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Maya Banks

A HORA SOMBRIA
Série The Kelly/ KGI 01

Kelly Group International (KGI): um negócio familiar de super soldados de elite, ultra
secreto.
Qualificações: Alta inteligência, corpo forte, formação militar.
Missão: resgate de vítimas de sequestro/reféns, coleta de informações, executar trabalhos
que o governo americano não pode…

Já se passou um ano desde que o ex-SEAL Ethan Kelly viu, sua esposa Rachel, viva, pela
última vez. Dominado pela dor e pela culpa p or seus fracassos como marido, Ethan se afasta de
tudo e de todos.
Seus irmãos tentaram trazer Ethan para a KGI, tentando penetrar as barreiras que ele
construiu ao redor de si, mas Ethan se recusa a responder… até que recebe uma informação
anônima dizendo que Rachel está viva.
Para salvá-la, Ethan terá de enfrentar balas, atravessar uma selva e se arriscar a ser preso por
um perigoso cartel de drogas que o ameaça de morte. E, mesmo que seja bem sucedido, ele terá
de forçar Rachel a recuperar memórias que ela não quer reviver – cada minuto de terror de sua
hora mais sombria – porque o amor e a vida deles podem depender disso.

Feito do Inglês
Indicação e envio do arquivo: Fabrícia
Revisão Inicial: Kimie
Revisão Final: Valdirene
Formatação: Sandra Maia
Capa: Elica Leal
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Série The Kelly Group/ KGI 01

Comentários das Revisoras:

Comentário Revisora Kimie: É uma história que fala de erros, segundas-chances, amor,
união familiar, e um mistério. O mocinho tenta conquistar a mulher que "retornou dos mortos"
com amnésia e o mistério de porque tudo aconteceu. Mistura também aventura e combate com
um grupo de ex-SEAL bem treinados, irmãos do mocinho e outros associados. Uma série com
homens TDB, bem-treinados e sobretudo, humanos.

Comentário Revisora Val: Sobre a série: Atualmente com três livros, é repleta de
personagens marcantes. A família é composta pelos pais e seis filhos. Todos passaram pelo
exército e alguns ainda estão alistados. Os três mais velhos, após sua baixa, abriram a empresa
KGI, que tem como objetivo principal resgatar vítimas de sequestros e reféns. A estória não é
centrada somente no casal apaixonado e em um vilão. Envolve toda a família. Pais amorosos,
irmãos divertidos que discutem amigavelmente um com outro, nos fazendo rir com suas
discussões, a todo momento. Tem os homens da equipe KGI, além dos irmãos, que são deliciosos.
A ação não para, tem romance, cenas hots, cenas ternas, cenas divertidas.
Sobre a estória: O primeiro livro conta a estória de Ethan e Rachel. Ethan não é um cara
perfeitinho. É lindo, forte, apaixonado, mas também tem defeitos. É muito cabeça dura e
esquentado. E o fato de amar tanto sua esposa, faz seu ciúme e possessividade aflorarem
constantemente, e em certos momentos, a faz sofrer muito com desconfianças infundadas.
Rachel aproximou-se da mãe de Ethan, que era sua professora no colegial, após a morte de
seus pais. Passou a ser um membro da família, e é adotada pelos irmãos Kelly, que a adoram como
uma irmã caçula e a protegem contra tudo. É realmente emocionante a maneira como cuidam e
se preocupam com ela. Mas seu amor é totalmente de Ethan e eles se casam. Rachel é uma
pessoa adorável! Em alguns momentos dá vontade de pegá-la no colo e cuidar. Aparentemente é
muito frágil e delicada. Mas por baixo de sua suavidade, existe uma mulher forte e determinada,
que insiste em sobrevier, em se curar e ser feliz, apesar de tudo que a leva em sentido contrário.
Quando Ethan recebe a notícia que Rachel morreu em uma missão humanitária que
participava na América do Sul, quase enlouquece de desespero. Afasta-se de sua família e passa a
viver isolado na casa em que compartilhou por dois anos com sua esposa, incapaz de seguir em
frente sem ela, orando por uma segunda chance e arrependendo-se dos erros que cometeu em
seu casamento.
No dia de aniversário de um ano de sua morte, ele recebe uma mensagem dizendo que sua
esposa está viva. Á partir daí, se enche de esperança e faz tudo ao seu alcance para resgatá-la. O
Ethan que reencontra Rachel é perfeito, apaixonado e desesperado por retomar seu casamento,
nessa segunda chance.
Quando Rachel é resgatada, pensa que o pesadelo acabou. Mas na verdade, não era
somente o sequestro que os mantinha separados, e ela descobre que seu sofrimento está apenas
começando.
Apesar de ter escrito tanto, tudo que foi narrado acontece antes do início do livro e agora é
que a emoção irá começar. Essa é uma das melhores séries contemporâneas que já li. Eu amei
esse livro e não vejo a hora de colocar minhas mãos nos próximos.
Kimie, a qualidade do seu trabalho transformou o meu em puro prazer.
Boa leitura.

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Série The Kelly Group/ KGI 01

CAPÍTULO 1

Ele esperava ter bebido bastante na noite anterior, assim poderia dormir direito hoje. Ao
invés disso, seus olhos se abriram às 8 da manhã e a luz solar prontamente fritou suas retinas.
Ethan Kelly pôs um braço sobre o rosto e ficou lá, deitado, enquanto a realidade do dia o
atingia como uma pedra no estômago.
16 de junho.
Ele poderia dizer algo incrivelmente sentimental como... 16 de junho, o dia em que seu
mundo mudou irrevogavelmente. 16 de junho, o dia em que tudo foi para o inferno. A verdade era
que tudo terminara muito antes.
O telefone tocou estridentemente sobre a mesinha de cabeceira, e ele suprimiu o desejo de
esmagá-lo. Ao invés, escutou enquanto cada toque perfurava seu crânio como um picador de gelo.
Quando o telefone não deixou de tocar depois de um tempo razoável, esticou a mão e
arrancou o fio da parede. Só poderia ser um bem intencionado membro de sua família, e a última
coisa que Ethan queria hoje era a simpatia de alguém.
Se fosse seu pai, daria a Ethan um sermão sobre como Rachel não gostaria do homem no
qual ele se transformou. Não, Rachel não gostava do homem que ele tinha sido. Havia uma
enorme diferença. Ele não gostava do homem que ele tinha sido.
Frank Kelly continuaria falando que estava na hora de continuar com sua vida. Superar. Que
ele já sofrera por tempo suficiente.
Se fosse um de seus irmãos chamando, o atormentariam sobre quando iria trabalhar para a
KGI.
Tente nunca.
Sabendo que não existia nenhuma chance de voltar a dormir, com sua cabeça parecendo ter
sido dividida em duas, lutou para chegar à extremidade da cama e fincou seus pés no chão.
Ele buscou o esquecimento, mas tudo que encontrou com a bebedeira foi que sua boca
parecesse de algodão e um estômago que parecia ter ingerido chumbo.
E ainda tinha que enfrentar o dia de hoje.
Com os olhos fechados, apertou os dedos na têmpora e então cobriu seu rosto com as mãos.
Com as palmas sobre as órbitas oculares, massageou-as como se assim pudesse apagar a nuvem
que pairava em sua visão.
Rachel.
O nome sussurrou por sua mente cansada, evocando memórias das risadas, dos sorrisos de
sua bonita esposa. Flutuavam ali como borboletas.
Mas rapidamente murcharam e se tornaram negras como se alguém tivesse queimado suas
asas.
Rachel se foi.

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Ela estava morta.


Não voltaria para casa.
Ele fez um esforço e saiu cambaleando da cama, em direção ao banheiro. Seu reflexo não o
chocou, e não desperdiçou um momento espirrando água em seu rosto ou lavando a boca. Urinou
e tropeçou para fora, a língua áspera raspando o céu da boca.
Precisava de uma bebida. De preferência algo que não o fizesse vomitar.
Mecanicamente, caminhou descalço através do chão de madeira para a sala de estar. Tudo
estava da mesma maneira que ela deixou. A sala refletia sua personalidade. Tinha classe, era
elegante e organizada.
Ele era um grosseirão, sem sofisticação.
Com um suspiro pesado, vagou para a cozinha, para fazer ele mesmo uma xícara de café.
Talvez seu pai estivesse certo. Talvez estivesse na hora de deixar o passado para trás. Seguir em
frente com sua vida miserável. Mas não estava certo se algum dia poderia perdoar-se por tê-la
afastado.
Aguardou perto da cafeteira, esperando terminar de gotejar. Poderia vender a casa e se
mudar para algo menor. Não fazia sentido mantê-la, uma vez que era só ele agora.
Precisava se mudar para algum lugar onde não se lembrasse dela em cada canto, entretanto,
isto era parte de sua penitência. Ela não merecia ser esquecida e descartada, ainda que tenha sido
isso o que ele fez.
Empurrou sua xícara adiante e despejou o café fumegante. Então se encaminhou
lentamente para a mesa de vidro que ficava no deck de trás. Sentou-se e olhou para a paisagem
que sofreu ao longo do ano passado. Rachel e a mãe dele planejaram meticulosamente cada
detalhe, plantando e retirando as ervas daninhas por muitas horas. Ethan ajudava — quando
estava em casa.
Frequentemente ficava fora por semanas a fio. As missões sempre inesperadas, secretas.
Deixava Rachel sem que ela nunca soubesse para onde iria ou se retornaria. Não era uma boa
maneira de se viver.
Ele pediu baixa de seu posto depois que Rachel perdeu o bebê. Durante os dois anos em que
foram casados, falhou muito com ela, e jurou que não faria isto novamente. Mas ele o fez.
Esfregou seus olhos, em seguida deixou a mão descansar demoradamente sobre a barba de
três dias que aparecia em seu queixo. Ele estava destroçado.
Um flash de pêssego chamou sua atenção. Olhou o vaso de rosas que comprou ontem. Eram
as favoritas de Rachel. Não muito laranja, não muito rosa, ela sempre dizia. Um tom perfeito de
pêssego. Deveria levá-las para o túmulo dela, mas não estava certo se poderia suportar estar
sobre a fria laje de mármore e dizer-lhe pela quadragésima vez que sentia muito.
Tão rápido quanto o pensamento ardeu em sua mente, torceu seus lábios em desgosto. Ele
iria. Era o mínimo que poderia fazer. Nas semanas que antecederam o aniversário de um ano de
sua morte, ele evitou o cemitério. Não deveria surpreendê-lo estar disposto a fugir de suas
responsabilidades. Ele tinha prática nisso.
Empurrou a xícara de café através da mesa, derramando o líquido sobre ela. Ignorando a

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bagunça, voltou ao quarto e pegou uma calça jeans e uma camiseta. Precisava de um banho e
barbear-se, mas não perderia tempo fazendo nenhum dos dois. Se sua aparência afastasse as
pessoas, melhor. Ficar de conversa fiada e trocar gentilezas não estavam em seus planos.
De volta à cozinha, parou em frente ao vaso de rosas. Com dedos trêmulos, tocou uma das
suaves pétalas. Não comprava flores para Rachel havia muito tempo. Não desde o seu primeiro
ano de casamento. O que isso dizia sobre ele as comprar agora?
O remorso era duro o bastante para um homem suportar, mas tolerar o conhecimento de
que nunca poderia corrigir os erros era mais do que poderia aguentar.
Agarrou o vaso, o desgosto por si mesmo o deixou mais enjoado que o álcool azedo rodando
por sua barriga. Agarrou as chaves e caminhou duramente em direção à porta da frente,
determinado a ir ao túmulo dela, encarar o passado e fazer as pazes com o presente.
Quando abriu a porta, deu de cara com um entregador do FedEx1. Não estava certo de quem
ficou mais surpreendido, ele ou o sujeito do FedEx, mas a julgar pela forma como o homem deu
um passo para trás, Ethan achou que não parecia muito receptivo.
— Você é Ethan Kelly? — O sujeito perguntou nervosamente.
— Sim.
— Tenho um pacote para você.
— Só deixe por aí, — Ethan disse, gesticulando em direção à cadeira de balanço na varanda.
Estava impaciente para ir e parecia bastante estúpido lá de pé, segurando um vaso de rosas.
— Eu, uh, preciso de sua assinatura.
Ethan capturou o grunhido antes dele escapar e pôs as flores na grade da varanda.
Gesticulou impacientemente pedindo a caneta e rabiscou sua assinatura na unidade eletrônica de
mão.
— Obrigado. E aqui está seu pacote.
O sujeito empurrou um envelope espesso na mão de Ethan e apressadamente desceu os
degraus. Com um aceno, entrou no furgão de entrega e rugiu para fora do pátio.
Ethan relanceou o envelope, mas não viu imediatamente qualquer informação de
identificação. Inclinou-se para dentro da casa e o lançou na pequena mesa do hall de entrada. Em
seguida, bateu a porta e pegou o vaso.
Quando chegou à pequena igreja que sua família frequentava por décadas, seu estômago
rebelou-se. Era velha, caiada2 de branco e situada à beira da estrada de cascalho de caminho
batido. O cemitério era adjacente à igreja e era onde seus antepassados estavam enterrados
desde o final do ano de 1800.
Saiu de sua caminhonete, engoliu em seco e então seguiu pelo caminho desbastado até a
cerca que separava o terreno do cemitério.
As rosas sacudiram em seu aperto, várias pétalas caíram e foram capturadas pela brisa.
Rodaram loucamente e sopraram através da coleção de lápides de mármore.

1
Empresa de transporte expresso internacional.
2
Tinta feita com a mistura de cal e água

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Sua mãe esteve aqui. Provavelmente esta manhã. Havia flores frescas e a lápide de Rachel
brilhava no sol do meio da manhã.
Rachel Kelly. Amada esposa, irmã e filha.
Eles a amavam. Sua família inteira a adorava. Seus irmãos costumavam importuná-lo,
dizendo que se ele não fosse cuidadoso, eles a tirariam dele.
Sentiu seu estômago revirar. Ácido subiu, queimando por seu tórax. Por que pensou que
poderia retornar ao lugar onde disse adeus para sua esposa? Sua família se reuniu a sua volta
naquele dia, a mão de sua mãe em seu braço, seu pai de pé ao seu lado, parecendo a todo mundo
que se quebraria e choraria a qualquer momento.
Ele odiava este lugar.
Abaixou-se e colocou as rosas próximas à lápide. Lágrimas queimavam seus olhos e ele
cerrou a mandíbula, determinado a não se permitir dar rédea solta a suas emoções. Ele não
chorou. Não desde que recebeu sua aliança de casamento pelo correio. Os únicos pertences
pessoais recuperados do impacto. Um impacto que tomou as vidas do pequeno grupo de ajuda
humanitária que voava para casa, voltando da América do Sul.
Não, não choraria novamente. Se começasse, nunca pararia, e ele bem poderia perder o
tênue controle de sua sanidade, finalmente. A frieza lhe convinha muito melhor. Sabia que sua
família pensava que era insensível. Ele nunca permitiria que alguém visse como estava
profundamente afetado pela morte de Rachel. A verdade era que não podia compartilhar suas
lembranças com ninguém.
Ele ficou lá, mãos enfiadas nos bolsos, olhando fixamente para o lugar onde Rachel
descansava. Sobre sua cabeça, o sol estava alto, batendo implacavelmente sobre ele. Mas sentia-
se congelado.
— Sinto muito — ele sussurrou. — Se eu pudesse voltar atrás, eu o faria. Se eu tivesse
apenas mais uma chance. Nunca deixaria passar um dia sem que te mostrasse o quanto eu te amo.
O conhecimento de que nunca teria outra chance o paralisava. O fato que ele tinha fodido a
melhor coisa da sua vida... não tinha palavras para descrever a agonia.
Incapaz de permanecer ali outro minuto, virou-se e caminhou rigidamente de volta para sua
caminhonete. A volta para casa foi tranquila. Ele bloqueou tudo, exceto a estrada a sua frente. O
entorpecimento era algo com o qual podia lidar.
Caminhou de volta para casa, concentrado e ainda mais quieto enquanto fechava a porta. O
pacote do FedEx abandonado, mas passou por ele, seu único desejo agora era tomar um banho e
tirar de si o cheiro azedo da bebedeira.
Vinte minutos mais tarde, sentou-se na extremidade da cama e abaixou a cabeça enquanto
tentava acalmar seu agitado estômago. O banho ajudou. Um pouco. Mas não o livrou da cabeça
dolorida e do estômago doente.
Se não quisesse enfrentar sua mãe, tomaria um pouco de sua sopa. Ela não merecia vê-lo de
ressaca e parecendo um merda. Isso a chatearia e faria com que seus pais ficassem ainda mais
preocupados do que já estavam.
Caiu de volta sobre o colchão e fechou os olhos. Paz. Ele só queria paz.

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Quando Ethan abriu novamente os olhos, o quarto estava escuro. Inspirou profundamente e
testou a firmeza de seu estômago. Não sentiu vontade de vomitar imediatamente, assim
considerou uma vitória.
Olhou brevemente a janela para ver que a noite havia caído. De alguma maneira conseguiu
dormir a tarde inteira. Não que estivesse reclamando. Isso significava que estava mais próximo de
deixar o dia 16 de junho para trás.
Seus músculos protestaram quando arrastou-se da cama. Alongou e rolou os ombros
enquanto entrava na cozinha. Seu estômago rosnou, outra coisa que considerou como um sinal
positivo.
Fez um sanduíche, encheu um copo de água e foi para a sala de estar. Não se incomodou em
acender a luz, sentou-se no sofá e comeu na escuridão.
Brevemente considerou terminar a bebida alcoólica que comprou no dia anterior, mas
significaria começar tudo de novo amanhã e, eventualmente, sua família ficaria cansada de seu
afastamento e procuraria por ele.
Empurrou a última mordida de seu sanduíche na boca quando seu olhar encontrou o
envelope do FedEx largado na mesa do pequeno hall de entrada. Fez uma carranca quando
lembrou do encontro com o sujeito da entrega.
Deixando seu copo na mesa de café, caminhou para pegar o envelope pesado. Quando
retornou ao sofá, rasgou o lacre. Acendeu a luz, voltou para o sofá e deslizou sua mão dentro do
robusto envelope Tyvek3.
Tirou uma pilha de papéis com diferentes tamanhos e formas. Alguns possuíam documentos
de tamanho oficial, enquanto outros eram recortes de jornal. Também havia gráficos, coisas que
pareciam imagens de satélite e coordenadas de GPS.4
Recebeu material da KGI por engano? Seguramente seus irmãos não cometeriam um erro
desses. Ninguém que eles conheciam deveria sequer ter seu endereço, mas este material parecia
oficial. Parecia militar.
Havia fotografias. Várias derramaram-se sobre seu colo e sobre o sofá. Quando escolheu
uma, seu coração vacilou e toda a respiração deixou seu tórax com uma pressa dolorosa.
Era a fotografia de uma mulher, obviamente uma prisioneira, em algum buraco de merda de
acampamento na selva. Se Ethan tivesse que adivinhar, colocaria suas apostas na América do Sul
ou talvez Ásia. Algum buraco fodido como Camboja.
Dois homens flanqueavam a mulher na fotografia e ambos carregavam armas de fogo. Um
deles agarrava seu braço, e ela parecia aterrorizada.
Não foi isso que explodiu em sua mente como uma serra elétrica.
A mulher se parecia com Rachel. Sua esposa Rachel. Rachel que estava morta. Rachel que ele
acabara de visitar no fodido cemitério.
3
Envelopes Tyvek são envelopes feitos com um material especial, resistente à água e lágrimas, reciclável e são fáceis
de escrever.
4
Global Position System – sistema de posicionamento global

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Que tipo de piada pervertida era aquela?


Vasculhou a pilha de papéis, à procura de algo que fizesse sentido. Talvez um bilhete
ofensivo de algum pervertido procurando encrenca.
Quando topou com a pequena nota manuscrita, congelou. Todo o sangue deixou seu rosto.
Quatro simples palavras.
Sua esposa está viva.
Era um pontapé direto nas bolas. A ira surgiu em suas veias como lava borbulhante.
Amassou a nota e lançou-a através da sala. Ela saltou pelo chão e aterrissou debaixo da televisão.
Quem diabos iria atacá-lo com um golpe como este e por quê?
Arrebatou novamente a fotografia e então mais uma. Reuniu todas, suas mãos tremiam
tanto, que as fotos se espalharam como se fossem um castelo de cartas.
Amaldiçoando, ajoelhou-se para apanhá-las de debaixo da mesa de café. Algumas
deslizaram sob o sofá, e muitas mais estavam presas entre as almofadas.
Também havia documentos dispersos por todos os lugares. Gráficos, mapas, um monte de
porcaria que não fazia o menor sentido para ele.
Controle-se. Não deixe este merda chegar até você.
Embora dissesse a si mesmo que era alguma brincadeira mórbida, não podia controlar a
raiva. Esperança. Medo. Ira. Fúria impotente. Esperança. Contra sua maldita vontade. Esperança.
Enrolou seus dedos em torno dos documentos, enrugando-os com a força de seu aperto. Os
retratos o olhavam fixamente, zombando dele. Era Rachel. Todas eram de Rachel.
Mais magra, assustada. Seu cabelo estava mais curto, seus olhos mais vagos. Mas era Rachel.
Um rosto e um corpo que lhe eram intimamente familiares.
Quem faria isto? Por que alguém faria uma brincadeira tão elaborada só para foder com ele
no aniversário de um ano da morte dela? O que possivelmente podiam esperar ganhar?
Forçou-se a olhar além da mulher assustada e frágil do retrato, porque se continuasse
olhando fixamente, e se pensasse que realmente era Rachel, sua esposa, ele iria vomitar.
Os outros documentos ficaram borrados em sua vista e ele enxugou furiosamente seus
olhos, para que o que estava segurando pudesse fazer sentido. Forçou-se a ficar tranquilo.
Esforçou-se ao máximo, mas desligou suas emoções e estudou os documentos com a frieza
necessária para permanecer objetivo.
Apressadamente espalhou tudo na mesa de café, posicionando o que ele podia ajustar, e
então enfileirou o resto sobre o sofá.
O mapa apontava para uma área distante da Colômbia, mais ou menos a cinquenta
quilômetros da fronteira venezuelana. As fotografias de satélite mostravam a densa selva
cercando a aldeia minúscula, se pudesse chamar aquilo de aldeia. Era nada além de uma dúzia de
cabanas construídas com parte bambu e parte folhas de bananeira.
Atenção especial foi dada para as torres de guarda e para as duas áreas onde as armas eram
armazenadas. Por que diabo um buraco assim necessitaria de torres de guarda e munição
suficiente para sustentar um pequeno exército?
Cartel de Drogas.

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Olhou novamente a fotografia da mulher.


Rachel.
Seu nome flutuou sorrateiramente em sua mente.
Parecia ela. Fazia sentido que pudesse ser ela. Se não fosse o fato que seus restos mortais
foram transportados para casa junto com sua aliança de casamento.
Nenhum teste de DNA foi feito.
Náusea surgiu em sua barriga até que ele fisicamente sufocou.
Não. Nenhum jeito no inferno ele aceitaria cegamente a morte de sua esposa enquanto ela
estava presa, suportando sabe-se lá Deus o que, de homens que não tinham nenhuma compunção
sobre aterrorizar uma mulher inocente.
Ela foi identificada só pelos bens pessoais supostamente recuperados com seus restos
mortais. O fogo tornou até a identificação pelo seu registro dentário um ponto discutível. A
explosão incinerou tudo em seu caminho. Tudo exceto os anéis curvados, disformes e os restos
chamuscados de sua mala. Metade de um passaporte derretido foi encontrado nos destroços. Seu
passaporte. Era o voo que ela tomou e não existia nenhum sobrevivente. Ethan nunca pensou em
questionar isto.
Jesus, ele não questionou a morte de sua esposa.
Agitou sua cabeça furiosamente. Caramba, estava se deixando levar. Tinha que ter alguma
outra explicação. Alguém estava bagunçando com sua cabeça. Não sabia por quê. Não se
importava.
Esquadrinhou o resto dos documentos. Horário da troca de guarda. Horário do
carregamento de droga. Que diabo? Certamente parecia que alguém queria que eles fizessem o
trabalho. Gritava “armação”.
Coordenadas de GPS. Fotografias de satélite. Mapas topográficos. Quem quer que os tenha
enviado, eram completos.
Se isto fosse real, estas informações faziam desses idiotas alvos fáceis. Os Escoteiros
poderiam montar um assalto ao acampamento que levaria apenas cinco minutos.
Sua esposa está viva.
Ele relanceou a sombra do pequeno pedaço de jornal enrolado que estava debaixo da
televisão.
Quatro palavras. Somente quatro simples palavras.
Ele odiou a esperança daquela pulada de vida dentro dele. Seu coração batia como uma
britadeira dentro de seu tórax. Sua pulsação corria tão rápido que ele se sentiu tonto, quase como
na noite anterior quando apagou quaisquer pensamentos racionais com bebida alcoólica
realmente barata.
Só que hoje à noite estava completamente sóbrio.
Não. De jeito nenhum. Não permitiria que o pequeno vislumbre de esperança abrisse seu
caminho em meio a um ano de pesar. Esta merda não acontecia na vida real. Segundas chances
não eram dadas às pessoas, de bandeja.
Ele rezou por um milagre por mais tempo do que se importava admitir, mas suas orações

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não tiveram resposta. Ou tiveram?


