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Resumo História  12ºano 1º período 2º teste

1.5. Portugal no primeiro pós-guerra

As dificuldades económicas e a instabilidade política e social; a


falência da 1ª República (1910-1926)

A primeira República portuguesa não trouxe a paz que o país tanto


necessitava:

Parlamentarismo Laicismo
•Contribuiu para uma •Separação da Igreja e do
instabilidade governativa; Estado;
•O parlamento participava em •originou o anticlericalismo;
todos os aspetos da vida •Proibição das congregações
governativa, exigindo religiosas;
constantes explicações •Humilhações aos sacerdotes;
•Excessiva regulamentação do
culto;

Dificuldades económicas e instabilidade social

A entrada de Portugal na guerra (Março-1916) originou desequilíbrios


económicos e descontentamento por parte da sociedade. Portugal
encontrava-se: com uma indústria atrasada e insuficiente; Falta de bens
de consumo; especulação; aumento do défice comercial, tal como a
dívida pública; aumento das despesas e diminuição das receitas
orçamentais. Para combater estes problemas foi usado o método da
multiplicação monetária, porém, isso originou uma desvalorização da
moeda que resultou numa inflação galopante (que permaneceu para
além da guerra)

Esta inflação fez-se sentir com o aumento do custo de vida, afetando


particularmente os que vivam de rendimentos e poupanças, as classes
médias e os operários que estavam desempregados.

• Sentiram-se traídas pela República


Classes médias • O seu poder de compra foi reduzido para
metade

• Agitação
Operariado • Greves
• Atentados terroristas

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Agravamento da instabilidade política

A guerra também trouxe consigo a instabilidade política. Antes de


Portugal entrar na guerra, em 1915, o general Pimenta de Castro
dissolveu o Parlamento e instalou uma ditadura militar. Sidónio Pais,
também seguiu a via da ditadura em Dezembro de 1917.

Sidónio Pais ( "Salvador da Pátria")

Destituiu o Presidente da República, dissolveu o


congresso e fez-se eleger por eleições diretas, em
Abril de 1918. Sidónio, que reagia à demagogia
dos políticos profissionais e em particular à
hegemonia do Partido Democrático na vida
nacional, apoiou-se nas foças mais
conservadoras da sociedade portuguesa,
nomeadamente os monárquicos. Dizia-se o
fundador de uma “República Nova”.

Sidónio, suscitou devoções fervosas. Foi


assassinado em Dezembro de 1918.

 Fim do sidonismo
O país estava um caos com o fim do sidonismo. Em
Janeiro/Fevereiro de 1919 houve uma guerra civil em
Lisboa e no Norte.

Os monárquicos quiseram aproveitar-se da


desagregação dos partidos republicanos durante o
consolado de sidónio e ensaiaram uma “ Monarquia
do Norte”, proclamada no Porto.

 Regresso ao funcionamento democrático das instituições (Março de


1919).
 A “República Velha” não aceitou a conciliação desejada.
 Aparecimento de novos partidos políticos
 Antigos políticos retiraram-se da vida política
 Os novos líderes não tinham capacidade para imporem os seus
projectos
 Não existiam maiorias parlamentares (necessárias)

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De 1919 a 1926 houve 26 governos, cuja duração foi de 3 a 6 meses,
chegando alguns a durar 1 mês e até 6 dias. Os atos de violência eram
comuns, falava-se de “revoluções à portuguesa”. Foi o caso da “Noite
Sangrenta” ( 19 de Outubro de 1921), ocorre o assassinato do chefe do
governo ( António Granjo), e de 5 heróis de Outubro. Com eles morreu
algo da ética republicana, a vida portuguesa apresentava-se
desorganizada.

A falência da 1ª República

A oposição da República aproveitou as suas fraquezas para se


reorganizar:

Grandes
Igreja proprietários e Classes médias
capitalistas

Fechou fileiras Ameaçados pelo Apoiavam um


em torno do aumento de impostos e governo forte que
Centro Católico surtos grevistas e terroristas, restaurasse a
Português (1915) exploraram o tema da ordem
ameaça bolchevista

Queria transformar o Criaram (1922), a Necessidade de


país agrário, confederação Patronal, desafogo
conservador e católico transformada (depois) económico
em União dos Interessses
económicos

As aparições em
Fátima despertaram o
Receosas do
fervor religioso e
bolchevismo
tiveram um papel
importante no declínio
do anticlericalismo

Portugal era uma presa fácil das soluções autoritárias, pois não tinha fortes raízes
democráticas e atravessava uma grande crise socioeconómica. Com exceção
dos políticos do Partido Democrático e dos sindicalistas, poucos se mostraram
dispostos a defender a República em 1925-26. Assim se compreende a facilidade
com que a primeira República caiu, em28 de Maio de 1926, às mãos de um golpe
militar. Na intervenção do exército, a sociedade portuguesa viu a resposta à
incapacidade política da República Parlamentar.

