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Maria de Lourdes. SociologiaDasProfissoes
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SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
Outros títulos
SEGUNDA EDIÇÃO
CELTA EDITORA
OEIRAS / 2002
© 1997, 2002, Maria de Lurdes Rodrigues
ISBN: 972-774-151-7
Depósito legal: 184639/02
INTRODUÇÃO ..................................................................................... 1
1 DEFINIÇÃO DO CAMPO OU A PROCURA DE UM MODELO . 7
Do funcionalismo: as profissões como modelo ............................... 7
Do interaccionismo: as profissões como processo ........................... 15
O conceito de profissionalização ........................................................ 20
Profissões e organizações: os engenheiros ....................................... 23
Profissões e desenvolvimento económico ........................................ 29
2 CRÍTICA E REABILITAÇÃO DAS PROFISSÕES ............................ 35
A inadequação do modelo profissional ............................................ 36
A ideologia do profissionalismo ........................................................ 40
A a-historicidade do modelo ............................................................... 43
3 O PODER DAS PROFISSÕES ............................................................. 47
O paradigma do poder: Johnson, Freidson e Larson ...................... 47
Profissionalização e domínio das profissões .................................... 61
Desprofissionalização e proletarização ............................................. 69
Teses de tendência: comprovação empírica ..................................... 80
4 ABORDAGEM SISTÉMICA E COMPARATIVA .............................. 93
Abbott e a abordagem sistémica do fenómeno das profissões ..... 93
A emergência de abordagens comparativas ..................................... 106
Saber e poder: a centralidade do conhecimento científico ............ 111
O papel do Estado ................................................................................. 122
5 A SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES EM PORTUGAL ................... 129
v
ÍNDICE DE FIGURAS
vi
PREFÁCIO
vii
viii SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
João Freire
INTRODUÇÃO
1
2 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
Por razões e com objectivos diferentes, desde o final do século XIX, pen-
sadores como Spencer, Saint-Simon, Weber, Durkheim, Beatrice e Sidney
Webb reflectiram sobre o fenómeno das profissões, fornecendo importantes
contributos para o seu estudo. Os autores têm em comum o facto de atribuí-
rem às profissões um valor positivo, considerando-as formas “superiores” de
organização social, (tendo por referente as sociedades tradicionais) e, portan-
to, manifestações de desenvolvimento e modernidade.1
Contudo, só na segunda metade do século XX o fenómeno das profissões
é abordado na sociologia de forma sistemática, desenvolvendo-se um proces-
so interno de especialização científica que conduziu à constituição de um
subdomínio usualmente designado por sociologia das profissões.
Muitos autores sublinham no processo de construção deste subdomínio
variáveis extracientíficas relativas às condições sociais e políticas da sua pro-
dução, isto é, relevam o contexto socioeconómico anterior e posterior à II Gu-
erra Mundial, a cuja determinação e condicionamento a sociologia não terá
escapado, apontando como decisivas, por um lado, as alianças da sociologia
com a planificação tecnocrática e o poder e, por outro, a emergência de dife-
rentes grupos ocupacionais aspirando ao estatuto de profissão, entre os quais
os próprios sociólogos.
Como sublinha Dubar,2 a afirmação da sociologia das profissões é o re-
sultado de uma estratégia de profissionalização dos sociólogos confrontados,
por alturas da grande crise de 1929, com as questões do Governo de Hoover
sobre a evolução da sociedade, cuja compreensão o iria ajudar a definir a sua
política (1991, 136).
Fazendo-o, os sociólogos colocam-se ao serviço das agências governa-
mentais e constituem-se eles próprios em comunidade profissional e científi-
ca. A sociologia das profissões seria assim, antes de tudo, um produto de vín-
culos sociais e ideológicos, limitada por uma visão do mundo, da sociedade e
do homem, orientadora do seu desenvolvimento.3
Todavia, consideramos que para além das condições sociais e políticas
mais ou menos favoráveis, mais ou menos condicionantes da emergência e
1 Dubar (1991) afirma que o enjeu das profissões reuniu o consenso dos pais fundadores da
sociologia: as análises, reflexões e proposições dos “primeiros sociólogos” no que respei-
ta às actividades e associações profissionais inscrevem-se na continuidade da prática co-
munitária dos ofícios não por nostalgia ou conservadorismo, mas para fazer radicar as
relações dos homens com o seu trabalho numa perspectiva comunitária e tentar definir as
condições de uma organização económica e socialmente viável.
2 E antes dele outros como Jackson (1970), Heilbron (1986) e Desmarez (1986).
3 A emergência desta consciência das condicionantes sociais na produção de saberes socia-
is e na constituição da sociologia está na origem da sociologia crítica, que se constitui
como uma alternativa ao paradigma funcionalista (ver Peña Ferreira, s. d.). Este tema
será retomado e desenvolvido quando se referir o segundo período de desenvolvimento
da disciplina — “Crítica e reabilitação das profissões”.
INTRODUÇÃO 3
4 Hickson e Thomas (1969); Maurice (1972); Chapoulie (1973); Roth (1974); Saks (1983);
Freidson (1994); etc.
5 Em 1973, Chapoulie considerava como uma importante dificuldade na análise das pes-
quisas sobre as profissões o carácter pouco sistemático da maior parte dos trabalhos, que
se prestariam a múltiplas interpretações (1973: 87).
4 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
Nos quatro primeiros capítulos que constituem este livro analisaremos sepa-
radamente estes períodos da história da sociologia das profissões, apresen-
tando os principais temas e aquisições cognitivas de cada um deles.
Capítulo 1
DEFINIÇÃO DO CAMPO OU A PROCURA DE UM MODELO
1 Etzioni (1969).
2 Hickson e Thomas (1969) constroem escalas relativas a vários parâmetros susceptíveis de
serem observados em associações profissionais, a fim de medir as diferenças entre elas no
que respeita ao grau de profissionalização.
3 Dubar (1991), tal como Desmarez (1986), Heilbron (1986) e Maurice (1972: 215), considera
que existe uma linha de continuidade iniciada por Flexner (1915), passando por Carr-
-Saunders e Wilson (1934) até Parsons (1968), sem rupturas, na qual é muito evidente a
preocupação de atribuir às profissões e à sua emergência massiva uma importância estra-
tégica crescente nos processos de desenvolvimento — as profissões representam, nesta li-
nha de continuidade, a síntese da eficácia económica e da legitimidade cultural.
7
8 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
em conseguir lucros pessoais, mas, sim, em prestar serviços aos seus pacientes
ou clientes ou a valores impessoais como seja o avanço da ciência. (…) O estudo
das profissões, pela eliminação do elemento “interesse próprio” no sentido vul-
gar, parecia proporcionar uma abordagem favorável para análise da [socieda-
de moderna] (1939: 458).
