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Guerrilha na Amazônia: uma experiência no passado, o presente e o futuro
Parte 1 O Passado Link
Parte 2 A Guerrilha do Araguaia Link
Parte 3 A Experiência do rio Traíra Link
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Nota: O Série de artigos "Guerrilha na Amazônia: uma experiência no passado, o presente
e o futuro", foi produzida como uma posição do Exército Brasileiro referente à Amazônia,
nos anos 90.
O seu autor, na época Coronel de infantaria, atuava como oficial de ligação do Exécito
Brasileiro junto ao Centro de Armas Combinadas e à Escola de Comando e Estado-Maior
do Exército dos EUA, apresenta uma visão abrangente e relata com detalhes dois pontos
importantes a Guerrilha do Araguaia (Parte 2) e a Ação do Rio Traíra (Parte 3).
Hoje, no posto de General de Brigada (reserva) escreve sobre assuntos militares com
vários artigos publicados em DefesaNet
Artigo publicado originalmente na:
Military Review 1º Trim 95 Ed Português
Military Review t - Oct 95 Edição Español
Military Review March-April 96 English Edition
Avaialble on pdf 2MB pdf Link
A Amazônia Brasileira foi elevada à situação de área estratégica prioritária, em face dos
múltiplos conflitantes aspectos que a caracterizam, conferindolhe uma problemática
política, econômica, psicossocial e militar altamente especial, delicada e sensível. O
presente artigo procura decodificar as lições aprendidas nas diversas experiências de
guerrilha vivenciadas na Amazônia, tentando estabelecer um paralelo entre o passado, o
presente e o futuro.
ACONQUISTA da Amazônia tem sido, desde os primórdios da nossa colonização, uma
epopéia escrita com sangue, coragem e determi nação. E o sangue foi derramado em
acirrados combates na selva onde a criatividade e a implacabilidade das técnicas da
guerra de guerrilhas sempre estiveram presentes.
Não foi, entretanto, uma conquista pacífica. Lutas violentas foram travadas pelas forças
lusobrasileiras para expulsão de ingleses, franceses, holandeses e irlandeses que, em
incursões permanentes para exploração e comércio de especiarias, pro curavam também
o domínio da terra, com a edificação de fortificações às margens de alguns dos rios da
região.
É importante ressaltar que Pedro Teixeira também se destacou nas lutas para reduzir e
pacificar os índios Tupinambás que amea çaram a conquista portuguesa de Belém e de
outras localidades litorâneas entre esta e São Luís, como Cumã e Caités. Nestas lutas ra
tificou a sua condição de chefe militar astuto e audacioso, quando demonstrou de forma
plena que a mais eficiente forma de se combater a ação tipicamente guerrilheira
tupinambá era também empregar a técnica da guerrilha.
Pedro Teixeira foi nomeado CapitãoMor do Grão Pará, função equivalente, hoje, a de
Comandante Militar da Amazônia. Vítima de rápida e insidiosa moléstia veio a falecer em
Belém, em 1641. Seus restos mortais permanecem na Catedral Metropolitana de Belém,
erguida no século XVII, na mesma área em que foi construído o Forte do Presépio,
atualmente denominado Forte do Castelo.1
Em janeiro de 1903, após acirrados combates, as forças bolivianas são definitiva mente
derrotadas e batem em retirada. Plácido de Castro é aclamado governador do Estado
Independente do Acre. Em 17 de janeiro de 1903, numa vitória diplomática do Barão do
Rio Branco, é assinado o Tratado de Petrópolis. O Brasil compra a região, da Bolívia, por
dois milhões de libras esterlinas, compromentendose a construir a estrada de ferro
MadeiraMamoré e a indenizar o Bolivian Syndicate com 110 mil libras esterlinas. Em 25 de
fevereiro de 1904, o Estado Independente do Acre é dissolvido, sendo incorporado à
Federação Brasileira como Território Federal do Acre.
