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Universidade regional do noroeste do estado do rio grande do sul – unijuí

vice-reitoria de graduação – vrg


coordenadoria de educação a distância – CEaD
departamento de ciências administrativas, contábeis, econômicas e da comunicação – dacec

Coleção Educação a Distância


Série Livro-Texto

Ivo Ney Kuhn


Amauri Luis Lampert

análise
financeira

Ijuí, Rio Grande do Sul, Brasil


2012
 2012, Editora Unijuí
Rua do Comércio, 1364
98700-000 - Ijuí - RS - Brasil
Fone: (0__55) 3332-0217
Fax: (0__55) 3332-0216
E-mail: editora@unijui.edu.br
Http://www.editoraunijui.com.br
Editor: Gilmar Antonio Bedin
Editor-adjunto: Joel Corso
Capa: Elias Ricardo Schüssler
Designer Educacional: Jociane Dal Molin Berbaum
Responsabilidade Editorial, Gráfica e Administrativa:
Editora Unijuí da Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí; Ijuí, RS, Brasil)

Catalogação na Publicação:
Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí

K961a Kuhn, Ivo Ney.


Análise financeira / Ivo Ney Kuhn, Amauri Luis Lampert. – Ijuí:
Ed. Unijuí, 2012. – 86 p. – (Coleção educação a distância. Série livro-
texto).
ISBN 978-85-419-0009-6
1. Análise financeira. 2. Demonstrações financeiras. 3. Estrutura
e endividamento. 4. Índices de liquidez. 5. Atividade de rotação. 6.
Atividade de retorno. I. Lampert, Amauri Luis. II. Título. II. Série.
CDU : 339.13
336.126.561
Sumário

CONHECENDO OS PROFESSORES............................................................................................5

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA..........................................................9

Seção 1.1 – Amplitude da Análise Financeira.........................................................................10

Seção 1.2 – A Empresa e sua Estrutura de Informações.........................................................12

Seção 1.3 – Análise Financeira e Áreas Afins..........................................................................14

Seção 1.4 – Os Principais Usuários da Análise Financeira.....................................................15

Seção 1.5 – A Relevância da Informação Contábil-Financeira...............................................16

Seção 1.6 – Contexto Legal e Fiscal da Empresa....................................................................17

UNIDADE 2 – ETAPAS DO PROCESSO DE ANÁLISE FINANCEIRA.....................................23

Seção 2.1 – Coleta e Conferência da Documentação..............................................................24

Seção 2.2 – Preparação e Processamento das Demonstrações Financeiras...........................25

Seção 2.3 – Análise e Conclusão..............................................................................................26

UNIDADE 3 – AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS...........................................................29

Seção 3.1 – Fundamentação Legal...........................................................................................29

Seção 3.2 – Estrutura do Balanço Patrimonial.........................................................................30

3.2.1 – Ativo....................................................................................................................33

3.2.2 – Passivo.................................................................................................................34

Seção 3.3 – Estrutura da Demonstração de Resultados do Exercício.....................................36

3.3.1 – Receita Operacional...........................................................................................36

3.3.2 – Custo dos Produtos, Mercadorias ou Serviços Vendidos..................................37

3.3.3 – Lucro Bruto..........................................................................................................38

3.3.4 – Despesas Operacionais......................................................................................39

3.3.5 – Lucro Líquido do Exercício................................................................................40

UNIDADE 4 – ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL..............................................................43

Seção 4.1 – Análise Vertical......................................................................................................43

Seção 4.2 – Análise Horizontal.................................................................................................46


UNIDADE 5 – ANÁLISE DA ESTRUTURA E ENDIVIDAMENTO...........................................51

Seção 5.1 – Participação de Capitais de Terceiros (PCT)........................................................51

Seção 5.2 – Composição do Endividamento (CE)...................................................................54

Seção 5.3 – Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL)...........................................................55

Seção 5.4 – Endividamento Geral (EG)...................................................................................57

Seção 5.5 – Nível de Desconto de Duplicatas (NDD).............................................................58

UNIDADE 6 – ÍNDICES DE LIQUIDEZ.....................................................................................61

Seção 6.1 – Liquidez Corrente (LC).........................................................................................62

Seção 6.2 – Liquidez Seca (LS)................................................................................................63

Seção 6.3 – Liquidez Geral (LG)...............................................................................................64

UNIDADE 7 – ANÁLISE DA ATIVIDADE DE ROTAÇÃO..........................................................67

Seção 7.1 – Prazo Médio de Estoques (PME)..........................................................................68

Seção 7.2 – Prazo Médio de Recebimentos (PMR).................................................................69

Seção 7.3 – Prazo Médio de Compras (PMC)..........................................................................71

UNIDADE 8 – ANÁLISE DA ATIVIDADE DE RETORNO.........................................................75

Seção 8.1 – Giro do Ativo (GA).................................................................................................76

Seção 8.2 – Margem Líquida Sobre Vendas (MLSV)..............................................................78

Seção 8.3 – Retorno sobre o Ativo (RSA).................................................................................79

Seção 8.4 – Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (RSPL)........................................................80

REFERÊNCIAS..............................................................................................................................85
EaD

Conhecendo os Professores
análise financeira

IVO NEY KUHN

Sou graduado em três cursos superiores. Minha primeira Gradu-


ação concluída foi Tecnólogo em Cooperativismo, cursado entre 1980
e 1982 na Fidene. Após, cursei Administração de Empresas (1986) e
Ciências Contábeis (1987), pela Unijuí. Cursei especialização em Eco-
nomia Agrícola também na Unijuí e Especialização em Administração
Rural pela Esalq/USP de Piracicaba (SP). Este período de formação foi
muito profícuo para o desenvolvimento da minha carreira profissional
e qualificação técnica que possuo.

Antes de iniciar o ensino superior, dos 13 aos 17 anos, trabalhava


na lavoura, com os meus pais e irmãos mais novos, em uma pequena
propriedade rural no interior de Cerro Largo, de onde sou natural.

Iniciei minha carreira profissional como assistente de pesquisa


na Fidene, em março de 1982, logo após ter concluído o curso de Tec-
nologia. Certamente aí nasceu o embrião que me conduziu à carreira
acadêmica. Entre 1982 e 1988 atuei como técnico em diversos projetos
de extensão, voltados à área do cooperativismo, da administração ru-
ral, da assessoria aos municípios e dos movimentos sociais. Ingressei
na carreira de professor em 1989, ano em que também iniciei o curso
de Mestrado em Administração, ofertado pelo CMA/UFPB, em João
Pessoa, na Paraíba. A opção por aquela instituição foi porque lá havia
uma área de concentração em Finanças, com linha de pesquisa em
gestão rural. O Mestrado foi concluído em 1992.

Retornando do Mestrado, ingressei como professor assistente


no quadro de carreira da Unijuí.

A partir de 1994, além das atividades de docência e de exten-


são junto a cooperativas de assentamentos de reforma agrária, atuei
também como coordenador de curso de Administração nos campi de
Santa Rosa (1994 a 1996) e de Ijuí (1996 a 1998). Atuei como chefe

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EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

do Departamento de Estudos da Administração entre 1999 e 2001 e


atualmente coordeno o colegiado dos cursos de tecnologia EaD da
Unijuí.

Também acumulo uma boa experiência em consultoria organiza-


cional, tendo coordenado o Programa Extensão Empresarial (convênio
Unijuí/Sedai) na Fronteira Noroeste entre 2001 e 2003, e no Noroeste
Colonial entre 2004 e 2006, gerenciando equipes de técnicos e estagi-
ários que realizavam consultoria organizacional. Nesse período foram
assessorados mais de 1.500 micro e pequenos empreendimentos no
Noroeste gaúcho.

Desde 2009 até o momento, coordeno o Projeto Extensão In-


dustrial Exportadora, chamado Peiex, que é um convênio entre a
Unijuí, a Associação IPD e a Apex/Brasil, por meio do qual já foram
assessoradas mais de 400 indústrias do Noroeste gaúcho. Este projeto
objetiva incentivar a competitividade empresarial e promover a cultura
exportadora nestes empreendimentos e na economia regional.

Atuo no ensino nas disciplinas da área de finanças e do geren-


ciamento econômico e financeiro de empreendimentos. Também tenho
uma ampla experiência em empreendedorismo, projetos e planos de
negócio. Resido em Ijuí (RS) há mais de 32 anos.

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EaD
análise financeira

AMAURI LUIS LAMPERT

Sou natural de Augusto Pestana/RS, município no qual resido.

Minha formação acadêmica iniciou-se com o curso de Enge-


nharia Civil na Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio
Grande do Sul no ano de 1999. Ainda no segundo semestre daquele
ano solicitei transferência para o curso de Administração, concluído
em 2004. No período em que cursei Administração tive a oportunidade
de atuar como bolsista de iniciação científica no Departamento de Es-
tudos da Administração por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado do Rio Grande do Sul – Fapergs – e pelo Pibic/Unijuí.

Em 2007 concluí o Mestrado em Desenvolvimento na linha de


pesquisa Gestão de Organizações e do Desenvolvimento no curso de
Pós-Graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento da Universidade
Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como bolsista
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –
Capes. Em março de 2009 teve início o meu vínculo com a Unijuí, como
professor alocado no Departamento de Estudos da Administração.

Como experiência profissional atuei no comércio entre 1987 e


1988, como auxiliar de escritório, trabalhei na Cooperativa de Crédito
Rural Pestanense Ltda. – Sicredi –, de 1990 a 1994, como escriturário.
Também atuei na Indústria Gessy Lever de 1995 a 1998. Além disso,
tive passagens pela gestão pública, atuando na prefeitura de Augusto
Pestana, entre 1995 e 1996, 1998 e 1999 e de 2002 a 2005. Ao mesmo
tempo, desde 2003 exerço a função de administrador da Associação
Protetora do Hospital São Francisco, de Augusto Pestana (RS).

Conciliar as atividades como administrador hospitalar e profes-


sor tem sido um novo desafio, pois isto torna ainda mais relevante a
minha formação acadêmica e profissional, a partir do momento em
que estou tendo a oportunidade de harmonizar as experiências de
executivo e de docente.

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EaD

Unidade 1
análise financeira

INTRODUÇÃO À ANÁLISE FINANCEIRA

OBJETIVO DESTA UNIDADE

• Conhecer e entender as principais formas de organização jurídica das empresas brasileiras,


bem como mostrar um conjunto de informações e conhecimentos básicos necessários para o
entendimento das vantagens e limitações da análise financeira, considerando que um dos prin-
cipais objetivos da análise financeira é o fornecimento de subsídios para a tomada racional de
decisão de investimento e de concessão de crédito, a partir de informações de boa qualidade.

AS SEÇÕES DESTA UNIDADE

Seção 1.1 – Amplitude da Análise Financeira

Seção 1.2 – A Empresa e Sua Estrutura de Informações

Seção 1.3 – Análise Financeira e Áreas Afins

Seção 1.4 – Os Principais Usuários da Análise Financeira

Seção 1.5 – A Relevância da Informação Contábil-Financeira

Seção 1.6 – Contexto Legal e Fiscal da Empresa

O presente texto é fruto de leituras, discussões e contribuições de um grupo de professores,


que ao longo dos últimos anos ministraram a disciplina Análise Financeira no curso de Admi-
nistração da Unijuí. O texto foi trabalhado a partir de dois Demonstrativos Contábeis Básicos – o
Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

Outros demonstrativos contábeis, no entanto, também são importantes para fins gerenciais,
constituindo-se em fontes de pesquisa para os alunos. Entre eles podemos citar a Demonstração
do Fluxo de Caixa, a Demonstração de Mutações do Patrimônio Líquido, a Demonstração dos
Lucros ou Prejuízos Acumulados, as Notas Explicativas às Demonstrações Financeiras, o Relatório
da Diretoria e do Conselho de Administração, o Parecer do Conselho Fiscal e dos Auditores.

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Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

A partir dos Demonstrativos Contábeis (BP e DRE) de uma empresa real você, aluno, será
desafiado a sistematizar e analisar a situação patrimonial e os resultados de uma organização,
detectando tendências quanto à evolução dos ativos, dos passivos, do patrimônio líquido, bem
como das receitas, das despesas e dos diversos níveis de resultados, quais sejam, resultado ou
lucro bruto, operacional e líquido.

Seção 1.1

Amplitude da Análise Financeira

A globalização do mercado e a internacionalização das empresas em virtude da con-


corrência entre os vários países têm trazido, nas últimas décadas, mudanças significativas no
mercado empresarial. A evolução tecnológica possibilita a produção de bens a preços cada vez
mais competitivos e os meios de transporte e comunicação permitem que os bens e recursos
movimentem-se rapidamente por todo o planeta.

Observa-se no cenário brasileiro uma alteração na postura das empresas para competir e
sobreviver nesse mercado, utilizando-se, para tanto, dos mais diversos artifícios como: a redu-
ção de custos, a terceirização de atividades, o remodelamento da estrutura produtiva, enfim, um
gerenciamento adequado dos recursos financeiros.

É justamente neste ambiente instável e turbulento que a Análise Financeira, também cha-
mada Análise de Balanços, emerge como um dos instrumentos mais importantes no processo
de gerenciamento contábil global. Como bem explica Pereira da Silva (2010, p. 6), “a análise
financeira de uma empresa consiste num exame minucioso dos dados financeiros disponíveis
sobre a mesma, bem como das condições endógenas e exógenas que afetam financeiramente a
empresa”.

A Análise de Balanços objetiva extrair informações das demonstrações financeiras para as


tomadas de decisão. Segundo Matarazzo (2010), as demonstrações financeiras fornecem uma
série de dados sobre a empresa, de acordo com as regras contábeis. A Análise de Balanços trans-
forma esses dados em informações e esta será tanto mais eficiente quanto melhores informações
produzir.

Já para Iudícibus (2010), a Análise de Balanços é a arte de saber extrair relações úteis para
o objetivo econômico que tivermos em mente, dos relatórios contábeis tradicionais e de suas
extensões e detalhamentos, se for o caso.

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análise financeira

As técnicas de Análise de Balanços são importantes para o conhecimento econômico-


financeiro de outras empresas, notadamente concorrentes e fornecedores. O mais importante do
instrumento de Análise de Balanço, porém, é a sua utilização pela própria empresa.

A grande utilidade dessa ferramenta é o acompanhamento mensal dos indicadores esco-


lhidos. Por meio desse acompanhamento e da tendência que os mesmos evidenciam, ter-se-á
seguramente uma visão real das operações e do patrimônio empresarial e poder-se-á tomar
medidas corretivas do rumo dos negócios, se as conclusões do acompanhamento analítico dos
indicadores assim o exigirem.

A análise financeira constitui-se num processo de meditação sobre as demonstrações


contábeis, objetivando uma avaliação da situação da empresa em seus aspectos operacionais,
econômicos, patrimoniais e financeiros. Ela serve para avaliar decisões que foram tomadas pela
empresa em épocas passadas, bem como fornece subsídios para o planejamento financeiro, vi-
sando ao futuro.1

A avaliação econômica e financeira de uma


empresa tem por finalidade detectar os pontos for-
tes e fracos do processo operacional e financeiro
da companhia, objetivando propor alternativas
de curso futuro a serem tomadas e seguidas pelos
gestores.

Buscando auxiliar o processo de avaliação patrimonial e do desempenho da companhia, o


analista vale-se de uma série de cálculos matemáticos, traduzindo os demonstrativos contábeis
em indicadores de análise financeira. Esses indicadores buscam também evidenciar as carac-
terísticas das principais integrações existentes entre a situação apresentada pelo balanço e a
dinâmica operacional da empresa representada pela demonstração de resultados.

Todos os cálculos apresentados neste livro-texto são baseados no balanço patrimonial e na


demonstração de resultados do exercício. Em razão disso, fica evidente que o mais importante
para o analista financeiro não é apenas saber calcular ou interpretar os indicadores, mas possuir
um conhecimento profundo dessas duas principais peças contábeis. Nesse sentido, a Análise de
Balanço, em teoria, poderia ser exercida sem os indicadores, bastando o conhecimento aprofun-
dado das demonstrações contábeis básicas. Sabe-se, entretanto, que tais indicadores e as técnicas
de Análise de Balanço agilizam, sobremaneira, o processo de avaliação da empresa.

