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ANALISAR E INTERPRETAR UM TEXTO POÉTICO

Após escolher o poema que mais lhe tenha interessado, analise-o, tendo em
conta os seguintes passos:

1. Contextualizar o poema na obra e época do autor.

2. Fazer uma descrição formal do poema: estrofe; métrica; ritmo; rima.

3. Indicar o tema particular do texto e salientar, justificando, se o poema escolhido


pertence ao grupo dos de cariz “intimista” ou dos de cariz “político-social”.

A - No caso de o poema ser de cariz “intimista”, salientar o seguinte:

- o facto e o modo como o sujeito da enunciação reflete sobre a vivência íntima,


as tensões e as contradições pessoais, o diálogo eu-tu, o amor, a indiferença ou
outros sentimentos, sensações, emoções e atitudes;

- o facto e o modo como o sujeito reage às vicissitudes da vida, ao «desconcerto


do mundo», à mudança, à efemeridade do prazer e do bem, à problemática do
quotidiano;

- o facto e o modo como você, leitor, adere ou não à mensagem do poema


(questões, propostas, soluções);

B - No caso de o poema ser de cariz “político-social”, salientar:

- o facto e o modo como o sujeito problematiza a sociedade e o mundo onde vive;

- a apologia (elogio) dos valores e a denúncia dos erros, desvios e aberrações


das pessoas e das instituições político-sociais;

- o fundamento ideológico e doutrinário da postura e da visão crítica do sujeito;

- os exemplos ilustrativos da argumentação textual;

- a sua adesão ou recusa como leitor à mensagem do poema.

4. Fazer uma possível divisão do poema em partes lógicas, justificando.


5. Referir, exemplificadamente, os recursos expressivos utilizados e explicar a sua
representatividade/importância no poema.

Consideram-se RECURSOS EXPRESSIVOS, por exemplo:

A – figuras de estilo;

B – o valor estilístico

- da coordenação ou da subordinação;

- da pontuação (interrogação, exclamação, reticências, travessão ou


parêntesis);

- dos tempos e modos verbais;

- do uso do adjetivo (adjetivação dupla; colocação do adjetivo antes do


substantivo);

- de grupos de palavras de cariz negativo (disfórico) ou positivo (eufórico);

- do vocabulário oralizante;

- dos registos de língua (familiar, popular, cuidado);

- do advérbio acabado em -mente;


Estudo do texto poético
 poema – estrutura interna e externa;
 polissemia;
 campo semântico;
 relações semânticas entre as palavras (homografia, homofonia,
paronímia, homonímia, sinonímia/antonímia, holonímia, meronímia,
hiperonímia, hiponímia);
 noções de versificação (consulta aqui)
 funções sintáticas.

Textos a trabalhar (verificar Manual):


“Pelo souto do crescente” (p. 202) – análise orientada pela professora (aula dia
1 de junho)
“Comigo me desavim” (p. 206) – análise orientada pela professora (aula dia 1
de junho)

Poemas analisados pelos alunos na aula de dia 3 de junho (grupos de 2


alunos; cada poema é analisado por um par de alunos):
“Descalça vai para a fonte” (p. 207)
“Aquela cativa” (p. 209)
“Alma minha gentil que te partiste” (p. 212)
“Amor é um fogo que arde sem se ver” (p. 214)
“Magro, de olhos azuis, carão moreno” (p. 217)
“As minhas asas” (p. 219)
“Barca bela” (p. 221)
“O palácio da ventura” (p. 225)
“De tarde” (p. 226).

Da análise de cada grupo deverá constar, num texto bem estruturado a


entregar até ao dia 7, o seguinte:

INTRODUÇÃO:
– título do poema
– autor do poema e pequena nota biografica
– tema do poema
– estrutura externa do poema: estrofes, n.º de versos, esquema rimático.

DESENVOLVIMENTO:
– estrutura interna do poema: como se desenvolve o tema ao longo o texto?
em quantas partes se divide?
– recursos expressivos presentes no poema.
– opinião pessoal sobre o poema e a forma como o tema é abordado (cada
elemento do grupo deve registar a sua opinião).
GUIÃO PARA ANÁLISE DE TEXTOS POÉTICOS

Quase na recta final deste ano lectivo, resta agora elaborarem um outro trabalho sobre os
"Poetas do séc.XX". Para além da sua apresentação oral, de carácter formal, neste deverão
constar os seguintes conteúdos:

- VIDA e OBRA do POETA SELECCIONADO;

- LINHAS ORIENTADORAS DA SUA POÉTICA;

- ANÁLISE DE UM POEMA POR CADA ELEMENTO DO GRUPO (seguindo a proposta que se


apresenta):

1. ESTRUTURA EXTERNA

Número de estrofes

Número de versos por estrofe (designação específica)

Esquema rimático

Rima / Tipos de Rima

Métrica (dominante)

2. ESTRUTURA INTERNA

Identificação do Tema / Assunto

Divisão do poema em partes lógicas, tendo em conta a organização lógica das ideias

Resumo de cada uma das partes

3.ASPECTOS ESTILÍSTICOS

Linguagem (objectiva, subjectiva...)