— Você está se perdendo, — ele murmurou.
Finalmente estava perdendo os últimos fragmentos de sanidade. Era assim que se sentia no
fim da estrada? Tudo o que restava para ele era começar a latir para a lua?
Esfregou o rosto e então a parte de trás do pescoço. Então olhou fixamente para as
informações espalhadas a sua frente como um mapa rodoviário. Um mapa para sua esposa.
Ele queria acreditar nisto. Seria o pior tipo de idiota se desse a isso qualquer credibilidade.
Mas poderia descartar todas estas informações sem ao menos mostrá-las a seus irmãos?
Inferno, eles mantinham a KGI. Chutavam traseiros para viver. Não existia uma operação
militar que não pudessem montar. Encontravam pessoas que não queriam ser encontradas.
Salvavam pessoas de situações impossíveis. Livravam reféns. Seguramente, um minúsculo posto
do cartel de drogas, no meio do nada, Colômbia, seria um passeio no parque para uma
organização como a KGI.
Oh Deus, eles achariam que ele finalmente ficou louco. Eles o internariam.
Mas e se não for brincadeira?
O pensamento estava preso na garganta. Tinha dentes. Não se soltava.
Passou a noite inteira girando pelo material, documento após documento, mentalmente
compilando as imagens em sua cabeça até que estivessem tão arraigadas que ele poderia ver a
combinação em seu sono. O conhecia intrinsecamente, sabia onde cada cabana estava, onde as
torres de guarda estavam posicionadas. Sabia quando mudariam a guarda, o horário de
carregamento de droga. Até quando levariam sua prisioneira e a moveriam para uma cabana
diferente.
Tinha que estar preparado. Seus irmãos poderiam pensar que estava louco. Não poderia
realmente culpá-los se o fizessem. Uma coisa ele sabia com certeza. Com ou sem eles, iria atrás de
sua esposa.
Se ela estivesse lá... se ela estivesse viva... ele a traria para casa.

CAPÍTULO 2

Não existia roteiro para momentos como este. Nada em seus anos no exército o preparou
para esta série de acontecimentos estranhos. Mesmo enquanto tentava por a esperança de lado
em seu peito, ela vivia e respirava dentro de sua pele.
Ethan estacionou sua caminhonete na calçada da casa do lago de seu irmão Sam, então
estendeu a mão sobre o banco para agarrar o envelope contendo todas as informações sobre o
paradeiro de Rachel.
Eles ficariam surpresos ao vê-lo. De fato, Sam, Garrett e Donovan estariam lá dentro,
provavelmente planejando uma incursão à casa de Ethan. Estavam atrás dele há meses, para que
fizesse parte de seu grupo de operações especiais, KGI. Tudo em seu plano para empurrá-lo
firmemente de volta a terra dos vivos.

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Um pacote da FedEx fez o que seus irmãos não conseguiram fazer.


Pela primeira vez, sentia algo diferente, além de culpa ou pesar. Estava furioso. Muito, muito
furioso.
Controlou aquela ira e a manteve próxima, precisando dela para a confrontação iminente.
Seus irmãos iriam pensar que tinha ficado louco. Eles eram sua única esperança, portanto, teria
que convencê-los que Rachel estava viva.
Saiu da caminhonete e olhou em direção ao lote adjacente onde o centro de comando
estava localizado. A cabana de Sam, construída de tronco rústico, estava aconchegada as margens
do Lago Kentucky. Era de última geração, completamente decorada, seiscentos metros quadrados.
O edifício alojava os escritórios do Kelly Grupo Internacional (KGI).
Era onde Sam, Garrett e Donovan, irmãos mais velhos de Ethan, praticamente viviam. Eles
dormiam no centro de comando mais frequentemente que em casa.
Ethan foi para lá primeiro. A última coisa que ficou sabendo, era que uma das equipes da KGI
estava fazendo uma missão de reconhecimento, o que significava que seus irmãos não se
aventurariam para longe da sala de comunicações.
A instalação era impenetrável, graças a um sistema de segurança de alta tecnologia. O local
era gracioso e aparentemente inocente, e era por isso que Sam gostava tanto. Ninguém
suspeitaria que operações militares eram planejadas e executadas na zona rural do Condado de
Stewart.
Ethan parou em frente ao teclado e teve que pensar muito para lembrar do código de
segurança. A última coisa que queria era digitar o código errado e ter seus irmãos em cima dele.
Depois que apertou uma série de códigos, a porta se abriu e ele entrou. Sam e Garrett
estavam esparramados nos sofás no meio da sala, enquanto previsivelmente, Donovan estava
operando o sistema de computador chamado Hoss.
Ethan andou a passos largos, mostrando determinação. Não ganharia nada parecendo um
covarde, fraco. Sam olhou para cima quando ouviu Ethan, e seu olhar era de surpresa. Chutou a
perna de Garrett que descansava na mesa de café e gesticulou em direção a Ethan.
— Já era hora de você tirar a sua carcaça daquela casa — Sam falou pausadamente.
Donovan rodou em sua cadeira, e seu olhar surpreso encontrou o de Ethan.
— Ei, cara, é bom ver você.
— Você parece uma merda ,— Garrett disse abruptamente. — Quando foi a última vez que
dormiu?
Ethan ignorou as gentilezas e as observações de Garrett.
— Eu preciso da ajuda de vocês.
As sobrancelhas de Sam se juntaram e ele olhou fixa e atentamente para Ethan. Seu olhar o
varreu de cima abaixo, assimilando cada detalhe de sua aparência. Quando falou, sua voz estava
calma, mas firme.
— Você sabe que tudo que tem que fazer é pedir.
Ethan lambeu os lábios e controlou o desejo de soltar tudo de uma só vez.
— Eu preciso da ajuda da KGI.

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Série The Kelly Group/ KGI 01

Os pés de Garrett bateram no chão e ele levantou-se.


— O que está errado? Você está em algum tipo de dificuldade?
A confiança de Garrett imediatamente o irritou. Sam poderia ser o mais velho, mas Garrett
era um urso super protetor quando se tratava da família. Ficaria louco quando soubesse sobre
Rachel. Especialmente porque os dois eram muito próximos.
Ethan olhou para baixo, para o envelope espesso em sua mão, a dúvida nublando sua
mente. Isto era loucura. Como poderia convencer seus irmãos quando ele quase não podia
acreditar? Mas se fosse verdade... se existisse até a chance mais remota de que ela estivesse viva,
teria que mover céus e terra para descobrir. Simplesmente não existia outra alternativa.
O nó em seu estômago ficou maior, e finalmente empurrou o envelope em direção a
Garrett. Sam levantou-se rapidamente do sofá e o tomou antes de Garrett. Donovan e Garrett
colaram em Sam para examinar, por cima de seu ombro, o material que Sam começou a puxar.
— Que diabo é tudo isso?— Sam exigiu enquanto embaralhava os gráficos, mapas e
coordenadas de GPS. Quando alcançou as fotografias de Rachel, as expressões de Garrett e
Donovan congelaram. A carranca de Sam aumentou, feroz, e ele olhou fixamente para Ethan.
— Onde conseguiu isto?
— Foi entregue ontem junto com uma nota dizendo que Rachel está viva.— Ethan apontou
para a pilha de documentos e fotografias que Sam segurava. — Isso era a prova.
Maravilhou-se de como soava tranquilo. Tão composto. Como se ouvir que a mulher que
acreditava estar morta, estava viva, fosse uma ocorrência comum.
Garrett xingou violentamente, e Donovan... ele olhou para Ethan com olhos tristes e
compreensivos. Ethan odiou aquele olhar. Era como se lhe recomendasse um bom analista.
Sam estava ainda estudando as fotografias, sua sobrancelha enrugada em concentração.
— Se parece com Rachel,— ele disse devagar, como se fosse doloroso dizê-lo, admitir que
talvez Ethan fosse insano.
— É Rachel,— Ethan disse, impaciente. — Acredite-me, eu já passei por tudo isso. Fiquei a
noite toda em cima disso, dizendo a mim mesmo que era algum tipo de piada doentia. Mas e se
não for? Posso jogar tudo isso fora e fingir que nunca os recebi? Meu Deus, se ela estiver viva... se
esteve num buraco dos infernos por um ano...
Ele cessou bruscamente, seu tórax levantando como se tentasse recuperar o controle de si
mesmo. Dobrou e desdobrou seus dedos pelo horror desse pensamento, repetindo em sua
cabeça. Rachel. Viva. Mantida prisioneira e sujeita a sabe-se lá Deus o quê.
— Sam, você tem que me ajudar. Eu preciso da KGI para isso. Para quem mais vou pedir?
Ninguém mais vai acreditar em mim. Você quer que eu venha trabalhar com você para sempre.
Faça isto por mim, me ajude, e eu sou seu.
Sam amaldiçoou e agitou a cabeça. Garrett fez uma carranca. O rosto retorcido de Donovan
parecia que tinha acabado de chupar um limão.
— Isto não é sobre você vir trabalhar conosco, cara, — Sam começou. — Eu não o
manipularia assim. Merda, estou tentando conseguir entender tudo isso. Você sabe que parece
muito improvável que Rachel esteja viva depois de todo esse tempo? Você sabe disso, certo,

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Ethan? Ainda não se convenceu de que ela esteja viva, não é?


Ethan lutou para manter sua expressão neutra. Ele queria rosnar, queria ficar irado, e
maldição, queria ação. Queria tudo isso agora. Queria sair de sua pele. Como seus irmãos
conseguiam ficar na frente dele tão tranquilos, tão racionais quando deveriam estar planejando o
salvamento de Rachel?
— Cristo, você está,— Garrett murmurou.
— Ethan,— Donovan começou com sua voz calma. — Você tem que saber, isto é
provavelmente só uma brincadeira. Alguma piada doentia. Poderia até ser alguém com um rancor
contra a KGI. Que caminho melhor para nos colocar na linha de fogo que balançar Rachel na nossa
frente desse jeito?
Sam severamente movimentou a cabeça.
— Nós certamente temos que tratar isto como uma possível ameaça.
Ethan explodiu em ira. Ele pegou Sam, agarrando sua camisa e colando em seu rosto.
— Esta é a minha esposa, lá em um buraco de merda. Não estamos conversando sobre
algum refém sem nome ou algum político sem importância. Esta é Rachel. Com ou sem sua ajuda,
vou buscá-la.
— Tire suas mãos de mim, Ethan, — Sam disse calmamente. Olhou fixamente de volta para
Ethan, sua expressão ilegível. Não existia raiva ou julgamento em seus olhos, e talvez isso tenha
aborrecido Ethan ainda mais.
Ethan lentamente abriu seus dedos e então empurrou Sam, soltando um som de desgosto.
Começou a ir embora, mas se achou em uma chave de braço. O braço de Garrett apertava ao
redor de seu pescoço, e arrastou Ethan de volta através da sala. Soltou seu aperto e o empurrou
sobre o sofá.
Ethan tropeçou e caiu esparramado sobre as almofadas. Teria se levantado, mas Donovan
prontamente se sentou em cima dele.
— Maldição, saia de cima de mim! — Ele queria bater em algo, em alguém. Deixou-se perder
na ira que estava rapidamente estourando, perdendo o controle a cada segundo que passava.
Piscou quando o rosto de Sam entrou em foco, seus narizes separados por centímetros.
— Escute, irmãozinho. Se você pensa que nós vamos deixar Rachel naquele buraco de
merda, pense novamente. Mas eu não vou arriscar minha equipe, meus irmãos, agindo
prematuramente, sem nenhuma atividade de inteligência ou reforço, entendeu?
Ethan fechou os olhos. Não era estúpido. Desesperado, sim. Estúpido, não. Sabia que não
podiam irromper tempestivamente numa floresta Sul-americana, atirando para todos os lados, e
começar uma guerra, não importava que sua esposa estivesse cativa por um grupo de idiotas.
Confirmou com a cabeça e sentiu Sam mudar de lugar. Donovan liberou Ethan, que rolou
para fora do sofá, sobre o chão, o tapete suave debaixo de seus joelhos.
— Eu conseguirei Steele para isso, — Garrett disse. — Ele e sua equipe estão acabando um
reconhecimento na América do Sul. Posso conseguir imagens de satélite baseadas nas
coordenadas que você tem. Se aqueles sujeitos fizerem xixi do lado de fora da cabana, poderemos
dizer o tamanho de seus paus.

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Sam assentiu.
— Precisamos de fotografias. Precisamos de números. Precisamos confirmar cada pedaço
dessas informações. Não iremos até que eu esteja seguro de que não estamos indo
precipitadamente para uma emboscada.
Ethan permaneceu lá, de joelhos, assistindo enquanto seus irmãos calmamente faziam o que
faziam melhor — planejar uma operação militar. Só que desta vez não estavam salvando um
refém sem nome ou recuperando um fugitivo.
O entorpecimento o agarrou. Tudo se movia ao seu redor em câmara lenta. Uma mão firme
agarrou seu ombro e Ethan lentamente girou, seu rosto para cima, até que encontrou o duro olhar
de Garrett.
— Se ela estiver lá, nós a tiraremos. Você sabe disso, cara.
— Sim, eu sei, — Ethan disse quase sussurrando. Então ficou quieto, irritado por sua
paralisia. — O que eu posso fazer? — Ele exigiu. Precisava fazer algo ou ficaria louco.
Sam o olhou, seu comportamento tranquilo, mas seus olhos o traíram. Existia um severo
cintilar. Raiva. Algo com o qual Ethan podia se identificar.
— Precisamos de um plano de extração. Por que você não segue com Van, pega alguns
mapas e aprende tudo o que puder sobre o aspecto do terreno. Carregue imagens de satélite do
Hoss enquanto eu pego pelos chifres alguns dos meus contatos. Tenho um sujeito no DEA5 que
deve ser capaz de me dizer se entraremos no meio de uma guerra de drogas.
Ethan contraiu os lábios e olhou lateralmente para Donovan.
— Você quer dizer que eu posso tocar no Hoss? — Ele relaxou um pouquinho. Tinha toda fé
em Sam e na KGI. Empregavam algumas das mentes militares mais brilhantes do mundo. Podiam
fazer isto. Logo Rachel estaria em casa. Em breve.
Donovan grunhiu.
— Não. Eu tocarei. Você só se senta e olha. Não quero você fodendo com meu computador.
— Isso é o mais próximo que ele chega de um caso amoroso —, Sam murmurou. — Acho
que até gozou nas calças quando compramos a coisa.
— Ha, ha. Você é um ótimo comediante, — Donovan disse enquanto sacudia Sam. Ele se
moveu até Ethan. — Vamos, irmãozinho. Mostrarei a você os reais cérebros por trás da KGI.
Aquele estúpido ali não consegue nem limpar o traseiro sem que eu diga quando e como.
Ação. Algo para fazer. Algo para manter sua mente fora do fato que, agora mesmo, neste
momento, Rachel estava apavorada e sozinha. E pior, pensando que ele nunca iria resgatá-la.

Três dias mais tarde, o centro de comando parecia justamente como seu nome sugeria.
Havia imagens de satélites e mapas por todas as superfícies, inclusive no chão. Donovan sentado
no computador, sua sobrancelha unida em concentração, enquanto Sam falava em tom baixo com
Steele no link do satélite.
Garrett permanecia na mesa de planejamento de Ethan enquanto os dois estudavam as

5
Drug Enforcement Administration – equivalente a departamento de Narcóticos.

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fotografias do acampamento que puseram junto com imagens de satélite e também com as
fotografias tiradas por um de seus homens no chão.
Ethan olhou para Sam quando este caminhou de volta.
— E aí? Já fizeram uma identificação positiva?
Sam estava próximo a Garrett e levantou uma das fotografias.
— As coisas estão quietas lá. Muito quietas. Steele chegou lá dois dias atrás e tem feito a
segurança em turnos com sua equipe. Eles viram a mulher em questão duas vezes.
Ethan inclinou-se para a frente, colocando suas palmas na mesa.
— Então ela está lá. Ela está viva.
Sam hesitou.
— Não é isso que estou dizendo, cara. Não sabemos se é ela.
— Besteira. Você está me dizendo que Rachel tem uma irmã gêmea no mesmo lugar em que
foi fazer sua missão há um ano atrás?
Garrett e Sam trocaram olhares.
— Eu só não quero que você eleve suas expectativas, Ethan, — Sam disse. — Concordamos
que quem quer que seja a mulher, é óbvio que não está lá por escolha, e o fato de que se
assemelha fortemente a Rachel é suficiente para que a tiremos de lá.
Os ombros de Ethan afundaram em alívio.
— Quando? — Ele perguntou. Já gastaram três dias, três agonizantes e longos dias,
esperando por informações, dados, fotografias de satélite e o reconhecimento de Steele.
E então outro pensamento o bateu.
— Você não vai me deixar fora disso. — Não era uma pergunta. Não existia nenhuma dúvida.
Ele não ficaria aqui enquanto a KGI ia atrás de Rachel.
— Para sermos honestos pensamos sobre isto, — Garrett admitiu. — Mas também sei que
se fosse minha esposa, de nenhum modo no inferno alguém me manteria fora da missão. Então
sim, você irá, mas vai manter sua cabeça no lugar. Você ficou sem ação durante algum tempo e
tem um interesse pessoal nisso.
Ethan assentiu, a adrenalina correndo em suas veias.
— Quando? — Ele perguntou novamente.
— Assim que estivermos seguros que sabemos exatamente no que estamos entrando, —
Sam disse. — Steele está no terreno com sua equipe. Ele está posicionado, então temos uma
circunferência apertada em torno do acampamento. Assim que eu tiver um helicóptero pronto
para a extração e tudo estiver engrenado, pegaremos o jato para o México. Lá tomaremos o
helicóptero para a Colômbia e cairemos na selva. Vai ser difícil, mas poderemos fazer.
Garrett apertou a mandíbula.
— Inferno sim, podemos.
— Acabei de receber um e-mail de Beavis e Butt-Head6 — Donovan disse por cima do

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Série de animação americana, exibida originalmente na MTV, mostra história focada em dois adolescentes em fase
pós-puberdade. Originalmente era a visão do criador de dois delinquentes juvenis.

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ombro. — Diremos a eles o que está acontecendo?


Ethan fez uma careta. Os dois irmãos mais jovens dos Kelly, Nathan e Joe, estavam ainda
ativos no exército e atualmente posicionados no Afeganistão. Ethan estava certo que Sam e os
outros provavelmente mantiveram os gêmeos atualizados nos assuntos da KGI, mas a última coisa
que precisava era que os gêmeos se preocupassem e ficassem distraídos enquanto estavam
lutando em uma zona quente.
— Não, — ele e Sam disseram ao mesmo tempo.
Sam olhou para Ethan e balançou a cabeça.
— Não há nenhuma razão para dar esperanças a alguém quando não temos certeza se
Rachel está viva.
— Então o que vamos dizer ao Papai? — Garrett perguntou.
Donovan girou em sua cadeira para se sintonizar mais na conversa.
— Direi a ele que é uma missão secreta, — Sam disse com um encolher de ombros. — Não
que não tenhamos uma dúzia dessas.
— Sim, mas o que vai dizer a ele quando notar que nosso desmancha-prazeres não está
resistindo mais? — Donovan perguntou levantando seu dedo polegar em direção a Ethan.
Ethan virou-se desconfortavelmente quando todos os três irmãos enfocaram seus olhares
nele.
— Diremos que ele não está resistindo mais,— Garrett disse. — Papai ficará contente em
ouvir isto. Ele está preocupado com Ethan.
Donovan assentiu e voltou para o computador. O link do satélite bipou e Sam caminhou de
volta para o receptor.
— Temos reforços? — Ethan perguntou a Garrett em voz baixa. Por mais que quisesse
Rachel de volta, segura e em seus braços, não queria arriscar as vidas de seus irmãos com uma
extração perigosa. As coisas podiam e davam errado o tempo todo.
Garrett grunhiu.
— Não mentirei para você, cara. Este tipo de operação normalmente precisa de muito mais
planejamento. Não temos o apoio e a força de trabalho do governo para isso. Não é tão fácil
levantar o telefone e pedir por merdas como essas, quando somos contratados pelo Tio Sam. Se
começarmos uma maldita guerra com a fodida Colômbia, nossos traseiros estarão na mira e não
existirá ninguém lá para nos resgatar.
— Eu sei que não deveria ter pedido, — Ethan disse quando olhou fixamente de volta para
seu irmão. — Mas eu tinha que pedir. Não posso deixá-la lá.
Os olhos do Garrett ficaram frios.
— Inferno não, não a deixaremos lá. Nós a recuperaremos, Ethan. Ninguém fode com os
Kelly.
Ethan abriu um sorriso e então bateu seu punho contra o de Garrett.
— Tudo certo, temos um horário de partida, — Sam disse quando retornou.
Donovan rodou em sua cadeira novamente.
— Estou carregando os mapas locais em nosso GPS junto com as imagens digitais que Steele

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capturou. Estou quase pronto.


Ethan se debruçou adiante.
— Quando?
Garrett e Donovan também olharam para Sam.
— Encontraremos com o cara do helicóptero no México em quarenta e oito horas. De lá
voaremos para a Colômbia, caímos, pegamos Rachel, então caímos fora. Rio e sua equipe ainda
estão na Ásia, mas estarão se dirigindo para a América do Sul o mais rápido possível. Ele será
nosso reforço se precisarmos.
— Quantos teremos no local? — Ethan perguntou.
— Steele e sua equipe... e nós, — Garrett disse. — Mais que suficiente para acabar com
esses idiotas.
Ethan se sentou novamente e soltou sua respiração frustrada. Quarenta e oito horas. Era
toda uma vida e não era tempo suficiente, tudo de uma vez.
Medo pelo perigo em que colocara seus irmãos roía suas vísceras, mas ao mesmo tempo,
faria qualquer coisa para resgatar Rachel.
— Você não está assustado por nós, não é? — Garrett perguntou a Ethan.
Ethan rapidamente olhou surpreso para seu irmão. Existia um cintilar nos olhos de Garrett.
Um calculado cintilar que limitava com o desafio.
Ele encontrou o olhar fixo e autoconfiante de Garrett. KGI era a melhor no que faziam. Tinha
toda confiança em suas habilidades para liderar a missão para salvar Rachel. Todos os seus irmãos
serviram um tempo no exército, e não existiam combatentes lá fora que chegassem aos pés de
seus irmãos.
— Hooyah7, — Ethan disse suavemente.
Sam rolou os olhos.
— Não comece com aquela merda da marinha comigo, menino rã8.
— Oohrah9, — Garrett disse com um sorriso.
Donovan riu e ecoou com seu próprio oohrah.
Sam agitou a cabeça.
— Por que é que Nathan e Joe foram os únicos que mostraram bom senso seguindo meu
exemplo na hora de se alistarem?
— Eles são umas bestas, — Ethan disse.
— Sim bem, qual é a sua desculpa? — Garrett exigiu. — Donovan e eu deixamos um
exemplo tão bom para você com os marines10. Mas não, você tinha que ser um menino da
marinha. Embora fique bem bonitinho no seu uniforme de marinheiro.
Donovan riu silenciosamente e Ethan golpeou Garrett no intestino. Garrett se dobrou
enquanto deixava escapar uma risada.

