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Benefícios Fiscais

Imunidades e Isenções
Terceiro Setor
 “A denominação TERCEIRO SETOR é utilizada para
identificar as atividades da sociedade civil que não se
enquadram na categoria das atividades estatais
(Primeiro Setor, representado por entes da
Administração Pública) ou das atividades de mercado
(Segundo Setor, representado pelas Empresas com
finalidade lucrativas).”
 “É o espaço ocupado especialmente pelo conjunto de
entidades privadas sem fins lucrativos que realizam
atividades complementares às públicas, visando
contribuir com a sociedade na solução de problemas
sociais em prol do bem comum.”

FONTE: Cartilha da CDTS/SP - Fiocruz


Áreas de Atuação
Até 1960:
 assistência social, educação e saúde
(Ex.: Santa Casa de Santos: 1543);

Depois de 1990:
 cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e
artístico; segurança alimentar e nutricional; voluntariado;
desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza;
de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e
assessoria jurídica gratuita de interesse suplementar; da ética,
da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e
de outros valores universais; defesa, preservação e
conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável etc.
Assistência Social
 Associações de Assistência Social são as
associações sem fins lucrativos que tenham
como objetivo prestar serviços em
atendimento ao Art. 6º da C.F. de 1988.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde,
a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência
social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição. (EC nº 26/2000, EC nº 64/2010, e EC nº 90/2015)
Objetivos
Constituição Federal
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela
necessitar, independentemente de contribuição à seguridade
social, e tem por objetivos:
I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência
e à velhice;
II – o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III – a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV – a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de
deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à
pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem
não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la
provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Definição de acordo com a LOAS
Lei de Organização da Assistência Social - Lei 8.742/93 (LOAS)
 Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do
Estado, é política de seguridade social não contributiva, que
provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto
integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para
garantir o atendimento às necessidades básicas.

 Importante ressaltar que não existe a obrigatoriedade de


atendimento generalizado a toda população. Cabe sim a
aplicação de critérios de definição de qual parcela ou público
específico será atendido.

 A ADI 2028 (Ação Direta de Inconstitucionalidade), ampliou


a definição do art. 1º da Lei 8.742/93 (LOAS) entendendo
que a assistência social se aplica às áreas de Educação e
Saúde.
Entidade de Assistência Social
 Entidade de assistência social é toda
instituição sem fins lucrativos que tenha
como objetivo o atendimento das
necessidades básicas do ser humano,
permitindo a este o gozo da cidadania por
meio do alcance dos direitos sociais listados
no artigo 6°, da Constituição da República,
podendo ser remunerada pela sua prestação
de serviços por quem tem condições de
realizar o pagamento, para que possa prestar
seus serviços de forma gratuita a quem não
tem condições de pagar.
Definição de entidades sem fins
lucrativos
 São entidades de direito privado, dotadas
de personalidade jurídica e caracterizadas
pelo agrupamento de pessoas para a
realização e consecução de objetivos e
ideais comuns, sem finalidades lucrativas.
Fundamentação jurídica
 Lei 9.532/97, art. 12, § 3º - Considera-se entidade
sem fins lucrativos a que não apresente superávit
em suas contas ou, caso o apresente em
determinado exercício, destine referido resultado,
integralmente, à manutenção e ao
desenvolvimento dos seus objetivos sociais.