Uma importante parte do processo pelo qual uma ocupação se torna uma pro-
fissão é a institucionalização gradual do papel das várias relações entre ela pró-
pria e outras partes da sociedade (1960: 903).
pela sociedade, veiculados por uma comunidade com capacidade para criar,
organizar e transmitir esses mesmos conhecimentos, e vistos pela sociedade
como uma espécie de mistério, não banalizável; e o ideal de serviço ou orientação
para a comunidade — conjunto de normas segundo as quais as soluções técni-
cas são baseadas nas necessidades dos clientes, mas não necessariamente de-
terminadas por eles; o profissional tem poder para decidir e impor soluções;
dedica-se e sacrifica-se pela actividade; crença social de que o profissional
aceita e segue essas normas; sistema de controlo/punição e recompensas es-
tabelecido pela própria comunidade profissional.
Estes elementos essenciais geram traços derivados, reconhecidos pelo
senso comum nas profissões estabelecidas, como sejam os elevados níveis de
rendimento, prestígio, monopólio, autonomia e licenças de controlo, resul-
tantes de um processo de negociação com a sociedade no qual as profissões
podem fazer crer que possuem suficiente conhecimento e ideal de serviço e
obter, como contrapartida, autonomia, prestígio, etc.
Goode introduz ainda a noção de grau ou continuum. Uma vez que as
ocupações que aspiram ao estatuto de profissão não alcançam plenitude na
maioria das subdimensões que compõem os traços essenciais das verdadei-
ras profissões, considera que esta é uma questão de grau segundo o qual
aquelas podem ser classificadas num continuum que vai do pólo “não profis-
são” ao pólo “profissão”. A respeito de quanto uma dada ocupação pode ser
considerada no pólo profissional, a resposta não é rigorosa.
7 Cogan (1955); Greenwood (1957); Kornhauser (1963); Millerson (1964); Wilensky (1964);
Moore (1970); etc.
8 Segundo o autor, mais do que o consenso, tem particular importância a extensão das dife-
rentes definições de profissão, que permitiu, nuns casos, abranger um largo conjunto de
grupos ocupacionais à procura de reconhecimento; e, noutros, tornar o conceito restriti-
vo e reservado a algumas categorias de intelectuais com a frequência de estudos superio-
res e organizados de forma a manter e consolidar o monopólio de actividades.
9 Dubar (1991).
14 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
novos conceitos com o objectivo de tornar mais claras algumas zonas nebulo-
sas do modelo funcionalista, não pondo em causa nenhum dos três principais
pressupostos definidos. Assim, põe em evidência a distinção entre funções la-
tentes (reprodução do grupo) e manifestas (realização de um ideal de serviço)
das organizações profissionais e das suas políticas de formação, bem como os
processos pelos quais uma profissão se transforma em organização fechada,
provocando um efeito perverso de segregação social e de burocratização das
carreiras. Por outro lado, explicará o funcionamento das profissões, isto é, a
relação profissional/cliente, a partir do conceito de altruísmo institucionaliza-
do — forma especial de altruísmo, na qual disposições estruturais, nomeada-
mente a distribuição de penalizações e recompensas, potencia comportamen-
tos benéficos para os outros.
Considera que as profissões estão enraizadas numa tríade de valores hu-
manos: saber, fazer, ajudar, sendo caracterizadas por um conjunto complexo de
valores e normas expressos sob a forma de prescrições, proscrições, preferências
e permissões, legitimadas pela institucionalização desses mesmos valores. O va-
lor ajudar, especificado na norma do altruísmo, é parte do ethos das profissões e
expressa-se num paradoxo aparente — os profissionais devem fazer mais do que
o que é expressamente requerido. No entanto, Merton considera, e é aqui que se
distancia dos restantes funcionalistas, que o carácter normativo associado a este
valor, ou seja, a norma do altruísmo, não requer que os profissionais sintam o al-
truísmo, mas apenas que ajam altruisticamente.
Eu passei da falsa questão “é esta ocupação uma profissão?” para uma mais funda-
mental, “quais as circunstâncias pelas quais as pessoas que têm uma ocupação tentam tor-
ná-la numa profissão, e a si próprias em profissionais?” e “quais os passos pelos
quais tentam criar uma identificação com os seus modelos de valores?” (1958: 45).
Afinal as pessoas foram treinadas para quê? (…) Num considerável número de
profissões, as técnicas básicas e as aptidões intelectuais estão a transformar-se
em qualquer coisa que se aprende como condição para poder continuar a ascen-
são. O engenheiro que aos quarenta sabe ainda usar régua de cálculo e tábua de
logaritmos, e fazer um verdadeiro desenho é um falhado. (…) As escolas supe-
riores são meras instituições onde as pessoas se adestram para deixar de ser [en-
genheiros] e se tornarem administradores, da mesma maneira que os departa-
mentos servem apenas para movimentar as pessoas de áreas restritas para a
grande área da administração escolar. Se o caminho para a promoção numa pro-
fissão é em direcção à administração, qual deverá ser a formação? (1958: 137).
Pode ser que o caminho para perceber o que as profissões significam na nossa
sociedade seja observar a forma como as ocupações no percurso para se torna-
rem “profissões” tentam transformar-se a si próprias ou à sua imagem, ou am-
bas (1971: 377).
12 Chapoulie (1973) considera que é a partir de 1958, com a publicação dos ensaios de Hug-
hes, que se assume explicitamente o antagonismo entre as duas perspectivas. Depois dis-
so, a história da disciplina está cheia de exemplos de autores e pesquisas que procuraram
sínteses de ambas as abordagens.
13 Nomeadamente, Desmarez (1986).
DEFINIÇÃO DO CAMPO OU A PROCURA DE UM MODELO 19
Subsidiária Independente
medicina / direito
Status contabilidade
(historicamente)
Bases
da segmentação
medicina
Emprego engenharia
(recentemente)
14 Esta perspectiva será retomada por muitos outros autores: Klegon (1978), que definirá os
conflitos entre segmentos como a dinâmica interna do processo de profissionalização;
Freidson (1971) e Hall (1975) insistem sobre as diferenciações internas dos médicos, assi-
nalando os ajustamentos à procura dos clientes e as decorrentes diferenciações segundo
as classes sociais; Solomon (1968) mostra as correlações existentes entre as pertenças étni-
cas e sociais dos médicos e a sua posição na estrutura hierárquica e funcional dos hospi-
tais; enquanto Lortie (1969) mostra a correlação entre a classe social dos juristas e da sua
clientela e a posição na divisão do trabalho jurídico. Nesta linha de pesquisas, apresenta-
remos ainda, mais adiante, Begun (1986) e Abbott (1988).
20 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
O conceito de profissionalização
15 Wilensky, quase sempre “arrumado” entre os funcionalistas, foi aluno de Hughes e, apesar
de mais tarde, de facto, ter adoptado elementos da perspectiva funcionalista, mantém-se, to-
davia, crítico de alguns dos seus pressupostos, como é evidente neste seu texto.