Numa análise de maior profundidade é possível verificar que Plácido de Castro conjugou,
no campo da estratégia geral, com rara habilidade e compreensão, os fatores fisiográficos,
políticos, econômicos e sociais que desembocaram na luta armada. Em suas operações
militares, aplicou estratégia de genuína inspiração napoleônica, dentro dos clássicos
princípios da arte da guerra, numa movimentada campanha de guerrilhas, com reduzidos
efetivos, adaptando perfeitamente a conduta das operações às condições meteorológicas
e ao terreno.2
Ficam assim registrados dois exemplos históricos de campanhas militares ama zônicas de
grande significado político estratégico, de enorme conotação patriótica, onde a técnica da
guerra de guerrilhas foi de fundamental importância.
GUERRILHA NA AMAZÔNIA:
UMA EXPERIÊNCIA NO PASSADO,
O PRESENTE E O FUTURO
(matéria em três partes)
Publicado em DefesaNet originalmente em Novembro de 2005
DefesaNet
Guerrilha na Amazônia: uma experiência no passado, o presente e o futuro
Parte 1 O Passado Link
Parte 2 A Guerrilha do Araguaia Link
Parte 3 A Experiência do rio Traíra Link
DefesaNet
Nota: O Série de artigos "Guerrilha na Amazônia: uma experiência no
passado, o presente e o futuro", foi produzida como uma posição do
Exército Brasileiro referente à Amazônia, nos anos 90.
O seu autor, na época Coronel de infantaria, atuava como oficial de
ligação do Exécito Brasileiro junto ao Centro de Armas Combinadas e à
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército dos EUA, apresenta uma
visão abrangente e relata com detalhes dois pontos importantes a
Guerrilha do Araguaia (Parte 2) e a Ação do Rio Traíra (Parte 3).
Hoje, no posto de General de Brigada (reserva) escreve sobre assuntos
militares com vários artigos publicados em DefesaNet
Artigo publicado originalmente na:
Military Review 1º Trim 95 Ed Português
Military Review t - Oct 95 Edição Español
Military Review March-April 96 English Edition
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Esta solenidade de grande significado cívico, assistida por milhares de habitantes daquela
progressista cidade paraense, materializou o término daquela que foi a primeira grande
operação militar realizada pelas forças armadas brasileiras na Amazônia, a Operação
Carajás 70.
Empregando efetivos das três forças singulares, e contando com a participação de várias
unidades não sediadas na Amazônia, a Operação Carajás 70 vivenciou um quadro de
contra-guerrilha em ambiente de selva, e se constituiu num excelente adestramento
conjunto. Todavia, mais do que atingir um objetivo de adestramento, aquela manobra teve
como principal finalidade uma ação de presença e de dissuasão, tendo em vista que,
àquela época, os indícios da presença de um foco de guerrilha rural na região conhecida
como "Bico do Papagaio" (fronteira entre os Estados do Maranhão, do Pará e de Goiás)
tornavam-se cada vez mais intensos.
Por outro lado, a posição da área próxima a importantes eixos rodoviários era extrema
mente favorável porque a região recebia um considerável número de novos colonos e isto
permitia o ingresso de reforços sigilosamente. No campo militar, a escolha do local foi
muito inteligente, porque a região englobava território de dois Comandos Militares de Área,
o da Amazônia e o do Planalto. E tal fato ao início das operações provocou problemas de
coordenação e controle, constituindo-se em vantagem para a força de guerrilha.
Subordinados aos Destacamentos estavam os Grupos de Fogo, num total de nove e que
se constituíam nas frações elementares básicas da força de guerrilha. Sua autonomia era
extremamente restrita e operavam sob rígido controle dos Comandantes de
Destacamento.
Na verdade, a FOGUERA era uma força de guerrilha em estágio inicial, ainda incipiente.
Seu armamento se resumia a armas curtas, armas de caça e alguns fuzis obtidos de
ações isoladas contra postos da Polícia Militar do Pará. Um dos mais graves equívocos
cometidos pelas forças federais foi iniciar as operações desencadeando ações que são
normalmente efetuadas contra forças de guerrilha já nos seus estágios finais de
organização e construção, quando já prontas para seu emprego em combate
A ação de repressão da força legal pode ser dividida em três fases, quais sejam: a 1ª fase,
de abril a outubro de 1972; a 2ª fase, de abril a agosto de 1973; e a 3ª fase, de setembro
de 1973 a março de 1975
A primeira fase foi caracterizada pelo emprego em massa de tropa. Em agosto de 1972, o
efetivo chegou a ser de 1 500 homens. Fundamentalmente, foram instaladas duas bases
de combate de valor batalhão, uma em Marabá e a outra em Xambioá. E no interior da
área de operações foram instaladas seis bases de combate de valor companhia.