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A Grande depressão e o seu impacto social

Em 1928, os norte-americanos acreditavam que o seu país atravessava


uma fase de prosperidade que parecia não ter fim. Mas essa era de
prosperidade revelou-se instável:

 Os estaleiros navais e têxteis nacionais não tinham recuperado os


valores anteriores à crise;
 Persistência de um desemprego (tecnológico) devido à intensa
mecanização;
 A agricultura não era compensadora
 Baixos preços devido ao excesso de produção e baixos lucros
 Política de facilitação do crédito
 Crescimento da especulação aposta baseada nas previsões
acerca dos desdobramentos económicos do futuro de um país,
um evento, um setor de atividade ou de uma empresa. (a
especulação pode causar graves efeitos na economia popular,
inclusive a inflação)

A dimensão financeira, económica e social da crise

As ordens de venda das acções acumulavam-se desde 21 de


Outubro. Os grandes accionistas estavam alarmados com a descida
dos preços e dos lucros industriais. O pânico instalou-se a 24 de
Outubro, também conhecido como a “Quinta-feira negra”, quando
13 milhões de títulos foram colocados à venda e não encontraram
comprador. A 29 de Outubro, aconteceu o mesmo a 16 milhões de
acções (craque bolsista).
•Ruína dos bancos
Crash de Wall Street •Economia paralisada
(falta de crédito)
Caracterizou a quebra dos
valores dos papéis e títulos
•Empresas faliram
postos à venda. Nos meses que
•Aumento do
se seguiram, centenas de
desemprego
milhares de accionistas
conheceram a ruína. Não havia
quem comprasse as suas •A produção industrial
acções, transformadas agora contraiu
em meros papéis sem valor •Os preços baixaram

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A diminuição do consumo e as dificuldades na indústria afetou os
campos Hipotecavam-se quintas; Abatia-se o gado ; Destruíam-se
produções ; As famílias viviam na miséria ; Muitas pessoas procuravam
emprego ; Os salários diminuíam ; Crescimento dos bairros de lata;
fome; corrupção; Não existia segurança social; o “gangsterismo” era
recorrente.

América dos anos 30; destruição do sonho americano

A mundialização da crise; a persistência da conjuntura


deflacionista

Os anos 30 foram tempos de miséria, a grande depressão não atingiu


apenas os EUA. Os países que estavam dependentes de empréstimos e
créditos dos EUA (Áustria, Alemanha), e os que exportavam matérias-
primas (Austrália, Brasil, Índia, México) também sofreram, o que originou
uma crise a nível mundial (Com exceção da URSS, que não seguia o
modelo económico capitalista). A conjuntura deflacionista 
Caracterizada pela diminuição do investimento e da produção, pela
queda da procura e dos preços, parecia estar para durar.

As autoridades políticas não compreenderam a real dimensão da crise


e acentuaram a deflação com medidas desastrosas. Logo em 1930, os
Estados Unidos:

Aumentaram de 26 Criaram dificuldades


para 50% as taxas para os outros países Declínio do
sobre as que ficaram sem comercio
importações meios para adquirir mundial
produção americana

Por outro lado: Aumentaram-se os impostos, restringiu-se o crédito para


que desparecessem as empresas não rentáveis. Na Alemanha, os
funcionários públicos sofreram significativos cortes salariais. Pretendia-se
o saneamento financeiro, no entanto verificavam-se obstáculos ao
investimento e à elevação do poder de compra da população. E, sem
procura, não havia relançamento possível da economia.

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As opções totalitárias

Com o passar dos anos 20, o demoliberalismo confrontou um novo


sistema de exercício do poder. Assim, movimentos ideológicos e
políticos subordinaram o indivíduo a um Estado omnipotente, totalitário e
esmagador. Na Rússia Soviética, o totalitarismo nasceu da aplicação
do marxismo-leninismo e culminou no estalinismo. Já na Itália e
Alemanha, o estado totalitário resultou devido ao fascismo e nazismo.

Totalitarismo O poder está concentrado numa só pessoa ou num


partido único, cabendo ao Estado o controlo da vida social e individual.

