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Termo de Referência para

atuação em Design
Ed. 12 | Ano: 2011
http://sebr.ae/sp/trdesign
Créditos
Conselho Deliberativo Diretor-Superintendente
Bruno Caetano
Presidente
Alencar Burti (ACSP) Diretores Operacionais
Ricardo Tortorella
ACSP - Associação Comercial de São Paulo Regina Maria Borges Bartolomei
ANPEI - Associação Nacional de Pesquisa,
Desenvolvimento e Engenharia Autores
das Empresas Inovadoras Cyntia Malaguti
Nossa Caixa - Agência de Fomento do Estado de Ary Scapin Jr.
São Paulo
FAESP - Federação da Agricultura e Pecuária Coordenação
do Estado de São Paulo Ary Scapin Jr.
FIESP - Federação das Indústrias do Estado
de São Paulo Apoio técnico
FECOMERCIO - Federação do Comércio de Bens, Marcelo Costa Barros
Serviços e Turismo do Estado de São Paulo Patrícia de Mattos Marcelino
ParqTec - Fundação Parque Tecnológico
de São Carlos Projeto gráfico, diagramação e revisão
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado br4.cgn
de São Paulo
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro Impressão:
e Pequenas Empresas Modelo Artes Gráficas Ltda
SINDIBANCOS - Sindicato dos Bancos do Estado
de São Paulo
CEF - Superintendência Estadual da Caixa
Econômica Federal
BB - Diretoria de Distribuição São Paulo - DISAP
Índice
8 Apresentação

10 1. As bases conceituais do Design


12 1.1 As variáveis relacionadas ao Design
13 1.2 O campo de atuação do Design
15 1.3 O espectro da contribuição do Design nas empresas
16 1.4 O processo do Design
18 1.5 O Design estratégico

19 2. O Design no mundo empresarial


21 2.1 As origens do Design Management
23 2.2 A “escada do Design”
24 2.3 Objetivos e níveis da gestão do Design

25 3. O Design inserido no conceito de inovação


26 3.1 Inovação e negócios
29 3.2 Inovação e gestão
30 3.3 O Design Thinking

33 4. O Design inserido no conceito de economia criativa

37 5. O Design inserido no conceito de sustentabilidade


Índice (continuação)

6. A promoção do Design junto aos pequenos negócios 43


6.1 Contexto nacional 44
6.1.1 As micro e pequenas empresas e o Design 44
6.1.2 O Design na política nacional 46
6.1.3 Apoio financeiro 49
6.2 Contexto internacional 52
6.2.1 Design, inovação e competitividade 53
6.2.2 As vertentes principais de atuação dos centros de Design analisados 55
6.2.3 As iniciativas para pequenas e microempresas 59

7. O conceito do Design para o SEBRAE-SP 66


7.1 Pressupostos estratégicos de atuação 70
7.2 Recomendações para a estruturação de atendimentos 71

Referências Bibliográficas 72

Anexos 75
Apresentação

APRESENTAÇÃO
08
Apresentação

Com o Termo de Referência de Design, o SEBRAE colaborar com o processo de inserção do Design
SP apresenta de forma pública e transparente, na vida cotidiana dos pequenos negócios.
os critérios e parâmetros que servirão de base
e referência para sua atuação junto ao universo Trata-se de um documento que propõe subsidiar
empresarial dos pequenos negócios. Este Termo nossos colaboradores internos com conhecimento
de Referência, além de delinear um breve panora- que possibilite a geração de massa crítica para
ma conceitual da atividade, apresenta também um as tomadas de decisões, para orientações e para
olhar sobre as tendências nacionais e internacio- o vislumbre de oportunidades de atuação que
nais de incentivo aos empresários na utilização do estejam alinhadas às prioridades de atuação do
Design como uma ferramenta de gestão. Pretende SEBRAE-SP. Temos ciência de que este Termo
assim, possibilitar a inclusão de características de Referência de Design tornará mais eficiente
inovadoras e sustentáveis, tanto à estratégia de e eficaz a proposta do SEBRAE-SP em atender aos
micro e pequenas empresas, quanto ao ciclo de pequenos negócios a partir do desenvolvimento de
vida de produtos ou serviços a elas relacionados. soluções adequadas e pertinentes ao fomento da
competitividade e perenidade das empresas.
Com ele, o SEBRAE-SP posiciona-se frente à de-
manda de mercado para as questões do Design, Entendemos que o universo do Design interage
norteando o seu corpo técnico para a prestação fortemente com o universo dos pequenos negócios
de serviços que deverão atender às necessidades e que ambos evoluem a partir da volatilidade do
de seu público-alvo de forma coerente e precisa. mundo contemporâneo frente às oportunidades de
O intuito desta publicação é fornecer subsídios negócios e às mudanças comportamentais da hu-
para que possamos compor um portfólio de manidade. Assim, ressaltamos a importância deste
produtos e serviços específicos para a área do documento vir a acompanhar o processo de atua-
Design, desenvolvendo cursos, papers, palestras, ção do SEBRAE-SP no atendimento às demandas
workshops, consultorias, entre outros, definir cri- oriundas destes universos, e que o mesmo possa
térios para o diálogo com parceiros e fornecedo- ser atualizado constantemente a fim de estar sem-
res, além de evidenciar as entidades que possam pre alinhado às necessidades do mercado.

09
As bases conceituais do Design

CAPÍTULO 1
AS BASES COnCEITuAIS DO DESIgn

10
As bases conceituais do Design

As bases conceituais do Design

Apesar de ser uma atividade consolidada no País Segundo o ICSID, Conselho Internacional de So-
há muitos anos, o conceito do Design, muitas ciedades de Desenho Industrial (2003):
vezes não é compreendido em sua integridade.
Philip Kotler (2003), referência internacional do “O Design é uma atividade criativa cuja finalidade é
marketing, afirmou que “o Design é uma gran- estabelecer as qualidades multifacetadas de objetos,
de ideia que abrange o Design de produtos, processos, serviços e seus sistemas, compreenden-
o Design de serviços, o Design gráfico e o Design do todo seu ciclo de vida. Portanto, o Design é fator
de ambientes. O Design fornece um conjunto de central da humanização inovadora de tecnologias e
ferramentas e conceitos para o desenvolvimento fator crucial para o intercâmbio econômico e cultural.”
de produtos e serviços de sucesso.”. Entretanto,
ele admite que poucos sabem o que é o Design, Por sua vez, segundo o ICOgRADA, Conselho Inter-
de fato, e o seu valor; quando muito, alguns nacional de Associações de Design gráfico (2007):
empresários consideram que o Design é estilo.
Kotler ressalta ainda que, embora o estilo ou “O Design de comunicação é uma atividade inte-
aparência sejam muito importantes na atrativi- lectual, técnica e criativa dedicada não somente
dade e diferenciação entre marcas, produtos, à produção de imagens, mas à análise, organi-
embalagens e serviços, o Design contempla zação e métodos de apresentação de soluções
outros aspectos fundamentais como: facilidade visuais para problemas de comunicação.”
de produção, montagem, aprendizagem e uso,
manutenção e disposição final. Portanto, seja de um ponto de vista externo, do ma-
rketing, seja pela visão das duas principais organiza-
Embora tal afirmação feita já justifique a im- ções internacionais que representam o setor, o Design
portância crescente que tem sido atribuída ao é considerado como uma atividade criativa e estraté-
Design como ferramenta para agregar valor aos gica de concepção e configuração de soluções para
negócios e, portanto, de competitividade para problemas de comunicação, produtos, processos,
micro e pequenas empresas, a visão que o pró- serviços ou sistemas que os integrem, que visa não
prio setor tem sobre sua atividade constitui-se apenas a aparência, mas também a funcionalidade,
elemento-chave para melhor compreensão de a viabilidade técnica e econômica, a adequação am-
sua essência. biental, sociocultural e humana da inovação.

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As bases conceituais do Design

1.1 As variáveis relacionadas ao Design

Procurando dar conta das diferentes variáveis Em busca de uma síntese sobre como tais variáveis
envolvidas no processo do Design, Bernd Löbach se articulam, vale a pena citar, finalmente, a definição
(2000), discorrendo sobre o Design de produ- de “Bom Design” do Conselho Britânico de Design:
tos, considera que a percepção, a compreensão
e as relações das pessoas com o mundo dos ob- “O Bom Design é o Design sustentável.
jetos ocorrem em três dimensões, a que chama Resulta em objetos, sistemas ou serviços
de “funções”: a prática, a estética e a simbólica. que trabalham de modo estético, funcional
A primeira se relaciona aos aspectos fisiológicos e comercial, melhorando a vida das pesso-
do uso; a segunda, à percepção sensorial, mui- as e provocando o menor impacto possível
tas vezes mais atuante no momento da compra; no planeta.
e a terceira, por sua vez, às ligações estabelecidas
com experiências e sensações anteriores, ou seja, É um processo...
aspectos espirituais, psíquicos e sociais do uso. O Bom Design é um verbo, não um substan-
Segundo Löbach, em certas categorias de objetos, tivo. Pressupõe uma sequência de passos
algumas dimensões são mais enfatizadas, mas, onde um problema é definido, uma solução
em linhas gerais, todas elas devem ser atendidas. é descoberta e é transformada em realidade.

Focando no produto final resultante do processo ...que une criatividade e inovação...


de projeto, Dieter Rams (1995), que representa A criatividade gera ideias e a inovação as ex-
uma corrente racionalista do Design, estabeleceu plora. O Bom Design conecta ambas. Ele leva
o que chamou de dez princípios do Bom Design, ideias ao mercado, configurando-as para
referindo-se às qualidades consideradas funda- que se tornem propostas atrativas e práticas
mentais. Assim, na ótica Rams, o Bom Design: para clientes ou usuários.

• É inovador, estético, discreto, honesto e durável. ...e entrega valor.”


• É completo até o último detalhe. O Bom Design é um benefício quantificável,
• Torna o produto útil e compreensível. não um custo. Seu valor pode ser medido
• Respeita o meio ambiente. nos âmbitos: econômico, social e ambiental
• Tem o mínimo de Design possível. (The good Design Plan/uK, 2007).

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As bases conceituais do Design

1.2 O campo de atuação do Design

O Design é uma atividade transversal, que pode ser e de transporte (frascos, vidros, containers, cai-
aplicada virtualmente a todos os setores produtivos, xas e pallets) - mais ligadas ao Design de produto.
desde o de agronegócios até o de serviços, abrangen-
do os diferentes segmentos da indústria e do comér- • DESIGN DE MODA
cio. As subdivisões mais tradicionais do Design são: Joias, roupas, bolsas, calçados e acessórios.

• DESIGN GRÁFICO, PROGRAMAÇÃO VISUAL • DESIGN DE INtERIORES


OU COMUNICAÇÃO VISUAL Espaços, postos e estações de trabalho, chão
Identidade visual e corporativa, Design da in- de fábrica, pontos de venda, vitrines, feiras
formação, editorial, de superfície e de estam- e eventos, recepção e áreas de circulação.
paria, Design digital (web, interação e games),
sinalização, tipografia, material promocional A inserção do Design em uma empresa, inde-
e de divulgação etc. pendente do seu porte, necessariamente pressu-
põe o desenvolvimento de soluções em mais de
• DESIGN INDUStRIAL OU DE PRODUtO uma dessas áreas, que deverão ser encadeadas
Mobiliário, objetos de uso pessoal, utensílios e guardar sintonia com a estratégia empresarial 2,
domésticos e de decoração, eletrodomésticos conforme já foi mencionado.
e eletroeletrônicos, iluminação, acessórios de
construção civil, transportes, mobiliário urbano, Recentemente algumas áreas do Design têm se
máquinas e ferramentas, jogos e brinquedos, ma- expandido muito, como por exemplo: o Design di-
terial esportivo, produtos médico-hospitalares etc. gital, em decorrência da difusão da internet e do
e-business; o Design de embalagem, em função da
• DESIGN DE EMBALAGEM 1 globalização da economia, do fortalecimento dos
Rótulos, cartonados e flexíveis - mais relaciona- grandes conglomerados, da integração de micro
dos ao Design gráfico; embalagens de consumo e pequenas empresas às cadeias de suprimentos

1
Existem controvérsias quanto a considerar-se o Design de embalagem como um campo específico de atuação. no entanto, para
efeito deste documento, adotou-se esta subdivisão, pelo fato de representar uma demanda típica das pequenas e microempresas.

2
Alguns classificam o Design estratégico como uma das subdivisões da atuação do Design. Considerou-se inadequado tal proce-
dimento uma vez que o critério de classificação adotado aqui foi o agrupamento por objeto de atuação. O Design estratégico é uma
abordagem, que pode incluir atividades em diferentes subdivisões, e será tratado mais adiante. O mesmo ocorre com o Design de
serviços, que define um setor da economia para atuação.

13
As bases conceituais do Design

(em especial a do agronegócio) e das questões de ráveis”, onde a memória da experiência vivida
logística associadas; e o Design de serviços 3. em si se transforma no produto. Em tal contex-
to o Design de serviços pode ser definido como
Este último em especial, a partir do fortalecimen- “um método de configuração de experiências que
to do setor de serviços e da percepção, por parte atinjam as pessoas por meio de vários pontos de
das empresas de qualquer setor, de que a satis- contato, e que ocorrem continuamente” (Live|Work
fação do cliente depende de uma interação mais Design Studio, on line). Pode ser tangível ou in-
contínua com ele, que ultrapassa o fornecimento tangível, envolvendo artefatos e também sistemas
de um produto ou serviço em si, tem desperta- de comunicação, ambientes de interação e com-
do muito interesse pela contribuição do Design portamento relacional. Seja qual for o conjunto de
às empresas. Vincula-se, de certa maneira, ao aspectos trabalhado, o objetivo do Design de ser-
termo “economia da experiência”, difundido por viços é tornar o serviço prestado consistente, fácil
Joseph Pine II e James H. gilmore, que preconiza de usar do ponto de vista do cliente, diferencia-
a importância fundamental de que as empresas do do ponto de vista do fornecedor e associá-lo
proporcionem aos seus clientes “eventos memo- à estratégia empresarial.

3
O mesmo ocorre com o Design de serviços, que define um setor da economia para atuação.

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As bases conceituais do Design

1.3 O espectro da contribuição do Design nas empresas

Tomando-se como referência o campo de atuação • Cenários de uso para produtos, assim como
do Design aqui apresentado, poderia se pensar que definição de conceitos e detalhes técnicos e for-
sua contribuição se limitaria ao desenvolvimento mais, tais como: acabamento, cores, texturas
de novos sistemas de identidade corporativa, pro- e grafismos.
dutos ou serviços. Bonsiepe (1997), no entanto, • Participação na seleção de materiais.
ressalta que a contribuição do Design pode ser • Avaliação do impacto ambiental para desen-
compreendida de modo um pouco mais sistêmico, volvimento de produtos ambientalmente mais
contemplando a participação ou coordenação de adequados.
atividades de amplitudes, níveis e naturezas dife- • Análise do perfil da empresa e de seu nicho de
rentes, tais como: atuação para desenvolvimento ou revisão de
programas de identidade corporativa.
• Análise de tendências, pesquisa de mercado • Análise do chão da fábrica e de desperdícios
e análise de testes com usuários. para realização de melhorias em postos de tra-
• Redesign ou Design de novos produtos, de com- balho, otimização de processos por meio da pa-
ponentes, ou de todo o portfólio de produtos ou dronização de componentes, redução de etapas
serviços da empresa. de fabricação etc.

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As bases conceituais do Design

1.4 O processo do Design

O processo do Design caracteriza-se principalmente pela organização de etapas que visam garantir o correto
atendimento às demandas apresentadas pelos clientes e às necessidades dos usuários/consumidores.
Atualmente, além desses dois intervenientes no processo, é de fundamental importância que se atendam
também as questões ambientais e sociais.

O início do processo normalmente é definido a partir de um briefing 4 estabelecido pelo cliente. Este provém
de demandas internas e deve chegar ao designer de modo claro e completo. É de extrema importância
que o briefing seja feito por escrito e discutido em conjunto com a equipe de projeto.

O designer, em posse deste documento, procura avaliar as solicitações encaminhadas, de modo a dar a melhor
resposta ao cliente e atender adequadamente a todas as questões envolvidas nesse processo.

uma vez estabelecido o briefing, tanto cliente quanto equipe de projeto têm em mãos um documento que
pautará todas as decisões subsequentes, assim como o próprio contrato de prestação de serviços entre
as partes, contendo aspectos legais, valores, prazos e expectativas de ambas as partes. Alterações no
briefing feitas pelo cliente com o projeto em execução normalmente são consideradas como um novo
projeto, pois demandam retomar etapas iniciais, ou pode ser cobrado um valor adicional para contemplar
as novas demandas.

4
Briefing: conjunto de ideias que possibilita à equipe de trabalho compreender e mensurar o projeto. nele, é especificado qual o
produto a ser desenvolvido, qual o seu conceito, para quem se destina e os recursos produtivos (http://sobredesign.wordpress.
com/2007/06/27/briefing-o-que-e-como-fazer/ - Acesso em 03.out.2011).

16
As bases conceituais do Design

Podemos identificar três principais fases no processo de Design (Coelho, 1999):

FASE 1 - ANALÍtICA, DE PESQUISA OU PROBLEMAtIZAÇÃO

Consiste na análise da demanda apontada pelo cliente e no levantamento de dados relativos ao problema
a ser resolvido, o que pode incluir pesquisas de campo, pesquisa de mercado, pesquisa com usuários,
levantamento bibliográfico, entre outros procedimentos. O principal objetivo desta etapa é dar ao designer
e sua equipe informações adequadas para o desenvolvimento do projeto.

FASE 2 - CRIAtIVA OU DE DESENVOLVIMENtO

Consiste no estabelecimento de requisitos de projeto que possam servir de balizamento para o desenvol-
vimento de soluções. As soluções intermediárias propostas nessa fase devem ser comunicadas ao cliente,
de modo que este possa compreender como será o produto final.