7
Grito de guerra dos Seals da Marinha.
8
Referência ao fato dele ter sido um SEAL.
9
Grito de guerra dos marinheiros da Marinha.
10
Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos

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— É bom ter você de volta, Ethan, — Sam disse, seu tom ficando sério.
Ethan olhou para Sam.
— Eu só a quero de volta, cara.
— Sim, eu sei, e nós a resgataremos. Eu prometo.

CAPÍTULO 3

A selva ao redor deles estava viva com centenas de criaturas. O ar era tão pesado e tão
concentrado que até dava para nadar nas linhas perto dos olhos de Ethan. Respirar era quase
impossível. O calor era tão opressivo que fazia com que parecesse que pesavam duas toneladas de
concreto.
Discretamente, os homens, e a única mulher, moviam-se furtivamente pela selva,
aproximando-se do objetivo.
P.J. Rutherford, a melhor atiradora entre eles, tomou posição e apontou seu rifle para as
distantes torres de guarda. Ela levantou dois dedos para sinalizar que havia dois homens em cada
um dos dois postos ocidentais.
David Coletrane, ou só Cole, estava a poucos metros diretamente na frente de P.J.,
posicionado para abater as duas torres do leste. Steele, líder da equipe de P.J. e Cole, levantou um
punho sinalizando que estava pronto.
Donovan e Garrett desapareceram de vista enquanto manobravam para o Sul. Seu trabalho
era fixar explosivos, fornecer distração e tirar qualquer um do caminho.
Steele e o resto de sua equipe tomariam o norte.
Sam e Ethan inspecionaram o acampamento acanhado na frente deles, observando cada
cabana de palha. Sam levantou seus dedos fazendo o número três e os movimentou em direção
ao norte e então apontou para Ethan e gesticulou em direção às quatro cabanas no perímetro
meridional. Ethan assentiu e se agachou, esperando os fogos de artifício começarem.
Levou cada pingo de seu treinamento se sentar lá e não entrar a toda carga no
acampamento, atirando, lançando granadas e destruindo tudo em seu caminho. Estava parado
demais para o seu gosto. Estes bastardos não mereciam qualquer clemência. Se não fosse o fato
de que não estavam certos onde Rachel estava alojada e que poderia ser pega no fogo cruzado,
Ethan diria foda-se o plano e dizimaria a aldeia.
Sam verificou seu relógio e então sinalizou para Ethan que faltavam dois minutos.
Ethan olhou à deriva pelas folhas e emaranhado de vinhas, mas a única pessoa diferente que
Sam podia ver era P.J. Faltando um minuto para entrar, ela derrubaria os guardas e então ela e
Cole abateriam qualquer um no caminho de Ethan e Sam.
Ela era uma personagem interessante. Quando Sam lhe contou sobre ela, Ethan assumiu que
seria uma mulher feia, de constituição atarracada, com um corte de cabelo masculino e tatuagens.
Ao invés disso, era delicada e totalmente feminina. Que ela fosse uma assassina altamente
qualificada era incongruente com a imagem que projetava.

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Seu cabelo estava puxado em um rabo-de-cavalo, e seu rosto estava camuflado. Estava
curvada acima de seu rifle, sua expressão era de uma concentração intensa quando achou seu
objetivo.
Faltando um minuto para agir, só a leve mudança de seu corpo disse a Ethan que tinha dado
o primeiro tiro. Depois de dois segundos, deu o segundo e então balançou seu rifle, mudando seu
objetivo para a outra torre de guarda.
Ela deu mais dois tiros rápidos então levantou a mão para sinalizar seu sucesso.
Vinte segundos para agir.
P.J. se reposicionou, assim teria o caminho de Sam e Ethan dentro da mira de seu rifle. Cinco
segundos. E ela estava de barriga, seu rifle em cima e fixo. Uma explosão estrondosa agitou o
chão. Múltiplas bolas de fogo se erguiam pelas copas da selva, iluminando um caminho tímido em
direção ao céu. Ethan avançou, sua arma pronta, enquanto corria através do emaranhado da selva
para a clareira do acampamento.
Os tiros de metralhadoras estouravam em ambos os lados de Ethan enquanto ele se
encaminhava em direção à primeira cabana. Não verificou o progresso de Sam, e só esperava que
os atiradores de elite fizessem seu trabalho.

Ela se amontoava na escuridão, abraçando seus joelhos. Balançava-se de um lado para


outro, num movimento constante, enquanto esfregava as mãos para cima e para baixo em suas
pernas.
Seu remédio. Ela precisava de seu remédio. Onde eles estavam? Se esqueceram? Fizera algo
ruim? Estava sendo castigada? Precisava de seu remédio. A dor rastejava por sua carne, deixando
uma trilha em chamas por seu corpo.
Fechou os olhos e se balançou mais forte. O suor banhava seus ombros, e ela tremia
incontrolavelmente. O chão sujo estava duro e frio. Apesar do calor e da umidade opressivos, o
frio infiltrava por seus ossos. Redemoinhos de frio apareceram inesperadamente na superfície de
sua pele.
Rachel. Rachel. Rachel.
Ela dizia seu nome, uma litania em seus lábios. Se não dissesse isso, estava certa de que se
esqueceria, e já tinha esquecido tanto...
Meu nome é Rachel.
Uma parte do pânico diminuía quando conseguia reter aquele pedaço vital de informação.
Dor e náusea jorravam em seu estômago, torcendo-o como nós.
Inspirava profundamente e tentava focar seus pensamentos. Fechou seus olhos novamente
para evocar a imagem que lhe trazia conforto nos longos meses em que viveu aqui.
Rachel não conseguia lembrar o nome dele. Sequer sabia se ele era real, mas enquanto
pudesse vê-lo, podia acreditar que ainda existia esperança.
Seu anjo da guarda. Ele pairava nas margens de sua mente despedaçada. Grande, forte, um
guerreiro. Seu protetor.

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Onde ele estava?


Quantos dias se sentou aqui se perguntando se ele viria? Perdeu a conta há muito tempo, os
arranhões na parede para marcar a passagem do tempo, há muito esquecidos.
Oh Deus, iria morrer. Não estavam trazendo seu remédio. Precisava dele. Não podia
aguentar a dor. O medo se alojou em sua garganta, e tentou em vão respirar. Seu peito queimava
pelo esforço.
Ela se balançou mais rápido.
Uma enorme explosão ecoou como um milhão de trovões. O chão tremeu embaixo dela e
ela lançou os braços sobre a cabeça. O som de fogos de artilharia soou nitidamente em suas
orelhas, e o medo a esmagou com dedos mortais.
A fechadura da porta de sua cabana sacudiu impacientemente, e então outro tiro, muito
mais perto, perfurando sua audição. Olhou para cima no mesmo momento em que a porta se
abriu. A luz solar a cegou, e ela abaixou a cabeça. Quando olhou novamente, mostrando a silhueta
contra o brilho laranja, estava um homem.
Ele era grande e ameaçador, suas feições desenhadas o tornavam macabro pelo fogo e
fumaça, e pela maior quantidade de luz solar que ela via em dias. Seu rifle varreu o quarto antes
que ele focasse toda sua atenção nela.
Oh Deus, ele iria matá-la. O dia finalmente chegou. O grande dia com o qual eles tanto a
provocavam.
Ela choramingou e envolveu os braços protetoramente ao redor de si mesma.
— Jesus, — o homem exclamou. — Rachel, querida, viemos resgatar você. Tudo vai dar
certo.
Ela vacilou. Eles nunca usaram seu nome. Em seus momentos mais escuros, ela se
perguntava se não o inventara.
O homem moveu a cabeça lateralmente e falou em algum tipo de receptor que estava
usando.
— Eu a encontrei. Cabana três. Norte. Precisaremos de cobertura.
Ele olhou de novo para ela e começou a se aproximar.
Ela lançou os braços acima da cabeça e se encolheu o máximo que podia. Fechou seus olhos,
assim não poderia ver o que estava por vir.
Acima dela, o homem amaldiçoou suavemente, mas parou. Não conseguia mais ouvir seus
movimentos. Ela arriscou uma olhada por debaixo dos braços e o viu parado ladeando a porta.
Estava olhando para fora, seu perfil iluminado pelo fogo.
Alguns segundos mais tarde, outro homem estourava pela porta, uma arma de fogo
embalada em seus braços. Seu olhar imediatamente disparou para ela.
O segundo homem arrancou o capacete, e a boca dela abriu em choque. Conhecia este
homem. Ela o viu tantas vezes em sua mente. Mas ele não era real, não é?
Ele se ajoelhou cautelosamente na sua frente e estendeu a mão.
— Rachel, sou eu, Ethan. Eu vim para levar você para casa.
Ele sabia seu nome. Seu anjo da guarda sabia seu nome. Ela começou a se balançar mais

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forte, seus dentes batendo ruidosamente em sua cabeça. A dor a roía incessantemente. Precisava
de seu remédio.
— Remédio — ela resmungou. Machucava falar. Não falava em voz alta há muito tempo. —
Preciso do meu remédio.
Ethan fez uma carranca e olhou para o outro homem. Então ele a alcançou e suavemente
tocou seu braço. O primeiro homem se moveu da entrada de forma que a luz brilhou mais e ela se
moveu para longe do clarão. Ethan virou seu pulso até que o interior de seu braço estivesse
exposto.
Ele deixou sair um silvo de raiva.
Ela puxou seu braço e se encolheu do poder que ele emanava.
— Merda, Sam, — Ethan murmurou.
O homem que ele chamou de Sam ecoou o xingamento e então empurrou o dedo polegar
acima de seu ombro.
— Temos que nos mover. Agora. Estamos a três quilômetros do helicóptero e ainda estamos
levando tiros de todos os lados.
Ela olhou fixamente entre os dois homens, mistificada pelo que estava acontecendo. Onde a
estariam levando?
Ethan tocou em sua bochecha e então a ergueu, puxando-a com ele. A dor estalava por seu
corpo e ela estava banhada por um suor pesado. Ainda assim, nunca sentiu tanto frio em sua vida.
— Confie em mim, querida, — Ethan disse suavemente. — Vou tirar você daqui, mas preciso
que faça como eu disser.
Ela apenas teve tempo para movimentar a cabeça antes que ele a levantasse e lançasse
sobre o ombro numa manobra típica de bombeiros11. Ele apalpou nervosamente seu rifle com a
mão livre e então a carregou porta afora atrás de Sam.
O chão girava debaixo dela e o ombro dele afundava dolorosamente em sua barriga até que
a bílis começou a subir em sua garganta. Ao seu redor, o mundo enlouqueceu. O fogo
resplandecia um caminho através da aldeia e além. O fogo da artilharia perfurava o chão e as
árvores ao seu redor, e estava certa que morreria. Agora, quando o salvamento era iminente, tudo
isso seria para nada. Eles nunca a deixariam ir. Disseram-lhe isso tantas vezes.
De repente ela estava voando pelo ar. Golpeou as costas no chão com tal força que todo o ar
saiu de seus pulmões. Ficou deitada lá, um musculoso braço apertava ao redor de sua cintura
quando tentou respirar. Dor, tão constante, explodia em sua cabeça até que pontos pretos
dançavam em seus olhos.
Tentou girar quando a náusea finalmente a subjugou, mas estava presa. Apavorada, chutou
e bateu, mas o aperto só se intensificou.

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— Shhh, querida. Eu estou aqui. Está tudo bem.


Sua voz a confortou, e ficou quieta embaixo dele. Ethan a puxou pelos pés, e ela piscou
enquanto se ajustava à luz constante.
Tão repentinamente quanto a arrastou para cima, ele a empurrou de costas, cobrindo sua
cabeça com seus grandes braços.
— Filho de uma cadela! Onde está a cobertura?
Ethan ficou deitado lá, esparramado em cima de Rachel enquanto esquadrinhava
rapidamente a área. Maldição, Sam estava parado a vários metros de distância. Ethan olhou
novamente na direção em que sabia que estava P.J. e para onde Garrett e Donovan seriam
encontrados.
Não podia deixar Sam, mas tinha que proteger Rachel. Inferno de escolha. Seu irmão ou sua
esposa.
Afastou o cabelo de Rachel do rosto e viu o terror em seus olhos.
— Escute-me, Rachel. Eu preciso que você faça exatamente como eu disser. Vê aquele
caminho que leva para a selva?
Ele apontou e esperou que ela girasse a cabeça. Quando estava satisfeito por ela ter olhado
o suficiente, ele murmurou novamente.
— Quando eu disser vá, quero que corra como o inferno. Diretamente para aquele caminho.
Entre na selva e se esconda. Eu tenho pessoas lá. Eles a encontrarão.
Ela olhou fixamente para ele com horror, e ele se perguntou se absorvera suas instruções.
— Vamos, Rachel, diga algo. Diga-me que você entendeu. Eu tenho que ajudar Sam.
Lentamente ela assentiu com a cabeça. Ele saiu de cima dela e ela se ajoelhou, olhando
cautelosamente para os arredores.
Ethan puxou o microfone para sua boca.
— Preciso de cobertura. Sam está em apuros. Estou enviando Rachel para você, P.J.
Em resposta, uma linha pesada de fogo pipocou a área além de Ethan. Ele empurrou Rachel
adiante.
— Vá! Corra!
Ela não hesitou. Como um potro ficando em suas pernas pela primeira vez, tropeçou
irregularmente e se jogou em direção a parte mais fechada da selva.
Ela olhou para trás, e ele se levantou o suficiente para que pudesse vê-la. Fogo queimou
através de seu escalpo, e ele cheirou o odor inconfundível de cabelo e sangue queimado.
Rachel olhou fixamente para ele com horror enquanto ele sentia o deslizamento morno de
sangue por seu pescoço.
— Vá! — Ele berrou.
Ele se abaixou e passou a mão sobre a área acima da orelha direita. Saiu manchada de
sangue. Ainda tinha a maior parte de seu cabelo e não estava faltando nenhuma parte do corpo,
então, não era obviamente sério.
Esperou só o tempo suficiente para ela desaparecer nas folhagens antes de girar para
encontrar seu irmão.

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Rastejou até ele e Sam lhe lançou um olhar descontente.


— Me poupe — Ethan disse brevemente. — Não vou deixar você.
— Você deveria estar cuidando de sua esposa, — Sam soltou. — Não ficar cuidando do meu
traseiro.
Outra rodada de fogo bombardeou os barris de metal que usavam como cobertura.
— Malditos filhos da mãe — Sam disse. — Onde diabos estão Van e Garrett com todos os
explosivos?
Uma explosão agitou o chão, e os dois homens cobriram suas cabeças com os braços por
causa dos escombros que choviam ao redor deles.
Ethan sorriu.
— Aí mesmo, eu diria.
Outro estrondo balançou a área e Ethan e Sam se aproveitaram do caos para sair da
cobertura. O receptor do microfone caiu da orelha de Ethan e, na frente dele, Sam amaldiçoou
num fluxo interminável de palavras enquanto mergulhavam atrás de uma pilha de caixas.
— Cole foi atingido. Alguma fodida bala que, por sorte, ricocheteou. Steele está a caminho
para pegá-lo. Dolphin e Renshaw estão fornecendo cobertura.
— E Rachel? — Ethan perguntou. — Garrett e Van já chegaram até ela? Onde infernos está
P.J.?
Ele não percebeu que estava gritando no microfone até que Sam estremeceu.
— P.J. pediu para lhe dizer que está ocupada salvando seu traseiro. Nenhum sinal de Rachel.
Van e Garrett estão procurando. Que diabo aconteceu com o seu receptor?
— Perdi.
— Merda, Ethan, você foi atingido. Está sangrando como um porco.
Ethan olhou para o irmão e torceu os lábios.
— O que você é, um maricas? Seus anos fora do exército transformaram você numa
menina? Desde quando se preocupa com qualquer coisa que seja menos que um membro
perdido?
Sam agitou a cabeça e então gesticulou por cima do ombro.
— P.J. já os tirou de lá? Eu estou ficando danado de cansado de ficar aqui deitado na sujeira.
Ethan ficou sobre seus cotovelos e varreu a área com seu rifle. Justo quando um dos idiotas
pôs sua cabeça para fora dos barris, P.J. pôs uma bala entre seus olhos. Infernos, a mulher era boa.
— Eu preciso chegar até Rachel, — Ethan disse.
Sam assentiu.
— Em minha contagem.
Ethan rolou, ficando de joelhos.
— Um.
— Dois.
— Três.
Os dois homens mergulharam por detrás dos engradados, abaixaram-se e correram para a
selva.

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O mundo ao redor deles estava assustadoramente quieto quando alcançaram a área onde
P.J. estava posicionada. Isso deixou Ethan inquieto.
Momentos mais tarde, Steele, Renshaw, e Baker cambalearam pela vegetação arrastando
Cole entre eles. Ethan olhou ao redor para ver Sam com a mão na orelha enquanto ouvia
atentamente a transmissão. Ele olhou para Ethan, sua expressão sombria.
— O quê? — Ethan exigiu. — Que diabo está acontecendo? Onde estão Van, Garrett, e
Rachel?
Sam se moveu para se juntar aos outros, e o nó no estômago de Ethan ficou maior.
— Porra, Sam, fale.
Sam pediu silêncio.
— Certo, isto tem que ser rápido. Garrett e Van estão procurando por Rachel. Eles não
acharam nada ainda. Renshaw, você e Baker peguem Cole e retornem para o helicóptero. O resto
de vocês aprofundem a procura. Vamos achar Rachel e cair fora daqui.

CAPÍTULO 4

Marlene Kelly saiu do banheiro e cruzou o quarto em direção à cama onde seu marido
estava sentado, lendo. Quando se aproximou, ele abaixou o livro e tirou os óculos.
— Você parece preocupada, — ele observou.
Ela lhe dirigiu um sorriso lânguido, divertida pelo fato que depois de todos esses anos, ele
ainda tinha um talento especial para declarar o óbvio. Ele não podia ser exatamente chamado de
intuitivo quando ela lamentou-se pela casa o dia inteiro.
Puxou as cobertas e deslizou para debaixo dos lençóis. Quando se recostou contra os
travesseiros, cruzou os braços acima do peito e suspirou.
— Estou preocupada.
Frank se virou para o lado e apoiou a cabeça na palma da mão.
— Sobre?
— Ethan.
Ele soltou a respiração.
— Eu pensei que tínhamos concordado que era bom que ele finalmente se juntasse a seus
irmãos? Não faz bem a homem nenhum ficar trancafiado naquela casa com todas as coisas dela.
— Eu só me preocupo que ele não esteja pronto, — ela disse, infeliz. — A morte de Rachel o
afetou muito.
— Nossos meninos cuidarão bem dele. Você sabe disso. Sam não o deixaria sair se não
estivesse confiante em suas habilidades.
— Você está certo, eu sei. Só estou preocupada. Quero que ele seja feliz novamente.
Frank tocou em sua bochecha, seus dedos calosos traçando as rugas de preocupação de sua
testa.
— Ele será. Levará um tempo.

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Ela franziu a testa quando ouviu um som no andar de baixo. Se sentou, a mão de Frank
correndo por sua pele. Então virou-se para seu marido.
— Você ouviu isto?
— Ouvi o quê?
Ela xingou em exasperação.
— Esse som. Veio da cozinha.
Ele se endureceu e pôs uma mão em seu braço quando ela começou a se levantar.
— Você fica aqui. Eu descerei.
— Deveríamos chamar a polícia, — ela silvou.
Ele lhe deu um olhar de aborrecimento enquanto ia em direção ao armário.
— Provavelmente é só um rato. Não tem nenhuma necessidade de chamar Sean aqui.
Ele desapareceu no armário e retornou segundos mais tarde com uma espingarda.
— Frank, não ouse estragar minha cozinha!
Ele acenou para ela e saiu. Marlene agarrou o telefone. Típico de um homem Kelly. Todas as
coisas podiam ser resolvidas com armas. Não que tivesse qualquer coisa contra elas, mas não
queria um buraco em suas paredes novas.
Agarrou o telefone, determinada a chamar Sean, dando a mínima se ele tivesse que sair da
cama ou não.
— O que... ei, você, volte aqui! — Frank rugiu.
Marlene estremeceu quando um impacto soou. Seus dedos estavam batendo no teclado do
telefone quando ouviu Frank novamente.
— Marlene, desça aqui, — ele gritou.
Ela voou fora da cama, o telefone em sua orelha. Quando chegou na parte inferior dos
degraus e dobrou a quina para a cozinha, parou, olhando fixamente a cena estranha a sua frente.
— Saia de cima de mim!
Marlene olhou fixamente para baixo, para a menina que gritava, deitada de bruços,
enquanto Frank se sentava sobre ela no meio do chão da cozinha. Ele estava esfregando a mão e
xingando a plenos pulmões.
— Frank! O que diabos está acontecendo?
Frank olhou para ela.
— O que parece? Peguei esta pequena bruxa invadindo o refrigerador. Ela lançou o jarro de
biscoito na minha cabeça e tentou correr. Chame Sean e diga para ele vir aqui.
Marlene olhou fixamente para a menina que ainda estava lutando. “A menina” era uma
descrição apropriada. Por que ela não podia ter mais de dezesseis. Magra, parecia um palito
debaixo de um pedregulho. Tudo que Marlene podia facilmente ver era um monte de cabelo rosa
esticado em quarenta direções.
— Frank, saia de cima dela, — repreendeu enquanto se aproximava.
— O quê? Sair de cima dela? O inferno que irei. A louca mulher tentou me matar.
— Você é que a está matando, — ela assinalou. — Um homem do seu tamanho sentado em
cima dela. Duvido que ela possa respirar.

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Frank a olhou, empurrando a coronha da espingarda para baixo, assim poderia se levantar.
Manteve a mão livre espalmada no meio da menina enquanto se erguia.
— Não tenha nenhuma ideia, garota. Não tenho nenhum pudor em encher sua pele de
chumbo.
Marlene rolou seus olhos então empurrou o marido de lado.
— Não chegue muito perto dela, Marlene. Maldição, — Frank protestou. Ele tentou ficar
entre ela e a menina, mas Marlene andou ao redor dele.
— Você pode se levantar agora, — Marlene disse intencionalmente. — Mas eu o faria muito
lentamente se fosse você. Frank está morrendo de vontade de usar aquela espingarda.
A menina lentamente virou e rapidamente mascarou o medo em seus olhos, substituindo
por desafio silencioso. Ela era suficientemente bonita, mas magra como um palito. Tinha sombra
suficiente debaixo de seus olhos para Marlene perceber que não dormia provavelmente desde
quando ficou sem comida.
Suas roupas, se pudesse chamá-las disso, ficavam penduradas e seu cabelo era
provavelmente bonito debaixo de toda a tintura rosa.
Seu coração caiu por esta menina. Era óbvio que ela não era nenhuma criminosa perigosa.
Claro que Frank riria dela e diria que era muito coração mole para seu próprio bem. Seus meninos
rosnariam e diriam que ela ajudava muitos extraviados, e ela o fazia, mas normalmente eram da
variedade animal.
— Você está com fome? — Marlene perguntou.
Os olhos da menina se estreitaram.
— Não, eu arrombei seu refrigerador para pegar gelo.
Marlene quase riu de seu desafio.
— Não tem nenhuma necessidade de ficar irritada comigo, mocinha. Posso assegurá-la que
em meus anos como professora enfrentei maiores e mais malvados que você, e se não se importar
que eu diga, não existe muito em você que intimide tanto quanto uma pulga.
A menina franziu o cenho, mas Marlene permaneceu firme, mãos nos quadris enquanto a
olhava fixamente de cima abaixo.
— Agora, podemos fazer isso de dois modos. Você pode se sentar como se tivesse algumas
boas maneiras, enquanto faço algo para você comer, ou podemos chamar o xerife e você vai
passar a noite na cadeia. Você decide.
A chama de esperança nos olhos da menina quase quebrou o coração de Marlene. Então ela
lançou um olhar cauteloso a Frank, que permanecia a alguns metros afastado, sua expressão
agressiva.
— Não ligue para ele — Marlene disse com exasperação. — Seu latido é muito pior que a
mordida. Agora, quer algo para comer ou não?
Lentamente ela movimentou a cabeça.
— Estamos resolvidas, então. Sente-se no balcão enquanto eu vejo o que temos de sobras
do jantar. E Frank, pare de assustá-la. Ela não poderá engolir com você olhando-a com essa sua
cara feia.