Nesta fase verificou-se a ocorrência de uma série de equívocos dentre os quais destacam-
se:
Informações deficientes sobre o terreno e o inimigo. Não havia cartas nem fotos
aéreas da região de operações em escala compatível. O desconhecimento do terreno era
enorme. As patrulhas se deslocavam somente pelas trilhas, enquanto os guerrilheiros,
profundos conhecedores do terreno, sempre através selva. Não se conhecia o dispositivo
e a composição da FOGUERA. As informações sobre o valor eram extremamente difusas.
Com relação às atividades recentes e atuais, e peculiaridades e deficiências, praticamente
nada.
Grande diversidade de unidades empregadas e deficiências no adestramento.
Unidades de diferentes pontos do território nacional foram empregadas nesta fase.
Algumas delas com graves deficiências no adestramento em operações de contra
guerrilha em ambiente de selva. Muitas delas com efetivos constituídos por soldados
recrutas que, além da imaturidade psicológica, não tinham ainda completado nem a
metade do ano de instrução. Inúmeras baixas ocorreram pela execução de disparos
acidentais e por disparos equivocadamente realizados quando do encontro inadvertido
entre patrulhas na selva.
Apesar de todas estas deficiências, há que se ressaltar dois aspectos positivos na 1ª fase.
O primeiro é que foi possível fazer da ordem de 15 baixas na força de guerrilha. E o
segundo é que houve uma conscientização geral em todos os escalões de comando sobre
a gravidade da situação no "Bico do Papagaio".
Em outubro de 1972, foi decidido em Brasília, pelo mais alto escalão da Força Terrestre,
interromper as operações.
E fruto das informações obtidas na "Operação Sucuri" ficou muito claro para o escalão
superior que o problema não poderia ter apenas uma solução militar. Haveria necessidade
de se integrar a ação de diversos órgãos governamentais civis de nível federal e estadual,
para que se efetuasse a eliminação completa do foco subversivo.
Foram selecionados efetivos profissionais das mais bem adestradas unidades de infantaria
de selva e dos batalhões de infantaria pára-quedista. Um rigoroso programa de
adestramento foi conduzido tanto nas sedes quanto na área, enfatizando-se, sobretudo, o
exercício da liderança nos diversos escalões.
Três bases de combate foram instaladas, uma em Marabá, onde se encontrava o principal
posto de comando da operação; uma em Xambioá, e outra em Bacaba, às margens da
rodovia Transamazônica. Foi estabelecido um eficiente e seguro sistema de comunicações
que permitiu o funciona mento do sistema de comando e controle em muito boas
condições. Da mesma forma, foi estabelecido um eficiente sistema de apoio logístico que
levou em consideração as características altamente especiais da missão e do ambiente
operacional.
Mais uma vez se ratificava o ensinamento de que "guerrilha se combate com guerrilha".
Outro papel preponderante a ser ressaltado na consecução dos objetivos finais foi o
desempenhado pelos elementos da Força Aérea, particularmente pelos esquadrões de
helicópteros. Cumprindo missões de infiltração, exfiltração, ressuprimento e evacuação
aeromédica, estes elementos foram fator primordial para o êxito alcançado.
Assim, cerca de três anos após o início da ação repressiva, e tendo-se colhido uma grande
quantidade de importantes ensinamentos para todos os escalões, eliminava-se aquele que
foi o mais perigoso foco de guerrilha rural no Território Nacional.
GUERRILHA NA AMAZÔNIA:
UMA EXPERIÊNCIA NO PASSADO,
O PRESENTE E O FUTURO
(matéria em três partes)
Matéria Publicada Origalmente em DefesaNet Novembro 2005
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Guerrilha na Amazônia: uma experiência no passado, o presente e o futuro
Parte 1 O Passado Link
Parte 2 A Guerrilha do Araguaia Link
Parte 3 A Experiência do rio Traíra Link
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Nota: O Série de artigos "Guerrilha na Amazônia: uma experiência no passado, o
presente e o futuro", foi produzida como uma posição do Exército Brasileiro
referente à Amazônia, nos anos 90.