FASE 3 - ExECUtIVA

São apresentadas ao cliente simulações de aplicação da solução final que permitam ao mesmo avaliar
e decidir sobre a implementação do processo. Eventuais equívocos em relação à solução final apre-
sentada devem ser discutidos e revisados pela equipe de projeto, de comum acordo entre as partes.
nesta etapa, é comum que sejam apresentados layouts em formato físico ou digital, modelos de aparência
em escala natural ou reduzida, modelos funcionais ou simulações digitais.

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As bases conceituais do Design

1.5 O Design estratégico

A expressão Design estratégico eviden- Para que a combinação entre Design e estraté-
cia uma abordagem do Design que procura gia empresarial ocorra de forma efetiva, segundo
combinar Design com estratégia empresarial. Magalhães (1997, p. 28), o emprego do Design
A ênfase principal aqui é a habilidade de proje- deve atender às seguintes condições:
tar produtos e serviços inovadores, abrangen-
do todo o sistema-produto. Envolve o estudo • Integrar a estratégia de comunicação da filosofia
do posicionamento da empresa, a construção da empresa: estabelecimento de uma política
de cenários, o projeto do processo - em ativi- de Design, partindo do nível decisório mais alto da
dades multidisciplinares e de acordo com as empresa e envolvendo todas as áreas pertinentes.
competências necessárias - e ainda o projeto • Focar na catalização e na síntese de conheci-
do significado, da forma e do percurso de mar- mentos e informações envolvidos no processo:
cas, produtos e serviços, da comunicação e da monitoramento dos problemas e prospecção
experiência de consumo associada. Fundamen- de oportunidades; ênfase nas necessidades
ta-se na análise de dados e desafios internos e desejos dos beneficiários do produto, tendo
e externos como subsídio às decisões de os concorrentes como referência.
Design, valendo-se assim, de ferramentas da • Transmitir, por meio da identidade visual, do
dinâmica do planejamento estratégico, tais Design de produtos e demais elementos de
como a análise SWOT 5 – forças, fraquezas, interface da empresa com seu público, o valor
ameaças e oportunidades. disponível para o mercado pretendido: proces-
so de fora para dentro do produto, chegando
O objetivo chave das inovações é a diferencia- à especificação de atributos.
ção pela produção de valor, de modo a tornar • Atingir os objetivos estratégicos da empresa
a empresa mais competitiva. e a satisfação dos clientes.

5
Strengths, weakenesses, opportunities and threats.

18
O Design no mundo empresarial

CAPÍTULO 2
O DESIgn nO MunDO EMPRESARIAL

19
O Design no mundo empresarial

O Design no mundo empresarial

A diversidade dos aspectos que integram o processo do Design e a progressiva importância que a atividade adquiriu no mundo dos negócios e no âmbito das
estratégias competitivas fez com que seu campo de ação e influência se ampliasse para além das fronteiras tradicionais da atividade. Pouco a pouco, passou
a interagir cada vez mais com profissionais de áreas situadas tanto no início do processo - como de planejamento, administração e marketing, como no final -
como de engenharia, logística, controle de qualidade e vendas. O Design passa a ser mais um elemento da gestão empresarial e, como tal, passa a fazer parte
de seu planejamento estratégico, da política e do posicionamento da empresa no mercado. Surge então a figura do “gestor do Design” nas empresas, que não
necessariamente é um designer. O gráfico a seguir (figura 1) ilustra essa transformação.

PRINCIPAIS ÁREAS DOS DESIGNERS

PRODUTO PORTFÓLIO EMBALAGEM MARCA

DESIGN = SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

ESTRATÉGIA INTEGRAÇÃO PROCESSO CONFIGURAÇÃO VALOR

DESIGN = ANTECIPAÇÃO DE PROBLEMAS, BUSCA DE OPORTUNIDADES

Figura 1 - Ampliação estratégica do campo de


ação do Design nas empresas.
Fonte: Adaptado de MAgALHÃES, Cláudio
Freitas. Design estratégico.

20
O Design no mundo empresarial

Atualmente não é mais suficiente que uma empresa conheça o que é Design e o utilize adequadamente no
âmbito do retângulo menor da figura 1, abrangendo o processo, a concepção, o detalhamento e a fabricação
de produtos, embalagens ou outras peças de Design, na solução de problemas identificados. O campo de
atuação do Design ampliou-se, contemplando o retângulo maior, que pressupõe a antecipação de problemas
e a busca de oportunidades para o contínuo fortalecimento da posição de uma empresa no mercado.

Para isso, é preciso identificar junto ao público quais são os atributos de valor associados a determinada marca,
produto e/ou serviço e como tais atributos podem ser materializados; integrar o Design aos diferentes setores da
empresa com os quais possa interagir; e, por fim, tratar o Design como um elemento da estratégia empresarial.

A princípio, a gestão do Design parece ser aplicável apenas a médias e grandes empresas que já possuem
um processo de gestão mais estruturado, porém a história e casos de sucesso têm demonstrado o contrário,
apontando que a sobrevivência das micro e pequenas empresas em um cenário de alta competitividade depen-
de de especialização e de geração de valor aos produtos e serviços oferecidos, resultantes do planejamento
e monitoramento contínuo e sistemático da inovação e da diferenciação; e isto depende da gestão do Design.

2.1 As origens do Design Management

gestão do Design ou Design Management é uma à mudança na gestão empresarial de um modelo


expressão que tem suas origens em meados da hierárquico taylorista para um modelo organizacio-
década de 1960. naquela época se referia à forma nal mais horizontal e flexível, que encoraja a inicia-
como projetos de Design deveriam ser gerencia- tiva individual, a independência e a disposição para
dos, acompanhados de fluxogramas, diagramas assumir riscos (Mozota, 2003). O novo modelo
e métodos sistemáticos, na relação entre um es- organizacional passou a se basear em conceitos
critório de Design e seus clientes. Foi apenas na tais como gestão direcionada ao cliente, gestão por
década de 1980 que o conceito começou a ser projetos e gestão da qualidade total, com os quais
mais amplamente difundido com a abordagem atu- o Design está intimamente relacionado, o que exi-
al, a partir de escolas tradicionais de administração gia uma mudança na visão e no comportamento
tanto inglesas - como a London Business School, corporativo. Aspectos como criatividade, iniciativa,
quanto americanas - como a Harvard Business atenção aos detalhes, preocupação com o usuário,
School. Foi uma iniciativa desta última, inclusive, típicos do campo do Design, se transformaram em
a criação do Design Management Institute, em ferramentas-chave da administração e na susten-
Boston, ainda em 1975. Suas raízes se associam tação da gestão de mudanças.

21
O Design no mundo empresarial

A visão de Sohrab Vossoughi enfatiza a importância do Design e sua forte inserção na empresa:

“Design Management é um processo de integração que dá voz única à empresa e transmite uma mensagem clara tanto para o seu público interno quanto externo.
Exige um equilíbrio delicado entre arte e comércio. Para ser bem sucedido, um gestor de Design deve manter o controle sem limitar a criatividade. Reconciliar
mudança com consistência” (Vossoughi apud Mozotta, 2003).

Mozota considera que esta definição se apoia mais numa visão gerencial, ao que contrapõe uma visão estratégica que envolveria “compreender o Design como
um novo paradigma para chegar a ideias e métodos capazes de aperfeiçoar a eficiência da gestão em geral e da gestão do Design em particular. Isto requer uma
compreensão acerca das formas pelas quais o Design percebe a realidade e um estudo de suas variáveis tais como forma, cor, estética e sociologia dos objetos, de
modo a ampliar os conceitos de gestão. Uma visão diferente da realidade organizacional emerge da ‘ciência do Design’: um sistema de gestão em signos e formas,
que é essencialmente relacional e interpretativo, e o qual pode contribuir para fortalecer a estratégia do negócio e a visão da empresa” (2003, p. 75).

Como podemos fazer esta aproximação? Será que o mundo do Design e o da gestão são muito distantes um do outro? Mozota (2003) afirma que não, e o qua-
dro comparativo por ela proposto (figura 2), que apresenta os conceitos-chave de Design e de gestão, mostra que, de fato, há muitas similaridades. O Design
envolve uma busca pela originalidade, pela novidade, pela criatividade e inovação; os estilos clássicos de gestão, no entanto, envolvem atitudes conservadoras
e se baseiam mais no controle e no planejamento do que na criatividade. Modelos mais recentes e flexíveis de gestão, por outro lado, encorajam a iniciativa
e a experimentação, criando mais convergências com o Design. De qualquer forma, a implementação da gestão do Design em uma empresa requer um processo
de aprendizagem organizacional.

CONCEITOS DE DESIGN CONCEITOS DE GESTÃO

De solução de problemas Processo. Solução de problemas


O Design é uma atividade...

Criativa Gestão de ideias. Inovação

Sistemas de negócios. Informação


Sistêmica

Comunicação. Estrutura
De coordenação
Preferências dos consumidores. Figura 2 - Proximidades entre conceitos de Design
Artística e cultural Cultura organizacional. Identidade e de gestão.
Fonte: MOZOTA, Brigitte. Design Management.

22
O Design no mundo empresarial

2.2 A “escada do Design”

A difusão do Design Management originou uma metodologia para se identificar o estágio de inserção do Design em uma empresa, denominada “escada do
Design”, difundida pelo Centro de Design da Dinamarca (figura 3).

A ideia central da “escada do Design” é que as empresas usem o Design em diversos níveis ou degraus, dependendo das circunstâncias. níveis mais altos
se relacionam a efeitos mais positivos na sua lucratividade e no seu posicionamento no mercado.

4O DEGRAU

3O DEGRAU

Empresas que
2O DEGRAU consideram o Design
um elemento
Empresas que integram estratégico chave
1O DEGRAU o Design no processo
de desenvolvimento
Empresas que usam
Design por estilo
e aparência
Empresas que não
usam Design Figura 3 - A “escada do Design”.
Fonte: J. Rostedt in Thenint, 2008. in Commission
of the European Communities. Design as a driver
of user-centred innovation. Brussels, 2009.

23
O Design no mundo empresarial

2.3 Objetivos e níveis da gestão do Design

A gestão do Design em uma empresa visa prin- funções do Design na empresa e da estrutura do
cipalmente, em relação ao posicionamento no departamento responsável pela atividade, seleção
mercado, o desenvolvimento de sua identidade de designers e equipe, articulação da estratégia
corporativa, a construção de pregnância entre de Design com a do negócio, coordenação entre
seus produtos e serviços, além da manuten- as ações de marketing, inovação e comunicação,
ção da coerência e permanente atualização do organização e controle do processo de Design
Design; internamente também é importante o de- (custos, tempo etc.). no nível estratégico, por fim,
senvolvimento dessa identidade, além da busca a interação do gestor deve ser com os principais
permanente pela redução de custos e tempos dirigentes da empresa, pois envolve o estabe-
dos fluxos. lecimento de uma política de Design a partir da
visualização da estratégia do negócio, identifica-
A gestão do Design pode ser organizada em níveis ção da competência central, análise SWOT, cons-
gerenciais, conforme o tipo de atividade envolvi- trução da missão e da visão do negócio, imagem
da e a interlocução necessária na hierarquia da corporativa e identidade pretendida. neste nível
empresa, passando do nível operacional ao nível a gestão do Design também poderia dar suporte
tático e, por fim, ao estratégico. no primeiro ní- para eventuais auditorias de Design, garantindo
vel os interlocutores são mais afetos ao campo do a coerência entre as estratégias de produto e de
desenvolvimento de projeto, incluindo atividades comunicação (branding), e os sistemas de infor-
como: produção e seleção de ideias, análise do mação da empresa.
mercado relacionada, elaboração do briefing para
cada novo projeto, coordenação do processo de Em algumas empresas internacionais a importân-
Design e avaliação do Design. no segundo nível cia estratégica atribuída ao Design é de tal ordem
há uma interação com áreas afins e interdepen- que há vice-presidentes de Design ou CEOs (Dire-
dentes, abrangendo ações como: definição das tores executivos) responsáveis pela área.

24
O Design inserido no conceito de inovação

CAPÍTULO 3
O DESIgn InSERIDO nO COnCEITO DE InOVAçÃO

25
O Design inserido no conceito de inovação

O Design inserido no conceito de inovação

3.1 Inovação e negócios

O Design é um elemento chave, que torna a inova- tecnológicos, tais como o desenvolvimento orga-
ção tangível em diversas circunstâncias, inclusive nizacional, o comprometimento de funcionários
em um novo método organizacional, embora tal e o branding 6, tornam-se particularmente relevan-
relação não tenha sido apontada nos documentos tes. Eles frequentemente são menos intensivos em
analisados. Os conceitos de Design estratégico capital e têm períodos mais curtos de retorno do
e de gestão do Design evidenciam o potencial do investimento do que, por exemplo, a pesquisa tec-
Design neste campo. Além disso, a inovação pro- nológica, mas ainda assim, possuem o potencial
piciada pelo Design vai além da implementação de de conduzir à competitividade” (Commission of the
produtos ou processos novos ou substancialmente European Communities, 2009. p. 2).
melhorados, mesmo quando a inovação se confi-
gure como de marketing. Como já foi mencionado, nessas circunstâncias a inovação começa a ser tra-
o Design se emprega não apenas em produtos, tada de modo mais amplo, e as estratégias deixam
mas também na construção de toda a identidade de apoiar-se apenas na inovação de base tecnológi-
visual de uma empresa e suas instâncias de apli- ca, voltando-se, por exemplo, às demandas de usu-
cação, como parte de sua imagem corporativa, ários como força motriz de inovação, como propõe o
vital para o posicionamento no mercado, sobretu- documento mencionado. Tais mudanças adquirem
do de micro e pequenas empresas. especial importância para a competitividade ao per-
mitirem o desenvolvimento de marcas, produtos e
Segundo o documento de trabalho abordando as sistemas mais focados, voltados a nichos específi-
relações entre Design e inovação, elaborado pela cos de clientes, e que procuram responder a desa-
Comissão da Comunidade Europeia (2009): fios ambientais e sociais. tal tipo de estratégia
é particularmente interessante para micro
“O Design, como um vetor ou facilitador da inova- e pequenas empresas, assim como para se-
ção, complementa atividades mais tradicionais de tores e regiões de baixo aporte tecnológico.
inovação como a pesquisa. No cenário econômico
atual, onde os recursos para inovação são escas- Como pode ser observado ao longo deste Termo
sos, o Design e outros vetores de inovação não de Referência, o potencial do Design como vetor

6
“Branding é um sistema de comunicação que deixa claro porque a marca importa.” Monica Sabino, consultora em marcas
(http://design.blog.br/design-grafico/o-que-e-branding - Acesso em 03.out.2011).

26
O Design inserido no conceito de inovação

de inovação é amplo; as necessidades, aspirações e habilidades dos usuários são o ponto de partida
e o foco central de suas preocupações; a prática característica do processo de Design permite que um
largo espectro de considerações seja analisado no desenvolvimento de marcas, produtos, serviços e
sistemas; a atividade tem a capacidade natural de funcionar como uma “ponte” de ligação entre ciência,
tecnologia e usuário; fortalece a comunicação entre as diferentes partes envolvidas no processo de ino-
vação - pesquisa, marketing, produção e comercialização - e ainda entre criatividade e inovação.

O modelo a seguir sugere uma relação entre criatividade, Design e inovação. O Design é uma ponte entre
eles, mas também pode ter um efeito direto na produtividade e desempenho de um negócio, articulando
o Design de processos, ao branding e ao marketing.

P&D INOVAÇÃO PRODUTIVIDADE

DESIGN

Figura 4 - Integrando criatividade e Design


ao desempenho do negócio.
Fonte: Swann and Birke 2005 in DTI 2005,
AMBIENTE DESEMPENHO
apud Commission of the European Communities, CRIATIVIDADE
2009, p. 17. CRIATIVO DO NEGÓCIO

O Design transforma os resultados de pesquisas em produtos e serviços comercialmente viáveis, de uso


amigável e atrativo, aproximando a inovação do seu beneficiário final. Estes são aspectos fundamen-
tais, seja em mercados mais tradicionais, em mercados emergentes ou mesmo em mercados maduros.
nestes últimos o desenvolvimento tecnológico traz apenas benefícios periféricos para o usuário final
e assim, a inovação no Design em si é o que pode fazer mais diferença, seja pelos aspectos formais, pelos
funcionais ou simbólicos trabalhados. Mas mesmo nos dois primeiros, onde uma inovação tecnológica
pode fazer muita diferença, ela não pode prescindir da ponte que o Design constrói com o usuário.

