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RÉMOND, René. O Século XIX PDF
RÉMOND, René. O Século XIX PDF
O Século XIX
1815/1914
Tradução de
Frederico Pessoa de Barros
Digitalização: Argo
www.portaldocriador.org
SUMÁRIO
1. A Europa Em 1815
1. Uma restauração
Trata-se, antes de mais nada, de uma restauração dinástica
Trata-se de uma restauração do princípio monárquico
Trata-se de uma contra-revolução?
2. A Restauração não é integral
Modificações territoriais — Modificações institucionais
Manutenção do aparelho administrativo
As transformações sociais
3. Um equilíbrio precário
Os ultras
Os liberais
2. A Idade do Liberalismo
1. A ideologia liberal
A filosofia liberal
As conseqüências jurídicas e políticas
2. A sociologia do liberalismo
O liberalismo, expressão dos interesses da burguesia
O liberalismo não se reduz à expressão de uma classe
As duas faces do liberalismo
3. As etapas da marcha do liberalismo
Primeiro episódio em 1820 — Segundo abalo em 1830
As tentativas dos liberais
4. Os resultados
Os regimes políticos liberais - A ordem social liberal
3. A Era da Democracia
1. A idéia democrática
A igualdade
Soberania popular
As liberdades
As condições de exercício das liberdades
A igualdade social
2. Democracia e forças sociais
Os fatores de mudança e os novos tipos sociais
As diversas sociedades justapostas
3. As etapas da marcha das sociedades rumo à democracia polí-
tica e social: as instituições e a vida política
Os regimes políticos
Às consultas eleitorais
A representação parlamentar
A democracia autoritária
Aparecimento dos partidos modernos
Os prolongamentos da idéia democrática
1. A situação em 1815
2. A idade de ouro do liberalismo
3. O crescimento do papel do Estado
Os sinais
As causas
6. As Sociedades Rurais
A importância do mundo da terra
Um Século de Revoluções
A EUROPA EM 1815
1. UMA RESTAURAÇÃO
Modificações Territoriais
Modificações Institucionais
As Transformações Sociais
Os Ultras
Os Liberais
A IDADE DO LIBERALISMO
1. A IDEOLOGIA LIBERAL
A Filosofia Liberal
2. A SOCIOLOGIA DO LIBERALISMO
4. OS RESULTADOS
O Dinheiro
O Ensino
A ERA DA DEMOCRACIA
1. A IDÉIA DEMOCRÁTICA
A Igualdade
Soberania Popular
As Liberdades
A Igualdade Social
Revolução Técnica
Desenvolvimento do Ensino
A Sociedade Burguesa
As Camadas Populares
Os Regimes Políticos
AS CONSULTAS ELEITORAIS
O Sufrágio Universal
A Liberdade do Voto
Elegibilidade
A Representação Parlamentar
A Democracia Autoritária
O Ensino
O ensino e a informação são as duas condições indispensá-
veis para um funcionamento regular da democracia. Eles cami-
nham lado a lado, pois é o ensino que fornece leitores à im-
prensa, e a imprensa supõe um público suficientemente instruí-
do.
No século XIX, o ensino ocupa um lugar eminente nas lutas
políticas, nos debates parlamentares, nas campanhas eleito-
rais, nas controvérsias que dividem a opinião, e isso na maio-
ria das sociedades democráticas da Europa Ocidental ou Cen-
tral. Os democratas, em matéria de ensino, propõem-se dois ob-
jetivos conexos.
O primeiro é de ordem quantitativa, e consiste em ampliar
a base do ensino. No século XIX, quem fala em ensino numa
perspectiva democrática está pensando essencialmente num ensi-
no primário. Se os liberais, fundados na perspectiva de uma
vida política restrita — se interessavam quase que exclusiva-
mente pelo ensino secundário, que preparava os futuros eleito-
res do país legal, os democratas, instituindo o sufrágio uni-
versal, não podem mais contentar-se com esse ensino de classe
e devem torná-lo acessível a todos os cidadãos. Assim, o ensi-
no primário terá como missão dar a cada homem os rudimentos
indispensáveis, que farão dele um cidadão esclarecido.
As etapas da evolução democrática da Europa são assi-
naladas pelas disposições tomadas pelos parlamentos e governos
a fim de assegurar a universalidade da instrução. Na França,
são as grandes leis, às quais ficou ligado o nome de Jules Fer-
ry, Ministro da Instrução Pública quase continuamente de 1879 a
1885. A Bélgica adotou medidas análogas em 1878. É em 1877 que
o governo italiano estabelece o princípio da universalidade. Na
Grã-Bretanha, entre 1870 e 1890, as leis tendem igualmente a
assegurar a generalização e a gratuidade do ensino.
A universalidade comporta ao mesmo tempo o caráter obriga-
tório do ensino — os pais não podem negá-lo a seus filhos — e
a gratuidade, pois, com efeito, era impossível impor às famí-
lias a obrigação, sem que o Estado ou as coletividades locais
cuidassem das despesas correspondentes: é a organização de um
serviço público de ensino.
A idéia de que a instrução é incumbência dos poderes públi-
cos é anterior aos anos de 1870-1885. A Revolução havia enunci-
ado esse princípio, mas sem ter tido tempo para aplicá-lo. Na
França, é sob a Monarquia de Julho que, pela primeira vez, os
poderes públicos fazem dele uma realidade, com a lei de Gui-
zot, de 1833, que obriga todas as comunas a abrir uma escola e
a colocar à disposição de quem o desejar os meios de se ins-
truir. Essa escola poderia ser confiada a preceptores formados
pelas escolas normais, ou aos membros das congregações, colo-
cados à disposição das municipalidades pelas ordens religiosas
que tinham o ensino como atividade tradicional.