O seu autor, na época Coronel de infantaria, atuava como oficial de ligação do
Exécito Brasileiro junto ao Centro de Armas Combinadas e à Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército dos EUA, apresenta uma visão abrangente e relata com
detalhes dois pontos importantes a Guerrilha do Araguaia (Parte 2) e a Ação do Rio
Traíra (Parte 3).
Hoje, no posto de General de Brigada (reserva) escreve sobre assuntos militares
com vários artigos publicados em DefesaNet
Artigo publicado originalmente na:
Military Review 1º Trim 95 Ed Português
Military Review t - Oct 95 Edição Español
Military Review March-April 96 English Edition
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A Amazônia Brasileira foi elevada à situação de área estratégica prioritária, em face dos
múltiplos conflitantes aspectos que a caracterizam, conferindolhe uma problemática
política, econômica, psicossocial e militar altamente especial, delicada e sensível. O
presente artigo procura decodificar as lições aprendidas nas diversas experiências de
guerrilha vivenciadas na Amazônia, tentando estabelecer um paralelo entre o passado, o
presente e o futuro.
O Presente
12:00 horas de uma terça-feira, dia 26 de fevereiro de 1991. Cerca de 40 elementos que
se declararam guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias Comunistas (FARC) -
Comando Simón Bolívar - Facção Força e Paz, realizam uma incursão em território
nacional e atacam um Destacamento do Exército Brasileiro estacionado em instalações
semi-permanentes, às margens do rio Traíra, fronteira entre o Brasil e a Colômbia.
O ataque foi efetuado por três escalões, dos quais um, o de apoio de fogo, permaneceu na
margem colombiana, enquanto os outros dois, de assalto e de segurança, investiram o
acampamento. Inicialmente, com preciso fogo de atiradores de escol, foram eliminados os
sentinelas da hora, e a seguir, desen cadeado intenso fogo de armas automáticas contra
as instalações do Destacamento, cujos integrantes, surpreendidos, tentaram, sem
sucesso, reagir.
O ataque das FARC contra o Destacamento Traíra foi uma ação inesperada, covarde,
traiçoeira e inusitada, em virtude da missão que o Destacamento cumpria, e de nunca se
ter tido notícia de fatos dessa natureza, desde a instalação, na Amazônia, dos primeiros
Pelotões de Fronteira do Brasil.
No território nacional, o posto de comando instalado pelo CMA ficou em Vila Bittencourt,
sede de um dos Pelotões na fronteira com a Colômbia. No território colombiano, o posto
de comando ficou em La Pedrera/Província de Taraira.
Os resultados obtidos na "Operação Traíra" foram extremamente significativos. Pelo lado
colombiano, deve-se destacar a eficiente ação do Batalhão "Bejarano Muñoz", sediado em
La Pedrera/Taraira. Pelo lado brasileiro, o excepcional desempenho dos combatentes do
então 1º Batalhão Especial de Fronteira (1º BEF), hoje, 8º Batalhão de Infantaria de Selva
(8º BIS), sediado em Tabatinga/AM. Superando com estoicismo o trauma inicial que
enlutou a família tabatinguense, o 1º BEF, fundamentado numa liderança do mais alto
padrão em todos os níveis de comando, demonstrando um excelente grau de
adestramento, um moral e um espírito de corpo extraordinários, foi o grande responsável
pela ocorrência da eliminação de doze guerrilheiros integrantes do comando das FARC
que atacou o Destacamento Traíra, bem como pela prisão de inúmeros elementos de sua
rede de apoio, e pela recuperação de boa parte do material capturado quando da solerte
ação terrorista.
Especial atenção deve ser dada também à atuação dos elementos da Reserva Estratégica
do Exército Brasileiro, sempre presentes nas situações de crise na Região Amazônica, das
Forças Especiais e da Aviação do Exército.
Mais uma vez foi ratificado que a presença dos especialistas em guerra irregular e
combate não-convencional do 1º Batalhão de Forças Especiais (1º BFEsp), sediado no Rio
de Janeiro, através da ação de um Destacamento de Ação Imediata, integrado por frações
de Forças Especiais e Ações de Comandos, se faz imprescindível ao comando da
operação, em situações dessa natureza.