27
O Design inserido no conceito de inovação

O potencial do Design para o posicionamento de e de um público para outro, exigindo uma ativida-
uma empresa no mercado reside não simples- de acurada de pesquisa com técnicas específicas,
mente em conferir a uma marca, produto ou ser- para identificação dos atributos-chave em cada
viço uma nova aparência ou roupagem, mas em situação, antes da fase criativa.
materializar nele considerações de natureza in-
tangível relacionadas a necessidades, aspirações, A percepção de valor se dá por meio de um sistema
imagem e cultura de determinado segmento de operacional orgânico que ocorre na mente de um
público. O Design, assim, agrega valor, criando consumidor em três níveis: racional - expectativa de
vantagens competitivas únicas que permitem que desempenho, conceitual - valor pessoal pré cons-
a empresa escape da simples concorrência pelo truído e emocional - expectativa de realização pes-
menor preço, pela criação e fortalecimento de sua soal; assim, é preciso que a inovação seja também
identidade e marca tanto no nível do produto ou comunicada pelo Design, em todos os níveis.
serviço oferecido, quanto no nível corporativo.
Procurando especificar o potencial inovador do
Além disso, o Design, como um processo de ges- Design, independente do tipo de valor agregado,
tão, pode reduzir custos de produção, montagem, Bonsiepe (2011) identifica oito tipos de inovação
embalagem, estocagem, transporte e disposi- conferidos pelo Design:
ção final, aumentando, com isso, a lucratividade
e a competitividade de uma empresa, o que se • Melhoria da qualidade de uso de um produto ou
torna ainda mais fundamental no caso de micro de uma informação.
e pequenas empresas, que não podem contar • Criação de produtos melhores, melhoria ou am-
com economias de escala na produção. pliação dos serviços prestados pelos produtos.
• Processo de fabricação - simplificação, redu-
Assim, seja do ponto de vista do usuário final, seja ção de etapas, padronização de componentes
do cliente, a inovação conferida pelo Design pro- e otimização no uso de materiais.
picia um aumento no valor percebido da marca, • Sustentabilidade - concepção de produtos de
produto, serviço ou sistema. Essa percepção de menor impacto socioambiental.
valor é fundamental no processo de avaliação, • no acesso a um produto ou serviço - Design
aquisição e uso, tendo, por isso, provocado uma inclusivo, do ponto de vista socioeconômico.
mudança na abordagem da qualidade na política • Aplicação de novos materiais ou de materiais
empresarial, passando do controle da qualidade tradicionais de modo inovador.
para a gestão da qualidade percebida, isto é, dos • Qualidade estético-formal.
atributos que compõem o valor percebido da mar- • Diversificação ou redirecionamento da oferta de
ca, produto, serviço ou sistema. Evidentemente, produtos de uma empresa.
tais atributos variam de um objeto para outro

28
O Design inserido no conceito de inovação

Bonsiepe (2011) identifica ainda o que chama de forças motrizes, ou seja, aspectos que podem impulsio-
nar ou motivar a inovação pelo Design:

• Inovação direcionada pela tecnologia.


• Inovação direcionada pela invenção.
• Inovação direcionada pelo usuário.
• Inovação direcionada pela forma.
• Inovação direcionada pelo valor simbólico ou status;
• Inovação direcionada pela tradição.
• Inovação direcionada pela engenharia mecânica.
• Inovação direcionada pela ecologia.
• Inovação direcionada pelo branding.
• Inovação direcionada pelas tendências.
• Inovação direcionada pela arte.
• Inovação direcionada pela crítica.

O Design pode contribuir muito com respostas criativas e inovadoras, tornando os processos mais ágeis,
versáteis, direcionados e únicos.

3.2 Inovação e gestão

O Design está diretamente relacionado a aspectos- participando de melhorias na qualidade do proces-


-chave de inovação na gestão e ao sucesso do so de desenvolvimento, na definição da estratégia
desenvolvimento de um novo produto, junto com de produto e na qualidade da equipe envolvida.
outros fatores críticos de sucesso, como: vanta-
gem competitiva, compreensão das necessidades O sucesso de uma inovação exige melhorias nos
e desejos dos usuários e sinergia entre a inovação produtos e nos processos organizacionais; é preci-
e a capacidade instalada na empresa (Mozota, 2003). so haver um ambiente favorável à inovação. Dessa
maneira, Mozota (2003) ressalta que, além dos
Entretanto, um bom produto não basta para o su- modelos clássicos de empresas impulsionadas pela
cesso da inovação, a gestão da inovação vem sen- tecnologia, ou pelo marketing, existe um outro tipo
do considerada fundamental para o seu desem- de empresa que teria um futuro mais promissor
penho. neste campo o Design também cria valor, atualmente: a empresa impulsionada pela interação.

29
O Design inserido no conceito de inovação

Esta empresa questiona a sociedade, se antecipa a desejos e propõe um produto/serviço que


revoluciona o mercado. O Design é usado para injetar “inteligência” na oferta dessa empre-
sa, partindo da interação que ela pode proporcionar entre sujeito e objeto; desde o início do
processo se visualiza o papel que a inovação desempenhará no imaginário social. Assim, ela
aprende fazendo.

3.3 O Design Thinking

O conceito de inovação tem sido objeto de largo paz de extrair valor desse universo, descobrindo
interesse e discussões em decorrência de sua im- barreiras de utilização, necessidades e desejos
portância para a competitividade das empresas. não revelados por pesquisas tradicionais. neces-
Assim, sua compreensão tem se expandido. não se sita transformar essas evidências em ideias de
limita mais a ser considerado como um sinônimo valor factíveis, rentáveis e sustentáveis, criando
de novidade ou de tecnologia, cuja gestão se ba- ligações empáticas com o sujeito/cliente no pro-
seia na seleção de uma estratégia que pode ser cesso de geração das ideias. Precisa ainda, de
rapidamente superada, passando a ser entendido muita agilidade para manter-se competitiva num
também como valor percebido e, mais recentemen- mercado cada vez mais dinâmico, onde a expe-
te ainda, como valor experimentado, ou seja, como rimentação e prototipagem se tornam muito re-
o efeito provocado na vida das pessoas. Os focos levantes para encurtar processos, reduzir riscos
de atenção e avaliação se deslocam do objeto em si e chegar numa solução de sucesso.
para o resultado, do ponto de vista social e humano.
Como resposta a essa necessidade, tem-se difun-
De acordo com tal abordagem, como destaca dido amplamente o conceito do “Design Thinking”,
Tennyson Pinheiro, da consultoria Live|work, para definido como uma abstração do modelo mental
que uma marca, produto ou serviço sejam inova- utilizado pelos designers no processo de trans-
dores, é preciso “compreender o ser humano de formação de problemas em soluções, um modelo
forma profunda, cocriar 7 com esse ser humano composto por um conjunto de princípios operacio-
as soluções e experimentar essas soluções ainda nais específicos. Esse modelo mental busca “esta-
cedo” (Brown, 2010). A empresa precisa ser ca- belecer a correspondência entre as necessidades

7
Do ponto de vista do indivíduo, cocriar significa assumir um papel ativo e protagonista de contribuir com a modelagem das inte-
rações com outras pessoas, com as empresas, com o meio ambiente, com o governo, com a religião, e por aí vai…- André Ribeiro
Coutinho (http://openinnovatio.org/2010/04/03/desvendando-a-cocriacao/ - Acesso em 03.out. 2011).

30
O Design inserido no conceito de inovação

humanas com os recursos técnicos disponíveis Embora tal processo possa parecer, a princípio,
considerando as restrições práticas dos negócios” caótico, estendendo o tempo para se levar uma
(Brown, 2010) e, a partir daí, são desenvolvidas as ideia ao mercado, ele possibilita não uma reini-
soluções de projeto, não centradas na tecnologia, cialização de tudo, mas uma atualização, quando,
mas no ser humano. por exemplo, um protótipo 8 realizado no meio do
processo permite um teste que leva a uma revisão
A essência do Design Thinking é explorar dife- antecipada de uma rota tomada.
rentes possibilidades e, para isso, nem sempre
o pensamento linear, composto de uma sequência Assim, de modo sucinto, a inovação proposta pelo
de eventos, é o mais indicado. Para a visualização Design Thinking começa pelo aspecto humano,
de ideias, uma das ferramentas utilizadas pelo e não pela tecnologia; compreendendo-se que
Design é o mapa mental, por meio do qual fica a relação humana com o Design é maior do que as
muito mais fácil estabelecer-se conexões entre va- considerações de adequação ergonômica, abran-
riáveis, perceber mais intuitivamente o todo, assim gendo a cultura, a observação de diferentes tipos
como eventuais sobreposições e restrições, o que de pessoas em seu cotidiano, seus hábitos auto-
é fundamental para micro e pequenas empresas. máticos – não uma observação quantitativa, mas
qualitativa, pela empatia, colocando-se no lugar
O próprio processo do Design, assim como o da ino- dos outros. Incorpora o aprendizado pelo fazer
vação, exploratório por natureza, não é composto de e pela experimentação, o que é fundamental numa
etapas puramente lineares, mas por um sistema cultura de inovação; assim, o desenvolvimento de
de espaços que se sobrepõem. Esses passos, que protótipos é visto como uma ferramenta para ace-
compõem a essência da metodologia do Design lerar o processo, mesmo que leve a erros, pois
e podem ser percorridos mais de uma vez para remove obstáculos a novas ideias. Propõe uma
lapidação de ideias ou busca de novos direciona- mudança na relação com o usuário que passa,
mentos, são os seguintes (Brown, 2010): de consumidor passivo, a participar ativamente
do desenvolvimento da solução. Promove o pen-
• A inspiração - o problema ou a oportunidade samento divergente, para multiplicar as opções
que motivam a busca por soluções. antes da escolha, o que é um caminho essencial
• A idealização - o processo de gerar, desen- para a inovação. E ainda procura gerar uma solu-
volver e testar ideias. ção que conte sua própria história de forma atrati-
• A implementação - o caminho que vai do pro- va, seja pela sua forma, materiais e modo de uso,
jeto à produção e ao mercado. ou ainda pela sua embalagem, etiqueta, site etc.

8
Produto fabricado unitariamente ou feito de modo artesanal segundo as especificações de um projeto, com a finalidade de servir de
teste antes da fabricação em escala industrial (Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa, 2011).

31
O Design inserido no conceito de inovação

Por centrar-se no humano como fonte perma- “A abordagem do Design Thinking como uma for-
nente de inspiração, cuja dinâmica vital está em ma distinta de inteligência não significa neces-
constante mudança, considera-se que o Design sariamente que algumas pessoas a têm e outras
Thinking permite uma abordagem sistemática da não. A habilidade para o Design é algo que todos
inovação, que não depende exclusivamente da possuem, em alguma extensão, porque está in-
tecnologia. Constitui-se assim, em uma excelente serida em nosso cérebro como uma função cog-
oportunidade para micro e pequenas empresas, nitiva natural. Como outras formas de inteligência
inclusive, administrar seu portfólio de inovações. e habilidade, pode ser possuída ou manifestada
no desempenho, em maiores níveis por algumas
Diante do modismo do conceito, Cross (2010) ad- pessoas. E como outras formas de inteligência
verte, no entanto, que o “Design Thinking” deve e habilidade, a inteligência para o Design não
ser entendido como um tipo de inteligência, no é simplesmente um talento ou presente recebi-
contexto da teoria das inteligências múltiplas, de do, mas pode ser treinado e desenvolvido.”
Howard gardner e que, portanto, trata-se de um
processo cognitivo 9.

9
Entendido como um processo de construção do conhecimento que ocorre na mente, a partir da capacidade humana de interpretar
o mundo e organizar representações dele, de forma reflexiva e crítica.

32
O Design inserido no conceito de economia criativa

CAPÍTULO 4
O DESIgn InSERIDO nO COnCEITO
DE ECOnOMIA CRIATIVA

33
O Design inserido no conceito de economia criativa

O Design inserido no conceito de economia criativa

A globalização da economia e a conectividade têm industrial, capital criativo e capital intelectual, e de


provocado profundas mudanças de comporta- seu potencial para gerar renda, trabalho e ganhos
mento e estilo de vida no mundo todo. Os impac- de exportação, ao mesmo tempo em que promovem
tos se refletem no padrão de produção cultural, de inclusão social, diversidade cultural e desenvolvi-
comércio e de consumo, gerando novas imagens, mento humano. Assim, no cenário atual, diante da
sons, símbolos e textos, que provocam interações concorrência globalizada, tornou-se fundamental
complexas do ponto de vista econômico, cultural, desenvolver uma aptidão para transformar criati-
tecnológico e social. vidade em lucro.

nesse contexto dinâmico de transformações, a cria- A economia criativa é um conceito em constru-


tividade e o conhecimento rapidamente se transfor- ção centrado na dinâmica das indústrias criativas
maram em ferramentas poderosas de aceleração (unDP/unTAD, 2008). Foca-se na natureza e ex-
do desenvolvimento, como fontes de inovações não tensão em que ocorre a relação entre criatividade
baseadas necessariamente na tecnologia. A criati- e economia, combinando-se para gerar valor
vidade e o conhecimento ornaram-se atualmente e riqueza. não há também uma definição única da
nos fatores econômicos mais importantes, junto do expressão “indústria criativa” e nem um conjunto
capital e do trabalho. preciso de atividades econômicas que se apoiam
no conhecimento, circunscrevendo esta categoria
Segundo o documento de trabalho de órgãos do de indústria. De acordo com o documento do go-
governo português 10 (2005), atualmente, a socie- verno português mencionado, o conceito foi de-
dade se encontra numa “idade criativa”, que toma senvolvido na Inglaterra, pela Creative Industries
o lugar da “idade industrial”, onde o conhecimen- Taskforce, em 1997, iniciativa do Departamen-
to, após aplicar-se à técnica (Revolução Industrial) to para Cultura, Mídia e Esportes. As indústrias
e ao trabalho (Revolução da Produtividade), aplica-se criativas são consideradas “atividades que têm
ao próprio conhecimento (Revolução da gestão). sua origem na criatividade, competência e talento
Esta transformação se baseia na inteligência, no individual, com potencial para criação de trabalho
conhecimento e na criatividade humana, cuja e riqueza através da geração e exploração da ati-
matéria-prima é composta fundamentalmente de vidade de propriedade intelectual”. De acordo com
bens intangíveis como informação, propriedade o relatório unDP/unCTAD (2008), por sua vez,

10
(http://www.planotecnologico.pt/InnerPage.aspx?idCat=146&idMasterCat=34&idLang=1&idContent=982&idLayout=2&site=pl
anotecnologico) - Acesso em 10.ago.2011.

34
O Design inserido no conceito de economia criativa

“indústrias criativas podem ser definidas como os criativos como arquitetura, propaganda, P&D
ciclos de criação, produção e distribuição de bens criativa, recreativa e cultural, além de outros
e serviços que empregam a criatividade e o capital serviços criativos relacionados.
intelectual como recursos primários”.
Como se pode constatar, o Design integra as
De qualquer modo, são indústrias onde a criati- chamadas “indústrias criativas”, classificando-se
vidade é o centro do negócio. Compreendem um na categoria da criatividade aplicada, isto é, mais
conjunto de atividades baseadas no conhecimento direcionadas pela demanda e orientadas aos ser-
e que, integrando arte, cultura, ciência e tecnologia, viços, com objetivos funcionais. Ele atravessa elos
são capazes de produzir bens tangíveis e serviços da cadeia de valor correspondentes a artesanato,
intelectuais ou artísticos intangíveis, com conteúdo indústria e serviços, interagindo com a tecnolo-
criativo, valor econômico e objetivos mercadoló- gia e qualificando-se os direitos de propriedade
gicos. Atualmente envolvem quatro categorias, de intelectual. Como aponta o relatório da unCTAD
acordo com a natureza das atividades (unCTAD, (2008), sem o Design a maioria dos bens e servi-
2008), que se influenciam reciprocamente: ços não existiria ou não conseguiria se diferenciar
no mercado.
• Patrimônio material e imaterial - abrange ex-
pressões da cultura tradicional como o artesanato, Destaca-se a necessidade de se proteger os pro-
festivais e celebrações; e pontos culturais como dutos/serviços por copyrights 11 e marcas registra-
sítios arqueológicos, museus, bibliotecas etc. das, antes de serem lançados no mercado, sejam
• Artes - engloba as artes visuais como pintura, eles nacionais ou internacionais. na realidade
escultura, fotografia e antiguidades; e artes per- é a marca ou selo que, atestando o conteúdo criativo
formáticas como apresentações de música ao e a novidade dos produtos, garante o valor agre-
vivo, teatro, dança, ópera, circo, marionetes etc. gado e maiores retornos, aspectos fundamentais
• Mídia - envolve mídia editorial e impressa, como para países em desenvolvimento como o Brasil.
livros, jornais e outras publicações; e audiovisu-
ais como filmes, TV, rádio e outras transmissões. Apesar do esforço que tem sido realizado pelos
• Criatividade aplicada - integra Design de in- países em desenvolvimento nos últimos anos para
teriores, gráfico, de moda, de joias, de brinque- diversificar suas economias, eles ainda dependem
dos; novas mídias como softwares, videogames de commodities 12 em mais de 50% das exportações.
e conteúdo criativo digitalizado; e serviços As estratégias de desenvolvimento predominantes

11
Refere-se ao direito do autor.
12
no idioma inglês, commodities significa mercadoria, sendo um Termo de Referência de produtos de base em estado bruto, con-
siderado “matéria-prima”. Além do nível de matéria-prima, é aquele produto que apresenta grau mínimo de industrialização (http://
www.infoescola.com/economia/commodities/ - Acesso em 03.out.2011).