 Conselho Federal de Contabilidade - NBC T


10.19.1.3 - As entidades sem finalidade de lucro
são aquelas em que o resultado positivo não é
destinado aos detentores do patrimônio líquido e
o lucro ou prejuízo são denominados,
respectivamente, de superávit ou déficit.
Formas de constituição da personalidade
jurídica para Assistência Social
 Associações
C.F., Art. 5º, XVIII e XIX
Regras Código Civil nos arts. 44 a 52 e arts.
53 a 61
 Fundações Privadas
C.F., Art. 150,VI, "c“
Regras Código Civil nos arts. 44 a 52 e arts.
62 a 69
ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE
CIVIL (OSC)
 Conceito
MROSC / Lei 13.019/14, Art. 2º, I - Organização da
Sociedade Civil
a) entidade privada sem fins lucrativos que não distribua
entre os seus sócios ou associados, conselheiros,
diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais
resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos ou
líquidos, dividendos, isenções de qualquer natureza,
participações ou parcelas do seu patrimônio, auferidos
mediante o exercício de suas atividades, e que os
aplique integralmente na consecução do respectivo
objeto social, de forma imediata ou por meio da
constituição de fundo patrimonial ou fundo de reserva;
Finalidades das Organizações
da Sociedade Civil
Art. 84-C. ... organizações da sociedade civil que
apresentem entre seus objetivos sociais pelo menos uma
das seguintes finalidades:
I - promoção da assistência social;
II - promoção da cultura, defesa e conservação do
patrimônio histórico e artístico;
III - promoção da educação;
IV - promoção da saúde;
V - promoção da segurança alimentar e nutricional;
Finalidades das Organizações
da Sociedade Civil
VI - defesa, preservação e conservação do meio ambiente
e promoção do desenvolvimento sustentável;
VII - promoção do voluntariado;
VIII - promoção do desenvolvimento econômico e social e
combate à pobreza;
IX - experimentação, não lucrativa, de novos modelos
socioprodutivos e de sistemas alternativos de produção,
comércio, emprego e crédito;
X - promoção de direitos estabelecidos, construção de
novos direitos e assessoria jurídica gratuita de interesse
suplementar;
Finalidades das Organizações
da Sociedade Civil
XI - promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos
humanos, da democracia e de outros valores universais;
XII - organizações religiosas que se dediquem a atividades
de interesse público e de cunho social distintas das
destinadas a fins exclusivamente religiosos;
XIII - estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias
alternativas, produção e divulgação de informações e
conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito
às atividades mencionadas neste artigo.
Patrimônio Social e Receitas
 Fundo Patrimonial, é composto por:
Fundo Institucional = constituído dos valores de formação aportados pelos
associados ou subscritores.
Fundos Especiais = aqueles definidos pelo estatuto, para aplicação específica.
Doações = Constituídas por meio de transferência de dinheiro, materiais de
uso e de consumo, equipamentos, prestação de serviços, alimentos ou outros
ativos para determinada entidade, ou, ainda, até mesmo proveniente de um
cancelamento de um passivo, sem que haja a necessidade de contrapartida,
devendo as mesmas serem reconhecidas quando de seu efetivo recebimento
(lançadas, contabilizadas).
Subvenções = aportes espontâneos de bens ou direitos (normalmente pelo
poder público) de pessoas físicas ou jurídicas, especificamente com o objetivo
de destiná-los ás atividades objeto da entidade. (socorro emergencial)

 Receitas = Oriundas da venda de produtos ou prestação de serviços


Tributos
Art. 3o do CTN (Lei 5172/66):
 Tributo é toda prestação pecuniária
compulsória, em moeda ou cujo valor nela
se possa exprimir, que não constitua sanção
de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa
plenamente vinculada.”

 Portanto, tributo é uma obrigação de


pagamento para um ente estatal (União,
Estados e Municípios), prevista em lei.
Espécies de Tributos
CTN (Lei 5172/66)

 Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma
situação independente de qualquer atividade estatal especifica, relativa ao
contribuinte.

 Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal
ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como
fato gerador o exercício regular do poder de policia, ou a utilização, efetiva
ou potencial, de serviço público especifico e divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição.

 Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo
Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que
decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada
e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para
cada imóvel beneficiado.
Benefícios Fiscais
Benefícios Fiscais
 As entidades gozam de benefícios fiscais
por exercerem funções tidas como
públicas e complementares às do Estado,
são atividades de interesse da sociedade
como um todo.
 Assim, a legislação prevê dois regimes
tributários distintos para as entidades:
Imunidade Tributária
 É uma proibição imposta aos entes
públicos (União, Estados, Distrito Federal
e Municípios), prevista na Constituição
Federal, de tributar pessoas, atos e fatos
em determinadas situações.
 Abrange impostos sobre o patrimônio, a
renda e os serviço relacionados às
finalidades das entidades.
Isenção Tributária
 É a desobrigação do pagamento de
determinado tributo, observados os
requisitos legais.
 A isenção se caracteriza como renúncia
ou favor legal do Estado.
Diferenças entre Imunidade e
Isenção
Imunidade Isenção

Regida por Constituição Federal. Regida por legislação infraconstitucional.