Os fascismos, teoria e práticas

Nos anos 30, surgiu uma vaga autoritária e ditatorial na Europa:

Fascismo Sistema político Nazismo Sistema político


instaurado por Hitler na
instaurado por Mussulini
Alemanha, a partir de
na Itália, a partir de
1933. Para além de se
1922. Anti-democrata;
inspirar nas ideologias
Anti- Parlamentar; Anti-
fascistas distinguiu-se
socialista; Totalitário;
por um racismo
Racista; Nacionalista..
violento.

Suprimiu as liberdades O estado nazi deveria


individuais e coletivas. perservar a sua raça,
designa também todos considerada "superior".
os regimes totalitários Para isso recorria à sua
de direita e regimes expansão e à
autoritários eliminação dos judeus

Corporativismo Forma de organização socioeconómica que defende


a constituição de corpos profissionais (corporações) de trabalhadores,
patrões e serviços, que conciliam os seus interesses de modo a
promoverem o bem-estar geral. As corporações eram organismos
profissionais que resolviam entre si os problemas laborais, jamais
recorrendo à greve ou ao lock-out. Desse modo procurava-se eliminar
as paralisações de trabalho, que originavam prejuízos económicos.

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Uma nova ordem antiliberal e anti-socialista, nacionalista e
corporativista

O fascismo:

 Afirma que cima do indivíduo está o interesse da coletividade,


supremacia do estado;
 Desvaloriza a democracia partidária e o parlamentarismo e o
socialismo;
 Rejeita a teoria liberal da divisão dos poderes;
 Adepto do corporativismo (promovia a colaboração entre as
classes);
 Era contra a luta de classes (pois, isso dividia a Nação e enfraquecia
o Estado);
 Nacionalismo fervoroso, que era incompatível com os apelos
socialistas ao internacionalismo proletário.
 Totalitarismo do estado fascista: político, económico, social, cultural.
A oposição política foi aniquilada. As atividades económicas
sofreram uma rigorosa regulamentação. A verdade era controlada
pelo estado, que impedia a liberdade de pensamento e expressão.

Elites e enquadramento das massas

MEIOS E INSTITUIÇÕES DE ENQUADRAMENTO DAS MASSAS ELITES E DESIGUALDADE SOCIAL

• Promoviam a submissão e a obediência. Criação de um “Homem

• Anulavam a crítica e a vontade individual. NOVO”

• Com devoção e culto ao


chefe.
• Organizações fascistas de juventude.
• Defensor do Estado e dos
• Ensino e manuais escolares.
valores da guerra.
• Defensor do nacionalismo,
• A doutrinação nos adultos da disciplina e da ordem.
• Filiação no partido único e nos sindicatos
autorizados.
• Participação em organizações recreativas. As elites, constituídas
por membros do partido,
Os fascismos criaram meios e instituições de lideravam a nação.
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enquadramento das massas,
tanto para a juventude como para os adultos.
Numa sociedade profundamente hierarquizada e rígida, as elites
mereciam o elevado respeito das massas. A obediência cega das
massas obcecou a práticas fascista. Primeiramente, os ideais fascistas
eram transmitidos para as crianças. Na Itália, a partir dos 4 anos, as
crianças ingressavam nos “Filhos da Loba” e usavam já uniforme; dos 8
aos 14 anos faziam parte dos “Balillas”, aos 14 eram vanguardistas e aos
18 entravam nas juventudes fascistas. Nessas organizações, era
ensinado às crianças o culto do chefe, o amor pelo desporto e guerra.

Contava-se com diversas organizações de enquadramento das massas:


Frente do Trabalho
O Partido único Dopolavoro e
Nacional-Socialista
e milícias Kraft durch Freude
e corporações

(Nacional-Fascista na Forneciam aos Eram associações


Itália, Nacional- trabalhadores destinadas a ocupar
Socialista na condições os tempos livres dos
Alemanha) cuja favoráveis na trabalhadores com
filiação se tornava obtenção de atividades
indispensável para o emprego recreativas e
desempenho das (substituíram os culturais que não os
funções públicas e sindicatos livres, afastassem da
militares e de cargos entretanto proibidos ideologia fascista
de responsabilidade e desmantelados

O Estado totalitário era uma fonte de propaganda: promoveu o culto


do chefe, publicitou as realizações de regime e submeteu a cultura a
critérios nacionalistas e racistas.