35
O Design inserido no conceito de economia criativa

ainda não conseguiram levá-los a um patamar adequa- a indústria criativa. Favorece uma competitivida-
do de desenvolvimento socioeconômico e o desafio de baseada na diferenciação e oferecendo menos
é encontrar opções viáveis que levem em conside- barreiras à entrada de novas empresas.
ração suas realidades específicas.
A importância estratégica da economia criativa,
A economia criativa tem sido considerada como uma como salienta Deheizelin (2008), além do que já
opção importante, por seu papel-chave no impulso foi aqui mencionado, reside no fato de que:
ao crescimento econômico, ao emprego, ao comér-
cio, à inovação e à coesão social, integrando toda “Ela promove desenvolvimento sustentável e hu-
a economia nos níveis micro e macro. De fato, nos mano e não mero crescimento econômico. Quando
últimos anos as chamadas indústrias criativas se trabalhamos com criatividade e cultura, atuamos
tornaram uma fonte importante de desenvolvimento simultaneamente em quatro dimensões: econômi-
econômico e social, com uma posição cada vez mais ca (em geral, a única percebida), social, simbólica
forte ao nível do comércio mundial de todos os paí- e ambiental. Isso leva a um inédito intercâmbio de
ses, desenvolvidos ou em desenvolvimento. moedas: o investimento feito em moeda-dinheiro,
por exemplo, pode ter um retorno em moeda-so-
Outro aspecto relevante das indústrias criativas, cial; o investimento realizado em moeda-ambien-
no contexto deste Termo de Referência, é que, te pode gerar um retorno em moeda-simbólica,
nos vários estágios da cadeia de suprimentos de e assim por diante” [...] “Uma vez que cultura,
produtos criativos, predominam os micro e peque- criatividade e conhecimento (matérias-primas da
nos negócios, sobretudo no topo da cadeia, isto Economia Criativa) são os únicos recursos que não
é, no estágio da criação. A criatividade está pro- se esgotam, mas se renovam e multiplicam com
fundamente enraizada no contexto cultural local, o uso, são estratégicos para a sustentabilidade do
constituindo-se assim num recurso abundante, planeta, de nossa espécie e, consequentemente,
potencialmente transformável em suporte para das empresas também.” (Deheizelin, 2008)

36
O Design inserido no conceito de sustentabilidade

CAPÍTULO 5
O DESIgn InSERIDO nO COnCEITO
DE SuSTEnTABILIDADE

37
O Design inserido no conceito de sustentabilidade

O Design inserido no conceito de sustentabilidade

um dos principais desafios atuais do setor produtivo O relatório ressalta que a definição contém nela
como um todo, e também das micro e pequenas em- mesma, dois aspectos-chave:
presas, sem dúvida é a questão do impacto de suas
atividades sobre o ambiente, e sobre a qualidade de • O conceito de “necessidades”, em parti-
vida das pessoas; além da sobrevivência e consolida- cular as necessidades dos mais pobres,
ção do seu negócio num cenário de concorrência em para as quais uma prioridade superior
escala global, em um mundo cada vez mais conecta- deve ser dada.
do em redes e sistemas de comunicação. • A ideia de limites, imposta pelo estado da
tecnologia e da organização social sobre
A partir dos questionamentos em relação ao mo- a capacidade do ambiente de atender às
delo de desenvolvimento da nossa sociedade oci- necessidades presentes e futuras.
dental, considerado o principal responsável pela
atual crise ambiental, em 1987 surge a expres- Pressupõe, portanto, justiça social e equilíbrio eco-
são “desenvolvimento sustentável”. Sua definição lógico. Parte-se do princípio de que crescimento
mais difundida é a que consta no famoso Relatório econômico e desenvolvimento obviamente en-
“nosso Futuro Comum” ou “Relatório Brundtland” volvem mudanças no ecossistema físico e que,
(WCED, 1987), resultado do trabalho de uma Co- portanto, não é possível que todos eles sejam pre-
missão das nações unidas cujo objetivo era for- servados intactos. no entanto, seu uso deve ser
mular propostas de superação do impasse entre planejado e efeitos sistêmicos previstos, de modo
meio ambiente e desenvolvimento: a respeitar os limites de regeneração e a biodi-
versidade, a evitar o desperdício e favorecer a re-
“Em essência, desenvolvimento sustentável é um cuperação, sobretudo de recursos não renováveis,
processo de transformação no qual a exploração levando ainda em consideração recursos “a priori”
dos recursos, a direção dos investimentos, a orien- considerados como “dados”, como ar, água e solo.
tação do desenvolvimento tecnológico e a mudança
institucional se harmonizam e reforçam o potencial A expressão “ecodesenvolvimento”, introduzida pelo
presente e futuro, a fim de atender as necessida- ambientalista Ignacy Sachs, embora tenha sido
des e aspirações humanas.” 13 considerada como sinônimo de desenvolvimento

13
A definição mais utilizada é “o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as
gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”, também constante do mesmo relatório. no entanto, ela apenas introduz o
capítulo correspondente ao tema, enquanto a que adotamos aqui é a que o conclui, correspondendo assim, melhor às ideias que o
conceito se propõe a articular.

38
O Design inserido no conceito de sustentabilidade

sustentável, merece ser retomada no contexto deste Termo de Referência, por trazer em sua definição
elementos importantes, que se associam ao potencial das micro e pequenas empresas.

“Ecodesenvolvimento se refere ao desenvolvimento nos níveis local e regional, consistente com os poten-
ciais da área envolvida, com atenção dada ao uso racional e adequado dos recursos naturais, aos estilos
tecnológicos e às formas de organização que respeitem os ecossistemas naturais e os padrões sociais
e culturais do local.” (glossary of Environment Statistics, 1997)

Associa-se ainda à ideia de valor da sustentabilidade, várias dimensões, entre as quais as principais são:
a social, a ambiental e a econômica - o chamado “triple-bottom-line” (figura 5). Além das duas primeiras,
sem dúvida, a viabilidade econômica é um aspecto fundamental para qualquer tipo de negócio, e de qual-
quer dimensão, impactando, sobretudo, os pequenos, por disporem de menores possibilidades de ganhos
de escala de produção. Além disso, mudanças nessa direção podem implicar em mais custos, a princípio.
no entanto, existe também o argumento de que o passivo ambiental, ou seja, os impactos negativos sobre
o ambiente, ainda não são imputados às empresas como custo, situação passível de modificação.

SOCIAL

TOLERÁVEL EQUITATIVO

SUSTENTÁVEL

AMBIENTAL VIÁVEL ECONÔMICO

Figura 5 - O tripé da sustentabilidade.

39
O Design inserido no conceito de sustentabilidade

Quanto ao termo desenvolvimento em si, diver- Finalmente, caminhando ainda mais para o início do
sos questionamentos pontuam que seu uso tem processo produtivo, começou-se a perceber a impor-
privilegiado a abordagem econômica, desconsi- tância do Design, com sua atuação na fase ainda de
derando os aspectos humanos relacionados, que concepção de produtos, sistemas e mesmo de estra-
se associam à qualidade de vida, respeitando-se tégias de negócios, permitindo a mudança de uma
a diversidade de culturas e de contextos. A proposta abordagem corretiva para uma preventiva. Ferramen-
mais difundida de uma outra visão de desenvol- tas de avaliação do impacto ambiental de produtos,
vimento é atribuída ao indiano Amartya Sen, que como a ACV – Análise de Ciclo de Vida, permitiram
conecta a ele uma ideia de liberdade cidadã: a comparação entre dois produtos destinados a aten-
der a uma mesma função, orientando escolhas, ou
“Vivemos um mundo de opulência sem prece- mesmo o estabelecimento de requisitos para novos
dentes, mas também de privação e opressão projetos, dentro de uma hierarquia de impactos.
extraordinárias. O desenvolvimento consiste na
eliminação de privações de liberdade que limitam O Design desenvolvido a partir de requisitos de
as escolhas e as oportunidades das pessoas para sustentabilidade, especialmente ambiental, de modo
exercer ponderadamente sua condição de cida- a minimizar impactos, passou a ser chamado de
dão.” (Sen, 2000) “ecodesign”, ou “ecoconcepção”:

Independente das controvérsias, a constatação “Uma abordagem que consiste em reduzir os im-
do agravamento dos problemas ambientais e so- pactos de um produto, ao mesmo tempo em que
ciais a eles relacionados e as pressões de vários conserva sua qualidade de uso (funcionalidade
segmentos da sociedade, ao longo dos últimos 30 e desempenho), para melhorar a qualidade de vida
anos, levaram à criação, por parte dos governos, dos usuários de hoje e de amanhã.” (Kazazian, 2005)
de diversos mecanismos regulatórios das ativi-
dades produtivas, do uso do solo e do comércio, Diante do exposto, pode-se perceber que inserir o
seja no nível internacional, nacional ou regional. Design nas pequenas e micro empresas dentro dos
Exemplos dessas medidas são: no âmbito interna- preceitos do ecodesign pode ser bastante vantajoso:
cional, a série de normas ISO 14.000; no nacional,
a Política nacional do Meio Ambiente, a recente • Possibilita redução de despesas com adequa-
Política nacional de Resíduos Sólidos e o Código ção ambiental.
Florestal. Em São Paulo, podemos lembrar, por • Fortalece uma abordagem sistêmica e portan-
exemplo, da Lei do Lixo Tecnológico (13.576/09), to, estratégica do seu negócio;
promulgada pelo então governador José Serra, • Fundamenta um marketing “verde”, constituin-
que instituiu que os fabricantes de eletrônicos se- do-se em diferencial competitivo.
riam responsáveis pela reciclagem, gerenciamen- • Aproxima a empresa de um consumidor am-
to e destinação final do lixo tecnológico. bientalmente responsável.

40
O Design inserido no conceito de sustentabilidade

Além disso, retomando o conceito de ecodesenvolvimento, o ecodesign, partindo da análise do ciclo de vida do produto, muitas vezes conduzirá a opção por
materiais, processos e configurações associadas a recursos, culturas e identidades locais, o que representa mais um fator contribuinte para o desenvolvimento
regional e favorece iniciativas parceiras com o setor de turismo envolvendo hotéis, restaurantes, museus etc. Trabalhar o ecodesign pode ser um elemento-chave
para a construção da imagem corporativa e projeção das pequenas e micro empresas, em vários segmentos.

A expressão “Design para sustentabilidade” representa outra proposta na relação entre Design e meio ambiente. um de seus principais defensores é o britânico Tony Fry:

”Embora abrangendo tudo que compreende o ecodesign, atende a uma função mais fundamental: impulsionar uma transformação estrutural na direção de uma
economia e cultura com capacidade para sustentar-se. Desloca o objetivo final de alcançar um elevado desempenho ambiental, para a qualidade do estilo de vida
que o uso do objeto sustenta. O Design de sustentação começa pela questão absolutamente básica ‘do que deve ser sustentado e por que’. Significa um maior
compromisso com o estilo de vida, a forma de trabalho, a tecnologia, a cultura e a relação entre o tipo de economia, o insustentável e a sustentabilidade.” (Fry, 2002)

Esta concepção, por um lado, associa-se a uma abordagem mais estratégica, numa fase anterior ao desenvolvimento das soluções de Design, que pode se
traduzir numa maior eficácia, como ressaltam Manzini e Vezzoli (2005). A figura 6 ilustra esta abordagem.

INTEGRAÇÃO DOS REQUISITOS AMBIENTAIS FASE DE DESENVOLVIMENTO


Produtos e serviços

Design para Projeto das estratégias do produto


EFICÁCIA

sustentabilidade

Design do conceito

Design para
Figura 6 - Integração dos o ciclo de vida Design do produto
requisitos ambientais nas fases de
desenvolvimento de produtos e serviços.
Fonte: MAnZInI, Ezio e VEZZOLI,
Desenvolvimento /“engenheirização”
Carlo. O desenvolvimento de
produtos sustentáveis.

41
O Design inserido no conceito de sustentabilidade

Além disso, o mais importante deixa de ser o de- e que o papel principal do designer, neste cenário,
sempenho ambiental do produto em si, privilegiando seria o de criar “facilitadores” ou ferramentas que
a reflexão sobre a sua contribuição num processo contribuam para o fortalecimento de suas propostas.
de transformação social e de mudança de estilo de
vida. Manzini (2008) compartilha dessa abordagem A partir desta concepção procura-se desvincular
ao afirmar que “o Design é uma atividade cujo obje- o Design do estímulo ao consumismo desenfrea-
tivo é melhorar a qualidade de vida das pessoas, por do e fortalecer a ideia de bem-estar associada ao
meio da concepção e distribuição de artefatos signi- contexto, à experiência.
ficativos”. E para atender a esse objetivo, considera
que duas mudanças são necessárias: A abordagem do ecodesign pode parece mais
pertinente ao contexto deste Termo de Referên-
• Da orientação para o objeto/mensagem - para cia; entretanto, a ideia do Design para sustenta-
a orientação para os resultados. bilidade, que não o invalida, mas procura apenas
• Da atuação do designer como agente do consu- complementá-lo, pode ser muito oportuna para
mo - para agente do bem-estar sustentável. os negócios, em especial nos setores de comér-
cio e serviços. Por outro lado, para empresas
Manzini (2008) ainda sugere outra definição de industriais, esta abordagem implica numa apro-
sustentabilidade: “Uma forma de ser, estar e fa- ximação maior entre a empresa e seu público-
zer graças a qual as pessoas podem viver melhor -alvo, podendo, como desdobramento, fortale-
consumindo menos e regenerando seus contextos cer sua identidade e gerar produtos e soluções
de vida.”. Observa que a transição para a susten- bem mais focadas, tirando partido da flexibilida-
tabilidade se dará por meio de uma ampla des- de de produção característica das empresas de
continuidade do sistema atual, preparada por um menor porte.
conjunto articulado de mudanças em escala local,
e que envolve um processo de aprendizagem social, Implícita nesta ideia, pode-se dizer que está a va-
que exigirá todos os tipos de inteligência humana. lorização de produtos com maior capacidade de
Considera que os protagonistas dessas mudanças prestação de serviços, de maior qualidade e mais
são grupos de indivíduos que começam a imple- duráveis, todos estes, aspectos cabíveis e pertinen-
mentar propostas inovadoras (inovação social), tes à realidade das pequenas e microempresas.

42
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

CAPÍTULO 6
A PROMOçÃO DO DESIgn
JunTO AOS PEQuEnOS nEgóCIOS

43
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

A promoção do Design junto aos pequenos negócios

6.1 Contexto nacional

6.1.1 As micro e pequenas empresas e o Design

As micro e pequenas empresas são consideradas mento estratégico que direcione a competitividade
os motores da economia; suas contribuições para dos empreendimentos e sem o devido preparo de
geração de emprego e renda, assim como para seus proprietários, o que acarreta na morte prema-
descentralização da economia, há muito tempo tura dos empreendimentos.” (Scapin, 2011)
são reconhecidas. Caracterizam-se por serem
de base tecnológica e/ou tradicional e por possu- Algumas características apontadas por estudo do
írem uma estrutura administrativa enxuta e pouco MDIC (2007), de interesse direto como subsídio
segmentada, com poucas divisões hierárquicas, para estruturação de programas de apoio à inser-
o que as aproxima das necessidades dos clien- ção do Design, são:
tes e as tornam mais ágeis em sua capacidade
de resposta. Por outro lado, um traço marcante • Falta de visão e ausência de conhecimento téc-
é sua fragilidade, caracterizada por taxas de mor- nico. geralmente o empresário é responsável
talidade elevadas, com impactos socioeconômicos por todas as áreas da empresa.
preocupantes, em termos de emprego e inversões • Falta de entendimento e de cultura sobre a im-
no setor produtivo. portância da inovação, não reconhecendo este
processo como elemento alimentador da longe-
Esta fragilidade é decorrente, entre outros vidade dos seus negócios.
aspectos, pelas razões que levam ao empre- • Questões relativas à qualidade; Design, tecno-
endimento, fator determinante para o sucesso logia, RH e infraestrutura.
dos negócios.
Silva (2006) associa a raridade da realização de ati-
“Empreender por necessidade é uma das grandes vidades de P&D pelas MPEs ao problema de escala;
razões que levam as pessoas a se aventurarem como não há volume de vendas que gere um retor-
no mundo dos negócios, e isso, com algumas ex- no suficiente para permitir o investimento em de-
ceções, pode decorrer em empresas sem capital senvolvimento de novos produtos e processos, elas
compatível com o porte do negócio, sem planeja- acabam optando por fazer adaptações e cópias.

44
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

Quanto ao Design em especial, apesar dos esfor- Assim, apesar das iniciativas existentes, ainda exis-
ços dos diversos programas de fomento e promo- te certa resistência e estranhamento por parte dos
ção do Design no País nos últimos 15 anos, ainda pequenos e microempresários à inserção do Design
poucas conhecem o que é ou usam essa ferramen- no processo de configuração de seus produtos e ser-
ta. Diversas pesquisas ressaltam que a cultura de viços, ainda mais como um elemento da estratégia
relação com o Design ainda é pouco disseminada e gestão empresarial. Ainda predomina uma visão
entre elas. O Design normalmente é associado ao preconceituosa do “Design como algo supérfluo, de
custo alto e ao retorno demorado; ainda é tratado aparência e financeiramente inviável devido à percep-
como custo, e não como investimento. Pressionado ção de altos custos de investimento, portanto longe
pelo pequeno capital de giro de que dispõe, o em- de suas possibilidades de contratação para a inserção
presário quer saber qual será o seu ganho. Como, no processo produtivo das empresas” (Scapin, 2011).
em geral, não possui mecanismos adequados de
retorno de suas atividades além do lucro imediato, Compreendido dessa forma limitada, como uma
tem dificuldade de compreender e avaliar a relação intervenção pontual introduzida apenas no final
custo-benefício do Design. do processo de desenvolvimento, o Design “perde
o seu valor conceitual, não desempenhando o efe-
Além disso, muitas empresas ainda desconhecem tivo papel de agente transformador de processos
os programas de fomento e financiamento não criativos e processos de produção.” Para que isto
reembolsável ou funcionam na informalidade, o que ocorra, isto é, que o microempresário de micro ou
dificulta o acesso a eles. O desenvolvimento de pequena empresa utilize efetivamente o Design
produtos, serviços ou sistemas ainda se carac- como ferramenta de gestão estratégica em inte-
teriza pela repetição de formas, de cópias ou de ração direta com atividades mais a montante ou
projetos híbridos, onde se inserem pequenas alte- a jusante do processo “como estudos de tendência,
rações nos produtos. Assim, as empresas acabam pesquisa & desenvolvimento, estudos de viabilida-
concorrendo pelo custo e não pela diferenciação de, integração de requisitos ambientais e sociais,
(Silva, 2006). Além disso, as cópias, muitas vezes produção, logística, marketing e comercialização”
mal feitas, geram problemas de dimensionamento (Scapin, 2011), é preciso um trabalho sistema-
e falta de padronização de medidas, de especifi- tizado que propicie uma transição, um caminho
cações inadequadas ou mau uso da matéria-prima para uma mudança na cultura, na estrutura e na
e de processos produtivos, de desconsideração da dinâmica operacional das empresas, com foco
demanda do mercado e do consumidor/usuário. central no Design.

