão desfocada dos problemas de ensino, apresentada
anteriormente, favorece uma organização e um ensino no nível
de pós-graduação que não responde às demandas do ensino
no nível de graduação, de maneira adequada.
Os cursos de graduação em Psicologia, a partir dos
problemas identificados no Provão/2000, 2001, 2002 e 2003,
devem demandar mudanças dos programas de pós-graduação
GROUPS
em Psicologia, que supram suas necessidades e, então,
observar-se-á um reordenamento em todo o sistema de ensino.
Ao fazê-lo, estarão contribuindo, de maneira efetiva, na
construção da Psicologia em nosso País.
De imediato, recomenda-se uma revisão nos programas
de pós-graduação com concentrações em clínica, Psicologia
Social, avaliação psicológica (psicometria) e uma formação
científica mais apurada dos pós-graduandos. Além disso,
sugere-se a expansão na oferta de programas de pós-
graduação com concentrações em áreas básicas: psicologia
213
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INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
conteúdos de disciplinas curriculares nos cursos de graduação.
Admite-se que esta proposta apresenta dificuldades para
sua efetivação e aceitação. Urge, no entanto, que seja
realizada.
BOOKS
GROUPS
214
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BOOKS
impacto sobre ele. Entre esses dois eixos vislumbrava-se, de
uma maneira pouco clara, a emergência de uma terceira força
acadêmica interessada em questões mais políticas. A primei
ra tendência ocupou-se de algumas disciplinas básicas e obri
gatórias do currículo em vigor na área de Psicologia Experi
mental (Processos Psicológicos Básicos); a segunda ocupou-
se também de algumas disciplinas básicas e obrigatórias e de
disciplinas de formação profissional (Psicologia do Desenvol
GROUPS
vimento, Técnicas de Exame e disciplinas orientadas para o
atendimento clínico). A terceira, que emergia, ocupou-se do
campo da Psicologia Social. Esta, embora recorresse a todas
as metodologias tradicionais, inclusive experimentação, apre
sentava-se como forma de ensino mais flexível e como uma
maneira de pensar mais progressista. Os alunos, já naquela
época, sentiam-se atraídos e deslumbrados com o professor
encarregado das disciplinas correspondentes.
Em 1969, o professor responsável pela área de Psico
logia Social convidou a Profa. Dra. Carolina Martuscelli Bori
para ministrar um curso em Belo Horizonte sobre algumas ino
215
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
mais (pombos e ratos). Naturalmente isso repercutia em todo
o curso. No conjunto de docentes, podia-se notar que alguns
não estavam interessados no que estava acontecendo, outros
estavam observando à distância, outros ainda defendiam a
inovação “quase como seita” e outros já começavam a olhar
para aqueles rompantes inovadores com desconfiança.
Em 1972, o grande professor de Psicologia Social anun
ciou, na condição de membro de uma banca de doutoramento,
BOOKS
na qual estava sendo defendida uma tese sobre punição no
enfoque comportamental, que a contestação daquela aborda
gem iria começar. E começou mesmo!
Mas, diferentemente do que anunciara, não foi uma con
testação que observamos e testemunhamos; foi uma tentativa
de massacre da nova abordagem e de sua eliminação a qual
quer custo do curso de Psicologia.
Em 1974, a contestação estava parcialmente vitoriosa.
GROUPS
Com uma proposta de mudança curricular, liderada pelo gru
po de Psicologia Social e apoiada pela grande maioria dos
alunos, o curso de Psicologia passou a abrigar fortes tendên
cias filosóficas contra ciência natural, psicanalíticas,
sociologizantes, econômicas, políticas, existencialistas,
historicistas, marxistas.
Começa então a trajetória de dificuldades para manuten
ção e sustentação da Análise Experimental do Comportamento
no Departamento de Psicologia da UFMG. Paralelamente po
dia-se observar a perda gradativa da identidade do curso com a
Psicologia, a partir da introdução das novas tendências.
216
7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões! 7/7/2015
INDEX
Havia me ausentado dele, desde 1973, para cumprir progra
ma de doutorado, na USP, em Psicologia Experimental / Aná
lise Experimental do Comportamento. Foi então que pude no
tar a mudança ocorrida nesse Departamento. Fiquei estarrecida
inicialmente; posteriormente passei a interagir com as novas
condições vigentes. Não havia nada a fazer senão isso. A re
ferida mudança curricular já estava devidamente aprovada e
em processos de plena implantação.
