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SEMINÁRIO ADVENTISTA LATINO-AMERICANO DE TEOLOGIA


FACULDADE ADVENTISTA DA AMAZÔNIA

AMARO VILHENA DE ARAÚJO JÚNIOR

O SACERDOTE-REI: UMA BREVE


ANALISE DE GENÊSIS 14:18

BENEVIDES
2017
2

AMARO VILHENA DE ARAÚJO JÚNIOR

O SACERDOTE-REI: UMA BREVE


ANALISE DE GENÊSIS 14:18

Artigo submetido ao Seminário Adventista Latino-


Americano de Teologia como parte dos requisitos
necessários para disciplina Pentateuco da
Faculdade Adventista da Amazônia, sob
orientação do Prof. Me. Ezinaldo Ubirajara.

BENEVIDES
2017
3

O SACERDOTE-REI: UMA BREVE


ANALISE DE GENÊSIS 14:181

Amaro Vilhena de Araújo Júnior2

RESUMO

O objetivo deste artigo é apresentar uma análise de Gênesis 14:18 exemplificando a pessoa de
Melquisedeque como um tipo de Cristo, considerando o contexto de todo o capítulo, para poder
facilitar a compreensão de tal afirmação, todavia, foi necessário, ultrapassar o texto do antigo
testamento, visando maior compreensão, haja vista, que a Bíblia no decorrer de seus livros,
responde está analise com total veracidade. Para fazer isso, foi necessário pesquisar os livros
que lidam com o assunto, bem como artigos científicos encontrados no meio eletrônico, para
tornar o trabalho mais relevante.
Palavras-chaves: Melquisedeque, Sacerdote-Rei, Salém, Abrão, Deus Altíssimo.

1. INTRODUÇÃO
Ao analisar o texto escolhido, constatou-se que havia certo destaque a este Sacerdote-
rei que em todo o antigo testamento é citado apenas duas vezes em todos os livros, no texto
analisado, e no salmo 110:4 onde é feito uma menção a sua ordem de sacerdócio; e uma vez no
novo testamento, onde encontra-se um dos textos chave para tal análise (Hb 7:1-3) sendo
responsável para explicar mais a fundo sobre Melquisedeque.
Para que haja uma compreensão mais concisa deste texto, é indispensável analisar todo
o contexto que rege o capítulo 14, pois as ordens dos acontecimentos anteriores possibilitam
que a narrativa encontre seu clímax no momento em que Melquisedeque é citado pela primeira
vez, sendo apresentado com várias características, de alguém que não se acredita que é citado
apenas neste versículo em todo o livro de Gênesis.
A guerra apresentada entre os 4 (quatro) reis contra os 5 (reis), (vv. 1-14), culmina na
captura de Ló, sobrinho de Abrão, e seus pertences, juntamente com o povo que estava com ele,
traz à tona Abrão, que havia se afastado de Ló no capítulo anterior, mas que tem a missão de
salvar o seu sobrinho e tudo o que estava com ele. Juntamente com os 318, a vitória foi certa.
Melquisedeque aparece no v. 18, intitulado, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo,

1
Artigo apresentado à disciplina Pentateuco como parte dos requisitos necessários de avaliação da
Faculdade Adventista da Amazônia, sob orientação do Me. Ezinaldo Ubirajara.
2
Graduando em teologia pastoral pela Faculdade Adventista da Amazônia. Email:
amarojunior@gmail.com
4

responsável por abençoar Abrão. O que nos leva ao questionamento, como um Homem citado
apenas em um verso, intitulado, como Sacerdote-rei, era capacitado para abençoar um dos
maiores e mais importantes Patriarcas do Pentateuco? Com base nesse questionamento, e
também na tentativa de mostrar o porquê de Melquisedeque ser superior a Abrão que será
apresentado no decorrer do trabalho.