16 Também para Wilensky a natureza e estrutura do conhecimento desempenham um papel
central, constituindo a principal barreira a ultrapassar no processo de profissionalização:
“Se a base técnica de uma ocupação consiste num vocabulário que nos parece familiar, ou
se a base é científica mas tão limitada que pode ser aprendida pela maioria das pessoas
como um conjunto de regras, então a ocupação terá dificuldade em reclamar-se do mono-
pólio pela especialização ou mesmo de uma relativa jurisdição exclusiva. Resumindo,
tem de haver uma base óptima para a prática profissional — nem muito vaga nem muito
precisa, nem muito alargada nem muito limitada“ (1964: 492-493).
DEFINIÇÃO DO CAMPO OU A PROCURA DE UM MODELO 21
Ao nível das ocupações isoladas, o conceito era utilizado para referir o au-
mento do número de grupos ocupacionais, mais ou menos organizados, que
adquirem características estruturais ou organizacionais semelhantes às das
profissões já estabelecidas, como, por exemplo, uma associação profissional
(Millerson, 1964).
Situados ainda a este nível, os interaccionistas atribuem um sentido
algo diferente, desde logo realçando uma dimensão dinâmica, mais cons-
truída do que natural do fenómeno, utilizando a designação “processo de
profissionalização” para referir o meio pelo qual uma ocupação procura e
adquire um número significativo de atributos do modelo profissional,
como, por exemplo, formações mais prolongadas (Bucher e Strauss, 1961;
Hughes, 1958).
Ao nível da estrutura ocupacional, o conceito podia referir as importan-
tes mudanças na estrutura ocupacional decorrentes do aumento do número
de indivíduos classificados como profissionais e do aumento do número de
novas profissões (Moore, 1970; Goode, 1960).
Wilensky critica a extensão abusiva da noção de profissionalização,17 de-
nunciando a existência de uma cultura penetrada mais pela ideia de profissiona-
lismo do que pela sua substância, servindo ou sendo utilizada por muitas ocupa-
ções que aspiram ao estatuto de profissão. Ensaia então uma definição do concei-
to de profissionalização, largamente tributária da perspectiva interaccionista,
atribuindo-lhe um novo sentido: sequência de eventos ou etapas seguidas pelos
grupos ocupacionais até ao estádio do profissionalismo.
A sua definição resulta da análise dos processos de evolução, das eta-
pas por que passaram dezoito ocupações que conseguiram adquirir o esta-
tuto de profissão, tendo o autor verificado a existência regular de uma se-
quência de etapas:
19 As respostas directas a este repto lançado por Etzioni, sob a forma de artigos, foram reu-
nidas no livro The Semi-Professions and Their Organization (1969), que constitui uma refe-
rência fundamental no estudo deste tema, tendo continuado a alimentar os debates em
torno desta questão durante muito tempo.
20 Adaptando os conceitos “local” e “cosmopolita” utilizados por Merton num estudo so-
bre comunidades: Social Theory and Social Structure.
DEFINIÇÃO DO CAMPO OU A PROCURA DE UM MODELO 25
para determinar como as funções devem ser realizadas e que cada profissio-
nal deve ser livre para exercer o seu julgamento em cada caso específico), dedi-
cação (baseada na crença de que o desenvolvimento e exercício de expertise é
digno de devoção de uma vida e carreira, sendo isso a própria recompensa) e
responsabilidade (baseada na crença de que o poder conferido pela expertise
cria uma relação fiduciária com a sociedade).
Identifica os interesses dos clientes e os das organizações como as
duas maiores resistências aos valores profissionais. O choque entre profis-
sionais e organizações, resultante da pressão que as organizações exercem
sobre o trabalho profissional, respeita não só aos objectivos, mas também
aos seguintes domínios:
O autor apresenta uma série de medidas que podem ou têm sido tomadas nas
organizações, as quais considera reveladoras de uma tendência para a adap-
tação da organização aos requisitos do modelo profissional e dos profissio-
nais aos requisitos das organizações.
Na mesma linha, Barber (1965) argumenta em favor da existência de
conflito entre profissões e organizações e inventaria uma série de mecanis-
mos criados no interior das organizações com vista à redução do conflito:
Não considera que seja a experiência nas organizações que subverte os valores
profissionais dos engenheiros, por pressão ou aliciamento (como sugerem, por
exemplo, Shepherd, 1961; ou McKelvey, 1969). Argumenta que as diferentes
orientações dos engenheiros, mais localistas — altas aspirações no que respeita
às possibilidades de influência na organização —, são adquiridas nas universi-
dades; desde o início da sua formação que eles aspiram a carreiras de gestão,
não podendo, portanto, ser considerados como profissionais.
Também Becker e Carper (1966), num estudo acerca das orientações
profissionais de três grupos de estudantes, no qual aplicam metodologias e
operacionalizam diferentes conceitos numa perspectiva paradigmaticamen-
te interaccionista, encontram diferenças entre os estudantes de engenharia e
os de psicologia ou filosofia. Os engenheiros sentem que o seu futuro profis-
sional é algures no sistema industrial. Para a maior parte deles, os lugares nas
organizações são aceitáveis, incluindo posições não profissionais, como a
gestão ou a supervisão.
Partindo deste diferente pressuposto, segundo o qual os engenheiros
quando entram nas organizações são já portadores de valores e motivações
“não profissionais”, Ritti e Goldner (1970) criticam o próprio conceito de pro-
fissionalismo para compreender as grandes e complexas organizações e ana-
lisam a inadequação de medidas compensatórias21 usadas na gestão do con-
flito, ou para a integração dos profissionais em organizações, nomeadamente
a institucionalização da carreira técnica, paralela à carreira administrativa ou
hierárquica. A carreira técnica, paralela ou alternativa à carreira administrati-
va, surge nas organizações como uma das novas formas organizacionais e re-
lacionais de enfrentar o “problema” dos profissionais nas organizações eco-
nómicas. Assim, paralelamente à carreira hierárquica constituída por uma es-
cala de posições que confere autoridade sobre um número cada vez maior de
empregados à medida que se sobe, a carreira técnica é constituída por títulos
associados a maiores salários e mais elevado estatuto e, por vezes, grande au-
tonomia e responsabilidade.
