ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.3529-29105-1-SM.

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Medeiros AL, Pereira CLG, Cabral RWL et al.. Tireoidectomia e o impacto na qualidade…

ARTIGO ORIGINAL
TIREOIDECTOMIA E O IMPACTO NA QUALIDADE DE VIDA DAS MULHERES
THYROIDECTOMY AND IMPACT ON QUALITY OF LIFE OF WOMEN
LA TIROIDECTOMÍA E EL IMPACTO EN LA CALIDAD DE VIDA DE LAS MUJERES
Ana Lúcia Medeiros1, Carla Lígia Gomes Pereira2, Rômulo Wanderley de Lima Cabral3, Sérgio Ribeiro dos
Santos4
RESUMO
Objetivo: investigar a qualidade de vida das mulheres tireoidectomizadas. Método: estudo descritivo, de
abordagem quanti-qualitativa, realizado junto a dez mulheres, a partir de um roteiro de entrevista
semiestruturado. Os dados quantitativos foram submetidos às medidas descritivas e distribuições de
frequência e as variáveis qualitativas trabalhadas com a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo. A pesquisa
teve o projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, Protocolo nº 054/11. Resultados: 90% das
mulheres apresentaram como patologia de base o câncer, as quais fazem tratamento à base de reposição
hormonal. Os sintomas se fizeram presentes de forma bem diversificada. No discurso do sujeito coletivo a
idéia central circunscreveu nas alterações do humor, da irritabilidade e da depressão. Conclusão: os sintomas
decorrentes da tireoidectomia total afetam a qualidade de vida das mulheres, logo, sugere-se o
acompanhamento contínuo dos profissionais de saúde e mais precisão na dosagem de hormônios a serem
administrados. Descritores: Tireóide; Doenças da Glândula Tireóide; Tireoidectomia; Qualidade de Vida;
Cuidados de Enfermagem.
ABSTRACT
Objective: to investigate the quality of life of women tireoidectomized. Method: a descriptive study of
quantitative and qualitative approach, conducted with ten women from a semistructured interview guide.
Quantitative data were submitted to descriptive measures and frequency distributions and qualitative
variables worked with the technique of the Collective Subject Discourse. The research project was approved
by the Research Ethics Committee, Protocol No. 054/11. Results: 90% of women had underlying pathology as
cancer, which are based treatment of hormone replacement. Symptoms were present in a well diversified. In
the discourse of the collective subject the central idea circumscribed in mood swings, irritability and
depression. Conclusion: symptoms resulting from total thyroidectomy affect the quality of life for women, so
it is suggested that continuous monitoring of health professionals and more accurate dosage of hormones to
be administered. Descriptors: Thyroid; Thyroid Gland Diseases; Thyroidectomy; Quality of Life; Nursing.
RESUMEN
Objetivo: investigar la calidad de vida de las mujeres tireoidectomizadas. Método: estudio descriptivo de
abordaje cuantitativo y cualitativo, realizado con diez mujeres de una guía de entrevista semi-estructurada.
Los datos cuantitativos fueron sometidos a medidas descriptivas y distribuciones de frecuencia y las variables
cualitativas trabajadas con la técnica del Discurso del Sujeto Colectivo. El proyecto de investigación fue
aprobado por el Comité de Ética de la Investigación, el Protocolo N º 054/11. Resultados: 90% de las mujeres
había patología subyacente como el cáncer, que se basa el tratamiento de reemplazo hormonal. Los síntomas
se presentaron en un lugar bien diversificado. En el discurso del sujeto colectivo la idea central circunscribe
en los cambios de humor, irritabilidad y depresión. Conclusión: los síntomas resultantes de la tiroidectomía
total afectan la calidad de vida de las mujeres, por lo que se sugiere que la vigilancia continua de los
profesionales de la salud y la dosificación más precisa de las hormonas que se administra. Descriptores:
Tiroides; Enfermedades de las Glándulas; Tiroidectomía; La Calidad de Vida; Enfermería.
1
Enfermeira, Professora Mestre em Enfermagem, Departamento de Enfermagem em Saúde da Mulher, Faculdade Santa Emília de
Rodat/FASER. João Pessoa (PB). E-mail: aninhapits@gmail.com; 2Enfermeira Assistencial, Estratégia Saúde da Família do Município de
Cacimba de Dentro. Cacimba de Dentro (PB), Brasil. E-mail: carlaligiamel@hotmail.com; 3Enfermeiro, Professor Mestre em Saúde
Pública, Departamento de Enfermagem em Saúde da Mulher/Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Obstétrica, Faculdade Santa
Emília de Rodat/FASER. João Pessoa (PB), Brasil. E-mail: romulopits@gmail.com; 4Enfermeiro, Professor Doutor em Sociologia,
Departamento de Enfermagem Clínica/Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Universidade Federal da Paraíba/PPGENF/UFPB.
João Pessoa (PB), Brasil. E-mail: srsantos207@gmail.com