45
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

6.1.2 O Design na política nacional

A partir de 1995, pela primeira vez no País o Design Depois de funcionar durante quase dez anos com
passou ser integrado formalmente à política go- os subprogramas mencionados, cada um sendo
vernamental nacional, como parte da Política coordenado por uma das instituições parceiras,
Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior e diante do lançamento de uma série de outros
- PICE, no contexto da modernização e da com- programas regionais e setoriais, como desdobra-
petitividade da indústria brasileira. Como parte mento e consequência de suas atividades, o PBD
da PICE foi criado, no mesmo ano, o Programa tornou-se um programa mais enxuto, deixando de
Brasileiro de Design - PBD, que funciona até hoje, atuar por meio dos subprogramas mencionados.
junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria A partir de 2003, em especial, ações de âmbito
e Comércio Exterior - MDIC. O objetivo principal mais transversal e sistêmico foram implementa-
do programa, desde sua criação, é o desenvolvi- das, destacando-se as seguintes:
mento da qualidade e da competitividade dos bens
e serviços nacionais por meio de ações indutoras • Bienais Brasileiras de Design - grandes expo-
relacionadas ao Design. Inicialmente as ações sições mostrando a produção nacional, reali-
foram divididas em cinco subprogramas: sensibi- zadas a cada dois anos em diferentes cidades,
lização, capacitação, difusão de informação, for- sob a coordenação de uma instituição local
talecimento da infraestrutura de apoio ao Design, ligada à promoção do Design.
e promoção da atividade, empresas e resultados. • Portal virtual Design Brasil, cujo objetivo é “pro-
E dentro de cada subprograma, embora tratando-se mover a integração, a convergência e a coopera-
de uma iniciativa de caráter abrangente e multise- ção entre as diversas ações na área do Design em
torial, sempre procurou-se estimular e favorecer todo o País”. (Design Brasil, online), coordenado
a participação das pequenas e médias empresas pelo Centro de Design do Paraná – disponibiliza
em todas as atividades. agenda de eventos e notícias, artigos e publica-
ções, cases, catálogos de produtos de desta-
Privilegiou-se uma atuação em parceria com outras que, além de trazer o perfil de atuação e links
instituições de apoio ao desenvolvimento tecnológi- para instituições, empresas e profissionais.
co, como FInEP e InPI, e do setor produtivo, como • Design Excellence Brazil, programa que tem por
SEnAI, CnI, SEBRAE, FIESP e outras federações de objetivo “promover o Design brasileiro no exterior
indústrias, além de diferentes instâncias de repre- através da participação em prêmios reconheci-
sentação setorial, buscando ainda uma interação dos internacionalmente” (Design Brasil, online),
com os Fóruns de Competitividade das Cadeias também coordenado pelo Centro de Design do
Produtivas, coordenados também pelo MDIC. Paraná - dá suporte à participação de produtos

46
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

brasileiros na premiação internacional iF Product inovação e valorização dos produtos e serviços”


Design Award, com sede na Alemanha. Além de (Centro de Design Rio, online), o que não difere
ser patrocinado pela Apex-Brasil, o programa, muito das outras organizações afins aqui anali-
a partir de 2011, passou a contar também com sadas. Também coloca em destaque sua atuação
patrocínio do SEBRAE nacional. como elo de ligação entre oferta e demanda de
Design, priorizando as micro, pequenas e médias
Pouco a pouco, ao mesmo tempo em que o Programa empresas, a prestação de serviços por profissio-
Brasileiro do Design se retraiu com uma série de nais e escritórios cadastrados e a atuação em
outras iniciativas de promoção e fomento ao De- parceria com outras instituições de apoio e pro-
sign, especialmente de caráter regional e setorial, moção do Design.
foram se fortalecendo. Tendo em vista o escopo
deste Termo de Referência, foram selecionadas CENtRO DE DESIGN PARANÁ
algumas iniciativas mais consolidadas, para aná-
lise do perfil institucional e das atividades relacio- De acordo com o site institucional, o Centro “tra-
nadas às pequenas e microempresas: balha pela construção de uma cultura do Design no
Brasil. Sua atuação compreende três tipos de ser-
CENtRO MINAS DESIGN viços: inteligência em Design; desenvolvimento de
ações em Design; realização de eventos de educa-
Propõe-se a “dinamizar e integrar diferentes ver- ção e formação” (Centro de Design Paraná, online).
tentes e agentes da demanda e oferta do Design”
(Minas Design, online) no estado, atuando de forma O Centro atua ainda como braço executor de ações
descentralizada por meio de vários agentes locais, consolidadas do Programa Brasileiro do Design e,
enfatizando a participação empresarial. Seu objetivo recentemente, aceitou convite do International
central é “contribuir para a inserção efetiva do Design Fórum Design Hannover - promotor do iF Product
na economia mineira moderna como um recurso es- Design Award, entre outros prêmios de Design,
tratégico de incremento à competitividade dos produ- para sediar uma filial da organização no Brasil.
tos e serviços do Estado no mercado global” (Minas
Design, online), o que coincide com o foco do PBD. SENAI SÃO PAULO DESIGN

CENtRO DESIGN RIO Diferentemente dos demais centros apresenta-


dos, enfatiza na sua apresentação o conceito do
Criado por meio do Programa Via-Design do Design em si e seu potencial na geração de riqueza
SEBRAE, sua missão é “o aumento da compe- material e imaterial, relacionando-o à criatividade
titividade das empresas fluminenses, através da e à arte; não à tecnologia e ao diferencial competiti-
promoção do Design como fator de diferenciação, vo, discursos mais vinculados ao jargão empresarial.

47
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

Entre seus objetivos, ressalta “imprimir uma con- zação do Design, constituiu-se na iniciativa de
sistente busca por excelência para produtos e pro- maior envergadura no País de apoio e promoção
cessos, contemplando - e a um só tempo - ino- do Design, formando uma rede de atendimento
vação e respeito à vida no seu compromisso com às micro e pequenas empresas, composta por
a sustentabilidade”; e “contribuir para a inserção 15 Centros de Design e 85 núcleos de Inovação
competitiva dos produtos brasileiros no mercado e Design, totalizando 100 unidades, distribuídas
internacional”; focando “no atendimento à indústria em todo o País, contando com parcerias de ór-
paulista na gestão dos processos de desenvolvi- gãos do governo local, universidades e centros
mento de produtos com o viés do Design” (SEnAI de pesquisa.
São Paulo Design, online). Alinha-se assim com
as demais iniciativas, mas incorpora a sustentabi- PREMIAÇõES DE DESIGN
lidade e o respeito à vida como valores; enfatiza
ações de formação e desenvolvimento profissional, Algumas lideranças empresariais e órgãos gover-
evidentemente, pelo perfil institucional do SEnAI. namentais locais realizam outras iniciativas pontu-
ais que se consolidaram no País, em especial as
PROGRAMA SENAI DE DESIGN premiações de Design, que têm funcionado como
“selos de excelência”, fortalecendo a divulgação
O mote central da divulgação do programa, tam- e o reconhecimento de produtos e empresas no
bém autodenominado como Programa SEnAI de mercado, inclusive das pequenas e recém-criadas,
gestão do Design, é a gestão do Design volta- que não dispõem de recursos para promoções.
da à competitividade empresarial, realizada por Entre estas, destacam-se:
meio de ações de mobilização e conscientização.
O programa se estrutura por meio de núcleos • Museu da Casa Brasileira: Prêmio Design MCB.
de Apoio ao Design – nADs, de atuação setorial. • Associação Brasileira da Indústria da Ilumina-
Ao todo são 40 núcleos, distribuídos por 14 Esta- ção: Prêmio Abilux Design de Luminárias.
dos e abrangendo os setores de madeira e mobili- • Associação Brasileira da Embalagem: Prêmio
ário, calçados, artefatos de couro, gráfica, confec- ABRE da Embalagem Brasileira.
ções e têxtil, eletroeletrônica, joalheria, celulose • Sindimóveis de Bento gonçalves: Salão Design
e papel, automação e informática, embalagens, - Casa Brasil.
plástico, cerâmica e química. • grafite Feiras e Promoções: Prêmio House &
gift de Design.
PROGRAMA SEBRAE VIA DESIGN • Revista Casa Claudia: Prêmio Planeta Casa.
• Revista ArcDesign: Prêmio Top XXI Design Brasil.
Lançado em 2001 para auxiliar as PMEs com • SEBRAE-Mg: SEBRAE Minas Design - voltado
ações de fomento, promoção, divulgação e utili- às micro e pequenas empresas.

48
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

Desde o início do ano 2000, algumas empresas e escritórios de Design brasileiros, notadamente aqueles
que ambicionavam exportar produtos ou serviços, começaram a buscar premiações estrangeiras de
Design, o que levou à criação do Design Excellence Brazil, voltado ao iF Design Award da Alemanha e,
posteriormente, do Idea Brasil, vinculado ao International Design Excellence Awards dos EuA. Contando com
o apoio da Apex-Brasil, ambas as iniciativas desde o início procuraram criar condições de participação
mais favoráveis às pequenas empresas.

ARtICULAÇÃO DA OFERtA DE DESIGN

Os pesquisadores, profissionais e escritórios de Design no País se encontram atualmente organizados


em várias associações ativas que, além de atuar no desenvolvimento de estudos setoriais, na regulação
e na promoção da atividade profissional – estabelecendo parâmetros para contratos de prestação de
serviços e organizando eventos de impacto local com as Design Weeks realizadas no Rio de Janeiro
e em São Paulo, contribuem ainda para a articulação de parcerias com diferentes segmentos do setor
produtivo. Entre essas instâncias de representação, vale mencionar:

• ADg – Associação dos Designers gráficos.


• ADP – Associação dos Profissionais de Design.
• ABEDESIgn – Associação de Escritórios de Design.
• AEnD-Brasil – Associação nacional de Ensino e Pesquisa em Design - Brasil.

Também a oferta de cursos em diferentes níveis é ampla, especialmente em São Paulo, abrangendo não
apenas a capital, mas também outras cidades, como: Campinas, Salto, Bauru, Lorena e Birigui.

6.1.3 Apoio financeiro

Costuma-se classificar o financiamento oferecido às a concursos públicos regulados por editais, cujos cri-
empresas para projetos de P&D, inovação e Design térios correspondem a prioridades governamentais.
em três modalidades: recursos não reembolsáveis,
capital de risco e financiamento convencional. O marco importante foi a Lei nº 10.973, de 2 de
Em geral, as MPEs de base tecnológicas e/ou tradi- dezembro de 2004, a “Lei da Inovação”. A par-
cional buscam recursos não reembolsáveis ou a fun- tir de sua promulgação, o governo Federal pas-
do perdido, obtidos a partir da submissão de projetos sou a permitir a concessão de recursos às ICT

49
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

e agências de fomento, para atender às empresas negócios. Os recursos devem ser utilizados ape-
nacionais envolvidas em atividades de pesquisa nas para despesas de custeio, tais como: pessoal
e desenvolvimento, mediante contratos ou convê- envolvido no projeto; diárias, passagens e despe-
nios específicos, considerando as prioridades da sas de locomoção; material de consumo; serviços
política industrial e tecnológica nacional. de terceiros; aluguéis de equipamentos e labora-
tórios; produção piloto e lançamento do produto.
FINEP
O PIPE – Pesquisa Inovativa em Pequenas Em-
As linhas de apoio da FInEP funcionam de forma presas, por sua vez, operado em São Paulo pela
complementar e privilegiam inovações de cará- FAPESP, também de caráter não reembolsável,
ter tecnológico. Os financiamentos se destinam destina-se a apoiar a execução de pesquisa cien-
ao desenvolvimento de novos produtos, serviços tífica e/ou tecnológica em pequenas empresas.
e processos e são concedidos aos que são con- Os projetos de pesquisa selecionados para apoio
siderados empreendimentos promissores, sendo deverão ser desenvolvidos por pesquisadores
geralmente acompanhados por equipes da ins- que tenham vínculo empregatício com pequenas
tituição, mediante planos de gestão de negócios empresas ou que estejam associados a elas para
e relatórios periódicos. no projeto apresentado sua realização.
à concorrência, a empresa deve sempre apre-
sentar algum tipo de contrapartida, especificada CNPq
em edital. Via de regra a contrapartida (financeira
e econômica) pode variar de 20 a 50%, conforme uma das modalidades de apoio é o Programa de
o faturamento da empresa. Bolsas Bitec – Programa de Iniciação Cientifica
e Tecnológica para Micro e Pequenas Empresas,
A FINEP oferece ainda dois programas operados disponibilizado numa parceria com federações
por fundações estaduais de amparo à pesquisa, de indústrias locais (em São Paulo com a FIESP)
SEBRAES ou federações de indústrias: PAPPE e o Instituto Euvaldo Lodi nacional – IEL. O objeti-
Subvenção e PIPE. vo principal é fomentar a interação entre as insti-
tuições de ensino superior e as micro e pequenas
O PAPPE Subvenção – Programa de Apoio à empresas, por meio do incentivo ao desenvolvi-
Pesquisa em Pequenas Empresas, concede apoio mento e à transferência de conhecimento aplicado
financeiro na forma de subvenção econômica (re- às atividades de inovação, empreendedorismo,
cursos não reembolsáveis) a empresas de base tecnologia e gestão.
tecnológica de pequeno porte, ao longo de dois
anos, focado na engenharia de produção da em- São oferecidas bolsas, por seis meses, para es-
presa, de modo a colocar em curso seus planos de tudantes de graduação, de todas as áreas de

50
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

formação, a serem implementadas em micro e pe- do por Banco do Brasil, Banrisul, Bradesco, Caixa
quenas empresas, com a orientação de professo- Econômica Federal e Itaú. O crédito pode ser amor-
res universitários. As empresas que se beneficiam tizado em até 48 prestações mensais, fixas e iguais.
passam a ser parceiras do Programa, aportando
recursos mensais durante os 6 (seis) meses de es- Entre as empresas que podem solicitar o creden-
tágio para custear o professor em sua orientação ciamento como fornecedores, encontram-se em-
didático-pedagógica. Há ainda uma premiação presas fabricantes ou distribuidores de bens no-
para os melhores projetos, concedida ao aluno vos e insumos de setores autorizados pelo BnDES,
e ao professor. com índice de nacionalização mínimo de 60%,
laboratórios de avaliação de conformidade acredi-
Outra modalidade é a Bolsa RAHE, programa que tados pelo InMETRO, prestadores de serviços de
concede bolsas a micro, pequenas e médias em- acreditação, gráficas, fabricantes de CD e DVD,
presas ou instituições que executam atividades de fabricantes de materiais, componentes e sistemas
desenvolvimento científico e/ou tecnológico para construtivos destinados à construção civil, e ainda
empregar especialistas (aprovadas pela FInEP escritórios e profissionais de Design.
e operadas pelo CnPq). As bolsas podem ser para
contratação de pessoal, viagens e consultoria. É inegável a importância destas linhas de financia-
As MPEs montam um projeto e após análise da mento às MPEs, mas alguns gargalos ainda dificul-
viabilidade podem, por exemplo, contratar profis- tam sua utilização, como a informalidade das empre-
sionais de nível superior para desenvolver ações sas, a falta de prática dos empresários na elaboração
de Design e inovação. de projetos de solicitação, a complexidade e moro-
sidade dos trâmites burocráticos, as certidões ne-
BNDES gativas exigidas, a fragmentação das modalidades,
valores e instituições gestoras. Além disso, não há
Em 2010 foi criado o Cartão BNDES, voltado para um mecanismo de apoio específico para o Design,
micro, pequenas e médias empresas, oferecendo cabendo aos gestores de instituições de promoção
crédito rotativo, pré-aprovado, de até R$ 1 milhão, do Design ou aos próprios escritórios ou profissionais
para aquisição de produtos credenciados no Portal a identificação das oportunidades mais adequadas,
de Operações do Cartão BnDES. O cartão é emiti- e a elaboração do projeto de solicitação do subsídio.

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A promoção do Design junto aos pequenos negócios

6.2 Contexto internacional

nos últimos 30 anos cresceu aceleradamente a im- atuação decisiva na mudança do patamar compe-
portância atribuída ao Design como diferencial com- titivo local, tais como:
petitivo para as empresas, associada ao processo de
globalização da economia. Seu impacto no desenvol- • Centro Português de Design – Lisboa/Portugal.
vimento econômico e na balança comercial dos paí- • Barcelona Centre de Disseny – Barcelona/Espanha
ses se reflete no aumento das exportações de maior • Instituto de la Mediana y Pequeña Industria Va-
valor agregado, assim como na dinamização do fluxo lenciana – Valencia/Espanha.
de bens e serviços em seus mercados internos. • Design Forum Finland – Helsinki/Finland.
• norwegian Design Council – Oslo/noruega.
Se por um lado, esse processo foi acompanhado por • Danish Design Centre – Copenhagen/Dinamarca.
mudanças na configuração e gestão das empresas, • Design Council – Inglaterra.
originando a formação de grandes conglomerados • Korean Institute of Design Promotion – Sung-
transnacionais, e por um acelerado desenvolvimen- nam/Coreia do Sul.
to tecnológico, por outro lado, há uma grande força • Beijing Industrial Design Center – Pequim/China.
produtiva na maioria dos países oriunda das micro • Hong Kong Design Centre – Hong Kong/China.
e pequenas empresas. Estas, salvo algumas exce- • Taiwan Design Center – Taipei/Taiwan.
ções, enfrentam dificuldades para competir com as • Japan Institute for Design Promotion – Tóquio/
primeiras por não contarem com as vantagens de Japão.
economia de escala na produção, nem recursos • India Design Council – Ahmedabad/Índia.
para investir em pesquisa tecnológica de ponta. • South African Bureau of Standards - Design
no entanto, a flexibilidade de seu sistema produ- Institute – Pretória/África do Sul.
tivo e sua típica conexão com a cultura e estilo de • Design Industry Advisory Committee – Toronto/
vida local, podem se transformar em importantes Canadá.
diferenciais, se sua identidade, produtos e serviços • Centro Metropolitano de Diseño – Buenos Aires/
tiverem seu valor agregado pelo Design. Argentina.