Para Ritti e Goldner (1970), estas medidas baseiam-se em alguns pressu-
postos que suportam a ideologia do profissionalismo, segundo os quais a mo-
bilidade e o poder hierárquico não têm importância, quando comparados
com a autonomia, e que o sucesso para os profissionais é independente da sua
Dominante Dominado
(b)
(a)
condutas universalistas
Fraca pressão condutas universalistas
e estratégia
do meio e estratégia de integração
Situação de não integração
e controlo centralizado
da organização e distanciação
relativamente
ao seu ambiente (d)
operativo (c)
condutas particularistas
Forte pressão condutas particularistas
e estratégia
do meio e estratégia de integração
de não integração
e controlo centralizado
e distanciação
Para além disso, a própria carreira técnica, paralela à hierárquica, tal como
está organizada, só parcialmente cumpre alguns dos requisitos do modelo
profissional, como a autonomia no exercício da actividade, carreira no domí-
nio de especialidade, influência e responsabilidade, não sendo estas, portan-
to, de forma alguma equivalentes. São muito diferentes não só a autonomia,
como as posições de status, as remunerações e o poder, uma vez que não é atri-
buído na carreira técnica o poder de gerir recursos, de prosseguir objectivos
alternativos, sem dúvida importantes nas performances profissionais.
Em resumo, para os autores, a carreira técnica é um instrumento para
impor o profissionalismo como modelo de sucesso dentro da organização,
com o objectivo de manter a dedicação dos especialistas; uma vez que o mo-
delo organizativo de sucesso se define pelo movimento no sentido de posi-
ções na estrutura hierárquica, os profissionais que não acedem a estas posi-
ções podem eventualmente ser considerados mal sucedidos do ponto de vis-
ta da organização. Ser identificado como profissional na carreira técnica é um
DEFINIÇÃO DO CAMPO OU A PROCURA DE UM MODELO 29
24 Sob influência do próprio discurso dos engenheiros, desde o princípio do século que
vários autores os viram como predestinados ao desenvolvimento de importantes papéis
sociais. Por exemplo, Veblen (1921) vê-os como uma elite capaz de resolver problemas
sociais através da aplicação das tecnologias, capaz de constituir o soviete dos técnicos
que libertaria a indústria americana do controlo dos interesses financeiros. Por outro
lado, o taylorismo nascente atribuía aos engenheiros o papel de mediador entre trabalha-
dores e empresários ou gestores através da aplicação da “organização científica do traba-
lho”. De facto, como mostra Calvert (1967) para o caso americano, já no século XIX a ideo-
logia presente nos discursos dos engenheiros revela uma auto-imagem de grupo que,
pela sua racionalidade, objectividade e disciplina, poderia ser aplicada com sucesso à re-
solução dos problemas sociais, nomeadamente à gestão e administração.
DEFINIÇÃO DO CAMPO OU A PROCURA DE UM MODELO 31
1 Ver S. Kuznets e M. Friedman (1945), Income from Independent Practice. Mais tarde, Begun
(1986), num texto em que sintetiza as principais abordagens económicas e sociológicas
do fenómeno das profissões, refere que, apesar disso, os economistas também identifica-
ram particulares condições de mercado, justificando funcionalmente o profissionalismo.
35
36 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
Chapoulie (1973), num exame crítico das teorias que procuravam apreender
de maneira geral os grupos profissionais, identifica uma importante dificul-
dade resultante do emprego de vocabulário e de interferências entre a termi-
nologia sociológica e a vida quotidiana, também ela muitas vezes imprecisa
apesar de relacionada com a terminologia jurídica ou administrativa.
Em algumas pesquisas o termo profissão designa uma categoria estatística
utilizada nos recenseamentos da população activa — e se na tradição europeia o
termo profissão pode ser equivalente a ofício e pode designar qualquer ocupa-
ção, na tradição inglesa professional é aplicado apenas a trabalhadores que possu-
em um nível elevado de qualificação, o que na prática significa apenas a diplo-
mados do ensino superior. Mas nas pesquisas desenvolvidas no quadro das teo-
rias funcionalistas das profissões, o termo profissão designa um conceito — um
tipo-ideal das profissões — construído e justificado pela existência real de asso-
ciações profissionais, desempenhando um papel sobre a esfera política, com
uma ideologia específica e regras de conduta codificadas.
Na abordagem interaccionista, as profissões são encaradas como objectos
da prática quotidiana, produto da vida social, não podendo, portanto, ser con-
fundidas com um conceito construído segundo as regras do raciocínio científico.
Nesta linha, Dingwall (1976), por exemplo, não reconhece aos sociólogos legiti-
midade para fixar uma definição de profissão e defende que estas devem ser
abordadas a partir das representações que os membros de dadas ocupações,
nomeadamente as que reivindicam a designação, fazem do conceito de profis-
são. Propõe assim a sua conceptualização através de uma abordagem etnometo-
dológica centrada nas representações que os membros de determinado grupo
ocupacional têm de si enquanto profissão, que interpretação fazem do seu traba-
lho e do trabalho desenvolvido por “outros”.
CRÍTICA E REABILITAÇÃO DAS PROFISSÕES 37
— conhecimento teórico/prático/técnico/complexo/esotérico;
— interesse/desinteresse;
— autonomia/dependência.
Resumindo, haverá uma óptima base para a prática profissional — nem dema-
siado vaga nem demasiado precisa, nem alargada de mais nem limitada de
mais. (…) A base óptima de conhecimento ou doutrina para uma profissão é a
combinação do saber intelectual com o saber prático, quer explícito quer implí-
cito. Os aspectos teóricos do conhecimento profissional e os elementos tácitos,
do saber intelectual e prático, conjugam-se para tornar necessária uma longa
formação e persuadir o público dos mistérios da arte (1964: 493).
2 Se, como vimos no modelo funcionalista, a extensão das listas de traços definidores não
reunia o consenso dos autores, dificultando a definição do conceito, na abordagem inte-
raccionista a recusa de uma definição e a redução das profissões ao conjunto das ocupa-
ções retira ao conceito qualquer especificidade e valor heurístico.
38 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
3 Ver, por exemplo, Hickson e Thomas (1969), que, para efeitos de construção de um coefi-
ciente de profissionalismo das associações profissionais, consideram o número de anos
de formação; ou Pym (1969), em cuja investigação a duração da formação dos engenhei-
ros se revela uma importante variável no tipo de experiência e realização profissional.
CRÍTICA E REABILITAÇÃO DAS PROFISSÕES 39
A ideologia do profissionalismo
Há, sem dúvida, dentro destas profissões as que exigem conhecimentos muito
complexos, mas, em numerosos casos também, o saber requerido para certas
42 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
Todos estes elementos, que a sociologia das profissões apresenta como os crité-
rios que definem a profissão, tornam-se — por vezes sem que os agentes envol-
vidos estejam disso conscientes — num meio de defesa, de exclusividade e de
autoperpetuação. Tornam-se o apoio de todo um sistema de crenças que pode
ser chamado de ideologia profissional. E nesta ideologia, a mais estratégica e a
mais útil linha divisória a desenhar não é tanto a que separa o especialista do lei-
go — embora esta também desempenhe o seu papel na ideologia profissional
por causa do elemento esotérico, de exclusividade e subordinação —, mas a que
tem por objectivo distinguir entre os que fundamentam a sua autoridade no
reconhecimento, embora controverso, de uma expertise, e os que detêm as
potencialidades da inovação e da racionalização (1970: 116-117).
posição social —, funciona como uma ideologia passível de ser utilizada não
apenas por grupos profissionais à procura de um espaço de referência sob o
modelo profissional.
