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ABSTRACT
INTRODUÇÃO
Apesar da DTM não apresentar etiologia definida, diversos fatores podem estar
relacionados à etiologia da DTM, sendo que dentre eles estão: má oclusão, falta de dentes,
restaurações ou próteses mal adaptadas, mastigação unilateral (hábitos parafuncionais), má-
postura, tensão emocional, estresse, patologia ou trauma na articulação, fatores sistêmicos
entre outros. É claro que muitas vezes estas situações estão associadas, e os fatores que
determinarão se o paciente desenvolverá ou não a desordem serão a tolerância fisiológica e a
tolerância estrutural do indivíduo. Há também uma tendência em creditar à hiperatividade
muscular associada a um estresse emocional como sendo a causa primária do surgimento
dessas desordens (AMORIM; GARDENGHI, 2015).
Os jovens estudantes são objeto de estudos, particularmente pelo nível de
cobrança do desempenho nessa fase acadêmica como um dos fatores fundamentais as
perspectivas profissionais futuras. Considerando que os acadêmicos apresentam altos níveis
de ansiedade e estresse, uma das características que se inicia nos anos de graduação e que
traria repercussão não somente no desempenho acadêmico, como no aumento do risco de
surgirem outras doenças (MEDINA; ROSA, 2014).
Frente ao que foi exposto tem-se como objetivos de analisar a prevalência de
sinais e sintomas sugestivos de disfunção temporomandibular em estudantes do último ano do
curso de fisioterapia, avaliar a prevalência em relação ao gênero e a faixa etária e verificar a
relação do estresse no último ano da graduação. Nesse contexto e considerando as lacunas de
informação sobre DTM e estresse dos estudantes do último ano do curso de fisioterapia,
desenvolveu-se o estudo presente.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.3 Etiologia
De acordo com Assis, Soares e Victor, (2012), a DTM por ser uma patologia
bastante complexa, tem constantemente dividido opiniões entre os profissionais e com isso
originado uma diversidade de protocolos de tratamentos. Os mesmos autores ainda defendem
que diante da natureza multifatorial da DTM, se faz necessária a atuação de uma equipe
multiprofissional, para garantir um tratamento mais eficácia.
Azevedo (2014) mostrou que a prevalência de DTM entre os alunos de odontologia da UFRN
correspondeu a 36,2%, equiparando-se ao estudo de MINGHELLI (2011), o qual obteve em
sua pesquisa a prevalência de 37,3% e o de FRAGOSO (2010), com a prevalência de 35%. E
quanto ao tipo mais prevalente de DTM, a maior parte apresentou a DTM articular do tipo
deslocamento de disco (42,1%) e articular do tipo artralgia (42,1%), seguida do G II e III
(articular) com 7,8%.
METODOLOGIA
Este estudo foi elaborado com base na resolução 466/12 do CNS que define as
diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos e iniciado após
submissão e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). (BRASIL, 2012). A pesquisa
foi realizada mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE
(APÊNDICE A). O TCLE consiste em um documento legal, no qual os participantes
manifestam a concordância com a participação na pesquisa e atestam que estão cientes dos
riscos, benefícios, procedimentos e objetivos desta. Além da autorização da instituição
responsável. Após submissão e aprovação do Projeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP)
da Faculdade Integral Diferencial (FACID/DeVry) cujo número do CAAE é
58970216.0.0000.5211. Este é um estudo descritivo transversal com abordagem quantitativa
referente à prevalência de sinais e sintomas sugestivos de disfunção temporomandibular em
estudantes de graduação.
A coleta de dados foi feita em uma instituição de ensino superior particular, onde os
participantes da pesquisa foram 30 estudantes universitários que estavam cursando os
períodos 9 e 10 da graduação. A seleção dos participantes da amostra teve como critérios de
inclusão: (estudantes que estejam matriculados regularmente no curso e com idade a partir de
18 anos) e de exclusão (estudantes que relatem problemas de saúde como disfunções
neurológicas, fibromialgia, cefaleias e dores de ouvido, cuja sintomatologia pode ser
confundida com DTM).