2. ANÁLISE TEOLOGICA
2.1 Contexto Literário
Para entender o v. 18 e necessário, analisar o contexto dos fatos que ocorreram antes do
versículo, para que haja maior compreensão no sentido interpretativo do texto escolhido. A
princípio nota-se a rebelião de reinos, o capítulo 14 inicia com uma breve introdução de cada
rei e o seu respectivo reino a qual dominava. Entre eles estavam: Anrafael, Rei de Sinar,
Arioque, Rei de Elasar, Quedorlaomer (sendo este responsável por destaque no capítulo, pois
teve um papel importante no decorrer dos fatos, que serão apresentados posteriormente), rei de
Elão e Tidal, Rei de Goim. Esses quatro reis, leva-se a concluir, que existia uma união entre
eles (v. 1), que culminou em sua rebelião contra os demais reinos especificados no capitulo.
Por outro lado, existe 5 (cinco) reinos (Bera, rei de Sodoma, contra Birsa, rei de
Gomorra, contra Sinabe, rei de Admá, contra Semeber, rei de Zeboim, e contra o rei de Bel ),
que constituem uma união, na qual os outros 4 reis citados, eram subordinados por um período
de 12 (doze) anos, porém no décimo terceiro ano, o motivo da guerra é apresentado de maneira
rápida (v. 4), na qual envolvia pagamento de tributos que ocasionou o estopim da guerra. Muitos
povos foram apresentados no decorrer do fato, no objetivo de Quedorlaomer empreender
militarismo contra os povos da região (refains, zuzins, emins, horeus, amalequitas e amorreus)
(v. 5, 6).
Os refains eram de Basã, na qual a capital era Asterote-carnaim, sendo este povo
frequentemente citado nos primeiros livros da bíblia, como um dos povos mais antigos da
Transjordânia3 (Dt 2:11). Os zuzins são citados parcialmente em Dt 2:20, o que leva a crê que
provavelmente são o mesmo povo, que ficava cerca de 30 km de Bete Sean. Os emins eram um
povo que residia no leste do mar morto, originais de Moabe, cuja cidade de Savè-Quiriataim
era de bastante importância. Em Dt 2:10-11 são nomeados como grandes, e numerosos. Os
Horeus viviam na região das montanhas a sudeste do mar morto, que posteriormente foi
conquistada pelos edomitas (Dt 2:22). Os amalequitas eram uma tribo que viveu no neguebe

3
Tratado de Teologia, 2014, p 303.
5

(Nm 13:29). Não há espaço para confundir com os descendentes de Amaleque, que descende
de Esaú, que ainda nem havia nascido (Gn 36:15-16). Por fim os amorreus, que foram atacados
e habitavam em Hazazom-Tamar, perto do Mar morto.
Após o rápido acontecimento, a narrativa retorna aos 5 (cincos) reis que se revoltaram
contra o rei de Elão, mostrando um campo de batalha, localizado no vale de Sidim (v. 8). No
versículo 8, denota que o rei de Sodoma, “tomou a frente” da rebelião, juntamente com os outros
4 (quatro) reis, porém os reinos que se rebelaram, saíram derrotados do confronto. Nos leva a
analisar a ênfase em afirmar que o vale de Sidim estava repleto de poços de Betume (substância
que antigamente era usada como cimento e argamassa), que possivelmente fez com que o rei
de Sodoma, recuasse, juntamente com outros, e outros caírem nas poças de Betume (v. 10).
Como consequência desse acontecimento o rei Quedorlaomer, leva para si os bens e as pessoas
conquistadas (v.11), de Sodoma e Gomorra e também à Ló, sua família e bens (vv. 11,12); sabe-
se que Ló habitava juntamente com sua família após a separação que houve entre ele e Abrão.
Observa-se que os fatos ocorridos nos versículos anteriores, levando em consideração a
intensificação do conflito entre os reinos, não teria tanta importância, se Ló não tivesse
envolvido no acontecimento. Deus guia tudo da melhor maneira possível. Pois possibilitou que
Ló fosse capturado por Quedorlaomer, para que Abrão fosse introduzido no contexto do
acontecimento, mostrando a ele uma lição, que posteriormente serviu para o povo de Deus,
como será mostrado nos parágrafos posteriores. Até mesmo o fato de Ló ter se separado de
Abrão, levando sua família para a cidade de Gomorra, juntamente com tudo o que tinha,
funcionou perfeitamente numa ordem cronológica dos fatos que culminou em grandes lições
mostradas e ensinadas por Deus.
Um dos fugitivos da captura dos habitantes de Sodoma, procurou à Abrão para contar-
lhe sobre o fato que ocorreu na cidade de Gomorra, em especial a captura de Ló, que
provavelmente chamaria atenção de Abrão para se mover em prol de resgatar seu sobrinho, seus
bens e sua família (vv. 13,14). O termo hebreu usado como característica de Abrão, foi usado
pela primeira vez em toda a bíblia. Não foi à toa o uso deste termo utilizado em Abrão, pois
prefigura ele como herdeiro das bênçãos de Noé sobre Sem (Gn 9:26-27), e também no sentido
de que o seu Deus habitava em seu meio.
Abrão pode ser considerado como o primeiro líder militar registrado na bíblia 4. Qual o
sentido de o texto mostrar com total precisão o número de homens que Abrão levaria para a
batalha? (v. 14). Acredita-se que é necessário exemplificar com precisão o número de homens