1
Disponível em: <http://www.fococonsultancy.com.br/content/cursos-e-treinamentos/financas/analise-de-
demonstrativos-economicos-financeiros-das-empresas/>. Acesso em: 12 maio 2012.

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Seção 1.2

A Empresa e Sua Estrutura de Informações

Com a crescente concorrência global, as empresas terão cada vez mais necessidade de
informação, tanto em âmbito de mercado quanto a respeito dos planos e intenções de consumi-
dores e competidores. A informação também propicia à empresa um profundo conhecimento de
si mesma e da sua estrutura de negócios, facilitando o planejamento, organização , direção e
controle dos processos, enfim, a gerência do negócio.

O propósito básico da informação é o de habilitar a empresa a alcançar seus objetivos pelo


uso eficiente dos recursos disponíveis, nos quais se inserem pessoas, materiais, equipamentos,
tecnologia, dinheiro, além da própria informação.

Neste sentido, a Teoria Geral de Sistemas surge como uma ferramenta de apoio para a
análise e solução de problemas complexos, pois permite analisar um problema dividindo-o em
partes, sem perder a visão do todo e o relacionamento entre as partes. Neste contexto, os sistemas
podem ser definidos como um conjunto de partes interagentes e interdependentes que formam
um todo com determinado objetivo e função. Esse mecanismo pode ser visualizado na figura a
seguir, que apresenta os elementos componentes do sistema:

Figura 1 – Elementos Componentes do Sistema

Objetivos

Processos

Entradas →→ →→→ Transformações →→→ Saídas


↑ ↓
↑ ↓
↑ ↓
↑ ↓
← ←←←← ←←←← Retroalimentação ←←←← ←←←

Controle e avaliações

Fonte: Oliveira (2011, p. 26).

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EaD
análise financeira

Segundo Abreu e Abreu (2002), um Sistema de Informações Gerenciais (SIG) pode ser defi-
nido como o processo de transformação de dados em informações2 que são utilizadas na estrutura
decisória da empresa e que proporcionam a sustentação administrativa, visando à otimização
dos resultados esperados. Um sistema de informações pode também ser tecnicamente definido
como um conjunto de procedimentos que coletam (ou recuperam), processam, armazenam e dis-
seminam informações para o suporte nas tomadas de decisão, coordenação, análise, visualização
da organização e controle gerencial. Em suma, esses procedimentos devem permitir que a regra
básica na gestão da informação nas empresas seja cumprida: a informação deve chegar no tempo
certo e na forma certa, para a pessoa certa. A este procedimento se denomina de Just in time.

A empresa, conforme as teorias sistêmica e contingencial, é tida como um sistema aberto,


ou seja, que se relaciona e sofre pressões do ambiente, cujas dimensões de análise são: mão
de obra disponível, tecnologia, governo, mercado, sindicatos, sistema financeiro, fornecedores,
concorrentes, consumidores, sociedade em geral, etc., como se pode visualizar na Figura 2:

Figura 2 – A Empresa Vista Como um Sistema

Meio Ambiente

EMPRESA

Entradas: Processo Saídas:


materiais de Transformação produtos
serviços
energia, etc.

Fonte: Figura Extraída de Abreu e Abreu (2002).

Já o sistema contábil é alimentado pelas entradas que constituem as movimentações nos


elementos constitutivos do patrimônio da empresa, e podem ser expressas em valores monetários,
e ainda constituem fatos que geram lançamentos contábeis, que são as entradas de dados para
o sistema de informações contábeis. Esses sistemas podem também fornecer relatórios internos

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Dado – qualquer elemento identificado em sua forma bruta. Informação – dado constituído de significados que permite
ao executivo tomar uma decisão.

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EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

ou externos. Normalmente representam dados históricos que contribuem para a elaboração do


orçamento, podendo, ainda, auxiliar na projeção de receitas, custos, despesas, financiamentos
ou investimentos, que se constituem em instrumentos de ordem gerencial.

O sistema de informações contábeis gera as demonstrações financeiras que normalmente


são divulgadas para o conhecimento do público interessado, principalmente analistas, credores
e investidores. Os demais instrumentos de caráter essencialmente gerencial destinam-se a sub-
sidiar a alta administração no processo de planejamento, organização, direção e controle.

Seção 1.3

Análise Financeira e Áreas Afins

Devido a sua amplitude, a análise financeira de empresas relaciona-se a várias outras áreas,
com destaque para Contabilidade, Administração Financeira, Economia, Direito e Estatística.

A Contabilidade é um dos componentes curriculares mais intimamente relacionado com a


análise financeira, uma vez que fornece as demonstrações financeiras que a ela servem de base.
Inobstante, a análise financeira, para ser consistente, não pode limitar-se aos dados contábeis,
devendo interpretá-los e explicá-los com base em conhecimentos que transcendem o âmbito da
Contabilidade.

É fundamental que se compare os dados contábeis com informações do ambiente externo à


organização. Informações advindas de decisões governamentais, dos concorrentes, dos clientes,
enfim, do macroambiente em que a organização está inserida.

Desse modo, chamar a análise financeira de Análise de Balanços pode soar inadequado,
uma vez que o balanço patrimonial é apenas uma das demonstrações financeiras que a análise
financeira estuda e interpreta.

Na realidade, a empresa mantém relação com diversos campos da ciência e do conheci-


mento. Ao mesmo tempo, internamente, a empresa é um todo, e em seu funcionamento a área
financeira deve relacionar-se com diversas outras áreas, como marketing, produção e capital
humano, por exemplo, cujas ações trazem efeitos financeiros. A área financeira tem como atri-
buição fornecer informações corretas, precisas e atualizadas às demais áreas, para que estas
possam tomar decisões financeiramente corretas e adequadas.

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EaD
análise financeira

Seção 1.4

Os Principais Usuários da Análise Financeira

Ao se falar em análise financeira, não se pode deixar de mencionar o papel do analista


financeiro. Em seu sentido mais genérico, o analista é qualquer profissional que desenvolva a
análise financeira de uma empresa. O gerente de um banco, ao apreciar um pedido de crédito
de um cliente, é um exemplo de analista financeiro. Ele irá considerar os aspectos econômico-
financeiros como sendo um dos elementos que irão embasar sua decisão entre emprestar ou não
emprestar.

Como a empresa se relaciona com todo o ambiente empresarial e social, este certamente
apresenta muitos interessados em melhor conhecer o desempenho atual e a tendência dos re-
sultados da companhia.

Tanto o analista de investimentos quanto o analista de crédito, de instituição financeira


ou não, desempenham funções externas às empresas analisadas. Há ainda os analistas inter-
nos, que cuidam da análise da própria instituição em que trabalham, quer com o propósito de
subsídio ao processo de tomada de decisão, quer com a finalidade de comparar o desempenho
da sua empresa com o dos concorrentes.

A alta direção da empresa precisa de informações resumidas que possibilitem as tomadas


de decisão mais rápidas e eficazes, enquanto as gerências intermediárias necessitarão de infor-
mações detalhadas sobre áreas que estão sob sua responsabilidade. Assim, o principal usuário
das informações contábeis é, ou pelo menos deveria ser, a própria empresa.

Há ainda vários outros usuários externos como os acionistas, investidores, bancos e ins-
tituições financeiras, fornecedores e clientes, governo e órgãos governamentais, sindicatos e
associações de classe.

Os acionistas ou quotistas de uma empresa nem sempre são as pessoas que a administram,
pois podem delegar essa função a administradores profissionais. Já os investidores no mercado de
capitais necessitam tomar decisões sobre qual ação comprar, quando vender, etc. Eles necessitam
de dados técnicos e pareceres sobre as expectativas de risco e retorno das ações, como forma de
melhor direcionar a aplicação de recursos.

Os bancos e instituições financeiras, como intermediadores de dinheiro e financiadores de


aquisição de bens, representam um grupo importante de usuários das demonstrações financeiras
das empresas. É imprescindível que o profissional de banco tenha profundo conhecimento da
área contábil-financeira, até porque precisa desfrutar de uma postura de total crédito em relação

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EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

à análise financeira. Dentro do contexto de que os bancos necessitam tomar decisões seguras,
as informações devem fornecer expectativas confiáveis sobre a capacidade de pagamento do
cliente, bem como de sua solidez.

Da mesma forma que o banco, para emprestar dinheiro a seus clientes, necessita de in-
formações seguras para decidir, os fornecedores de mercadorias, serviços e/ou matérias-primas
ou componentes também necessitam avaliar o risco de crédito de seus compradores. O cliente
também pode analisar seu fornecedor para conhecer sua solidez ou avaliar sua condição de
suprir a empresa com matéria-prima numa situação de expansão ou ainda de pós-venda, como
fornecer assistência técnica.

O governo, por sua vez, tem um interesse bem particular, pois grande parte da arreca-
dação de tributos requer um sistema de apuração que se utiliza das informações contábeis. As
demonstrações financeiras, bem como as informações prestadas aos vários órgãos do governo,
constituem um importante banco de dados. Além disso, é desejo do Estado que as empresas
contribuam para a geração de trabalho, renda e desenvolvimento local e regional.

Por fim, as associações de classes e sindicatos também deveriam solicitar de seus associados
suas demonstrações financeiras, objetivando desenvolver estudos e estatísticas sobre as caracte-
rísticas e o desempenho do segmento em que atuam. Do lado dos trabalhadores, as suas entidades
de representação certamente se amparam em análises e desempenho do setor para requerer e
reivindicar melhores condições de trabalho e renda aos seus filiados e a sua categoria.

Seção 1.5

A Relevância da Informação Contábil-Financeira

Como visto até agora, a informação contábil-financeira é imprescindível para o gerencia-


mento dos negócios atuais e planejamento do futuro, visando a subsidiar o processo decisório. Os
demonstrativos contábeis e demais informações destinadas aos acionistas e aos diversos grupos de
usuários interessados prestam grande contribuição na avaliação dos riscos e das potencialidades
de retorno da empresa. As demonstrações financeiras representam um canal de comunicação da
empresa com os diversos usuários internos e externos.

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EaD
análise financeira

É importante definir o tipo de informação a que cada


pessoa da organização pode ter acesso. Por mais completo que
possa ser o sistema de informações, sempre haverá algumas
que influenciam as decisões e que podem não constar de
nenhum registro formal.
3

As informações contábeis, porém, apresentam algumas limitações. Como provêm de uma


coleta de dados quantitativos, expressos em valores monetários, fica difícil demonstrar os dados re-
ferentes a aspectos não mensuráveis monetariamente, como perfil do quadro diretivo da empresa,
potencialidades e ameaças do mercado, nível tecnológico, agressão ao meio ambiente provocada
pela empresa e comprometimento desta com a satisfação de seus clientes e empregados.3

Outro problema sério enfrentado pelas empresas é a defasagem da informação. As análi-


ses normalmente são feitas com base em demonstrativos de anos anteriores, que podem, prin-
cipalmente numa economia instável, não traduzir a situação atual da organização. Também a
veracidade das informações pode ser questionada em algumas empresas que manipulam suas
demonstrações financeiras. As limitações das informações contábeis, entretanto, não são sufi-
cientes para eliminar sua utilidade e o analista deve buscar informações complementares, mesmo
que sejam indicadores não financeiros. Para os fins deste livro-texto e dos dados de balanço e
DRE apresentados, vamos supor que os dados estejam atualizados para uma mesma data focal,
e que estejam expressos em ambiente de economia estável.

Seção 1.6

Contexto Legal e Fiscal da Empresa

As empresas são regulamentadas por um conjunto de leis e normas que, entre outros as-
pectos, disciplinam a apresentação das demonstrações financeiras. Ao analista financeiro é ne-
cessário um conhecimento mínimo sobre o contexto legal e fiscal, em razão de suas implicações
nos resultados e nas obrigações das empresas.

3
Disponível em: <http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/e-legal/2011/10/07/sigilo-bancario/>. Acesso em: 12 maio
2012.

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EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

Sob o aspecto jurídico, o homem se organiza de formas diferentes para produzir bens e
serviços. No quadro a seguir, extraído de Pereira da Silva (2010, p. 44), constam as principais
formas de organizações jurídicas conforme a legislação brasileira:

Quadro 1 – Formas de Organizações Jurídicas Conforme a Legislação Brasileira

Empresário
Não Em comum
Personificada Em conta de participação
Pode ser
Empresária Simples
Limitada Sim Sim
Sociedade Fechada Deve ser Não
Anônima
Personificada Aberta Deve ser Não
Em nome coletivo Sim Sim
Em comandita simples Sim Sim
Em comandita por ações Sim Não
Cooperativas Não Deve ser
Fonte: Pereira da Silva (2010, p. 44).

Empresário, conforme o Código Civil, é aquele que exerce profissionalmente atividade


econômica organizada para produção ou circulação de bens ou serviços, sendo obrigatória a
sua inscrição no registro público de empresas mercantis. Anteriormente ao novo Código Civil
era chamado de empresa individual, que era aquela em que havia um único dono, isto é, o pro-
prietário.

Sua responsabilidade é sempre ilimitada, o que significa que ele responde não só com os
bens da empresa, mas também com todos os seus bens particulares. As principais vantagens são:
todo o lucro fica para o proprietário; a manutenção do sigilo é mais fácil e sua dissolução é sim-
plificada. Como desvantagens, podemos citar: responsabilidade ilimitada do dono; limitação na
obtenção de recursos; pouca oportunidade para os empregados; atividades concentradas na mão
do proprietário e desaparecimento com a morte deste. Mesmo, contudo, havendo obrigatoriedade
de registro na receita federal (CNPJ), a firma individual não é caracterizada como sociedade.

Também segundo o Código Civil, temos a sociedade empresária e a sociedade simples. A


sociedade empresária é aquela que tem por objeto o exercício da atividade própria de empresá-
rio, sujeita à inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis. Por outro lado, a sociedade
simples deverá requerer sua inscrição no Registro Civil de Pessoas Jurídicas de sua sede.

As sociedades classificam-se ainda como não personificadas e personificadas. O grupo de


sociedade não personificada compreende a sociedade em comum e a sociedade em conta de
participação.

18
EaD
análise financeira

Sociedade em comum, regida pelos artigos 986 a 990 do Código Civil, é a sociedade que
não possui seus atos constitutivos devidamente registrados nos órgãos competentes. Todos os
sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluídos do benefício da
ordem.

Sociedade em conta de participação, regida pelos artigos 991 a 996 do Código Civil. Ocorre
quando duas ou mais pessoas unem-se sem razão social para a realização comum de uma ou
mais operações do comércio, findas as quais a sociedade desaparece. Os sócios realizam opera-
ções em seus nomes e a sociedade só é conhecida por seus participantes. Seus sócios podem ser
ostensivos ou ocultos. Os ostensivos são aqueles que se obrigam perante terceiros. Os ocultos
obrigam-se perante os ostensivos.

No grupo de sociedade personificada, das quais as mais comuns são as limitadas e as


sociedades anônimas, essas tanto podem prestar serviços quanto praticar a venda mercantil ou
produzir bens. Seu registro é feito na Junta Comercial.

A sociedade limitada é regida pelos artigos 1.052 a 1.087 do Código Civil. De modo ge-
nérico, a sociedade limitada tende a ser empresa de porte pequeno ou médio. Nada impede,
entretanto, que uma limitada possa ser de grande porte. Muitas empresas brasileiras de maior
porte optam por este tipo de sociedade justamente para evitar a obrigação legal de divulgarem
suas demonstrações financeiras.

Elas possuem seu capital dividido em quotas. Em princípio, cada sócio responde pelas
quotas de capital que subscreveu e, no caso de falência, também pela totalidade do capital não
integralizado.

Como vantagens, comparativamente ao empresário individual, as sociedades por quotas de


responsabilidade limitada têm mais facilidade de obtenção de empréstimos e melhores condições
para reter bons empregados, comparativamente à sociedade empresária.

A sociedade anônima é regida pelos artigos 1.088 e 1.089 do Código Civil e pela Lei Nº
6.404, de 15/12/1976 e suas alterações. É uma sociedade impessoal, não considera as aptidões
pessoais de seus acionistas. A sociedade anônima tem seu capital social dividido em ações e a
responsabilidade do acionista é limitada ao valor das ações que subscreveu. Seu capital pode
ser aberto ou fechado.