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Frank suspirou mas abaixou a arma e tentou melhorar a cara. Seria difícil, porque todos os
seus homens adoravam ficar de cara feia quando os repreendia. Uma coisa os meninos
certamente conseguiram de seu pai.
A menina foi até um dos tamboretes do bar, seu olhar nunca deixando Marlene e Frank. Os
olhava como se fosse voar a menor provocação.
— Agora, qual é o seu nome? — Marlene perguntou enquanto ia para o refrigerador.
— Rusty, — ela disse com uma voz que Marlene teve que se esforçar para ouvir.
— Como inferno passou pelo meu sistema de segurança? — Frank exigiu. — Meus meninos
o instalaram três meses atrás.
Rusty deu a ele um sorriso triunfante.
— Foi fácil.
— Bem, maldição — Frank murmurou. — É um desperdício de dinheiro.
Rusty agitou a cabeça.
— Não para a maioria dos intrusos. Acontece que eu entendo de eletrônica, só isso.
— E por que estava invadindo a casa? — Frank suspeitosamente exigiu.
Rusty se remexeu desconfortavelmente e olhou para outro lado.
— Eu estava com fome, — murmurou. — Parecia que não ia fazer falta se eu pegasse um
pouquinho
— Quero que saiba que trabalhei condenadamente duro para ter o que tenho. — Ele agitou
um dedo em sua direção. — Este é o problema com os jovens de hoje.
— Frank, por favor, não comece — Marlene inseriu. — Você vai lhe dar indigestão.
Ela retirou vários recipientes e os jogou na mesa.
— Você quer algo também, querido?
Ele a olhou ferozmente como resposta.
Marlene voltou sua atenção para Rusty enquanto unia o pão dos sanduíches.
— Você tem um lugar para ficar, Rusty?
Rusty congelou, e o medo retornou a seus olhos.
— Sim, claro que tenho. Não sou uma sem teto ou algo assim.
— Só não tem comida neste lugar que você fica? — Marlene suavemente perguntou.
Os lábios de Rusty se uniram em uma linha firme. Marlene pôs dois sanduíches na sua frente
e então alcançou o armário de cima para pegar um copo.
— Pegue gelo para mim, querido, — Marlene instruiu Frank.
Frank pareceu aborrecido, mas fez como ela pediu, retornando um segundo mais tarde com
o copo. O gelo crepitou e estalou quando Marlene despejou chá, e empurrou o copo através da
mesa para Rusty, que já estava devorando um dos sanduíches.
Marlene trocou olhares infelizes com Frank, que parecia tão comovido quanto ela.
— Por que você não fica aqui esta noite? — Marlene ofereceu.
Não estava certa de quem ficou mais chocado, Rusty ou Frank. Ela silenciou Frank com um
olhar, então dirigiu seu olhar de volta a Rusty.
— Bem?

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— Por que você quer que eu fique? — Rusty perguntou cautelosamente. — Eu tentei roubar
você. Vocês dois não estão em qualquer coisa louca, não é?
Marlene piscou, surpresa, e então seu coração se quebrou quando percebeu no que Rusty
estava pensando.
— Não, querida — ela disse suavemente. — Eu só estou oferecendo um lugar para você
dormir e um bom café da manhã.
— Mas por quê? — Rusty deixou escapar.
Ela parecia que queria chorar, como se não tivesse nenhuma ideia de como lidar com a
generosidade com que foi tratada. O que dizia a Marlene que tinha visto muito pouco disto.
— Porque parece que você poderia ter um pouco de descanso e outra boa refeição.
A ansiedade nos olhos de Rusty bateu em Marlene como um martelo. Senhor, ela sofria por
esta criança.
— E o que acontecerá amanhã? Você vai chamar a polícia?
Marlene agitou a cabeça.
— Não, Rusty. Nada de polícia. A menos que tente nos roubar novamente. Se fizer isso, eu
mesma chamarei Sean. Mas você é bem-vinda a ficar. E sobre o que acontecerá amanhã, por que
não discutimos isso com uma xícara de café quente de manhã? Terá de me perdoar por dizer isso,
mas parece morta de cansaço.
— Uh sim, certo, certo, — Rusty disse ao redor de um bocado de pão.
— Não pense que não estarei observando você, — Frank advertiu.
As narinas de Rusty se alargaram, mas ela não respondeu.
— Continue e termine sua comida, então mostrarei seu quarto. Você pode tomar banho e
colocar algumas das roupas de Rachel que eu ainda tenho.
— Quem é Rachel? — Rusty perguntou.
Marlene pausou, a tristeza rastejando em sua alma.
— Ela era minha nora, — disse calmamente.
Rusty deve ter sentido seu passo em falso porque não aprofundou o assunto. Ao invés disso,
vorazmente se abaixou à mordida restante e engoliu ruidosamente com o chá. Posteriormente,
enxugou a boca com a parte de trás da manga.
Os olhos de Marlene se estreitaram, e Frank realmente sorriu. Se existia uma coisa que ela
não tolerava, era falta de modos à mesa. Todos os seus meninos foram sujeitos a sua ira em um
certo ponto ao longo dos anos, e como resultado, todos tinham modos impecáveis, ainda que
sempre escolhessem não usá-los.
Ainda assim, ela não comentou. A pobre menina provavelmente não teve muitas refeições
decentes, então modos à mesa não eram uma prioridade.
— Venha então. Vamos lá para cima. Pegarei alguns lençóis limpos enquanto estiver no
chuveiro.

CAPÍTULO 5

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Rachel. Seu nome era Rachel. Ela tinha a prova agora. O estranho que apareceu de repente
em sua cabana a chamou de Rachel, e então seu anjo da guarda, que ela temia ser uma invenção
de sua imaginação, chegou para salvá-la. Finalmente.
Só que não se sentia segura. Estava assustadíssima e para todos os lados que olhava, existia
só selva. Estava desesperadamente perdida e só.
Sozinha. Não em cativeiro.
A ideia lhe deu um prazer ardente enquanto se dava conta do que acontecia. Estava livre.
Caiu de joelhos, quase gritando quando seu estômago se revoltou e balançou. Suas palmas
plantadas na terra úmida, ela se apoiou enquanto tinha ânsias.
Ao longe ouviu movimento, e imediatamente se levantou, segurando a respiração. Estavam
vindo para levá-la de volta? Era tentador só ficar lá e deixá-los achá-la. Pelo menos então,
conseguiria seu remédio e a dor horrível iria embora.
Lágrimas de ódio queimavam suas pálpebras. Não voltaria para lá. Morreria primeiro. Ethan
foi atingido tentando salvá-la. O pensamento fez seu estômago se revirar de novo.
Tinha que cair fora. A ideia de ir mais fundo na selva, ao desconhecido, onde qualquer
criatura a perseguiria e a teria como presa, a assustava de morte.
Ela se ergueu. Deu um passo. E então outro. O chão parecia morno e vivo debaixo de seus
pés nus. Ganhou velocidade até que finalmente correu.
Dor. Medo. Não podia dizer qual sentia mais. Os dois a subjugavam. Rachel parou para
descansar, debruçando-se contra uma árvore como apoio. Convulsionou quando a náusea subiu
por seu estômago.
Cada terminação nervosa parecia ter sido atingida por uma sucessão aleatória. Uma agonia
sem fim corria por suas veias. Sua pele coçou, e levou toda sua força de vontade para não
arranhar furiosamente a carne.
Inspirando profundamente, suas narinas se abrindo com o esforço, procurou cobertura na
selva densa. O pânico de sua impotência caiu sobre ela enquanto lágrimas juntavam-se em seus
olhos. Não tinha ideia de para onde estava indo ou como sobreviveria.
Um arrepio vicioso varreu seu corpo quando registrou a umidade opressiva. Estava gelada
por dentro, entretanto. Um som atrás de si a colocou em movimento. Girou ao redor, insegura de
qual direção seguir. De onde viera?
A fadiga fez seus olhos se fecharem, mas piscou e se forçou a ir adiante. O limo e sabe Deus
mais o que se enredavam em seus dedos do pé. Empurrou seu pé para cima quando algo
escorregou através de seu tornozelo.
Pronta para gritar de pânico, frustração e medo, mergulhou em uma densa área de plantas.
Sentiu uma pontada em seu ombro, e então a dor estourou como fogo pelos músculos que
protestavam. Tirou seu ombro do lugar? Deitou-se lá, arquejando enquanto a agonia rasgava seu
corpo.
Tinha que conseguir ir para mais longe.
As folhas estavam úmidas e arranhavam sua bochecha, deixando uma trilha fresca.

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Segurando seu braço ferido firmemente contra o tórax, caiu ao chão com a outra mão e rastejou
para a frente até a cobertura das plantas tomarem conta dela.
Seus joelhos bateram em várias raízes de árvores, e ela apressadamente se escondeu contra
o tronco, se amontoando à procura de calor e tentando aquietar sua trovejante pulsação.
Quieta, tinha que ficar quieta. Sua respiração soava como um rugido em suas orelhas até em
meio à cacofonia da selva ao seu redor.
Cuidadosamente, puxou as pernas, prendendo seu braço ferido entre os joelhos e o peito. Se
manteve tão quieta quanto possível.
Seus músculos tremiam e saltavam. Sua pele ondulava, e ela lutava contra o desejo de
arranhar e esfregar, para se limpar das milhões de coisas que rastejavam por seu corpo. Manteve
os olhos abertos, sabendo que não podia ver qualquer coisa rastejando lá, mas seu corpo se
recusava a acreditar no que sua mente lhe dizia.
Pegou um movimento com o canto dos olhos e congelou. Seus olhos lentamente se
moveram para sua esquerda, esquadrinhando a área. E então ela o viu.
Sua respiração se prendeu na garganta. Era a pessoa que estava com Ethan. Sam. Ele era
grande e mau, e carregava um rifle. Seu olhar varreu a área, sua expressão feroz e concentrada.
Oh Deus, oh Deus. O que devia fazer? Ele a assustava. Ela não o conhecia. Não confiava nele.
Ele sabia seu nome, entretanto. Será que a levaria de volta para a cabana agora que Ethan estava
morto? Será que queria ajudá-la ou livrar-se dela?
Então à sua direita ela pegou outro flash. A princípio, pensou que tinha imaginado, mas
quando olhou novamente, viu homens se movendo para a área. Eram quase imperceptíveis, sua
roupa de camuflagem se mesclava com a cobertura densa.
Não importava o quanto temia Sam, tinha mais medo destes homens. Conhecia bem todos
os seus rostos, os via diariamente pelo que pareceu uma eternidade. Bílis subiu por sua garganta,
e se sacudiu tão fortemente que seus dentes batiam ruidosamente.
Ela estava fazendo uma aposta. Com Ethan fora do caminho, este Sam poderia não se
importar com o que acontecesse com ela. Mas não tentou machucá-la, e não podia dizer o mesmo
de seus captores.
O medo desesperado quase a paralisou, mas levantou-se sobre seus pés trêmulos, mesmo
assim . Tinha que adverti-lo. Sam viu a ameaça?
— Sam, atrás de você!
Ele caiu como uma pedra. Tiros estouraram. Ela viu um dos homens cair. Uma sensação de
satisfação selvagem a agarrou. Então mais tiros, desta vez por detrás dela.
Ela mergulhou para o chão, lançando seus braços acima da cabeça, sua mente gritando sem
parar. Desesperada para se proteger enquanto a floresta se transformava em uma zona de guerra,
se enrolou em uma bola apertada, tentando se fazer tão invisível quanto possível.
E então percebeu a estupidez de se enrolar em uma bola. Precisava cair fora. Já dera sua
localização. Era só uma questão de tempo antes que viessem atrás dela.
Com o terror lhe dando força, levantou-se e começou a rastejar tão rápido quanto podia.
Vacilou quando uma bala bateu em uma árvore logo acima de sua cabeça, e então deitou-se no

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chão mais uma vez.


Quando nenhuma outra bala estalou no chão ao seu redor, começou a ir adiante
novamente, rezando por cada polegada ganha. Os tiros pararam, mas ao invés de se tranquilizar,
inspirou ataques de pânico. Sem distração, iriam atrás dela.
Rastejou mais rápido, sua respiração saindo dolorosamente do peito. O suor corria por seu
rosto, ou eram lágrimas?
Chocou-se com o corpo antes de vê-lo. Estava muito atordoada para gritar ou até mesmo
processar que o homem estava morto. O sangue estava em todos os lados e o rifle que ele levava
estava ainda firmemente em sua mão.
Ela conhecia este homem. O odiava. Não teve nenhuma condolência por sua morte. Com
mais força que pensou possuir, arrancou o rifle de sua mão e rastejou para longe dele.
Eles não a levariam de volta. Os mataria — a todos eles.
Quando rastejou para tão longe do corpo quanto possível, parou para tomar fôlego. As
laterais de seu corpo doíam, o ombro queimava e a vista estava borrada por lágrimas.
Um soluço subiu por sua garganta e rapidamente o tragou. Com medo de se trair, abaixou a
cabeça, enterrando o rosto na mão livre. Precisava de um momento para descansar.
Vários minutos se passaram, ou talvez fossem segundos. Pareceu uma eternidade. E então
ouviu seu nome. Um sussurro suave, carregado pela brisa. Rachel.
Ela estremeceu, mas se recusou a olhar para cima. Nunca a chamaram por seu nome.
— Rachel.
Muito perto desta vez.
Sua cabeça subiu, e ela agarrou o rifle. Rolou, apontando a arma em direção da voz. Um
homem estranho a olhava fixamente, sua expressão vazia. Seus olhos azuis gelo eram ilegíveis
quando calmamente a inspecionou. Não parecia aborrecido pelo fato de ela estar apontando uma
arma para ele.
Ela tentou fugir, mas estava enrolada na vegetação. Empunhou melhor a arma, tentando
pelo menos manter seu dedo no gatilho.
Por detrás do homem, outro apareceu. Sam. Ele não disse nada enquanto se colocava entre
ela e o outro sujeito.
— Para trás, Steele, — ele murmurou.
Sam pôs uma mão apaziguadora para frente, com a outra segurava seu próprio rifle,
entretanto não fez nenhum esforço para apontá-lo para ela.
— Rachel, me escute. Eu não machucarei você. Eu juro. Você precisa largar a arma e vir
comigo, assim poderei levá-la de volta para Ethan.
As lágrimas imediatamente rolaram. Um nó se formou em sua garganta, e ela não conseguia
engolir e desfazê-lo.
Ele podia não ser confiável. Estava mentindo para ela. Ethan estava morto. Ela viu o sangue.
O viu cair logo depois de roucamente gritar para ela fugir.
Contendo o gesto de dor, conseguiu desajeitadamente ficar de pé. Sam relaxou e estendeu
uma mão para ela, mas em vez de mover-se para ele, ela retrocedeu, seu olhar nunca o deixando

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ou o homem que ainda estava a alguns passos de distância.


Com as mãos tremendo, nivelou a arma entre eles, desejando que apenas fossem embora.
As sobrancelhas de Sam uniram-se por um momento e então ele avançou.
— Não,— ela falou, enquanto apontava a arma em sua direção.
Ele levantou as mãos e retrocedeu, sua expressão cautelosa.
— Rachel, — ele disse ternamente. — Querida, eu estou aqui para te ajudar. Está na hora de
você voltar para casa. Para as pessoas que te amam. Sua família.
Seu coração se apertou. Família? Não podia se lembrar de uma família. Tudo o que se
lembrava era de Ethan e até essas lembranças eram vagas. Quando ela esqueceu? Tudo que podia
lembrar era da dor e do medo infinito. A confusão causada pelas injeções impostas a ela, e
necessidade arrastando-se quando esperavam muito tempo para dar sua outra dose.
Por um breve momento ela hesitou, atraída pela ideia de família. Uma casa. Pessoas que a
amavam. Entretanto, ela lembrou. Ethan estava morto. Ele era tudo que ela tinha, tudo que podia
se lembrar. Seguramente se lembraria se existissem outros. Teria esquecido sua família?
Você mal consegue se lembrar quem você é.
O pensamento flutuou pelas vias torcidas de sua mente, debochando e lembrando a ela do
aperto tênue em sua sanidade.
Ela pegou o movimento nas proximidades e virou a cabeça para o lado para ver outro
homem seguir em direção a Sam e Steele. Ele tinha uma carranca feroz enquanto seu olhar se
detinha sobre ela. Era maior e parecia mais malvado que Sam, e devia tê-la amedrontado
terrivelmente, mas existia algo familiar, algo estranhamente reconfortante sobre ele.
Estaria ficando louca?
Ele parou ao lado de Sam, e ela ainda olhava fixamente enquanto imagens relampejavam
irregularmente em sua mente.
— Que diabo está acontecendo, Sam?— Ele perguntou num grunhido baixo. — Não temos
tempo a perder. Vamos pegá-la e ir embora.
— Diga isto a ela,— Sam murmurou enquanto olhava fixamente para a arma que ela
segurava. — Eu falei que ela não queria ir.
Como relâmpagos em um céu escuro, imagens se atiravam fortuitamente por sua mente
quebrada. Memórias? O homem de pé ao lado de Sam, só que ele estava sorrindo, quase
ternamente. Água. Um deque. Ele a ergueu e então a lançou no lago. Permaneceu rindo enquanto
ela emergia cuspindo, e ela estava rindo também. Feliz. Ela estava feliz.
Outra memória, assombrante e doce. Uma igreja. Ela deslizando pelo corredor central. Ethan
esperando... e este homem na frente dela... ele a escoltou. Sua mão agarrou apertado acima do
braço dele. Ele sussurrou baixinho para ela não se preocupar, que ela era a noiva mais bonita no
mundo e que seu irmão era o homem mais sortudo da Terra.
Garrett. Irmão de Ethan?
— Garrett? — Ela sussurrou.
Seu rosto imediatamente suavizou. A carranca desapareceu e algo que pareceu com alegria
relampejou em seus olhos por apenas um momento.

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— Sim, Rachel. Sou eu, Garrett.


Tomando uma decisão imediata, ela voou para seu lado, cuidadosamente colocando-o entre
ela e os outros dois homens. Ele endureceu em surpresa mas colocou um braço ao redor dela. Ela
se comprimiu ao lado dele e nivelou um cauteloso olhar para Sam.
— Deixe-me pegar a arma, docinho, — Garrett murmurou enquanto suavemente a pegava
de seus dedos.
Ela vacilou quando ele olhou para seu ombro ferido, e sua respiração acelerou. Sam franziu a
testa e fez um movimento em direção a ela, mas ela apressadamente se afastou, seus pés
enroscando na vegetação rasteira. Ela caiu ao chão, aterrissando dolorosamente.
Garrett foi para o seu lado imediatamente, a mão tocando seu braço. Sam se ergueu, as
sobrancelhas arqueadas.
— Você está bem, Rachel? Onde está machucada? — Garrett perguntou.
— Meu ombro, — ela disse. — Não posso mover meu braço. Dói muito.
— Provavelmente deslocou, — Sam disse severamente. — O ângulo está torto, e ela está
contribuindo para que fique pior.
Ela se afastou quando Sam moveu para a frente novamente. Ele xingou e se deteve.
— Ela não se lembra de você, — Garrett disse.
— Sim, eu notei, — Sam murmurou. — Não fico surpreendido que se lembre de você,
entretanto. Agradeça a Deus por isso, pelo menos.
— Ele mentiu, — Rachel sussurrou.
Os olhos de Garret se estreitaram.
— Quem mentiu?
— Sam.
A cabeça de Sam balançou para trás em surpresa.
— Eu?
A mão de Garrett terminou de afastar o cabelo de seu rosto.
— Sobre o que ele mentiu, docinho?
Lágrimas brotaram, e ela mordeu o lábio para conter o gemido de desespero.
— Ele disse que me devolveria para Ethan, mas Ethan está morto.
Garrett e Sam arregalaram os olhos em choque. Sam soltou sua respiração, então se
agachou ao lado dela, ignorando seus esforços para se afastar.
— Por que você pensa que Ethan está morto?
— Eu o vi cair. Ele foi atingido. Ele me disse para fugir e então caiu. Eu vi.
Sam sorriu.
— Ele não está morto, Rachel. Seria necessário muito mais que aquilo para matar aquele
bastardo genioso. Foi apenas um arranhão. Ele sangrou como um porco, mas está bem. Eu juro.
Ela olhou para Garrett para confirmação, a esperança batendo implacavelmente contra seu
peito. Garrett deu um pequeno aceno com a cabeça.
— Ele está bem agora? — Ela perguntou com voz trêmula. — Onde está ele?
— Eu levarei você para ele, — Sam disse. — Mas nós temos que nos apressar.

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O medo saltava em sua garganta, e ela começou a se agitar.


— Não deixe eles me levarem de volta. Por favor.
O rosto de Garrett ficou sombrio, e ela estremeceu com a violência crua em seu rosto. Por
um momento, seus olhos frios se fixaram nela e então ele se abaixou ao seu lado. Não invadiu seu
espaço. Acabou de se agachar olhando fixa e atentamente para ela.
— Você não me conhece, Rachel, — ele disse em uma voz calma. — Não tem nenhuma
razão para acreditar em mim. Mas existe uma coisa que posso garantir a você. Não permitirei que
aqueles bastardos a levem de volta. Levarei você e Ethan de volta para casa, onde vocês
pertencem. Você entendeu?
Existia uma garantia segura em sua voz. Uma confiança inabalável, que apesar de seu medo
e ansiedade, a acalmou.
Lentamente ela assentiu. Steele assentiu também e então se ergueu, colocando vários
passos de distância entre eles.
— Isto pode doer, — Garrett disse. Ele se abaixou e colocou um braço debaixo de seus
joelhos. Seu outro braço deslizou junto a suas costas, e cuidadosamente a pegou no colo,
tentando não empurrar seu ombro machucado.
Ela lançou um cauteloso olhar para Sam, estudando-o na segurança dos braços de Garrett.
Ele não se parecia com Ethan. Garrett sim, e talvez fosse por isso que se lembrou dele. Enquanto
Ethan e Garrett eram homens grandes, cabelos pretos com corpos duros e rostos duros, Sam era
mais magro mas não menos musculoso. Seu cabelo era castanho claro, mas seu queixo era
quadrado e tinha um conjunto determinado que a enervava. Seus olhos eram de um azul frio. Um
pouco como o de Steele. Gelo impenetrável.
Como se sentindo seu exame, ele olhou para cima. Como mágica, aqueles olhos duros se
suavizaram e ficaram afetuosos. Ofereceu a ela um sorriso tentador.
— Eu não lembro de você, — ela disse suavemente. — Sinto muito.
Ele a alcançou e colocou uma mecha de cabelo atrás de sua orelha.
— Tudo bem, querida. Você se lembrará. O importante é que conseguimos resgatá-la para
Ethan e iremos para casa, onde todos faremos um rebuliço sobre você e você ficará bem.
Garrett começou a caminhar, empurrando-a ligeiramente enquanto caminhava pela selva
emaranhada. Sam se movia rapidamente adiante, sua arma a postos enquanto espiava a área em
rápida e metódica varredura. Steele vinha na retaguarda.
— Quem são todos? — Ela perguntou a Garrett em voz baixa.
— Shhh, não agora, — Garrett disse, entretanto, sua voz era regular e sem repreensão. —
Prometo contar tudo quando estivermos fora desse buraco quente.
Ela dobrou a cabeça debaixo de seu queixo e descansou a bochecha contra o peito largo. E
então à medida que se acomodava, a necessidade, severa e inexorável, bateu sobre ela. Ela
começou a se agitar. Estava simultaneamente quente e então fria. O suor apareceu
inesperadamente acima de sua pele, e ela estremeceu em espasmos contínuos.
Os braços de Garrett apertaram ao seu redor até a dor bater em seu braço. Ela ofegou, e ele
imediatamente diminuiu seu aperto.