O culto da força e da violência e a negação dos direitos humanos

Foram criados meios e A NEGAÇÃO DOS


instituições repressivas: DIREITOS HUMANOS
Os campos de • Perseguição, marginalização
e extermínio:
concentração
- dos fracos;

A censura - dos ciganos;


- dos eslavos;
As milícias paramilitares - dos socialistas, dos comunistas
e dos liberais.
A polícia política • Adoção de práticas repressivas.
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O RACISMO Na Itália, os esquadristas,
instalavam o pânico. Incendiavam
e pilhavam os sindicatos e
• Defesa da superioridade da raça ariana. organizações de esquerda. Em
• Legislação que visava o aperfeiçoamento
1923, os esquadristas foram
físico e mental da raça ariana:
reconhecidos como milícias
 as Leis de Nuremberga legitimaram
armadas do partido Nacional
a perseguição aos judeus.
Fascista.
• Separação e isolamento dos judeus
em guetos. Na Alemanha, o Partido Nacional
• Obrigatoriedade de usar a estrela Socialista criou as (S.A.) e (S.S). As
amarela. milícias e polícia política
• Adoção da “solução final”.
exerceram controlo sobre a união
• Envio para campos de extermínio:
pública. Os seus opositores eram
o genocídio, ou holocausto.
exterminados.

A violência Racista

Para Hitler, os povos superiores eram os arianos. Os seus ideais


encontravam-se descritos no Mein Kampf. Obcecados com o
apuramento físico e mental da raça ariana, os nazis promoveram o
eugenismo. Procedeu-se à eliminação dos alemães
“degenerados”(deficientes mentais, doentes incuráveis e idosos
incapacitados),estes eram enviados para câmaras de gás em centros
de eutanásia. Os alemães criam dominar o mundo. O domínio do
mundo pela raça ariana, começou pela reunião de todos os Alemães
numa Grande Alemanha. Desrespeitando tratados e fronteiras, o
imperialismo nazi procedeu, em1938, à anexação da Áustria e deu
início á ocupação da Checoslováquia.

1º movimento antissemitista - 1933 2º movimento antissemistista - 1935

Boicotaram-se as lojas de judeus Adoção das leis de Nuremberga


Proibiu-se o funcionalismo público e
Os Alemães de origem judaica
profissões liberais aos arianos
foram privados da nacionalidade
Liquidação das empresas judaicas
Destruição de lojas dos judeus; proibição
da sua liberdade

A fase mais cruel do antissemitismo chegou com a Segunda Guerra Mundial. O


Genocídio foi posto em prática. Os judeus (tal como muitos ciganos e eslavos)
acabaram em campos de concentração. Nestes campos estava presente a falta de
higiene, as doenças, os trabalhos forçados, fome e a morte nas câmaras de gás.

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Genocídio  Também apelidado de Holocausto, foi uma política
praticada por um governo visando a eliminação em massa de grupos
étnicos, religiosos, económicos ou políticos

A autarcia como modelo económico

A Itália e a Alemanha encontravam-se Adoção de formas de organização


em crise económica devido ao pós-
que tinham em vista:
guerra e Grande Depressão. Em ambos os
países adotou-se uma política económica A recuperação económica
intervencionista e nacionalista que ficou
conhecida como autarcia. A promoção da autarcia
(autossuficiência) da nação
Em Itália realizaram-se grandes batalhas de
produção: O controlo ou dirigismo
sobre a economia
 A “batalha do Trigo” (1925) 
aumentou a produção de cereais e fez A proteção da economia nacional face
diminuir elevadas importações. às crises capitalistas
 A “Batalha da Lira” estabilização da
moeda
 A “Batalha da bonificação” Conseguiu a recuperação de terras e a criação de
novas povoações nas zonas pantanosas a sul de Roma.
Comércio: Subiu os direitos alfandegários e controlou o volume das importações e
das exportações. A criação em 1931 e 1933, do Instituto Imobiliário Itálico e do
Instituto para a Reconstrução Industrial permitiu ao Estado financiar as empresas em
dificuldade e intervir fortemente no setor industrial em pé de igualdade com os
grandes grupos capitalistas. Este dirigismo económico atingiu a sua plenitude em
1934-35, quando a Itália se lançou na aventura colonial a conquista da Etiópia.

Na Alemanha:

• Relançaram-se as indústrias.
• Recorreu-se à concentração industrial.
• Criou-se um programa de rearmamento. (Permitiu que a indústria alemã se
elevasse ao 2ºlugar mundial nos sectores da siderurgia, química, electricidade,
mecânica e aeronáutica)
• Promoveram-se obras públicas.
• Incentivou-se a produção agrícola
para alcançar a autarcia.
• Reforçou-se a autocracia: fixaram-se os preços

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O FASCISMO ITALIANO

Promoveu a colaboração entre as classes


para anular a oposição entre patrões e
trabalhadores.

