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CARACTERÍSTICAS GEOMETRICAS DE SUPERFICIES PLANAS

1 –CENTRÓIDES E BARICENTROS

1.1 – Introdução
Freqüentemente consideramos a força peso dos corpos como cargas concentradas
atuando num único ponto, quando na realidade o que se passa é que o peso é uma força
distribuída, isto é, cada pequena porção de matéria tem o seu próprio peso. Esta
simplificação pode ser feita se aplicarmos a força concentrada num ponto especial
denominado Baricentro. Este ponto deve ter uma distribuição de matéria homogênea em
torno de si. Terá importância também a determinação de um ponto de uma superfície e não
somente de um corpo tridimensional que terá uma distribuição homogênea de área em torno
de si. A este ponto especial chamaremos de Centróide (ou Centro de Gravidade – CG).
Demonstra-se que as coordenadas deste ponto serão obtidas, no caso geral,
tomando-se um elemento de área dA e partindo do centróide deste elemento (xel; yel)
fazemos a integração em toda a área A.

yel

xel
x

28
As coordenadas deste ponto serão:
__
x=
∫ x el ⋅ dA __
y=
∫ y el ⋅ dA
∫ dA ∫ dA
A integral ∫ x dA é conhecida como Momento Estático de 1a Ordem ou Momento

Estático de Área em relação ao eixo y. Analogamente, a integral ∫ y dA define o Momento


Estático de 1a Ordem ou Momento Estático de Área em relação ao eixo x.

1.2 – Determinação do Centróide

a – Por Integração
Escolha do elemento de área – pode-se escolher qualquer elemento de área para o
cálculo do CG. A resolução da maior parte dos problemas será possível com elemento de
área em forma de uma faixa retangular ou um setor circular. Ex.:
Retângulo
y

dx

x
xel

29
__
x=
∫ x el ⋅ dA xel = x e dA = y ⋅ dx
∫ dA
b
b b x2
__ ∫ x ⋅ y ⋅ dx ∫ x ⋅ h ⋅ dx h⋅
2 b2 1 __
b
0 0 0
x= b
= b
= b
= ⋅ → x=
h⋅x 2 b 2
∫ y ⋅ dx ∫ h ⋅ dx 0
0 0

dy

yel

__
y=
∫ y el ⋅ dA yel = y e dA = x ⋅ dy
∫ dA
h
h h y2
__ ∫ y ⋅ x ⋅ dy ∫ y ⋅ b ⋅ dy b⋅
2 h2 1 __
h
0 0 0
y= h
= h
= h
= ⋅ → y=
b⋅ y 0 2 h 2
∫ x ⋅ dy ∫ b ⋅ dy
0 0

Portanto, para o retângulo temos:


30
y

b/2 b/2

h/2

h
CG x

h/2

A partir destes resultados, toda vez que utilizarmos um elemento de área em forma
de faixa retangular colocaremos:
b b
x el = e x el =
2 2

b – Por Composição de Figuras


Muitas figuras são resultantes de soma ou diferença de outras figuras conhecidas e
para estas há um segundo método para se determinar o CG. Ex.:
y
120mm

100mm

60mm
x

31
Notamos que a figura resultante pode ser obtida pela soma de um retângulo com um
triângulo ou pela diferença de um outro retângulo e um triângulo. Faremos a opção pela
soma.
Observamos que o CG de cada figura (retângulo e triângulo) já são conhecidos, pois
foram obtidos por integração. Contudo, Estas coordenadas devem ser tomadas em relação à
origem do sistema dado.

Como trata-se de soma de figuras conhecidas, as integrais ∫ x el dA , ∫ y el dA e

__ __
∫ dA se tornam ∑ x A , ∑ y A e ∑ A .
__ __ __ __
Figura x y A xA yA
Retângulo 60 110 12000 720000 1320000
Triângulo 40 40 3600 144000 144000
∑ 15600 864000 1464000

__ __

x=∑ y=∑
__ __
x A 864000 y A 1464000
= = 55,38mm = = 93,85mm
∑ A 15600 ∑ A 15600

1.3 – Aplicações do Cálculo do CG


Teoremas de Pappus-Guldinus: para a aplicação dos teoremas torna-se necessário
definirmos:
Superfície de revolução: é uma superfície que pode ser gerada pela rotação de uma
curva plana em torno de um eixo dado.