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
do sexo feminino e 30,0% (n=9) do sexo masculino. A média de idade com maior prevalência
60,0% foi de 22 a 24 anos. Em relação ao perfil socioeconômico 33,3% ganham de 1 a 5
salários, no entanto, a maioria dos entrevistados 53,3% não informou sua renda. Da amostra
global, em relação à raça 63,3% se declaram de cor parda e 23,3% de cor banca, 13,3% dos
estudantes não souberam informar a cor. Sobre o estado civil 76,7% declararam nunca terem
casados (solteiros), 16,7% são casados e 6,7% não informaram o estado atual.
Apesar de ser uma amostra pequena em relação aos demais estudos presentes na
literatura, ainda assim assemelha-se a eles pelas escolhas das variáveis presentes na pesquisa.
Tabela 1 – Perfil socioeconômico de estudantes de fisioterapia acerca da prevalência de sinais
e sintomas sugestivos de DTM. Teresina, 2017.
Variável Categoria n (%) p valor
Legenda: *p valor estatisticamente significativo (Teste de qui quadrado de aderência para proporções esperadas iguais).
No que diz respeito aos sinais e/ou sintomas sugestivos de DTM em estudantes de
fisioterapia (Figura 2) sobre dor facial, metade dos estudantes apresentaram algum tipo de
dor facial que corresponde à disfunção temporomandibular (DTM) representando 50% dos
entrevistados. Apenas 10% relataram ter, em algum momento, a mandíbula travada. Estalidos
durante a mastigação ou ao abrir a boca, foram descritos por 46,70% deles e 33,30% sofrem
com rangidos.
12
Axis Title
60%
40%
20%
NÃO
0%
SIM
Axis Title
fisioterapia. Teresina, 2017.
Um exemplo da variedade de sinais e sintomas de DTM que pode ser relacionado
com esse estudo foi mostrado no trabalho de Bezerra et al. (2012), onde os resultados do
Índice Anamnésico DMF identificaram um maior percentual, o sintoma subjetivo da tensão
emocional (61,3%), pela auto percepção dos entrevistados como pessoas tensas, seguida por
dor na nuca ou no pescoço (47,3%), dor de cabeça frequente (45,2%), hábito de ranger ou
apertar os dentes (36,3%), ruídos na região da ATM (35,8%), falta de um bom contato entre
os dentes superiores e inferiores, durante o fechamento da boca (32,7%) cansaço ou
desconforto ao mastigar (25,3%), dor de ouvido (23,5%), dificuldades na abertura bucal
(14,9%) e dificuldades para realizar outros movimentos com a mandíbula (13,7%).
Os sinais de DTM podem variar entre um indivíduo e outro, porém, dores de
cabeça e orofaciais são mais comuns, junto à assimetria mandibular, estalido ou crepitação,
otalgia e em alguns casos, tonturas, dificuldades na deglutição ou em movimentos cervicais
(PINTO et al., 2015). Acerca da análise desse estudo em questão a dor facial foi relatada pela
metade dos entrevistados (50%), podendo ser comparado ao estudo de Nunes (2014) que
relatou que 48,3% dos pacientes apresentaram dor, sendo 21,3 % com dor de baixa
intensidade e 27,0% com dor de alta intensidade. De acordo com Nunes et al. (2016), dentre
os sintomas mais comuns, 78,57% tem cansaço/dor muscular quando mastiga . É sabido que
os ruídos articulares tem relação com alterações estruturais e/ou funcionais da biomecânica da
ATM ou podem até mesmo serem indicativos de processos degenerativos da articulação
(MOTTA, 2015). No presente estudo, estalos ao mastigar (46,70%) e ruídos ao abrir a boca
(33,30%) foram queixas relatas pelos estudantes no questionário. Em um estudo de Dantas
(2013), dor e ruídos articulares foram os sintomas mais comuns relatados pelos participantes
da pesquisa, (89,5% e 30,8%) respectivamente. Os ruídos e estalos podem ser associados à
13
parafunção como o hábito de roer as unhas constantemente, morder canetas, hábitos bem
comuns em estudantes.