Adotou o Corporativismo como Os grupos socioeconómicos foram


modelo económico e social organizados, por ramo de atividade, em
corporações.

As greves e o lock-out foram proibidos.

O Estalinismo

Foi uma outra vertente do totalitarismo, que ficou conhecida após a morte de Lenine
(1924).O novo líder, Estaline (chefe incontestado da União Soviética), impôs a submissão
violenta dos indivíduos ao Estado e ao chefe e empenhou-se na construção de uma
sociedade socialista igualitária. Conseguiu-o através da coletivização dos campos, da
planificação económica e do totalitarismo repressivo o Estado.

Coletivização dos campos e planificação da economia

Durante o regime de Estaline, a economia soviética passou por:

 A Coletivização dos campos (1929)  Os kulaks (proprietários) foram perseguidos. A


deskulakização foi posta em prática: o gado e terras foram confiscados; O trabalho
assalariado ou coletivo tornou-se obrigatório. Estaline pôs fim à NEP e retomou
caminho para a edificação de uma sociedade socialista. Foram criadas quintas
coletivas de produção (Kolkhozes). Estas quintas, correspondiam às antigas aldeias,
devendo as famílias camponesas entregar as suas terras e instrumentos à
coletividade. Uma parte da produção ficava para o Estado e a restante era
atribuída aos camponeses. A partir de 1930, foram criadas as Estações de Máquinas
e Tratores, cabendo a cada um alugar máquinas e técnicos a um grupo de
kolkhozes. A produção industrial desenvolveu-se sob o signo da planificação. O
estado soviético estabeleceu metas para a economia (planos quinquenais –
controlados por GOSPLAN):
Objetivos:
 1º Plano quinquenal (1928-1932)
 2º Plano quinquenal (1933-1937)  Recuperar o atraso estrutural da Rússia
 3º Plano quinquenal (1938-1945)  Fixar prioridades nacionais
 Definir metas
 Recusam a livre iniciativa
 Estabelecer recursos a mobilizar
 Permitem ao Estado
controlar a economia
 Dão prioridade à
industrialização
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Estaline manteve parte das estruturas deixadas por Lenine:

 O Partido Único
 Reforçou o totalitarismo do Estado
 Adotou a planificação da economia
 Prosseguiu a colectivização do Estado e reforçou a sua economia

O totalitarismo repressivo do Estado e do Partido

 O Estado estalinista revelou-se omnipotente e totalitário.


 Os cidadãos não tinham as liberdades fundamentais.
 A sociedade estava organizada em corporações
 Só o Partido Comunista controlava o poder político
 Criação de um forte aparelho burocrático controlado pelo Estado e
Partido
 Reforço da política (KGB)
 As purgas e deportações eram promovidas
 Criação de um sistema de campos de trabalho (Gulag)

Partido Comunista da União


Soviética: Meios comuns aos regimes totalitários:
 Monopoliza o poder político  Partido Único
 Controla os órgãos de Estado  Culto do chefe
 Exerce forte propaganda  Controlo do exército
 Promove o culto do chefe  Controlo dos meios de comunicação
 Enquadramento das massas em
instituições de regime
 Repressão e violência
 Censura
 Controlo da economia (em modos
diferentes)

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A resistência das democracias liberais

xc
A crise económica assolou as
democracias liberais, durante a John Maynard Keynes defende
uma nova teoria económica: o
década de 30
Estado devia intervir na
Foram vários os sintomas da crise: economia e corrigir os
problemas causados pelo
• Aumento do desemprego. liberalismo económico e pelas
• Forte quebra no consumo. crises do capitalismo. Segundo
• Quebra acentuada na produção. Keynes, a recuperação
económica devia ser promovida
• Falência de empresas.
pelo Estado através de medidas
• Empobrecimento generalizado. que conduzissem ao:

Aumento do consumo Aumento da produção

O Estado devia fomentar este


Favoreceu o intervencionismo do Estado aumento através:
O intervencionismo* designa o papel ativo do
Estado numa economia liberal, intervindo
através da regulação e corrigindo as falhas
Investimento público
de mercado.