4
Tratado de teologia, 2014, p 304
6

no sentido de mostrar que mesmo na época esse número de 318 homens, era equivalente a um
exército pequeno. Talvez esse número pequeno de servos, poderia ter sido alvo de críticas;
fazendo paralelo com várias vitorias de exércitos menores sob maiores. Abrão saiu de Hebrom
em perseguição ao Rei Quedorlaomer, onde se estendeu até Dã (v. 14). O versículo 15 afirma
um ataque noturno, ocasionando um ataque surpresa contra as forças do rei. Homens vindo de
todas as partes, perseguem Querdorlaomer e os demais reis até Hobá (v. 15), e nesse lugar
Abrão obtém sua vitória com os 318. Reis estes que antes haviam derrotado povos poderosos e
numerosos, caíram perante os 318 de Abrão.

2.2 TRADUÇÃO

‫הֹוציא ֶל ֶחם וָׁ יָׁ יִּ ן וְ הּוא כ ֵֹהן ְל ֵאל ֶע ְליֹון‬


ִּ ‫י־צ ֶדק ֶמ ֶלְך ָׁש ֵלם‬
ֶ ‫ּומ ְל ִּכ‬
ַ
(Gen 14:18 WTT)

Abaixo estarão algumas traduções referentes ao texto original em hebraico revisado pelo
texto interlinear hebraico do antigo testamento que diz o seguinte: “E Melquisedeque o rei de
Salém, fez sair pão e vinho; e ele sacerdote de Deus Altíssimo”.
Almeida Revista e Atualizada: “Melquisedeque, Rei de Salém, trouxe pão e vinho; era
sacerdote do Deus Altíssimo”.
Nova tradução na linguagem de Hoje: “ E Melquisedeque, que era rei de Salém e
sacerdote do Deus altíssimo, trouxe pão e vinho”.
Almeida Atualizada: “Ora, Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; pois era
sacerdote do Deus Altíssimo”.
Almeida corrigida e revisada, fiel: “E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho;
e era este sacerdote do Deus Altíssimo.
Nova versão internacional: “ Então Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus
Altíssimo, trouxe pão e vinho”.
King James Atualizada: “Então Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus
Altíssimo, trouxe pão e vinho”.