Em novembro de 1991, outra operação de monta foi desencadeada pelo CMA para fazer
face às latentes ameaças provodadas pela ação das FARC, na fronteira com a Colômbia.
Esta operação denominada "Operação Perro Loco" foi realizada na região de Iauaretê/AM
e Querarí/AM, conhecida como "Cabeça do Cachorro". Empregou efetivos do 5º BIS,
sediado em São Gabriel da Cachoeira/AM, do 1º BFEsp, e uma Força de Helicópteros com
14 aeronaves da Bda Av Ex. A exemplo da "Operação Traíra", a "Operação Perro Loco" se
constituiu numa magnífica demonstração de operacionalidade dos elementos envol vidos,
atingindo de forma plena o seu grande objetivo que era dissuadir, de forma definitiva, a
execução de incursões por parte da narcoguerrilha colombiana naquela região.
O grande objetivo político a ser atingido quando da eclosão de um conflito dessa natureza
é manter a Soberania e a Integridade do Patrimônio Nacional, não suspendendo as
operações até a definitiva expulsão das "forças adversas" do Território Nacional.
Quanto aos objetivos militares, estes podem ser sintetizados pelas ações de destruir as
"forças adversas" que atuarem no Território Nacional, e defender a população e o
Patrimônio Nacional.
Fundamentalmente, a ação da Força Terrestre crescerá de intensidade passando pelos
estágios de desencadeamento de ações preventivas, repressivas e operativas; e segundo
a seguinte gradação: operações de apoio aos órgãos da administração federal, estadual
ou municipal, operações de inteligência; operações contra as "forças adversas", e
operações de maior vulto, caso as "forças adversas" evoluam para estágios mais
desenvolvidos de organização.
Em termos de estrutura operacional, para fazer face a situações dessa natureza, está
preconizada a ativação, por parte dos Comandos Militares da Amazônia e do Norte (CMN),
mediante autorização do Sr Ministro do Exército, Comandante da Força Terrestre, de uma
Área de Conflito (AC). O estabeleci mento de AC, em termos de delimitação territorial,
deve estar restrito à área fronteiriça onde seja iminente ou esteja ocorrendo a ameaça. Em
termos de estrutura de comando, a AC deverá enquadrar uma Zona de Opera ções (ZOp)
e uma Zona de Apoio (ZAp). Esta organização tem como finalidade o estabele cimento
tanto de uma estrutura de comando e controle quanto a definição de responsa bilidade
territoriais.
A ZOp deverá ficar restrita à região onde se realizam as ações operativas de destruição
das "forças adversas". Esta região deverá abranger o espaço físico terrestre e aéreo
necessário à condução das operações. Em princípio, o comandante da ZOp deverá ser o
comandante do escalão diretamente responsável pela destruição das "forças adversas". E
o seu posto de comando deve estar localizado no ponto onde melhor se possa coordenar
e controlar as ações operacionais.
A ZAp deverá englobar a região onde as ações a realizar serão de caráter predomi
nantemente logístico. Em princípio, o posto de comando da ZAp deve estar localizado
junto à principal base logística instalada. Basicamente, o suprimento chega à ZAp por
meios aéreos (principalmente) ou fluviais de maior porte. Razão pela qual, normalmente, a
ZAp estará numa área onde exista um aeródromo de adequadas condições. Daí o
suprimento será transportado para a ZOp, normalmente, através do emprego de
helicópteros.
Todavia, fica muito claro que qualquer perspectiva otimista, a curto prazo, é absolutamente
irreal. A atual intensidade da presença da narcoguerrilha na Colômbia, no Peru e na
Bolívia é de tal ordem que não nos é permitido visualizar um "final feliz", nem a médio
prazo, apesar dos extraordinários esforços que vêm sendo desenvolvidos por estes
respectivos governos.