Discurso (1ª, 2ª e 3ª pessoas; narrativo, descritivo, reflexivo...)

Recursos estilísticos mais significativos e respectiva expressividade

4. OUTROS ASPECTOS

Opinião fundamentada sobre o autor, sobre o poema...


António Gedeão, por Fernando J. B. Martinho

Nascido em 1906, contemporâneo dos poetas da presença, só em 1956 António


Gedeão (1906-1997; pseudónimo de Rómulo de Carvalho, metodólogo de Ciências
Físico-Químicas no ensino secundário, autor de trabalhos nos
domínios da didática das disciplinas da sua especialidade, e da
historiografia e divulgação científicas) publica o seu primeiro livro de
poemas, Movimento Perpétuo. Entre esse ano e 1961 dará a
público outras duas coletâneas, Teatro do Mundo, 1958,
e Máquina de Fogo, tendo oportunidade logo em 1964 de reunir a
sua produção poética nas Poesias Completas, acompanhadas de
um importante e exaustivo estudo de Jorge de Sena, também ele
homem de formação científica. Até aos princípios dos anos 90,
as Poesias Completas, que a partir da 2ª edição, em 1968,
passam a incluir Linhas de Força, de 1967, conhecerão uma
dezena de edições, circunstância muito rara no panorama da edição poética
portuguesa de Novecentos e que dá bem a medida da popularidade alcançada
durante esse período pela obra de António Gedeão, que beneficiou igualmente da
difusão que lhe foi dada por alguns nomes importantes da nossa música popular e
de intervenção.

No momento em que António Gedeão se estreia como poeta (sublinhe-se que já


então é autor de trabalhos didáticos ou de divulgação científica e que, como pode
ver-se na edição da Obra Completa, de 2004, desde muito jovem escreve poemas),
é muito forte entre os autores emergentes a consciência de fazerem parte de uma
tradição moderna, que remonta aos tempos do Orpheu, ou mesmo a certas figuras-
chave anteriores como Cesário, Nobre ou Pessanha. Jorge de Sena dirá que
Gedeão realiza, na sua poesia, uma síntese das grandes conquistas do
Modernismo, e, em certo sentido, poderá mesmo afirmar-se que ele é um dos
primeiros a levá-las a um público mais alargado que a lírica moderna, com algumas
das suas ousadias, ainda não fora capaz de aliciar. A par de uma original
reelaboração do legado modernista, sem dificuldade se reconhece igualmente nos
versos de António Gedeão um poeta identificado com o espírito do tempo que
presidiu à sua estreia literária. Assim o vemos, numa época dominada pelas
filosofias da existência, entregue ao «desespero», a um mal-estar que vem das
zonas mais fundas e turvas da consciência de existir. Ou dando expressão aos seus
receios perante a «bomba», a capacidade de autodestruição do homem, em tempo
de guerra fria. Esse pessimismo casa bem com a condição que é também a sua de
herdeiro do ceticismo iluminista: «Os homens nascem maus./ Nós é que havemos de
fazê-los bons.» Mas a herança do iluminismo permite-lhe, ao mesmo tempo,
alimentar a confiança no homem: «Eu sou o homem. O Homem./ Desço ao mar e
subo ao céu./ Não há temores que me domem./ É tudo meu, tudo meu.» Desse
mesmo legado é possível aproximar, por outro lado, a sage ironia que o leva, em
“Poema do fecho éclair”, a meter a ridículo o poder de um dos grandes do mundo
por tudo possuir mas não conhecer um dos mais correntes artefactos do homem
moderno, ou, em “Dia de Natal”, a fazer a denúncia do desenfreado consumismo
próprio dessa quadra