2.3 ANALISE TEXTUAL


2.3.1 Analise Morfológica
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Palavra Morfologia Tradução

‫י־צ ֶדק‬
ֶ ‫ּומ ְל ִּכ‬
ַ ‫ ּו‬Conjunção E Melquisedeque
‫י־צ ֶדק‬
ֶ ‫ ַמ ְל ִּכ‬Substantivo Próprio
‫ֶמ ֶלְך‬ ‫ ֶמ ֶלְך‬Substantivo Comum Masc. Sing. Construto Rei de

‫ָׁש ֵלם‬ ‫ ָׁש ֵלם‬Substantivo Próprio Salém

‫הֹוציא‬
ִּ ‫הֹוציא‬
ִּ Verbo no Hiphil 3ª Masc. Sing. Trouxe

‫ֶל ֶחם‬ ‫ ֶל ֶחם‬Substantivo Comum Masc. Sing. Absuluto Pão

‫וָׁ יָׁ יִּ ן‬ ָׁ‫ ו‬Conjunção E vinho

‫יָׁ יִּ ן‬ Substantivo Comum Masc. Sing. Absuluto

‫וְ הּוא‬ ְ‫ו‬ Conjunção E ele

‫ הּוא‬Pronome pessoal independente 3ª pessoa


Masc. Sing.
‫כ ֵֹהן‬ ‫ כ ֵֹהן‬Substantivo Comum Masc. Sing. Absuluto Sacerdote

‫ְל ֵאל‬ ‫ ְל‬Preposição Para o Deus

‫ ֵאל‬Substantivo Comum Masc. Sing. Absuluto


‫ֶע ְליֹון‬ ‫ ֶע ְליֹון‬Adjetivo Masculino Sing. Absoluto Altíssimo

2.3.2 Analise do significado das palavras


Melquisedeque: Este nome significa literalmente “Rei de Justiça”, pois o autor aos
Hebreus diz as seguintes terminologias referentes a Melquisedeque (Hb 7:2).
Salém: Segundo o Dicionário bíblico Adventista Salém era uma cidade na qual
Melquisedeque era Rei (Gn 14:18; Hb 7:1-2), sendo também seu significado relacionado a paz.
Porém a Enciclopédia da Bíblia Acrescenta afirmando que este nome também prefigura a
cidade de Jerusalém baseado em:

“Salém é melhor identificada com base em (1) salmo 76:2, (2) menção antiga
da cidade nas cartas de Tell el-Amarna (séc. 14 a.C) e inscrições Assírias bem
antes de se tornar uma cidade israelita, Como Uru-Salém, Uru-Salim-um, (3)
o Targum, e (4) o Apócrifo de Genesis”. (TENNEY, 2008, vol. 4, p 208).

Altíssimo: Caracterizado como um dos nomes divinos, a maioria das vezes que aparece
na bíblia ele caracteriza um adjetivo de um dos nomes divinos, indicando uma alta posição de
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Deus o exaltando e o glorificando, mostrando a total supremacia Divina. No texto que se segue
após o v. 18, a palavra se repete mais duas vezes, reforçando a supremacia absoluta de Deus.
Sacerdote: Em uma ideia bem superficial está palavra pode prefigurar a ideia de “servir
como ministro”. Boa parte de seu uso no NT, reflete ao AT, especificamente na questão de eles
serem ministros do culto do templo. Em alguns livros como Hebreus, o termo pode se referir
diretamente a Jesus numa compreensão teológica do ministério que exerceu aqui. Em algumas
passagens de I Pedro o termo pode se referir a comunidade cristã como um todo, quando foi
dito “Sacerdócio Real”.