A percepção do potencial do Design e da neces- Para avaliar como é realizada em outros países
sidade de um esforço coordenado pela sua pro- a promoção do Design e, em especial, as ini-
moção, junto aos diferentes setores da economia, ciativas voltadas a pequenas e microempresas,
deu origem a políticas e programas nacionais de observou-se o posicionamento, a visão, os objeti-
Design em vários países, assim como a criação de vos e ações desses 16 organismos de reputação
centros de Design, alguns dos quais têm tido uma reconhecida internacionalmente.

52
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

A maioria possui vínculo direto com o governo do País, funcionando como braço operacional de uma polí-
tica ou programa nacional de Design. O mais antigo é o Design Council, criado ainda durante a 2ª guerra,
em 1944. no entanto, a origem do Design Forum Finland, um dos únicos órgãos independentes do con-
junto analisado, remonta a 1875, quando da criação da Finnish Society of Crafts and Design. O final da
década de 1960 e o início de 1970 marcam a criação de alguns dos mais consolidados, tanto na Europa
(DDC e BCD) quanto na Ásia (JDP e KIDP). Bem mais recentes são as iniciativas chinesas (o TDC é de
2004), porém com proposições bem agressivas voltadas ao comércio exterior, e muito bem estruturadas.

Complementarmente foram também considerados os documentos oficiais de apresentação de políticas de


Design da Inglaterra (The Good Design Plan, 2008-11) e da união Europeia (Design as a driver of user-centred
innovation, 2009), além da recente iniciativa do governo francês voltada para inserção do Design nas peque-
nas e médias empresas.

6.2.1 Design, inovação e competitividade

Todos os organismos analisados consideram que de inovação que o mercado atual exige das empre-
o Design possui valor econômico, que é um com- sas; ressalta que o Design funciona como uma pon-
ponente significativo da competitividade, da ino- te entre tecnologia e arte, ideias e objetos (o que
vação e da nova cultura industrial, como elemento outros expressam como criatividade e inovação),
estratégico para a excelência e, mais ainda, parte cultura e comércio, produção e consumo. Enfatiza
inerente a todos os tipos de negócios. Por meio sua função de catalisador de esforços de diferen-
do Design uma empresa cria produtos, comunica tes áreas, e de produtor de respostas materiais
sua oferta, constrói sua imagem e suas marcas, capazes de projetar a imagem de empresas, de
consolidando-se no mercado e na mente, ou no conquistar mercados, de atender a demandas la-
coração de seus clientes. Destacam, portanto, tentes e de gerar divisas. Argumenta assim, sobre
sua contribuição para o desenvolvimento econômico a necessidade crítica de que o Design seja incluído
e tecnológico, para a qualidade de vida das pesso- na gestão estratégica das empresas, participando
as e para a sustentabilidade. ativamente, a montante, durante e a jusante de
processos de definição, criação e implementação
O Centro Português de Design, em especial, de produtos e serviços.
aponta o papel transversal do Design na identifi-
cação e geração de problemas e respostas, carac- Quanto ao valor do Design para a inovação, a refe-
terística fundamental numa dinâmica permanente rência de fundamentação principal é o Manual de

53
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

Oslo, e a proposta de classificação da inovação – ao O Centro de Promoção do Design da Coreia –


invés do critério mais tradicional relacionado ao teor KIDP, embora salientando, como os demais orga-
tecnológico – conforme o campo de aplicação: em nismos, a importância do Design como uma força
produtos, no marketing, processos e na organização. motriz por trás da competitividade, sendo assim,
Tal critério valoriza a participação do Design, como um fator determinante no futuro de uma nação,
um elemento facilitador, em todas as modalidades. optou por destacar que o Design hoje tem sido
amplamente reconhecido mais como algo a ser
O IMPIVA em particular, focado nas médias e pe- desfrutado e explorado em nosso dia a dia do que
quenas indústrias da região de Valência, Espanha, como um meio para desenvolvimento da indústria
salienta que as empresas, para se tornarem mais como no passado. Tal ênfase reforça a importân-
competitivas, devem aprender a gerenciar a inova- cia atribuída a abordagem do Design centrado
ção, desenvolvendo uma atitude inovadora em to- no usuário, ao mesmo tempo que sinaliza uma
das as áreas da organização, melhorando os pro- possível revisão na política de Design do País, de
cessos produtivos, tornando sua estrutura mais um foco fortemente centrado na exportação, para
eficaz, enfocando seu negócio de maneira mais uma preocupação com as condições de vida da
criativa, oferecendo ao mercado novos conceitos população local.
de produtos ou de serviços, aproximando-se mais
dos seus clientes finais e comunicando-se enfatica O documento da União Europeia “Design as
e claramente com o mercado. E destaca o papel a driver of user-centred innovation” destaca
fundamental do Design no desenvolvimento da o potencial do Design – ao criar produtos e ser-
inovação. nesse contexto o Design é vinculado viços atrativos e amigáveis ao usuário, no fecha-
também às chamadas indústrias criativas. mento do loop da inovação, da pesquisa inicial às
inovações comercialmente viáveis. Pode aumentar
Outro aspecto enfatizado é que a inovação impul- a eficiência de todo o gasto em pesquisa, desen-
sionada pelo Design se apoia em uma abordagem volvimento e inovação. Além disso, complementa
sistemática e centrada nas pessoas, no usuário, políticas de P&D e inovação e amplia sua audi-
partindo do estudo da vida cotidiana, de práticas ência para mercados maduros, setores e regiões
e necessidades, inclusive latentes. O termo usuário, caracterizados por atividades não tecnológicas,
para o Design, pode incluir consumidores, clientes, assim como para as pequenas e médias empre-
empregados, organizações, parceiros, fornecedo- sas, para quem o investimento em pesquisa tec-
res ou outros membros da sociedade. Tal aborda- nológica pode não ser exequível ou adequado.
gem da inovação se destaca sobretudo no estágio
de geração de ideias, que são apresentadas na Ressalta também que o Design pode ser muito
forma de infográficos, sketches, modelos, protóti- mais amplamente utilizado pelas pequenas e mé-
pos e descrição de soluções. dias empresas, fundamentando este argumento

54
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

em um estudo da OECD. De acordo com o estu- é considerada como menos intensiva em capital.
do, a inovação nas pequenas e médias empresas O Design possibilita ainda, um período mais curto
não se baseia primariamente em investimentos de retorno do investimento, em relação a outras
em P&D, mas em outras atividades inovadoras, atividades inovadoras (estudo em pequenas e médias
notadamente o Design. O Design é considerado empresas francesas e inglesas mostrou que mais
como um meio para inovação não tecnológica de 60% dos projetos de Design se pagaram em
e incremental que auxilia as empresas a res- menos de dois anos).
ponderem melhor às necessidades dos clientes;
e como representa apenas uma parte do ciclo Apesar deste grande potencial, o documento da
de P&D e não necessariamente exige conheci- união Europeia observa que existem barreiras entre
mento científico ou engenharia tecnologicamente as pequenas e médias empresas a se tornarem
sofisticada, é particularmente relevante para as usuários ou compradores de Design: possuem,
pequenas e médias empresas. O estudo mencio- em geral, pouca experiência em Design, não sabem
nado sugere ainda que muitas das forças peculia- o que esperar do Design, nem como encontrar ajuda
res às pequenas e médias empresas, tais como profissional ou integrar o Design em seus processos
conhecimento profundo de seus clientes, são de inovação. Por outro lado, falta aos designers em
essenciais para a inovação pelo Design. E como geral, conhecimento sobre o ambiente de negócios
atividade inovadora que está próxima do usuário, e outras competências necessárias para melhor se
e não é, em geral, impulsionada pela tecnologia, integrarem na comunidade de inovação e negócios.

6.2.2 As vertentes principais de atuação dos centros de Design analisados

Todas as organizações possuem como foco central na interface e interlocução entre práticas, pratican-
de atuação o Design, exceto o IMPIVA, como foi tes e destinatários, fortalecendo as ligações entre
mencionado anteriormente. Embora estejam vin- Design e negócios em todos os campos.
culados a órgãos públicos em geral, estabelecem
parcerias com instituições nacionais e estrangeiras A ênfase de seus principais objetivos varia entre
com reconhecida competência em Design, seja para a estruturação do sistema produtivo, o treina-
aplicação de metodologias consolidadas, para de- mento e capacitação em Design, a promoção de
senvolvimentos de estudos conjuntos ou realização resultados e a produção e difusão de informação,
de iniciativas de promoção e difusão. Procura atuar como por exemplo:

55
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

EStRUtURAÇÃO DO SIStEMA PRODUtIVO a visibilidade do “branding” local e explorando


diferentes oportunidades.
• Difundir práticas de Design junto à sociedade, • Ampliar a exportação de produtos com Design
promovendo sua aplicação em processos de e da competência em Design.
inovação, de fortalecimento da identidade de • Levar os produtos locais a serem identificados
marcas e produtos locais e de gestão adequada pelo “designed in”, ao invés de “made in”.
nos negócios, por meio da prestação de servi- • Organizar exposições e premiações.
ços e de programas específicos.
• Estruturar a capacidade local de inovar e gerar mar- ARtICULAÇÃO, PRODUÇÃO E DIFUSÃO
cas, produtos e serviços de classe mundial, fortale- DE INFORMAÇÃO
cendo a qualidade do Design e elevando seu status.
• Promover o uso do Design estratégico. • Criar e comunicar conhecimentos entre os vários
• Estruturar programas de gestão focados no de- atores da cadeia de valor para estimular a criação
senvolvimento de novos sistemas de produtos, de novos produtos ou sistemas diferenciados.
onde as culturas de projeto e negócios são con- • Oferecer serviços de informação e publicações.
vergentes, usando de maneira mais eficiente os • Desenvolver pesquisas sobre políticas e planos
recursos nas cadeias de valor. para a indústria do Design.
• Ampliar o escopo da indústria de Design local. • Estabelecer uma rede global de designers locais.
• Desenvolver estratégias de Design que aproveitem • Organizar a aplicação e demonstração de pro-
os resultados já alcançados em alguns setores. jetos de Design.
• Conduzir o desenvolvimento de novas soluções • Organizar fóruns e encontros de Design.
para desafios sociais e econômicos locais, envol-
vendo a comunidade no projeto de serviços locais. O taiwan Design Center, em especial, explicita
o objetivo ambicioso de fazer da região “um dos
tREINAMENtO E CAPACItAÇÃO EM DESIGN maiores centros de indústrias inovadoras do mun-
do, pelo uso intensivo do Design criativo, promo-
• Contribuir para a capacitação e treinamento vendo o desenvolvimento industrial, o crescimento
de designers em alto nível, e conduzir progra- constante de excelentes empresas prestadoras de
mas educacionais. serviços domésticos de Design, e a melhoria da
qualidade de vida de todas as pessoas.”
PROMOÇÃO DE RESULtADOS
Outra referência internacional relevante foi o es-
• Valorizar e promover o Design local, divulgando tudo publicado pelo Hong Kong Design Centre,
seus resultados e competências, fortalecendo intitulado “Design Index” (disponível no site em

56
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

PDF para download), visando subsidiar a criação de programas de promoção do Design junto a mi-
de uma estrutura de análise sobre o estágio do de- cro e pequenas empresas.
senvolvimento da “indústria do Design” na região,
que apontasse indicadores e gerasse uma meto- Quanto ao Korean Institute of Design Promotion
dologia para monitoramento periódico do quadro. – KIDP, como bem destaca o designer gabriel do
Visava auxiliar a compreensão do panorama e da Patrocínio, em seu blog “Políticas de Design”, tra-
dinâmica do setor, assim como de seus alcances ta-se de uma das iniciativas mundialmente mais
e impactos na sociedade. Entre as principais reco- bem sucedidas e estruturadas no setor:
mendações do estudo, destacam-se:
“Sua sede ocupa os 47 mil metros quadrados de
• Avaliação de sete dimensões do Design, cada modernas instalações do edifício “New Millenium
uma com seus indicadores específicos: capi- Ark”, na cidade de Sungnam, aonde se situam ga-
tal humano, investimento, estrutura industrial, lerias e espaços de exposição, um museu de De-
demanda de mercado, ambiente sociocultural, sign, biblioteca, auditórios, centro de treinamento,
ambiente de direitos de propriedade intelectual área de incubação de empresas, além dos escritó-
e ambiente de condições gerais para negócios. rios do KIDP e ainda, no último andar, o Designer’s
• necessidade de ampliação do que se compre- Club. Entre as suas diversas atividades, destaca-se
ende como campo de aplicação da indústria do a promoção do evento Design Korea, a atribuição
Design: além das áreas tradicionais, outras for- do selo Good Design, e ainda a promoção (des-
mas emergentes do Design devem ser conside- de 1966) da premiação/exposição nacional Korea
radas, sobretudo no segmento da comunicação Design Exhibition.”
visual, da propaganda, do Design artesanal e do
Design educacional, entre outras. Além da sede principal, o KIDP dispõe de várias uni-
• necessidade de estudos sobre tópicos ainda dades espalhadas pelo País, onde existem Centros
pouco explorados, como o status dos designers Regionais de Design (RDC) e Centros de Inovação
empregados, o perfil organizacional e da con- em Design (DIC) setoriais. Estes últimos, implanta-
tribuição econômica das empresas de Design, dos com apoio do Ministério da Indústria, Comércio
o investimento em Design dentro e fora das in- e Energia, possuem o objetivo de desenvolver tec-
dústrias, a compreensão e o valor percebido em nologias avançadas em Design para uso conjunto
relação ao Design pelo público em geral. por empresas de Design e universidades, de modo
a fortalecer a competitividade do Design. O diagrama
Trata-se de uma iniciativa pioneira, que muito po- a seguir, também disponível no blog mencionado,
deria auxiliar na avaliação também dos resultados mostra a visão da estratégia da Coreia para o Design:

57
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

Transformar-se no País líder mundial


em exportação de Design e marcas
Polo de Design na Ásia Oriental

Governo estabelecendo a infraestrutura


para a indústria do Design Corporações aumentando investimentos
no desenvolvimento do Design

Crescer em design sob os


ESTRATÉGIAS PARA APERFEIÇOAMENTOS valores da 'Coreia Design'
DA INDÚSTRIA DO DESIGN
Consumidor adaptando-se
à cultura do consumo consciente
Estratégias para aperfeiçoamentos
da indústria do Design

Figura 7 - Quadro síntese da estratégia de Design da Coreia.

Embora não tenham sido identificados projetos especiais para pequenas empresas, observou-se um
conjunto de ações muito bem encadeadas voltadas à inovação “revolucionária” e à internacionalização do
Design coreano, além do reforço sistemático do sistema nacional de promoção do Design, baseado no
“Industrial Design Promotion Act”.

58
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

6.2.3 As iniciativas para pequenas e microempresas

O Korean Institute of Design Promotion – KIDP, ção e internacionalização em mercados globais.


o Centro Metropolitano de Diseño – CMD, o Hong É direcionado a todas as empresas, especialmente
Kong Design Center – HKDC e o Beijing Industrial as pequenas e médias – que representam 99,8%
Design Center – BIDC, abrigam e gerenciam in- dos negócios catalães.
cubadoras de Design em suas sedes, associadas
a programas de inovação orientados pelo Design; O início do processo é a conscientização da ge-
alguns deles vinculam-se a parques tecnológi- rência das empresas sobre o valor do Design,
cos, como o do HKDC. a capacitação de equipes internas e o estabeleci-
mento de procedimentos que consideram o Design
A seguir, algumas iniciativas e programas es- em todos os aspectos, alinhados com a estratégia
pecialmente voltados às pequenas empresas, corporativa. A partir daí utiliza-se a competência de
são comentados. designers profissionais, seja contratando-os como
empregados, seja como consultores. As empresas
CENtRO PORtUGUÊS DE DESIGN interessadas em participar se inscrevem no pro-
Curso de Gestão em Multimídia para PME grama preenchendo um formulário online.
Projeto Des+gn mais
INStItUtO DE LA MEDIANA Y PEQUEÑA
Plano para o Design nos Setores Produtivos, foi INDUStRIA VALENCIANA
implementado no período de 2005 a 2007, por Portal IMPIVA Disseny
meio da realização de exposições de produtos por-
tugueses na Espanha, na Itália, em Londres e Lis- Trata-se de um serviço desenvolvido pelo Conse-
boa. A ideia foi apoiar as empresas tecnicamente, lho da Indústria, Comércio e Inovação local, por
captando valor para produtos e marcas, visando meio do IMPIVA, para apoiar processos de gestão
a internacionalização da economia portuguesa. do Design nas empresas de Valência. O progra-
ma é gerenciado e difundido por vários agentes
BARCELONA CENtRE DE DISSENY parceiros que apoiam o processo de incorporação
ExID Programme do Design à estratégia das empresas. O portal di-
vulga um boletim, casos de sucesso, uma linha
Foi criado para conscientizar as empresas catalãs de financiamento para pequenas e médias empre-
sobre o uso e a gestão correta do Design; para sas – voltada ao Design e à inovação, e eventos
melhorar a competitividade e estimular a inovação relacionados. Além disso, possui seções especí-
na rede catalã de negócios, voltada à diferencia- ficas com informações sobre Design e empresa:

59
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

inovação e Design, como o Design pode ajudar dicas 14 para o setor, e uma adequação das peque-
a empresa, quem precisa de Design, gestão do nas e flexíveis unidades de produção ao atendimento
Design, tipos de relação entre empresa e designer, a nichos específicos, o projeto procurou estimular
como encontrar um designer, desenvolvimento de a inovação e o desenvolvimento de produtos com este
produto, comunicação e imagem, entre outros. enfoque. Contou com financiamento do nordic Inno-
vation Centre e dos Ministérios da Economia, Empre-
DESIGN FORUM FINLAND go e negócios dos países, além de envolver associa-
ções profissionais e faculdades de Design e negócios.
Road Show project – Procura estabelecer con- A iniciativa deu origem a um catálogo com 43 casos
tatos entre designers, empresas e negócios que práticos e a um manual sobre como trabalhar estra-
necessitam de seus serviços, reunindo atores locais tegicamente com inovação e Design direcionados
em diferentes regiões do País. à CSR, no desenvolvimento de produtos.
Clínicas de projeto – Fornecem ferramentas para
empresas, no setor de projeto, de modo a gerar ne- DESIGN DIStRICt HELSINKI
gócios melhores e mais lucrativos.
O distrito de Design é um cluster de negócios cria-
Inovação direcionada à Responsabilidade tivos localizado na cidade de Helsinki, formado por
Social Corporativa – CSR Project uma associação de vizinhos, com cerca de 200
membros. Oferece aos moradores e visitantes
Foi um projeto de pesquisa e desenvolvimento imple- opções de compras, alimentação, hospedagem
mentado conjuntamente pelos países escandinavos e “experiências” (visitas a galerias, museus etc.).
de 2007 a 2010, para fortalecer a competitividade Possui um papel importante na construção da re-
das pequenas e médias empresas, por meio da cria- putação de Helsinki como uma cidade do Design.
ção de ferramentas práticas para integração do De-
sign, da inovação e da responsabilidade corporativa. CENtRO MEtROPOLItANO DE DISEÑO
O projeto conceitua responsabilidade social corpora-
tiva como aquela preocupação social e/ou ambiental Subsidiado pela Prefeitura de Buenos Aires, tem
que a empresa assume voluntariamente na condução por missão principal dinamizar o tecido produtivo
de seus negócios e no relacionamento com seus acio- e a qualidade de vida da população local pelo uso
nistas. A partir de estudo prévio da Harvard Business efetivo do Design, promovendo sua importância
School que identificou uma vocação nas PMEs nór- econômica e cultural.