Incide apenas sobre impostos e algumas Pode atingir qualquer tipo de tributo
contribuições. (impostos, taxas e contribuições).

Não pode ser revogada, nem mesmo por


Pode ser revogada a qualquer tempo.
Emenda Constitucional.

Não há o nascimento da obrigação A obrigação tributária nasce, o tributo é


tributária, vez que se tata de uma proibição devido, mas a entidade é dispensada pelo
ao Poder Público de instituir o tributo. poder público de pagá-lo.

Há o direito de cobrar, mas ele não é


Não há o direito de cobrar o tributo.
exercido.
Objetivo da Imunidade
 “É a preservação de valores considerados
como de superior interesse nacional, tais
como a manutenção das entidades
federadas, o exercício das atividades
religiosas, da democracia, das instituições
educacionais, assistenciais e de filantropia
e o acesso às informações.”
Fundamento Jurídico
Constituição Federal art. 150,VI, "c".
Seção II – Das Limitações do Poder de Tributar
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos
políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de
educação e de assistência social, sem fins
lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
Imunidade Tributária na
Educação
 ADI 939-7 - imunidade tributaria constitui instrumento de
salvaguarda de princípios, liberdade e direitos básicos da
Constituição, como o direito à educação.

 Educação
Art. 205 e 206 da CF.
A previsão da imunidade para as entidades educacionais esta
fundada na importância, desta atividade e na necessidade de
incentivo.

 Atentar que o termo EDUCAÇÃO é amplo e portanto,


engloba por exemplo, associação desportiva, pois suas
atividades podem ser consideradas de cunho educacional.
Observação
 Sendo imunidade uma limitação
Constitucional sua regulamentação
somente pode ocorrer através de Lei
Complementar. Não cabendo restrição
por Lei Ordinária.
Limitação ao Poder de Tributar
Código Tributário Nacional
CAPÍTULO II – Limitações da Competência Tributária
SEÇÃO I – Disposições Gerais
Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios:
IV – cobrar imposto sobre:
c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos
políticos, inclusive suas fundações, das entidades
sindicais dos trabalhadores, das instituições de
educação e de assistência social, sem fins lucrativos,
observados os requisitos fixados na Seção II deste
Capítulo;
Requisitos para o Gozo da Imunidade
Art. 14. O disposto na alínea “c” do inciso IV do
artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes
requisitos pelas entidades nele referidas:
I – não distribuírem qualquer parcela de seu
patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;
II – aplicarem integralmente, no País, os seus
recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais;
III – manterem escrituração de suas receitas e
despesas em livros revestidos de formalidades
capazes de assegurar sua exatidão.
Suspensão do gozo da imunidade
Art 14.
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no
§ 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a
aplicação do benefício.
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea “c” do inciso IV do
artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com
os objetivos institucionais das entidades de que trata este
artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos
constitutivos.