2.4 MELQUISEDEQUE COMO UM TIPO DE CRISTO


A princípio existe uma grande incógnita com a pessoa de Melquisedeque. O registro
feito por Moisés apenas mostra a função deste homem, e sua importância na narrativa. O livro
em todos do antigo testamento há apenas um registro direto que leva a crer que decorre deste
mesmo texto (Sl 110), porém posteriormente seu nome e novamente lembrado no livro de
Hebreus, mas agora encontra-se com mais detalhes que definiram a chave para essa incógnita.
Dentro do contexto imediato dos versículos que seguem após o 18, Melquisedeque teve um
papel de extrema importância para o findar da narrativa. O versículo inicia exemplificando a
função que este homem desconhecido tinha na época, Rei de Salém (Jerusalém). De fato,
Melquisedeque era rei de Jerusalém naquela época. De acordo com o Comentário bíblico
adventista: “O sacerdote-rei de Salém se uniu ao rei de Sodoma para dar as boas-vindas a Abrão.
Nos dias de Abrão, Jerusalém era conhecida como Salém, ou Shalem, “paz” ou “segurança”.
Não restam dúvidas para que tal afirmativa esteja errada ao analisar a raiz da palavra chega-se
a está conclusão de que ele Era um Sacerdote-rei.
Isso leva a segunda parte do verso na qual encontra-se a palavra “sacerdote” pela
primeira vez em registros bíblicos, escrito por Moisés. Título que e dado a Melquisedeque lhe
dá a possibilidade de abençoar Abrão que havia acabado de vencer a batalha que foi responsável
por trazer seu sobrinho de volta. Melquisedeque aparenta ser um remanescente fiel fora do povo
escolhido de Deus, herdeiro da religião de Noé. Abrão tinha plena convicção que o mesmo
Deus que ele cria, era o mesmo em que Melquisedeque cria também. Ao analisar sobre a história
dos sacerdotes, e aqueles que receberam esse título, observa-se que todos, haviam familiares,
ou descendentes, ou qualquer que seja o registro anterior ao seu ingresso na vida sacerdotal,
porém no caso de Melquisedeque, isto é falho, não existe, nenhum relato bíblico que afirme
9

pessoas anteriores a ele, sua genealogia, nem sua data de nascimento, ou morte 5 (Hb 7:3). Porém
isso não impossibilitou Abrão em crer na total veracidade do Sacerdote-rei descrito por Moisés:

[...] Está claro que Abrão considerava Melquisedeque como um adorador do


mesmo Deus dele. Por entregar Melquisedeque, sem hesitar, um decimo de
todas as coisas (v.20) o Javista, Abrão, não apenas demonstrou seu apoio a
este sacerdote-rei e seu santuário, mas também publicamente demonstrou que
ele o reconheceu como uma pessoa de categoria espiritual maior do que ele,
um sacerdote patriarcal [...]. (TENNEY, 2008, vol. 4, p 208).

Em seguida o texto da atenção ao oferecimento de um alimento cedido pelo sacerdote-


rei ao evidente faminto Abrão. Talvez o oferecimento desta singela refeição possa aguçar o
descobrimento no sentido de o texto dar ênfase a “pão e vinho”, porém o significado tem
características culturais da época. Este pequeno lanche, nada mais é que um sinal de gratidão
dado pelo rei de Salém a Abrão por ter “devolvido a paz, a liberdade e prosperidade aquela
terra”, haja vista que estes eram os principais produtos comercializados em Canaã naquela
época6.
Ao pronunciar duas vezes El-Elyon, não restava dúvidas de que Melquisedeque foi um
surpreendente Sacerdote-rei que acreditava na Soberania suprema divina. Abrão reconhecia
plenamente a autoridade de Melquisedeque, nos levando a crer que o mesmo tinha qualquer
autoridade para abençoar um dos patriarcas mais importante da bíblia. No versículo 19 ele
bendiz o nome de Abrão pelo “Deus altíssimo” criador dos céus e a terra, e segue bendizendo
o nome de Deus utilizando “altíssimo” para reforçar ainda mais seu poder, o agradecendo pela
entrega dos adversários de Abrão nas mãos dele. Homem algum que tenha tamanha importância
e autoridade para proferir palavras poderosas como estas, não poderia ser esquecido ou deixado
de lado, pelo seu pequeno registro no livro de Gênesis.
Melquisedeque é novamente mencionado no antigo testamento no livro de salmos, no
contexto do capitulo 110. Este salmo apresenta uma passagem messiânica, onde messias e
apresentado como rei de Sião e sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (v.4). Bem como
Melquisedeque foi rei de Jerusalém e sacerdote de uma ordem distinta da de Arão, assim seria
com o messias. Isso se dá em virtude da conquista de Jerusalém por Davi em 1000 a.C na qual
caracteriza o seguinte:
“Em virtude da qual Davi e sua casa tornaram-se herdeiros da dinastia de
sacerdotes-reis do Melquisedeque. Seja lá como for, está claro que Davi tinha
em mente que ele, quando ele chamou-o de senhor v.1. A aclamação deve se