14
Os países nórdicos compõem uma região da Europa setentrional e do Atlântico norte, que consiste na Dinamarca, Finlândia, Islân-
dia, noruega e Suécia, e seus territórios associados, que incluem as Ilhas Faroé, groenlândia, Svalbard e Aland (http://pt.wikipedia.
org/wiki/Pa%C3%ADses_n%C3%B3rdicos).

60
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

Principais áreas de atuação Programa de incorporação do Design nas


empresas
• Gestão do Design – Propicia aos designers
contato com o setor produtivo e promove, junto ao Entre os instrumentos implementados pelo pro-
último, o Design como ferramenta de inovação. grama, voltado a todas as empresas, independen-
• IncuBA – Oferece assistência técnica e finan- te do porte, encontram-se:
ceira, assim como serviços de incubação a em-
preendimentos e empresas do setor de indús- • Guia de serviços de Design – Acessível ape-
trias criativas. Em seis edições, já incubou 94 nas para usuários cadastrados.
empresas e, a partir de 2010 passou a funcio- • Ciclos de capacitação e assessoria profis-
nar como incubadora de incubadoras, a serem sional – Diagnósticos, consultorias e seminários.
instaladas em sua própria sede, ampliando seu • Assessoria financeira – Voltada especialmen-
efeito multiplicador. te às pequenas e médias empresas, é realizada
• Oficina de Moda de Buenos Aires – Fortale- por meio do programa Apoyo a la Competitivi-
ce a indústria local de moda, colaborando com dad Pyme, que se propõe, entre suas maiores
sua internacionalização e promovendo a cidade prioridades, a favorecer a incorporação de
como polo de moda. práticas modernas e eficientes, especialmente
• Instituto Metropolitano de Diseño e Innova- na área de gestão, do Design de produtos e de
ción (IMDI) – Dedicado à pesquisa em Design processos produtivos, visando a ecoeficiência,
aplicada ao sistema produtivo local. a qualidade e a exportação.

Projeto Distrito de Design tHE DESIGN COUNCIL


Programa Designing Demand
Voltado à construção de um polo de escritórios de
Design e pequenas oficinas em Barracas, bairro Parte de um pacote nacional de ações de suporte
onde se localiza o Centro, por meio da concessão a negócios, ajuda as empresas a descobrirem como
de facilidades e benefícios a empreendedores que podem se tornar mais inovadoras, competitivas
queiram lá instalar-se. A iniciativa encontra-se ain- e rentáveis. Atua diretamente com as equipes líderes
da em fase inicial; até o momento foram realizadas das empresas, orientando e dando suporte de igual
reuniões com interessados para definir os melho- para igual para auxiliar as equipes gestoras a cons-
res incentivos à viabilização do projeto. truir uma capacitação organizacional em Design,

61
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

que possa ser fragmentada estrategicamente para o Design pode contribuir com os negócios, dicas
melhorar o desempenho do negócio. A proposta sobre como encontrar e trabalhar com um designer,
é funcionar mais como um agente de facilitação do ou conselhos práticos. Alguns títulos são: O Poder
que como uma consultoria: as empresas identificam do Branding, Adquirindo um Bom Website, Encon-
oportunidades de Design que contribuam para trando um Designer, Briefing, Invenção, Inovação,
melhorar seu desempenho e assim desenvolvem Propriedade Intelectual, Mercados Internacionais.
autoconfiança, capacidade e processos para levar
adiante seus projetos de Design. NORWEGIAN DESIGN COUNCIL
Design-driven Innovation Programme (DIP)
As empresas selecionadas para participarem do
programa se beneficiarão de suporte financeiro Iniciativa do governo da noruega iniciada em
do governo de até 80% dos custos dos serviços 2009, para aumentar a taxa de inovação nas em-
prestados por seu parceiro em Design. Os projetos presas do País. O programa foca principalmente
duram de seis a 18 meses e cada um tem um cus- na melhoria do desenvolvimento da capacitação
to específico mas, em geral, varia entre £5,000 das empresas e no investimento em ideias basea-
e £14,000. das em estudos sobre usuários e na metodologia
do Design. Abrange três projetos:
O objetivo é atingir 6.500 pequenas e médias
empresas, em parceria com as nove Agências de • Design Piloto – Apoio financeiro para estudos
Desenvolvimento Regional da Inglaterra, em sin- piloto; apoio a projetos que fortaleçam a habi-
tonia com o programa governamental maior Bu- lidade de empresas e instituições públicas na
siness Support Simplification Programme (BSSP), geração de soluções inovadoras aplicando mé-
divulgado como “Solutions for Business”. Prevê-se todos de inovação orientados pelo Design.
ainda parceria com outras organizações empresa- • Diagnóstico de Design – um estudo nacional
riais e escolas de administração para maximizar voltado aos negócios.
o impacto e ampliar o acesso ao programa. • Efeito Design – Prêmio organizado pelo
Norwegian Design Council; premiação de pro-
Série de guias gratuitos jetos que demonstrem o impacto tangível do
para pequenas empresas Design no negócio de um cliente, por meio de
indicadores relativos a rendimento, vendas, pe-
O Design Council possui uma reconhecida compe- netração no mercado, distribuição, autoestima
tência no desenvolvimento de publicações simples, da equipe e fatia de mercado. O prêmio trans-
diretas e impactantes voltadas à comunicação com fere a experiência bem sucedida na Inglaterra
pequenas empresas. Disponíveis para acesso online (Design Effectiveness Award – DEA, organizado
ou em PDF, abrangem exemplos reais sobre como pela Design Business Association).

62
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

HONG KONG DESIGN CENtRE realizado em Hong Kong. A proposta vincula-se


InnoCentre ao conceito de indústria criativa.

Trata-se de uma instalação facilitadora imple- SABS – DESIGN INStItUtE – SOUtH AFRICAN
mentada com a parceria da Hong Kong Science BUREAU OF StANDARDS
& Technology Parks Corporation, onde o Design the Prototype Initiative
e a inovação ocupam o foco central, e um grupo
de apoio especialmente treinado promove ativida- Envolve sessões de consultoria, onde os interessa-
des dinâmicas que estimulam o crescimento das dos se inscrevem e recebem orientação e suges-
empresas incubadas ou jovens. tões de especialistas em Design; a participação
em um seminário chamado “Da Ideia ao Produto”,
tAIWAN DESIGN CENtER onde são abordados temas como: armadilhas no
Songshan tobacco Creative Design Park desenvolvimento de novos produtos, proteção le-
gal do Design, incentivos financeiros disponíveis,
Configura-se como um parque de Design, um grande assistência técnica e formas de acesso, o papel
cluster para apresentar a dinâmica da indústria cria- do designer industrial, estratégia de negócios
tiva de Taiwan. Possibilita interações entre empresas, e empreendedorismo; e ainda um prêmio, o “Design
pesquisa e desenvolvimento, incubação, exposições, Institute Prototype Awards”.
experiências estéticas, promoção e marketing.
Programa de apoio ao desenvolvimento de
JAPAN INStItUtE OF DESIGN PROMOtION novos produtos
tokyo Design Market
Integrado pelo seminário anual sobre desenvolvi-
É uma feira de negócios onde designers trazem mento de produto intitulado “Da Patente ao Pro-
suas propostas já estruturadas, e da qual par- duto”, The Prototype Initiative (já apresentado),
ticipam muitas pequenas e médias empresas. guia de Propriedade Intelectual, orientações sobre
A ideia é promover o encontro entre as partes, o processo de desenvolvimento de produtos, rela-
o que já tem trazido resultados interessan- ção de endereços úteis para o designer e o inven-
tes desde 2004, quando a iniciativa começou. tor, normas e Design. O interessante folheto cha-
Alguns projetos ganharam, inclusive, o renomado mado “Innovation made easy” auxilia o programa.
prêmio japonês “Good Design Award”. Recente- O processo de Design é comparado por meio de
mente designers japoneses têm trabalhado com um quadro, à criação de um empreendimento, evi-
empresas chinesas, participando da Business of denciando o potencial de boas ideias de produtos
Design Week (BODW), evento anual de negócios se transformarem em negócios.

63
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

INDIA DESIGN COUNCIL


Conscientização e promoção do Design De modo a viabilizar a construção de uma relação
de confiança e duradoura com as pequenas em-
O objetivo é encorajar micro, pequenas e médias presas, o programa optou por uma intervenção de
indústrias a adotarem as melhores práticas de baixo risco na relação empresa-designer. A primei-
Design. Recentemente o Conselho lançou, em co- ra etapa consiste de uma série de seminários para
laboração com JDP 15, o “India Design Mark”, com públicos bem direcionados, abordando o valor de
este intuito e também para funcionar como marca uma estratégia de Design mais elevada e de seu
de qualidade assegurada. papel catalisador, na comercialização da inovação.
A etapa seguinte é uma auditoria em design de ne-
DESIGN INDUStRY ADVISORY COMMIttEE gócios, quando membros da equipe do programa
Design Advisory Service se encontram com gestores da empresa interessa-
da em até um dia (incluindo uma visita à empresa),
Infraestrutura criada na grande Toronto – Canadá, para explorar oportunidades; a auditoria é então
para encorajar as indústrias locais em cresci- redigida, incluindo um briefing de projeto, e subme-
mento a trabalhar com o setor de Design. O modelo tida à apreciação da empresa. uma vez aprovado
de abordagem escolhido para a aproximação foi o documento, a empresa é conectada a um desig-
o de “aconselhamento”. O ponto de partida para ner profissional credenciado (ou escritório ou equi-
o serviço foi o reconhecimento da importância, pe com diferentes competências), com experiência
para as pequenas empresas, do sucesso da pri- no foco central da proposta. O designer tem uma
meira experiência com Design; dele dependem semana para trabalhar com a empresa, período em
eventuais considerações futuras de gerentes que desenvolve uma abordagem estratégica e re-
e diretores, sobre a inclusão do Design em suas comenda uma oportunidade em Design que possa
estratégias de longo prazo. Assim, em 2009 foi capacitar o cliente a estabelecer uma vantagem de
lançado um programa piloto orientado para pe- mercado mais sustentável. Os custos são subsidia-
quenos negócios crescentes e focados na ino- dos pelo programa e a empresa atendida paga ape-
vação, que nunca trabalharam com designers nas uma taxa nominal. Os casos de sucesso (um
antes, abrangendo os setores de manufatura, total de dez até setembro de 2010) são divulgados
construção, tecnologias “verdes”, cuidados nacionalmente, destacando-se os benefícios das
com a saúde, produtos de consumo e informa- estratégias recomendadas e descrevendo o desafio
ção/comunicação. enfrentado no contexto daquele setor industrial.

15
Japan Institute of Design Promotion (JDP).

64
A promoção do Design junto aos pequenos negócios

GENERAL DIRECtORAtE FOR COMPEtItIVENESS, INDUStRY AND SERVICES

Iniciativa francesa que realiza uma série de atividades em nível nacional, para promover o Design, espe-
cialmente junto a pequenas e médias empresas. Desde 2006 foram lançadas sucessivas chamadas pú-
blicas sobre “inovação, criação e Design” para pequenas e médias empresas, para financiar dez projetos
inovadores não tecnológicos. Outra importante ferramenta da organização é o site “Entreprise et Design”,
para difusão da conscientização, entre as empresas, do valor agregado pelo Design. Recentemente foi
lançado um programa piloto para estimular e subsidiar as pequenas empresas em sua colaboração inicial
com designers. Em 2010, cinco regiões francesas foram selecionadas para implementação deste progra-
ma, que deve ser expandido a outras cinco regiões em 2011.

65
O conceito do Design para o SEBRAE-SP – 2012/2015

CAPÍTULO 7
O COnCEITO DE DESIgn PARA O SEBRAE-SP

66
O conceito do Design para o SEBRAE-SP – 2012/2015

O conceito do Design para o SEBRAE-SP – 2012/2015

A competitividade para as pequenas e microem- uso consciente de matéria-prima, destinos úteis


presas, seja ela dos setores de comércio, indús- aos dejetos líquidos e sólidos e reaproveitamento
tria, serviços ou agronegócios deve considerar de peças descartáveis, passando ainda por qua-
um grande número de variantes que a determine lidade de vida das pessoas envolvidas no proces-
–planejamento, viabilidade, custos, recursos hu- so de produção, bem como o aproveitamento de
manos, inovação tecnológica, questões ambien- mão de obra e qualificação profissional de pesso-
tais, questões sociais e criatividade são algumas as de comunidades menos favorecidas.
destas variáveis. O Design deve compor esta lista
em função de sua crescente importância na rela- Em um primeiro momento, esse processo parece
ção entre produtos/serviços e mercado. distante do universo das micro e pequenas empre-
sas, que desconhecem os benefícios diretos e indi-
O mercado demanda produtos e serviços compatí- retos que o Design pode proporcionar. no processo
veis com as necessidades do usuário, seja na funcio- de desenvolvimento de uma empresa, imagina-se
nalidade ou na aplicabilidade e, neste caso, o Design (com exceções) que o Design é menos importante
passa ser uma ferramenta estratégica para a criação que os demais itens a serem levados em conside-
de um diferencial competitivo, possibilitando o de- ração. Falta a visão sistêmica do processo. Falta
senvolvimento de produtos e serviços inovadores uma relação pluridisciplinar entre os fatores pri-
e criativos, colaborando para a sedução de seu pú- mordiais de sucesso de um empreendimento.
blico consumidor não só pelo cumprimento de sua
função principal, mas também pelo valor agregado Fica evidente que se faz necessário a inclusão dos
que reveste um produto ou serviço com conceitos estudos em Design no processo de capacitação
importantes ao ser humano. O conceito de sustenta- de empresários que planejam o investimento em
bilidade, de modernidade, o artístico, o social, entre empresas sólidas, criativas e inovadoras, pron-
outros, passam a ser componentes integrantes de tas para enfrentar as adversidades do mercado
produtos e serviços, evidenciado na aplicação de consumidor com a disponibilização de produtos
boas práticas no cotidiano das empresas. e serviços condizentes com as necessidades de
um público cada vez mais exigente em relação
O projeto de desenvolvimento de produtos e ser- à utilidade, à qualidade e aos compromissos tanto
viços, função principal de um designer, considera ambientais como sociais de uma empresa.
a complexidade que envolve a produção, indican-
do soluções que viabilizem sua concretização: nos aponta a tendência de mercado que o consumi-
desenho customizado, viabilidade de produção, dor valoriza a inserção de diferenciais competitivos

67
O conceito do Design para o SEBRAE-SP – 2012/2015

em produtos e serviços. Estudiosos do setor apontam que, por meio do Design, uma empresa, seja ela
MPE ou de maior porte, consegue fidelizar o seu usuário, bem como conquistar novos mercados pelo
simples fato de oferecer um produto ou serviço respaldado por pesquisas que lhe conferem confiabi-
lidade – ergonomia, plasticidade, funcionalidade, uso consciente dos recursos findáveis, entre outros,
fazem a diferença.

As MPEs, frente a um mercado competitivo e globalizado devem se posicionar proativamente junto a essa
crescente demanda por introdução do Design nos processos de produção. Essa afirmação parece óbvia,
porém não reflete a realidade. Temos exemplos de inúmeros casos de empresas que interrompem o seu
percurso por falta de conhecimento em gestão, falta de uma visão sistêmica de seu negócio e, princi-
palmente, pela falta de postura inovadora e criativa de inserção de seu produto ou serviço no mercado.

Este documento tem a função de declaração pública sobre a linha de atuação do SEBRAE-SP na área
do Design. Consiste da publicação do planejamento estratégico que estabelece um conjunto de ações
a ser implementado com a finalidade de tornar o “assunto Design” acessível a um maior número de
empresários de MPEs.