 Ocorrendo a não observância dos requisitos do Art. 14 do


CTN, o gozo da imunidade pode ser suspensa, entretanto a
imunidade em si, não é perdida.
 A perda de imunidade/isenção se dá através do Processo
Administrativo Fiscal.
Abrangência:
Atividades fins e Atividades meios
 Deve ser considerada a imunidade não só
incidente sobre as atividades fins, como,
também, as atividades meio, como por
exemplo, exploração de estacionamento,
aluguel de imóvel, prestação de serviços,
etc., desde que o todo o recurso obtido
nessas atividades, sejam aplicados
integralmente em suas finalidades
estatutárias.
Imunidades
Impostos Municipais
 IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) - imune
mesmo que alugado para terceiros.
 ISSQN (Impostos Sobre Serviços de Qualquer
Natureza) - sejam os serviços de atividades fins ou
meios.
ITBI (Imposto sobre transmissão Inter Vivos de Bens
Imóveis) - que deve ser pago antes do registro em
cartório, e que deve ser pago pelo comprador ou
recebedor do bem nas transações, se o comprador ou
recebedor é a associação, ela está imune ao pagamento
do ITBI.
Obs.: O Governo Municipal, trata erroneamente como isenção o
benefício fiscal a que tem direito a Associação Assistencial, relativos
aos impostos municipais, criando, inclusive através de Leis ordinárias,
novos requisitos para a concessão do benefício fiscal.
Impostos Estaduais
 ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)–
sendo as concessionárias, somente o Contribuinte de direito:
pessoa designada pela lei para pagar o imposto e a associação, o
Contribuinte de fato: pessoa que de fato arca com o ônus fiscal., as
faturas de água, luz etc, não devem cobrar ICMS das associações
assistenciais, portanto, cabe a elas, ingressar em juízo, solicitando a
cessação da cobrança e a restituição do valore cobrado
indevidamente.
 IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) –
Sendo este um imposto sobre patrimônio, a imunidade é aplicável,
restando sim, a obrigação de pagar a Taxa de licenciamento e o
DPVAT.
 ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis ou Doação de
Bens e Direitos) -
 Obs.: O Governo do Estado de São Paulo, trata erroneamente como isenção o
benefício fiscal a que tem direito a Associação Assistencial, relativos aos impostos
estaduais, criando, inclusive através de Leis ordinárias, novos requisitos para a
concessão do benefício fiscal. A exemplo do IPVA, que exige um dos seguintes
certificados: CEBAS, Interesse Público Federal, Utilidade Pública Estadual ou CRCE.
Impostos Federais
 IR (Imposto de Renda) – imune, sobre a Renda e
Proventos, inclusive os rendimentos e ganhos de
capital auferidos em aplicações financeiras de
renda fixa ou de renda variável, pois a lei
ordinária 9532/97 não é competente para limitar
a imunidade, como consta do seu Art. 12, § 1º.
 IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) -
operações de crédito, câmbio e seguro, ou
relativo a títulos mobiliários.
 IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
 II (imposto de Importação).
 ITR (Imposto Territorial Rural).
Isenções
Tarifas Municipais
*Pode depender de Declaração de
Utilidade pública Municipal em alguns casos.
 Isenção de Tarifas Públicas nos Municípios
onde esses serviços não foram
privatizados (água, luz).

 Obs.: Em Araraquara a isenção de tarifa


de água, depende entre outros requisitos
de inscrição em conselho municipal.
Estadual
*Pode depender de Declaração de
Utilidade pública Estadual em alguns casos.
 Isenção de Tarifas Públicas Estaduais onde
esses serviços não foram privatizados.
Contribuições Federais
*Depende de CEBAS (Certificado de Entidade Beneficente de
Assistência Social).
Art. 195, §7º da CF - São isentas de contribuição para a seguridade
social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei.
 INSS - Quota Patronal Obs.: Faz-se necessário informar que a
contribuição da cota patronal do INSS também é passível de
imunidade. Apesar de a norma Constitucional, no § 7º do art. 195,
falar em isenção, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
entende que, por ser tratada na Constituição Federal, é imunidade
e não isenção.
 PIS – (Programas de Integração Social).
 COFINS – (Contribuição para o Financiamento da Seguridade
Social).
 CSLL - (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) -
 Terceiros (isenção) - INCRA, SESI, etc.
Esclarecimentos
Contribuições Previdenciárias
 A Lei nº 12.101/2009 (Lei Ordinária) regulamenta a imunidade das entidades
beneficentes de assistência social, prevista no artigo 195, § 7º da Constituição
Federal.
 Estabelece a lei que as entidades beneficentes relacionadas à saúde, educação, ou
assistência social farão jus à isenção do pagamento das contribuições previdenciárias
e as contribuições a cargo da empresa provenientes do faturamento e do lucro,
destinadas à Seguridade Social e estabelece os requisitos adicionais:
 a entidade beneficente relacionada à educação deverá: (i) demonstrar adequação às
diretrizes e metas estabelecidas no Plano Nacional de Educação – PNE, (ii) atender
a padrões mínimos de qualidade, aferidos pelos processos de avaliação conduzidos
pelo Ministério da Educação; e (iii) oferecer bolsas de estudo nas seguintes
proporções: (i) no mínimo, uma bolsa de estudo integral para cada 9 (nove) alunos
pagantes da educação básica; (ii) bolsas parciais de 50% (cinquenta por cento),
quando necessário para o alcance do número mínimo exigido, dentre outros
requisitos.
 a entidade de assistência social deve, dentre outras condições, prestar serviços ou
realizar ações socioassistenciais, de forma gratuita, continuada e planejada, para os
usuários e a quem deles necessitar, sem qualquer discriminação.
Gratuidade dos produtos ou serviços
 Não existe obrigatoriedade de que os
produtos vendidos e os serviços
prestados pelas entidades sejam gratuitos.
O que existe é a necessidade de não visar
a obtenção de lucro. Sendo permitidas as
cobranças utilizadas para a manutenção
dos serviços.
Déficit
 Embora os entes públicos insistam em afirmar que as associações
precisam apresentar "déficit" para serem consideradas Associações
Sem Fins Lucrativos, nota-se um equívoco claro: não é o déficit ou
superávit, o lucro ou o prejuízo, o que caracteriza a finalidade
lucrativa, e sim a destinação ou aplicação do resultado financeiro.
Uma entidade sem fins lucrativos pode e deve auferir receitas, e, se
estas superarem as despesas, hão de ser aplicadas em projetos da
entidade, que pode contar com um fundo institucional destinado a
tanto. O que a entidade não pode fazer é distribuir qualquer
parcela de sua receita a título de lucro ou participação nos
resultados a seus sócios. Nada impede, pois, que a entidade preste
serviços ou proceda, em determinadas circunstâncias, à venda de
mercadorias.