Curva plana (reta) Superfície de revolução – casca do cone

Corpo de revolução: é um corpo que pode ser gerado pela rotação de uma área
plana em torno de um eixo fixo.

32
Área plana (triângulo) Corpo (cone)

Teorema I: a área de uma superfície de revolução é igual ao comprimento da curva


geratriz, multiplicada pela distância percorrida pelo centróide da curva durante a geração da
superfície.
Teorema II: o volume de um corpo de revolução é igual à área geratriz, multiplicada
pela distância percorrida pelo centróide da área durante a geração do corpo.

1.4 – Centróide de um Corpo Tridimensional


Analogamente ao que foi feito para áreas planas, a determinação do Centróide de
um Corpo Tridimensional pode ser obtida pelas expressões:

x=∫ y=∫ z=∫


__ __ __
x ⋅ dV y ⋅ dV z ⋅ dV
e
∫ dV ∫ dV ∫ dV

Para corpos homogêneos, isto é, os que possuem peso específico constante, o


Centróide coincide com o Baricentro. Relembremos que Centróide é um ponto com
distribuição de volume homogênea em torno de si (do ponto de vista geométrico) e
Baricentro é um ponto com distribuição homogênea de massa em torno de si (ponto onde
deve situar a força peso, que sozinha substitui o peso distribuído de cada porção de
matéria).

A integral ∫ x ⋅ dV é conhecida como Momento Estático ou Momento de Primeira


Ordem de Volume em relação ao plano yz. Analogamente, ∫ y ⋅ dV com em relação a xz

e ∫ z ⋅ dV em relação a xy.

33
No cálculo de centróide de áreas pudemos observar que figuras com eixo de
simetria possuíam o CG sobre este eixo. O mesmo se aplica para o CG de corpos
tridimensionais. Desta forma é imediato o CG de esferas, elipsóides, cubos,
paralelepípedos, etc.
Semelhante ao que foi feito para as áreas, há dois métodos para determinar o CG de
volumes: por Integração e Composição de Corpos.

34
Lista de Exercícios

1. Determinar, por integração direta, o CG das áreas abaixo:

a) Triângulo y

x
(x;y)
y = f(x) = k⋅x
h
y
CG

dx yel

xel x

b) Parábola do 2o grau

x h
2
y = f(x) = k⋅x (x;y)
CG
y
dx yel
xel x

35
2. Determinar, por composição de figuras, o CG das áreas abaixo:

a)
y

60mm

100mm

120mm x

b) y

300mm r = 100mm

x
200mm

c) y
75mm

12,50mm

100mm

x
12,50mm

36
d)
y

37,5mm
25mm
200mm 75mm

25mm
37,5mm
x
37,5mm 150mm 25mm

e)
y

r2 = 75mm

x
r1 = 50mm

f) y
r2 = 100mm r1 = 75mm

α α 50mm x

37
g)
y

r2 = 200mm
100mm
x
r1 = 250mm

3. Um cone e um cilindro de mesmo raio a e altura h estão unidos como ilustrado abaixo.
Determine a posição do centróide do corpo.

38
2. Momento de Inércia de Figuras Planas
No desenvolvimento da expressão da tensão Normal no estudo da flexão, surgem as
2 2
integrais ∫y ⋅ dS e ∫z ⋅ dS chamadas de Momento Estático de 2a ordem ou
Momento de Inércia. Estudaremos o desenvolvimento e expressões finais dessas integrais
para as figuras mais comuns.
Momento de Inércia é uma grandeza que mede a resistência que uma determinada
área oferece quando solicitada ao giro em torno de um determinado eixo. Normalmente
representamos pelas letras I e J. Assim a resistência que a Figura 1 oferece ao giro em torno
2
do eixo z é representada por J z = ∫ y ⋅ dS e em torno do eixo y é representada por

J y = ∫ z 2 ⋅ dS , onde dS é um elemento de área da Figura 5.1, z é a distância do elemento


de área ao eixo y e y é a distância do elemento de área ao eixo z.

y
z

dS
S
y

O z

Da mesma maneira que fizemos para os Momentos Estáticos de 1a ordem (cálculos


de Centro de Gravidade), desenvolveremos as integrais para as figuras comuns, retângulo,
triângulo, parábola e círculo. A escolha do elemento de área adequado facilita a resolução
das integrais. Deve-se utilizar um elemento de área que eqüidiste do eixo em torno do qual
se calcula o Momento de Inércia.

