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ORDEM DO DIA

19 DE ABRIL - DIA DO EXÉRCITO


Soldados de Caxias,
No dia 19 de abril de 1648, a capitania de Pernambuco
testemunhou o episódio fundador de nossa nacionalidade — a
Primeira Batalha dos Guararapes. Naquela oportunidade, aflorou
o sentimento de amor à terra, em renhida luta de portugueses e
brasileiros contra os invasores holandeses. Esse formidável triunfo
militar traçou o destino e o futuro do Brasil.
Nesse cenário, Gilberto Freyre, ao comentar os 300 anos
de Guararapes, bem disse: “nas duas Batalhas dos Guararapes
escreveu-se a sangue o endereço do Brasil: o de ser um Brasil só
e não dois ou três. O de ser um Brasil fraternalmente mestiço, na
raça e na cultura (...)”.
Dessa união de todos os brasileiros, irmanados pela noção de
pertencimento à terra e pela necessidade de proteção das famílias
e das riquezas, formava-se uma Nação. Com ela, nasceu, também,
o Exército Brasileiro, liderado por Barreto de Menezes, Vidal de
Negreiros, Felipe Camarão, Henrique Dias, João Fernandes Vieira
e Antônio Dias Cardoso. Evidenciando arrojo e bravura, cerca de
dois mil soldados luso-brasileiros derrotaram cinco mil soldados
holandeses. Da grandeza desses heroicos antepassados, negros,
brancos e indígenas, o Brasil herdou o compromisso imortal de
defesa da soberania e da integridade territorial. Foi o primeiro
compromisso histórico do Exército: a defesa da Pátria.
Com a consolidação do legado de Guararapes e o sentimento
nativista, muitos acontecimentos se seguiram, pavimentando
o caminho para nossa emancipação política. Batalhas foram
bravamente travadas para manter o que fora proclamado
às margens do rio Ipiranga. Nesse contexto histórico, vários
personagens emergiram, entre eles, Maria Quitéria, primeira
mulher combatente, e Caxias, nosso soldado maior, primeiro
porta-bandeira do Batalhão do Imperador, personagem que
encerra as virtudes militares e a vocação do Exército, que uniu e
pacificou a Pátria, firmando, nessa ocasião, o compromisso com
a Independência.
No Segundo Império, foi notável a atuação dos soldados
na Campanha da Tríplice Aliança. Com a vitória, vieram as
sucessivas crises que abalaram a Monarquia e, em um movimento
modernizador e sinérgico, tornamo-nos uma República. A espada
nas mãos do Marechal Deodoro da Fonseca, filho de Dona Rosa da
Fonseca, mãe que perdeu três filhos em combate, materializou esse
momento. Assim, o Exército assumiu seu terceiro compromisso
histórico, dessa vez, com a República e seus princípios.
Com a proclamação, surgiram grandes desafios para um país
de poucos habitantes e imenso território. Personagens como
Rondon, engenheiro, indigenista e desbravador, contribuíram
decisivamente para a integração nacional.
Posteriormente, sob o comando do Marechal Mascarenhas
de Moraes, nossos soldados integraram a Força Expedicionária
Brasileira, que atravessou o oceano para defender a democracia
contra o nazifascismo, projetando nomes de heróis, como o
Aspirante Mega e o Sargento Max Wolf Filho.
Ao contemplar as glórias, as tradições e os sacrifícios de
nossos antecessores, compreendemos e valorizamos a nobreza da
vida castrense. Nobreza essa evidenciada pelos nossos “capacetes
azuis” que promovem a paz e contribuem para amenizar o
sofrimento de povos irmãos em diversas operações ao redor do
mundo, sob a égide de organismos multinacionais. Nobreza que
se revelou, também, no sacrifício de militares no terremoto do
Haiti e em missões de pacificação.
Somos hoje mais de duzentos mil homens e mulheres. Teremos
neste ano setenta e cinco mil conscritos incorporados. São jovens
brasileiros de todas as raças e religiões, a maioria voluntária, de
origem humilde, que servem à sua Pátria e ajudam as suas famílias.
Estamos presentes em todo o território nacional, ao lado
da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira, sob as mais
diversas e inóspitas condições. A postura vigilante e atenta de
nossos Soldados garante a defesa da Pátria e a preservação de
nossos imensuráveis recursos naturais. No cerrado, nos pampas,
no pantanal, na Amazônia e nos demais biomas, o “Braço Forte”
garante a nossa soberania, atua na faixa de fronteira, combatendo
ilícitos transnacionais e preservando o meio ambiente, ao
mesmo tempo, a “Mão Amiga” coopera, permanentemente,
com o desenvolvimento nacional e com o amparo às vítimas de
catástrofes.
Meus comandados!
Em um mundo cada vez mais complexo, é preciso olhar os
exemplos dos heróis de Guararapes e do Duque de Caxias, a fim
de encontrar os melhores caminhos para o cumprimento de nossa
missão. Esses caminhos, balizados pelo respeito à população,
às instituições e, sobretudo, à Constituição, exigem um Exército
moderno, com capacidade dissuasória, profissionalismo e aptidão
para ajudar ainda mais o Brasil nos desafios vindouros.
O Exército imortal de Caxias, Instituição de Estado, apolítica,
apartidária, imparcial e coesa, integrada à sociedade e em
permanente estado de prontidão, completa 375 anos de história.
Sua existência está alicerçada em valores e tradições, bem como
comprometida com a defesa da Pátria, da independência, da
República e da democracia. A Força agradece a seus bravos
Soldados, da ativa e veteranos, pelos sacrifícios e pelos desafios
ultrapassados. Prossigamos confiantes no futuro glorioso
reservado ao Brasil.
Tenhamos fé nos princípios democráticos, na resiliência e
solidariedade do povo brasileiro e no valor profissional dos nossos
militares, herdeiros dos heróis de Guararapes e fiéis guardiões de
nossa soberania!

EM DEFESA DA PÁTRIA, EXÉRCITO - BRASIL!

Brasília-DF, 19 de abril de 2023.

General de Exército TOMÁS MIGUEL MINÉ RIBEIRO PAIVA


Comandante do Exército

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