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— Remédio, — ela ofegou. — Por favor, preciso do meu remédio. Eu vou morrer.
— Você não vai morrer, — Garrett sussurrou contra seu cabelo. — Não vou deixar você. Eu
sei que machuca, querida, mas tem que lutar contra isto. Não os deixe ganharem. Pense em
Ethan. Você estará com ele em breve.
Ela fechou os olhos como se mil insetos rastejassem por cima de seu corpo. Por cima de sua
pele, escavando debaixo de sua roupa. Era tudo que ela podia fazer para não gritar e deitar-se no
chão para bater neles, para arrancá-los de sua carne.
— Maldição, Sam, você tem um sedativo em sua mochila? — Garrett disse.
Ele parou de caminhar e a virou em seus braços. Alguns segundos mais tarde, ela sentiu uma
picada afiada no braço. Levantou a cabeça, surpresa, e olhou fixa e silenciosamente para Garrett.
— Tudo certo, irmãzinha, — ele disse em uma voz grossa. — Feche seus olhos. Vai ficar
melhor, eu prometo.
O rosto dele borrava diante de seus olhos.
— Ethan, — ela sussurrou. — Você prometeu.
— Quando você acordar, ele estará aqui, — Sam disse ao lado dela. — Relaxe e não lute
contra isto.
Por um momento, ela continuou a lutar, muito submersa na onda de dor e a fome viciosa
para simplesmente se soltar. O mundo ao seu redor desapareceu e seus olhos tremeram, mas ela
agarrou-se tenazmente.
Uma mão quente acariciou sua bochecha e então o cabelo. Com um suspiro ansioso, ela se
inclinou ao toque, dirigindo-se para o conforto que ele oferecia. A letargia inundou seu corpo, e
ela ficou mole.
Ethan.

CAPÍTULO 6

Marlene acordou cedo como era seu hábito. Muitos anos cuidando de crianças, levando-os
onde precisavam estar e, em seguida, saindo cedo para seu próprio trabalho como professora.
Frank não era diferente. Ele corria para a única loja de ferragens em sua pequena cidade nos
últimos 30 anos, e abria as sete da manhã, seis dias por semana, chovendo ou fazendo sol.
Ela espiou Rusty, meio que esperando já não encontrá-la, mas o que encontrou foi um som
de menina dormindo, as cobertas puxadas até o nariz. A expressão de Marlene suavizou-se
enquanto observava da porta. Qualquer que fosse a situação da menina, não era feliz.
Calmamente, recuou para fora do quarto e fechou a porta atrás dela. Em seguida, desceu as
escadas para começar o café da manhã. Colocou os biscoitos no forno, em seguida, começou a
fritar o bacon e colocou o mingau para ferver. Um por um, quebrou os ovos e deixou-os cair em
uma tigela.
Era estranho não ter pelo menos um dos seus meninos enfiando a cabeça em uma manhã de
domingo. Eles estavam sempre famintos, e domingos eram os dias de grande café da manhã na

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casa dos Kelly. Ultimamente ficavam mais fora que em casa. Nathan e Joe estavam baseados no
exterior, e Sam, Garrett e Donovan sempre pareciam estar fora em uma missão secreta para a KGI.
Ethan era o único rotineiramente em casa. Até agora. Ela suspirou enquanto batia os ovos
um pouco mais vigorosamente. Ethan levava uma vida tranquila depois da morte de Rachel.
Afastou-se da família. A única vez em que Frank o viu foi quando apareceu na loja de ferragens
para ajudar, mas mesmo então, ele foi reservado.
E agora de repente ele estava fora em uma missão com Sam? Algo não estava certo com
aquela imagem.
— E não pensem que não vou descobrir o que é, — ela murmurou.
Os meninos sempre pensavam que poderiam esconder algo dela, mas ninguém conseguia
esconder nada por muito tempo.
Olhou para cima quando ouviu um som na escada. Rusty estava lá, com o jeans e camiseta
de Rachel, os cabelos em desalinho e uma expressão reservada em seu rosto.
— Muito bom dia, — Marlene disse alegremente. — Está com fome?
Ainda olhando Marlene cautelosamente, Rusty seguiu até o balcão.
— Eu poderia comer.
— Muito bom. Frank estará aqui embaixo em breve e teremos uma boa refeição.
Rusty sentou-se à beira de um banco do balcão e observou enquanto Marlene derramava os
ovos em uma frigideira. Ela virou o bacon e diminuiu o fogo do mingau para deixá-lo ferver.
— Eu não gosto de ovos.
— Eu odeio ouvir isso uma vez que é o que estou cozinhando. Espero que você coma ou vai
passar fome.
— Você não quer saber quando irei embora? — Rusty disse em um tom beligerante.
— Desde que eu não lhe pedi para sair, não.
Rusty franziu a testa e se remexeu no banco.
— Então você não se importa se eu ficar?
— Estou preocupada que haja pessoas preocupadas com você. Parece-me que deveria
deixar seu pessoal saber onde está, pelo menos.
Os olhos de Rusty congelaram e seu corpo todo enrijeceu.
— Eu não tenho qualquer pessoal. Nenhum que dá a mínima, de qualquer maneira.
Marlene tinha imaginado isso, mas não queria acolher esta menina se tivesse uma família
preocupada com ela em algum lugar.
Nesse momento Frank desceu relaxadamente as escadas e entrou na cozinha. Parou para
deixar cair um beijo na bochecha de Marlene antes de se voltar para o balcão. Olhou
cautelosamente para Rusty, mas sentou-se sem comentários. Rusty não estendeu o tapete de
boas vindas para ele também.
Postaram-se como dois animais prontos para atacar, cada um observando o outro para
qualquer movimento inesperado.
— Então você está dizendo que quer ficar? — Marlene perguntou casualmente.
Rusty fez uma careta.

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— Eu não disse isso.


Marlene virou-se enquanto pegava a frigideira e deslizou os ovos em um prato.
— Frank, será que você pode pegar os biscoitos por favor?
Ela colocou o bacon ao lado dos ovos e então pegou o mingau em uma tigela grande. Depois
que tudo foi colocado no balcão, sentou-se em frente a Frank e Rusty, e gesticulou para
avançarem.
— Você vai depois do café da manhã, então? — Marlene perguntou enquanto passava
manteiga num biscoito.
Os lábios de Rusty se franziram com escárnio.
— Você quer que eu vá, não é?
— Se eu quisesse que você fosse, eu diria isso. Não sou de meias palavras.
— Muito direta, — Frank murmurou.
Ela lhe lançou um olhar sufocante. Algo que se assemelhava a um sorriso contornou a boca
de Rusty.
— Gostaria que você ficasse se é isso o que quer, — disse Marlene para Rusty. — Mas se
aceitar a minha oferta, terá que ser honesta comigo. Sobre tudo. E há regras.
Frank bufou e Marlene olhou para ele novamente.
— Não ligue sobre as regras, — Frank disse com um suspiro resignado. —Basta acenar com a
cabeça e dizer “sim senhora”.
Marlene nivelou um olhar para Rusty.
— Isso soa como algo com o qual você pode viver?
Rusty se contorcia sob o escrutínio de Marlene. Ela pegou sua comida e brincou com um
pedaço de bacon com o garfo.
— E se você mudar de ideia?
Marlene se controlava para não reagir ao medo e insegurança na voz da criança. E ela era
uma criança. Uma criança tentando muito duramente ser um adulto, mas era um bebê, no
entanto.
— Não vou mudar de ideia, Rusty. Enquanto você cumprir minhas regras e respeitar a minha
casa, vamos conviver muito bem.
Por um longo momento Rusty fitou Marlene como se não pudesse acreditar no que estava
ouvindo. Então olhou de soslaio para Frank.
— Então vou ficar. Por enquanto, — acrescentou apressadamente.

CAPÍTULO 7

Agradecido por perder o seu maldito fone de ouvido, Ethan emparelhou com Donovan
enquanto procuravam pela vegetação rasteira. À frente, Donovan parou e segurou a mão na
orelha.
— Diga de novo, Sam, o sinal está dispersando.

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Donovan virou-se para Ethan enquanto ouvia atentamente.


— Entendido. Iremos ao seu encontro.
Donovan mexeu em seu GPS, olhou para baixo atentamente e depois para cima, como se
determinando a direção para onde ir.
— Que diabos ele disse? — Ethan exigiu.
— Encontraram Rachel. Garrett está carregando-a de volta. Vão nos encontrar no
helicóptero.
P.J. surgiu através de um emaranhado de folhas, seu rifle aparentemente grande demais
para seu pequeno corpo.
— Vamos fazer trilhas, — disse ela. — O helicóptero está a dois quilômetros e meio acima do
cume. Vai ser foda na nossa trajetória atual.
— Você tem uma maneira mais fácil? — Donovan perguntou.
— Não.
Ethan caminhou em frente, não esperando por eles para seguir a melhor rota.
— Espera, cara — Donovan chamou. — Já que sou o único com o GPS, você pode querer
deixar-me assumir a liderança. Caso contrário vai acabar na Venezuela.
— Então vamos, — Ethan rosnou. — Já tivemos atrasos suficiente.
Seguiram através da selva, em silêncio, olhos e ouvidos atentos a qualquer barulho ou
movimento.
Embora eles paralisaram a pequena aldeia com seu ataque surpresa, ainda estavam em
menor número, e quando o inimigo tivesse tempo para se reagrupar, estariam atrás da KGI. Ethan
queria muito estar fora da Colômbia com sua esposa bem antes que isso acontecesse.
Todo fôlego deixou seu peito, deixando-o murcho. Seu ritmo diminuiu enquanto os eventos
do dia o envolviam. Ele ainda não tinha sido capaz de deleitar-se com a descoberta que Rachel
estava viva antes de todo o inferno libertar-se. Mesmo agora, ela estava com seus irmãos, e ele
dependia deles para levá-la com segurança para o helicóptero. Não que não confiasse neles.
Confiou-lhes a sua vida e a de Rachel. Mas ansiava por ser o único com ela, oferecendo-lhe
segurança.
Apertou o passo quando Donovan ganhou distância sobre ele. Não podia se dar ao luxo da
mente vaguear assim. Poderia terminar com ele e seus companheiros mortos.
Olhou para P.J.. Ela manteve-se sem nenhum problema, e parecia imperturbável pela luta.
— Obrigado pela cobertura, — disse ele.
Ela pareceu espantada com o agradecimento. Seu rabo de cavalo balançava enquanto olhava
de soslaio para ele.
— Sem problema. É o meu trabalho.
— É um trabalho no qual você é boa, — disse ele sinceramente.
— Para uma mulher, você quer dizer.
— Eu não disse isso.
Ele olhou para ver um sorriso cutucando os cantos da boca dela.

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— Você está fazendo isso de propósito para me fazer sentir como um balde de lama, — ele
acusou.
Ela encolheu os ombros.
— Você é um SEAL. Não está acostumado a entrar em combate com mulheres. Por isso está
impressionado. Duvido que ficaria tão impressionado com Cole, e seu trabalho é o mesmo que o
meu.
Ela o pegou.
— Ok, eu me rendo. Você está certa. Estou impressionado, porque você é uma mulher. Uma
mulher muito pequena.
Donovan riu na frente deles.
— Cale-se enquanto estiver à frente, irmãozinho. Ela já atirou em bundas de pessoas por
dizer menos que isso.
P.J. revirou os olhos para as costas de Donovan.
— Tem o tempo estimado de chegada, menino nerd?
— Ora, — disse Donovan. — Você me magoa com seus insultos. Meio quilômetro a mais. —
Ele apontou para a inclinação à frente. — Logo depois do cume e estaremos olhando para o
helicóptero.
— Então vamos fazer o que você disse, andar mais e falar menos, — disse ela enquanto
saltava à frente.
E, novamente, sumariamente repreendido como um garoto errante. A mulher tinha um jeito
de fazer um homem se sentir com um centímetro de altura.
Donovan e Ethan trocaram olhares divertidos e pegaram o ritmo.
Estavam sujos, molhados de suor, e Ethan tinha sangue seco endurecido no pescoço e na
camisa, quando ultrapassaram a subida. Abaixo, o helicóptero estava coberto por uma rede de
camuflagem.
Donovan falou baixinho em seu microfone, e, lentamente, os homens próximos ao
helicóptero entraram no campo de visão.
Ethan, Donovan e P.J. apressaram-se e foram recebidos por Dolphin.
— Dê-me um relatório sobre Cole, — Donovan disse rapidamente.
— Ele está no helicóptero. Dei-lhe uma dose para aliviar a dor. Ricochete. Bala ainda está na
perna. Teremos que parar na Costa Rica e deixar Maren examiná-lo e espero que possamos
abastecer lá.
Donovan acenou com a cabeça e depois olhou para onde Baker e Renshaw estavam de pé,
seus olhares cautelosos enquanto montavam guarda.
— Vocês estão bem? Qualquer outro ferimento?
— Só Dolphin, — disse Renshaw, sacudindo um dedo polegar na direção de Dolphin.
— Que diabos aconteceu com você? — Ethan perguntou.
Dolphin fez uma careta.
— Não é grande coisa. Provavelmente quebrei algumas costelas. Estava muito perto de uma
das explosões.

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— Isso mesmo — murmurou P.J.


— Sam, Garrett e Steele estão vindo com Rachel, — Donovan disse enquanto sua mão
deixava o ouvido. — Retirem a cobertura do helicóptero. É hora de partir.
A equipe caiu em uma enxurrada de atividades. Ethan mergulhava para ajudar, embora sua
mente gritasse para ir se encontrar com os outros. Forçou-se a conter a emoção aumentando
dentro dele.
Rachel. Sua esposa. Ele iria levá-la para casa.
— Ethan, — P.J. murmurou ao lado dele.
Ele virou-se quando ela o cutucou, e ela fez um gesto para um ponto à distância. Ele seguiu o
olhar e viu Garrett caminhando em direção ao helicóptero, Rachel em seus braços.
Ele esqueceu todo o resto. Indiferente de como parecia, começou a correr, ignorando a dor
em sua cabeça e a dor de seus músculos. Tudo o que importava era chegar até ela.
Garrett parou e esperou Ethan chegar a ele. Sam e Steele passaram e Sam colocou uma mão
no ombro de Ethan.
— Pegue-a e vamos, — Sam murmurou, antes de prosseguir.
— Ela está bem? — Ethan perguntou com um nó na garganta.
— Sam a sedou. Foi muito ruim, — disse Garrett depois de uma pausa.
Ethan pegou-a de Garrett, maravilhado com a sensação de tê-la em seus braços novamente,
após tanto tempo. Neste momento ele absorveu a sensação, antes de jogá-la por cima do ombro
para que pudessem ser rápidos.
— Vamos, vamos levá-la ao helicóptero, — disse Garrett.
Ethan a embalava em seus braços e caminhou para entrar no helicóptero enquanto estavam
puxando a rede do rotor de cauda. Sentou-se enquanto os outros tomavam seus assentos e
Donovan entrou na cabine do piloto.
Ethan olhou para o rosto delicado de Rachel e deu seu primeiro longo olhar para sua esposa
desde que ele explodiu na cabana.
Suas roupas estavam rasgadas, o short fino e puído. Sua camiseta tinha inúmeros buracos e
estava emaranhada com a sujeira. Ela não usava sapatos, e seu cabelo pendurava frouxamente em
sua cabeça. Mas, para ele, nunca pareceu mais bonita.
A emoção tomou conta dele, sua garganta inchou e lágrimas queimaram suas pálpebras.
Incapaz de pensar, de reagir, simplesmente apertou os lábios na testa dela e segurou-a tão
firmemente quanto pôde.
— Tenho que admitir, eu estava cético, — Sam disse enquanto deslizava no chão ao lado de
Garrett e na frente de Ethan.
Ethan olhou para cima para ver tristeza e arrependimento acesos nos olhos de seu irmão.
— Estou muito contente por a termos resgatado.
Ethan assentiu.
— Te devo uma, cara. Devo-lhe tudo.
— Besteira. Você não nos deve nada. Estou louco como o inferno por não poder ter estado
aqui mais cedo, — Garrett rosnou

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— Eu não entendo, — Ethan exclamou. — Por que? Por que ela? — Ele enterrou a cabeça
em seu cabelo. — O que ela fez para merecer tudo disso?
Ele sugou em várias respirações firmes. Sentiu-se perto de ficar completamente insano, com
raiva, dor e culpa. Como poderia não ter sabido que ela estava viva? Deveria ter exigido mais
provas então. Em vez disso, aceitou cegamente a proclamação de que sua esposa não retornaria.
Sam se inclinou para frente para permitir que Steele passasse por cima dele.
— O importante é que você a tem de volta.
Sim. Ele a tinha de volta, e mataria qualquer filho da puta que tentasse tirá-la dele
novamente.
— Ela está bem? — Steele perguntou enquanto tomava posição do outro lado de Sam.
Ethan notou o sangue no braço de Steele e o jeito com que ele fez uma careta quando
sentou-se. Ethan olhou para Sam, que abanou a cabeça. Não era grave, mas Steele não parecia
nem um pouco feliz com a lesão.
Ethan engoliu em seco e respondeu a pergunta de Steele.
— Não sei ainda. Acho que a viciaram em drogas.
Raiva apertou a mandíbula de Steele, e seus olhos azuis brilharam.
— Deveríamos apenas ter deixado cair um monte de explosivo C-412 e acabado com os
idiotas.
P.J. deslizou ao lado de Ethan, enquanto Baker, Renshaw e Dolphin subiam atrás para
estarem perto de Cole, que estava pálido como uma luz. Dolphin se esticou e soltou um gemido.
Colocou a mão sobre as costelas.
— Cara, eu acho que estou ficando velho demais para essa merda.
Ethan sentiu um pouco da tensão deixá-lo. Começou a tremer enquanto a realidade o
atingia.
— Quer que eu a leve? — Sam perguntou.
Ethan sacudiu a cabeça, apertando seu abraço sobre ela. Ela ainda não estava consciente,
graças a Deus. O sedativo fizera seu trabalho.
— Obrigado, — disse Ethan alto o suficiente para que os outros ouvissem.
— Você teria feito o mesmo por um de nós, — Steele disse com um encolher de ombros. A
ação o fez estremecer novamente, e ele segurou a mão no ombro. Ethan podia ver sangue infiltrar
entre seus dedos. — E a verdade é que, quando você me disse o que tinha acontecido a Rachel,
estava ansioso para chutar algum burro do cartel. Estou feliz por ela estar bem.
Ela estava bem? Essa era a pergunta de um milhão de dólares. Ela estava viva, mas quem
realmente sabia como estava. Os bastardos a injetaram com drogas, Deus sabe por quanto tempo.
Certamente tempo suficiente para deixá-la viciada. Ela estava no meio da abstinência quando Sam
a encontrou. Ethan sequer queria deter-se sobre o que mais poderiam ter feito para ela.
Ele precisava levá-la a um médico, rápido. Mas primeiro tinham que dar o fora daqui. Vivos.

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Tipo de explosivo muito potente.

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O zumbido das pás e o rugido do motor cortaram qualquer outra coisa que Ethan poderia ter
dito. Em poucos segundos, Donovan levantou do chão e roçou junto às árvores. À distância,
fumaça podia ser vista flutuando para o céu em uma corrente negra. As narinas de Ethan
queimavam. Desejou que fizessem exatamente como Steele dissera e deixassem cair uma carga de
C-4 e acabassem com tudo.
Ethan recostou-se e moveu Rachel, para que ela ficasse ainda mais perto dele. Não
importava que ambos estivessem sujos, fedendo, e tivessem mais sujeira e lama endurecida sobre
eles que um porco. Ela era dele. Ela era um milagre.
Fechou os olhos e escondeu o rosto nos cabelos dela. A ascensão e queda lenta de seu peito,
o ligeiro movimento contra o seu corpo lhe deu a tranquilidade tão necessária. Beijou-a e manteve
os lábios pressionados em sua cabeça. Não importa o que acontecesse, desta vez não iria cometer
os mesmos erros que cometera antes. Ele valorizaria cada dia com ela. Só esperava que ela o
perdoasse por seus passado.

CAPÍTULO 8

— Acho que deveríamos ter chamado Sean para vir conosco, — Frank resmungou. — E o que
você estava pensando, deixando Rusty sozinha em nossa casa? Teremos sorte se tivermos uma
casa quando voltarmos. Ela provavelmente nos enviou em uma perseguição infrutífera. Como
sabemos que estava nos dizendo a verdade?
A boca de Marlene se contraiu enquanto saiam da estrada do condado rural em um caminho
de terra que era largo o suficiente para a caminhonete.
— É importante que eu lhe mostre confiança.
Frank bufou.
— Confiança. Você acabou de conhecer a menina na noite passada. A confiança é
conquistada, Marlene. Você precisa tirar a cabeça das nuvens.
Ela suspirou enquanto chegavam a uma parada em frente de um trailer em ruínas e coberta
de ervas daninhas e grama que não eram cortadas em anos.
— Você deveria ter pelo menos me deixado trazer a espingarda. Parece que essas pessoas
querem companhia?
— Frank, pare. Olhe para este lugar. Rusty não pertence a este lugar. É de se admirar que ela
fugiu?
Seu coração doía pela mágoa e desconfiança nos olhos da jovem. Olhos que estavam muito
mais velhos que o resto dela.
— Vamos acabar com isso, — resmungou Frank. — E eu quero que você fique atrás de mim
até que eu saiba se é seguro, ok?
Marlene assentiu e ambos saíram da caminhonete. Antes que pudesse fechar a porta, um
homem saiu da porta de tela que estava pendurada por uma única dobradiça.

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— Seja o que for que estiverem vendendo, não queremos nada, — ele falou em um tom
beligerante. Pelo menos agora Marlene sabia onde Rusty o conseguiu.
Ela afastou-se da caminhonete e respondeu.
— Estamos aqui para falar com você sobre Rusty.
— O que aquela idiota fez desta vez? Não tenho nenhum dinheiro para ajudá-la a sair de
problemas, então podem muito bem ir agora. Ela está por conta própria.
— Isso é muito evidente, — disse Marlene baixinho.
Frank entrou na frente dela e segurou sua mão para ela ficar parada. E silenciosa.
— Você é o pai dela? — Frank perguntou.
— Não vê que isso não é da sua conta?
— Bem, precisamos falar com o responsável por ela.
O homem olhou por um longo tempo, e então enfiou as mãos nos jeans rasgados e estufou o
peito.
— Ela não é minha parente. Ela e a mãe estavam vivendo aqui comigo, mas a mãe dela
partiu novamente. Sem dizer quando ou se vai voltar. A menina seguiu seus passos. Se foi faz uma
semana.
Marlene fechou os olhos contra as lágrimas repentinas. Uma semana. Uma semana sozinha,
sem comida, amedrontada e sem nenhum lugar para voltar. Rusty não mentiu sobre isso.
Ela pegou a mão de Frank e apertou com urgência. Ele pegou os dedos e deu um puxão em
resposta.
— Então você não é o tutor legal.
— Claro que não. Deve ser a mãe nada boa. Eu lavei as minhas mãos sobre ambas.
Mercadorias devolvidas, eu digo.
— Obrigado, — disse Frank. Virou-se e gesticulou para Marlene voltar a caminhonete.
— Quem vocês disseram que são? — o homem perguntou. — E o que aconteceu com Rusty?
Frank caminhou de volta para o carro e fez uma pausa na porta para olhar para o homem.
— Eu não disse. Agradecemos pelo seu tempo.
Entrou e ligou o motor. Afastaram-se dois quilômetros do trailer antes de dizer uma palavra.
E então ele só falou para xingar longamente.
— O homem deveria ser baleado, — rosnou Frank.
Marlene lutou para conter o sorriso. Conhecia Frank muito bem. Ele podia ter uma aparência
rígida, seu latido foi sempre pior que sua mordida, mas no fundo, tinha um coração tão mole, se
não mais suave que o dela.
— Então, acho que você não vai se importar se ela ficar.
— Ela vai precisar de algumas roupas decentes. Talvez você possa levá-la para comprar em
Clarksville. Não pode tê-la correndo nas roupas usadas de Rachel para sempre.
Marlene se aproximou e colocou a mão na dele.