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INTRODUÇÃO
A tireoide é uma das maiores glândulas
endócrinas do corpo humano, responsável por
secretar hormônios que provocam no
organismo funções biológicas de alta
importância, no controle do metabolismo
celular e na absorção do cálcio nos ossos.
Como em qualquer outra glândula, a
anormalidade na produção de hormônios
acarreta mudanças no comportamento
funcional do organismo. Nesse sentido, as
doenças da tireoide podem ser genericamente
classificadas como alterações funcionais,
morfológicas ou autoimunes. Essas podem
provocar um hipotireoidismo, resultado de
níveis subótimos de hormônios tireoidianos ou
um hipertireoidismo caracterizado pelo débito
excessivo de hormônios liberados pela
glândula.1
Vários fatores podem levar ao desequilíbrio
hormonal na glândula, desde uma
anormalidade na glândula hipófise,
responsável pela liberação do hormônio
tireotrofina, o qual responde pelo controle
dos hormônios da tireoide; processos
inflamatórios da tireoidite crônica; doença de
Hashimoto; doença de Graves ou câncer.2
No hipertireoidismo em condições graves e
nos casos de câncer de tireoide, faz-se
necessário à remoção da glândula
(tireoidectomia) parcial ou total. Nestes
casos, aplica-se a administração de
medicamentos para reposição hormonal.
Contudo, essa remoção não impede que o
paciente apresente comportamento fisiológico
anormal, mesmo com uso frequente dos
medicamentos. Os sintomas iniciais são
inespecíficos para alguns casos, podendo se
expressar desde fadigas, pele seca,
taquicardia, estado neurológico ou mental
alterado.1 Diante desse contexto, percebe-se
que os pacientes que apresentam distúrbio da
tireoide e que necessitam realizar a
tireoidectomia, precisam mudar hábitos de
vida e se adaptarem a essa nova realidade,
podendo dessa forma, terem sua qualidade de
vida modificada.
O conceito de qualidade de vida varia de
autor para autor, por ser um conceito
subjetivo, dinâmico e bastante amplo
dependente do nível sociocultural, da faixa
etária e das aspirações pessoais do indivíduo.3-
4 pacientes. Para iniciar a coleta dos dados foi
Portanto, qualidade de vida é uma noção
eminentemente humana, que tem sido
aproximada ao grau de satisfação encontrado
na vida familiar, amorosa, social, ambiental e
à própria estética existencial. Pressupõe a
capacidade de efetuar uma síntese cultural de
todos os elementos que determinada
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Tireoidectomia e o impacto na qualidade…
sociedade considera seu padrão de conforto e
bem-estar. No âmbito da saúde, quando visto
no sentido ampliado, ele se apoia na
compreensão das necessidades humanas
fundamentais, materiais e espirituais, pois ter
qualidade de vida em saúde é ter a
capacidade de viver sem doenças ou de
superar as dificuldades dos estados ou
condições de morbidade em geral.5
Sendo assim, os profissionais de saúde que
atuam neste âmbito, em especial o
enfermeiro, podem influenciar diretamente na
qualidade de vida, aliviando a dor, o mal-
estar, intervindo sobre os agravos que podem
gerar dependências e desconfortos.
Por se tratar de um tema ainda controverso
e considerando a pouca literatura existente e
escassez de pesquisas que estudem com maior
profundidade a qualidade de vida de
pacientes que realizaram a tireoidectomia,
surgiu o interesse de estudar essa temática. A
escolha está relacionada com as experiências
familiares, vivenciadas por uma das autoras,
onde durante a formação acadêmica,
observou-se que pacientes que retiravam a
tireoide total, por terem câncer ou outros
problemas, a grande maioria tinham sucesso
no tratamento, porém a qualidade de vida não
era a mesma.
Sendo assim, indaga-se: Como vivem os
pacientes após a tireoidectomia total? O que
mudou em suas vidas? Desse modo, o presente
estudo tem como objetivo:
 Investigar a qualidade de vida das
mulheres tireoidectomizadas.
MÉTODO
Artigo elaborado a partir da monografia <<
Qualidade de vida após a tireoidectomia
total >> apresentada a Coordenação do Curso
de Enfermagem da Faculdade Santa Emília de
Rodat-FASER. João Pessoa/PB, Brasil. 2011.
Estudo descritivo com método de
abordagem quanti-qualitativa, realizado por
meio de visitas domiciliares a pacientes
tireoidectomizadas residentes no município de