Numa fase da evolução da nossa lírica moderna em que já se verificara o


alargamento dos domínios da poesia ao que era tido por não poético, uma das
grandes novidades que os versos de António Gedeão trazem é a presença, muito
marcada, neles da linguagem científica. Homem de ciência, ligado a conceitos e
terminologias que preenchem quotidianamente a sua atividade, não separa, na sua
poesia, Rómulo de Carvalho do seu alter ego literário António Gedeão. Pelo
contrário, chega a fazê-los coexistir num mesmo texto, como acontece na famosa
“Lição sobre a água”, em que o leitor colhe a impressão de que é o cientista que fala
nas duas primeiras estrofes, para, na estrofe final, ceder a voz ao poeta. De outras
vezes, à expressão da indignação do humanista, tantas vezes já gasta pela retórica
do panfletarismo, prefere o poeta a austera eficácia da demonstração e da evidência
científicas, como na antologiadíssima “Lágrima de preta”. A isto acresce o uso
recorrente de termos científicos, respondendo a uma indeclinável necessidade
gerada pelos próprios temas, sem que o poeta ponha de parte um dos grandes
prazeres que a sua arte lhe reserva, o da nomeação, para o caso incidindo no que é
a sua experiência interiorizada de todos os dias de homem de ciência. E aqui é a
linguagem poética que se enriquece e as imagens e metáforas que ganham outro
fulgor e novos modos de nos surpreender, numa decidida ampliação do campo
expressivo, com o recurso a realidades evocadas por termos como, entre muitos
outros, «protoplasma», «cisão do átomo», «neutrão», «colódio», «ácidos», «bases»,
«sais», «cloreto de sódio», «suspensão coloidal», «dissolvente», «aminoácido».

No plano da forma da expressão, é possível traçar uma linha evolutiva na poesia de


Gedeão, entre o livro de estreia em meados dos anos 50 e a última coletânea, vinda
a lume em 1990. Permitir-nos-á ela notar a predominância do metro regular nos
livros publicados na década de 50, Movimento Perpétuo e Teatro do Mundo, a
adoção de ritmos mais livres embora mantendo-se ainda o uso da rima nos volumes
editados nos anos 60, Máquina de Fogo e Linhas de Força, e uma clara opção pelo
verso livre não rimado nas duas últimas coletâneas,Poemas Póstumos, de 1983,
e Novos Poemas Póstumos, de 1990. Nuns casos a forma escolhida aproxima-se
das formas legadas pela tradição, que podem ser as que têm origem na poderosa
tradição romancística, como se observa em “Cavalinho, cavalinho” e em “Ai Silvina,
ai Silvininha”, ou as que entram num processo de interlocução com a tradição culta,
trazendo à memória ora as Barcas vicentinas, em “Fala do homem nascido” ( «Minha
barca aparelhada/ solta o pano rumo ao norte;/ meu desejo é passaporte/ para a
fronteira fechada./ Não há ventos que não prestem/ nem marés que não
convenham,/ nem forças que me molestem,/ correntes que me detenham» ), ora um
dos mais glosados poemas de Camões em “Poema da auto-estrada”, aqui por via da
distorção paródica ( «Voando vai para a praia/ Leonor na estrada preta./ Vai na brasa
de lambreta.» ). Noutros casos, as suas opções formais aproximam-se, já no âmbito
da tradição moderna, da combinação de diversos metros tão do agrado dos poetas
da presença, ou, como é o caso, nos dois últimos livros, de modo mais nítido, do
versilibrismo mais ou menos radical de que o Modernismo fez, em diferentes
momentos, um dos seus mais apregoados instrumentos de libertação.

Registe-se ainda a incursão, em 1973, de António Gedeâo pela ficção narrativa


em A Poltrona e Outras Novelas, e, em 1963 e 1981, pela literatura dramática,
em RTX – 78/24 e História Breve da Lua, respetivamente, textos estes que podem
ler-se, para além de um conjunto de ensaios literários, em Obra Completa, de 2004.
António Gedeão, (Rómulo Vasco da Gama de Carvalho), nasceu em Lisboa em

1906. Em 1931 licenciou se em Ciências Físico Químicas pela Faculdade de

Ciências da Universidade do Porto e em 1932 concluiu o curso de Ciências

Pedagógicas na Faculdade de Letras do Porto. Dedicou-se ao, elaborando

compêndios escolares, inovadores pelo grafismo e forma de abordar matérias tão

complexas como a física e a química. Em 1952, enveredou pela divulgação

científica com a colecção "Ciência Para Gente Nova" e "Física para o Povo", entre

outros. Só em 1956 explode a sua faceta poética.

Obras principais: Movimento Perpétuo (1956); Teatro

do Mundo (1958); Máquina de Fogo(1961); Poema para

Galileu (1964); Linhas de Força (1967) e ainda Poemas

Póstumos (1983) e Novos Poemas Póstumos (1990). Alguns dos

seus textos poéticos foram musicados, nomeadamente por Manuel

Freire e José Niza.


