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A paixão é efêmera?

Só depois que ela termina


é que começa o amor.”?

Vivemos em um tempo “moderno”, onde vemos a


superficialidade nos relacionamentos afetivos. Nota-se que
não há laços profundos, e no fim, não se vive experiências
afetivas de forma positiva. A superficialidade começa no
simples “ficar”, mas também fica explícita no enorme índice
de divórcios, e finais de relações não oficiais.
Já ouvi vários relatos de quem já amou em demasia, já
teve seu coração pulando pela boca e mergulhou em
oceanos de paixões, de onde sempre demorava a emergir.
E que depois de amarem mudaram o seu discurso, e
passaram a dizer que para ser feliz é preciso “amar a si
mesmo e proteger-se”. Tais pessoas passaram a acreditar
que o melhor romance é aquele com data programada para
terminar.
-“ A paixão é algo efêmero e que passa... A paixao é
compulsiva, exigente, apressada. Ela é cega e surda. A
paixão sufoca, envolve, aprisiona.”

No fundo, esse discurso só revela o medo da


desestabilização que a paixão costuma provocar. É uma
fala que condena a paixão a algo frívolo e irresponsável. E
por outro lado, elevar a importância do amor a si mesmo,
revela uma ideologia que valoriza a estabilidade e despreza
a força do desejo, e tudo o que ele traz de
imprevisibilidade.

Certamente paixão e amor são sentimentos que se


misturam... A paixão só é estéril quando está a serviço do
narcisismo. É o caso dos que se apaixonam
compulsivamente e precisam se sentir adorados para
combater a fragilidade de sua auto-estima, mas nunca
conseguem construir uma relação - para esses, o outro é só
um instrumento."

É natural, no início de uma relação acontecer aos


envolvidos de estarem apaixonados, mas na sequencia, a
paixão se acabar e os dois se separarem ou até mesmos a
paixão se transformar em amor.

"A paixão, como descrita pela ciência, é um estado


fisiológico, com sintomas psíquicos e físicos, em que há
uma intensa atividade cerebral e hormonal muito
semelhante à do vício por uma droga, como a cocaína. O
julgamento crítico, o discernimento, e a racionalidade em
relação ao parceiro estão muito reduzidos, especialmente
nos primeiros meses." É assim que a médica Cibele
Fabichak, autora de "Sexo, amor, endorfinas e bobagens"
(Ed. Novo Século), define o estado de enlevo que se apossa
dos amantes de forma avassaladora, mas tem prazo para
acabar: no máximo quatro anos.

Devemos deixar que os relacionamentos afetivos


aconteçam de forma natural, podendo se acabar ou não.
Proteger-se contra sentimentos profundos, por medo de
sofrer não gera maturidade, mas simplesmente
superficialidade . O amor é dar, proteger, desejar o melhor
para o outro (mesmo que o melhor seja se afastar para lhe
dar espaço).

Rosemeire Valéria

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