 Convém, entretanto, que o estatuto da entidade preveja, se for o


caso, a realização destas atividades, com clareza suficiente para
situá-las como um meio, e não como uma das finalidades sociais.
Imunidades confundidas com Isenções
 Muitas vezes, os legisladores concedem
“isenções” que na verdade são imunidades
asseguradas na Constituição, e além disso
criam condições para o acesso a tais
isenções que vão além daqueles requisitos
que a lei complementar (o Código Tributário
Nacional) estabeleceu.

 É o caso da exigência de não remuneração


do dirigentes, imposta pela Receita
Federal, através da Instrução Normativa nº
113/98, art. 4º.
Remuneração de dirigentes
 O CTN, em seu art. 14 (Lei complementar), que
estabelece os requisitos para a imunidade,
elenca apenas os seguintes requisitos:
 I – não distribuírem qualquer parcela de seu
patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título;
 II – aplicarem integralmente, no País, os seus
recursos na manutenção dos seus objetivos
institucionais;
 III – manterem escrituração de suas receitas e
despesas em livros revestidos de formalidades
capazes de assegurar sua exatidão.
Remuneração de dirigentes
 Portanto, não está vedada a remuneração dos dirigentes pelo trabalho, ainda que a
Receita Federal, tenha tentado impor esta restrição, através da Instrução Normativa
nº 113/98 em seu art. 4º.
 Art. 4º - Para gozo da imunidade, as instituições imunes de que trata o art. 1o não
podem remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados.
 § 1o Para efeito do disposto neste artigo, entende-se como dirigente a pessoa física
que exerça função ou cargo de direção da pessoa jurídica, com competência para
adquirir direitos e assumir obrigações em nome desta, interna ou externamente,
ainda que em conjunto com outra pessoa, nos atos em que a instituição seja parte.
 § 2o Não se considera dirigente a pessoa física que exerça função ou cargo de
gerência ou de chefia interna na pessoa jurídica.
 § 3o A instituição que atribuir remuneração, a qualquer título, a seus dirigentes, por
qualquer espécie de serviços prestados, inclusive quando não relacionados com a
função ou o cargo de direção, infringe o disposto no caput, sujeitando-se à
suspensão do gozo da imunidade.
 § 4o Às pessoas a que se refere o § 2o podem ser atribuídas remunerações, tanto
em relação à função ou cargo de gerência, quanto a outros serviços prestados à
instituição.
Remuneração de dirigentes
 É importante ressaltar que, a remuneração de dirigentes não é
impedimento para o gozo de imunidade, inclusive quanto ao IRPJ e a
CSLL, conforme Lei 13.151/2015.
 Por outro lado, a remuneração de dirigente, ainda é um fator
impeditivo de obtenção de subvenções, nos casos onde a proibição de
remuneração de dirigentes esteja prevista no edital.
 É ainda impeditivo para inscrição em Conselhos de Políticas Públicas,
pois, é um dos requisitos estabelecidos em suas normas.
 Também é impeditivo para pleitear o Título de Utilidade Pública
Estadual ou Municipal.
 Também é importante ressaltar que a remuneração ou não
remuneração deve estar prevista no estatuto.
 Ponto pacífico com relação as entidades que se qualificam como Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público/OSCIP, pois a Lei 9790/99, em seu art. 4º,VI,
estabelece a possibilidade de remuneração dos dirigentes.
ICMS
 As associações estão imunes ao ICMS sobre
produtos e serviços adquiridos, porém, o
imposto incidente sobre a venda de mercadoria
feitas pela associação tem determinadas
características que o tornam fora do alcance da
imunidade. São elas:
 a) o ICMS incide sobre a circulação de
mercadorias, e não sobre a renda, patrimônio ou
serviços, que são as hipóteses alcançadas pela
imunidade;
 b) o contribuinte “de fato” do ICMS é o
comprador, e não o vendedor da mercadoria.
ICMS
 Existe, na legislação do Estado de São Paulo, concessão de
isenção à saída de mercadoria de produção própria
promovida por instituição de assistência social ou de
educação, nos termos do item 48 da Tabela I do Anexo I do
Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº 33.118/91.
 O benefício da isenção condiciona-se a determinados
requisitos: Fim não lucrativo, não distribuição de lucro ou
participação, valor das vendas, dentro dos limites de isenção
para microempresas e concedida após requerimento.
 Ainda resta a obrigação de emitir documento fiscal de saída,
inclusive com indicação da isenção.
 A obrigação de emissão pode ser dispensada, mediante
requerimento.
IPTU de imóvel alugado para a Associação