João Pessoa, Paraíba. A identificação se deu
pelo levantamento realizado em um serviço de
referência para pacientes tireoidectomizados
sendo possível identificar os telefones para
contato. Dessa forma, os endereços dos
domicílios foram informados pelos próprios
mantido um contato preliminar com os
mesmos. Quando elas concordavam em
colaborar, agendava-se um encontro, ocasião
em que foram dadas as devidas informações a
respeito do estudo e de seu objetivo,
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Medeiros AL, Pereira CLG, Cabral RWL et al..
enfatizando-se a importância da participação
delas.
A população foi composta por 26 pacientes
cadastrados no serviço de referência que
realizaram a tireoidectomia total. O
quantitativo de participantes foi definido,
conforme a disponibilidade e a acessibilidade
dos mesmos. No entanto, participaram deste
estudo dez sujeitos que atenderam aos
seguintes critérios de inclusão: ter realizado
tireoidectomia total e concordar em
participar da pesquisa após a assinatura do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE).
A construção dos dados foi realizada a
partir de um roteiro de entrevista,
semiestruturado, composto de duas partes: a
primeira constou dos dados quantitativos
referentes à caracterização sócio-
demográfica, caracterização do distúrbio da
tireoide e os fatores biológicos que afetam a
qualidade de vida; a segunda refere-se aos
fatores psicológicos que afetam a qualidade
de vida.
A pesquisa obedeceu aos princípios
contidos na Resolução nº 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, que
se fundamenta nos principais documentos
internacionais que emanaram declarações e
diretrizes sobre pesquisas que envolvem seres
humanos.6 Assim como os estabelecidos na
Resolução COFEN nº 311/2007, que institui o
Código de Ética dos profissionais de
Enfermagem.7 O presente estudo teve o
projeto de pesquisa encaminhado para o
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da
Faculdade Santa Emília de Rodat (FASER) e
aprovado sob o protocolo nº 054/2011.
As entrevistas foram realizadas no período
de outubro a dezembro de 2011, obedecendo
as seguintes etapas: contato prévio com cada
participante onde foi explanado o objetivo do
estudo, a importância de sua participação e
apresentação do TCLE. Após a leitura do TCLE
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Tireoidectomia e o impacto na qualidade…
e concordância dos participantes em gravar a
entrevista, foi ainda fornecidos os
esclarecimentos quanto à garantia do
anonimato, procedimento para a entrevista
informações sobre o processo de transcrição,
assim como lhe foi oferecida a escolha de
pseudônimo, necessário para garantir o
anonimato e a identificação.
A compilação dos dados quantitativos foi
realizada no Microsoft Excel. As variáveis
quantitativas foram submetidas às medidas
descritivas e distribuições de frequência. Para
as variáveis qualitativas, as informações
obtidas nesta pesquisa foram trabalhadas a
partir da técnica do Discurso do Sujeito
Coletivo (DSC), que consiste num conjunto de
procedimento que destaca as expressões
chave das falas dos participantes do estudo, o
que viabilizam o pensamento em forma de
síntese e possibilitam a interpretação para
fundamentação dos resultados.8 Este processo
de análise envolveu as seguintes etapas:
seleção das expressões chave de cada discurso
particular, essas expressões revelam a
essência do contato discursivo; identificação
da ideia central de cada expressão chave, essa
ideia foi separada em ideias centrais
semelhantes e complementares; reunião das
expressões chave referentes às ideias
semelhantes e complementares, em um
discurso síntese que é o DSC.
RESULTADOS
Participaram deste estudo dez sujeitos com
idade entre 20 a 40 anos com idade média de
32 anos. Das participantes 08(80%) são casadas
e 02(20%) viúvas; quanto à escolaridade
04(40%) declararam ter o ensino superior e as
demais ensino médio e fundamental; com
relação à renda familiar 07(70%) sobrevivem
com mais de um salário mínimo; e, a principal
ocupação das participantes era trabalhadora
do lar 04(40%), conforme mostram os dados da
Tabela 1.
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Tabela 1. Distribuição das características socioeconômicas das