O segundo objetivo é ideológico: ele tende a livrar o en-
sino em vias de desenvolvimento da influência dos adversários
da democracia. A preocupação política é inseparável da primei-
ra porque, se os republicanos, na França, os liberais, na Bél-
gica ou na Itália, anseiam pela generalização do ensino, eles
não pretendem que ele aumente a influência de seus adversá-
rios, os direitos tradicionalistas e sobretudo a Igreja. É por
esse motivo que a questão do ensino, no século XIX, e ainda no
século XX, está ligada tão intimamente à questão religiosa.
Antes mesmo da generalização do ensino, as primeiras asso-
ciações particulares que se constituíram, para pressionar os
poderes públicos e conseguir deles uma legislação, são de ins-
piração nitidamente anticlerical, como a Liga do Ensino criada
na Bélgica antes de seu êmulo francês, em 1866. Não se pode
dizer que essas controvérsias estejam completamente extintas,
pois elas tornaram a aparecer sob a Quarta e a Quinta Repúbli-
cas, em 1951, com a lei Barangé, e em 1959, com a lei Debré.
Nos países onde o protestantismo domina, a questão não é
colocada nos mesmos termos. A controvérsia ideológica é menos
acentuada, embora ela oponha as confissões dissidentes às i-
grejas estabelecidas.
Na Europa Central e Oriental, o desenvolvimento do ensino
levanta outros problemas. Nos países que ainda não conseguiram
sua independência, e para as nacionalidades que lutam pelo re-
conhecimento de sua personalidade política e cultural, a esco-
la está ligada à defesa dessa mesma personalidade. É o caso
das províncias polonesas do Império Alemão, das nacionalidades
eslavas do Império Austro-Húngaro. Em qual língua se ministra-
rá o ensino? A escola está no centro das lutas nacionais.
A Informação
1. A SITUAÇÃO EM 1815
Os Sinais
Seus Componentes
Suas Conseqüências
2. O MOVIMENTO OPERÁRIO
3. O SOCIALISMO
As Fontes do Socialismo
A Difusão do Marxismo
AS SOCIEDADES RURAIS
3. AS CONSEQÜÊNCIAS
A Extensão no Espaço
As Comunicações Internas
O Abastecimento
A Ordem e a Segurança
A Revolução Francesa
O Tradicionalismo
RELIGIÃO E SOCIEDADE
A Reforma
A Descristianização
A Desigualdade Econômica
Estando a Europa, incontestavelmente, à frente dos outros
continentes no domínio econômico, só poderá encontrar sistemas
econômicos em desvantagem com relação a ela. Não foi portanto
a Europa que criou a desigualdade econômica; contudo, às vezes
ela corrige essa diferença, outras vezes ela a mantém. Remune-
rações e salários são bem inferiores nas colônias se compara-
dos com os da metrópole e, mesmo que isso não seja o resultado
de uma política deliberada, as populações das colônias, pelo
livre jogo dos fatores econômicos, não recebem senão uma parte
reduzida do lucro conseguido com a venda de seus próprios re-
cursos naturais. Com efeito, como esses povos não têm capital,
este vem da metrópole e a renda volta à metrópole. Esse movi-
mento de retorno pode tomar grande amplitude: é o que se cha-
ma, no caso da Índia, de drain, movimento que priva o país de
uma parte do produto de seu trabalho.
Essa desigualdade econômica estende-se a territórios que
não constituem colônias políticas, como a América Latina no
século XIX. Depois de sua emancipação em relação à Espanha ou
a Portugal, a maioria dos países caem sob a dependência eco-
nômica da Europa. (Foi só depois da Primeira Guerra Mundial
que os Estados Unidos passaram a ocupar o lugar da França, da
Alemanha, da Inglaterra.) Antes de 1914, era a Europa Ociden-
tal que investia capitais na Argentina, no Brasil; era ela
quem tirava os maiores lucros da exploração dos recursos do
continente. Assim, pode-se dizer — sem levar em conta a ban-
deira — que a Argentina, antes de 1914, é uma colônia britâ-
nica. Também a Rússia czarista é, economicamente, uma depen-
dência dos capitais europeus, com os capitais franceses, bel-
gas, alemães, aplicados nas minas de Donetz, nas usinas meta-
lúrgicas ou têxteis de São Petersburgo e da região de Moscou.
São os capitalistas europeus que dispõem e decidem dos inves-
timentos e da redistribuição dos lucros.
Quando se trata de colônias propriamente ditas, a depen-
dência e a desigualdade econômicas tomam um caráter ainda mais
acentuado com o regime do pacto colonial, que exige que as me-
trópoles disponham do monopólio do mercado e do transporte
junto com o monopólio da bandeira, com exceção da Inglaterra,
que abole o Act de navegação em 1849. Mas a Inglaterra é um
caso particular: ela pode-se permitir, em virtude de seu pro-
gresso econômico, de sua superioridade técnica e da imensidão
de seu império, fazer o jogo do liberalismo; de qualquer modo
ela sairá ganhando.
A Desigualdade Cultural
A Situação em 1815
As Iniciativas
Os Motivos
4. A PENETRAÇÃO ECONÔMICA
5. A EMIGRAÇÃO
6. A EUROPEIZAÇÃO DO MUNDO
Os Efeitos
Conseqüências Econômicas
Conseqüências Culturais
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