Roth (1974) é talvez o autor que faz a mais dura crítica aos sociólogos
das profissões e ao seu papel na defesa da ideologia do profissionalismo.
O problema com a abordagem centrada nos atributos é que esta não foca o pro-
cesso mas o seu produto, focagem essa contaminada pela ideologia e interesses
dos grupos profissionais em vez de ser uma avaliação independente do seu de-
sempenho. (…) Os sociólogos que se centram na definição de listas de atributos
não estudam o processo de profissionalização, mas participam nele. Tornam-se
nos procuradores das profissões estabelecidas (…) e em árbitros das suas dispu-
tas [pelo prestígio] em vez de observar e interpretar os comportamentos envol-
vidos nesse processo (1974: 17).
A a-historicidade do modelo
Nesta perspectiva, o jogo da organização e o jogo do discurso são analisados como dois
registos independentes dum trabalho social de construção e estabilização das inte-
racções que ajudam uma ocupação a conquistar e manter um estatuto (1988: 12).
47
48 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
Divisão do trabalho
(especialização)
Profissional Cliente
(produção) (consumo)
Incerteza
Tensão
Exploração
Expertise
PODER PROFISSIONAL
Autonomia Credencialismo
Com a contribuição de Johnson pode dizer-se que se inicia uma nova fase
marcada pela preocupação de alargamento do campo de observação,3 isto é,
passar da visão internalista das profissões para o estudo em simultâneo das
interacções estabelecidas com o exterior, a estrutura de classes da sociedade
envolvente e, sobretudo, o Estado.
Mas é com o contributo de Freidson (1994),4 desenvolvido ao longo de
décadas, que se consolida o paradigma do poder.
3 Jackson (1970) é quem permite este passo a Johnson quando num trabalho anterior intro-
duz uma nova questão: “…What are the means by which an occupational status becomes reified
and expanded into wider social significance?” (Que consequências advêm do facto de um sta-
tus ocupacional ganhar significado social?).
4 Embora os textos de Freidson aqui referenciados apresentem a data de 1994, os seus
trabalhos vêm a ser publicados desde 1970 e a referência é relativa a um livro no qual se
reúnem as suas principais publicações anteriores.
O PODER DAS PROFISSÕES 51
5 O conceito de gatekeeping não tem uma tradução linear em português, podendo significar
protecção/fechamento/controlo de entrada no mercado de trabalho. Neste trabalho
tomou-se a opção de manter este termo, tal como o de expertise e outros, na lingua original
por considerarmos ser assim mais inteligível.
52 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
6 Freidson tem do fenómeno das profissões uma visão humanista, apesar do seu olhar crí-
tico; faz dele uma apologia que radica no facto de o considerar por oposição a outros po-
deres e controlos, nomeadamente o administrativo, que, sendo heterónomo, é avaliado
negativamente pelo autor.
O PODER DAS PROFISSÕES 53
7 É por esta razão que o autor considera que caracterizar as profissões como dominantes,
hegemónicas, proletarizadas, corporatizadas, burocratizadas, racionalizadas, desprofis-
sionalizadas, etc., e discutir desta forma genérica o sentido da sua evolução, é entrar num
54 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
debate estéril. É no mínimo necessário indicar a que segmento da profissão, qual o nível
de análise e a que área de actividade se referem as tendências apontadas.
8 O autor considera que se pode ser induzido em erro e levado à elaboração de teses impro-
váveis ao identificar as profissões a partir das suas definições oficiais, que constituem
meras classificações da força de trabalho, assentes em características como o número de
anos de escolaridade formal e/ou a posse de um conjunto de conhecimentos (abstractos e
teóricos) e saberes práticos (exercício de decisões complexo). A principal deficiência de
tais critérios é justamente usar o termo profissão para uma tão grande variedade de ocu-
pações, tornando-o analiticamente difuso.
O PODER DAS PROFISSÕES 55
Freidson (1994), apesar de reconhecer que Larson foi talvez quem deu o melhor
contributo para a compreensão dos monopólios profissionais exercidos sobre o
mercado de trabalho, critica globalmente as suas teses. Considera que o facto
de Larson usar a designação de monopólio/fechamento de mercado, e não,
por exemplo, mercado protegido, é revelador das influências extremadas da
O PODER DAS PROFISSÕES 57
Relacionais/ Culturais/
Recursos Políticos /organizacionais Cognitivos /ideológicos
11 Veja-se Brint (1992) que, num estimulante artigo, inventaria, para além dos recursos
essenciais, outros factores de poder e consequente valor económico das profissões no
mercado de trabalho; tais factores, como a possibilidade de exercício da actividade pro-
fissional de forma independente, a contribuição para a produção e eficácia das organiza-
ções, o desenvolvimento de actividade no sector público ou privado, como as diferencia-
ções internas e a composição dos grupos profissionais por sexo e idade, tais factores
explicariam diferenças de posição na hierarquia social entre várias profissões e entre seg-
mentos de uma mesma profissão.
O PODER DAS PROFISSÕES 59
Esta nova classe tem em comum não apenas o capital cultural, isto é,
as elevadas qualificações e formação superior, como é assinalado pela
maior parte dos autores, mas uma específica forma de relação de trabalho
assente na confiança, na delegação de autoridade e assunção de respon-
sabilidades.
Mas, cada vez mais pela investigação científica e técnica, pela formação e pelo
aperfeiçoamento profissionais, pela mobilidade das informações e dos factores
de produção, pelas capacidades de acção prospectiva (1970: 180-181).
O autor considera que alguns destes componentes têm evidente suporte em-
pírico: na passagem da população activa da agricultura e indústria para os
serviços; no aumento das profissões científicas e técnicas, cujo desempenho
requer uma educação universitária; e ainda na alteração da relação entre ciên-
cia e tecnologia que actualmente domina a indústria moderna.
64 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
E defende que o aumento ou diminuição das profissões apenas pode ser apre-
endido pelo aumento ou diminuição da difusão do princípio ocupacional de
organização do trabalho, isto é, pelo aumento ou diminuição de membros de
grupos ocupacionais com capacidade e com autonomia para organizarem o
seu trabalho.