39
• Retângulo
y

b b
dz z3 h ⋅ b3
J y = ∫ z 2 ⋅ dS = ∫ z 2 ⋅ h ⋅ dz = h ⋅ ⇒ Jy =
0 3 0
3
h dS = h⋅dz

z z
b

dS = b⋅dy
dy h h
2 2 y3 b ⋅ h3
J z = ∫ y ⋅ dS = ∫ y ⋅ b ⋅ dy = b ⋅ ⇒ Jz =
h 0 3 0
3
y

z
b

• Triângulo
y=h−
h
⋅z → z =
(h - y ) ⋅ b
y
b h y y=h−
h
⋅z → z =
(h - y ) ⋅ b
dS = z⋅dy b h

h dS = y⋅dz
h
dy y
dz
b z
z z
b

40
h
h
b(h − y )  b ⋅ y3 b ⋅ y 4  b ⋅ h3
 ⇒ J z = 12
2 2
J z = ∫ y ⋅ dS = ∫ y ⋅ ⋅ dy =  −
0 h  3 4h 0
b
b
 h   h ⋅ z3 h ⋅ z 4  h ⋅ b3
 ⇒ J y = 12
2 2
J y = ∫ z ⋅ dS = ∫ z ⋅  h − z  ⋅ dz =  −
0  b   3 4b 0
2.1. Teorema dos Eixos Paralelos
Freqüentemente necessitamos do momento de inércia de uma área em relação a um
eixo qualquer (este eixo será qualquer para a figura em si, mas especial para a seção da qual
a referida figura faz parte). para evitar o cálculo constante de integrais, desenvolveremos
uma expressão para o cálculo do momento de inércia em relação a este eixo qualquer a
partir do valor do momento de inércia em relação a outro eixo, já conhecido.

dS
y'
B B
CG
y
d

A A

2
J AA = ∫ y 2 ⋅ dS = ∫ (y'+ d ) ⋅ dS

J AA = ∫ y'2 ⋅dS + 2d ⋅ ∫ y' ⋅ dS + d 2 ⋅ ∫ dS


2
A integral ∫ y' ⋅dS já é conhecida. Como o eixo BB é o horizontal que contém o
CG, esta integral é chamada Jz.

A integral ∫ y'⋅dS é igual a zero pois refere-se ao CG.

A integral ∫ dS resulta a área S.

Portanto:

J AA = J BB + d 2 ⋅ S

41
Sendo d a distância de eixo a eixo.
Para eixos horizontais teremos:

Jz = Jz + d2 ⋅ S
CG

Jy = Jy + d2 ⋅ S
CG

• Retângulo

h/2
h
CG h/2
b ⋅ h3 h2 b ⋅ h3
b
z J z = J z CG 2
+d ⋅S → = J z CG + ⋅ b ⋅ h ⇒ J z CG =
3 4 12
y
b/2 b/2

h
CG
h ⋅ b3 b2 h ⋅ b3
J y = J y CG 2
+d ⋅S → = J z CG + ⋅ b ⋅ h ⇒ J y CG =
b
z 3 4 12

• Tritângulo
y

2h/3
h
CG h/3
b z

42
b ⋅ h3 h2 b ⋅ h b ⋅ h3
J z = J z CG 2
+d ⋅S → = J z CG + ⋅ ⇒ J z CG =
12 9 2 36

y
b/3 2b/3

h
CG
b z

h ⋅ b3 b2 b ⋅ h h ⋅ b3
J y = J yCG +d ⋅S → 2
= J z CG + ⋅ ⇒ J y CG =
12 9 2 36

3. Momento Polar de Inércia


No estudo da torção em peças cilíndricas terá grande importância a integral
2
∫ r ⋅ dS , que é chamada de Momento Polar de Inércia. É utilizada quando houver

solicitação em torno de um eixo (na seção estudada teremos um ponto = Pólo).

dS

r y

Temos que:

(
J 0 = J p = ∫ r 2 ⋅ dS = ∫ z 2 + y 2 ⋅ dS )
J 0 = J p = ∫ z 2 ⋅ dS + ∫ y 2 ⋅ dS
43
J0 = Jp = J z + J y

A terceira figura importante para a qual precisamos dos valores dos Momentos de
Inércia é o Círculo. A dedução mais simples é a de J0.