As sociedades anônimas de capital aberto têm suas ações negociadas em Bolsas de Valores
e possuem uma série de obrigações de divulgação de informações destinadas ao mercado de
capitais, sendo fiscalizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

As sociedades anônimas de capital fechado não têm suas ações negociadas em Bolsa de
Valores e, geralmente, têm menos obrigação de divulgar informações.

19
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

De modo geral, as sociedades anônimas têm como vantagens: maior possibilidade de ob-
tenção de fundos por meio da colocação de ações no mercado, maior facilidade de transferência
(negociação) das ações, via Bolsa de Valores e, portanto, vida longa da empresa, melhores con-
dições para manter uma administração profissional e maior capacidade de expansão (Pereira da
Silva, 2010, p. 46).

Como desvantagens, apresentam as seguintes: maiores gastos organizacionais; maior con-


trole por parte do governo, obrigatoriedade de divulgação (por meio da CVM) de informação e
de prestação de contas ao mercado, aos analistas e aos acionistas.

A Lei Nº 11.638/07 determinou a obrigatoriedade de as empresas de grande porte elabo-


rarem demonstrações contábeis semelhantes às sociedades por ações, ainda que não estejam
constituídas como sociedade por ações.

Além da sociedade limitada e da sociedade anônima, existem outros tipos de sociedades


personificadas, que aparecem em menor escala, como:

Sociedade em nome coletivo, regida pelos artigos 1.039 e 1.044 do Código Civil. Somente
pessoas físicas podem tomar parte nesse tipo de sociedade. Os sócios têm responsabilidade soli-
dária e ilimitada. Qualquer responsabilidade assumida por qualquer sócio obriga os demais. Os
bens particulares dos sócios respondem pelas dívidas da sociedade. A administração da sociedade
compete exclusivamente aos sócios. A razão social é composta pelo nome de um, de alguns ou
de todos os sócios. Quando dela não constarem os nomes de todos os sócios, deve vir acrescida
da expressão “& Companhia”.

Sociedade em comandita simples, regida pelos artigos 1.045 a 1.051 do Código Civil.
Os sócios comanditados, pessoas físicas, possuem responsabilidade solidária e ilimitada pelas
obrigações. Os sócios comanditários possuem responsabilidade limitada à quota do capital que
subscreveram. Na razão social pode constar o nome de um, de alguns ou de todos os sócios co-
manditados. Quando não constar o nome de todos, é seguida da expressão “& Companhia”.

Sociedade em comandita por ações, regida pelos artigos 1.090 a 1.092 do Código Civil e
pelas normas das sociedades anônimas. Somente o acionista que tem qualidade para adminis-
trar a sociedade como diretor responde solidária e ilimitadamente. Os acionistas comanditários
possuem responsabilidade limitada à quota do capital que subscreveram. Na razão social, pode
constar o nome de um, de alguns ou de todos os sócios comanditados. Quando não constar o
nome de todos, é seguida da expressão “& Companhia”.

Sociedade cooperativa, regida pelos artigos 1.093 a 1.096 do Código Civil. Entre outras
características, tem a intransferibilidade de suas quotas de capital de terceiros, ainda que por
herança. A sociedade cooperativa será sempre do tipo simples, independentemente de seu obje-

20
EaD
análise financeira

tivo social. Esta sociedade segue também a legislação específica voltada ao cooperativismo. Para
maiores detalhes pesquisar em: lei 5.764, de 16/12/1971, que define a Política Nacional de Coo-
perativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas e dá outras providências.

Síntese da Unidade 1

Nesta Unidade você teve a oportunidade de entender melhor as pre-


missas básicas da análise financeira, a partir do estudo da empresa
e sua estrutura de informações, suas áreas afins, os seus principais
usuários, a importância da informação contábil-financeira e ainda o
contexto legal e fiscal da empresa.

21
EaD

Unidade 2
análise financeira

ETAPAS DO PROCESSO DE ANÁLISE FINANCEIRA

OBJETIVO DESTA UNIDADE

• Conhecer e entender o trabalho de preparação dos dados para análise financeira com destaque
para a revisão dos demonstrativos financeiros da empresa, uma vez que a análise financeira
exige uma elaboração preliminar das peças contábeis, a chamada padronização das demons-
trações contábeis, considerada uma etapa que antecede a análise propriamente dita.

AS SEÇÕES DESTA UNIDADE

Seção 2.1 – Coleta e Conferência da Documentação

Seção 2.2 – Preparação e Processamento das Demonstrações Financeiras

Seção 2.3 – Análise e Conclusão

Nesta Unidade, vamos tratar de todas as etapas que envolvem o trabalho de análise, indo
desde a obtenção dos dados e informações que a sustentam, até a elaboração de um parecer final
e conclusivo sobre a situação econômico-financeira da empresa analisada.

A análise das demonstrações financeiras exige uma preparação preliminar das peças con-
tábeis. O processo de análise como um todo obedece a uma sequência, conforme segue:

a) Coleta de documentação para análise.

b) Conferência da documentação recebida.

c) Padronização das demonstrações financeiras: ajustes na estrutura e nos valores.

d) Análise propriamente dita:

• Cálculo dos indicadores e obtenção de relatórios.

• Análise dos indicadores e relatórios.

• Conclusão e elaboração de pareceres.

23
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

A análise financeira de uma empresa, no entendimento de Pereira da Silva (2010, p. 6),


consiste num minucioso exame dos dados financeiros disponíveis sobre a organização, bem como
das condições endógenas e exógenas que a afetam financeiramente.

Dados financeiros disponíveis são as demonstrações contábeis, programas de investimentos,


projeções de vendas e projeções de fluxo de caixa. Como condições endógenas, podemos citar
estrutura organizacional, capacidade gerencial e nível tecnológico da empresa. Como condições
exógenas, temos fatores de ordem política e econômica, concorrência e fenômenos naturais,
entre outros.

As demonstrações contábeis são apenas canais de informação sobre a empresa, tendo como
objetivo principal subsidiar a tomada de decisão. A análise financeira de uma empresa envolve
basicamente as seguintes atividades:

Figura 1 – Etapas Básicas da Análise Financeira

Coletar → Conferir → Preparar → Processar → Analisar → Concluir

Fonte: Pereira da Silva (2010, p. 6).

Seção 2.1

Coleta e Conferência da Documentação

O produto da análise financeira depende diretamente da completude e confiabilidade dos


dados e informações coletadas. De nada adianta produzirmos indicadores a partir de valores que
não representam a realidade do negócio sob análise.

Quando se trata de companhias sob a supervisão da Comissão de Valores Mobiliários –


CVM –, o trabalho do analista fica facilitado, uma vez que os demonstrativos contábeis, além
de obedecerem a um padrão definido, passam pelo crivo de auditorias externas independentes,
trazendo maior confiabilidade às informações.

Não podemos esquecer, contudo, daquelas empresas não auditadas ou que nem mesmo
apresentam ou elaboram demonstrativos contábeis. Nesses casos, o trabalho do analista torna-
se mais árduo, uma vez que cabe a ele checar os valores apresentados ou mesmo construir os
demonstrativos para análise.

Neste momento de coleta e análise da documentação, uma peça muito importante a ser
estudada são as Notas Explicativas, obrigatórias para as companhias abertas, e que tem como
objetivo clarear e explicar a composição de algumas contas patrimoniais, assim como discorrer

24
EaD
análise financeira

sobre as práticas e critérios contábeis empregados na elaboração dos demonstrativos. Trata-se de


uma leitura prévia obrigatória, que irá facilitar e melhor fundamentar o trabalho e as conclusões
do analista.

Seção 2.2

Preparação e Processamento das Demonstrações Financeiras

A preparação e o processamento das demonstrações financeiras para fins de análise têm por
finalidade levar as peças contábeis a uma padronização que atenda às diretrizes técnicas internas
da instituição ou do profissional que esteja desenvolvendo a análise, atendendo a determinada
finalidade, como subsidiar decisões de investimentos ou de crédito, entre outros objetivos.

Há todo um aparato legal e conceitual que orienta os profissionais da área contábil na


elaboração das demonstrações financeiras.

A legislação comercial, tributária, a Comissão de Valores Mobiliários (CMV), o Conselho


Federal de Contabilidade, o Instituto Brasileiro de Contadores (Ibracon), são alguns dos órgãos
nacionais que cuidam de normas contábeis. Na esfera internacional o Ifac (Internacional Fede-
ration of Accounting), o Iasc (Internacional Accouting Standards Committee) e até a Organiza-
ção das Nações Unidas são exemplos de instituições que têm preocupação com a qualidade das
informações e que emitem normas e orientações de natureza contábil.

No momento, o mundo discute a instituição das Normas Internacionais de Contabilidade


– International Accounting Standard – também divulgadas pela sigla IFRS – International Finan-
cial Reporting Standard – em parte, objeto da Lei 11.638/07. Esta lei aproximou a contabilidade
brasileira aos padrões internacionais.

Assim, as exigências externas da legislação, dos Princípios Contábeis geralmente aceitos


e de outras normas, visando a regulamentar os procedimentos contábeis, têm grande validade,
na medida em que possam transmitir segurança ao analista quanto às técnicas adotadas pela
empresa na elaboração das demonstrações financeiras.

Como já foi mencionado anteriormente, a reclassificação ou padronização das demonstra-


ções financeiras tem como objetivo trazê-las a um padrão de procedimento e de ordenamento na
distribuição das contas, visando a diminuir as diferenças nos critérios utilizados pelas empresas

25
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

na apresentação de tais demonstrações. Outro objetivo é fazer com que as demonstrações aten-
dam às necessidades de análise e sejam apresentadas de forma simples de visualizar e fácil de
entender.

A reclassificação, portanto, tem a finalidade de: trazer todas as demonstrações financeiras


a um mesmo critério, permitindo a comparabilidade entre empresas; fornecer o detalhamento
necessário às diversas etapas do processo de análise, adequando-se a uma política interna que
foi adotada pela empresa ou pelo analista; fornecer índices e indicadores isentos dos efeitos
dos diferentes critérios adotados por diferentes empresas na elaboração de suas demonstrações
financeiras e aprimorar conceitualmente a classificação de um valor com vistas a uma posição
cautelosa, na interpretação do analista.

Seção 2.3

Análise e Conclusão

A fase da análise consiste do estudo das informações disponíveis, principalmente dos


relatórios e indicadores já obtidos, compreendendo a consistência das informações, a observa-
ção das tendências apresentadas pelos números e todas as demais conclusões que possam ser
extraídas do processo.

Esta é uma etapa que exige muito da capacidade de observação, do conhecimento e


experiência do analista. Nessa fase, portanto, há dois focos principais: o primeiro diz respeito
à análise da empresa e dos diversos fatores relacionados a seu risco; já o segundo refere-se à
transação que pretendemos, por exemplo, a compra de ações ou a aprovação de operação ou de
limite de crédito.

Ainda na etapa de análise vamos estudar os conceitos e a operacionalização tanto da análise


vertical e horizontal quanto da chamada análise por índices ou indicadores.

O desenvolvimento da análise das demonstrações financeiras tem como objetivo compre-


ender e avaliar os seguintes aspectos, entre outros:

a) capacidade de pagamento da empresa mediante a geração de caixa;

b) capacidade de remunerar os investidores gerando lucro em níveis compatíveis com suas ex-
pectativas;

c) nível de endividamento, motivo e qualidade do endividamento;

26
EaD
análise financeira

d) políticas operacionais e seus impactos na necessidade de capital de giro da empresa;

e) impacto das decisões estratégicas relacionadas a investimentos e financiamentos.

Sem prejuízo de um parecer final sobre a situação geral da empresa, a ser produzido no
final da análise, à medida que formos apresentando cada um dos métodos e produzindo os res-
pectivos indicadores, comentaremos a respeito do seu conceito e interpretação. Ressaltamos que
os comentários e colocações deste texto, para aprofundamento dos conhecimentos, devem ser
complementados com as leituras indicadas nas referências.

É importante ressaltar que a análise


financeira não pode ser limitada apenas aos
indicadores desta natureza financeira, pois há
uma série de fatores que, mesmo não podendo
ser chamados de financeiros, causam impacto
na saúde financeira da empresa.
1

A etapa que passamos a concluir é uma das fases mais importantes da análise, consistindo
em identificar, ordenar, destacar e escrever sobre os principais pontos e recomendações acerca
da empresa.1

Precisamos ter presente que não basta ser um bom analista, é preciso saber expor seu pa-
recer em linguagem simples, clara, consistente, de modo que o usuário da análise, pela leitura
do relatório, conheça a empresa e possa tomar decisões sobre a mesma. Nesse sentido, vale
ressaltar que o conhecimento prévio do objetivo da análise é fundamental para o analista no
direcionamento e conclusão de seu trabalho.

Síntese da Unidade 2

Nesta Unidade você pôde entender melhor a etapa preparatória que


antecede a análise financeira propriamente dita, considerando a
coleta e conferência das demonstrações financeiras e a sua devida
preparação e processamento para posteriormente iniciar a análise
das informações.

1
Disponível em: <http://www.forex89.com/analise-fundamental/>. Acesso em: 12 maio 2012.

27
EaD

Unidade 3
análise financeira

AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

OBJETIVO DESTA UNIDADE

• Conhecer e entender o significado e as relações entre os principais demonstrativos financei-


ros, considerando a legislação, o ambiente normativo e a obrigatoriedade das demonstrações
contábeis, bem como a harmonização dos procedimentos contábeis brasileiros com os padrões
internacionais, com destaque para o estudo da estrutura do balanço patrimonial e da demons-
tração de resultados do exercício.

AS SEÇÕES DESTA UNIDADE

Seção 3.1 – Fundamentação Legal

Seção 3.2 – Estrutura do Balaço Patrimonial

Seção 3.3 – Estrutura da Demonstração de Resultados do Exercício

Seção 3.1

Fundamentação Legal

A obrigatoriedade das demonstrações financeiras, além da exigência do Código Civil já


mencionado, está previsto no artigo 176 da Lei nº 6.404, de dezembro de 1976 (com as modifi-
cações introduzidas pela Lei nº 11.638, de dezembro de 2007), que estabelece:

Ao fim de cada exercício social, a Diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil
da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão expressar com clareza a
situação patrimonial da companhia e as mutações no exercício:

I – balanço patrimonial;

II – demonstração do resultado do exercício;

29
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

III – demonstrações dos lucros ou prejuízos acumulados ou demonstração das mutações do pa-
trimônio líquido;

IV – demonstração dos fluxos de caixa e

VI – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.

O principal objetivo da Lei nº 11.638/07 foi a busca de uma convergência contábil inter-
nacional, visando, portanto, ao benefício do acesso das empresas brasileiras a capitais externos
a um custo e uma taxa de risco menores.

Seção 3.2

Estrutura do Balanço Patrimonial

A Contabilidade retrata, por meio do balanço, a situação patrimonial da empresa em deter-


minada data, propiciando aos analistas o conhecimento de seus bens e direitos, de suas obrigações
e de sua estrutura patrimonial. Em suma, o balanço retrata a posição patrimonial da organização
em determinado momento, composta por bens, direitos e obrigações. É a fotografia da empresa
em determinado momento, normalmente por ocasião do encerramento do exercício social.

O Balanço Patrimonial, uma das principais peças de aná-


lise financeira, no entendimento de Pereira da Silva (2010, p.
74), retrata a posição patrimonial da empresa em determinado
momento, composta por bens, direitos e obrigações.

O ativo mostra onde a empresa aplicou os recursos, ou seja, os bens e direitos que possui.
O passivo e o patrimônio líquido revelam de onde vieram os recursos, isto é, os recursos prove-
nientes de terceiros e os próprios. Os recursos próprios podem ser originários de capital colocado
na empresa pelos sócios ou de lucro gerado pela empresa e reinvestido nela. No quadro a seguir
podemos verificar esquematicamente como apresentar o balanço.1

1
Disponível em: <http://www.quebarato.com.br/servicos.html?q=Balan%C3%A7o>. Acesso em: 12 maio 2012.

30
EaD
análise financeira

Quadro 1 – Estrutura Conceitual do Balanço Patrimonial

Ativo Passivo + Patrimônio Líquido


Indica onde a empresa aplica os re- Indicam de onde provêm os recursos utilizados pela
cursos de que dispõe. empresa, isto é, quais são as fontes que os fornecem.
Assim, compreende: Assim, os recursos podem ser provenientes de:
• bens e • Terceiros (dívidas):
• direitos ** curto prazo
** longo prazo
• Próprios
** dos sócios
** dos lucros

Fonte: Pereira da Silva (2010, p. 74).