Freidson (1994) salienta assim os efeitos da expansão do conhecimento e
do crescimento do número de profissionais capazes de aplicarem competên-
cias especiais e conhecimentos na resolução de mais problemas. Observa nas
sociedades mais desenvolvidas a crescente proporção de trabalhadores pro-
dutivos com elevados níveis de formação científica (knowledge-based workers)
e saberes abstractos, adquiridos através de longos períodos de formação em
instituições especializadas; a educação superior vocacional que proporciona
não apenas conhecimentos, mas constrói também identidades ocupacionais,
das quais resultam solidariedades ocupacionais entre os membros de uma
mesma competência especializada.
Estes trabalhadores desenvolvem um tipo de trabalho que responde a
necessidades organizacionais e têm capacidade de resistência à simplifica-
ção, fragmentação, mecanização ou outros modos de racionalização adminis-
trativa. Esta capacidade de resistir às pressões administrativas é reforçada
pelo grau de domínio monopolístico do mercado de trabalho da ocupação,
conseguido através do controlo sobre o recrutamento, a formação e o licencia-
mento dos membros. O seu poder estende-se à definição das tarefas, à deter-
minação das condições de qualificação para as realizar, bem como ao controlo
e avaliação das actividades.
Definindo as profissões de acordo com este princípio do poder e mono-
pólio ocupacional, analisar o futuro das profissões ou o sentido da sua evolu-
ção passa por identificar as variáveis que em cada caso podem afectar o grau
de controlo da ocupação sobre o seu próprio trabalho, e estas são: o grau de
especialização dentro da profissão e o aumento da complexidade na divisão do
trabalho.
De resto, Freidson considera que é difícil prever quantas mais ocupa-
ções adquirirão o estatuto de profissões.
A importância de tal bem para o profissional é que lhe dá tudo o que os ren-
dimentos da produção proporcionam aos seus possuidores: independência,
segurança, o direito a criticar sem medo das consequências e, portanto, uma posi-
ção segura a partir da qual pode defender o seu lugar na sociedade ou, se o quiser,
uma posição de influência a partir da qual pode mudar a sociedade ou uma parte
dela que lhe diga respeito. Sobretudo, dá-lhe segurança psicológica e autoconfi-
ança para incutir nas outras classes o seu ideal social, a sua visão da sociedade e
da forma como esta deveria ser organizada. O triunfo gradual do ideal profissio-
nal nos últimos cem anos (…), cimentou o caminho para a hegemonia do capital
humano e a emergência da sociedade profissional (1989: 8).
13 Sublinha-se a proximidade das teses de Veblen, que defendia também que os engenhei-
ros se revoltariam e tomariam o comando da vida económica não apenas pela sua capaci-
dade, mas também pela sua formação.
O PODER DAS PROFISSÕES 69
Desprofissionalização e proletarização
15 Derber designa as organizações de profissionais por logofirmas, nas quais aqueles se reú-
nem; estas transformam a hierarquia capitalista tradicional, mas não criam uma demo-
cracia organizacional, porque os não profissionais não têm o poder na logofirma, tal
como não têm nas outras organizações. Nelas substitui-se a direcção capitalista por uma
direcção de profissionais.
16 O autor considera que um profissionalismo mais ambicioso e consciente da sua posição
de classe poderia ter procurado mais explicitamente a afirmação de uma nova ordem na
qual o conhecimento, mais do que o capital, possuiria o controlo económico.
76 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
18 A este propósito veja-se Gouldner (1979), cujo trabalho de investigação analisa justamen-
te o confronto de paradigmas no interior das profissões, bem como os processos de inte-
gração das inovações por parte das elites.
78 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
Por outro lado, o estatuto formal de auto-emprego não pode ser toma-
do, por si só, como um indicador da capacidade de as profissões dominarem
os termos, as condições e os objectivos do seu trabalho. O facto de se ser assa-
lariado ou independente não é uma medida do poder profissional, nem do
controlo sobre o próprio trabalho.
A estrutura do mercado e a organização das empresas varia na forma
de determinar o conteúdo, as condições e os objectivos do trabalho dos
profissionais.
Mais do que o poder das profissões, o que de facto pode ser afectado é o seu
lugar no mercado, a sua relação com este e a importância ou centralidade dos
produtos ou serviços produzidos pelos profissionais, afectados não só pelos
recursos disponíveis na economia em geral, mas também por decisões econó-
micas do Estado ou da economia privada. Todavia, Freidson considera que,
mesmo neste domínio, são muitos os casos em que as profissões têm elas pró-
prias capacidade de influência nas decisões de investimento.
de trabalho; referem ainda, como indicador dos estreitos limites do saber pro-
fissional, a cristalização do conhecimento em manuais e em “bíblias” existen-
tes nas grandes organizações, em todas as áreas, que especificam com grande
precisão como devem ser formulados e resolvidos os problemas e conside-
ram que o crescimento do sindicalismo entre os profissionais é também um
indicador importante. Na linha de Larson, tanto Bauer e Cohen como Lasser-
re22 concluem que, nas grandes organizações, resta aos engenheiros apenas
uma ilusão de saber e de poder.
Mas no que respeita à questão do poder profissional dos engenheiros,
cuja actividade é predominantemente desenvolvida em organizações em
situação de assalariamento, o que, como vimos, inspirou algumas das teses
de tendência, os mais recentes estudos empíricos foram desenvolvidos por
Derber e Schwartz (1988; 1990; 1992), Meiksins (1982), Watson e Meiksins
(1989, 1991) e Smith (1987), mas também Crawford (1984; 1987; 1989), Whal-
ley (1984), Zussman (1984),23 Duprez (1993a) e Duprez et al. (1991) e, apesar,
das diferenças de abordagem, estes observadores são unânimes em criticar a
linearidade e inadequação dos conceitos das teses de tendência, consideran-
do que, seja por razões decorrentes da persistência de zonas de indetermina-
ção na actividade profissional, ou decorrentes da necessidade de as empresas
terem trabalhadores de confiança, ou ainda, da sua dependência do conheci-
mento esotérico detido pelos profissionais, os engenheiros mantêm nas orga-
nizações largas margens de poder e autonomia que lhes permitem algum
protagonismo.
21 Não se dá neste trabalho grande relevo à comprovação das teses da formação da “tecno-
estrutura”, da emergência de uma “classe profissional” ou de uma “nova classe trabalha-
dora” pelo facto de as mesmas, embora constituindo uma referência permanente, se
terem mantido, no geral, mais ao nível da especulação teórica e política do que como
objecto de investigação sociológica. A questão da “nova classe trabalhadora” ficou prati-
camente restringida à Europa, mais exactamente à França, tendo sido alimentada por
alguns estudos sobre os quadros (cadres), categoria social da qual os engenheiros são o
principal esteio: “Os engenheiros constituirão o núcleo duro à volta do qual os outros
[quadros] se vão agregar e construir a sua identidade” (Boltanski, 1982: 6). E, apesar da
sempre assinalada heterogeneidade do grupo, Bachy (1971) detecta entre eles a tomada
de consciência de comunidade de interesses mais global entre o conjunto de assalariados
e de simples produtores de que fazem parte; tal como Groux (1983; 1988), que considera o
aumento do sindicalismo, bem como as práticas sociais dos sindicatos de quadros, um
indicador dessa mesma tendência. Pelo contrário, Benguigui e Monjardet (1968; 1970;
1973) relevam justamente as tendências para a profissionalização deste grupo social.