António Gedeão
António Gedeão
Rómulo Vasco da Gama de Carvalho

Conhecido(a) por António Gedeão

Nascimento 24 de novembro de 1906


Lisboa

Morte 19 de fevereiro de 1997 (90 anos)


Lisboa

Nacionalidade Português

Cônjuge Natália Nunes

Prêmios Medalha de Mérito Cultural(1996)

Rómulo Vasco da Gama de Carvalho (Lisboa, 24 de novembro de 1906 — Lisboa, 19


de fevereiro de 1997) foi um professor e poeta português.[1][2]

Biografia[editar | editar código-fonte]


Foi professor de Físico-Químicas do ensino secundário no Liceu Pedro Nunes,
Liceu D. João III e no Liceu Camões, pedagogo, investigador da história da
ciência em Portugal, divulgador da ciência e poeta, sob
o pseudónimo de António Gedeão.
Pedra Filosofal e Lágrima de Preta são dois dos seus mais célebres poemas.
Encontra-se colaboração da sua autoria na rubrica Panorama Científico do
semanário Mundo Literário[3] (1946-1948).
Foi académico efetivo da Academia das Ciências de Lisboa e diretor do Museu
Maynense da Academia das Ciências de Lisboa.
A data do seu nascimento foi adoptada, em Portugal, em 1996, como Dia
Nacional da Cultura Científica.[4]
Tevecinco filhos, Frederico de Carvalho, também formado em ciências,
e Cristina Carvalho, escritora (esta última do seu segundo matrimónio, com a
escritora Natália Nunes).
Jaz no Jazigo dos Escritores Portugueses, no Talhão dos Artistas do Cemitério
dos Prazeres, em Lisboa, junto de outros vultos notáveis das letras
portuguesas, como José Cardoso Pires ou Fernando Namora[1][2].
Homenagens[editar | editar código-fonte]


1987 (20 de junho): Grande-Oficial da Ordem da Instrução Pública.[5]

1992: A Escola Secundária da Cova da Piedade adotou como patrono o
nome de António Gedeão.

1995 (8 de junho): Grau de doutor Honoris Causa pela Universidade de
Évora.

1996: Homenagem Nacional, com o patrocínio do Ministério da Ciência e
da Tecnologia.

1996 (15 de novembro): Medalha de Prata da Universidade Nova de
Lisboa.

1996 (12 de dezembro): Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da
Espada.[5]

1996 (18 de dezembro): Medalha de Mérito Cultural.

1997: A Câmara Municipal de Lisboa prestou-lhe a sua homenagem ao
atribuir o nome de António Gedeão a uma rua na freguesia de Marvila, onde
está localizada a Escola de Ensino Básico 2+3 de Marvila. [1][2][6].

2012: A FENPROF, em colaboração com a SABSEG – Corretor de
Seguros, criou o Prémio António Gedeão, um prémio literário destinado a
Professores. O Prémio é anual de poesia.[7]

2018 (26 de fevereiro): Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública (a título
póstumo).[5]

Principais publicações[editar | editar código-fonte]


História da ciência e da educação[editar | editar código-fonte]

 "No primeiro centenário de Lorentz". Gazeta de Física. 2, 10 (1952) 275-


278.
 Ferreira da Silva, Homem de Ciência e de Pensamento 1853-1923.
Porto, 1953.
 "A pretensa descoberta da lei das acções magnéticas por Dalla Bella em
1781 na Universidade de Coimbra". Coimbra, 1954. Sep. Revista Filosófica,
vol. 4, fasc. 11.
 Portugal nas ‘Philosophical Transactions’ nos séculos XVII e XVIII.
Coimbra, 1956. Sep. Revista Filosófica, 15-16.
 "Albert Einstein (1879-1955)". Gazeta de Física. 3, 4 (1956) 89-96.
 "Joaquim José dos Reis, construtor das máquinas de física do Museu
Pombalino da Universidade de Coimbra". Vértice. 177 (1958).
 História da Fundação do Colégio Real dos Nobres de Lisboa [1765-
1772]. Coimbra, 1959.
 "Posição histórica de invenção do nónio de Pedro Nunes". Palestra. 4
(1960).
 "Homenagem a Pascal, 3.º centenário". Palestra. 16 (1962) 21-37.
 "Apontamentos sobre Martinho de Mendonça de Pina e de Proença
[1693-1742]". Ocidente. 56 (1963) 5-36.
 "Leonis de Pina e Mendonça, Matemático Português do Século
XVIII". Ocidente. 66 (1964) 170-175.
 Relações entre Portugal e a Rússia no Século XVIII. Lisboa, 1979.
 A Actividade Pedagógica da Academia das Ciências de Lisboa nos
Séculos XVIII e XIX. Lisboa, 1981.
 A Física Experimental em Portugal no Sécu1o XVIII. Lisboa, 1982.
 A Astronomia em Portugal no Século XVIII. Lisboa, 1985.
 "A Fisica na Reforma Pombalina". in História e Desenvolvimento da
Ciência em Portugal. Lisboa, 1986. pp. 143–168.
 História do Ensino em Portugal, desde a fundação da nacionalidade até
ao fim do regime de Salazar-Caetano. Lisboa, 1986.
 A História Natural em Portugal no Século XVIII. Lisboa, 1987.
 D. João Carlos de Bragança, 2º duque de Lafões, fundador da
Academia das Ciências de Lisboa. Lisboa, 1987.
 História dos balões. Lisboa: Relógio d'água, 1991.
 O material didáctico dos séculos XVIII e XIX do Museu Maynense da
Academia das Ciências de Lisboa. Lisboa, 1993.
 O material etnográfico do Museu Maynense da Academia das Ciências
de Lisboa. Lisboa, 2000.