Rusty estava sentada no mesmo banco do balcão em que estivera empoleirada quando
Marlene e Frank saíram uma hora mais cedo. Sua postura era tensa, sua expressão pouco à

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vontade. Olhou para cima quando entraram , mas abaixou a cabeça, recusando-se a encontrar
seus olhares.
Marlene queria desesperadamente abraçá-la. A criança provavelmente não recebia muitos
abraços, mas não tinha certeza se Rusty os toleraria. Sua linguagem corporal gritava, não toque.
Em vez disso caminhou em torno do bar e colocou sua bolsa no balcão. Frank pairava no
fundo como se quisesse dizer algo, mas então, soltou a respiração e afastou-se, deixando as duas
mulheres sozinhas.
Como se não pudesse suportar o silêncio por mais tempo, Rusty cerrou os punhos e olhou
para Marlene, com os olhos gritando em desafio. Usava seu melhor rosnado eu não dou a mínima.
— Bem, vocês falaram com Carl?
Marlene assentiu.
— Sim, falamos.
Rusty deu de ombros.
— Então acho que ele lhe disse que Sheila fugiu e que ele não dá a mínima para mim.
— Primeira regra. Cuidado com a boca. Não tolero esse tipo de linguagem de meus meninos,
e não vou tolerá-lo de você.
Seus lábios se franziram em um sorriso de escárnio, mas ela não disse mais nada.
— Não vou mentir para você, Rusty. Carl disse exatamente o que você esperava que
dissesse, mas eu precisava ouvi-lo com meus próprios ouvidos. Tinha que ter certeza que não
estávamos entrando em uma bagunça legal, oferecendo-lhe um lugar para ficar.
— Sim, bem, a única forma de Carl dizer que se importava era se houvesse algo para ele. Se
pensasse que vocês tinham dinheiro, ele me usaria para obtê-lo.
Marlene deu um suspiro.
— Você não precisa se preocupar mais com Carl. Eu lhe prometo isso. Há ainda a questão da
sua mãe, mas vamos cruzar essa ponte quando e se chegarmos a isso. Por agora, você vai ficar
aqui. A primeira coisa que vamos fazer é ir às compras de algumas roupas decentes.
Rusty olhou desconfiada para ela, mas Marlene ignorou e continuou.
— Há também a questão da escola. Espero que você frequente a escola e termine a sua
educação quando as aulas começarem em agosto.
— A escola é chata, — disse ela com um rolar de olhos.
— Para uma garota inteligente como você, eu não duvido, mas não se torna menos
necessário. Nunca vai entrar na faculdade, se não terminar o ensino médio.
— Faculdade? — Ela riu, e parecia amarga e zombeteira. — O que uma garota como eu iria
fazer na faculdade? Não posso bancar as despesas e nunca conseguiria, de qualquer maneira, com
a minha ficha.
— Ficha?
— Sim, — ela murmurou. — Nada importante. Fui enviada para o reformatório uma vez.
— Por quê?
O queixo ergueu-se, e o fogo ardia em seus olhos.
— Prostituição.

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Marlene fechou os olhos e desejou não desmoronar na frente desta criança. Quando os
abriu, viu a raiva refletida no rosto de Rusty. Ela não gostou da piedade de Marlene.
— Bem, o que está feito está feito. Não podemos mudar o passado, mas podemos com
certeza mudar o seu futuro. Você irá para a escola, e irá trabalhar duro. Sem desculpas.
Houve uma ligeira mudança e Rusty pareceu murchar um pouco. Marlene inclinou-se sobre
o balcão e se arriscou a cobrir as mãos Rusty com as suas.
— Não duvido que você teve uma vida difícil e que muitas pessoas devem tê-la
decepcionado. Você pode chafurdar na miséria e continuar a ser uma vítima, ou pode se
encarregar do seu destino e mudar tudo por aí. A escolha é sua. Não posso fazer você segui-la, e
não quero. Frank e eu lhe forneceremos a oportunidade, mas você tem que querer melhorar.
Rusty olhou para as mãos de Marlene, com os olhos brilhando com o que parecia ser
lágrimas contidas com muito esforço.
— Por que está fazendo isso? O que espera em troca?
— Nem todos fazem algo para receber algo em troca, — disse Marlene suavemente. — Além
disso, vê-la graduada, indo para a faculdade e fazendo algo para si mesma será o que ganharei em
troca.
— Então eu posso ficar? — ela perguntou, esperançosa.
— Você pode ficar.
Marlene pegou a bolsa de novo e pegou as chaves de seu carro. Caminhou em direção à
porta da garagem e então se virou e prendeu Rusty com um olhar.
— Bem, não fique sentada aí, vamos lá.
Rusty saltou do banquinho e esfregou as mãos nervosamente sobre as pernas da calça.
— Onde vamos?
— Comprar algumas roupas e sapatos para você. Talvez fazer alguma coisa com esse cabelo,
enquanto estamos no assunto.
Rusty franziu a testa e passou a mão defensivamente sobre os fios longos.
— O que há de errado com o meu cabelo?
— Nada, se você não se importa de parecer um galo cor-de-rosa, — Marlene disse
secamente. — Sei que as crianças nestes dias têm ideias estranhas sobre moda, mas confie em
mim, essa aparência nunca é uma boa ideia.

Estava escuro quando voltaram para casa. Frank se encontrou com elas na porta e pegou as
sacolas que carregavam. Fizera duas viagens quando viu Rusty.
Marlene sorriu e se virou para Rusty.
— Eu não disse que ele não iria reconhecê-la?
Rusty abaixou a cabeça, excessivamente consciente de sua aparência e parecia que queria
que o chão a engolisse. Sua confiança estava na sarjeta, mas se Marlene tivesse chance, ela a
construiria de volta.
— Você está bonita, — disse Frank rispidamente. — Como uma jovem senhorita em vez de
alguma punk.

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Rusty realmente sorriu para o elogio indireto.


— Há mais sacolas no porta-malas, — disse Marlene, enquanto caminhavam para a cozinha.
— Vocês compraram a loja toda? — Frank bufou.
— Quase. Eu não fazia muitas compras divertidas desde a época em que ia com Rachel.
Sua boca tremeu quando as palavras escaparam antes que ela pensasse melhor. Frank
apertou seu braço no caminho para fora da porta.
— O que aconteceu com Rachel? — Rusty perguntou. — Você a mencionou antes.
Marlene deu um suspiro.
— Ela era casada com meu filho Ethan.
— Eles se divorciaram?
— Não. Ela morreu um ano atrás, — ela respondeu suavemente.
Rusty se moveu desconfortavelmente.
— Desculpe!
Marlene sorriu.
— Não lamente. Digo a Ethan o todo o tempo que é hora de seguir com a vida, mas não sigo
o meu próprio conselho.
— Você a amava muito.
Não era uma pergunta, mas uma constatação.
— Sim, eu a amava.
Frank apressou-se de volta com o resto das sacolas, e Marlene virou-se para Rusty.
— Bem jovem senhorita, você tem um monte de coisas para desembalar. Melhor subir e
colocar tudo no lugar. O banheiro no final do corredor vai servir como seu. Com toda a
maquiagem e outras coisas de cabelo que compramos, você estará organizando roupas e
cosméticos, até a hora de deitar.
Por um momento, Rusty não se moveu. Ela se mexia desconfortavelmente, passando de um
pé sobre o outro. Então olhou para Frank e, finalmente, para Marlene.
— Obrigada, uh, eu quero dizer... muito obrigada.
Marlene deu um tapinha em seu braço.
— Não tem de que.

CAPÍTULO 9

Enquanto Donovan pousava o helicóptero sobre o caminho de solo nu ao lado de um edifício


de pedra não identificado, uma mulher em um jaleco branco corria para fora, protegendo o rosto
com a mão.
Ethan apertou Rachel ainda mais, enquanto Sam pulava e corria com a cabeça abaixada para
a mulher. Dra. Maren Scofield. Ele ouviu falar dela por seus irmãos. A KGI a resgatou durante uma
intensa crise de reféns. Foi a única sobrevivente. Depois ela deixou a África e estabeleceu sua
clínica em uma região pobre e rural da Costa Rica.

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Sam voltou com a Dra. Scofield um momento depois, e ela enfiou a cabeça dentro do
helicóptero para o levantamento dos feridos. Apontou para Cole.
— Leve-o primeiro. Sala de exame da frente. — O seu olhar passou para Rachel e depois
para Dolphin e Steele. Apontou primeiro para Steele. — Segunda Sala de exame. — Então fez um
gesto para Dolphin. — Leve-o para a parte de trás. Tenho um aparelho portátil de raios-X. Vou ver
se ele está com alguma costela quebrada.
Cole resmungou e balançou a cabeça. Dolphin também permaneceu imóvel.
— Atenda Rachel primeiro, — Steele disse com voz firme.
A Dra. Scofield olhou para Rachel, surpresa, depois olhou para os homens, como se
conferindo sua determinação.
— Eu realmente acho que os ferimentos por arma de fogo devem ser atendidos em primeiro
lugar.
Cole levantou a mão, a dor evidente no vinco de seu rosto.
— Rachel vem em primeiro lugar.
A Dra. Scofield deu de ombros e olhou para Ethan.
— Traga-a para dentro. — Ela virou-se para Sam. — Leve seus homens paras as salas de
exame ou não lhes sobrarão nenhum membro. Se apodrecerem, não é culpa minha. O resto de
vocês pode tomar banho na parte de trás, enquanto esperam.
Sam sorriu e fez sinal para Ethan sair.
— Vamos levá-los para dentro, Maren. Não fique muito agitada.
A Dra. Scofield fez uma careta para Sam, mas Ethan podia ver o carinho piscar em seus
olhos.
Ethan desceu, segurando Rachel firmemente. A Dra. Scofield se inclinou enquanto
caminhavam em direção à clínica e, em seguida, olhou para Ethan.
— Há quanto tempo ela está inconsciente?
— Nós lhe demos um sedativo, — disse Ethan. — Foi mais fácil dessa maneira.
A Dra. Scofield liderou o caminho em um dos quartos minúsculos, em seguida, fez sinal para
que Ethan colocasse Rachel em cima da mesa de exame. Enquanto erguia o estetoscópio, a
médica olhou para Ethan sobre os óculos.
— Preciso que você me dê um resumo da situação. Então poderá ir tomar banho com os
outros enquanto eu termino.
Ethan hesitou. Não queria deixar Rachel aqui sozinha. E se ela acordasse e entrasse em
pânico?
A expressão da Dra. Scofield suavizou-se.
— Não vou demorar, e então você poderá voltar. Ela provavelmente não vai mesmo acordar.
Relutantemente, Ethan disse a ela tudo o que sabia sobre a condição de Rachel. O que não
era muito. Quando terminou, a Dra. Scofield acenou e fez sinal para ele sair.
Ele saiu do quarto e encontrou Sam no corredor conversando com seu chefe de outra
equipe, Rio.
— Ethan, — disse Rio, com um aceno de cabeça quando Ethan se aproximou. — Bom te ver.

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Ethan apertou sua mão.


— Que diabos você está fazendo aqui?
— Estava justamente perguntando a mesma coisa, — Sam disse secamente.
Rio abriu um sorriso.
— Trouxe-lhes um presente, companheiros. Um novo helicóptero. O que está lá fora, vai
chamar atenção que vocês não querem, com todos os buracos de bala. Para não mencionar o fato
que o governo colombiano divulgou um comunicado dizendo que tal helicóptero é um item de
interesse na segurança nacional.
Sam xingou.
— Eu tinha medo que isso acontecesse. Nossa partida foi muito confusa.
Rio encolheu os ombros.
— Fadado a acontecer quando você só tem três dias para planejar uma missão e está com
pouca mão de obra. Deveriam ter esperado por mim e minha equipe para atacar. Significaria
apenas mais um dia.
— Não podíamos esperar mais um dia, — Ethan interrompeu. — Eles estavam com a minha
esposa.
Rio olhou para Ethan por um momento e depois assentiu.
— Entendo. Ainda assim, precisamos abandonar o helicóptero. Sem chance de alguém não
notar, até mesmo nesta vila latrina, na selva da Costa Rica. Vou cuidar disso.
Sem outra palavra, ele se virou e afastou-se, desaparecendo tão depressa como apareceu.
Sam balançou a cabeça, em seguida, virou-se para Ethan.
— Rachel melhorou?
— A Dr. Scofield está examinando-a.
— Vamos tomar um banho então. Estamos cheirando como cabras.
Foram para a parte de trás da clínica onde a pequena sala abrigava dois chuveiros abertos.
Lá não havia água quente, mas mesmo a morna fez Ethan se sentir bem. Lavou o sangue seco e
sentiu a ferida ao longo de seu couro cabeludo. Tinha sorte de não estar morto.
— Os homens de Rio vieram com ele? — Ethan perguntou depois que tomaram banho e se
secaram.
— Sim... onde Rio vai, assim o faz sua equipe. São um grupo reservado, antissocial para o
núcleo. Provavelmente se ressentiram como o inferno por ter que sair de suas cavernas, mesmo
que brevemente.
— Parecem com o meu tipo de pessoa, — Ethan disse com um sorriso breve.
Sam olhou para ele com espanto.
— Bem, eu estou muito ferrado. Você fez uma piada. Onde é que o mundo vai parar?
Ethan o bateu com uma toalha.
— Corte essa atitude brincalhona, grande irmão. Eu ainda posso chutar o seu traseiro
esquelético.
Sam realmente sorriu. Então, sem aviso, pegou Ethan em um grande abraço de urso e bateu
nas costas dele.

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— É muito bom ter você de volta, irmãozinho.


— Deixe de ser sentimental, — Ethan resmungou enquanto se afastava.
— As garotas estão tendo uma festa de amor aqui atrás? — Donovan perguntou.
Ethan e Sam se viraram para ver Donovan e Garrett de pé na porta, sorrisos divertidos
estampados em seus rostos.
Sam os despachou.
— Fiquem limpos antes que Maren jogue suas carcaças fedorentas para fora da clínica.
Ethan e eu checaremos os outros, enquanto esperamos Maren acabar com Rachel.
Ethan entrou no quarto de Cole para encontrar seu companheiro de equipe deitado
desajeitadamente em cima da mesa pequena demais, os olhos fechados e a testa enrugada com a
tensão.
— Ei, cara, — Ethan disse calmamente.
Cole abriu os olhos e olhou para ele.
— Rachel?
— Nada ainda. A Dra. Scofield está examinando-a. Queria ver como você estava se sentindo.
— Já estive melhor. Já estive pior. Nada que eu não vou passar por cima com a ajuda de
algumas boas drogas, — ele ofereceu ironicamente.
Ethan hesitou e engoliu desconfortavelmente.
— Algo errado? — Cole perguntou.
— Eu só queria dizer obrigado. Você arriscou sua vida para salvar Rachel. Nunca terei como
retribuir. Tê-la de volta... Apenas obrigado. Apreciei sua ajuda.
Cole fez um barulho rude.
— Só não grite aquela merda de Semper Fi13 senão o chamaremos da mesma coisa.
Ethan deu-lhe um olhar de falso horror.
— Hooyah14, baby. Hooyah.
Cole sorriu.
— Em frente, irmão. Em frente.
Então, ele se deitou e gemeu.
— Se aqueles idiotas tivessem melhor pontaria, esta teria sido um entrar, limpar e sair.
— Sim, bem, se tivessem melhor pontaria, seu cérebro estaria respingado sobre a selva
colombiana, — Ethan disse secamente.
Cole fechou os olhos, cansado.
— Isso é.
— Vou sair daqui. Vou dar uma olhada em Dolphin e Steele.
Cole abriu os olhos novamente e ergueu a cabeça.
— Não perca seu tempo com Steele, cara. E pelo Amor de Deus não lhe agradeça. Só vai
irritá-lo.

13
Lema dos Marines. Significa Sempre Fiéis.
14
Grito de batalha comum na Marinha americana, muito associado aos Seals.

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Ethan riu.
— Eu me lembrarei disso. Experimente descansar um pouco. A doutora virá em breve.
— E você, cuide daquela sua garota. Você é um maldito homem de sorte. Nem todo mundo
tem uma segunda chance
— Sim, — disse Ethan sobriamente. — Eu tenho sorte.
Ele se virou e caminhou para fora, ombros apertados, o peito ainda mais apertado. Uma
porta abaixo, colocou a cabeça no quarto de Dolphin, apenas para ver Baker e Renshaw lá dentro.
Ele acenou para Dolphin e continuou.
Steele estava sentado na mesa de exame, sua expressão cismada. Ele conectou olhares com
Ethan e deu um aceno rápido de desprezo. Ethan pegou a dica e caminhou para a pequena área de
recepção onde Sam estava sentado. Ethan largou-se em uma das pequenas cadeiras
desconfortáveis e fechou os olhos.
A próxima coisa que percebeu, foi Sam cutucando-o para acordar. Ele piscou rapidamente
enquanto a face da Dra. Scofield emergia.
— Ethan, — disse ela em voz baixa. — Você pode vir comigo?
Ele se levantou, esfregando o sono dos olhos enquanto seguia a médica para a sala de
exames. A ansiedade o deixou nervoso, e esfregou as palmas úmidas em seu uniforme. Quando
passaram direto pelo quarto de Rachel, atirou um olhar indagador para a médica.
— Pensei que poderíamos conversar em meu escritório, — disse ela, enquanto abria a porta
e entrava. — Eis. — Seu braço varreu a sala que mais parecia um armário.
Papéis estavam empilhados em toda a superfície exposta e caixas cobriam as paredes de
cada lado de sua mesa.
Ela empurrou uma pilha de envelopes da cadeira em frente e estendeu a mão para ele se
sentar. Então, deu a volta para o outro lado e se sentou.
Não sendo capaz de suportar o suspense, ele deixou escapar:
— Como ela está?
— Está bem fisicamente. Há alguns ferimentos arroxeados em torno de seu ombro, mas não
está deslocado. Ficará dolorido e imobilizado alguns dias, mas deverá recuperar seu pleno uso.
Ela tirou os óculos e passou a mão pelos cabelos loiros na altura dos ombros.
— Há muito com que você terá que lidar. Não vou suavizar para você. Ela está desnutrida e
combatendo uma infecção. Em suma, está fatigada e vai precisar de um tempo para se recuperar
adequadamente.
— Eles a machucaram? — Ethan perguntou em voz baixa. — Quero dizer, fisicamente?
Seu rosto se contorceu em simpatia.
— Não encontrei nenhuma evidência recente de trauma sexual. Ela estava em cativeiro há
muito tempo, então é impossível dizer o que pode ter sofrido logo no início. Fiz exames de sangue,
e farei o teste para doenças sexualmente transmissíveis.
Ethan engoliu e depois engoliu novamente. Queria vomitar ao pensamento do que esses
bastardos sujos poderiam ter feito para ela. Estivera prisioneira, impotente, enquanto ele estava a
um mundo de distância.

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— Não vai fazer nenhum bem torturar-se, — a Dra. Scofield disse gentilmente. — E como eu
disse, não há qualquer evidência recente de agressão sexual. Minha maior preocupação é a
evidência do abuso de drogas.
— Eles a forçaram a usar, — Ethan disse ferozmente.
— Eu sei! Minha preocupação é em não saber o que lhe deram. Meu palpite seria
obviamente cocaína, dada a acessibilidade na região geográfica onde ela foi mantida em cativeiro.
E, de fato alguns dos seus sintomas coincidem com os de abstinência da cocaína. No entanto, por
mais estranho que possa parecer, há evidências de que ela foi injetada rotineiramente com
heroína.
Ethan fechou os olhos contra as arremetidas repentinas de raiva e dor.
— Muitos dos sintomas que ela apresentou são indicativos de abstinência de heroína. Em
uma nota positiva, a abstinência de heroína não é tão longa ou tão abrangente como a de cocaína.
É desagradável, enquanto dura, mas, felizmente, termina em alguns dias, ao contrário dos viciados
em cocaína, que têm seus desejos estendidos por meses, e às vezes até mais.
— E sua memória? Está danificada irreparavelmente? — Ethan perguntou.
— Não posso dizer com certeza médica. O cérebro humano é uma coisa fascinante.
Imprevisível. As drogas poderiam ter causado danos ao seu cérebro. Se é permanente, não posso
dizer. Poderia ser simplesmente uma questão de teias de aranha que ela não teve tempo para
limpar ainda. Quanto mais tempo estiver fora das drogas, melhor chance terá do passado voltar
para ela.
— Então o que eu faço?
A Dra. Scofield ofereceu-lhe um sorriso encorajador.
— Você a leva para casa e a faz se sentir melhor. Ela tem algum peso a ganhar. Mas o mais
importante é sua saúde mental. Isto não vai ser fácil, Ethan. Sugiro que entre em contato com um
terapeuta, logo que chegar em casa, e também faça o acompanhamento médico de sua saúde.
Você terá que ser paciente e compreensivo, mesmo quando estiver no seu limite. Ela poderia
muito bem se quebrar.
Ele soltou a respiração, assustado com o brilho das lágrimas que turvavam sua visão.
— E lembre-se que você precisa de ajuda também, — disse ela em voz baixa. — Não tenha
medo de se apoiar em sua família. Sugiro que consulte um terapeuta também. Você não pode
fazer tudo.
— Farei o que for preciso para que ela melhore.
Dra. Scofield assentiu.
— Ela está dormindo agora. Acordou brevemente, e depois que assegurei que estava segura
e que você estava por perto, voltou a dormir. Está visivelmente em abstinência. Mesmo no sono,
treme e tem tremores musculares.
Ethan se mexeu na cadeira e depois se inclinou para frente.
— Quando poderei levá-la para casa?
Ela bateu na mesa com a caneta por um momento.

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— Ela não pode voltar para casa como está. Abstinência não é algo que pode usar uma
varinha mágica ou dar-lhe alguns dias de fluidos intravenosos, boa nutrição, e ela se sentirá
melhor. Normalmente eu recomendaria que ficasse em uma clínica de reabilitação até o pior da
abstinência passar, mas reconheço que esta situação é diferente e você não quer chamar a
atenção para si mesmo em um país estrangeiro. A próxima melhor coisa para ela é permanecer
aqui onde eu posso acompanhar a abstinência, e ter certeza que ela recupere algumas das suas
forças. Voltar para casa vai ser traumático para ela, então não deve ser empurrada para ir muito
em breve.
Ethan balançou a cabeça em confusão.
— Traumática?
— Bem, sim. Esmagadora é uma palavra melhor, eu suponho. Acho que os seus irmãos
devem ir em frente e suavizar as coisas para ela voltar ao lar. Manter tudo o mais tranquilo
possível. Ela está em um estado muito delicado agora e você não quer empurrá-la muito
duramente.
— Então ficaremos aqui, — disse Ethan lentamente. — É uma boa ideia? Quero dizer, para
você?
— Fale sobre isso com Sam. Tenho certeza que uma vez que ele entenda a situação, irá
concordar. Quanto a mim, tudo bem. Após a merda na África, nada me assusta mais. O governo
faz merdas por aqui e me deixa sozinha para tratar os aldeões. Não sou vista como uma ameaça.
— Isso pode mudar com a nossa chegada, — Ethan salientou. Ele gostava da médica. Tinha
um ar indiferente sobre ela que era atraente. Ou talvez fosse porque ela não suavizava as coisas
quando se tratava de Rachel. Ele precisava de honestidade e franqueza, porque estava
completamente perdido, pela primeira vez em sua vida. Mesmo quando estivera errado no
passado, ele foi decidido. Brusco e rápido em tomar uma decisão. Na maioria das vezes, em seu
detrimento.
Desta vez, iria agir lentamente e colocar as necessidades de Rachel antes das suas. Algo que
não estivera disposto a fazer no passado.
— É um risco que estou disposto a assumir. A KGI arriscou muito por mim. É o mínimo que
posso fazer. — Ela sorriu. — Agora, se você me dá licença, tenho outros pacientes para ver...
Ethan levantou-se.
— Obrigado, Dra. Scofield. Por tudo.
— Me chame de Maren, por favor.
— Obrigado, Maren.
— De nada.
Ela saiu do seu escritório e se dirigiu para a sala de exame de Cole, deixando Ethan em frente
de sua mesa, o coração batendo um pouco mais rápido que antes.

