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Complemento oblíquo

O que é o complemento oblíquo?

1. «Definição»

O complemento oblíquo (CObl) é uma função sintáctica que integra o


predicado. É seleccionado pelo verbo e pode assumir a forma de um grupo
adverbial, de um grupo preposicional ou a coordenação de ambos. Além
disso, pode também apresentar diferentes valores semânticos.

2. O CObl enquanto grupo preposicional

Por vezes, pode surgir a dúvida sobre a identificação do CObl,


confundindo-o com o complemento indirecto. Atentemos nos dois
exemplos seguintes, em que ambas as expressões são iniciadas por uma
preposição:
. O Cruz ofereceu uma prenda à namorada.
. O advogado foi a Elvas.
. O Cristiano Ronaldo gosta de automóveis.
Uma forma de esclarecer esta dúvida passa pela sua substituição pela
forma dativa do pronome pessoal - lhe / lhes. Caso a substituição dê origem
a frases com sentido, estamos perante um cumplemento indirecto; se a
substituição originar frases agramaticais, estamos na presença de um
complemento oblíquo:
. O Cruz ofereceu uma prenda à namorada. → complemento indirecto
. O Cruz ofereceu-lhe uma prenda. → complemento indirecto

. O advogado foi a Elvas. → complemento oblíquo


. * O advogado foi-lhe.

. Carlos Cruz não concordou com a decisão. → complemento oblíquo


. * Carlos Cruz não concordou-lhe.

. Os acusados do processo Casa Pia vão para a prisão? →


complemento oblíquo
. * Os acusados do processo Casa Pia vão-lhe?

Assim, podemos concluir que, quando a expressão / o grupo


preposicional é passível de ser substituído pelo pronome lhe / lhes,
desempenha a função sintáctica de complemento indirecto; quando tal
substituição gera agramaticalidade, desempenha a função de complemento
oblíquo.

Por outro lado, o CObl é seleccionado pelo verbo, como foi acima
afirmado. Tal significa que determinados verbos se combinam com outras
unidades. Dito de outra forma, ir é ir a algum lado; vir é vir de algum lado;
discordar é discordar de alguém ou de algo; viver é viver em algum lado;
portar-se é portar-se de um determinado modo, etc.

3. CObl enquanto grupo adverbial

À semelhança do que sucede com o grupo preposicional, também neste


caso não é possível substituir o CObl pelas formas pronominais lhe / lhes:
. Os pedófilos portam-se mal.
. * Os pedófilos portam-se-lhe.

Por outro lado, o CObl (enquanto grupo adverbial) surge


obrigatoriamente em respostas não redundantes a perguntas como:

. O que fez + sujeito?


» Os arguidos atacaram as testemunhas acolá.
- O que fizeram os arguidos?
- Os arguidos atacaram as testemunhas acolá. (complemento
oblíquo)

. O que aconteceu com + sujeito?


» O Bruno Alves escorregou além.
- O que aconteceu com o Bruno Alves?
- O Bruno Alves escorregou além. (CObl)

. O que se passa com + sujeito?


» A Paris Hilton levou longe os seus desatinos.
- O que se passa com a Paris Hilton?
- A Paris Hilton levou longe os seus desatinos. (CObl)

4. O CObl enquanto coordenação de um grupo preposicional e de um grupo


adverbial

. Tu estudas aqui (CObl) ou em Paris (CObl) ?

5. Conclusões

a) O complemento oblíquo (CObl) é seleccionado pelo verbo e faz


parte do predicado. A sua supressão pode gerar incorrecções
(agramaticalidade) ou alterações de sentido.

b) O CObl pode ser constituído por um grupo preposicional, um grupo


adverbial ou pela coordenação de ambos.
c) O CObl não pode ser substituído pelas formas pronominais lhe /
lhes.

6. Exemplos

. O Rui portou-se mal. (ideia de modo)


. Os juízes condenaram os arguidos à prisão. (ideia de lugar)
. Vou para Mangualde. (ideia de lugar)
. Desloquei-me até ao hospital. (ideia de lugar)
. O meu julgamento foi adiado até Janeiro.
. Todos concordaram em participar.
. Mergulhou numa melancolia intransponível.
. Insisti no tema.
. Duvido dos arguidos.
. Os alunos do 11.º A transitaram de ano.
. Confio em ti, minha esposa.
. O Dr. Barroso participou num congresso.
. Não mexas no pudim.
. Coloca o livro aí.
. Eu antipatizo / simpatizo com a Josefina.
. O frade andava ao peditório.
. O Outono dá umas pinceladas douradas nas uvas brancas.
. O Antunes gosta de filmes americanos.
. A Célia cuida da avó.

Fontes:

» Dicionário Terminológico;
» Ciberdúvidas da Língua Portuguesa;
» AMORIM, Clara e SOUSA, Catarina, Gramática da Língua Portuguesa,
Areal Editores;
» OLIVEIRA, Luísa e SARDINHA, Leonor, Gramática Formativa, Didáctica
Editora;
» AZEREDO, Olga et alii, Gramática Prática de Português, Lisboa Editora;
» PINTO, José M. de Castro et alii, Gramática do Português Moderno,
Plátano Editora

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