Queiroz (2015) evidenciou que os hábitos parafuncionais tem se mostrado
frequentes em indivíduos com DTM e têm sido considerados como significantes na etiologia
e na progressão da desordem muscular e intra-articular. Em seu estudo demonstrou essa
associação, pois apresentou que há uma alta prevalência de sintomas de DTM entre os que
têm parafunção, pois todos os participantes (80%) que relataram possuir algum hábito
parafuncional já referiam sintomas relacionados à DTM o que pôde sugerir uma relação entre
ambos.
Fazendo associação dos sinais e sintomas sugestivos de disfunção
temporomandibular e o perfil socioeconômico dos estudantes participantes da pesquisa (tabela
2), onde fica claro que o sexo feminino é o mais afetado com prevalência de 84,21%. Já na
média de idade o sexo feminino apresentou 57,89% na faixa entre 22 a 24 anos.
Correlacionando com Dantas (2013) que demonstrou em seu estudo que a maior
parte dos indivíduos com sinais e sintomas de DTM era do gênero feminino (76%), enquanto
que (23%) era do gênero masculino, afirmando que as razões pelas quais as mulheres são
mais afetadas que os homens em estatísticas de DTM são controversas, mas sugerem que a
distribuição de casos de DTM seja semelhantes; entretanto pacientes do sexo feminino
procurariam mais auxílio de tratamento. Valores semelhantes foram relatados por Saman
(2015) que obteve uma amostra constituída por 38 indivíduos do sexo feminino e 12
indivíduos do sexo masculino o que deu uma prevalência de 76% para o sexo feminino e 24%
para o sexo masculino.
Tabela 2 – Análise bivariada da associação de presença de sintomas ou sinais sugestivos de
DTM e variáveis socioeconômicas em estudantes de fisioterapia. Teresina, 2017.
Sintomas/sinais de DTM
Variável Categoria SIM NÃO p valor
N (%) N (%)
Legenda: # p valor do Teste Exato de Fisher. Para demais variáveis utilizou-se Teste G de independência.
Ferreira, Silva e Felício (2016) afirmaram que, de modo geral, a idade parece
ser uma variável com maior influência nas mulheres do que nos homens. Em outro estudo
conduzido por Cardozo, Lima e Senna (2012) quando comparado os gêneros masculino e
feminino, foi encontrado que a prevalência de DTM é maior nas mulheres. No gênero
feminino, foi encontrada DTM leve em 41,93%, moderada 5,37%, e severa 1.07%. No gênero
masculino, na mesma ordem foram 8%, 1% e 0%. Hormônios sexuais como o estrogênio, por
exemplo, influenciam bastante na percepção dolorosa das mulheres, e com os músculos
mastigatórios na DTM não é diferente. Além de contribuir com diversos outros fatores como
densidade óssea, frouxidão ligamentar atingindo assim a ATM (FERREIRA; SILVA;
FELÍCIO, 2016).
Ao avaliar a faixa etária, no presente estudo, a maior prevalência dos sinais e
sintomas ficou entre 22 a 24 anos (60%), estando de acordo com os trabalhos de Nunes et al.
(2016), e Nascimento (2014) que mostraram uma idade entre 23 e 37 anos com maior
prevalência de DTM. Já Bezerra et al. (2012), em um estudo com estudantes universitários
identificaram que 42% dos voluntários encontravam-se entre 23 e 27 anos de idade, 41,3%
dos 18 aos 22 anos, 11,9% dos 28 aos 32 e 4,8% dos 33 aos 38 anos. Segundo o gênero,
64,3% pertenciam ao feminino e 35,7% ao gênero masculino.
Pinto et al. (2015) em seu trabalho sobre a prevalência constataram que o gênero
feminino foi a maior parte da amostra, 79,9% (n = 585). A idade variou de 18 a 54 anos, com
média de 24,4 (± 5,9). Na abordagem da idade através de faixas etárias, a maior concentração
dos alunos ocorreu nas idades de 20 a 25 anos, 49,7% (n =364). As informações expressas nos
estudos em questão mostram que os participantes são jovens, pois todos estão na idade de
conclusão da graduação, o que torna os resultados semelhantes.
A influência da raça com o aparecimento de sinais e sintomas de DTM, não é
muito evidenciada na literatura, pois não há trabalhos que especifiquem ou que justifiquem
que determinada raça ou etnia seja mais predisponente do que outra para apresentar distúrbio
a ser associado à disfunção temporomandibular.