CAPÍTULO 10

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Rachel abriu os olhos, piscando para ajustar-se à luz fraca. Depois de um momento
conseguia ver claramente. As coisas tinham mudado desde a última vez que acordou. Já não
estava em uma estreita mesa numa sala tão pequena que ela imediatamente começara a suar. Ao
contrário, estava numa cama maior, mais confortável.
Olhou para baixo para ver uma linha intravenosa correndo de seu braço a um saco
pendurado em um poste ao lado da cama. Por um momento, ela só ficou ali no silêncio e
quietude, absorvendo o primeiro sentimento de paz que experimentava em mais tempo que sua
mente abalada podia compreender.
Não havia fome. Não havia a necessidade esmagadora do veneno que infiltrava sua pele e se
arrastava insidiosamente através de suas veias. Pelo espaço de alguns momentos não havia
nenhuma dor. Apenas o doce silêncio. Um movimento à direita a assustou, e ela deixou escapar
um suspiro. A sombra se moveu e luz suave correu sobre seus olhos.
— Rachel, sou eu, Ethan. Desculpe se eu a assustei.
Ele apareceu, de pé ao seu lado. Ela aproveitou a oportunidade para estudá-lo com
emprestada clareza. Ele era grande, muito maior que os homens que assombravam seus
pesadelos, e ainda assim, sabia instintivamente que ele não iria machucá-la, que estava segura
com ele.
Cabelo liso, preto cortado curto. Militar. A palavra flutuou em sua mente
inconscientemente. Surpreendentes olhos azuis, sérios e pensativos. Outra imagem piscou, os
olhos brilhando de riso enquanto ele a girava e girava. Ela fechou os olhos, querendo mais da
memória, mas tão rapidamente como veio, foi embora.
— Você está sentindo dor?
A voz urgente de Ethan atravessou o prazer de seus sonhos. Seus olhos se abriram
novamente, e desta vez, ele estava encostado perto, os dedos alcançando hesitantemente seu
rosto.
Em vez de responder, ela estendeu a mão e pegou seus dedos. Eram tão quentes e fortes ao
redor dos dela. Ele esfregou o dedo na parte superior de sua mão e depois o trouxe até os lábios,
um gesto de ternura que a tocou profundamente.
— Ei, — ele murmurou com uma voz hesitante. — Como você está?
— Ethan.
— Sim, querida, sou eu, Ethan. Você está segura agora. Você entende isso?
Ela assentiu, a garganta muito apertada para dizer qualquer coisa.
Ele se inclinou e apertou os lábios em sua testa, e depois afastou-se e cuidadosamente
empurrou os cabelos dela para trás com os dedos.
— Há espaço para eu me sentar? — ele perguntou.
Ela olhou para onde o seu quadril encostava-se na cama e depois afastou-se
apressadamente para o outro lado.
Ele se colocou em cima da cama, sua coxa pressionando a dela.
— Como está se sentindo?
Ela pensou por um momento. Como poderia explicar como se sentia?

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— Livre, — ela finalmente disse.


Ele pegou suas mãos e puxou para dentro de seu alcance.
— Eu vou levá-la para casa em breve. A Dra. Scofield quer vê-la por alguns dias e verificar se
está bem para sair, antes de irmos embora. Mas estarei com você o tempo todo.
Mais imagens assombravam sua memória. Nebulosas, penduradas na ponta de suas
lembranças. Desta vez, ela viu o rosto de Ethan marcado pela raiva. Ele gritou e ela recuou pela
sensação escura que varreu sobre ela.
— Rachel?
Ela voltou o olhar para o dele e tentou controlar sua respiração rápida.
— O que há de errado, querida?
Ela balançou a cabeça, incapaz de explicar o breve flash que a agitou.
Por um longo momento, ele simplesmente olhou para ela, seu olhar acariciando o rosto, tão
certo como se estivesse acariciando-a com os dedos. Ela absorveu avidamente, querendo este
contato, a sensação de segurança que ele incutia apenas com sua presença. Pela primeira vez em
muito tempo, não estava sendo devorada viva pelo medo e pela dor.
Novamente ele levou as mãos dela à boca e segurou-as lá, sua boca pressionando os nós dos
dedos. Ele tremia contra seus dedos enquanto os beijava.
— Eu só preciso te tocar, — disse ele. — Ter você aqui. Vê-la. Senti-la novamente. — A
emoção enchia sua voz, tornando-a tensa e rouca. — Pensei que você estivesse morta. Disseram-
me que estava morta. Eu a enterrei, fiz luto por você, tentei continuar a minha vida sem você. E
agora aqui está você! É mais do que eu jamais esperava ou sonhava.
A respiração dela ficou presa e entrecortada em seu peito. Seu interior retorcido e
espremido. Lágrimas queimavam como ácido.
— Esperei por você, — ela sussurrou. — Com o tempo, pensei que o imaginei. Quando
esqueci tudo, menos meu nome, pensei que talvez eu tivesse imaginado você e que a esperança
fosse proibida para mim. Eu sabia que você viria quando eu não sabia mais nada.
Ele abaixou a cabeça, aproximando-se até a sua testa tocar a dela.
— Eu amo você, Rachel. Muito, muito. Sei que temos muito a enfrentar, mas você não está
mais sozinha. Você nunca vai estar sozinha novamente.
Ela fechou os olhos, saboreando sua promessa. Estava com medo de acreditar, de ter
esperança que depois de tanto tempo seu pesadelo tivesse acabado.
— Há muitas coisas que não me lembro, — disse ela, hesitante. Será que isso o enraivecia,
que ela só poderia lembrar-se de pedaços da vida deles em conjunto? Não só isso, mas ela mal
conseguia se lembrar de si mesma.
Como se estivesse sentindo sua confusão, ele se afastou. Olhou para ela, de repente, seus
olhos perturbados. Quase culpados. Seus olhos se estreitaram em perplexidade. O que ele teria
para se sentir culpado?
— Vai ficar tudo bem, querida, — ele a acalmou. — Vai voltar com o tempo, e vamos
enfrentá-lo juntos. O mais importante é que tenho você de volta.
— O que ela me deu? A médica. Eu me sinto...

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— Está sentindo dor? Quer que eu pegue algo com ela?


Ela balançou a cabeça.
— Não. Eu me sinto... — Ela examinou mentalmente seu estado físico. — Serena. Minha
mente está serena. Minha pele não está mais formigando, apesar de saber que isso está lá,
esperando para voltar.
Ele gentilmente tocou seu rosto, seus dedos deslizando sobre a bochecha e os lábios.
— Vamos vencer isto.
Ela fechou os olhos enquanto a tristeza se estabelecia, espessa e sufocante.
— O que eles fizeram comigo? Por que?
As mãos de Ethan pararam em seu rosto.
— Eu não sei por quê. — Raiva apertava sua voz. Ela abriu os olhos para ver a fúria refletida
nos dele. — Não vou deixar acontecer novamente. Eu protejo o que é meu.
Uma pontada peculiar estremeceu em sua espinha, deixando um brilho quente em seu
rastro. Seu peito inflou e algo dentro dela morto a muito tempo, despertou e desenrolou.
Ela pertencia a este homem. Ele a manteria segura.
— Conte-me sobre nós, — ela sussurrou.
Ele sorriu então, e transformou seu rosto. Foi-se o homem sério, áspero, substituído pelo
charme pueril. Foi uma coisa maravilhosa de se ver.
— Nós nos casamos há três anos.
A testa dela enrugou.
— Oh, não faz muito tempo.
Os olhos dele perderam parte do brilho.
— Não, não faz muito tempo.
Se ela se concentrasse bastante, poderia convocar memórias distantes. Era estranho. Se
pudesse lembrar-se delas, era como se pertencessem a outra pessoa. A conexão com ela não tinha
sido forjada em sua mente esfarrapada.
—Garrett me entregou no nosso casamento?
Ethan se imobilizou e então lentamente assentiu.
— Eu me lembro que ele me disse que eu era a noiva mais bonita do mundo.
— E você era.
— Eu me lembro de vê-lo, esperando por mim.
Ethan hesitou por um momento.
— O que mais você lembra?
Ela suspirou.
— É uma espécie de confusão. Quer dizer, eu lembro de um monte de coisas aleatórias, mas
não tenho uma lista cronológica clara dos acontecimentos. É como alguém fotografando fotos fora
de ordem para mim.
— Não apresse. Você já passou por muita coisa. Quando eu levá-la para casa, você se sentirá
segura novamente, e se lembrará.
Ela inclinou a cabeça para o lado por um momento.

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— Quantos irmãos você tem? Eu só lembrei de Garrett. Sam... ele me assusta. E não há
outro aqui? Donovan?
Ethan sorriu.
— Garrett é geralmente aquele que assusta as pessoas. Sam é o mais velho, mas você
pensaria que Garrett o era.
— Garrett não iria me machucar.
— Nem Sam, — disse ele delicadamente. — Para responder à sua pergunta, há seis de nós
ao todo. Nathan e Joe são irmãos gêmeos e estão destacados no Afeganistão.
— Eu tenho família? Parece estranho que me lembre de Garrett, mas não da minha própria
família.
Ele balançou a cabeça.
— Você era apenas uma criança, e seus pais morreram em um acidente de carro vários anos
atrás.
— Oh. — Ela não poderia segurar a decepção que acompanhou sua declaração.
— Você era muito próxima de minha mãe, no entanto. Ela e meu pai a amavam como uma
filha. Você já era parte da família muito antes de eu me casar com você.
Ela relaxou e sorriu. Em seguida, a testa franziu enquanto se lembrava de um detalhe.
— Eles acham que estou morta. Como você achava.
Ethan suspirou e passou a mão pelos cabelos.
— Como você soube? Quero dizer, como me encontrou?
Ela tremia enquanto falava, e já podia sentir o rastreamento lento da necessidade fluir sobre
ela.
— É uma longa história, querida e agora não é importante. O importante é que a encontrei.
Você é um milagre para todos nós. Mamãe e papai vão ficar tão emocionados. Eu não sei ainda
como vou dizer isso a eles. Eles vão pensar que estou louco.
— Eu estou com fome, — ela desabafou. Esfregou a mão sobre o braço, tentando fazer com
que a coceira fosse embora. A fome batia por ela, mas não tinha certeza qual prevalecia: a fome
de alimentos ou a fome da agulha.
Podia sentir o afundamento da agulha em sua carne, acolhendo-a, queria que a horrível dor
fosse embora.
A mão de Ethan fechou calorosamente sobre a dela.
— Eu já volto.
Ele levantou da cama e saiu da sala depois de um rápido olhar para Rachel. Seja o que for
que Maren deu a ela, o efeito estava acabando, e ela estava ficando agitada novamente.
Ele enfiou a cabeça na porta do quarto de Cole para vê-lo desmaiado. De lá, passou pelo
quarto de Steele, apenas para encontrá-lo vazio, não que isso o surpreendesse. Quase esbarrou
em Maren enquanto ela saía do quarto de Dolphin.
— Existe um lugar onde podemos conseguir alguma comida? — Ethan perguntou. — Rachel
está com fome.

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— Isso é bom. Ela precisa comer. Mas vá com calma. Não lhe dê nada depressa demais. Eu
tenho uma cozinha pequena na parte de trás onde podemos esquentar uma sopa no micro-ondas.
Ela se virou e Ethan a seguiu pela área dos chuveiros até uma cozinha que tinha um fogão de
duas bocas, um pequeno refrigerador e um micro-ondas.
— Todos os confortos de casa, — disse ela com tristeza.
— Você não vive aqui, não é?
— Sim e não. Quando estou ocupada ou tenho pacientes, durmo na sala aqui do fundo, mas
não, eu tenho uma casa de campo a meio quilômetro da clínica. Não é muito, mas é seca e
protege da chuva.
— Onde estão todos? — ele perguntou enquanto a olhava pegar uma tigela no refrigerador.
— Enviei-os para a casa de campo. Eles podem dormir, comer e, geralmente, ficar longe do
meu cabelo lá. Sam pediu para lhe dizer que estaria de volta daqui a pouco. Por que você não
volta para Rachel? Vou esquentar isso e estará pronto em poucos minutos.
— Obrigado, eu gostaria Maren.
Ela sorriu e fez um movimento espantando-o com a mão. Ethan se virou e caminhou de volta
para o salão. Estava quase na porta de Raquel, quando ouviu um estrondo.
Saiu correndo e entrou pela porta para ver Rachel de pé ao lado da cama, o suporte do
intravenoso derrubado. Ela puxava freneticamente a linha em seu pulso, e antes que ele pudesse
reagir, arrancou a linha do cateter. Sangue derramava do cateter ainda inserido no seu braço para
o chão e na camisola.
Ela ignorou-o, esfregando e batendo freneticamente os braços, peito e pernas. Sangue voava
em todas as direções enquanto ela batia em objetos invisíveis.
Ele saltou sobre a cama e a agarrou contra ele. Estendeu a mão para o pulso dela para tentar
parar o fluxo de sangue, mas ela lutava incansavelmente. Ela não estava ciente de sua presença.
— Rachel! Pare. Querida, pare!
— Tire-os! — ela gemia. — Deus, tire-os de mim!
Ele a segurou firmemente, subjugando os braços balançantes e todo o tempo tentando fazer
com que sua mão parasse o jorro de sangue. Finalmente ele a abraçou, indefesa em seus braços,
seu corpo junto ao dele, mas ainda assim ela se contorcia e gritava em angústia.
— Maren! — ele gritou. — Eu preciso de você aqui!
Rachel gritou de novo, um som agudo de terror. Ela arqueou o corpo, inclinando-se contra
ele com uma força surpreendente.
— Rachel, querida, eu estou com você. Você está bem, eu juro.
— Eles estão em cima de mim, — ela lamentou. — Tire-os!
— Tirar o quê? Não há nada aqui.
Maren irrompeu na sala, seu jaleco esvoaçando. Ela deu uma olhada e partiu para a ação.
— Na cama, — ela ordenou. — Eu preciso colocar o intravenoso de volta.
Ethan a puxou para a cama e segurou-a enquanto ela chutava e lutava indefinidamente.
Seus olhos estavam arregalados de medo, as pupilas fixas e dilatadas. O suor banhava seu rosto e
o cabelo, e suas bochechas pareciam giz branco.

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— Alucinação, — Maren disse severamente. Habilmente recolocou o intravenoso e, em


seguida, puxou uma garrafinha de medicamentos do bolso. Com mãos firmes, encheu uma seringa
e depois inclinou-se para injetá-la.
Quando terminou, colocou a mão sobre a testa de Rachel e gentilmente limpou o suor e
afastou os cabelos emaranhados.
— Ouça-me, Rachel. Não é real. Tudo o que você está vendo, não é real. Olhe para mim!
Os olhos selvagens de Rachel incidiram sobre Maren, a boca aberta num grito silencioso.
— É isso. Agora me escute. Você está segura. É uma alucinação. Ethan está aqui. Eu estou
aqui. Não vamos deixar nada acontecer com você. Você vai se sentir melhor em um minuto, eu
prometo.
Rachel se desintegrou, com os olhos cheios de lágrimas. Soluços ásperos e despedaçados
vieram do fundo de seu peito e sacudiam seu corpo inteiro, enquanto saiam de seus lábios. Como
ela conteve isso todo esse tempo, Ethan não sabia.
Assim que Maren recuou, ele juntou Rachel em seus braços, segurando-a firme enquanto ela
chorava. Ele acariciou seus cabelos, suas costas, cada parte de seu corpo que conseguia tocar.
Algo dentro dele quebrou. Ele queria bater em uma parede. Queria chorar com ela. Por ela.
Por tudo o que ela sofreu.
O que esses bastardos fizeram com ela? Ela não se lembrava de quase nada e estava
sofrendo indefinidamente em abstinência. E se as drogas houvessem destruído permanentemente
sua mente?
Ele balançou a cabeça. Não, não aceitaria que sua Rachel tinha ido embora. Ela iria voltar
para ele. Tinha que voltar. Só que ele precisava se certificar que quando ela o fizesse, quando se
lembrasse do passado, ele conseguiria convencê-la que ele estava errado. Ele a amava. Pedir o
divórcio foi o pior erro de sua vida, e era algo que iria se arrepender até o dia de sua morte.
Fechou os olhos e suportou, seu corpo balançando quase tanto quanto o dela.
— Eu sinto muito, querida, — sussurrou, sua voz embargada pela emoção. — Sinto muito
por desapontá-la.
Por vários minutos, ele se ajoelhou na cama, os braços em torno dela até que finalmente
percebeu que ela tinha se acalmado. Enquanto se afastava, a cabeça dela pendeu para o lado.
Cuidadosamente, ele envolveu seu rosto e depois baixou-a de volta para o travesseiro. Seus cílios
flutuavam delicadamente contra as bochechas enquanto se estabelecia no esquecimento.
— A maior parte do sangue está no chão e nas roupas dela, — disse Maren em voz baixa. —
Mudaremos os lençóis depois. Deixe-a descansar. Limparei o que está no chão, e quando ela
acordar, lhe darei uma camisola limpa.
— Posso ficar com ela? — perguntou ele, embora não tivesse intenção de deixá-la, nem por
um minuto.
— Claro! Estarei fora do seu caminho em apenas um segundo. Deixei a sopa na mesa, mas
ela provavelmente estará fora do ar por algumas horas. Quando ela acordar, certifique-se que
coma. Eu vou ficar no meu escritório hoje à noite para monitorar Cole e Dolphin. Steele disse-me
para eu me foder e saiu, — acrescentou ela com um brilho divertido nos olhos.

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— Não leve para o lado pessoal. Ele gosta de todos praticamente do mesmo jeito.
Maren encolheu os ombros.
— Não me importo se ele gosta de mim. Fiz o que pude. O resto é com ele.
Cinco minutos depois, Maren terminou de limpar o sangue e então calmamente deixou o
quarto, deixando Ethan sozinho com Rachel.
Ethan relaxou no travesseiro tanto quanto a incômoda posição permitia. Nunca estivera tão
cansado até os ossos em sua vida, nem nunca se sentiu tão malditamente impotente. Ou com
raiva.
Queria ser capaz de corrigir o que estava errado, mas não podia. Tudo o que podia fazer era
ficar pronto enquanto Rachel tentava recolocar os pedaços despedaçados de si mesma.
— Eu te amo.
As palavras sopraram calmamente na testa dela, despenteando uma mecha de cabelo.
— Desta vez eu não vou desistir de nós, — ele prometeu.

CAPÍTULO 11

— Olá, — Rio disse enquanto invadia a casa de Maren. Seus olhos escuros varreram o
interior, onde Sam e os outros estavam esparramados a esmo no chão e sobre os móveis.
Sam se levantou para cumprimentar o chefe de sua equipe, estendendo um braço. Rio
agarrou-o e deu-lhe uma firme aperto.
— Como estão Cole e Dolphin? — ele perguntou. Steele estava notavelmente ausente da
preocupação de Rio.
— Dolphin arrebentou as costelas, Cole levou um tiro na perna e Steele levou uma bala
naquela última troca de tiros.
— Cristo. Que baixa, deu tudo errado.
— Você conseguiu o helicóptero? Onde estão seus homens?
Rio sorriu, os dentes brancos aparecendo.
— Estão com o helicóptero. Eu o deixei a alguns quilômetros de distância, voltei a pé. Boa
maneira de conhecer o terreno e descobrir o que estamos enfrentando.
— Reconectando com o seu povo, amigo? — Steele falou arrastado, enquanto se
aproximava para se juntar a Rio e Sam.
— Foda-se, — disse Rio. Seu olhar varreu pelo braço enfaixado e amarrado de Steele, e
ofereceu um sorriso zombador. — Feriu a si mesmo?
Sam balançou a cabeça. Existia uma fonte de irritação correndo entre Rio e Steele. Rio
odiava a generalização bruta de juntar todas as pessoas de herança latina na mesma panela. Rio
era brasileiro e Sam sequer sabia seu nome verdadeiro. Ele sempre foi chamado de Rio,
abreviação de sua cidade natal.
Steele sorriu, mas era mais uma careta. Seus dentes apareceram enquanto olhava nos olhos
do outro líder de equipe.

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— Pelo menos eu estava lá e não fora em uma maldita missão na Ásia, e se não estou
enganado, não é o lugar onde você ainda deveria estar?
— Justamente salvando seu traseiro. Não há nada novo sobre isso, — disse Rio rapidamente.
Antes que as coisas pudessem aumentar ainda mais, Sam se colocou entre eles.
— Eu gostaria de falar com ambos lá fora.
Ele olhou para trás, para Garrett e Donovan, que levantaram suas sobrancelhas em
questionamento, mas Sam sacudiu a cabeça e, em seguida, fez sinal para Steele e Rio o seguirem
para fora. Esse assunto não era algo no qual queria seus irmãos envolvidos.
— O que está acontecendo? — Steele perguntou na sua voz impaciente. Ele ajustou o braço,
apenas um lampejo em seu olhos traindo a dor que deveria estar sentindo.
— Mandarei você para casa com os nossos feridos, — disse Sam a Steele.
Steele apertou os lábios.
— Está me deixando fora da ação?
— Cara, você foi baleado, — disse Rio. — Isso é o que normalmente acontece.
Sam levantou a mão. Então virou-se para Rio.
— O que estou pedindo que você faça está fora dos livros. Irá receber como sempre, mas
não é oficial, e não tem que concordar.
Steele e Rio ficaram em silêncio enquanto olhavam para Sam.
— Ok, — Rio disse lentamente. — Do que estamos falando aqui?
— Quero você e seus homens de volta para a Colômbia. Cobertura profunda e de vigilância.
Provavelmente a aldeia vai se mudar, agora que sabemos sua localização. Quero todos os seus
movimentos monitorados de perto. Vai exigir paciência. Quero relatórios, mas não quero que você
se mova... ainda.
Rio assentiu.
— Ok, podemos fazer isso. Qual é o negócio grande e peludo? Agir assim é alta traição ou
algo assim.
A mandíbula de Sam se contraiu enquanto ele tentava controlar o surto de raiva.
— Esta não é uma missão, Rio. Não é negócio. Isto é pessoal. Eu quero esses bastardos.
Quero que paguem pelo que fizeram à minha família. Quero informações, e não me importo com
o que teremos que fazer para obtê-las.
Steele e Rio ainda ficaram parados e Sam pode ver que finalmente entenderam onde ele
queria chegar.
— Quero saber por que mantiveram Rachel viva. Por que o grande embuste. Por que nos
fizeram acreditar que ela morreu e a mantiveram viva todo esse tempo?
— Entendo, — disse Rio uniformemente. — Vou conseguir as informações para você.
— Não apenas você, Rio. Eu também. Não posso e não quero lhe pedir para fazer algo assim
sem mim. Vou para casa com a minha família. Eles precisam de mim agora. Quando eu tiver tudo
resolvido, vou encontrar-me com você na Colômbia e nós entraremos.
— Você não fará isso sem mim, — Steele cortou.
Sam balançou a cabeça.