Poesia[editar | editar código-fonte]



1956 - Movimento Perpétuo

(Pedra Filosofal)[8][9]

1958 - Teatro do Mundo

1959 - Declaração de Amor

1961 - Máquina de Fogo

(Lágrima de preta)[10][11]

1964 - Poesias Completas

1967 - Linhas de Força

1980 - Soneto

1982 - Poema para Galileu

1983 - Poemas Póstumos

1985 - Poemas dos textos

1990 - Novos Poemas Póstumos

Ficção[editar | editar código-fonte]


 1942 - Bárbara Ruiva (1ª edição: Abril 2009)
 1973 - A poltrona e outras novelas

Teatro[editar | editar código-fonte]

 1978 - RTX 78/24


 1981 - História Breve da Lua

Ensaio[editar | editar código-fonte]

 1965 - O Sentimento Científico em Bocage


 1985 - Ay Flores, Ay flores do verde pinho

1. Em cada estrofe é apresentado um traço que contribui para a apresentação


de Filipe II. Identifica-o.

2. Comenta a expressividade da repetição no verso “Tinha tudo, tudo, “.

3. Com base na informação contida na nota dada no final do poema, explica a


ironia presente na última estrofe.

4. Pobre homem rico esse Filipe II...

4.1. Concordas com este comentário? Justifica a tua opinião.

5. Classifica quanto ao número de versos as estrofes do poema.

6. Apresenta o esquema das rimas presentes na terceira estrofe e classifica-as.

7. Faz a escansão do verso "tinha um colar de oiro com pedras rubis."


trufada – recheada ou condimentada com trufas.
Arrás – tapeçarias antiga que ornava as paredes da sala.
Alões – cães corpulentos.
Podengo – cães de caça.
Dossel – cobertura.
Lhama – tecido de fio de ouro ou de prata.

A OBRA

"Afirmando-se como um dos mais brilhantes e talentosos criadores lusófonos do


século XX, Rómulo de Carvalho/António Gedeão, respectivamente, o professor,
pedagogo e historiador da ciência, e o seu alter-ego literário, atravessou todas
as convulsões e acontecimentos marcantes do nosso século, que se reflectiram
no formar-se de um espírito extremamente marcado pelo cepticismo e pela
ironia, sempre presentes nos seus poemas.

Licenciado em Ciências Físico-Químicas pela Universidade do Porto em 1931,


traduziu como ninguém, a ciência para os leigos, desvendando segredos
científicos com a mesma simplicidade com que os exemplificava.

Lisboeta toda uma vida, uniu de forma exemplar, através da sua obra, a ciência
e a poesia, a vida e o sonho. Apesar de só aos 50 anos ter decidido publicar o
seu primeiro livro de poesia, inaugurando assim uma carreira que se afirmou por
si própria na cultura portuguesa, tornou-se uma figura de referência
incontornável no imaginário colectivo do povo português, principalmente para
toda a geração da "Pedra Filosofal".
Poucos meses após ter celebrado o seu 90º aniversário, assinalado pela
homenagem que lhe foi prestada pelo Ministério de Ciência e de Tecnologia, a
sua morte em 19 de Fevereiro 1997, deixa-nos um legado para o futuro, numa
sociedade cada vez mais global, onde a união entre Ciências e Humanidades se
torna cada vez mais uma necessidade premente.

Mascarados

Cora Coralina

Saiu o Semeador a semear

Semeou o dia todo

e a noite o apanhou ainda

com as mãos cheias de sementes.

Ele semeava tranquilo

sem pensar na colheita

porque muito tinha colhido

do que outros semearam.