BOOKS
Participei durante cerca de 20 anos, juntamente com
meus colegas de docência, de calorosas, extraordinárias e
apaixonadas discussões entre professores e alunos sobre
concepções de Psicologia, metodologias científicas, relações
Psicologia/ Filosofia, lugar da Psicanálise no curso de Psicolo
gia. Nesse período ocorreu, de tudo, um pouco. Havia até
mesmo os que defendiam a destruição da instituição educativa.
Qualquer reunião administrativa era um palco para essas dis
GROUPS
cussões. Os alunos pareciam gostar muito dessas disputas
entre os professores. Especialmente as Assembléias no De
partamento eram muito freqüentadas. Algumas expressões
novas eram lançadas anualmente. Como se fossem “bandei
ras de luta”: hermenêutica, pesquisa qualitativa, humanismo,
epistemologia, inconsciente freudiano, inconsciente coletivo,
dialética, Psicologia Existencialista... Para o grupo de Psico
logia Experimental, esses termos não significavam nada. Mas
alguns de seus professores mais ansiosos intimidavam-se e
começavam a estudar materiais correspondentes. Os alunos
cobravam dos professores informações a respeito. Rapida
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7/7/2015 INDEX BOOKS GROUPS: perpetuando impressões!
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É claro que esse período de grandes debates nem sem
pre foi calmo, elegante, civilizado. Havia muita agressão no
meio de tudo isso. O grupo de Psicologia Experimental era
alvo de freqüentes punições, ameaças e extinções. Natural
mente contracontrolava com os mesmos procedimentos: pu
nição, ameaça, extinção No início dos anos 90, parecia estar
ocorrendo um empate técnico entre as interlocuções teóricas
e metodológicas no Departamento de Psicologia. Parecia que
BOOKS
quatro campos de abordagens se delineavam e demarcavam
seus territórios: Análise Com porta mental que reconhecia e
abrigava a Psicologia Cognitiva; Psicanálise; Humanismo que
foi se transformando em abordagem fenomenológica e Psico
logia Social cuja identidade teórico-metodológica era menos
distinta, embora passasse uma imagem de tendência marxis
ta. Tinha-se a impressão de que as divergências apaixonadas
estavam se diluindo e um convívio mais ameno se delinean
do. Lamentavelmente, no mesmo início dos anos 90, come
GROUPS
çou um movimento de aposentadorias em massa dos profes
sores que atravessaram todo esse período juntos. Naturalmen
te isso refletiu na dinâmica que vinha se instalando no Depar
tamento de Psicologia.
Nessa mesma década de 90, foi fundada a Associação
Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental com sede
em Campinas no estado de São Paulo. Essa Associação foi
muito bem sucedida e reuniu Analistas do Comportamento de
todo o Brasil. Com ela, a Análise Experimental do Comporta
mento retornou ao cenário das abordagens relevantes em Psi
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viesse a Belo Horizonte ministrar curso para os interessados na
abordagem correspondente. Com muita surpresa, vimos esse
grupo de interessados crescer a cada curso ministrado. Esses
encontros periódicos refletiram nos cursos de Psicologia de Belo
Horizonte. Os professores, analistas do comportamento, pas
saram a oferecer estágios supervisionados em Terapia
Comportamental com grande aceitação e demanda por parte
dos alunos de Psicologia.
BOOKS
Todos esses acontecimentos permitiram que notásse
mos que éramos um grupo e que devíamos organizar-nos como
tal. No fim do ano de 1999, numa ainda pequena reunião, dis
cutimos essa questão e resolvemos organizar a I Jornada Mi
neira de Ciência do Comportamento a ser realizada no ano
2000. Dois outros eventos ocorreram em 2001:1Seminário de
Análise do Comportamento e II Encontro das Escolas de Psi
cologia de Belo Horizonte. As Jornadas se tornaram anuais e
regulares assim como os Seminários. Em 2002, começamos
GROUPS
a editar a Coletânea: Ciência do Comportamento - Conhecer
e Avançar composta pelos trabalhos apresentados nos even
tos. Essa publicação se tornou regular e anual. Nesse ano
estaremos divulgando o Volume 6. Essas Jornadas geralmen
te são freqüentadas por cerca de 400 participantes. Isso sur
preendeu até mesmo nossos colegas de São Paulo quando
viram a movimentação e os trabalhos dos mineiros na Associ
ação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental.
Depois de tudo isso, penso que a Análise Experimental
do Comportamento ou a Análise do Comportamento está defi-
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mesmo fenômeno pode ser compreendido por teóricos diferentes, e para nossa
surpresa com muitas similaridades. Esse diálogo não fica restrito à Psicologia,
convida também outras áreas do saber como a Sociologia, o Direito e a
Fonoaudiologia.____________________________________________________
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