5
Comentário bíblico adventista, vol. 7, p 474
6
Comentário bíblico adventista, vol. 1, p 306
10

referir ao Senhor Jesus, que era filho de Deus como também o filho de Davi”.
(TENNEY, 2008, vol. 4, p 208).

Não foi à toa que o registro de Melquisedeque na TANAKA e pequeno, pois, há três
versículos que mostram aquilo que o antigo testamento não mostrou sobre sua vida, que são de
suma importância para afirmação de que, Melquisedeque, não é Cristo, mas o sacerdócio
exercido por ele nesta terra, prefigura a pessoa de cristo, sendo ele um tipo de cristo, como o
terceiro registrado na bíblia, sendo posterior a Adão e Abel. No texto de hebreus é notável o
porquê da passagem rápida de Melquisedeque no texto do antigo testamento, sem qualquer
registro genealógico, pois, isto é, mostrando como uma prefiguração de Jesus Cristo, que não
teve início e nem terá fim, sendo sacerdote eternamente (Hb 7:3).
Se for feito uma análise nos capítulos anteriores do livro de Hebreus, conclui-se que os
capítulos se resumem em mostrar a superioridade do sacerdócio de cristo, “segundo a ordem de
Melquisedeque”, sobre o sacerdócio de Arão. Bem como posterior ao verso 3(três) do capítulo
7(sete) e mostrado a superioridade do sacerdócio de Melquisedeque sobre o antepassado Levi.
Abrão ao devolver o dizimo a Melquisedeque, demonstra a sua total superioridade ao
sacerdócio de Arão, reforçando a superioridade do sacerdócio exercido por Melquisedeque,
tipificado na pessoa de Cristo, sendo este superior aos demais sacerdócios exercidos.
Segundo Waltke:
“Para demonstrar que Cristo era superior ao sacerdócio de Arão, o escritor de
Hebreus primeiro demonstrou que Melquisedeque é um tipo de Cristo, ao
observar que ambos são rei da justiça como também rei de paz, ambos são
únicos (sem descendência), ambos permanecem para sempre (Hb 7:1-3). Ele
então prossegue em demonstrar que a ordem de Melquisedeque é superior à
ordem de Arão: (1) porque Melquisedeque é maior que Abraão, pai de Levi,
pois ele abençoou Abraão e recebeu o dízimo deste (vv. 4-10); (2) porque Davi
prenunciou que a ordem de Melquisedeque substituiria o sacerdócio levítico,
mostrando que este era o último imperfeito (vv. 11-19); (3) por causa do
juramente divino por trás disso (vv.20-22); (4) e por causa da sua continuidade
(vv. 23-25) ”. (TENNEY, 2008, vol. 4, p 209).