Jovem, seja você esse semeador

Semeia com otimismo

Semeia com idealismo


as sementes vivas

da Paz e da Justiça

ANÁLISE DE TEXTO POÉTICO

O poema “Mascarados” da escritora Cora Coralina é composto de três estrofes,


sendo as duas primeiras compostas de quatro versos e a última composta de
cinco.

Na primeira leitura, o texto deixa transparecer a figura de um personagem rural,


agricultor que semeia pela terra sementes. Podemos perceber isto no primeiro
verso da primeira estrofe “saiu o semeador a semear”.

O texto coloca o personagem fazendeiro semeando dia e noite de forma


tranquila, sem pressa, uma vez que as sementes não se acabam “semeou o dia
todo e a noite e apanhou ainda com as mãos cheias de sementes”.

Outro aspecto claro é o trabalho coletivo em que o trabalhador não se preocupa


com a colheita, uma vez que teria colhido do que os outros plantaram “... porque
muito tinha colhido do que outros semearam”.

A última estrofe do poema coloca o personagem não mais como agricultor. A


autora inicia o primeiro verso dando um conselho à juventude e o fazendeiro se
torna um jovem qualquer que recebe instruções para semear valores. Percebe-
se isso de forma clara nos últimos versos “Jovem... semeia com otimismo,
idealismo as sementes vivas da paz e da justiça”.

Não podemos negar que a vida de um agricultor em semear sementes para


produzir alimentos e matar a fome, não se diferencia das sementes vivas,
colocadas pela autora como valores que a humanidade está deixando entrar em
extensão, trazendo fome de boas maneiras, pois estão dando espaço para as
várias formas de violência e de injustiças sociais como, homicídios, furtos,
espancamentos, abusos, fome, miséria, etc.

Portanto, o futuro está nas mãos dos jovens e é dever dos adultos promover o
resgate dos valores para que nossos futuros políticos, professores, médicos,
pais, etc., construam uma sociedade evoluída para melhor em que todos
possam se beneficiar das colheitas.

Estrutura externa de um poema


A estrutura externa de um poema se refere a seus aspectos formais. Numa
análise formal, os poemas são analisados quanto ao número de estrofes,
número de versos por estrofe, esquema rimático em cada estrofe, métrica
dominante e tipo de rima existente.

A poesia, por oposição à prosa, é escrita em verso. Cada linha do poema é


chamada de verso. Um conjunto de versos, separado de outro conjunto de
versos por uma linha branca, é chamado de estrofe.

Versos e estrofes

Os poemas podem possuir desde um a vários versos, bem como desde uma a
diversas estrofes. Embora haja poemas de estruturas fixas, a maioria dos
poetas atuais opta pela liberdade na criação da estrutura do poema.

Classificação de estrofes quanto ao número de versos:

 Estrofe com um verso: monóstico;


 Estrofe com dois versos: dístico;
 Estrofe com três versos: terceto;
 Estrofe com quatro versos: quarteto ou quadra;
 Estrofe com cinco versos: quintilha;
 Estrofe com seis versos: sextilha;
 Estrofe com sete versos: septilha;
 Estrofe com oito versos: oitava;
 Estrofe com nove versos: nona;
 Estrofe com dez versos: décima;
 Estrofe com mais de dez versos: estrofe irregular.

Exemplo de uma quadra:


“Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!”
(Mário Quintana)

Exemplo de uma sextilha:


“Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!”
(Castro Alves)

Poemas com estrutura fixa:

 Soneto: Formado por duas quadras e dois tercetos.


 Balada: Formada por três oitavas (ou décimas) e uma quadra (ou
quintilha).
 Sextina: Formada por seis sextilhas e um terceto.
 Rondó: Formado por uma quintilha, um terceto e outra quintilha.
 Rondel: Formado por duas quadras e uma quintilha.
 Haicai: Formado por um terceto.

Exemplo de um soneto:
“Eu faço versos como os saltimbancos
Desconjuntam os ossos doloridos
A entrada é livre para os conhecidos...
Sentai, Amadas, nos primeiros bancos!

Vão começar as convulsões e arrancos


Sobre os velhos tapetes estendidos...
Olhai o coração que, entre gemidos,
Giro na ponta dos meus dedos brancos.
“Meu Deus! Mas tu não mudas o programa!”
- Protesta a clara voz das Bem-Amadas –
“Que tédio!” – o coro dos Amigos clama.

“Mas que vos dar de novo e de imprevisto?”