Denomina-se ativo ou patrimônio bruto ao conjunto de bens e direitos possuídos por um


agente econômico em determinado momento – o momento da apuração do Balanço Patrimo-
nial. No ativo, as Contas, representativas dos bens e direitos que registram, estão devidamente
dispostas e agrupadas em ordem decrescente de grau de liquidez, conforme previsto no artigo
178 da Lei 6.404.

Dá-se a denominação de passivo à listagem das obrigações ou exigibilidades da empresa,


que financiam as aplicações demonstradas no ativo ou patrimônio bruto, num determinado mo-
mento, ou seja, o momento da apuração do Balanço Patrimonial. No passivo, as Contas, repre-
sentativas das obrigações ou exigibilidades que registram são devidamente dispostas em ordem
decrescente de exigibilidade, também ordenadas de acordo com o artigo 178 da Lei 6.404.

Denomina-se patrimônio líquido a enumeração e especificação dos recursos próprios da


empresa, que se encontram aplicados no ativo ou patrimônio bruto no momento da apuração do
Balanço Patrimonial. O Patrimônio Líquido, ou Capital Próprio, ou ainda, Situação Líquida da
empresa, vem a ser a diferença entre o ativo e o passivo exigível ou, dito de outra forma, entre
bens e direitos e correspondentes obrigações da empresa. A seguir apresentamos a estrutura
básica do balanço patrimonial.

31
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

Quadro 2 – Estrutura Legal do Balanço Patrimonial

Fonte: Adaptado de Pereira da Silva (2010, p. 96).

32
EaD
análise financeira

3.2.1 – Ativo

As contas do ativo estão dispostas segundo uma suposta ordem de liquidez ou de conversi-
bilidade. Assim, as contas com maior liquidez são as que aparecem na parte superior do ativo e
as de mais difícil realização na parte inferior. Por exemplo, o dinheiro (que é o ativo mais líquido)
que a empresa possui em caixa na data do balanço é classificado no ativo circulante, enquanto os
equipamentos que a empresa usa na produção são classificados no ativo imobilizado. Esse critério
é adotado no Brasil e em outros países para classificar os bens e direitos da empresa no ativo

3.2.1.1 – Ativo Circulante

O primeiro grupo de ativo, Ativo Circulante, compreende as disponibilidades, os direitos


realizáveis no exercício social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do exercício
seguinte. As disponibilidades são compostas pelos recursos financeiros possuídos pela empresa
que podem ser utilizados imediatamente, sem restrições, tais como: caixa, bancos conta movi-
mento, aplicações de liquidez imediata. Os direitos realizáveis no exercício social subsequente
expressam as contas a receber de clientes, a provisão para devedores duvidosos, os estoques, as
aplicações de liquidez não imediata, os adiantamentos a fornecedores e outros valores a receber.
As despesas do exercício seguinte representam algumas despesas antecipadas e que competem
ao exercício social subsequente.

3.2.1.2 – Ativo Não Circulante

O ativo não circulante compreende o ativo realizável a longo prazo, investimentos, imo-
bilizado e o intangível.

O realizável a longo prazo é composto pelas rubricas que tiverem prazo de realização após
o término do exercício seguinte ao do balanço, ou seja, demorarem mais de um ano para serem
recebidas.

Os investimentos podem ser separados em dois grandes grupos: as participações perma-


nentes em outras sociedades e os direitos não classificados no ativo circulante.

O imobilizado compreende os direitos que tenham por objeto bens destinados à manuten-
ção das atividades da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade
industrial e comercial. É representado por bens tangíveis que sejam utilizados nas atividades da
empresa e que não sejam destinados à venda. São exemplos os imóveis e terrenos, máquinas e
equipamentos, equipamentos de informática, veículos, móveis e instalações, imobilizações em
andamento, entre outros.

33
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

O intangível, como o próprio nome diz, é representado por bens incorpóreos, como o valor da
marca, os investimentos em capacitação técnica dos empregados e os sistemas de informatização.

3.2.2 – Passivo

O passivo representa as fontes de recursos utilizadas pela empresa, podendo tais recursos
ser provenientes de terceiros (dívidas) ou dos sócios por meio de aporte de capital ou de lucro
gerado pela própria empresa.

3.2.2.1 – Passivo Circulante

O passivo circulante compreende obrigações vencíveis no exercício social seguinte. As con-


tas mais frequentes são: fornecedores, salários e encargos sociais, impostos e taxas, empréstimos
de curto prazo junto a instituições financeiras, debêntures a curto prazo, e outros.

3.2.2.2 – Passivo não circulante

Estas obrigações, identificadas como de longo prazo, são caracterizadas por terem seus
vencimentos após o término do exercício seguinte, isto é, num prazo superior a um ano. As mais
frequentes são: financiamentos de longo prazo, debêntures de longo prazo, tributos parcelados,
dentre outros.

3.2.2.3 – Patrimônio Líquido

Por fim, no passivo consta o Patrimônio Líquido, ou seja, a parte da empresa que pertence a
seus proprietários. Ele representa as fontes próprias à disposição da empresa. É subdividido em:

Capital Social – no caso das sociedades anônimas, o capital social é representado pelas
ações. Quando se trata de uma sociedade limitada, o capital é dividido em quotas. Na subscrição,
o acionista, sócio ou quotista assume o compromisso perante a própria empresa de participar de
seu capital social, adquirindo determinada quantidade de ações ou de quotas. A integralização
do capital ocorre quando o sócio ou acionista efetua o pagamento à empresa pelas ações ou
quotas que havia subscrito. Capital a integralizar representa as parcelas de capital que foram
subscritas pelos acionistas ou proprietários das empresas e que ainda não foram integralizadas.
É uma conta redutora do “capital subscrito”.

34
EaD
análise financeira

Reservas de capital – constituem-se numa espécie de reforço ao capital social, podendo advir
de ágio na emissão de ações, alienação de partes beneficiárias, alienações de bônus de subscri-
ção, prêmio recebido pela emissão de debêntures, doação de bens e subvenções recebidas pelas
empresas, entre outros. Reservas de Lucros – são constituídas a partir do lucro da empresa.

Ações em tesouraria – são as ações adquiridas pela própria empresa, cujo valor deve ser
deduzido do patrimônio líquido.

Ajustes de Avaliação Patrimonial – referem-se à contrapartida de reavaliações efetuadas


nos bens e obrigações da empresa. Entende-se por reavaliação de bens aqueles ajustes proces-
sados em seus valores como decorrência de laudos de avaliações elaborados por especialistas e/
ou auditores independentes. Essas reavaliações visam a trazer ativos e passivos a preços justos
ou de mercado.

Um aspecto importante do arcabouço contábil das organizações é o seu Plano de Contas,


cujos códigos representam o principal elemento de organização, conforme pode ser observado
no Balanço Patrimonial da Empresa Alfha:

Quadro 3 – Balanço Patrimonial da Empresa Alfha

Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2 20X3


1 Ativo Total – AT 3.807 5.071 6.871
1.01 Ativo Circulante – AC 2.206 2.889 3.957
1.01.01 Disponibilidades 859 1.177 1.862
1.01.02 Créditos/Contas a receber/DR 583 737 844
1.01.03 Estoques 587 675 908
1.01.04 Outros 178 301 342
1.02. Ativo Não Circulante – ANC 1.601 2.182 2.914
1.02.01 Realizável a Longo Prazo – RLP 232 251 267
1.02.02 Investimentos 16 21 141
1.02.03 Imobilizado 1.254 1.747 2.244
1.02.03 Intangível 99 163 262
2 Passivo Total 3.807 5.071 6.871
2.01 Passivo Circulante – PC 1.187 1.355 2.039
2.01.01 Empréstimos e Financiamentos 576 574 1.104
2.01.02 Fornecedores 349 511 604
2.01.03 Impostos, Taxas e Contribuições 50 50 58
2.01.04 Dividendos a Pagar 14 45 1
2.01.05 Provisões 68 75 84
2.01.06 Outros 130 100 187
2.02 Passivo Não circulante – PNC 1.336 1.506 1.445
2.02.01 Empréstimos e Financiamentos 1.182 1.351 1.275
2.02.02 Provisões 133 125 131
2.02.03 Outros 22 70 40
3 Patrimônio Líquido – PL 1.284 2.210 3.387
3.01 Capital Social Integralizado 901 1.601 1.948
3.02 Reservas 128 221 339
3.03 Lucros/Prejuízos Acumulados 254 388 1.101
Fonte: Elaborado pelos autores.

35
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

Seção 3.3

Estrutura da Demonstração de Resultados do Exercício

A demonstração de resultados mostra o lucro ou o prejuízo obtido pela empresa no período.


Expressa o desempenho econômico, por meio das receitas, dos custos e despesas de um período.
É uma demonstração dos aumentos e reduções causados no Patrimônio Líquido pelas operações
da empresa. As receitas representam normalmente aumento do Ativo, mediante ingresso de no-
vos elementos. As despesas representam redução do Patrimônio Líquido, por meio da redução
do ativo, ou do aumento do passivo exigível.

Cabe salientar que a DRE retrata apenas o fluxo econômico e não o fluxo monetário (fluxo
de dinheiro). Para a DRE não importa se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro, bas-
ta apenas que afete o Patrimônio Líquido, entre duas datas. É apresentada de forma dedutiva
(vertical), ou seja, das receitas subtraem-se os custos e as despesas e em seguida indica-se o
resultado (lucro ou prejuízo). Veja o quadro a seguir.

Quadro 4 – Estrutura legal da Demonstração do Resultado do Exercício


D E M O N S T R A Ç Ã O D O R E S U LTA D O D O E X E R C ÍC IO
R E C E ITA O P E R A C IO N A L B R U TA
( - ) Ve n d a s c a n c e la d a s
( - ) A b a tim e n to s s o b re v e n d a s
( - ) Im p o s to s s o b re v e n d a s
R E C E ITA O P E R A C IO N A L L ÍQ U ID A
( - ) C u s to d o s p ro d u to s , m e rc a d o ria s o u s e rv iç o s v e n d id o s
LU C R O B R U TO
( - ) D espesas com vendas
( - ) D e s p e s a s a d m in is tra tiv a s
( - ) D e s p e s a s g e ra is
( -/+ ) O u tra s d e s p e s a s e /o u re c e ita s o p e ra c io n a is
R E S U LTA D O D A S AT IV ID A D E S D A E M P R E S A
( + /- ) R e s u lta d o d a e q u iv a lê n c ia p a trim o n ia l
R E S U LTA D O A N T E S D A S D E S P E S A S E R E C E ITA S F IN A N C E IR A S
( + /- ) D e s p e s a s e /o u re c e ita s fin a n c e ira s (v a ria ç ã o )
R E S U LTA D O A N T E S D O S T R IB U T O S S O B R E O L U C R O
( - ) D e s p e s a s c o m trib u to s s o b re o s lu c ro s
( - ) P a rtic ip a ç õ e s
L U C R O L ÍQ U ID O D O E X E R C ÍC IO
L U C R O L ÍQ U ID O P O R A Ç Ã O
Fonte: Pereira da Silva (2010, p. 126).

3.3.1 – Receita Operacional

A receita operacional decorre das operações normais e habituais da empresa. Se a empresa


é industrial ou comercial, decorre das vendas das mercadorias, se é de prestação de serviços,
decorre dos serviços prestados. A Medida Provisória nº 449/08 não segregou os resultados em
operacionais e não operacionais, deixando estes de existirem conceitualmente.

36
EaD
análise financeira

Receita operacional bruta: representa o faturamento bruto da empresa, também deno-


minada de vendas brutas. Estas vendas ocorrem durante o ano e os preços unitários da venda
de determinados produtos podem variar ao longo do próprio exercício social. Nas empresas
prestadoras de serviços, o faturamento pode ser em função dos serviços prestados ou postos à
disposição do cliente, ou mesmo de tarefas concluídas ou de horas trabalhadas.

Vendas canceladas: são aquelas decorrentes das devoluções efetuadas pelos clientes, em
razão de os produtos não atenderem a suas especificações, apresentarem defeitos, ou por qualquer
outro motivo. São aquelas vendas que não se efetivaram de fato, e que, por razões de registro
contábil, assim são denominadas.

Abatimentos sobre vendas: são decorrentes de descontos especiais concedidos aos clientes
em virtude de defeitos apresentados, por exemplo.

Impostos incidentes sobre vendas: no caso de impostos incidentes sobre vendas, trata-se
de valores que foram transferidos pela empresa para os governos federal (IPI), estadual (ICMS)
ou municipal (ISS), por exemplo. A empresa é mera depositária destes recursos, porém eles são
registrados na Contabilidade.

Receita operacional líquida: é efetivamente a parte da receita que ficará para a empresa
cobrir seus custos e despesas e para gerar lucro. Em síntese, a receita operacional bruta é ge-
rada pela dedução das devoluções, abatimentos e impostos incidentes sobre vendas da receita
operacional bruta conforme podemos visualizar no quadro a seguir.

Quadro 5 – Receita Operacional Bruta

RECEITA OPERACIONAL BRUTA


( - ) Vendas canceladas
( - ) Abatimentos sobre vendas
( - ) Impostos sobre vendas
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA

Fonte: Pereira da Silva (2010, p. 129).

3.3.2 – Custo dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos

A expressão “custo das vendas” é bastante genérica, devendo, por essa razão, ser especi-
ficada por setor da economia:

• Para empresas industriais o custo das vendas é denominado Custo dos Produtos Vendidos
(CPV)

37
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

• Para as empresas comerciais o custo das vendas é denominado Custo das Mercadorias Vendidas
(CMV)

• Para as empresas prestadoras de serviços o custo das vendas é denominado Custo dos Serviços
Prestados (CSP)

3.3.3 – Lucro Bruto

É a diferença entre a receita operacional líquida e o custo dos produtos, mercadorias ou


serviços vendidos. A chamada margem bruta das vendas é a relação percentual entre o lucro
bruto e a receita operacional líquida.

Quadro 6 – Lucro Bruto

RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA


( - ) Custo dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos
LUCRO BRUTO
Fonte: Pereira da Silva (2010, p. 131).

3.3.4 – Despesas operacionais

Despesas operacionais são as necessárias para vender os produtos, administrar a empresa


e financiar as operações. Enfim, são todas as despesas que contribuem para a manutenção da
atividade operacional da empresa. Seus principais grupos são especificados a seguir:

Despesas com vendas: abrangem desde a promoção do produto até sua colocação junto
ao consumidor (comercialização e distribuição). São despesas com o pessoal da área de vendas,
comissões sobre vendas, salários e encargos do pessoal da área de vendas, aluguéis relativos aos
escritórios de vendas, material de escritório, propaganda e publicidade, marketing. Também a
provisão para devedores duvidosos é considerada uma despesa operacional com vendas, porém
não dedutível para fins de apuração do lucro tributável.

Despesas administrativas: são aquelas necessárias para administrar (dirigir) a empresa.


De maneira geral, são gastos nos escritórios que visam à direção ou à gestão da empresa. Podem
ser citados como exemplo: honorários administrativos, salários e encargos sociais do pessoal ad-
ministrativo, aluguéis dos escritórios, materiais do escritório, seguro do escritório, depreciação
de móveis e utensílios, assinatura de jornais e periódicos, etc.

38
EaD
análise financeira

Despesas gerais: as despesas com vendas e administração mencionadas nos tópicos an-
teriores constituem as principais despesas operacionais da empresa. Assim sendo, nos casos
excepcionais em que as despesas gerais sejam elevadas, será necessário que o analista busque
esclarecimentos sobre a sua natureza.

Outras despesas e receitas: com a eliminação das despesas não operacionais, as entidades
deverão apresentar as “outras receitas/despesas” no grupo operacional, ao invés de após a linha
operacional. Assim, a nova estrutura contábil não adota as despesas e receitas não operacionais,
possibilitando seu agrupamento em “outras despesas e receitas”. Para fins de análise financeira,
avaliação de empresas e tomada de decisão, as despesas e as receitas devem ser tratadas como
operacionais quando forem recorrentes.