Desvalorização monetária

Estas medidas tinham como consequência:

Aumento da dívida pública


New Deal

Nos Estados Unidos da América, em 1932, foi eleito um novo presidente,


Franklin Roosevelt, que se propôs a tirar o país da crise, pondo em prática
um conjunto de medidas que ficaram conhecias como New Deal:

1ª fase  1933-1934 2ª fase  1935-1938

• Medidas financeiras e monetárias. • Medidas sociais.


• Medidas no domínio da agricultura. • Medidas de apoio aos mais
• Medidas no domínio da indústria. desprotegidos no plano
• Medidas socioeconómicas. socioeconómico.
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1ªfase do New Deal:

Medidas financeiras e monetárias

 Encerramento temporário das instituições financeiras.


 Emergency Bank Act (separação entre a banca de depósito e de investimento).
 O dólar abandona o padrão-ouro.
 Desvalorização da moeda (41%) para fomentar as exportações, reduzir as dívidas
dos agricultores e aumentar o preço dos produtos agrícolas.

Medidas no domínio da agricultura

• Agriculture Adjustment Act (AAA) – tendo em vista o aumento dos preços,


a produção agrícola é limitada.
• Os agricultores, mediante indemnizações, são incentivados a destruir os stocks
e reduzir a superfície cultivada.
• O Estado concede empréstimos bonificados aos agricultores.

Medidas no domínio industrial

• National Industrial Recovery Act (NIRA) – os industriais do mesmo ramo de


atividade comprometem-se a respeitar as leis da concorrência, beneficiando
para isso de ajudas do Estado.
• Estabelecimento de preços mínimos e de quotas de produção.

Medidas socioeconómicas

Fixação do horário semanal (35/40 horas).


Estabelecimento do salário mínimo.
Promoção da liberdade sindical.
Criação do Public Work Administration, organismo estatal para fomentar o emprego.

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2ª Fase do New Deal:

Medidas Sociais

• Estabelecimento do seguro de velhice e de sobrevivência.


Aprovação do Social Security Act.
• Criação do Working Progress Administration para aumentar o número de
empregos.
• Criação da National Youth Administration para empregar os jovens com cursos
superiores.
• Aprovação da lei Wagner que reforçou os direitos e as liberdades sindicais dos
trabalhadores e impediu o despedimento dos operários sindicalizados.

Consequências do New Deal

Diminuição do desemprego.

Aumento do poder de compra e da produção

Modernização do país e melhoria das condições de vida


através dos programas de obras públicas e de assistência
O New Deal contribuiu para que os Estados Unidos saíssem da crise e transformou a
social.
vida de milhares de americanos.

Os governos de Frente Popular e mobilização dos cidadãos

O intervencionismo do Estado permitiu às democracias liberais resistirem à crise


económica e recuperarem a credibilidade política. Na década de 30, a França
encontrava-se com uma elevada taxa de desemprego, quebra de rendimento e
perda de confiança na democracia parlamentar. Os governos eram incapazes de
resolver a crise. Por isso, enfrentavam as críticas de esquerda e contestação da
direita. A 6 de fevereiro de 1934, em Paris, aconteceram manifestações de ligas
nacionalistas de direita. Essas maifestações provocaram a demissão do Governo
radical. Como reação é formada uma aliança entre organizações antifascistas e
partidos de esquerda (scocialistas, comunistas e radicais). Iniciou-se uma mobilização
dos cidadãos , que convergiu numa ampla ligação de esquerda denominada Frente
Popular.

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Frente Popular Objetivos da Frente Popular

apresenta-se a eleições em 1936


Resolver a crise económica.
Diminuir o desemprego.
Derrotar o fascismo.
A Frente Popular saiu vitoriosa

Léon Blum dirige um


governo de coligação
socialista.

Após a subida ao poder, surge uma Acordos de Matignon (7 Junho)


vaga grevista que paralisou a atividade
Negociação entre o patronato
produtiva e conduziu à ocupação de
e a Confederação Geral do Trabalho
fábricas, lojas e quintas.
(CGT).

• Aumento médio dos salários em 12%.


Acordos de Matignon
• Assinatura de contratos coletivos de
Negociação entre o patronato e a trabalho.
Confederação Geral do Trabalho • Eleição de delegados dos trabalhadores
(CGT). nas empresas.
• Reconhecimento do direito sindical em
troca do fim das greves e ocupações.

 Concessão de 15 dias de férias aos trabalhadores.