- Digo... e retorço as pobres mãos cansadas:
“Eu sei chorar... Eu sei sofrer... Só isto!”
(Mário Quintana)

Exemplo de um haicai:
“Tudo dito,
Nada feito,
Fito e deito.”
(Paulo Leminski)

Escansão e sílaba métrica

Escansão é a divisão de um verso em sílabas métricas. Estas se referem às


sílabas existentes num determinado verso e diferem das sílabas gramaticais. O
verso é considerado na sua totalidade, como se fosse apenas uma palavra. A
contagem das sílabas existentes num verso é feita apenas até à sílaba tônica
da última palavra do verso e, além disso, duas ou mais vogais no fim de uma
palavra e no início de outra pertencerão à mesma sílaba.

Classificação de versos quanto ao número de sílabas:

 verso com uma sílaba: monossílabo;


 verso com duas sílabas: dissílabo;
 verso com três sílabas: trissílabo;
 verso com quatro sílabas: tetrassílabo;
 verso com cinco sílabas: pentassílabo ou redondilha menor;
 verso com seis sílabas: hexassílabo ou heroico quebrado;
 verso com sete sílabas: heptassílabo ou redondilha maior;
 verso com oito sílabas: octossílabo;
 verso com nove sílabas: eneassílabo;
 verso com dez sílabas: decassílabo
 verso com onze sílabas: hendecassílabo;
 verso com doze sílabas: dodecassílabo ou alexandrino;
 verso com mais de doze sílabas: verso bárbaro;
 verso livre: usado atualmente pelos poetas modernistas, não possuem
número exato de sílabas.
Exemplo de heptassílabo ou redondilha maior:
“Da aurora da minha vida” (Casimiro de Abreu)
(Da au / ro / ra / da / mi / nha / vi da)

Exemplo de decassílabo:
“E, se mais mundo houvera, lá chegara.” (Luís de Camões)
(E / se / mais / mun / do hou / ve / ra / lá / che / ga ra)

Rima e esquema rimático

Na poesia, as rimas se caracterizam pela repetição de sons no final de dois ou


mais versos, conferindo musicalidade ao poema. A classificação de
rimaspoderá ser feita quanto à fonética, quanto ao valor, quanto à acentuação
e quanto à posição no verso e na estrofe. O esquema rimático é obtido através
da posição das rimas nos versos e nas estrofes.

Classificação de rimas:

 Quanto à fonética: rima perfeita ou consoante, rima imperfeita, rima


toante ou assonante e rima aliterante.
 Quanto ao valor: rima pobre, rima rica e rima rara ou preciosa.
 Quanto à acentuação: rima aguda ou masculina, rima grave ou feminina
e rima esdrúxula.
 Quanto à posição no verso: rima externa e rima interna ou coroada.
 Quanto à posição na estrofe: rimas alternadas ou cruzadas, rimas
emparelhadas ou paralelas, rimas interpoladas ou intercaladas, rimas
encadeadas, rimas mistas ou misturadas e versos brancos ou soltos.

Exemplos:
“E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.”
(Olavo Bilac)

Esquema rimático: ABAB – rimas alternadas ou cruzadas.


Enquanto/pranto: rimas externas, graves, consoantes e ricas.
Aberto/deserto: rimas externas, graves, consoantes e pobres.

Fique sabendo mais!


Além da estrutura formal, a análise de um texto poético deverá englobar
também a análise do conteúdo e da estrutura interna do poema (subdivisões e
forma de organização das ideias), bem como dos aspectos linguísticos
utilizados, como o tipo de linguagem, o tipo de discurso e as figuras de
linguagem. Poderá ainda contemplar uma opinião fundamentada sobre o
poema, referindo características do autor e do contexto social e literário
existente aquando da criação do texto poético.
Poesia - Aspectos Formais

Um texto poético, normalmente, gera-se a parir de uma emoção, um ideal, um


desejo, um sentimento, uma revolta, enfim, uma realidade interior de grande
intensidade e que leva o poeta a fixar numa forma particular essa vivência.
Distingue-se da narrativa por não pretender contar uma história, mas antes
expressar a mundividência do poeta.

Verso

Conjunto de palavras, de sentido completo ou não, com determinadas


características rítmicas. Numa composição poética escrita aparece a ocupar
uma linha, mesmo que tenha uma única palavra.
Estrofe

Verso ou conjunto de versos, geralmente com uma unidade de sentido. Cada


conjunto, ao ser escrito, é demarcado de outro por um espaço. Cada estrofe
recebe uma designação, segundo o número de versos que apresenta. Assim, há:

Monóstico – 1 verso

Dístico – 2 versos

Terceto – 3 versos

Quadra – 4 versos

Quintilha – 5 versos

Sextilha – 6 versos

Sétima – 7 versos

Oitava – 8 versos

Nona – 9 versos

Décima – 10 versos

Com mais versos, as estrofes designam-se pelo respectivo número de versos,


por exemplo, estrofe de onze versos.

A quadra é a estrofe preferida da poesia popular.