mulheres tireoidectomizadas. João Pessoa-PB, 2012.
Características socioeconômicas n=10 %
Faixa Etária
20 a 25 anos 01 10
26 a 30 anos 02 20
31 a 35 anos 05 50
36 a 40 anos 02 20
Estado Civil
Casada 08 80
Viúva 02 20
Escolaridade
Fundamental completo 03 30
Médio completo 03 30
Superior completo 04 40
Renda Familiar
Menos de um salário mínimo 03 30
Mais de um salário mínimo 07 70
Profissão/Ocupação
Do lar 04 40
Professora 02 20
Empresária 02 20
Administradora 01 10
Odontóloga 01 10

Quanto às características dos distúrbios da duas cirurgias para a retirada da tireoide e

tireoide, a Tabela 2 mostra que 09(90%) das 09(90%) fizeram e ainda fazem tratamento à
mulheres apresentaram como patologia de base de iodo e de reposição hormonal após a
base o câncer, 08(80%) necessitaram realizar retirada da glândula.
Tabela 2. Distribuição das características dos distúrbios da
tireoide das mulheres tireoidectomizadas. João Pessoa-PB,
2012.
Características dos distúrbios da n=10 %
tireoide
Patologia da Tireoide
Tumor benigno 01 10
Câncer 09 90
Número de Cirurgias
Uma cirurgia 02 20
Duas cirurgias 08 80
Tipos de Tratamento
Iodo 01 10
Iodo + Reposição Hormonal 09 90

Dentre as mulheres pesquisadas, em apresentaram fraqueza, arritmia cardíaca e

decorrência do grau patológico e em virtude ganho de peso, 30% apresentaram insônia, 20%
das respostas que cada uma apresenta frente apresentaram perda de peso e 10%
ao tratamento, os sintomas se fizeram apresentaram convulsão e diminuição da taxa
presentes de forma bem diversificadas, 40% de cálcio, conforme mostra a Figura 1.

Figura 1. Distribuição dos fatores biológicos e fisiológicos que afetam a qualidade de vida das m ulher es tir eoidect omizadas.

João Pessoa-PB, 20 12.

Por fim, foram investigados os fatores

psicológicos presentes nas mulheres
tireoidectomizadas, conforme mostra as
Figuras 2 e 3.