 Horário semanal de trabalho de 40 horas.
 Férias pagas.
 Redução das tarifas de comboio e na entrada em museus; construção de
albergues de juventude.
 Reforma dos mineiros, nacionalização da indústria aeronáutica, de armamento e
de caminhos de ferro, aumento dos poderes do Estado sob o Banco de França,
1614
programa de obas públicas, aumento da escolaridade obrigatória para os
anos.
Também em 1936 é criada uma Frente Popular em Espanha que reunia
os partidos de esquerda. Manuel Azaña torna-se Presidente
da Segunda República Espanhola. Esta união de esquerda não hesitou
a enfrentar as forças conservadoras decretando:

 A separação da Igreja e do Estado

 O direito à greve e ocupação das terras não cultivadas

 Aumento dos salários em 15%

A direita conservadora reagiu às medidas da Frente Popular e inicia um


pronunciamento militar em Julho de 1936. Dá-se o início da guerra civil
espanhola (1936-39).

A dimensão social e política da cultura

Cultura de massas

Cultura de massas  Conjunto de manifestações culturais partilhado


pela maioria da população. A cultura de massas é difundida pelos mass
media e típica das sociedades industriais do século XX. Dois factores
contribuíram para a homogeneização cultural: a generalização do
ensino e o desenvolvimento dos meios de comunicação.

Os media, veículos de evasão e de modelos socioculturais

A imprensa, a rádio e o cinema foram os mais importantes meios d


comunicação da primeira metade do século XX.

Imprensa

A imprensa de massas utiliza um vocabulário simples, atrativo, feito de


frases curtas e diálogos vivos e informais. Desenvolveram-se novos
géneros lierários:

Novos géneros literários

Banda desenhada Romance policial


Romance cor-de-rosa Cujos heróis viviam
histórias de detetives
histórias de amor com aventuras em defesa dos
oprimidos e dos valores do que solucionam vários
um final sempre feliz
mundo ocidental crimes

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Inaugura-se o jornal de grande tiragem, que relatava histórias de guerra
e crimes e enchia-se de fotografias. Existiam frequentemente seções de
desporto, páginas femininas e crónicas avultadas. Para além dos jornais,
existiam também revistas com diversos temas (ex: política, moda)

A Rádio

O aperfeiçoamento da telegrafia sem fios por Marconi, em 1896 abriu


caminho à rádio, que se tornou a mais popular dos meios de
comunicação. Como era acessível a todos (mesmo aos analfabetos), a
rádio tornou-se um importante meio de difusão cultural: transmite
notícias, música, novelas radiofónicas, anúncios publicitários, debates
etc. Esta abrangência da rádio transformou-a num veículo privilegiado
de propaganda política.

O cinema

Nascido em França pela mão dos irmãos Lumière, o cinema


rapidamente se universaliza. O cinema sonoro nasce em 1927, com The
jazz singer, abrindo novas perspetivas. Assim, o cinema adquire uma
dimensão muito maior e mais próxima da realidade e cultiva outros
géneros. Qualquer que fosse o seu género, o filme conduzia o
espectador a uma outra dimensão. De todos os mass media, o cinema
foi o que mais contribuiu para a difusão de modelos socioculturais e a
consequente estandardização de comportamentos.

Os grandes entretenimentos coletivos

Foi sob o impulso dos mass media que o desporto se internacionalizou e


transformou num fenómeno de massas. Enquanto modalidades como o
ténis e golfe permanecem ligadas às classes mais privilegiadas, outras,
como o futebol, o boxe ou o ciclismo ganham uma grande
popularidade. Os espectadores, ao assistirem a esses desportos, aliviam
as frustrações acumuladas da vida quotidiana. Para além da emoção
do espetáculo, os ídolos desportivos proporcionam o sonho da
ascensão social aos modelos mais desfavorecidos.

As preocupações sociais na literatura e na arte

Em meados dos anos 20, a população sentia um certo cansaço e


descontentamento face à literatura moderna e arte. Acusavam-nas de
falta de originalidade. Cresceu o sentimento que a literatura e arte não
tinham um valor puramente estético mas tinham também uma missão
social a cumprir. A profunda crise económica de 1929, fez aumentar
esse sentimento.