 De acordo com os artigos 32 e 34 do


Código Tributário Nacional, o fato gerador
do IPTU vem da propriedade, do domínio ou
da posse do bem imóvel, entretanto, mesmo
que juridicamente a posse direta, durante a
locação esteja com o locatário, para a
autoridade fiscal, quem paga o IPTU é
sempre o proprietário, mesmo que este
tenha um contrato de locação dizendo que
quem deve pagar é o locatário.
Obrigações acessórias
 Imunidades e isenções não afastam a
exigência do cumprimento de obrigações
acessórias. Ex.: Obrigação de emitir
relatórios, manter livros e registros,
escrituração, emissão de NF. etc.
Recolhimentos e retenções
Entidades imunes ou isentas estão obrigadas a realizar
recolhimento/retenção quando:
 ISS - prestam serviços, que não estão relacionados com as
finalidades essenciais dessas entidades;
 ICMS - vendem produtos;
 IRF - pagam por serviços prestados por terceiros;
 INSS - Pagam os funcionários (contribuições previdenciárias do
empregado);
 Sem CEBAS
 PIS – quando não cumpre os requisitos previstos no artigo 29, da
Lei nº 12.101/2009.
 COFINS – quando não cumpre os requisitos previstos no artigo 29,
da Lei nº 12.101/2009.
§ 2º, Artigo 47º da IN SRF 247/2002
 CSLL - quando não cumpre os requisitos previstos no artigo art. 15
§ 3º da Lei nº 9.532/97 e no artigo 29, da Lei nº 12.101/2009.
CEBAS - Certificado de Entidade
Beneficente de Assistência Social
 Sua concessão e renovação está prevista na Lei
12.101/09.
 Permite à entidade que desenvolvem projetos na área
da saúde, educação e assistência social usufruir da
imunidade em relação às contribuições para a
seguridade social prevista no art. 195, § 7º da
Constituição Federal de 1988.
 Entre os principais benefícios do CEBAS estão:
• Imunidade Tributária: Contribuição Previdenciária
Patronal, COFINS, PIS, Imposto de Importação (segundo
interpretação da Receita Federal);
• Parcelamento de dívidas de tributos federais;
• Entidades assistenciais: prioridade na celebração de
termos com o Poder Público.
CEBAS - Certificado de Entidade
Beneficente de Assistência Social
 A jurisprudência emanada dos tribunais tem sido assente no
sentido de que o efeito atribuído ao CEBAS é meramente
declaratório, ou seja, atesta situação preexistente de que ao
conceder o certificado, o Poder Público simplesmente verifica
que, durante determinado lapso temporal, a organização
certificada cumpriu os requisitos constantes na Lei 12.101/09.
 Sendo a renovação, periódica a cada 12 meses e relativo ao
exercício fiscal anterior ao do requerimento, entende-se que os
efeitos do CEBAS, após concedido, retroagem até o primeiro
dia do exercício anterior ao requerimento e, evidentemente, as
organizações certificadas têm direito a reaver os valores pagos
a título de contribuições para a seguridade social (PIS, COFINS
e Contribuição Previdenciária Patronal), devidamente
corrigidos.
CEBAS - Certificado de Entidade
Beneficente de Assistência Social
Para cada área existem exigências específicas para
que o CEBAS seja concedido ou renovado, sendo
que, as principais são:
 Saúde: ofertar e prestar mais de 60% dos
atendimentos através do Sistema Único de Saúde;
 Educação: ofertar bolsas integrais ou parciais,
sendo que, se integrais deverão ser na proporção
de 1 em cada 5 e, se parciais, deverão ser 1 em
cada 9;
 Assistência Social: ofertar serviços totalmente
gratuitos e ter a organização cadastrada nos
Conselhos Municipais e/ou Estaduais de
Assistência Social.
Tarifas Bancárias
 DECRETO Nº 8.726, DE 27 DE ABRIL DE 2016 -
Regulamenta a Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014, para
dispor sobre regras e procedimentos do regime jurídico das parcerias celebradas
entre a administração pública federal e as organizações da sociedade civil.

