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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA - UFRB

Discente: Samile de Souza Carvalho Julho de 2017

História 2017.1

VERNANT, Jean Pierre. O Universo Espiritual da Polis. As Origens do Pensamento Grego.


Rio de Janeiro, Difusão Editorial SA-Difel, 2002.

Jean Pierre Vernant nasceu em Provins (comuna francesa) em 1914, foi um filósofo,
historiador e antropólogo, especialista na Grécia Antiga tendo como foco principal a Mitologia
Grega. Na produção: “As Origens do Pensamento Grego”, Vernant observa o contexto histórico
do nascimento do pensamento filosófico na Grécia, levando em consideração fatores sociais,
político e econômico.

No “Universo Espiritual da Polis”, capítulo quatro do livro, o autor coloca o


surgimento da polis como um acontecimento que transformou a vida social e a forma como os
homens se relacionavam.

O poder da palavra e a publicidade eram as principais armas usadas para impor um


governo democrático e derrubar a aristocracia. A principal característica do sistema da polis é
o empoderamento da palavra. Esta, tornou-se uma divindade, peithó (poder da persuasão). Eram
promovidos debates abertos que tratavam de questões sociais e políticas, estabelecendo padrões
e leis, onde saiam vitoriosos os que tinham o maior domínio da palavra, maior força de
persuasão.

A escrita teve relevante importância para a veiculação e legitimidade das leis


transformando assim, o sistema jurídico da época tirando a autoridade do basileis e abrindo
para o público a possibilidade de assistir e participar dos julgamentos. Sem perder a sua
superioridade, a escrita tornou-se comum a todos que desejassem publicar os seus ensinamentos
seja através de livros ou parápegmas (inscrição monumental em pedras), colocando seus
pensamentos em evidência submetendo-os à possíveis críticas, diferentemente dos escribas que
escrevem normas, informações astronômicas e tábuas de cronologia que se declaram
verdadeiras e incontestáveis.

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A religião também sofreu mutações com o surgimento da polis, ela foi transformada
num patrimônio público, os objetos sagrados foram tomados e levados para o templo, onde
todos podiam entrar e exercer a sua fé. Os deuses perderam o seu caráter misterioso e a sua
simbologia, foram reduzidos a imagens, sem qualquer função significante.

Essa série de mudanças não foram aceitas de forma pacífica em toda a Grécia, as
monarquias absolutistas em províncias como Esparta, potência militar da época, não admitiram
que seu poderoso império fosse derrubado, seus monarcas fossem julgados e tivessem que
prestar contas como os outros homens, e que os mistérios de sua divindade fossem revelados e
reduzidos a imagem. Então foram travadas lutas sangrentas, que destruíram o pequeno exército
espartano.

Mas apesar da resistência, a aristocracia acabou caindo, o poder já não se concentrava


nas mãos de um rei. Em Esparta, a ordem e a lei foi estabelecida, mas através de guerras e
segundo Vernant, é por isso que a palavra não é instrumento de poder político na província, a
política está ligada ao phobos (medo), que domina todos os seus cidadãos e os fazem curvar-se
à obediência.

A palavra se tornou um forte instrumento de dominação, aliada a política, ela usou de


todos os recursos possíveis para destruir a Monarquia Absolutista e garantir sua hegemonia
sobre a população e sobre os outros governos. As ideias eram argumentadas, levadas à ágora
onde aconteciam debates entusiasmados que decidiriam assuntos importantes de cunho político
e social, as leis passaram a ser escritas e expostas para que todos tomem conhecimento dos seus
direitos e deveres, sendo suscetíveis a crítica, outra característica da polis era a isonomia, que
julgava todos da mesma forma.

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