J 0 = J p = ∫ u 2 ⋅ dS
y
dS = 2π ⋅ u ⋅ du
r
du
J 0 = ∫ u 2 ⋅ 2π ⋅ u ⋅ du
u 0

r z r
J 0 = 2π ⋅ ∫ u 3 ⋅ du
0

π r4
J0 = Jp =
2
Em função da simetria, podemos concluir que para o círculo os valores de Jz e Jy são
iguais. Como o ponto O é o encontro dos eixos z e y, teremos:

J0 = Jz + J y

π ⋅ r4
= J z + J y = 2 ⋅ Jz (pois Jz = Jy)
2

Portanto, para o círculo teremos:

π r4 π r4 π r4
Jz = Jy = J0 = Jp =
4 4 2

Ou, escrevendo em função do diâmetro:

44
π d4 π d4 π d4
Jz = Jy = J0 = J p =
64 64 32
Figuras Circulares

dS (z ; y) z2 + y2 = r 2
r y = r ⋅ sen θ
θ
z z = r ⋅ cos θ
dS = 2 ⋅ z ⋅ dy
dy = r ⋅ cos θ ⋅ dθ

J z = ∫ y 2 ⋅ dS = ∫ y 2 ⋅ 2 ⋅ z ⋅ dy
J z = ∫ r 2 ⋅ sen 2θ ⋅ 2 ⋅ r ⋅ cos θ ⋅ r ⋅ cos θ ⋅ dθ
-- --
4 2 2
J z = 2 ⋅ r ⋅ ∫ sen θ ⋅ cos θ ⋅ dθ ⇒ J z = 2 ⋅ r ⋅ ∫ sen 2θ ⋅ cos 2θ ⋅ dθ
4

-- --
−−
4  θ sen4θ 
Jz = 2 ⋅ r ⋅  −
8 32  − −
π π
Para descrever o círculo θ deve variar de − a + .
2 2
4  π  π  π r4
J z = 2 ⋅ r ⋅  −  −  ⇒ Jz =
16  16  4
π π r4
Para o semi-círculo θ deve variar de θ a + . Então Jz =
2 8

45
π
Para o quarto de círculo θ deve variar de 0 a + e o elemento de área deve
2
π r4
ser dS = z ⋅ dy . Então Jz =
16

Resumindo teremos:

π r 4 π d4
z Jz = J y = =
4 64

π r 4 π d4
z
Jz = J y = =
8 128

π r 4 π d4
z Jz = J y = =
16 256
3.1. Teorema dos Eixos Paralelos

• Círculo: os valores obtidos já são em relação aos eixos que passam pelo Centro de
Gravidade.

• Semi-Círculo:

J z = J z CG + d 2 ⋅ S
2
π r4 4⋅r π r
2
= J z CG +   ⋅
8  3 π  2
46
π 8 
J z CG = r 4  −  = 0,1097569 ⋅ r
4

8 9 π

• Quarto de Círculo:

J z = J z CG + d 2 ⋅ S
2
π r4 4⋅r π r
2
= J z CG +   ⋅
16  3π  4
π 4 
J z CG = r 4  −  = 0,0548784 ⋅ r
4

 16 9 π 

4. Produto de Inércia
É definido com a integral ∫ z ⋅ y ⋅ dS obtida multiplicando-se cada elemento de

área dS de uma área S por suas coordenadas z e y em relação aos eixos coordenados z e y e
integrando sobre a área.
Ao contrário dos Momentos de Inércia Jz e Jy, o Produto de Inércia pode ser
positivo, negativo ou nulo e não tem significado físico. Será útil mais tarde para a
determinação dos próprios Momentos de Inércia. É indicado pela abreviação Jzy.
y

dS
S
y

Calculando J zy = ∫ z ⋅ y ⋅ dS para as figuras mais comuns temos:

47
• Retângulo:
y b
z= y=y dS = b ⋅ dy
2
CG J zy = ∫ z ⋅ y ⋅ dS
z h
h
bh
b2  y2 
y J zy = ∫ ⋅ y ⋅ b ⋅ dy = ⋅  
02 2  2 0
Z b2 ⋅ h 2
b J zy =
4

• Triângulo:
Há quatro posições para os triângulos. Desenvolveremos uma delas.

y h  z
y = − ⋅ z + h = h 1 − 
b  b
dS = y⋅dz
h

dz

z z
b

y
z=z y=
2
b
y 1b
J zy = ∫ z ⋅ y ⋅ dS = ∫ z ⋅ ⋅ y ⋅ dS = ∫ z ⋅ y 2 ⋅ dS
0 2 20
1b 2 2z z 2  h2  2z 2 z3 
b
J zy = ∫ z ⋅ h 1 - + 2  dz = ∫  z − b + 2  dz
20  b b  2 0 b 

h 2  b 2 2b3 b 4  h 2  b 2 2b 2 b 2 
J zy =  − + 2  =  − + 
2  2 3b 4b  2  2 3 4

48
h 2  (6 - 8 + 3) b 2  b2 ⋅ h 2
J zy =   ⇒ J zy =
2 12  24

4.1. Teorema dos Eixos Paralelos


De forma semelhante ao que fizemos com os Momentos de Inércia teremos:

y
z
y
d2 z’

dS
y’

CG z
y
S
d1

O z

z = z' + d 2
y = y ' + d1
J zy = ∫ z ⋅ y ⋅ dS
J zy = ∫ (z'+d 2 ) ⋅ (y'+d1 ) ⋅ dS
J zy = ∫ d1 ⋅ d 2 ⋅ dS + d1 ⋅ ∫ z'⋅dS + d 2 ⋅ ∫ y'⋅dS + ∫ z'⋅y'⋅dS
J zy = J zy CG + d1 ⋅ d 2 ⋅ S

49
Aplicando para cada uma das figuras principais teremos:
• Retângulo:

y
yCG
b/2

J zy = J zy CG + d1 ⋅ d 2 ⋅ S
CG
h zCG b2 ⋅ h 2 b h
= J zy CG + ⋅ ⋅ b ⋅ h
4 2 2
h/2
J zyCG = 0
Z
b

• Triângulo:
y
yCG
b/3

h
CG
zCG
h/3
z
b

b2 ⋅ h 2 b h b⋅h
J zy = J zy CG + d1 ⋅ d 2 ⋅ S ⇒ = J zy CG + ⋅ ⋅
24 3 3 2
b2 ⋅ h2
J zyCG =−
72

50
5 – Momentos de inércia de uma área em relação a eixos inclinados
Muitas vezes é necessário calcular os momentos e o produto de inércia Ix’, Iy’ e Ix’y’ para
uma área em relação a um par de eixos u e v inclinados em relação aos eixos x e y , sendo
os valores de θ , Ix, Iy e Ixy conhecidos. Para isso utilizaremos as equações de transformação
que relacionam as coordenadas x, y e x’ e y’.
y dA
y'

A
θ θ
x'
y
θ
y'
x
x

x'

x' = x cos(θ ) + y sen(θ )


y ' = y cos(θ ) − x sen(θ )

Sabendo-se que :
I x ' = ∫ y ' 2 dA

I y ' = ∫ x' 2 dA
I x ' y ' = ∫ x' y ' dA

Substituindo x’ e y’ na expressão acima, tem-se:


I x ' = ∫ ( y cos(θ ) − x sen(θ )) 2 dA

I y ' = ∫ ( x cos(θ ) + y sen(θ )) 2 dA


I x ' y ' = ∫ ( y cos(θ ) − x sen(θ ))( x cos(θ ) + y sen(θ ))dA

Expandindo cada expressão e lembrando que

51
I x = ∫ y 2 dA

I y = ∫ x 2 dA
I xy = ∫ xydA

obtem-se
I x ' = I x cos 2 θ + I y sen 2 θ − 2 I xy sen θ cosθ
I y ' = I x sen 2 θ + I y cos 2 θ + 2 I xy sen θ cosθ
I x ' y ' = I x sen θ cosθ − I y sen θ cosθ + I xy (cos 2 θ − sen 2 θ )

Simplificando estas equações utilizando as identidades trigonométricas


sen 2θ = 2 sen θ cos θ
cos 2θ = cos 2 θ − sen 2 θ
resulta:

Ix + Iy Ix − Iy
I x' = + cos 2θ − I xy sen 2θ
2 2
Ix + Iy Ix − Iy (1)
I y' = − cos 2θ + I xy sen 2θ
2 2
Ix − Iy
I x' y ' = sen 2θ + I xy cos 2θ
2
Se a primeira e a segunda equações forem somadas, pode-se mostrar que o momento polar
de inércia em relação ao eixo z que passa pelo ponto O é independente da orientação dos
eixo x’ e y’, ou seja:
I 0 = I x' + I y' = I x + I y

Momentos principais de inércia


As equações (1) mostram que Ix’, Iy’ e Ix’y’ dependem do ângulo de inclinação V dos
eixos x’e y’. Deseja-se determinar agora a orientação desses eixos para os quais os
momentos de inércia da área, Ix’ e Iy’ são extremos, isto é, máximo e mínimo. Este par de
eixos em particular é chamado de eixos principais de inércia e os correspondentes
momentos de inércia em relação a eles são os chamados momentos principais de inércia .
Em geral existe um par de eixos para cada origem O escolhida. Nos projetos estruturais e
mecânicos de um elemento, a origem O é geralmente localizada no centróide da área de
seção reta.

52
O ângulo θ=θp que define a orientação dos eixos principais da área pode ser obtido por
derivação da primeira das equações (1) em relação a θ , impondo-se resultado nulo.
dI x ' Ix − Iy
= −2 sen 2θ − 2 I xy cos 2θ = 0
dθ 2
Assim, em θ=θp
I xy
tan 2θ p = −2 (2)
(I x − I y )

Essa equação possui duas raízes θp1 e θp2 defasadas de 90 º e estabelecem a inclinação dos
eixos principais. De forma a substitui-las nas equações (1) devemos inicialmente obter o
seno e o cosseno de 2 θp1 e 2θp2 o que pode ser feito pela relação (2) em associação com a
identidade trigonométrica sen 2 2θ p + cos 2 2θ p = 1 . Obtem-se dessa forma:

Para θ p1

− I xy
sen 2θ p1 = 2
 Ix − Iy 
  + I xy 2
 2 
 Ix − Iy 
 
2
cos 2θ p1 = 
2
 Ix − Iy 
  + I xy 2
 2 
Para θ p 2

I xy
sen 2θ p 2 = 2
 Ix − Iy 
  + I xy 2
 2 
 Ix − Iy 
−  
2
cos 2θ p 2 =  
2
 Ix − Iy 
  + I xy 2
 2 
Substituindo esses dois pares de relações trigonométricas nas equações (1) e simplificando
tem-se:

53
2
Ix + Iy  Ix − Iy 
I max = I 1 = ±   + I xy 2
min 2 2  2 
I 12 = 0

54
Lista de Exercícios

1. Calcular os valores de Jz e Jy em relação ao sistema de eixos que passa pelo CG da


seção.

a) y
5 3 5

(cm)
18

55
b)
y

5 5
3

(cm)
18

8 5 8 z

2. Determine o produto de inércia (Jzy) para as figuras abaixo.

a) y

z dz
h-y
h
CG y

b z

56
b)
y

z dz

CG h-y
h

b z

c) y

z dz

CG h-y
h

b z

3. Determine o valor de J zyCG para as figuras abaixo.

a)
y

yCG
2b/3

h
CG
zCG
h/3
57
b z
b)
y

yCG
2b/3

zCG
CG
h
2h/3

b z

c) y
yCG
b/3

zCG
CG
h
2h/3

b z

58

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