Resultado de equivalência patrimonial: Conforme o artigo 248 da Lei 6.404, é obrigatório


o uso do método da equivalência patrimonial para avaliação dos investimentos relevantes em
sociedades coligadas, sob cuja administração tenha influência significativa ou de que participe
com 20% ou mais do capital social, e em sociedades controladas. Por este método, a empresa
investidora irá reconhecer em sua demonstração de resultado uma parcela do lucro ou prejuízo
da empresa na qual tem investimentos, na proporção de sua participação no capital da outra.

Resultado antes das receitas e despesas financeiras: este totalizador é sugerido na norma
da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que tem por finalidade expressar o resultado antes
de computar o resultado financeiro.

Despesas e receitas financeiras: as despesas financeiras decorrem dos empréstimos e


financiamentos que a empresa tem ou teve no período junto aos credores. As receitas finan-
ceiras decorrem fundamentalmente das aplicações financeiras feitas pela empresa no período.
Também são contabilizados como receitas financeiras os descontos obtidos por antecipação de
pagamentos a fornecedores.

Imposto sobre o lucro: representa o imposto de renda do exercício que é uma percentagem
do lucro tributável. Cabe destacar que o lucro tributável (chamado pela Receita Federal de lucro
real) difere do lucro contábil que aparece na demonstração de resultado. Segundo a legislação
fiscal, o lucro real (tributável) é o lucro líquido do exercício, mais as despesas não dedutíveis
(consideradas na apuração do lucro líquido), menos os valores autorizados na apuração do lucro
líquido, menos as receitas não tributáveis. Considerando que a legislação fiscal é muito dinâ-
mica no Brasil, apresentando mudanças com relativa frequência, é recomendável que o analista
procure acompanhá-la com atenção para estar a par das possíveis mudanças.

Participações: compreende as participações estatutárias, que representem parcelas dos


lucros destinadas a empregados, diretores, debenturistas ou a portadores de partes beneficiárias,
por exemplo.

39
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

3.3.5 – Lucro líquido do exercício

O lucro líquido indica o resultado do exercício após computar a totalidade das receitas de
vendas, a dedução dos custos dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos, a dedução das
despesas operacionais, as receitas e despesas financeiras em geral, o resultado de equivalência
patrimonial, o imposto de renda, a contribuição social e as participações. O lucro líquido, portanto,
é a parcela do resultado do período que sobrou para os acionistas, os sócios ou os quotistas.

O lucro líquido terá sua destinação orientada pelo estatuto ou contrato social da empresa,
observadas as diretrizes da Lei das S.A., em seus artigos 193 a 203. O lucro líquido é um dos
itens mais importantes para os proprietários da empresa, pois representa o retorno sobre o capital
por eles investidos.

A seguir um exemplo de DRE, em que podem ser observados os códigos do Plano de Contas.

Quadro 7 – Demonstração do Resultado do Exercício da Empresa Alfha

Código Demonstração do Resultado do Exercício 20X1 20X2 20X3


1 Receita Líquida de Vendas e/ou Serviços 5.402 5.670 6.965
2 (-) Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos - 3.870 - 4.059 - 4.998
3 Resultado Bruto 1.532 1.611 1.967
4 (-) Despesas/Receitas Operacionais - 1.146 - 1.327 - 1.543
4.01 Com Vendas - 889 - 1.124 - 1.343
4.02 Administrativas - 60 - 76 - 81
4.03 Honorários dos Administradores - 10 - 10 - 14
4.04 Financeiras Líquidas - 87 - 136 - 111
4.04.01 Receitas Financeiras 12 62 12
4.04.02 Despesas Financeiras - 99 - 198 - 122
4.05 Outras Receitas Operacionais 9 28 35
4.06 Outras Despesas Operacionais - 18 - 8 - 30
4.07 Outros Resultados - 5 - 6 - 21
5 Resultado Antes Tributação/Participações 386 284 424
6 Provisão para IR e Contribuição Social - 63 28 - 49
7 Participações/Contribuições Estatutárias - 29 - 12 - 29
8 Lucro/Prejuízo do Período 294 300 347
Fonte: Elaborado pelos autores.

40
EaD
análise financeira

Síntese da Unidade 3

Nesta Unidade você pôde entender melhor a fundamentação legal e


a respectiva estrutura e as principais contas (e grupos) relativas ao
balanço patrimonial, além de compreender as principais rubricas da
demonstração de resultados do exercício, com destaque para a im-
portância da compreensão dos princípios contábeis na atividade de
análise financeira.

41
EaD

Unidade 4
análise financeira

ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL

OBJETIVO DESTA UNIDADE

• Conhecer e entender a finalidade da análise vertical e a sua importância para avaliar a estrutura
de composição de itens e sua evolução no tempo, e aprender que a análise horizontal aponta
o crescimento dos itens do balanço e da demonstração de resultado através de períodos.

AS SEÇÕES DESTA UNIDADE

Seção 4.1 – Análise Vertical

Seção 4.2 – Análise Horizontal

Os métodos de análise vertical e horizontal prestam valiosa contribuição à estrutura e à


tendência dos números de uma empresa. De acordo com Pereira da Silva (2010, p. 198), a aná-
lise vertical e horizontal podem auxiliar na análise dos índices financeiros e em outros métodos
de análise. No entendimento de Matarazzo (2010, p. 170), por intermédio da análise vertical e
horizontal é possível conhecer pormenores das demonstrações financeiras que escapam à análise
genérica por meio de índices.

Seção 4.1

Análise Vertical

Segundo Pereira da Silva (2010, p. 199), o primeiro propósito da análise vertical (AV) é
mostrar a participação relativa de cada item de uma demonstração contábil em relação a de-
terminado referencial. O percentual de cada conta revela sua real importância no conjunto. No
entendimento de Iudícibus (2010, p. 86), este tipo de análise é importante para avaliar a estrutura
da composição de itens e sua evolução no tempo.

43
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

Para calcularmos os percentuais da coluna da análise vertical (AV), dividimos o valor da


rubrica que queremos calcular pelo valor base e multiplicamos o resultado por cem. Para tanto
podemos utilizar a seguinte fórmula:

RUBRICA
AV = X 100
BASE
AV = Análise Vertical

Rubrica = conta contábil que queremos calcular (ex.: ativo circulante)

Base = no BP usamos o ativo total, na DRE usamos as Vendas Operacionais Líquidas.

Código Balanço Patrimonial 20X1


Exemplo:
1 Ativo Total – AT 3.807
1.01 Ativo Circulante – AC 2.206

Quanto ao cálculo podemos observar que a análise vertical toma o ativo total como base
100%, de modo que o ativo circulante representa 58% do total do ativo.

A análise vertical baseia-se em valores percentuais das demonstrações financeiras e para


isso se calcula o percentual de cada conta em relação a um valor base. No balanço, por exemplo,
é comum determinar quanto por cento representa cada rubrica (e grupo de rubricas) em relação
ao ativo total e na demonstração do resultado do exercício calcula-se o percentual de cada conta
em relação às vendas líquidas ou receitas operacionais líquidas.

Exemplo:

Quadro 1 – Análise Vertical do Ativo em 20X1 da empresa Alfha

1.01 Ativo Circulante – AC 2.207 58,0


1.01.01 Disponibilidades 859 22,6
1.01.02 Créditos 583 15,4
1.01.03 Estoques 587 15,4
1.01.04 Outros 178 4,7
1.02. Ativo Não Circulante 1.600 42,0
1.02.01 Realizável a Longo Prazo – RLP 231 6,1
1.02.02 Investimentos 16 0,4
1.02.03 Imobilizado 1.254 32,9
1.02.03 Intangível 99 2,6
-
2 Passivo Total - PT 3.807 100
Fonte: Elaborado pelos autores.

44
EaD
análise financeira

A partir do exemplo podemos identificar que o Ativo Circulante representa 58% do ativo
total, com as disponibilidades representando 22,5%, os créditos 15,4%, os estoques também
totalizam 15,4% e por fim a rubrica (outros) representa 4,7% do ativo circulante. Podemos veri-
ficar ainda que o Ativo Não Circulante representa 42% do ativo total, o RLP representa 6,1%, os
investimentos somam 0,4%, o imobilizado totaliza 32,9% e o intangível constitui 2,6% do ativo
não circulante.

Conforme Matarazzo (2010, p. 176), os objetivos genéricos da análise vertical são os se-
guintes: mostrar a importância de cada conta em relação à demonstração financeira a que per-
tence e, por meio da comparação com a sua concorrência principal, ou com padrões do ramo ou
ainda com percentuais da própria empresa em anos anteriores, permitir inferir se há itens fora
das proporções normais. Em sentido restrito, destaca-se o seguinte objetivo da Análise Vertical:
indicar a estrutura do Ativo e Passivo, bem como suas modificações (AV).

Para exemplificar vamos verificar como ficou a Análise Vertical do Balanço Patrimonial da
Empresa Alfha:

Quadro 2 – Análise Vertical do Balanço Patrimonial da Empresa Alfha

Fonte: Elaborado pelos autores.

45
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

Veja que neste quadro, para fins de apresentação facilitada, optou-se por realizar os cálculos
sem utilizar casas após a vírgula. Gostaríamos de destacar que sempre é prudente apresentar
os resultados com pelo menos uma casa decimal, ou seja, uma casa após a vírgula. Percebe-se
que os passivos de longo prazo reduziram-se substancialmente, enquanto o patrimônio líquido
cresceu em termos relativos de forma importante, passando de 34% no ano 20X1 para 49% no
ano 20X3, melhorando significativamente a relação do capital de terceiros em relação ao capital
próprio, no período de três anos. Perceba que os passivos circulantes, ou seja, as dívidas de curto
prazo, mantiveram-se constantes em termos percentuais.

Para exemplificar a Análise Vertical da DRE vamos verificar como ficou a AV da empresa
Alpha.

Quadro 3 – Análise Vertical Demonstração de Resultados do Exercício da Empresa Alfha

Fonte: Elaborado pelos autores.

Seção 4.2

Análise Horizontal

Já na análise horizontal (AH), no entendimento de Pereira da Silva (2010, p. 205), o pro-


pósito é permitir o exame da evolução histórica de cada uma das contas de uma série que com-
põe as demonstrações financeiras em relação à demonstração anterior e/ou em relação a uma
demonstração financeira básica, geralmente a mais antiga da série. A evolução de cada conta
mostra os caminhos trilhados pela empresa e as possíveis tendências.

46
EaD
análise financeira

Para Iudícibus (2010 p. 83), “a finalidade principal da análise horizontal é apontar o cres-
cimento dos itens dos balanços e das demonstrações de resultados através dos períodos, a fim
de caracterizar tendências”.

Para calcularmos os percentuais para análise horizontal (AH) dividimos o valor da rubrica
em análise em (Xn) pelo valor da mesma rubrica em (X1) e multiplicamos o resultado por cem.
Para tanto podemos utilizar a seguinte fórmula:
RUBRICA EM ANÁLISE EM Xn
AH = X 100
RUBRICA EM ANÁLISE EM X1

AH = Análise Horizontal

Xn = Rubrica em 20xn

X1 = Rubrica em 20x1

Exemplo:

Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2


1 Ativo Total – AT 3.807 5.071

Quanto ao cálculo podemos observar que a análise horizontal toma o exercício mais antigo
como base 100%, calculando, a partir desse ponto, as evoluções dos valores nos anos seguintes,
de modo que o resultado demonstra um crescimento de 20X1 para 20X2 de 33% do total do ativo.
Em outras palavras, significa dizer que o ativo total cresceu 33% no período.

Exemplo:

Código Balanço Patrimonial 20X1 Base % 20X2 AH %


1 Ativo Total – AT 3.807 100 5.071 133
1.01 Ativo Circulante – AC 2.206 100 2.889 131
1.01.01 Disponibilidades 859 100 1.177 137
Quadro 4 – Análise
1.01.02 CréditosHorizontal do Ativo da Empresa Alfha
583 100 737 126
1.01.03 Estoques 587 100 675 115
1.01.04 Outros 178 100 301 169
1.02. Ativo Não Circulante 1.600 100 2.181 136
1.02.01 Realizável a Longo Prazo – RLP 231 100 251 108
1.02.02 Investimentos 16 100 21 127
1.02.03 Imobilizado 1.254 100 1.747 139
1.02.03 Intangível 99 100 163 165

Fonte: Elaborado pelos autores.

47
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

A partir do exemplo de cálculo para fins da análise horizontal, podemos identificar que,
enquanto o ativo total apresentou um crescimento de 33% no período, o ativo circulante mostrou
um crescimento de 31% de 20X1 para 20X2 e o ativo não circulante experimentou uma elevação
de 36% no mesmo período.

Conforme Matarazzo (2010, p. 176), os objetivos genéricos da análise horizontal são os


seguintes: mostrar a evolução de cada conta das demonstrações financeiras e, pela comparação
entre si, permitir tirar conclusões sobre a evolução da empresa. Em sentido específico, destaca-
se o seguinte objetivo da análise horizontal: analisar em detalhes a evolução e o desempenho
da empresa numa série de períodos (AH).

Para exemplificar vamos verificar como ficou a Análise Horizontal do Balanço Patrimonial
da Empresa Alfha:

Quadro 5 – Análise Horizontal do Balanço Patrimonial da Empresa Alfha

Código Balanço Patrimonial 20X1 AH % 20X2 AH % 20X3 AH %


1 Ativo Total – AT 3.807 100 5.071 133 6.871 180
1.01 Ativo Circulante – AC 2.206 100 2.889 131 3.957 179
1.01.01 Disponibilidades 859 100 1.177 137 1.862 217
1.01.02 Créditos 583 100 737 126 844 145
1.01.03 Estoques 587 100 675 115 908 155
1.01.04 Outros 178 100 301 169 342 192
1.02. Ativo Não Circulante 1.600 100 2.181 136 2.914 182
1.02.01 Realizável a Longo Prazo – RLP 231 100 251 108 267 115
1.02.02 Investimentos 16 100 21 127 141 863
1.02.03 Imobilizado 1.254 100 1.747 139 2.244 179
1.02.03 Intangível 99 100 163 165 262 265
2 Passivo Total - PT 3.807 100 5.071 133 6.871 180
2.01 Passivo Circulante – PC 1.187 100 1.355 114 2.039 172
2.01.01 Empréstimos e Financiamentos 576 100 574 100 1.104 192
2.01.02 Fornecedores 349 100 511 146 604 173
2.01.03 Impostos, Taxas e Contribuições 50 100 50 100 58 117
2.01.04 Dividendos a Pagar 14 100 45 316 1 7
2.01.05 Provisões 68 100 75 110 84 123
2.01.06 Outros 130 100 100 77 187 144
2.02 Passivo Não Circulante 1.336 100 1.506 113 1.445 108
2.02.01 Empréstimos e Financiamentos 1.182 100 1.351 114 1.275 108
2.02.02 Provisões 133 100 125 94 131 98
2.02.03 Outros 22 100 70 325 40 182
3 Patrimônio Líquido – PL 1.284 100 2.210 172 3.387 264
3.01 Capital Social Integralizado 901 100 1.601 178 1.948 216
3.02 Reservas 128 100 221 172 339 264
3.03 Lucros/Prejuízos Acumulados 254 100 388 152 1.101 433

Fonte: Elaborado pelos autores.

48
EaD
análise financeira

Pelo quadro anterior percebe-se que o crescimento horizontal variou no lado do ativo cir-
culante, de forma mais significativa na conta disponibilidades e no lado do passivo circulante,
a conta empréstimos e financiamentos de curto prazo. Na rubrica patrimônio líquido a conta
lucros acumulados alavancou mais o patrimônio da empresa.

