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Ao estudar provocação, devemos notar que o homem moderno difere daqueles para
quem essas descrições foram originalmente escritas. Quase todos os homens e
mulheres ocidentais são subservientes às suas provocações, simplesmente porque
eles consideram essas provocações como suas posses, como se as tivessem
originado, o que é inteiramente falso, como se fossem as suas próprias ideias, os
seus próprios sentimentos, suas próprias crenças. Na verdade, esses estímulos que
nos impulsionam são meramente "gravações" do passado. Sempre que tocamos no
estado de separação interna, que normalmente conseguimos brevemente, nós não
reconhecemos que habitualmente respondemos à primeira provocação energética
(ou "excitante")", e o resultado é que voltamos imediatamente para fora do estado
de separação interna, novamente. E então esquecemos de nós mesmos, passando
para o que Mouravieff chama de "confluência", o estado normal do homem
moderno. Entre outras coisas, esta é uma das razões pela qual somos incapazes de
controlar nossos pensamentos, e entender esse processo de provocação pode nos
mostrar como é possível estabelecer o controle do pensamento.
Evágrio Pôntico, escreveu sobre essas provocações: "Existem oito categorias gerais
e básicas de pensamentos provocadores nos quais estão incluídos todos eles. Em
primeiro lugar está a gula, em seguida a impureza, a avareza, a tristeza, a apatia,
a vanglória e por último o orgulho. Não está em nosso poder determinar se
estamos perturbados por esses pensamentos, mas somos capazes de decidir se
deixaremos dentro de nós ou não, se eles agitarão ou não nossas paixões."
Não está escrito nessa passagem de Evágrio o fato de que o "centro de comando", o
centro magnético no estado de separação interior, ou além, é o resultado de um
treinamento especial. É, na verdade, um órgão artificial ou feito pelo homem na
mente. Até que ele seja construído, estamos submersos sob uma provocação
contínua, emergindo deste estado, apenas por períodos curtos, em uma ação
intencional. Desenvolver novas atividades intencionais para nossas vidas não é uma
coisa fácil: isso nos envolverá em uma luta com esses pensamentos inúteis e muitas
vezes prejudiciais, que tendem a se acumular à medida que aumentamos o orgulho,
se isso nos levar a crer que os pensamentos, sentimentos, atitudes aos estímulos
provocantes são nossos, como se faz normalmente, isso nos levará a um fracasso
nessa luta. Essa luta, entretanto, está longe de ser inútil. Não só nos leva a
completar alguma terefa que estava anteriormente além de nossa capacidade, mas
aumenta nossa capacidade para futuras ações intencionais e lentamente nos liberta
de nossas provocações recorrentes, e por isso desempenha um papel importante na
formação do centro magnético que nos deixará prontos para uma consciência
superior.
Estágios da Provocação
A provocação passa através de vários estágios, cada um dos quais se torna mais
difícil de "escapar" sem ajuda. Devemos agora elaborar a descrição de Kontzevitch
desses estágios, com um pequeno comentário, onde for útil.
As "inclinações marcadas" que ele se refere são as memórias dos prazeres e dos
desgostos: o termo deixa claro que nossa tendência natural é de desfrutar de certas
coisas que normalmente adicionamos lembrando de impressões-sentimentos, que
são evocadas da memória por associação, por exemplo, pela associação de eventos
ou memórias despertadas em devaneios.
A não ser que já tivermos passado por um treinamento especial e prolongado, este
estado de escolha não ocorre com tanta frequência.
Em geral, esse segundo estágio ocorre muito rapidamente para que possamos pará-
la. Ele é colorido pelos eventos passados, e quando ocorre sem que percebamos,
isso significa que esses eventos passados moldaram nossa reação naquele
momento. Este processo é descrito por Kontzevitch:
A melhor e mais bem sucedida luta ocorre quando o pensamento é cortado por
meio de oração sem cessar bem no início. Pois, como os Padres já disseram, quem
se opõe ao pensamento inicial, ou seja, a provocação, parará sua subsequente
destruição de uma só vez. Um asceta sábio destrói a mãe dos monstros malignos,
ou seja, a provocação astuta (primeiros pensamento). No momento da oração,
acima de tudo, o intelecto deve ser rendido, surdo e mudo (São Nilo de Sinai), e o
coração vazio de qualquer pensamento, até mesmo um pensamento
aparentemente bom (São Hesychius de Jerusalém).
A luta contra o hábito depende de quão profundo o hábito está estabelecido. Algum
esforço, e particularmente uma longa persistência, é necessário para lutar contra
todos os hábitos: "No entanto, o último momento psicológico de uma vacilação
instável da vontade entre duas inclinações opostas, ocorre apenas quando o hábito
ainda não foi formado dentro da alma, ou seja, o "mau hábito" de responder ao mau
pensamento. Este tem lugar quando uma inclinação pecaminosa ainda não
penetrou profundamente a natureza do homem e ao ponto de tornar-se uma
característica constante de seu caráter, um elemento familiar em sua disposição,
quando sua mente está constantemente preocupada com o objeto do desejo
apaixonado, quando a própria paixão ainda não foi completamente formada."