Por outro lado, ao se focalizar possíveis ameaças à garantia dos poderes constitu cionais
e à manutenção da lei e da ordem, numa visualização a curto e a médio prazos, não se
pode deixar de acompanhar com extrema atenção o desenvolvimento das questões
fundiárias que, em inúmeras regiões da Amazônia, podem levar a exacerbações que
desencadeiem conflitos provocados por reivindicações não atendidas dos chamados
"Movimentos dos SemTerra". Estes conflitos, que poderão ter ou não conotação
ideológica, podem exigir o emprego de força federal, ainda que eventualmente, no
combate contra "forças adversas", num contexto de Defesa Interna. A própria região do
"Bico do Papagaio" continua sendo potencialmente explosiva para o desencadeamento de
conflitos dessa natureza. Para prevenir a sua eclosão, muito mais que a presença da
expressão militar, o que se faz necessário é uma eficiente ação governamental,
coordenada a nível federal, estadual e municipal. Todavia, para fazer face, no futuro, a
situações dessa natureza, os comandos militares de todos os níveis mantêm
permanentemente atualizados os seus planejamentos de Segurança Integrada.
Seu grande objetivo será demonstrar ao invasor que o preço a pagar para manter o
domínio sobre determinada região não compensa os benefícios decorrentes. Há que se
ressaltar que o Exército Brasileiro é o único da América Latina a possuir o mesmo conceito
doutrinário de emprego das Forças Especiais que o Exército dos EUA. Este conceito
preconiza, basicamente, que os Destacamentos de Forças Especiais estabelecerão Áreas
Operacionais de Guerra Irregular (AOGI). A diferença entre as concepções norte-
americana e brasileira está no fato de que as Special Forces têm previsão de emprego
fora de seu território operando com populações estrangeiras no contexto de um Movimento
Revolucionário Patrocinado. Por outro lado, os nossos operadores de Forças Especiais
estabelecerão AOGI no contexto de um Movimento de Resistência, trabalhando com
comunidades brasileiras, quando da ameaça ou da ocorrência de uma invasão do nosso
território.
No plano material das forças militares, há que se enfatizar que, apesar de o combate a ser
conduzido estar fundamentado no in tenso emprego das ações típicas de guerrilha, não se
pretende transformar a força regular numa força de guerrilha. Para que forças regulares
sejam eficazes empregando as técnicas da guerra de guerrilhas não se faz necessário que
elas se convertam em forças de guerrilha. Isto seria um retrocesso inconcebível e preju
dicial para o desenvolvimento da campanha.
Por outro lado, não podemos ignorar que os vazios demográficos, o desconhecimento da
área, a existência de fronteiras não vivificadas, o posicionamento marginal em relação aos
sistemas de circulação, enfim, a deficiência de integração de inúmeras regiões da
Amazônia aos centros de poder nacionais podem criar condições potenciais de risco de
fragmentação, com conseqüente perda do patrimônio nacional.
Não se pode esquecer também que a adoção da Lassidão pressupõe sacrifícios, que
serão impostos a toda a Nação, que ficará exposta ao poder do adversário que,
certamente, tentará quebrar a vontade nacional, principal insumo para a implementação
dessa estratégia. E este é verdadeiramente o ponto focal a ser desenvolvido: estabelecer
e consolidar a vontade nacional, desde já, em torno da defesa dos interesses vitais do
Brasil na Amazônia.
Conclusão
Os vestígios e as ruínas de inúmeras fortalezas e os preservados fortes artilhados com
velhos canhões de bronze são testemunhas de mais de 350 anos de lutas travadas pelos
nossos antepassados para conquistar e manter a Amazônia Brasileira. E o emprego das
técnicas da guerra de guerrilhas tem sido uma constante nessas lutas.
Ao longo dos anos, tornouse muito claro que o vetor principal do desenvolvimento da
Amazônia tem sido a ação pioneira e desbravadora das Forças Armadas, as quais, sem
medir esforços e sacrifícios, sempre se fizeram presentes. E é, sobretudo, nos seus mais
remotos rincões que o Exército influencia de modo decisivo a formação e a consolidação
da nacionalidade das populações. E esta grandiosa missão de fortalecer a brasilidade nos
corações e mentes de cada cidadão, além de ter que manter incólumes milhares de
quilômetros de fronteiras, não é realizada sem sacrifícios, exigindo profissionais
integralmente compromissados com a real dimensão do que significa ser soldado na
Amazônia.
Mas a defesa dos interesses vitais do Brasil naquela área não é obra exclusiva dos
soldados da Amazônia. É uma responsabili dade de todos os brasileiros, militares e civis,
inclusive de outras regiões. E quando for o caso, todos, irmanados, se necessário
empregando a guerra de guerrilhas, irão defendêla, como o fizeram no passado, e o estão
fazendo no presente.