A tabela 3, de acordo com a pontuação do RDC/TM Eixo II, a amostra foi
dividida entre estudantes concludentes com sinais e sintomas de DTM e os “Demais” foram
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estudantes que não estavam no último período ou que não apresentaram nenhum sintoma de
DTM. Quando comparados, o grupo DTM + concludente teve uma maior média no escore
estresse do que os demais, porém essa média não foi estatisticamente significativa, pois
(p>0,05).
Com o escore somatização foi o mesmo resultado, o grupo DTM + concludente
não apresentou muita diferença de média em relação aos demais e o valor de p foi (>0,05).
Mas o que ainda assim chama atenção é que, tanto o estresse quanto à somatização, apesar de
não serem tão significativos estatisticamente, estão presentes na vida estudantes pesquisados e
que devem chamar atenção, pois podem ser levados em consideração em um futuro
diagnóstico de DTM, já que estão incluídos em sua multifatoriedade.
Tabela 3 – Comparação das pontuações, segundo grupo, dos domínios “estresse” e “sintomas
físicos inespecíficos incluindo dor (somatização)” do Questionário RDC/TMD Eixo II
aplicado a estudantes de fisioterapia. Teresina, 2017.
Pontuação RDC/TMD Eixo II
GRUPOS Estresse Somatização
Média p valor Média p valor
DTM + concludente
0,375 0,704 0,032 0,66
Demais
0,310 0,026
amostra estudada por eles, que o desgaste emocional frente aos estudos não refletiu aumento
da percepção de sintomatologia de DTM com o passar dos anos. Justificando que talvez a
liberação das tensões emocionais possa estar presente quando se considera essa fase da vida
de intenso convívio social, pois comprovadamente o isolamento social contribui para o
aumento dos níveis de estresse e consequentemente o desenvolvimento de doenças crônicas
associadas a esta condição.
Entretanto, Torquato (2010) conclui que a amostra obtida por ele apresentou que o
sexo feminino exibiu média maior de níveis de estresse do que o sexo masculino, existindo a
diferença na prevalência de morbidade psicológica entre homens (27,03%) e feminino
(41,84%).
No seu estudo Queiroz (2015) concluiu que o estresse emocional com cerca de
(75%) deverá ser levado em consideração por ter obtido uma prevalência alta e por ser um
fator importante no desenvolvimento e ao mesmo tempo um sintoma de DTM, pelo o que
deve ser-lhe dada especial atenção nos estudantes do curso de fisioterapia independentemente
de suas características individuais. O próprio ambiente da faculdade, o receio de falhar
perante os desafios e as expectativas criadas por si próprias e pelo os outros podem contribuir
para esses níveis de stress emocional.
Simm e Lopes (2011) ao avaliarem a prevalência de depressão, estresse, ansiedade
e DTM de acordo com a série pelo teste do Qui-Quadrado, observou uma diferença
significativa nos índices de ansiedade e DTM das três primeiras séries do curso de
Odontologia de Maringá, quando em comparação a quarta e última série (p<0,05). Foi
avaliada ainda a correlação entre ansiedade e depressão através da correlação simples de
Pearson para a DTM, e a associação entre os três índices. Confirmando que a ansiedade
apresentou associação significativa com DTM, ou seja, a prevalência de sujeitos que
apresentam DTM e ansiedade é significativamente superior aos indivíduos que apresentam
DTM sem ansiedade.
No seu trabalho Lemos (2015) descreveu que a relação entre DTM, ansiedade e
depressão, é complexa, principalmente devido ao caráter multifatorial desta disfunção. O
surgimento de sintomatologia depende não apenas da presença do fator psicológico, mas
também de uma série de fatores tais como a capacidade adaptativa e a resposta fisiológica
individual. Além disso, variáveis como o gênero, idade, tempo, condição social, momento
vivido pelos indivíduos avaliados e tamanhos da amostra são fatores que podem influenciar
no diagnóstico e caracterização destes distúrbios psicológicos.
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CONCLUSÃO
REFERENCIAS
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faculdade privada do norte do País. 2013. Mudanças - Psicologia da Saúde, v21, n1, p. 23-
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