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Ideia Central
Aparecimento de dor de estômago, cansaço,
fraqueza e depressão
Surgimento de insônia
Aparecimento de rouquidão
Figura 2. Ideia Central e Discurso do Sujeito Coletivo de mulheres tireoidectomizadas, em resposta à pergunta:
O que mudou em sua vida após a retirada da tireoide?
Por outro lado, ao serem indagadas se
houve alguma mudança psicológica de
comportamento, após a retirada da tireoide,
as participantes afirmaram perceber uma
Ideia Central
Mudança de humor
Aparecimento de ansiedade
Figura 3. Ideia Central e Discurso do Sujeito Coletivo de mulheres tireoidectomizadas, em resposta à
pergunta: houve mudança psicológica após a retirada da tireoide?
DISCUSSÃO
Em relação à faixa etária, os dados da
pesquisa corroboram com os dados
encontrados na literatura, mostrando que o
câncer da glândula tireoide é a neoplasia
maligna mais comum do sistema endócrino,
afetando mais frequentemente as mulheres na
maioria dos casos entre a faixa etária de 25 a
65 anos.9
Quanto à escolaridade, o estudo
demonstrou que pelo fato das mulheres
possuírem um nível de escolaridade bom,
facilitou a compreensão e descrição da
patologia. Portanto, esse acontecimento pode
está relacionado à percepção mais criteriosa
dos sintomas, direcionando para condutas
mais resolutivas, atenuando o estado
emocional das pacientes. Percebe-se que a
influência do aparecimento das patologias da
tireoide está mais relacionada a fatores
fisiológicos, independentemente, da classe
social, profissão ou da renda per capita do
indivíduo.
O câncer da tireoide contribui em 90% das
malignidades endócrinas, deste, o alteram diretamente o metabolismo celular,
adenocarcinoma papilar é o mais comum e
menos agressivo que pode ter início na
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Tireoidectomia e o impacto na qualidade…
Discurso do Sujeito Coletivo
Após a retirada da tireoide normalmente apareceu
dor no estômago em decorrência do uso da
medicação de reposição hormonal que é tomado em
jejum por tempo indeterminado. Além desse
sintoma, o cansaço físico, a fraqueza, a debilitação,
se fizeram presentes, e algumas vezes, surgiu
quadro de depressão em consequência das
alterações hormonais.
A retirada da tireoide fez com que surgisse insônia
como consequência da ausência dos hormônios
tireoidianos, necessitando da utilização de
tranquilizantes para relaxar e dormir.
A tireoidectomia atingiu as cordas vocais. Em
consequência desse fato, surgiu rouquidão e baixa
resistência para cantar ou forçar a voz, nos deixando
cada vez mais deprimida.
mudança de humor e o surgimento de
ansiedade como sintomas mais evidenciados,
conforme mostra a Figura 3.
Discurso do Sujeito Coletivo
O humor mudou muito, hora nos apresentamos
animada, hora sem ânimo para nada. Este quadro
está associado, principalmente, a forma como é
realizado o tratamento de reposição hormonal.
Uma dose maior pode desencadear um estado de
agitação e uma dose menor pode levar a um
estado de tristeza.
A mudança de humor faz-se presentes na maioria
das pacientes tireoidectomizadas em tratamento
de reposição hormonal, surgindo como
consequência à ansiedade que pode está
relacionada com o aparecimento de distúrbios
psiquiátricos.
infância ou no começo da vida adulta.
Portanto, o aparecimento de nódulos na
tireoide não implica a presença de um câncer,
todavia, a ocorrência de nódulos tireoidianos
em pacientes com histórico familiar é um
forte indício de tumores malignos.1
Quanto ao número de cirurgias realizadas,
é comum, por decisão da equipe de saúde,
fazer mais de uma cirurgia, com objetivo de
reduzir as consequências de uma
tireoidectomia total. De início, retira-se
apenas parte da glândula na esperança do
pequeno fragmento glandular desempenhar
seu papel fisiológico normal. Contudo, quando
isso não acontece, toma-se à decisão de se
fazer uma segunda cirurgia que,
consequentemente, é a retirada total da
glândula.
Quanto ao tratamento, todas as
participantes do estudo realizaram a
tireoidectomia total e por esse motivo,
necessitam de um tratamento contínuo com
base na reposição dos hormônios produzidos
pela tireoide, tiroxina (T3) e triiodotironina
(T4), pois a ausência desses hormônios
sendo uma condição fisiológica obrigatória e
pelo resto da vida do indivíduo.
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O tratamento atual para o câncer da
tireoide equivale a uma combinação de
terapias, por meio de agentes
antitireoidianos, o uso de iodo radioativo e a
cirurgia. Os medicamentos antitireoidianos
tem a função de inibir a síntese hormonal que,
após a ingestão da droga antitireoidiana,
deve-se administrar iodo, a fim de bloquear a