A oitava é a estrofe em que Camões escreveu Os Lusíadas.

O soneto é uma composição de 14 versos agrupados em duas quadras e dois


tercetos. É a forma poética mais conhecida, sendo usada desde o século XVI.

Rima
A correspondência de sons a partir da vogal tónica da última palavra do verso
designa-se por rima.

Primavera / quimera ; mundo / fundo

A rima não é indispensável à poesia, mas contribui para o ritmo e expressividade


de um poema.

Também facilita a memorização do próprio poema.

Rima consoante ou perfeita

A rima apresentada é exemplo de rima consoante ou perfeita, pois há uma


identificação total de sons a partir da última vogal tónica.

Rima toante ou imperfeita

Quando essa identificação não é total, designa-se por toante ou imperfeita:

Afago / lado

Rima rica e rima pobre

Campos de Aveiro. a

Manchas verdes de arroz b,

E a vela dum barco moliceiro a

Que um pirata ali pôs. b

A rima das palavras Aveiro e moliceiro é pobre por ambas pertencerem à mesma
classe gramatical – o nome. A rima das palavras arroz e pôs é rica, pois
pertencem a diferentes classes gramaticais: a primeira é um nome, a segunda,
uma forma verbal.
Esquemas rimáticos

Para determinar o esquema rimático de uma estrofe atribui-se uma letra a cada
rima. As quadras que anteriormente serviam de exemplificação teriam o
esquema a b a b, ou seja, rimas cruzadas, por se combinarem de forma
alternada. Os outros tipos mais frequentes são: rima emparelhada (os versos
rimam dois a dois seguindo o esquema aa bb cc); rima interpolada (os versos
que rimam estão separados por dois ou mais seguindo o esquema a bbb a); rima
encadeada (a rima final de um verso encontra correspondência no meio do verso
seguinte).

Verso branco

Quando a palavra final de um verso não encontra correspondência sonora em


nenhum outro designa-se por verso branco ou solto.

Acentuação da rima

Os versos recebem a designação de versos agudos, graves ou esdrúxulos,


conforme a sua palavra final for aguda, grave ou esdrúxula.

Métrica

Sílabas métricas (metro)

O verso Campos de Aveiro tem seis sílabas gramaticais (Cam / pos / de / A / vei /
ro), mas tem quatro sílabas métricas: Cam / pos / d’A / vei, verificando-se uma
elisão rítmica das palavras d’A.

Segundo as regras de contagem de sílabas métricas – metro –, estas contam-se


pelo que efectivamente se ouve até à última sílaba acentuada.

Pôr em evidência e contar as sílabas métricas é escandir um verso.

Ao fazer a escansão podem surgir situações como a da palavra viola (vi / o / la


ou vio / la), que permite duas dimensões de acordo com as necessidades de
acerto da métrica.
Classificação quanto ao número de sílabas métricas

Os versos apresentam um número variável de sílabas, recebendo designações


em função desse número. Assim, conforme apresentam de 1 a 12 sílabas,
recebem as designações seguintes:

1 – monossílabo

2 – dissílabo

3 – trissílabo

4 – tetrassílabo

5 – pentassílabo

6 – hexassílabo

7 – heptassílabo

8 – octossílabo

9 - eneassílabo

10 – decassílabo

11 – hendecassílabo

12 – dodecassílabo

Os versos mais frequentes são de 5, 7, 10 e 12 sílabas. Alguns destes têm


designações especiais:

- verso de 5 sílabas: pentassílabo ou redondilha menor;

- verso de 7 sílabas: heptassílabo ou redondilha maior;

- verso de 12 sílabas: dodecassílabo ou alexandrino.

Recursos fónicos
Aliteração

A ocorrência repetida de um mesmo som consonântico em várias palavras pode


provocar um efeito sonoro significativo. Este recurso expressivo recebe o nome
de aliteração. A quadra do poema Insóniade Sidónio Muralha que se apresenta é
exemplificação de uma aliteração em s. Esta consoante sugere a agitação que
uma insónia provoca.

o silêncio prossegue e eu não consigo

sitiá-lo nem ele me sitia

simplesmente prossegue e eu prossigo

numa surda e severa simetria

Assonância

Recurso expressivo que consiste na repetição de um mesmo som vocálico que


provoca um efeito sonoro significativo. Uma rima também é uma assonância.
Este recurso pode ocorrer em conjunto com a aliteração.

Onomatopeia

Repetição de sons que imitam vozes ou ruídos:

Cricri, tic-tac, tlim-tlim, miau…

Há palavras que se formaram a partir de onomatopeias (palavras


onomatopaicas):

tilintar, zumbir, murmurar…

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