4. APLICAÇÃO
Há 3 (três) lições que podem ser tiradas de todo o capítulo 14. A primeira delas, se limita
a demonstrar como tudo o Deus fez, faz e fará, e estritamente calculado. Não se limita apenas
no livro de Gênesis, mas em toda a bíblia a relatos de grandes planos Divinos, que culminaram
em lições e aprendizado para quem estava envolvido com a situação. Deus através do ocorrido
mostrou a Abrão que ele devia sempre confiar no poder Divino, e que sempre estaria ao lado
dele. Na batalha que travou com seus 318 homens, em busca de Ló, obteve vitória contra o rei
11

Quedorlaomer, e pode resgatar seu sobrinho, os seus bens e as mulheres do povo sequestrado.
(v. 16).
A segunda lição que devemos tirar deste texto, é a total submissão que Abrão não hesitou
em demonstrar com aquele que prefigurou o sacerdócio de Cristo (Melquisedeque). Num ato
de devolução da décima parte de tudo aquilo que havia resgatado, num ato de reconhecimento
da superioridade do Sacerdote-Rei, que anteriormente, exaltou o nome soberano do Deus
Altíssimo, e assim abençoou Abrão. Levando em consideração que Abrão não tinha qualquer
dependência das riquezas que havia resgatado, ignorando completamente a proposta
apresentada pelo rei de Sodoma, que pediu as pessoas que havia resgatado, em troca dos bens
que ficariam com ele. (v.21). Exaltando o nome do El-Elyion ignorou tal proposta, afirmando
que não tomaria nenhum bem para si, daquilo que havia recuperado, em um ato nobre de total
dependência Divina.
A terceira lição a ser aprendida com tal fato, é a obra a obra sacerdotal deste rei de
Salém. A bíblia apresenta, várias situações em que a pessoa de Cristo e prefigurado por pessoas
que foram de alguma forma importantes para narrativa, sendo necessárias terem prefigurado a
pessoa de Cristo. No texto de Gênesis 14:18 não foi diferente, a presença de Melquisedeque
para o decorrer da narrativa, nos possibilita ver o quanto ele exaltou o nome de Deus (vv. 19,20),
reconhecendo total soberania; mostrando que sua obra Sacerdotal, que prefigura Cristo,
permitiu a benção concedida a Abrão, figurando a Abrão que a exaltação do nome Divino nos
possibilita a vitória. (v. 20).

ABSTRACT

The objective of this article is to present an analysis of Genesis 14:18 exemplifying the person
of Melchizedek as a type of Christ, considering the context of the whole chapter, in order to
facilitate the understanding of this assertion, however, it was necessary to overcome the text of
the Old Testament, aiming at better understanding, considering that the Bible in the course of
his books, answer is to analyze with total accuracy. To do this, it was necessary to search the
books which deal with the matter, as well as scientific articles found in electronic media, to
make the job more relevant.

Keywords: Melchizedek. King Priest. Salem. Abram. God Almighty.


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REFERÊNCIAS

VANGEMEREN, A. Willem. Novo Dicionário Internacional de Teologia e Exegese do


Antigo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2010.

J. D. Douglas. O novo dicionário da Bíblia. 3. Ed. São Paulo: Vida Nova, 2006.

TENNEY. C. Merril. Enciclopédia da Bíblia. Vol. 4. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.

SILVA. José Barbosa da. Pecado In: DEDEREN, Raoul. TRATADO DE TEOLOGIA
Adventista do Sétimo Dia. 1. Ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2011.

COENEN, Lothar; BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo


Testamento. v. 2. Rio de Janeiro: Nova Vida, 1998.

KIDNER, Derek. Introdução e Comentário aos Livros III a V dos Salmos. 1. ed. São
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GUNDRY. H. Robert. Panorama do Novo Testamento. 3. ed. São Paulo: Vida Nova, 2008.

NICHOL, Francis D. (Ed.). Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia v. 3: a Bíblia


Sagrada com comentário exegético e expositivo. 1.ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,
2013. v.3.

NICHOL, Francis D. (Ed.). Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia v. 1: a Bíblia


Sagrada com comentário exegético e expositivo. 1.ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,
2013. v. 1.

KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. Tradução de Odayr Olivetti. 1.ed. São
Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2006.

NICHOL, Francis D. (Ed.). Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia v. 7: a Bíblia


Sagrada com comentário exegético e expositivo. 1.ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira,
2013. v. 1.

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