liberação dos hormônios tireoidianos
armazenados na glândula. Esse procedimento
é muito comum no período pós-diagnóstico e
pré-cirúrgico, contudo, para alguns casos pós-
cirurgia esse procedimento pode ser usado1.
Nas doenças graves o uso do iodo radioativo é
a forma mais comum de tratamento que
consiste em destruir as células hiperativas
remanescentes de uma tireoidectomia sem
danificar outros órgãos.10
O enfermeiro pode desenvolver um
importante papel no tratamento dessas
pacientes, orientando-as sobre o controle de
sintomas relacionados ao tratamento,
principalmente, sobre a reposição hormonal.
Essas orientações visam a reforçar os
benefícios da terapêutica instituída e propor
bem-estar a essas mulheres. É importante
destacar que o enfermeiro deve incluir a
família nas orientações do tratamento, pois
ela pode ajudar na promoção de uma
assistência personalizada e de modo adequado
às necessidades dessas pacientes.
A fraqueza relatada pelas pacientes
decorre da ausência dos hormônios
tireoidianos, isto é facilmente explicado,
porque sua presença interfere na expressão
fenotípica no processo de transcrição na
síntese protéica, interagindo com genes
específicos.11
Altas taxas desses hormônios na corrente
sanguínea ativa uma série de processos
bioquímicos no meio intracelular, cujo local
estimula a atividade ATPase que, em
detrimento disso leva a um aumento no
tamanho quanto ao número de mitocôndrias.
Em contra partida, a ausência desses
hormônios no meio intracelular, produz um
efeito contrário na célula, se estendendo em
todos os tecidos e órgãos do corpo humano
onde apresentam receptores celulares.2 Baixas
taxas de hormônios tireoidianos não permitem
a ativação do processo da lipólise do tecido
adiposo, o que favorece no acúmulo de
lipídeos e no aumento da taxa sanguínea de
lipídeos totais, particularmente de colesterol
e triglicerídeos, ocasionando o aumento do
peso.11
A arritmia cardíaca após a tireoidectomia,
de certa forma é antagônica, isto porque, um
dos responsáveis pela frequência cardíaca,
além do nó sino-atrial, são hormônios
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Tireoidectomia e o impacto na qualidade…
tireoidianos. Contudo, é importante salientar
que a administração medicamentosa dos
hormônios pode se somar à quantidade já
existente de T3 e T4, quando no organismo do
paciente ainda há resquícios celulares
tireoidianos produtores desses hormônios ou
apenas pela ingestão do medicamento leve,
eventualmente, em uma superdosagem
caracterizando um quadro clínico de
hipertireoidismo.2
Essa mesma premissa pode ser usada para
explicar a insônia referenciada por algumas
das pacientes. Uma vez que, a exaustão dos
hormônios tireoidianos causam alterações nas
sinapses do sistema nervoso provocando a
ausência do sono. A eventual convulsão pode
ser o resultado da ação excessiva de
hormônios, face à produção de T3 e T4 de
células residuais pós-cirurgia, o que gera uma
reação enérgica da musculatura.11
Com a progressão do tratamento, alguns
sintomas podem tornar-se exacerbados e um
manejo adequado torna-se indispensável na
terapêutica a ser proposta, uma vez que os
sintomas causam desconforto ao paciente e
também afetam a família. As intervenções de
enfermagem são necessárias para que se possa
prestar o cuidado apropriado no tempo
oportuno, de modo a promover o máximo de
conforto e de qualidade de vida para essas
pacientes.
Ao serem questionadas acerca do que
mudou na vida após a retirada da tireoide, as
participantes referenciaram os seguintes
sintomas: dor de estômago, cansaço,
fraqueza, depressão, insônia e rouquidão. Tais
sintomas são responsáveis pelo aparecimento
de alterações físicas e psicológicas que podem
afetar a qualidade de vida dessas mulheres.
A retirada da tireoide pode levar a
presença de um quadro de hipotireoidismo,
que pode variar de média a alta intensidade.
A sintomatologia predominante nos quadros
de média intensidade é caracterizada por um
quadro depressivo, ao qual se associam a
lentificação da fala, diminuição do
rendimento intelectual, fadiga, insônia,
diminuição do apetite e apatia. A forma mais
grave de alteração emocional decorrente do
hipotireoidismo é chamada de loucura
mixedematosa (mixedema é um quadro de
edema geral de origem tireoidiano), que se
caracteriza por um quadro verdadeiramente
psicótico, do tipo confusional, delirante e
alucinatório ou, quando não, por um profundo
estado melancólico, com frequência
1
estuporoso.
O tratamento cirúrgico das doenças da
glândula tireoide tem se desenvolvido nos
últimos anos e novas tecnologias para melhor
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hemostasia e monitorização intraoperatória
dos nervos laríngeos têm tornado a cirurgia da