Para exemplificar a Análise Horizontal da DRE, vamos verificar como ficou a AH da De-
monstração de Resultados do Exercício da Empresa Alfha:

Quadro 6 – Análise Horizontal da Demonstração de Resultados da Empresa Alfha


Código Demonstração do Resultado do Exercício 20X1 AH % 20X2 AH % 20X3 AH %
1 Receita Líquida de Vendas e/ou Serviços 5.402 100 5.670 105 6.965 129
2 (-) Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos - 3.870 100 - 4.059 105 - 4.998 129
3 Resultado Bruto 1.532 100 1.611 105 1.967 128
4 (-) Despesas/Receitas Operacionais - 1.145 100 - 1.327 116 - 1.543 135
4.01 Com Vendas - 888 100 - 1.124 127 - 1.343 151
4.02 Administrativas - 60 100 - 76 127 - 81 135
4.03 Honorários dos Administradores - 10 100 - 10 101 - 14 142
4.04 Financeiras Líquidas - 87 100 - 136 156 - 111 127
4.04.01 Receitas Financeiras 12 100 62 524 12 97
4.04.02 Despesas Financeiras - 99 100 - 198 201 - 122 124
4.05 Outras Receitas Operacionais 9 100 28 310 35 395
4.06 Outras Despesas Operacionais - 18 100 - 8 46 - 30 164
4.07 outros Resultados - 5 100 - 6 139 - 21 446
5 Resultado Antes Tributação/Participações 386 100 284 74 424 110
6 Provisão para IR e Contribuição Social - 63 100 28 - 44 - 49 77
7 Participações/Contribuições Estatutárias - 29 100 - 12 42 - 29 98
8 Lucro/Prejuízo do Período 295 100 300 102 347 118
Fonte: Elaborado pelos autores.

Síntese da Unidade 4

Nesta Unidade você pôde entender melhor as análises vertical e hori-


zontal e a sua importância na etapa preparatória da análise financeira
considerando a sua utilização de forma conjunta.

49
EaD

Unidade 5
análise financeira

ANÁLISE DA ESTRUTURA E ENDIVIDAMENTO

OBJETIVO DESTA UNIDADE

• Conhecer e entender os índices de endividamento da empresa, procurando retratar a posição


relativa do capital próprio em relação ao capital de terceiros, permitindo identificar a relação
de dependência da empresa em comparação ao capital de terceiros.

AS SEÇÕES DESTA UNIDADE

Seção 5.1 – Participação de Capitais de Terceiros (PTC)

Seção 5.2 – Composição do Endividamento (CE)

Seção 5.3 – Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL)

Seção 5.4 – Endividamento Geral (EG)

Seção 5.5 – Nível de Desconto de Duplicatas (NDD)

Os índices de estrutura e endividamento decorrem das decisões estratégicas da empresa,


relacionadas às decisões financeiras de investimentos, financiamento e distribuição de dividendos.
Relacionam as fontes de fundos entre si, procurando retratar a posição do capital próprio (PL) em
relação ao capital de terceiros, revelando o grau de endividamento, entre outros aspectos.

Seção 5.1

Participação de Capitais de Terceiros (PCT)

O índice de participação de capitais de terceiros, também conhecido como relação entre


fontes de recursos, de acordo com Pereira da Silva (2010, p. 264), indica o percentual de capital
de terceiros em relação ao patrimônio líquido, ou capital próprio, retratando a dependência da
empresa em relação aos recursos externos a ela.

51
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

PCT = Participação de Capitais de Terceiros

PC = Passivo Circulante

PNC = Passivo Não Circulante

PL = Patrimônio Líquido

A interpretação isolada do índice de participação de capitais de terceiros, cujo objetivo é


avaliar o risco da empresa, é no sentido de que “quanto maior, pior”, mantidos constantes os
demais fatores. Para a empresa, entretanto, pode ocorrer que o endividamento lhe permita, pelo
efeito da alavancagem, melhor ganho por ação, mesmo que associado a um risco maior.

A função do analista, porém, não deve se limitar à simples observação da manutenção, subi-
da ou descida do índice, sendo necessário investigar as causas que interferem no comportamento
da empresa. É imperioso identificar e mencionar, por exemplo, que a elevação da dependência
de capitais de terceiros decorre de investimentos estratégicos realizados pela empresa, a fim de
alcançar competitividade no setor em que atua, obviamente se isso condiz com a realidade.

Assim como nas Ciências Jurídicas e Sociais, aqui também podemos ter fatores atenuantes
e agravantes. Cabe, então, produzir comentários sobre os seguintes aspectos:

• prazos de vencimentos das dívidas, considerando que quanto mais longo o prazo melhor é a
situação;

• a participação das dívidas onerosas no passivo circulante. Alto endividamento, por conta ape-
nas de débitos operacionais (fornecedores, impostos sobre vendas e encargos trabalhistas) não
revela, necessariamente, uma má situação;

• o tipo e origem dos empréstimos, principalmente no que diz respeito à moeda e encargos
remuneratórios. Uma dívida em dólares para quem não possui hedge (proteção), natural em
exportações, pode representar um alto risco;

• os passivos ou obrigações não registrados, que forem identificados, devem ser acrescidos para
fins de análise;

• em épocas de inflação, a ausência de correção monetária;

• as reavaliações de ativos;

• ocorrências de cisão, fusão ou incorporação.

52
EaD
análise financeira

Assim como fizemos com a análise vertical e horizontal, aqui também utilizaremos os nú-
meros dos demonstrativos contábeis da Empresa Alfha para elaborar o cálculo dos indicadores,
como é o caso do quadro a seguir, que apresenta a relação entre as fontes de recursos da empresa
nos anos de 20X1, 20X2 e 20X3.

Quadro 1 – Contas do Balanço Patrimonial da Empresa Alfha


– Informações para Cálculo do PCT

Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2 20X3


2.01 Passivo Circulante – PC 1.187 1.355 2.039
2.02 Passivo Não circulante - PNC 1.336 1.506 1.445
3 Patrimônio Líquido – PL 1.284 2.210 3.387
Fonte: Elaborado pelos autores.

Primeiro, precisamos compreender que um índice de 196,50%, observado em 20X1, signi-


fica que os capitais de terceiros superam os capitais próprios em 96,5%. Existia, assim, naquele
momento, uma grande dependência de capitais de terceiros culminando com um alto nível de
endividamento. Em 20X2, no entanto, os capitais de terceiros superam os capitais próprios em
29,46%. Este percentual cai para 2,86% em 20X3, demonstrando que neste último exercício
houve um equilíbrio entre os capitais próprios e de terceiros. Neste caso, percebe-se que o com-
portamento tendencial é de redução da relação capital de terceiros/capital próprio, o que revela
a melhora do nível de endividamento medido pela PCT.

Trata-se do nosso primeiro índice em análise e, por isso mesmo, é importante registrar
que o comentário aqui produzido não representa mais que um exemplo de abordagem. Esse é
o momento mágico da análise financeira, exigindo que o analista exercite todo o poder do seu
intelecto para, com muita perspicácia, estudo e criatividade, produzir a melhor interpretação
possível, condizente com o desempenho atual e perspectivas futuras da empresa.

53
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

Seção 5.2

Composição do Endividamento (CE)

A composição do endividamento, conforme Pereira da Silva (2010, p. 267), indica quanto


da dívida total da empresa deverá ser paga no curto prazo, isto é, as obrigações que vencem
durante o próximo exercício, comparadas com todo o conjunto de obrigações da empresa.

CE = Composição do Endividamento

PC = Passivo Circulante

PNC = Passivo Não Circulante

A interpretação do índice de composição do endividamento é no sentido de que “quanto


maior, pior”, mantidos constantes os demais fatores. Ou seja, se a dívida é elevada, a situação
é extremada se esta dívida está concentrada no curto prazo, pois a pressão pela liquidação dos
débitos é intensa. A razão é que quanto mais dívidas para pagar no curto prazo, maior será a
pressão para a empresa gerar recursos.

Este índice mostra as características do endividamento quanto ao vencimento das dívidas.


É preciso, portanto, conhecer a estrutura geral da empresa quanto à participação de capitais de
terceiros, sua capacidade de geração de recursos e mesmo sua condição de renovar a dívida de
curto prazo junto aos credores.

Para a aplicação da fórmula, aqui também utilizaremos os números extraídos dos demons-
trativos contábeis da Empresa Alfha para elaborar o cálculo dos indicadores, como é o caso do
quadro a seguir, que apresenta a relação entre as fontes de recursos da empresa nos anos de
20X1, 20X2 e 20X3.

Quadro 2 – Contas do Balanço Patrimonial da Empresa Alfha


– Informações para Cálculo da CE

Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2 20X3


2.01 Passivo Circulante – PC 1.187 1.355 2.039
2.02 Passivo Não circulante - PNC 1.336 1.506 1.445
Fonte: Elaborado pelos autores.

54
EaD
análise financeira

De acordo com os resultados da composição de endividamento da Empresa Alfha no período


de 20X1 e 20X2, menos da metade das dívidas vencem no curto prazo, representando 47% do total
e se mantendo constante em ambos os períodos. Este índice, porém, sobe para 58,5% em 20X3,
significando que vencem no curto prazo, neste período, mais da metade dos compromissos.

Não obstante, o fato de a dívida estar praticamente equilibrada nos três períodos, tendo o
indicador piorado em 20X3, concentrando mais dívidas no curto prazo não é, necessariamente,
um fator negativo. É preciso conhecer a estrutura geral da empresa, quanto a sua participação
de capitais de terceiro, sua capacidade de geração de recursos e mesmo sua condição de renovar
a dívida de curto prazo junto aos credores, se necessário.

Seção 5.3

Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL)

O índice de imobilização do patrimônio líquido indica quanto do patrimônio líquido da


empresa está aplicado no ativo não circulante.

IPL = Imobilização do patrimônio líquido

ANC = Ativo não circulante

RLP = Realizável a longo prazo

PL = Patrimônio Líquido

A interpretação do índice de imobilização do patrimônio líquido é no sentido “quanto


maior, pior”, mantidos constantes os demais fatores. Cabe destacar que o índice de imobilização
envolve importantes decisões estratégicas da empresa, quanto à aquisição, aluguel ou leasing
de imóveis, máquinas e equipamentos. São esses investimentos que caracterizam o risco ope-
racional da empresa.

55
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

De acordo com Pereira da Silva (2010, p. 263), os principais pontos a serem observados
pelo analista, com relação ao índice de imobilização, são:

• como variou o patrimônio líquido no período: lucros, prejuízos, aportes de capital, cisões, fusões
e incorporações;

• ocorrências de reavaliações de ativos no período: nos casos de reavaliações, há aumento no


ativo não circulante e no patrimônio líquido pelo mesmo valor, porém em termos de índice
podem gerar variações;

• a participação de cada um dos blocos (investimento, imobilizado e intangível) no ativo não


circulante;

• os investimentos em coligadas e controladas devem ser especificados e as respectivas empresas,


analisadas. É sempre bom conhecer a razão estratégica de tais investimentos;

• os outros investimentos, como obrigações e incentivos fiscais, se relevantes, devem merecer


cuidado;

• quanto ao imobilizado, é necessário conhecer a idade dos equipamentos, o grau de moderni-


zação, a localização das unidades fabris e o critério de depreciação;

• dependendo do tipo de atividade, o analista deve solicitar os detalhes que julgue importante
em cada caso, podendo abranger inclusive o nível de utilização da capacidade de produção,
contratos de leasing, os terrenos adquiridos para construção de fábricas no futuro o que vai
requer novos investimentos de capital).

Vejamos a situação da Empresa Alfha, neste quesito:

Quadro 3 – Contas do Balanço Patrimonial da Empresa Alfha


– Informações para Cálculo do IPL

Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2 20X3


1.02. Ativo Não Circulante 1.600 2.181 2.914
1.02.01 Realizável a Longo Prazo – RLP 231 251 267
3 Patrimônio Líquido – PL 1.284 2.210 3.387
Fonte: Elaborado pelos autores.

56
EaD
análise financeira

Como se constata, a Empresa Alfha, no exercício 20X1 possuía mais de 100% de seu pa-
trimônio líquido imobilizado. Observa-se, porém, que no período de 20X2 e 20X3, de todo o pa-
trimônio líquido apenas em torno de 80% encontrava-se no imobilizado, ou seja, isso demonstra
que houve uma relativa melhora, podendo a empresa utilizar as sobras (20%) para investimento
nos demais itens do ativo, fato que revela uma melhora na situação da empresa nos dois últimos
períodos sob a ótica da estrutura patrimonial e capacidade financeira.

Seção 5.4

Endividamento Geral (EG)

Esse indicador reforça as conclusões tiradas a partir do índice Relação Entre as Fontes de
Recursos, revelando o percentual do ativo que é financiado por capitais de terceiros.

EG = Endividamento geral

PC = Passivo Circulante

PNC = Passivo Não Circulante

AT = Ativo Total

O quadro a seguir revela as informações da Empresa Alfha para aplicação da fórmula:

Quadro 4 – Contas do Balanço Da Empresa Alfha– Informações para Cálculo do EG

Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2 20X3


2.01 Passivo Circulante – PC 1.187 1.355 2.039
2.02 Passivo Não circulante - PNC 1.336 1.506 1.445
1 Ativo Total – AT 3.807 5.071 6.871
Fonte: Elaborado pelos autores.

57
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

Os resultados do endividamento geral revelam que os ativos da Alfha eram financiados


em 66,27% por capitais de terceiros em 20X1, passando para 56,42% em 20X2, reduzindo para
50,71% em 20X3. Ou seja, que o endividamento da Empresa Alfha diminui e situa-se em pata-
mares plenamente aceitáveis, observando o contexto da atual conjuntura econômica.

Considerando que esse indicador encontra-se intimamente vinculado com a “relação entre
fontes de recursos”, ambos indicando a proporção de capital próprio e de terceiros que financiam
os ativos da empresa, podemos perceber que a Empresa Alfha reduziu significativamente a sua
tomada de empréstimos, optando, por sua vez, por aplicar um maior volume de recursos pró-
prios em investimentos realizados no seu ativo imobilizado. Para chegar a essa conclusão basta
verificar a evolução das respectivas contas, diretamente nos quadros que apresentam os ativos
e passivos da empresa. A estratégia mais utilizada, como já comentado na análise horizontal, foi
a retenção e reaplicação de lucros acumulados e não distribuídos.

Seção 5.5

Nível de Desconto de Duplicatas (NDD)

O nível de desconto de duplicatas indica o percentual de títulos descontados em relação


ao total de contas a receber de clientes.

NDD = Nível de desconto de duplicatas

DD = Duplicatas descontadas

DR = Duplicatas a receber

No decorrer do ciclo operacional, muitas vezes as empresas vendem seus produtos a prazo
e emitem duplicatas a seus clientes. Quando precisam de dinheiro, dirigem-se aos bancos para
descontar as referidas duplicatas. Justamente porque as empresas só descontam as duplicatas
quando estiverem precisando de dinheiro é que este índice é do tipo “quanto maior, pior”.

Pereira da Silva (2010, p. 273-274) emite alguns comentários acerca deste índice:

• Normalmente, quanto maior a necessidade de recursos financeiros, maior será o nível de des-
conto de duplicatas, podendo-se até chegar ao extremo de emitir títulos que não correspondam
a uma venda efetuada (duplicata fria).

58
EaD
análise financeira

• Muitas vezes as duplicatas da empresa estão comprometidas como garantia de outras operações
e não há duplicatas para descontar.

No caso da Empresa Alfha, não identificamos operações de desconto de duplicatas nos


finais de período.

Síntese da Unidade 5

Nesta Unidade você se familiarizou com os conceitos e exemplos prá-


ticos da estrutura de endividamento da empresa, a partir dos índices
de participação de capital de terceiros da Empresa Alfha, bem como a
composição do endividamento, a imobilização do patrimônio líquido,
o endividamento geral e o nível de desconto de duplicatas.

59
EaD

Unidade 6
análise financeira

ÍNDICES DE LIQUIDEZ

OBJETIVO DESTA UNIDADE

• Conhecer e entender os indicadores de capacidade da empresa de pagar suas dívidas nas


datas aprazadas, a partir da comparação entre os direitos realizáveis e as exigibilidades, além
de aprender que a liquidez decorre da capacidade de a empresa ser lucrativa, cumprindo com
seus compromissos financeiros assumidos, e de suas decisões estratégicas de investimento e
financiamento.

AS SEÇÕES DESTA UNIDADE

Seção 6.1 – Liquidez Corrente

Seção 6.2 – Liquidez Seca

Seção 6.3 – Liquidez Geral

Os índices desse grupo evidenciam a base da situação financeira da empresa, isto é, cons-
tituem uma apreciação sobre sua capacidade de saldar compromissos a partir da comparação
entre os direitos disponíveis e realizáveis com as obrigações da companhia. Uma empresa com
índices de liquidez superiores à unidade, em tese, tem condições de pagar suas dívidas.