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A dimensão social da literatura

 Nos Estados Unidos, esta literatura teve grande impacto devido à


crise social resultante do crash de1929;

 Critica-se a sociedade que causou a guerra, os seus vícios, a sua


podridão moral e hipocrisia;

 Os protagonistas deixam de ser personagens singulares e tornam-se


tipos sociais;

 Trata-se de uma literatura neo-realista com cariz sociopolítico e de


forte influência marxista que denuncia a guerra, a injustiça social e
brutalidade fascista;

A pintura neo-realista

 A pintura é transformada num instrumento de intervenção e crítica


social, que obrigou à mudança de linguagem;

 É apoiada pelos artistas de esquerda, regimes totalitários, fascista e


comunista. Serviu de propaganda aos regimes totalitários;

 Era necessário transmitir mensagens/ideias claras. Para isso, era


necessário o abandonado das desconstruções vanguardistas e o
regresso “à ordem”, ou seja, à arte figurativa;

 A melhor forma de exprimir o sentido social e interventivo da pintura,


fez desenvolver o gosto pela pintura moral usada para a
ornamentação de edifícios públicos, mais visíveis. O mural, teve
também influência de Diego Rivera. O programa de encomendas
do New Deal incluiu mais de 2000 encomendas de pinturas murais
para os novos edifícios públicos.

A Arquitetura Funcionalista

Também as preocupações sociais chegaram à arquitetura. A


necessidade de reconstruir a Europa após a 1ªGuerra Mundial fez
surgir um novo tipo de construção simples e barata, mas digna para
operários habituados às duras condições habitacionais.

 Características do funcionalismo

Surgiu um novo estilo arquitetónico- funcionalismo. Este estilo é


caracterizado por uma nova conceção de espaço habitacional,
mais pequeno e funcional. Os volumes exteriores são simplificados
com o uso de linhas retas e sólidos geométricos regulares. Não são
necessários tetos demasiado altos nem portas gigantes. Há uma
elevação do edifício sobre pilares e ausência de elementos

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decorativos. Importantes arquitetos desta época: Le Cobusier, Walter
Gropius (fundador da Bauhaus.

 2º Funcionalismo

Nos anos 30 surgiu um 2ºfuncionalismo, que pretendia ultrapassar o


carácter rígido e desumanizado do estilo funcionalista. Libertando-se
dos seus dogmas, esta arquitetura torna-se mais orgânica, pois
procura soluções para cada caso concreto. Por exemplo, em vez de
destacarmos um corpo estranho no meio de uma floresta podemos
em vez de isso integrar a casa com a paisagem e a natureza.
Exemplo de arquitetos: Alvar Aalto e Frank Lloyd Wright (casa da
cascata).

As preocupações urbanísticas

Este tema tornou-se objeto de estudo (1922) das CIAM- Conferências


Internacionais de Arquitetura Moderna. Cada conferência tomou como
tema de trabalho um aspeto específico. As conclusões da conferência
foram publicadas na Carta de Atenas Guia do urbanismo
funcionalista. A carta teve o mérito de colocar as questões sociais no
centro do planeamento urbano. Segundo esta carta, a cidade deve
satisfazer 4 funções principais: habitar, trabalhar, recrear o corpo e o
espírito e circular.

A cultura e o desporto ao serviço dos estados

Nos anos 30, as ditaduras compartilhavam o mesmo objetivo de colocar


a cultura ao serviço do poder, procurando assegurar que a criação
intelectual contribuísse eficazmente para a construção da “ordem
nova” que defendiam.

Uma arte propagandística

Poder-se-ia pensar que, ao subverterem a estrutura social, os comunistas


soviéticos pressionassem as artes a romperem, igualmente, com o
passado. Porém, os bolcheviques começaram rapidamente a encarar
as pesquisas estéticas como expressão do individualismo Burguês. À
arte, literatura e cinema foi dada a missão de exaltarem as conquistas
do proletariado e de contribuírem para a educação das massas
(através do realismo). O regresso à arte figurativa (realismo socialista)
fez-se sentir um pouco por toda a parte. Aos poucos, o vanguardismo
russo desvaneceu-se.

Em Abril de 1932, o Comité Central do Partido Comunista obrigou todos


os “trabalhadores criativos soviéticos” a agruparem-se em “Uniões de
Criadores”.

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O realismo socialista procura refletir a alegria e optimismo da nova
sociedade. O cariz propagandístico da cultura estruturou-se e modos
semelhantes ao regime nazi.

Alemanha Nazi Fascismo Italiano

Criação da Câmara da Cultura Protege os artistas que lhe são


do Reich favoráveis

Centenas de obras de Regresso de uma arquitetura de


vanguarda são retiradas dos feição neoclássica
museus

Criação artística que destaque o


valor da raça ariana

A politização do desporto

Os eventos desportivos internacionais originavam sentimentos


fortemente nacionalistas. O desporto também foi utilizado para fins
propagandísticos. O atleta era visto como um modelo que os estados
totalitários pretendiam criar. A internacionalização das competições
permitiu estabelecer comparações entre atletas de vários países.

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