Art. 33. A liberação de recursos obedecerá ao


cronograma de desembolso que guardará consonância
com as metas da parceria.
§ 1º Os recursos serão depositados em conta corrente
específica, isenta de tarifa bancária, em instituição
financeira pública, que poderá atuar como mandatária do
órgão ou da entidade pública na execução e no
monitoramento dos termos de fomento ou de
colaboração.
Quais destes Tributos a sua
associação está pagando?
Caminhos para a efetiva Imunidade
Petições Administrativas
 Requerimento ao ente público para
reconhecimento da inexistência de obrigação
(Imunidade).
 Requerimento ao ente público para declaração da
Isenção.
 Requerimento de Certificação CEBAS.

Processos judiciais
 Ação declaratória de Inexistência de Obrigação
 Ação de repetição de indébito (últimos 5 anos)
 Ação anulatória de débito fiscal (ex.: IPTU)
Documentos necessários
Da Associação
 Estatuto Social
 Ata assembleia última diretoria
 Cartão CNPJ
 Conta de água ou luz
 Comprovante dos fatos (comprovantes dos
pagamentos, cumprimento dos requisitos e etc.)
 Procuração
 Declaração de hipossuficiência
Do presidente ou representante legal
 RG e CPF, Qualificação profissional, Endereço
residencial e Estado Civil
Custas e despesas processuais
 Sem custas e despesas processuais para as
associações filiadas, pois com fundamento no
art. 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal e
nos arts. 98 e seguintes do Código de Processo
Civil (Lei federal n. 13.105, de 16 de março de
2015) é possível a Associação declarar sua
hipossuficiência e ser beneficiada pela isenção
do pagamento de custas e despesas processuais.
Honorários*
 Sem despesas com honorários advocatícios para as
associações filiadas, pois, o Art. 1º do Provimento nº
166/2015 da OAB, instituiu a possibilidade da Advocacia
Pro Bono para as Associações Assistenciais:
 Considera-se advocacia pro bono a prestação gratuita,
eventual e voluntária de serviços jurídicos em favor de
instituições sociais sem fins econômicos e aos seus
assistidos, sempre que os beneficiários não dispuserem
de recursos para a contratação de profissional.

*Exceto no caso de sentença negativa, pois serão devidos


os honorários de sucumbência ao advogado do ente
público.
Contato
Departamento Jurídico da FEARA
Márcio Eiras
Advogado
OAB/SP 158.555

Tel: (16) 3472 1260


Cel: (16) 99788 8712
E-mail: marcio.r.eiras@adv.oabsp.org.br
Site: www.feara.org.br

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