Isso, porém, não significa que ela esteja fazendo tal procedimento. O descasamento de
prazos do fluxo de caixa normalmente traz dificuldades. Se a empresa possui R$ 500 mil para
receber em 60 dias, no entanto tem uma conta a pagar que vence em 30 dias esta empresa ne-
cessariamente deverá buscar suprimento de giro em bancos ou outras fontes de recursos que
não os aplicados na rubrica “contas a receber”.

Cabe salientar que liquidez não é sinônimo de solvência. Liquidez é a capacidade de liqui-
dar as obrigações em dia, por meio do giro dos negócios. Solvência é a capacidade de liquidar
todas as dívidas da empresa, mesmo que para isso tenha de lançar mão até mesmo dos ativos
imobilizados. Tecnicamente, uma empresa encontra-se em situação de insolvência quando o
seu passivo exigível é superior ao ativo total. Nesse caso, diz-se que apresenta “passivo a des-
coberto”.

61
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

Seção 6.1

Liquidez Corrente (LC)

Indica quanto a empresa possui em dinheiro, mais bens e direitos realizáveis no curto prazo
(próximo exercício), comparado com suas dívidas a serem pagas no mesmo período.

LC = Liquidez corrente

AC = Ativo Circulante

PC = Passivo Circulante

Vejamos a situação da Empresa Alfha, neste quesito:

Quadro 1 – Rubricas do Balanço Patrimonial da Empresa Alfha


– Informações para Cálculo da LC

Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2 20X3


1.01 Ativo Circulante – AC 2.206 2.889 3.957
2.01 Passivo Circulante – PC 1.187 1.355 2.039
Fonte: Elaborado pelos autores.

A interpretação desse índice é “quanto maior, melhor”, mantidos constantes os demais


fatores. Este índice é o mais conhecido justamente porque mede a saúde financeira de curto
prazo das empresas. Como medida isolada, porém, não se pode afirmar que a liquidez corrente
é boa ou ruim, pois tudo depende do tipo de atividade da empresa e especialmente do seu ciclo
financeiro.

Para empresas comerciais e industriais, que trabalham com estoques e duplicatas a receber,
tem-se como bom um índice de liquidez acima de “1”. No caso de algumas empresas prestadoras
de serviços, como transportes coletivos urbanos, que recebem suas vendas à vista, índices infe-
riores à unidade podem ser perfeitamente aceitáveis, uma vez que as entradas diárias oportuni-
zarão o cumprimento das obrigações financeiras. Como se vê, a interpretação deste, e também
dos demais índices que estudaremos, precisa considerar as peculiaridades de cada negócio.

62
EaD
análise financeira

Como os números anteriores revelam, a liquidez corrente da Empresa Alfha é muito boa,
mostrando que para cada real de dívida de curto prazo a empresa detém R$ 1,86 de ativos cir-
culantes em 20X1, aumentando para R$ 2,13 em 20X2, e permanecendo em R$ 1,94 em 20X3.
Ou seja, evidencia folga financeira. O conceito de quanto maior melhor também precisa ser
considerado com relatividade, uma vez que altos índices de liquidez podem revelar disfunções
financeiras, como estoques em excesso, adiantamento a fornecedores e elevada inadimplência
de clientes.

Seção 6.2

Liquidez Seca (LS)

Indica quanto a empresa possui em disponibilidades (dinheiro, depósitos bancários à vista


e aplicações financeiras de liquidez imediata), aplicações financeiras de curto prazo e duplicatas
a receber, para fazer frente ante ao seu passivo circulante.

LS = Liquidez Seca

AC = Ativo Circulante

Est = Estoques

PC = Passivo Circulante

A interpretação do índice de liquidez seca segue o mesmo raciocínio dos índices de liquidez
geral e corrente, isto é, “quanto maior, melhor”, mantidos constantes os demais fatores.

O quadro a seguir revela as informações da Empresa Alfha para aplicação da fórmula:

Quadro 2 – Rubricas do Balanço Patrimonial da Empresa Alfha


– Informações para Cálculo da LS

Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2 20X3


1.01 Ativo Circulante – AC 2.206 2.889 3.957
1.01.03 Estoques 587 675 908
2.01 Passivo Circulante – PC 1.187 1.355 2.039

Fonte: Elaborado pelos autores.

63
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

A liquidez seca da Empresa Alfha revela que a empresa não depende da venda de esto-
ques para solver ou liquidar seus compromissos de curto prazo. Embora o índice tenha caído de
20X2 para 20X3, ainda indica que, para cada real de dívida de curto prazo, a empresa dispõe
de R$ 1,50 de circulantes (sem os estoques) para cumprir com os compromissos financeiros de
curto prazo. Quando a empresa não trabalha com estoques, cabe observar que tanto a liquidez
corrente quanto a seca apresentam o mesmo resultado.

Seção 6.3

Liquidez Geral (LG)

Indica quanto a empresa possui em dinheiro, bens e direitos realizáveis a curto e longo
prazos, para fazer frente as suas dívidas totais (passivo exigível).

LG = Liquidez Geral

AC = Ativo Circulante

RLP = Realizável a Longo Prazo

PC = Passivo Circulante

PNC = Passivo Não Circulante

A interpretação desse índice é no sentido de “quanto maior, melhor”, mantidos constantes


os demais fatores.

O índice de liquidez geral é um indicador que subentende que, se a empresa fosse cessar
suas atividades naquele momento, deveria pagar suas dívidas com seu dinheiro (disponibilida-
des) mais seus realizáveis.

64
EaD
análise financeira

As informações da Empresa Alfha para aplicação prática da fórmula podem ser obtidas no
quadro a seguir:

Quadro 3 – Rubrica do Balanço Patrimonial da Empresa Alfha


– Informações para Cálculo da LG

1.01 Ativo Circulante – AC 2.206 2.889 3.957


1.02.01 Realizável a Longo Prazo – RLP 231 251 267
2.01 Passivo Circulante – PC 1.187 1.355 2.039
2.02 Passivo Não circulante 1.336 1.506 1.445
Fonte: Elaborado pelos autores.

O cálculo, em verdade, expressa uma situação mais de solvência do que de liquidez, uma
vez que inclui no denominador todos os passivos de curto e longo prazos. Normalmente uma
empresa apenas liquida todas as obrigações se estiver sendo cogitada sua extinção, o que torna
esse índice pouco significativo para situações normais.

Também nesse aspecto a Alfha apresenta índices positivos ao longo do período analisado.
Demonstra que apresenta plenas condições de pagar todas as suas dívidas, pois possui dinheiro,
bens e direitos realizáveis a curto e longo prazos para cumprir com suas dívidas totais.

Síntese da Unidade 6

Nesta Unidade você pôde entender melhor os índices de liquidez da


Empresa Alfha, a partir do confronto dos ativos realizáveis no curto e
longo prazos com as dívidas, procurando medir o quão sólida é a base
financeira da empresa.

65
EaD

Unidade 7
análise financeira

ANÁLISE DA ATIVIDADE DE ROTAÇÃO

OBJETIVO DESTA UNIDADE

• Conhecer e entender por meio das demonstrações financeiras, quantos dias em média a em-
presa está precisando para renovação de seus estoques; como podem ser calculados e quantos
dias em média, a empresa terá de esperar para receber suas vendas e quantos dias, a empresa
tem para pagar suas compras.

AS SEÇÕES DESTA UNIDADE

Seção 7.1 – Prazo Médio de Estoques (PME)

Seção 7.2 – Prazo Médio de Recebimentos (PMR)

Seção 7.3 – Prazo Médio de Compras (PMC)

Na consecução de suas atividades operacionais, a empresa persegue sistematicamente a


produção de bens ou serviços e, consequentemente, vendas e recebimentos. Busca também um
volume de lucros capazes de satisfazer às expectativas de retorno de suas fontes de financia-
mento.

Cada uma das fases operacionais, a saber, estocagem de materiais, produção, estocagem
de produtos acabados e recebimento das vendas, possui determinada duração.1

Os prazos de rotação constituem-se em catego-


ria de elevada importância para o analista. O balanço
representa sua situação patrimonial em determinado
momento, isto é, de forma estática, sem refletir sua mo-
bilidade, seu dinamismo.

1
Disponível em: <http://www.mundodastribos.com/cursos-online-gratuitos-sebrae-analise-e-planejamento-financeiro.
html>. Acesso em: 12 maio 2012.

67
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

Seção 7.1

Prazo Médio de Estoques (PME)

O prazo médio de estoques indica quantos dias, em média, os produtos ficam armazenados
na empresa antes de serem vendidos. O volume de estoques mantidos por uma empresa decorre
fundamentalmente do seu volume de vendas e de sua política de estocagem. Quanto maiores os
estoques, mais recursos as empresas estão comprometendo com os mesmos.

PME = Prazo médio de estoques

ESTm = Estoque médio (aplicar a fórmula: ((ESTi + ESTf)/2), considerando Ei = estoque inicial
que é o valor do estoque final do ano anterior e Ef = estoque final do exercício atual, dividindo
o resultado da soma por dois.

CPV = Custo dos produtos vendidos

DP = Dias do período considerado (360 dias para um ano)

Do ponto de vista de análise de risco, prazo médio de estoques é um índice do tipo quanto
maior, pior. O conceito de prazos médios está intimamente ligado ao conceito de giro ou rotação,
que representa o número de vezes que, no caso, os estoques são repostos durante o ano. Quanto
maior o prazo médio, maior a rotação, uma vez que para obter o giro, basta dividir os dias do
ano pelo prazo médio observado.

Financeiramente, quanto maior a rotação dos estoques, melhor será a situação da empresa,
pois estará investindo menos recursos nesse tipo de ativo. Resta ter o cuidado para que níveis
baixos de estoque não prejudiquem a produção e as vendas. Vale, aqui, lembrar o conceito do
“Just-in-Time”, que, ao prever a organização do processo produtivo como um todo, inclui a mi-
nimização dos estoques.

A seguir, temos as informações para aplicação da fórmula PME da Empresa Alfha:

Quadro 1 – Informações para o Cálculo do Prazo Médio de Estoques

Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2 20X3


1.01.03 Estoques 587 675 908
Código Demonstração do Resultado do Exercício 20X1 20X2 20X3
2 (-) Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos 3.870 4.059 4.998
Fonte: Elaborado pelos autores.

68
EaD
análise financeira

Inicialmente encontraremos o estoque médio:

ESTm = Estoque médio

ESTi = Estoque inicial (é o valor do estoque final do exercício anterior)

ESTf = Estoque final (é o valor do estoque final do exercício atual)

Devemos observar que neste exemplo poderemos calcular o estoque médio de 20X2 e 20X3,
uma vez que o estoque de 20X1 será considerado o estoque inicial para 20X2.

Uma vez encontrados os valores do estoque médio prosseguimos com a aplicação da fór-
mula de prazo médio de estoques:

Observa-se que a Empresa Alfha vem girando seu estoque no prazo de 56 e 57 dias, respec-
tivamente, para os anos de 20X2 e 20X3. A tendência é de que as empresas procurem girar seus
estoques cada vez mais rápido. Vale ressaltar também que é importante observar a composição
dos estoques (matéria-prima, produtos em processo e produtos acabados), em virtude do tipo de
atividade e dos padrões do segmento de atuação da empresa.

Seção 7.2

Prazo Médio de Recebimentos (PMR)

O prazo médio de recebimento das vendas indica quantos dias, em média, a empresa leva
para receber suas vendas. Por meio dele verifica-se a eficiência da administração na sua políti-
ca de vendas a prazo. O volume de duplicatas a receber é decorrência de dois fatores básicos:
montante de vendas a prazo e prazo concedido aos clientes para pagamento.

69
EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

As vendas a prazo devem seguir uma política de crédito adotada pela empresa e que seja
adequada ao seu tipo de atividade.

PMR = Prazo médio de recebimento das vendas

DRm = Duplicatas a receber médio (aplicar a fórmula: ((DRi + DRf)/2), considerando DRi =
Duplicatas a receber inicial, que é o valor das duplicatas a receber ao final do ano anterior e DRf
= Duplicatas a receber ao final do exercício atual, dividindo o resultado da soma por dois. Esta
conta, no balanço patrimonial, é denominada de “Créditos”.

RLV = Receita Líquida de Vendas e/ou serviços. Na DRE chama-se de Receita Operacional Lí-
quida ou ainda Vendas Líquidas.

DP = Dias do período considerado (360 dias para um ano comercial).

Do ponto de vista de análise de risco, prazo médio de recebimentos de vendas é um índice


do tipo “quanto maior, pior”. Por outro lado, convém analisá-lo juntamente com os prazos de
rotação de estoques e de pagamentos de compras.

Observamos no quadro a seguir as informações para aplicação da fórmula PMR da Em-


presa Alfha:

Quadro 2 – Informações para o Cálculo do Prazo Médio de Recebimento das Vendas

Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2 20X3


1.01.02 Créditos/Contas a receber/DR 583 737 844
Código Demonstração do Resultado do Exercício 20X1 20X2 20X3
1 Receita Líquida de Vendas e/ou Serviços 5.402 5.670 6.965

Fonte: Elaborado pelos autores.

Inicialmente encontraremos o valor das duplicatas a receber médio (créditos ou contas a


receber).

DRm = Duplicatas a receber médio

DRi = Duplicatas a receber inicial (é o valor final das duplicatas a receber do exercício an-
terior)

DRf = Duplicatas a receber final (é o valor das duplicatas a receber final do exercício atual)

70
EaD
análise financeira

Devemos observar que neste exemplo poderemos calcular o índice Duplicatas a Receber
médio de 20X2 e 20X3, uma vez que o duplicatas a receber de 20X1 será considerado o dupli-
catas a receber inicial para 20X2.

Uma vez encontrados os valores do “duplicatas a receber médio” prosseguimos com a


aplicação da fórmula de prazo médio de recebimento das vendas:

Observa-se que a Empresa Alfha vem recebendo suas vendas no prazo de 42 e 41 dias
respectivamente para os anos de 20X2 e 20X3. Os dados da empresa que nos serve de exemplo
revelam uma estabilidade no indicador, que, de qualquer forma, reduziu de 42 para 41 dias no
período, apresentando uma rotação de nove vezes no ano de 20X3.

Seção 7.3
Prazo Médio de Compras (PMC)

O prazo médio de pagamento das compras indica quantos dias, em média, a empresa tem
para pagar seus fornecedores. A partir do PMC podemos calcular o número de vezes em que são
renovadas as dívidas com fornecedores, ou seja, a rotação da conta que expressa as compras a
prazo, denominada fornecedores.

PMC = Prazo médio de pagamento das compras


FORNm = Fornecedores médio (aplicar a fórmula: ((FORNi + FORNf)/2), considerando FORNi
= fornecedores inicial, que é o valor dos fornecedores final do ano anterior e FORNf = fornece-
dores final do exercício atual, dividindo o resultado da soma por dois.

MC = Montante de Compras do período (utilizar fórmula para encontrar MC)

DP = Dias do período considerado (360 dias para um ano)

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EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

A seguir temos as informações para aplicação da fórmula PMC da Empresa Alfha:

Quadro 3 – Informações para o Cálculo do Prazo Médio de


Pagamento das Compras aos Fornecedores

Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2 20X3


1.01.03 Estoques 587 675 908
2.01.02 Fornecedores 349 511 604
Código Demonstração do Resultado do Exercício 20X1 20X2 20X3
2 (-) Custo de Bens e/ou Serviços Vendidos 3.870 4.059 4.998
Fonte: Elaborado pelos autores.

Inicialmente encontraremos o valor dos fornecedores médio.

FORNm = Fornecedores médio

FORNi = Fornecedores inicial (é o valor final dos fornecedores do exercício anterior)

FORNf = Fornecedores final (é o valor dos fornecedores final do exercício atual)

Devemos observar que neste exemplo poderemos calcular os fornecedores médio de 20X2
e 20X3, uma vez que os fornecedores de 20X1 serão considerados fornecedores inicial para
20X2.

Uma vez encontrados os valores dos fornecedores médio, precisamos ainda encontrar o
montante de compras.