Mas o mais completo trabalho é realizado por Boltanski (1982), que mostra como, em que
condições sociais, políticas e económicas, os quadros se transformaram em grupo social
(1982: 476-489), constituindo eventualmente uma “terceira força”, cujo potencial é sobre-
tudo conservador/integrador.
22 Lasserre (1984) considera que este processo de erosão do poder profissional dos engenheiros
conduziu alguns deles, em sectores de actividade de ponta, a uma integração crescente no
universo social e ideológico dos assalariados e ao desenvolvimento de atitudes e comporta-
mentos de oposição em relação às organizações e ao poder administrativo.
82 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
Em primeiro lugar, uma vez que a principal função dos engenheiros é servir como
força de trabalho credível, é improvável que os empregadores os desqualifiquem
ou retirem competências por questões de controlo, pelo menos enquanto a
84 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
Crawford (1984), tal como Meiksins, descreve, para o caso dos engenheiros
em França, as condições de aceitação da autoridade organizacional.
24 Já Gouldner e Ritti (1970), como vimos atrás, defendiam, com base em trabalhos de inves-
tigação empírica, que, pelo contrário, a ética do profissionalismo nas organizações fun-
ciona como uma ideologia integradora, que compensa os quadros do facto de terem na
organização uma carreira bloqueada, isto é, em funções técnicas e fora da linha hierárqui-
ca de decisão. Autores do domínio das organizações, como vimos também, relevam o fac-
to de as organizações em que trabalham os profissionais variarem quanto à sua natureza,
tipo e grau de burocratização, não sendo possível fazer generalizações.
O PODER DAS PROFISSÕES 87
Área
5) grau de
“consciencialização
dos direitos
de cliente” criada
por situações de
emprego profissional
em organizações
burocráticas;
6) nível de instrução e
educação do cliente.
26 Debate que não vamos aqui apresentar nem desenvolver. Refira-se apenas que enquanto
Marcuse, em A ideologia da Sociedade Industrial. O Homem Unidimensional (1982), critica a
racionalidade científica, apontando a impossibilidade de esta se constituir como liberta-
dora, e defende a necessidade de uma nova ciência e de uma nova técnica, Habermas
(1987) considera que a ciência e a técnica nas sociedades contemporâneas obedecem a
uma lógica que corresponde à estrutura da acção racional teológica, colocando-se os proble-
mas apenas ao nível das suas utilizações políticas; Lyotard (s. d.) nega a possibilidade do
conhecimento científico, isto é de conhecimento objectivo, nas sociedades
pós-modernas, dada a sua natureza de metadiscurso, em face da emergência de discur-
sos plurais e subjectivos.
Capítulo 4
ABORDAGEM SISTÉMICA E COMPARATIVA
93
94 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
analisa o conflito entre vários grupos profissionais tão diferentes como bibliotecários e
programadores informáticos para a definição de uma área de jurisdição sobre “informa-
ção”; o segundo apresenta um estudo comparativo sobre advogados nos EUA e em Ingla-
terra; o último caso analisa a evolução da jurisdição que designa por “problemas pessoa-
is”, dando especial atenção ao declínio do clero e à emergência da psiquiatria.
5 Para além de apontar dificuldades de comprovação empírica, o autor considera que na
base dos conceitos de profissão e de profissionalização estão cinco proposições discutíve-
is: (i) mudança unidireccional; (ii) a evolução das profissões não é explicitamente depen-
dente da evolução de outras profissões, cada uma é estudada isoladamente; (iii) a estru-
tura social e as pretensões culturais têm mais importância do que o trabalho desenvolvi-
do; (iv) as profissões são unidades homogéneas, cujas diferenças internas são considera-
das como reflexos contingenciais do projecto de profissionalização; (v) a profissionaliza-
ção como um processo que não muda com o tempo. Assim, o autor propõe uma teoria
alternativa, começando por transferir o focus das estruturas organizacionais das profis-
sões para grupos com trabalho comum — focus no trabalho e não na estrutura dos grupos
profissionais. O fenómeno central da vida profissional é a ligação entre a profissão e o seu
trabalho, ligação que o autor designa por jurisdição. Analisar o desenvolvimento profis-
sional é analisar como esta ligação é criada no trabalho, como é ancorada em estruturas
sociais formais e informais, e como o jogo das ligações jurisdicionais entre profissões de-
termina a história das próprias profissões.
ABORDAGEM SISTÉMICA E COMPARATIVA 95
6 DiMaggio (1989) critica Abbott, considerando que esta transposição do modelo de activi-
dade médica (diagnóstico, inferência e tratamento) não é completamente adequada para
a análise da actividade, por exemplo, de professores, músicos ou bibliotecários.
ABORDAGEM SISTÉMICA E COMPARATIVA 97
7 O equilíbrio necessário e suficiente varia de área para área — o médio óptimo, na escala de
abstracção, foi conseguido por advogados e médicos, profissões dominantes com níveis de
abstracção diferentes, mas, de acordo com a cultura pública em cada uma das áreas, “forças
opostas empurram então o nível de abstracção do conhecimento profissional para um equilí-
brio entre a extrema abstracção e a extrema concretização. Uma vez que o aumento da forma-
lização tem geralmente efeitos benéficos, a principal forma de abstracção envolvida neste
equilíbrio é a liberdade do conteúdo. O nível de equilíbrio do conteúdo varia consoante as
áreas gerais das tarefas envolvidas. Nas áreas das tarefas principais — doença, conflitos,
finanças e coisas parecidas —, ideias públicas sobre legitimidade serão combinadas com per-
cepções de eficácia para criar um nível óptimo de abstracção, que se situa entre o extrema-
mente geral e o extremamente concreto. Dado que a legitimidade em diferentes áreas se pode
referir a diferentes valores — racionalidade, lógica, auto-actualização, eficiência, justiça,
beleza, sucesso —, e uma vez que os critérios do sucesso podem variar com a tarefa, o nível
óptimo da abstracção que determinam irá naturalmente variar” (1988: 104).
98 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
8 Como veremos, a estrutura interna das profissões é uma, entre muitas, das determinantes da
contestação jurisdicional e do sistema de posições. A estrutura de cada profissão é importan-
te não em si própria, mas pelos efeitos que provoca na posição jurisdicional relativa.
100 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
— ambientes heterónomos
— (organizações dirigidas
— por não profissionais);
— ambientes autónomos
— (organizações dirigidas
— por profissionais).
— pequena;
— média;
— grande.