tireoide mais segura e com menor risco de
complicações. Porém, em alguns casos em
meio ao manuseio da glândula durante a
cirurgia pode atingir as cordas vocais ou os
nervos laríngeos, ocasionando complicações
pós-operatórias como a rouquidão em alguns
pacientes.12 Isso explica o discurso de algumas
mulheres quando afirmaram que tem
dificuldade de cantar em consequência da
rouquidão e da baixa resistência para usar a
voz.
Em geral, os sinais físicos e psicológicos,
sobretudo se o hipotireoidismo é enfermagem, e ocupa papel de destaque na
diagnosticado precocemente, melhoram com o
tratamento hormonal substitutivo, porém,
muitos pacientes continuam a apresentar
sintomas neuropsíquicos residuais. Desse
modo, a reposição hormonal para pacientes
tireoidectomizadas é uma condição
obrigatória, pois é necessário repor de forma
sintética os hormônios que a glândula
produzia. Portanto, não se pode esquecer
que, como todo medicamento, a reposição
hormonal também produz efeitos colaterais,
como observado no relato das pacientes.
Por conseguinte, tem sido observado que a
ausência de informações específicas no
decorrer do tratamento pode estar
relacionada à falta de controle adequado dos
efeitos colaterais produzidos pela reposição
hormonal e, consequentemente, para o
agravamento dos sintomas. Assim, no sentido
de minimizar tais ocorrências, as informações,
quer sejam verbais ou escritas, devem ser
dadas pelos profissionais de saúde,
principalmente pelo enfermeiro, aos
pacientes/familiares de forma concisa, de
fácil compreensão e especificamente
direcionadas ao controle dos efeitos
colaterais. Deste modo, o processo educativo
deve ser desenvolvido de modo a facilitar
mudanças nas formas de agir dessas clientes,
mediante a aquisição de conhecimentos e
habilidades para o manejo dessas
13
ocorrências.
Diante dos discursos, percebe-se que as
alterações de humor estão relacionadas,
principalmente, a forma como é conduzido o
tratamento. Nesse sentido, em algumas
pacientes a dosagem medicamentosa ao
ultrapassar a taxa normal dos hormônios
tireoidianos pode levar ao estado clínico
hipertireóidico. Assim sendo, a presença
desses hormônios acelera o metabolismo
celular, alterando o comportamento do
sistema nervoso central provocando irritação
e ansiedade, além de suor excessivo,
taquicardia, emagrecimento, pele quente,
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Tireoidectomia e o impacto na qualidade…
tremores e insônia. Portanto, efeitos da
tiroxina no sistema nervoso central têm sido
interpretados como secundários à secreção de
catecolaminas ou à potencialização de sua
ação ao nível do receptor.11
Diante dessa realidade, não se pode
esquecer que a equipe de enfermagem é
responsável pela administração dos
medicamentos aos clientes em todas as
instituições de saúde. Fato é que tal atividade
se reveste de grande importância para
profissionais e clientes envolvidos, à medida
que a experiência cotidiana é de
responsabilidade legal da equipe de
terapia aplicada ao cliente.14 Por conseguinte,
o enfermeiro é responsável pelas orientações
relativas à administração das medicações,
neste caso, as de reposição hormonal,
cabendo-lhe reforçar as precauções
necessárias para se evitar novos agravos à
saúde.
CONCLUSÃO
O estudo demonstrou que o câncer da
tireoide foi o maior responsável pelas
tireoidectomias totais, as quais desencadeiam
sintomas variados, entre esses se destacam à
irritabilidade, a ansiedade, a insônia, o
cansaço físico, as alterações no peso e para os
casos mais graves a depressão. Portanto, os
resultados desse estudo acrescido ao
conhecimento adquirido na literatura mostrou
que mulheres que realizaram tireoidectomia
total apresentaram comprometimento da sua
qualidade de vida.
Conclui-se ainda que a reposição hormonal
para pacientes tireoidectomizadas é uma
condição obrigatória, pois é necessário repor
de forma sintética os hormônios tireoidianos.
Portanto, não se pode esquecer que, como
todo medicamento, a reposição hormonal
também produz efeitos colaterais,
influenciando na qualidade de vida dessas
mulheres. Nesse sentido, faz-se necessário a
assistência integral com profissionais
responsáveis que atendam as necessidades
surgidas no cotidiano dessas mulheres. Sem
dúvida, o enfermeiro é um dos profissionais
que no uso de suas atribuições pode
esclarecer aos pacientes à importância dos
hormônios tireoidianos para o bom
funcionamento do organismo, orientando a
forma correta de administração da reposição
hormonal com objetivo de melhorar a
qualidade de vida dessas mulheres.
5397
ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.3529-29105-1-SM.0709201304

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