MC = Montante de compras

CPV = Custo dos produtos vendidos

ESTi = Estoque inicial (é o valor final dos estoques do exercício anterior)

ESTf = Estoque final (é o valor dos estoques final do exercício atual)

Trata-se de uma informação indispensável para o cálculo do Prazo Médio de Compras.

72
EaD
análise financeira

Uma vez encontrados os valores dos fornecedores médio e do montante de compras, pros-
seguimos com a aplicação da fórmula de prazo médio de pagamento das compras:

Observa-se que a Empresa Alfha vem pagando suas compras para seus fornecedores em
37 e 38 dias respectivamente nos anos de 20X2 e 20X3. Os dados da empresa que nos serve de
exemplo revelam uma estabilidade no indicador, que, de qualquer forma, aumentou o prazo de
pagamento das compras em três dias no período, apresentando uma rotação de nove vezes em
20X3.

Neste momento poder-se-ia ainda avaliar o prazo relativo de duplicatas, que indica a re-
lação entre as duplicatas a pagar e as duplicatas a receber. Caso esta relação seja maior que um,
poderíamos dizer que os fornecedores financiam os clientes. Caso esta relação seja menor que
um, parte dos clientes são financiados por outros capitais de terceiros ou por capital próprio.

Síntese da Unidade 7

Nesta Unidade você foi convidado a entender melhor que os prazos


de rotação constituem-se em categoria de elevada importância para o
analista, considerando que prazo de rotação de estoques, recebimento
de vendas e pagamento de compras envolvem as operações da empresa
que demandam a aplicação de recursos em itens do ativo circulante,
como estoques e duplicatas a receber. A gestão eficaz desses prazos
otimiza o ciclo financeiro dos negócios, ou seja, o ciclo da necessidade
de capital de giro.

73
EaD

Unidade 8
análise financeira

ANÁLISE DA ATIVIDADE DE RETORNO

OBJETIVO DESTA UNIDADE

• Conhecer e entender o uso dos índices de retorno, também conhecidos por índices de lucra-
tividade ou mesmo de rentabilidade, pois indicam qual o retorno que o empreendimento está
proporcionando. Busca-se também compreender quais são os principais indicadores e ferra-
mentas de análise da atividade de retorno, mediante análise das demonstrações contábeis,
obter os indicadores de retorno sobre o investimento, retorno sobre as vendas e sobre o capital
próprio.

AS SEÇÕES DESTA UNIDADE

Seção 8.1 – Giro do Ativo (GA)

Seção 8.2 – Margem Líquida Sobre Vendas (MLSV)

Seção 8.3 – Retorno Sobre o Ativo (RSA)

Seção 8.4 – Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (RSPL)

Como se sabe, o lucro é o principal estímulo do empresário e uma das formas de avaliação
do êxito de um empreendimento. Maximizar a rentabilidade sobre o capital investido é o princi-
pal objetivo econômico de uma gestão financeira eficaz. Este índice, dentre outros, é calculado
nesta Unidade. 1

Podemos afirmar então que a avaliação por meio


da Atividade de Retorno é uma das tarefas mais importan-
tes do analista financeiro, pois oferece informações para
entender a perspectiva de sucesso econômico e financeiro
de uma organização.
1

1
Disponível em: <http://blog.scrumhalf.com.br/2011/10/roi-retorno-sobre-investimento/>. Acesso em: 12 maio 2012.

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EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

O volume de atividades da empresa (giro) e o resultado decorrente dessa atividade (margem)


irão interferir nos demais indicadores. Os índices de retorno, também conhecidos por índices de
lucratividade ou mesmo rentabilidade, indicam qual o retorno que o empreendimento está pro-
porcionando. Entre os indicadores de rentabilidade destacamos o retorno sobre o investimento,
o retorno sobre as vendas e o retorno sobre o capital próprio.

Seção 8.1

Giro do Ativo (GA)

O giro do ativo estabelece a relação entre o volume de vendas do período e os investimentos


totais médios efetuados na empresa, representados pelo ativo total médio.

GA = Giro do Ativo
VL = Vendas Líquidas
ATm = Ativo Total médio (aplicar a fórmula: ((ATi + ATf)/2), considerando ATi = ativo total ini-
cial, que é o valor do ativo total final do ano anterior e ATf = ativo total final do exercício atual,
dividindo o resultado da soma por dois.

Observamos no quadro a seguir as informações para aplicação da fórmula GA da Empresa


Alfha:

Quadro 1 – Dados para Cálculo do Giro dos Ativos

Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2 20X3


1 Ativo Total – AT 3.807 5.071 6.871
Código Demonstração do Resultado do Exercício 20X1 20X2 20X3
1 Receita Líquida de Vendas e/ou Serviços 5.402 5.670 6.965
Fonte: Elaborado pelos autores.

Inicialmente encontraremos o valor do ativo total médio.

ATm = Ativo total médio


ATi = Ativo total inicial (é o valor final do ativo total do exercício anterior)
ATf = Ativo total final (é o valor do ativo total final do exercício atual)

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EaD
análise financeira

Devemos observar que neste exemplo poderemos calcular o ativo total médio de 20X2 e
20X3, uma vez que o ativo total de 20X1 será considerado ativo total inicial para 20X2.

Uma vez encontrados os valores do ativo total médio prosseguimos com a aplicação da
fórmula do giro do ativo:

Os resultados da Empresa Alfha mostram que diminui seu giro do ativo de 1,28 vezes em
20X2 para 1,17 em 20X3, resultado de um crescimento superior dos ativos em relação ao volume
de vendas no período.

A interpretação isolada do índice, evidentemente, é no sentido de “quanto maior, melhor”,


indicando o nível de eficiência com que são utilizados os recursos aplicados na empresa, com vistas
à geração de receitas. Cabem algumas observações, que interferem no cálculo do indicador:

• O ativo total poderá estar subavaliado em virtude da inadequação ou inexistência dos índices
de atualização monetária do ativo permanente, no caso de existência de inflação.

• Eventuais reavaliações de ativos podem interferir na variação do giro do ativo de um ano para
outro, bem como na sua comparação com os padrões do ramo de atividade.

• Existência de itens representativos no ativo, que não estejam relacionados com produção e
vendas, podem sobreavaliar o ativo e prejudicar o significado do indicador.

• Empresas em fase de expansão, que adquirem ativos permanentes durante o período, também
introduzem imperfeição no índice, uma vez que esses ativos não foram utilizados no processo
produtivo durante todo o período.

• Caso não tenha havido mudanças expressivas no valor do ativo total, de um ano para outro,
podemos utilizar o ativo total no final do ano que está sendo analisado, em vez do ativo total
médio.

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EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

Seção 8.2

Margem Líquida Sobre Vendas (MLSV)

Compara o lucro líquido em relação às vendas líquidas do período, fornecendo o percentual


de lucro que a empresa está obtendo em relação ao seu faturamento líquido. Este índice também
é conhecido como Lucratividade das Vendas.

MLSV = Margem líquida sobre vendas


LL = Lucro líquido
VL = Vendas líquidas

Observamos no quadro a seguir, as informações para aplicação da fórmula de MLSV da


Empresa Alfha:

Quadro 2 – Dados Para Cálculo da Margem de Lucro Sobre as Vendas (Lucratividade das Vendas)

Código Demonstração do Resultado do Exercício 20X1 20X2 20X3


1 Receita Líquida de Vendas e/ou Serviços 5.402 5.670 6.965
8 Lucro/Prejuízo do Período 295 300 347
Fonte: Elaborado pelos autores.

Prosseguimos com a aplicação da fórmula da margem líquida sobre vendas:

Podemos observar que a margem líquida sobre as vendas da Empresa Alfha diminui de
5,46% em 20X1 para 4,98% em 20X3. Este resultado, apesar de expressar uma queda pequena,
demanda a necessidade de ajustes por parte da empresa, no seu patamar de receitas ou de cus-
tos, ou de ambos, conjuntamente.

A exemplo de todos os indicadores de rentabilidade, a interpretação do índice é no sen-


tido de “quanto maior, melhor”. Alguns comentários importantes a respeito da qualidade do
indicador:

78
EaD
análise financeira

• Tanto o lucro líquido do período quanto as vendas líquidas, no caso de uma economia inflacio-
nária, tendem a estar desatualizados, podendo, portanto, conter distorções no cálculo do índice
se não houver instrumento de atualização monetária dos valores.

• O lucro líquido pode conter valores expressivos relativos a despesas ou receitas não operacio-
nais.

• O resultado da equivalência patrimonial deve ser investigado para conhecer sua origem nas
controladas ou coligadas.

• O critério de avaliação dos estoques e de apropriação dos custos pode interferir no valor do
CMV e, portanto, no lucro.

Seção 8.3

Retorno Sobre o Ativo (RSA)

O índice de retorno sobre o ativo indica o retorno que a empresa propicia em relação aos
investimentos totais representados pelo ativo total médio.

RSA = Retorno sobre o ativo

LL = Lucro líquido

ATm = Ativo total médio (aplicar a fórmula: ((ATi + ATf)/2), considerando ATi = ativo total
inicial, que é o valor do ativo total final do ano anterior e ATf = ativo total final do exercício atual,
dividindo o resultado da soma por dois.

Observamos no quadro a seguir as informações para aplicação da fórmula de RSA da


Empresa Alfha:

Quadro 3 – Dados para Cálculo do Retorno sobre o Ativo

Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2 20X3


1 Ativo Total – AT 3.807 5.071 6.871
Código Demonstração do Resultado do Exercício 20X1 20X2 20X3
8 Lucro/Prejuízo do Período 295 300 347

Fonte: Elaborado pelos autores.

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EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

Devemos observar que neste exemplo poderemos calcular o ativo total médio de 20X2 e
20X3, uma vez que o ativo total de 20X1 será considerado ativo total inicial para 20X2.

Uma vez encontrados os valores do ativo total médio prosseguimos com a aplicação da
fórmula do retorno sobre o ativo:

A interpretação do retorno sobre o ativo é no sentido de “quanto maior, melhor”. Para a


Empresa Alfha, em 20X2, representou 6,76%, ou seja, para cada R$ 100,00 do ativo total médio,
a empresa gerou um lucro líquido de R$ 6,76, diminuindo em 20X3 para R$ 5,81. Em síntese, o
retorno sobre o ativo é o produto do giro do ativo pelo retorno sobre as venda. Esse retorno nos
informa o percentual de remuneração dos ativos. Este índice pode ser comparado com uma aplica-
ção financeira conservadora, a exemplo de aplicações em poupança ou em títulos de renda fixa.

Seção 8.4

Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (RSPL)

O índice de retorno sobre o patrimônio líquido indica quanto de prêmio os acionistas ou


proprietários da empresa estão obtendo em relação aos seus investimentos de capital próprio no
empreendimento. O lucro líquido é o prêmio do investidor pelo risco do negócio. Evidentemente,
quanto maior o retorno, melhor.

RSPL = Retorno sobre o patrimônio líquido


LL = Lucro líquido
PLm = Patrimônio líquido médio (aplicar a fórmula: ((PLi + PLf)/2), considerando PLi = patri-
mônio líquido inicial, que é o valor do PL final do ano anterior e PLf = patrimônio líquido final
do exercício atual, dividindo o resultado da soma por dois.

80
EaD
análise financeira

Observamos no quadro a seguir as informações para aplicação da fórmula RSPL da Em-


presa Alfha:

Quadro 4 – Dados para Cálculo do Retorno sobre o Patrimônio Líquido

Código Balanço Patrimonial 20X1 20X2 20X3


3 Patrimônio Líquido – PL 1.284 2.210 3.387
Código Demonstração do Resultado do Exercício 20X1 20X2 20X3
8 Lucro/Prejuízo do Período 295 300 347
Fonte: Elaborado pelos autores.

Inicialmente encontraremos o valor do patrimônio líquido médio.

PLm = Patrimônio líquido médio


PLi = Patrimônio líquido inicial (é o valor final PL do exercício anterior)
PLf = Patrimônio líquido (é o valor do PL final do exercício atual)

Devemos observar que neste exemplo poderemos calcular o patrimônio liquido médio
de 20X2 e 20X3, uma vez que o patrimônio líquido de 20X1 será considerado PL inicial para
20X2.

Uma vez encontrados os valores do patrimônio líquido médio prosseguimos com a aplicação
da fórmula do retorno sobre o ativo:

Os índices de retorno em geral, e o RSPL especialmente, indicam a vitalidade da empresa,


que muitas vezes se deteriora a partir de sua fraca capacidade de gerar lucro. O retorno obtido
pelos proprietários do capital define a atratividade da empresa, determinando a catalisação ou
fuga de investidores.

A interpretação do retorno sobre o patrimônio líquido é no sentido de “quanto maior, melhor”.


Para a Empresa Alfha, em 20X2, representou 17%, ou seja, para cada R$ 100,00 de patrimônio
líquido médio investido no período, a empresa gerou um lucro líquido de R$ 17,00, diminuindo
em 20X3 para R$ 12,00, representando 12% de retorno do capital próprio nesse período.

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EaD
Ivo Ney Kuhn – Amauri Luis Lampert

Os resultados deste índice podem ser comparados com aplicações financeiras de risco médio
ou alto, uma vez que expressam apenas o capital próprio investido no empreendimento e não o
capital total ou patrimônio bruto, como é o caso do índice de retorno sobre o ativo total.

Percebam que os índices de retorno adotam como base os diversos tipos de capital para
a análise (Ativo Total e Patrimônio Líquido) e como numerador é utilizado o lucro líquido final
do exercício social. Assim, estes indicadores explicitam a remuneração dos diversos tipos de
capitais investidos.

Síntese da Unidade 8

Nesta Unidade você foi desafiado a entender melhor a atividade de


retorno da empresa e as relações entre resultados e investimentos e
de que maneira elas se relacionam na formação da taxa de retorno de
capital dos acionistas, além de aprender que se trata de uma ferramenta
de análise da mais absoluta praticidade, aplicável a quase todas as
situações e ramos de atividade. A remuneração sobre o capital inves-
tido é um dos objetivos principais da administração financeira. Dessa
forma, cabe ao analista fornecer estas informações para o processo de
tomadas de decisão, financeiramente correto.

Bem, finalizamos os estudos da análise financeira. Esperamos que você aplique todos
estes conhecimentos em suas incursões pelo mundo das empresas em que atuará. Bom proveito
e muito sucesso.

E, para seu maior conforto, criamos um quadro que faz a síntese de todos os conteúdos
que tratam dos índices financeiros e que estudamos neste livro

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EaD
análise financeira

83
EaD

Referências
análise financeira

ABREU, Aline França de; ABREU, Pedro Felipe de. Sistemas de informações gerenciais. Uma
abordagem orientada à gestão empresarial. Florianópolis: Igti, 2002.

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CFC. Conselho Federal de Contabilidade. Estruturação de demonstrações contábeis. Brasília,


1993. Caderno.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de balanços. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MATARAZZO, Dante C. Análise financeira de balanços: abordagem gerencial. 7. ed. São Paulo:
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OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e


práticas. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

PEREIRA DA SILVA, José. Análise financeira das empresas. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

SAIBA MAIS, LENDO E ESTUDANDO AS SUGESTÕES DE LEITURA

BASSO, Irani Paulo. Contabilidade geral básica. 4. ed. Ijuí: Ed. Unijuí, 2011.

GITMAN, Lawrence J. Princípios da administração financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Pren-
tice Hall, 2010.

HOJI, Masakasu. Administração financeira e orçamentária: matemática financeira aplicada,


estratégias financeiras, orçamento empresarial. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

HONG, Y. C.; MARQUES, F.; PRADO, L. Contabilidade e finanças para não especialistas. 3. ed.
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MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis. São Paulo: Atlas, 2001.

MARTINS, Eliseu. Administração financeira. São Paulo: Atlas, 1996.

NETO, Assaf. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. São Paulo:


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PADOVEZE, C. L. Análise das demonstrações financeiras. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning,
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PADOVEZE, Clóvis Luis. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 1996.

TREUHERZ, Rolf M. Análise financeira por objetivos. São Paulo: Editora Pioneira, 1999.

WALTER, Milton Augusto. Introdução à análise de balanços. São Paulo: Saraiva, 1981.

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