Como lidar com este paradoxo, doravante clássico, segundo o qual quanto mais as
comparações internacionais se desenvolvem, mais as especificidades nacionais,
regionais ou locais se revelam importantes? Será que a crítica dos esquemas apa-
rentemente universais da “teoria funcionalista das profissões” não pode conduzir
senão à constatação de uma pluralidade irredutível de lógicas profissionais estrei-
tamente dependentes dos contextos nacionais? (1994: 379-380).
Figura 4.2 Dimensão social e dimensão cognitiva nos processos de construção do conhecimento
16 No mesmo sentido, Fores, Glover e Lawrence (1991), numa crítica cerrada ao profissiona-
lismo, consideram que a “ciência moderna” newtoniana, totem sagrado da “modernida-
de”, não constituiu nenhuma verdadeira revolução e o início de uma nova era, mas ape-
nas a concretização de novas condições de observação que permitiram introduzir a ordem
na moderna indústria: “Assim, a glorificação do newtonianismo não representativo
aponta para a necessidade humana de ordem e certeza, em vez da omnipresença latente
daquelas, no mundo à volta do homo” (1991: 94).
17 Ver também Graça Carapinheiro (1989) que utiliza o quadro conceptual foucaultiano na
sua análise dos poderes e saberes no hospital.
18 Ver Bourdieu e Bernstein.
118 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
para estes debates. E se, nuns casos, se confirmam as teses da reprodução do sis-
tema social, noutros ilustra-se a participação das instituições de ensino na que-
bra dos círculos viciosos e nos processos de mobilidade e mudança social.
Refiram-se apenas três exemplos de estudos deste tipo relativos à for-
mação de engenheiros em França. Terry Shinn (1978; 1980) que desenvolveu
importantes estudos de sociologia histórica sobre a École Polytechnique e a
formação dos engenheiros dos corpos do Estado, demonstra como, quer se
considerem as origens sociais dos alunos, as saídas profissionais, bem como a
composição dos currículos, estas instituições de formação participam na for-
mação/reprodução das elites políticas francesas.
Apenas uma pequena minoria dos seus alunos (dez por cento) ficara, no século
XIX, nas funções inferiores de contramestres, operários qualificados ou dese-
nhadores. Pelo contrário, quase metade dos seus antigos alunos terminaram a
sua carreira no topo da hierarquia industrial. A esta vitória colectiva é preciso
adicionar as brilhantes conquistas individuais dos inúmeros gadzart que inscre-
veram o seu nome na história da indústria francesa (1987: 351-352).
Weiss (1982), ainda com o exemplo dos engenheiros em França, desta vez a
partir da análise do conflito histórico que opôs os condutores aos engenheiros
dos corpos do Estado na disputa pelo acesso a determinados lugares e postos
de trabalho, entra também em debate directo com os estruturalistas franceses
da sociologia da educação.
A persistência desta clivagem até aos nossos dias, a sua ligação a factores ins-
titucionais e sociais, mas também o paradoxo em que assenta, levam o autor a
interrogar-se: porquê este primado e supremacia das ciências fundamentais,
numa ordem social que repete incessantemente a sua adesão aos valores utili-
tários? E avança quatro possibilidades de resposta: o facto de (i) a dominação
das ciências fundamentais ser apenas aparente; (ii) de o campo de actividade
das ciências fundamentais permitir maiores margens de autonomia do mun-
do económico; (iii) de as escolas mais prestigiadas estarem historicamente
ligadas às ciências fundamentais, obrigando aquelas outras que pretendem
melhorar a sua posição na escala de prestígio dos estabelecimentos de ensino
a utilizarem as ciências fundamentais como instrumento de realização da sua
estratégia; (iv) de as ciências fundamentais poderem ser mais favoráveis aos
processos de dominação social e económica, dado que permitem a produção
de uma elite conservadora que, para se distinguir de outras classes e manifes-
tar a sua superioridade, tem tendência para se apoiar sobre um sistema de
símbolos geradores de prestígio (Shinn, 1981: 182).
Os estudos históricos e comparativos centrados nas instituições de ensi-
no, na origem social dos alunos e nas saídas profissionais dos diplomados
permitiram deslindar parte do sentido de muitos conflitos e tensões em torno
do sistema de formação, neste caso dos engenheiros, bem como iluminar as
articulações entre o sistema de credenciação e o de ocupação, ou seja, aspec-
tos centrais no processo de desenvolvimento das profissões.
Pode, talvez, concluir-se que este encontro de disciplinas, isto é, as abor-
dagens históricas inspiradas pelo paradigma interaccionista, ao deslocar a
perspectiva de análise das profissões da estrutura para o processo confirmam
a existência de uma dimensão socialmente construída no conhecimento,
identificada pela corrente construtivista da sociologia da ciência, podendo
contribuir, senão para a dissolução das clássicas distinções entre social versus
cognitivo, estrutura versus prática, pelo menos para o estabelecimento de
pontes que tornem mais inteligíveis tais clivagens.
O papel do Estado
20 Esta observação relaciona-se com o facto de que, no que respeita às profissões propria-
mente ditas, o autor se mantém num nível macro de observação, o qual encobre ou não
revela a diversidade interna dos próprios grupos profissionais, e, apreendendo apenas
superficialmente o fenómeno, faz generalizações deficientemente fundamentadas.
126 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
Sob condições de high stateness, quando as profissões não têm associação formal
independente do Estado e as agências estatais são responsáveis pela legitimação e
direcção dos seus assuntos, falta-lhes poder para influenciar a política do Estado
respeitante à selecção e formação dos profissionais, a sua posição na divisão do tra-
balho e na força de trabalho, os seus rendimentos e prestígio, as suas condições de
trabalho e as suas relações com os clientes em particular e com o público em geral.
Porém, tal conclusão apenas pode ser sustentada ignorando o modo de funciona-
mento do Estado em grandes e complexas sociedades industriais. Mesmo sob cir-
cunstâncias de high stateness, pelo menos algumas profissões, como por exemplo a
medicina, podem deter importantes poderes (1994: 37).
1 Referirei aqui apenas alguns trabalhos de investigação cujos resultados (mesmo que par-
celares) foram já publicados em livro ou artigos de revista.
129
130 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
quadro favorável à entrada das mulheres nesta profissão. A autora, de certa for-
ma, contribui para o debate das teses que associam a feminização dos grupos
profissionais à sua desprofissionalização, perda de poder e de prestígio, fornecen-
do elementos para demonstrar que tal associação não é linear.
Trabalhos como o de Noémia Lopes (1994), sobre a construção da identi-
dade profissional das enfermeiras, ou de José Luís Garcia (1994), sobre os
jornalistas, são outros exemplos de investigação empírica que recolhem late-
ralmente o contributo da sociologia das profissões.
139
140 SOCIOLOGIA DAS PROFISSÕES
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