VISÃO DE FUtURO PARA O DESIGN NO SEBRAE-SP

O SEBRAE-SP ser o líder no processo de disseminação e aplicação dos conceitos do Design como ferra-
menta estratégica de gestão para as MPEs do Estado de São Paulo.

MISSÃO PARA O DESIGN NO SEBRAE-SP

Desenvolver ferramentas que viabilizem a gestão do Design, que ofereçam soluções inovadoras e criati-
vas e que possibilitem a expansão dos negócios e a competitividade das MPEs do Estado de São Paulo
de forma consciente e sustentável.

OBJEtIVO DA ÁREA DO DESIGN PARA O SEBRAE-SP

Introduzir o Design no cotidiano da vida empresarial, proporcionar maior competitividade para as MPEs do
Estado de São Paulo, fomentar a utilização de ferramentas de gestão com foco na inovação tecnológica
e na criatividade e viabilizar uma produção diferenciada, baseada nos preceitos da sustentabilidade.

68
O conceito do Design para o SEBRAE-SP – 2012/2015

Objetivos específicos

• Criar um ambiente favorável para o Design no universo das MPEs, sensibilizando, conscientizando e tornan-
do viável o investimento dos empresários que utilizarem o conceito do Design como diferencial competitivo.
• Desenvolver soluções de Design que possibilitem a capacitação dos interessados na ampliação da
competitividade de suas empresas por meio de seminários, palestras, cursos, encontros, oficinas,
de forma presencial ou remota, benchmarking, chats de discussão, consultorias presenciais ou remotas,
jogos corporativos, publicações, blogs e mídias sociais, incluindo ainda novas e criativas formas de co-
municação, com a finalidade de fomentar o mercado e propiciar uma vida de qualidade para as MPEs.
• Ampliar a participação de mercado de produtos e serviços de MPEs que atuam com o Design como
estratégia de gestão e competitividade.
• Fomentar a criação de conexões, presenciais e remotas, de empresas, empresários, profissionais
autônomos, estudantes, fornecedores, compradores, instituições de ensino, organizações comerciais
e institucionais, com a finalidade de propiciar a troca constante de informação, o surgimento de opor-
tunidades e dar maior visibilidade para o setor de Design.

PúBLICO-ALVO DA ÁREA DO DESIGN PARA O SEBRAE-SP

Empresários de MPEs do Estado de São Paulo dos seguintes setores:

• Indústria – Móveis/madeira, calçados/couro, metais/mecânica, petróleo/gás, joias e bijuterias,


cerâmica e outros.
• Comércio – Layout (loja conceito – Design de luz, ambiente, ponto de venda e outros), comunicação
(visual – Design gráfico – publicidade), comércio popular de rua, comércio sofisticado de rua, comércio
em outlets, comércio em shopping, comércio de ambulantes e outros.
• Serviços – Turismo, cultura, artesanato, TI, beleza/estética, limpeza, transporte, logística, contabili-
dade e outros
• Agronegócios – Orgânicos, leite, mel, flores, fruticultura, piscicultura, ovinocultura e outros.

69
O conceito do Design para o SEBRAE-SP – 2012/2015

7.1 Pressupostos estratégicos de atuação

FOCOS EStRAtÉGICOS DA ÁREA DO DESIGN PARA O SEBRAE-SP

• Sensibilização de funcionários do SEBRAE-SP e de empresários das MPEs para as ques-


tões do Design.
Seminários, palestras, oficinas, jogos corporativos, quiz, prêmios, entre outros.
• Capacitação de empresários das MPEs nas questões do Design.
Cursos, clínicas, capacitação presencial e/ou remota, chats de discussão, entre outros.
• Consultorias presenciais e/ou remotas em Design, inovação, tecnologia e criatividade para
desenvolvimento e/ou adequação de produtos e serviços.
Orientações, benchmarking, publicações, atendimento presencial e/ou remoto, entre outros.
• Promoção e comercialização.
Feiras, rodadas de negócios, catálogos, blogs, sites, além de novas e criativas modalidades de comu-
nicação, entre outros.
• Fomento ao setor do Design.
Redes de relacionamentos (conhecimento, troca de informações, mercado, tendências e ambiente
institucional), mídias sociais, entre outros.

70
O conceito do Design para o SEBRAE-SP – 2012/2015

7.2 Recomendações para a estruturação de atendimentos

Recomendação para a aestrutura de atendimento

Termo de referência de Design do SEBRAE-SP

Sensibilização interna Sensibilização externa Produtos/serviços

Público-alvo: Público-alvo: Atendimentos a projetos e fomento


• Gerencias/coordenação Empresários dos setores de: no tema Design

(Atuação transversal entre os setores econômicos)


• Técnicos dos ERs • Indústria
• Consultores especialistas • Comércio Consultorias e atendimentos:
• Serviços • Presencial ou remota (coletivo ou individual)
Produtos: • Agro
Central de produção de conteúdo:

Estratégia do Design
Campanha endomarketing, • Mídias sociais (facebook, twitter, outras)
Treinamento interno, palestras, quiz, Produtos: • Publicações de conteúdo e publicações
folders promocionais, publicações, Palestras, seminários, cursos, promocionais ( newsletter, e-book,
eventos, benchmarking, grupos oficinas, workshop, publicações, artigos, folder, catálogos, outros)
de estudos, outros. e-book, jogos corporativos, • Grupos de discussão
clinicas de atendimento, chats,
Ferramentas: consultorias, outros. SEBRAETEC
• Encontros regionais c/ ERs para
discussão e atualização sobre Ferramentas: Promoção e comercialização:
o tema. • Encontros setoriais • Feiras, e-commerce, rodadas, outras.
• Capacitação sobre gestão do design • Consultorias – presenciais
para os técnicos dos ERs. e/ou remotas. Recursos humanos necessários:
• Processo contínuo de atendimento • Atendimento presencial e/ou remoto. • Empresas contratadas com foco
junto aos ERs. • Site e blog com referencias em design estratégico
• Grupos de estudo presencial bibliográficas. • Equipe de técnicos ERs treinada
e/ou remoto. • Chat de discussão. • Coord. estadual em sintonia com a federal

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Referências bibliográficas

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74
Anexos

ANEXOS

Pesquisa interna – SEBRAE-SP


Por: Cyntia Malaguti

O SEBRAE-SP já vem atuando no sentido de pro- a viabilidade, onde é fundamental analisar sempre o so antes entender qual é o negócio, o ambiente
mover a inserção do Design junto às pequenas que o mercado pede, praticar o “trend watching”; o externo e o foco da empresa. A partir daí, como
e microempresas há alguns anos, o que contribuiu produto final, assim, é reflexo de todo um processo. favorecer a uma segmentação do mercado e dos
para formar uma cultura interna sobre o tema. E nesse processo planeja-se o futuro, a partir da seus próprios produtos e/ou serviços. O último
A interação com os gestores dos setores de indús- identificação de tendências não dos próximos um passo seria a criação dos diferenciais específicos
tria, comércio, serviços e agronegócios, resultou ou dois anos, mas de cinco ou dez anos; uma delas, da empresa e de cada produto novo desenvol-
nas conclusões descritas a seguir. sem dúvida, é a preocupação com a sustentabilida- vido, antecipando tendências e utilizando tec-
de, na opinião de alguns dos gestores. nologias inovadoras, de modo a auxiliar na sua
Com relação ao que os gestores entendem por permanência no mercado.
Design, associam-no a desenho, a uma nova De certa forma, a visão que possuem do Design
forma para o que já existe, integrando bom gosto se associa ao que percebem serem as suas con- no setor do agronegócio em especial, os gestores
e estética à praticidade e inovação, resultando num tribuições para as pequenas e microempre- acreditam que a intervenção do Design é mais signifi-
diferencial. Também o vinculam à identidade, co- sas. Propiciar um diferencial competitivo, tor- cativa nas pontas do processo, ou seja, a partir do be-
municação e adequação ao público, proporcionan- nando seus produtos e/ou serviços mais atuais neficiamento do produto, e menos na sua produção.
do atratividade e valor agregado, aspectos funda- e dotados de uma identidade própria. Acreditam Já no setor de comércio foi evidenciado que o Design
mentais na decisão de compra. Consideram que o que pode ser aplicado transversalmente em to- é mais que o “visual merchandising” das lojas.
Design se aplica mais a produtos – segmento onde dos os segmentos produtivos, seja em produ-
mais ações do SEBRAE tomaram conhecimento - tos ou na própria empresa, no ponto de venda, no entanto, foi feita uma crítica à visão de al-
mas também a embalagens, marcas e até à de- abrangendo seu layout interno, os móveis e até guns que acreditam que o Design é uma forma
coração de interiores. Alguns mencionaram que o a gestão da empresa. Para chegar, no entanto, de resolver tudo, o que o tornou uma “panacéia”,
Design integra ergonomia e se preocupa ainda com a contribuir com o processo gerencial, é preci- um modismo, em diversas circunstâncias.

75
Anexos

Quanto à forma de atuação do Design junto às Veem o Design como algo inacessível, sofisticado,
pequenas e microempresas, as opiniões são dife- distante, moderno; pensam que se aplica apenas
rentes, conforme o setor. no campo do agronegócio, a grandes empresas, que não é para eles. Outros
por exemplo, acredita-se que a atuação se concentra ligam o Design ao formato do produto, ao seu valor
mais no projeto de logotipos, “tags” e embalagens, e entendem o retorno que um bom Design pode tra-
principalmente. no comércio percebe-se mais sua zer para uma empresa. Alguns do setor de agrone-
atuação no segmento de confecções, onde se veri- gócio conhecem sua atuação apenas no Design de
ficam diferentes situações: algumas empresas con- rótulos; sequer o vinculam ao desenvolvimento de
tratam designers que indicam quais são as princi- embalagens. Há ainda empresários que apenas em
pais tendências, outras montam equipes próprias de determinadas contingências sazonais conseguem
criação às quais os designers se integram. Há ainda identificar uma demanda e então contratam um
os empresários que preferem viajar, visitar as fei- designer. Poucos possuem designers próprios, que
ras, tirar fotos de lançamentos ou comprar modelos viajam e buscam tendências. Para muitos, um bom
e depois reproduzi-los aqui. fornecedor é mais importante. Assim, acreditam que
o empresário possui uma visão bastante limitada do
Já no setor de turismo, os designers atuam no desen- Design, em geral apenas associada ao produto, sem
volvimento de produtos artesanais, culturais e turísti- perceber toda a extensão de possibilidades ofereci-
cos. Partem de recursos naturais ou de referências das. Precisa, portanto, ser sensibilizado e capacita-
culturais locais e se integram ao objetivo maior de do de modo a utilizá-lo na gestão do seu negócio.
consolidar a oferta turística do circuito de determi-
nada região, procurando sempre refletir e fortalecer Para os gestores do setor de serviços e turismo,
a identidade local. A atuação envolve criação de o Design é ainda muito distante do pequeno e mi-
identidade visual, restauro e reforma de fachadas, de croempresário, e sequer ouviram falar em Design
instalações, sempre focando as interfaces e canais em suas atividades internas.
de comunicação com o público consumidor.
Considerando-se a “escada do Design”, acre-
no que diz respeito a como o pequeno ou o mi- dita-se que o pequeno e o microempresário es-
croempresário percebe o Design, os gestores tejam no 1º ou 2º degrau, no máximo. Exceção
acreditam que sua visão ainda precisa ser cons- deveria ser feita, na opinião de alguns, a grupos
truída. Alguns já utilizam o Design pontualmente, de empresários dos Arranjos Produtivos Locais de
mas não o enxergam como tal. Outros se assustam Calçados de Franca e Jaú, que já estariam no 4º
ao falar de Design, por sua associação a status. degrau, abordando o Design de forma estratégica.

76
Anexos

Quanto aos segmentos onde o Design é mais observaram uma projeção dos orgânicos, leite e deri-
importante ou se faz mais presente, foram cita- vados como queijo e sorvete, além de doces e pratos
dos os de vestuário e confecção (mais enfatizado), prontos. Também foram citados novamente o café,
o de autopeças, o de material de construção (os três a cachaça e os hortifrutigranjeiros. E quanto às
priorizados no PPA do setor de comércio), o de mó- embalagens desses produtos, comentaram o sur-
veis e o de calçados. no setor de agronegócio foram gimento das biodegradáveis e até das comestíveis.
destacados os segmentos de mel, café, cachaça,
hortifrutigranjeiros e semiprocessados como car- no setor de serviços, o destaque foi dado aos hotéis
ne, onde a embalagem envolve também processos conceito e Design, cuja preocupação envolve aspec-
tecnológicos. Para os gestores do setor de serviços, tos visuais e materiais, sendo uma referência o Hotel
o Design deve estar presente em tudo o que o turista unique, na capital, cuja proposta inovadora quebrou
vê; as coisas podem ser bonitas, arrumadas, de bom paradigmas, da apresentação ao uniforme dos gar-
gosto e qualidade, utilizando recursos locais disponí- çons. Observaram que algumas grifes de moda –
veis. Mesmo num restaurante barato, num quarto de como Diesel, Versace e Armani – estão lançando
pousada, num salão de beleza instalado numa gara- hotéis, o que demonstra certa tendência à ampliação
gem. Ressaltam a importância de se trabalhar os ele- dos nichos de atuação das empresas. Também em
mentos onde a identidade pode se fortalecer, como bares, restaurantes e padarias têm percebido uma
na decoração do interior, em utensílios, numa toalha crescente inserção do Design em vários aspectos;
de mesa ou cardápio, no caso de um restaurante. assim como nos “pet shops”, abrangendo tanto as-
numa pousada e em atrativos turísticos os mesmos pectos relacionados aos serviços quanto aos produ-
cuidados se aplicam, pensando-se nas áreas de tos complementares oferecidos.
fruição, alimentação, nos banheiros, nos souvenirs.
Inclui-se aí, evidentemente, o artesanato local. É pre- O crescimento do cuidado com o Design de
ciso que sempre seja considerado o mercado, quais “websites” foi igualmente verificado, em espe-
são as demandas, as expectativas, as necessidades, cial nos sites de empresas de turismo.
o perfil e o comportamento do público.
Com relação ao que os gestores conhecem da
Quanto aos setores onde o Design mais tem se atuação do SEBRAE hoje na inserção do
destacado ultimamente, independente da ação Design nas pequenas e microempresas,
do SEBRAE, foram citados novamente os segmen- vários desconhecem o que o SEBRAE tem
tos de calçados e de confecção, o de móveis e de- feito, sentem o Design muito distante de sua
coração, mas também os de utilidades domésticas atuação e ainda não conseguem identificar uma
e de eletrodomésticos. no segmento de confecções demanda por Design no seu dia a dia. Apenas
foi citado o trabalho de algumas empresas com informações sobre alguns trabalhos junto às in-
o algodão e a lã orgânicos. no setor de alimentos dústrias têm chegado a eles, na forma de ações

77
Anexos

pontuais para aperfeiçoamento ou desenvolvi- de suporte ao desenvolvimento das pequenas


mento de novos produtos, não no âmbito de um e microempresas.
planejamento geral.
Algumas características dessa atuação são con-
Já quanto ao papel que consideram que sideradas primordiais. Em primeiro lugar, quando
o SEBRAE deve desempenhar no futuro, for feito um diagnóstico setorial ou empresarial,
primeiramente destacou-se a necessidade de se dentro dele deverão ser incluídos aspectos ligados
desenvolver uma cultura e inteligência interna ao Design. Em segundo lugar, o foco da atuação
em Design, associada à difusão de informações deverá ser na capacitação, autonomia e auto-
e de exemplos concretos. Sem isso não se criará gestão do empresário, e não na entrega de uma
demanda, ou ela será apenas um modismo pas- solução pronta, que ele deverá apenas repetir.
sageiro. nesse processo é preciso desmistificar no caso de um estudo iconográfico de uma região,
o Design como algo que vai resolver todos os pro- por exemplo, o mais importante seria discutir com
blemas do pequeno ou do microempresário. o artesão como obter as referências e mostrar
como ele pode adquirir a competência em lidar
Em segundo lugar, essa cultura e conhecimento com elas. Dentro desse cenário, além de dispor
devem ser disseminados ao público do SEBRAE, de consultores designers para o final do processo,
os pequenos e microempresários, destacando chamados no momento adequado, será importan-
a importância, a oportunidade que o Design traz te contar com consultores em gestão do Design.
e, sobretudo, o seu papel-chave associado ao pla-
nejamento estratégico de cada empresa. A impor- Refletindo sobre as condições para o sucesso
tância e significado devem ser evidenciados não da atuação do SEBRAE em Design, eviden-
só no nível dos conceitos, mas em exemplos que ciou-se mais uma vez a necessidade de que antes
deixem claro como o Design pode ser aplicado no o público interno seja trabalhado, para difundir
dia a dia, de forma prática. Os exemplos usados de forma adequada o público externo. Deverá se
devem permitir que o empresário se enxergue neles estudar também o que é feito em outros lugares,
e não se limitarem àqueles muito caros e sofistica- inclusive no exterior. A proposta em si deverá ser,
dos. Essa disseminação deve incluir também uma em primeiro lugar, simples, objetiva, clara – falar
proposta clara de atuação, evidenciando os canais, a linguagem do empresário – e útil, apontando os
meios e modos de acesso aos serviços do SEBRAE diferenciais, os benefícios e vantagens que pode
na área. nesse contexto, cada setor, ou melhor, trazer, e como chegar lá. Deverá contemplar uma
cada empresa, deverá ser trabalhada conforme seu visão de futuro, quebrar paradigmas, ser plane-
nível na “escada do Design”. E tal proposta deverá jada para vigorar por, no mínimo, de cinco a dez
ser inovadora, refletindo uma visão e um posi- anos. A partir daí o grande desafio é criar produ-
cionamento próprios da instituição em relação tos que atendam e materializem o conceito novo,
ao Design e à sua utilização como ferramenta mostrando que o Design não é só para a elite.

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