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— Não. Você vai voltar com sua equipe. Eles são sua responsabilidade. Cole e Dolphin
precisam do tempo de inatividade. Você conhece as regras. Trabalhamos como uma equipe.
Vivemos como uma equipe. A equipe é tudo.
Steele praguejou baixinho.
— Eu não gosto disso, Sam. Você tem muito interesse pessoal nisso. Se não me quiser
dentro, tudo bem. Deixe Rio liderar sua equipe.
Sam balançou a cabeça lentamente.
— Não posso pedir a ninguém para fazer o que devo fazer.
— Eu não gosto disso, — disse Rio. — Se você quer o trabalho feito, tudo bem. Vou levar a
minha equipe e vamos juntos para cima da ralé. Vamos fazê-los falar. Mas acho que você deveria
ir para casa com os outros. Sua família precisa de você agora.
— Vou cuidar da minha família, — Sam disse calmamente. — Mas depois eu voltarei. Eu
quero o sangue deles. Não posso pedir que você ou qualquer outra pessoa faça o meu trabalho
sujo para mim.
— Besteira, — Steele bufou. — Pense sobre isso, Sam. Use sua maldita cabeça. Você está tão
emocionalmente envolvido como Ethan está. Você tomou essa merda pessoalmente. Alguém
fodeu com a sua família e você quer vingança. Acha honestamente que Garrett vai calmamente
para casa, enquanto você corre de volta para a selva? Acha que Ethan vai dizer tudo bem,
enquanto você vai se vingar? O que você precisa fazer é ir para casa e levar seus irmãos com você.
Você sabe que é a coisa certa a fazer ou não estaria esgueirando-se dos ouvidos de seus irmãos e
tentando afastá-los.
— Isso é um monte de porcaria, não nos pedindo para fazer alguma coisa, — Rio cortou. —
Estamos além das merdas. Isso não é a porra do Exército dos Estados Unidos. Vou levar minha
equipe de volta. Steele pode voar para casa e você leve a sua família para casa. Eles vão precisar
de você. Eu encontrarei suas respostas.
Sam hesitou, dividido entre sua necessidade de vingança e o conhecimento de que Rio e
Steele estavam certos. Ethan precisava dele. As semanas seguintes seriam difíceis em sua família.
Mas, ao mesmo tempo, obter respostas era muito importante. Ele precisava saber por que Rachel
tinha sido levada. Por que sua família foi enganada. Por que a grande fraude? Nada daquilo fazia
sentido.
— Deixe isso para nós, — Steele disse sem rodeios. — Eu sei que mata o excesso de controle
em você, mas esta é uma missão da qual você precisa ficar longe. Vou organizar meus homens e o
resto da minha equipe fornecerá apoio em terra para Rio e sua equipe.
Rio ergueu uma sobrancelha.
– Uau! O poderoso Steele vai atuar em um papel de apoio. — Ele agarrou seu peito e
cambaleou para trás.
Steele o espetou com toda a força de seu olhar.
— E vocês querem saber porque tenho dificuldade em deixar as coisas com vocês, — Sam
murmurou. Passou a mão pelos cabelos. — Olha, eu aprecio a preocupação. Mas me digam uma

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coisa. Se fosse a família de vocês. Se fosse alguém que amavam, que estivéssemos resgatando.
Estariam dispostos a deixar outra pessoa voltar para obter vingança?
Rio bufou.
— Não. Eu não iria deixar.
Steele assentiu com a cabeça.
— Ok, então está resolvido. — Ele parou e olhou para a casa onde seus irmãos estavam
descansando. — Isso precisa ficar entre nós por razões óbvias.
— Você é o chefe, — disse Rio.
Sam passou a mão sobre o rosto cansado.
— Descansem um pouco. Eu quero verificar Ethan e Rachel mais uma vez.
— Você vai entrar? — Steele perguntou enquanto Rio se virava na direção da casa.
— Não, vou voltar para o helicóptero. Voltarei em algumas horas.
Steele deu de ombros.
— Se cuida.

A mão fechou em torno do ombro de Ethan e gentilmente apertou, acordando-o. Ao seu


lado, Rachel estava enrolada em seus braços. Ele virou a cabeça para ver Sam em pé sobre ele.
— O que diabos aconteceu? — Sam perguntou em um sussurro.
Ethan demorou alguns minutos para processar que Sam estava olhando para as roupas
manchadas de sangue de Rachel.
Cuidadosamente, Ethan se afastou de Rachel e desajeitadamente se levantou da cama.
Todos os músculos em seu corpo protestaram, e ele tinha um monstruoso torcicolo no pescoço
por dormir em uma posição tão contraída.
— Conseguiu dormir? — Sam perguntou.
— Não muito. Rachel está em péssimo estado.
Sam colocou a mão no ombro de Ethan.
— Vamos levá-la para casa. Ela vai ficar bem. Ela é uma batalhadora. De que outra forma
teria sobrevivido neste último ano?
— Ela não deveria ter passado por isso. Eu deveria ter estado aqui por ela.
— Besteira.
Ethan permaneceu em silêncio. Só ele sabia as profundezas de seu fracasso quando se
tratava de Rachel. Não queria que Sam soubesse. Nunca. Não poderia suportar a decepção nos
olhos de seu irmão mais velho. Seu pai sempre incutira um senso de honra neles. Fazer o bem por
sua mulher. Os mais de trinta anos casado com sua mãe eram uma prova de que ele vivia com a
sua palavra.
Ethan não só não fizera o bem para Rachel, mas se esquivou da responsabilidade, e colocou
a culpa por sua própria infelicidade aos pés dela.
— Você não pode viver no passado, homem, — Sam disse, a voz quase um sussurro. —
Rachel necessita de você. Supere sua culpa e seja forte para ela. Você tem alguns dias difíceis pela
frente.

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Ethan assentiu, embora duvidasse que Sam pudesse vê-lo na escuridão. Sam estava certo.
Por qualquer motivo, foi concedido a ele uma segunda chance preciosa. Não, ele não merecia isso,
mas não viraria as costas.
— Maren não acha que Rachel deva voltar para casa ainda, e depois do que aconteceu mais
cedo, acho que concordo.
Mais uma vez o olhar de Sam sondou sobre a roupa de Ethan.
— O que diabos aconteceu?
Ethan explicou a alucinação de Rachel e disse a Sam o que Maren dissera sobre o
monitoramento da abstinência de Rachel e sua preocupação com Rachel indo para casa, para uma
família e uma vida que não poderia se lembrar.
— Ela está preocupada com a pressão que isso vai colocar em Rachel. Ela pensou que seria
melhor você e os outros irem em frente e suavizarem as coisas, de modo que seu regresso para
casa seja tão discreto quanto possível.
— Eu não gosto da ideia de deixar vocês para trás, — Sam murmurou.
— Eu vou ficar.
Ethan e Sam olharam para cima para ver Garrett de pé na porta.
Sam balançou a cabeça.
— Você não pode tomar todas as decisões, — disse Garrett uniformemente. — Vou ficar
com Ethan e Rachel. Você pode levar os outros de volta. Cole, Dolphin e Steele precisam de
cuidados médicos além dos que estão recebendo aqui. Você e Donovan podem dar a notícia à
família. Assim que Rachel estiver bem o suficiente, Ethan e eu a levaremos para casa.
Ethan assentiu.
— Eu acho que é o melhor. Se eu ligar para mamãe e papai, isso só irá aborrecê-los. Nunca
acreditarão que não estou delirando. Terão tempo para processar a notícia antes que Rachel volte.
Não quero que ela fique sobrecarregada. Isso vai ser difícil o suficiente para ela como está.
Sam franziu a testa.
— Eu não gosto de deixar qualquer um de vocês para trás.
— Ethan e eu podemos lidar com isso, — disse Garrett.
Sam deixou escapar um suspiro.
— Tudo bem, — admitiu ele. — Isso é o que vamos fazer. Se Maren der o sinal verde para
transportar os feridos, vamos sair de manhã. Eu quero um relatório a cada três horas. Terei um
helicóptero retornando para buscar vocês assim que Rachel puder sair.
— E o que dizer de Maren? — Garrett perguntou. — Não acho que devemos apenas fazer as
malas e deixá-la sem proteção.
— Ela não está sem proteção, desde sua saída da África, — disse Sam. — Ela é observada. Só
não sabe disso.
Ethan assentiu. E de repente o pensamento de ir para casa não tinha o conforto que tivera
antes.
— Algo errado, Ethan?

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Ethan olhou para Garrett. Seus irmãos sempre o pegavam no seu humor. Qualquer alteração
ou mudança, por menor que fosse. Às vezes era como viver sob um microscópio.
Suas mãos tremiam, traindo-o enquanto lutava para permanecer firme e inalterado. Como
poderia ser a rocha de Rachel quando um vento mais duro o explodia completamente?
As palavras se prenderam na garganta, recusando-se a rolar por sua língua. Ele era um
homem que viu e experimentou o pior que o mundo tinha a oferecer, e fizera isso estoicamente e
sem medo.
Ele fechou os olhos.
— Estou com medo...
— Você tem todo o direito de estar, — Sam disse uniformemente.
Ethan balançou a cabeça.
— Não. É hora de eu assumir a responsabilidade. Ser o homem e o marido que Rachel
merece. Posso não ter tido medo no passado, mas eu era um covarde de merda.
Seus irmãos se entreolharam e Garrett deu de ombros. Não, eles não saberiam sobre o que
ele estava falando. Seu casamento com Rachel era um estúdio de segredos. Segredos que ela
nunca divulgou. Ela nunca contou os problemas dos dois a família dele. Ele sabia disso e tirou
vantagem.
— Tenho medo que ela nunca se lembre. E tenho medo que ela se lembre, — disse ele
calmamente.
Um silêncio, distinto e incômodo se seguiu. Ethan olhou para baixo. Tinha falado demais.
Dessa vez era mais difícil manter a calma, e talvez de uma forma distorcida, estivesse buscando a
absolvição dos pecados do passado. Mas apenas Rachel podia conceder-lhe isso. Era a ela que ele
tinha que compensar.
Garrett limpou a garganta.
— A melhor coisa que você pode fazer, cara, é levá-la para casa e cercá-la com todo o amor
e apoio que puder. Todos iremos ajudar. Você não vai fazer isso sozinho.
Sam se inclinou para frente, sua expressão intensa.
— O importante é que você a tem de volta. Nada mais importa.
— Você está certo. Eu sei que você está certo. Eu só sinto que vou acordar e estar de volta
em casa, na nossa cama. Sozinho. E isto terá sido um sonho.
— Eu sei que este ano não foi fácil para você, mas você recebeu uma nova chance que
muitos matariam para ter. Não desperdice seu tempo lamentando os problemas. Desfrute de cada
momento, porque de todas as pessoas, você sabe como tudo pode ser arrebatado rapidamente.
Ethan levantou o olhar assombrado para seu irmão.
— Sim, eu sei. E não vou deixar que aconteça novamente. Eu não vou perdê-la. Não uma
segunda vez.

CAPÍTULO 12

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Na manhã seguinte, uma hora antes do amanhecer, a clínica de Maren estava movimentada
com a atividade. Cole e Dolphin estavam encostados na parede na área de espera, enquanto
aguardavam chegar o helicóptero que os levaria para o México. Maren dera a Cole um par de
muletas, mas ele prontamente descartou-as com algumas palavras bem escolhidas.
Sam, Donovan e Garrett reuniram-se com Ethan dentro do quarto de Rachel. Ela estava
descansando confortavelmente pela primeira vez em horas, e falavam em voz baixa para não
perturbá-la.
— Maren está certa. É melhor irmos em frente e prepararmos a surpresa, para que todo
mundo tenha a chance de se acostumar com a ideia antes de Rachel voltar para casa. Será
esmagador o suficiente da maneira que é, — murmurou Donovan.
— Inferno, a nossa família me intimida metade do tempo, — resmungou Garrett.
Ethan meteu as mãos nos bolsos.
— Eu só não quero que isso preocupe mamãe e papai. Eles a amavam como uma filha. Sei
que ficarão felizes, mas não sei o tipo de choque que será para eles.
— Deixe que nós nos preocuparemos com isso, — Sam disse. — Apenas cuide de Rachel e a
leve para casa o mais rapidamente possível.
Ele bateu a mão nas costas de Ethan.
— Esta é a melhor notícia dessa família há muito tempo. Basta pensar em como será bom o
Natal deste ano.
Por um momento, Ethan não pôde nem falar. Natal... Rachel era louca pelas festas de final
de ano. Ela e sua mãe deixavam todos loucos a cada ano, decorando, comprando, fazendo com
que todos os outros participassem das afetivas celebrações familiares. Ele não percebera o quanto
gostava dessa época do ano até o ano passado, o primeiro Natal sem Rachel. Foi um feriado
solene e angustiante.
Ele passou a Véspera de Natal sozinho em casa, com uma garrafa de bebida barata. No
escuro. Nenhum festival de luzes de Natal ou as músicas que eram mais velhas que seus avós.
Apenas a lembrança do sorriso de Rachel e a maneira que ela rasgava os presentes na manhã de
Natal.
Teria dado qualquer coisa por apenas mais um Natal com ela, e agora seu desejo fora
concedido.
— Deus nos ajude, — disse Donovan divertido. — Entre Rachel e mamãe, ninguém vai
escapar com a sanidade intacta.
Garrett revirou os olhos.
— Ou sem um daqueles estúpidos chapéus de Papai Noel.
— O que me lembra, é a sua vez de ser o Papel Noel, — Sam disse a Garrett.
Todos eles caíram na gargalhada ao ver o olhar furioso que brilhou no rosto de Garrett.
Deus, era bom rir de novo. Não se sentir como se nada de bom fosse acontecer.
Ethan abriu um largo sorriso, enquanto olhava para os irmãos. Sentira a falta deles também.
O ano passado foi doloroso o suficiente sem Rachel, mas ele se afastou de sua família também.
Este seria um regresso para casa para ele tanto quanto para Rachel.

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— Vou deixá-las vestir-me como Rudolph se isso colocar um sorriso nos rostos delas, — disse
Garrett, depois que lançou um rápido olhar para Rachel, que ainda estava dormindo
profundamente.
— Amém a isso, — murmurou Donovan.
A expressão de Sam ficou séria quando ele olhou para Garrett e Ethan.
— Precisamos ir... Vocês dois fiquem em contato e sejam cuidadosos. Donovan e eu vamos
dar a notícia para mamãe e papai e preparar as coisas para Rachel voltar para casa.
Ethan olhou para Sam e depois para Donovan e Garrett.
— Obrigado.
— Vamos, Van. Antes que Ethan fique molenga de novo, — disse Sam.
Ethan esmurrou Sam na barriga, enquanto caminhava pelo quarto e Sam inclinou-se em uma
careta exagerada.
— Maricas, — Garrett murmurou.
Ethan voltou-se para Garrett.
— Você fica aqui no caso de Rachel acordar? Eu quero vê-los lá fora.
— Sim, claro. Vá em frente. Dê-lhes um beijo por mim, já que vai até lá.
Ethan sorriu e balançou a cabeça. Em seguida, apontou o seu dedo médio enquanto saia
atrás de seus irmãos.

Rachel se mexeu e abriu os olhos sonolentamente. Então se lembrou das coisas... os insetos
que rastejaram sobre seu corpo, e pousou o olhar nos braços, na barriga. Mas tudo o que viu foi a
roupa manchada de sangue.
Franziu a testa enquanto lutava para lembrar tudo que aconteceu durante sua histeria. E
depois, quando olhou para além da cama, viu Garrett largado em uma cadeira perto da janela.
Quando viu que ela estava acordada, imediatamente se levantou e se moveu para ficar ao
lado da cama. Seu sorriso era suave, e sua voz baixa e macia.
— Oi docinho. Como você está?
Ela tentou sorrir, mas se sentia mais com vontade de chorar.
Garrett sentou na beirada da cama, como Ethan fizera na noite anterior.
— Ei, não fique assim.
— Estou ficando louca.
Sua voz saiu como um soluço, e ela a desprezou.
Ele tocou sua bochecha e afastou o cabelo do rosto.
— Você não está ficando louca, Rachel. Está se recuperando. Há uma diferença. Você já
passou por um momento muito difícil. A maioria das pessoas não teriam sobrevivido, mas você
sobreviveu. Não se menospreze.
Lágrimas juntaram-se em seus olhos, e ele gentilmente as afastou, quando escorreram pelo
rosto dela.
— Onde está Ethan?
— Ele voltará em breve. Quer que eu vá buscá-lo?

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Ela balançou a cabeça. Ela o queria, mas odiava o jeito que parecia se apegar a ele.
Certamente poderia sobreviver alguns momentos sozinha. Mas não estava sozinha. Garrett estava
aqui, e ele tinha sido seu amigo. Ela sabia muito bem disso.
— Você me levou ao altar no meu casamento, — ela sussurrou.
Ele sorriu.
— Sim, eu a levei. Foi realmente um fenômeno imprevisível. Papai queria muito a honra.
Ela inclinou a cabeça para o lado.
— Então por que ele não me levou?
— Porque você me pediu, — ele disse simplesmente.
— Ethan disse que eu não tinha família, que eu era uma parte da sua antes de nos casarmos.
— Era mais uma pergunta e não uma declaração.
— Isso é verdade. Mamãe lecionou para você na escola. Você sempre foi uma de suas alunas
favoritas. Depois que seus pais morreram, ela praticamente a adotou entre os Kelly.
— Então, Ethan e eu nos conhecíamos? Quero dizer, antes de nos envolvermos? — Então,
franziu a testa. — Envolvermos, soou tão... impessoal.
Garrett sorriu.
— Estou bastante certo que ele sempre notou você, mas só depois que ele chegou em casa,
quando estava de folga e descobriu que nosso irmão mais novo, Joe, a convidou para sair que ele
se mexeu.
A testa dela franziu em concentração. Por mais que tentasse, não poderia convocar uma
imagem mental de Joe ou de Nathan.
— Ethan me disse que Nathan e Joe são gêmeos, mas não me lembro de nenhum deles.
— Talvez quando você os vir, tudo vá voltar, e se isso não acontecer, não há pressa, — disse
ele docemente.
— Por que não me lembro deles? Ou de Sam ou Donovan? — Ela balançou a cabeça em
confusão. — Não me lembro de seus pais também, e parece que eu era próxima de sua mãe.
— Dê um tempo, docinho. Você tem todo o tempo do mundo agora. Não tem nada para se
preocupar além de descansar e deixar todos nós cuidarmos de você.
— Eles não... — Ela parou e olhou para baixo.
— Eles não o que?
—Sam não está exasperado, porque não consigo me lembrar dele? Ou Donovan?
Garrett pegou sua mão na dele, deixando seus dedos entre os dele, muito maiores.
— Ninguém está exasperado com você. Todos nós a amamos. Sam e Donovan também. Eles
só querem você em casa, onde estará segura e saudável.
— Eu quero ir para casa. É tão difícil acreditar que tenho uma casa. Eu costumava sonhar.
Até pensei que criei as memórias, mas agora sei que realmente aconteceu.
— Que tipo de coisas? — Garrett perguntou.
Ela franziu os lábios, concentrando-se nas imagens ao acaso dançando em sua mente.

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— Há um lago e uma doca. Estou com os pés descalços e vestindo short. Você está em pé na
minha frente e Ethan logo trás. Eu corro para você pensando que vai me salvar de Ethan, mas você
me pega e me joga na água.
Um sorriso caloroso transformou a seriedade de suas feições, ela olhou para ele, fascinada.
— Você não sorri muito.
Ele deu-lhe um olhar assustado.
— Eu sei disso, — disse ela, — e também sei que você sorri para mim. Eu me lembro. Eu me
lembro que consigo fazer você rir e que todos gozam de você sobre ser tão rabugento.
Ele riu levemente.
— Sim, eu sou ranzinza e sim, você sempre consegue me fazer rir. Sim, eu a joguei na água
quando deveria estar salvando-a de Ethan. Você me retribuiu mais tarde, entretanto.
— Oh? — Ela inclinou-se na cama em sua excitação. Informação. Detalhes. Ansiava por eles
tanto quanto seu corpo ansiava pelas drogas.
— Você enganou Sam, Donovan, Joe e Nathan para reuni-los e me jogar no lago. Precisou
dos quatro, eu poderia acrescentar, mas você teve a sua vingança. Eu levei dois comigo, —
acrescentou presunçosamente.
Ela sorriu, sentindo a maravilha das suas palavras iluminar sua alma. Era como se ela tivesse
família, como se fossem todos uma família.
E então franziu a testa novamente.
— Por que estou com tanto medo de Sam? Parece que eu tinha um bom relacionamento
com ele.
— Porque você não pode se lembrar dele ainda. Você teme o desconhecido. Lembra-se de
mim e de Ethan, então, sente-se confortável com a gente. Quanto mais a sua memória retornar,
mais se lembrará de como se sentia confortável com todos nós.
Ela assentiu, agarrando-se a sua explicação, trazendo conforto a ideia de que ela não seria
este rato amedrontado para sempre. E então teve um pensamento inquietante. E se sempre
tivesse sido tão tímida?
Garrett riu, e ela percebeu que expressou a pergunta em voz alta.
— Você sempre foi calma e tímida, particularmente em torno de novas pessoas, mas eu
nunca a chamei de tímida. Você se encaixa em nossa família como se tivesse nascido uma Kelly, e
nunca perturbou ninguém. Ninguém poderia sobreviver a nossa família por um período
prolongado, se fossem tímidos. Falamos alto, somos barulhentos...
— Mas nós protegemos os nossos, — ela disse como se repetisse as palavras de outra
pessoa.
— O mantra Kelly. Veja, você se lembra mais do que pensa.
— Não foda com os Kelly, — disse ela, e então seus olhos se arregalaram enquanto o
palavrão saia de sua língua. Bateu a mão sobre a boca e olhou para Garrett com olhos chocados.
Ele jogou a cabeça para trás e riu.
— Falou um palavrão, docinho. Eu não poderia ter dito melhor.

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Ethan ficou do lado de fora da porta, escutando a conversa de Garrett e Rachel. Em seguida,
ouviu o riso de Garrett e, depois, surpreendentemente o de Rachel também. O som bateu onde
ele estava, colocando um aperto em torno de sua garganta até que ele lutava para respirar. Não
havia um som mais bonito que o riso dela, mas ele não era o único a persuadi-la a rir. Garrett
também conseguiu. Como sempre.
Queria que a amargura, os velhos sentimentos de insegurança e ciúme o deixassem. Nunca
lhe trouxeram nada, além de tristeza. Para ele e Rachel. Ele não podia, não permitiria que
voltassem para suas vidas. Jurou sobre o túmulo de Rachel, que se tivesse uma chance de fazer
tudo novamente, não iria ceder ao ciúme que quase o comeu vivo durante o casamento.
— Por que tenho sangue na minha roupa? — ela perguntou, quando o riso morreu.
— Só um acidente com o intravenoso, — Garrett respondeu. — Quer que eu pegue algo
limpo para você vestir?
Houve uma breve hesitação, e Ethan não poderia ficar de fora por mais tempo. Ele entrou no
quarto, certificando-se que seu rosto não refletisse a seriedade de seus pensamentos.
Quando ela olhou para cima, ele esqueceu tudo, exceto a forma como ela se iluminou
quando o viu. Garrett saiu da cama e virou o rosto para Ethan.
— Vou pegar outra roupa para ela usar, se você quiser.
— Obrigado, eu apreciaria. Verifique com Maren. Ela disse que tinha uma camisola limpa,
que ela poderia usar quando acordasse.
Garrett assentiu e começou a passar por ele, mas Ethan o deteve.
— Obrigado, cara.
Garrett não reagiu, apenas balançou a cabeça e passou como se fosse nada. Como se o riso
de Rachel não tivesse colocado Ethan de joelhos.
Ethan avançou para o lugar de Garrett sobre a cama.
— Garrett cuidou bem de você? — perguntou, enquanto se estabelecia no lugar.
Ela sorriu e assentiu.
— Ele disse que você não demoraria muito.
— Eu não teria ido, mas precisava ver Sam e Donovan antes de saírem.
— Saírem? Eles foram embora?
Ele assentiu.
— Eles foram antes de nós. Cole e Dolphin precisavam de cuidados médicos, e Sam e
Donovan vão dar a notícia para mamãe e papai. Assim que Maren der o sinal verde para você
viajar, voltaremos também.
— Eu quero ir para casa, — disse ela em voz baixa. — Não gosto daqui.
— Eu sei, querida. Quero você em casa também. Não pode imaginar o quanto a quero de
volta em nossa casa, onde poderei abraçá-la e cuidar de você.
Ela olhou para ele com os grandes olhos castanhos. Havia uma certa ansiedade em seu olhar,
e ela lambeu os lábios como se estivesse lutando com o que queria dizer.
— Há algo errado? — ele perguntou.

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Ela fez um pequeno movimento negativo com a cabeça. E então, as palavras tão doces como
a fria brisa soprando do norte do lago.
— Você poderia me abraçar agora.
Era quase a sua ruína.
— Ah querida.
Ele se virou e encostou ao lado dela até que estava reclinada firmemente contra seu peito.
Então, passou os braços em volta dela, um deslizando por baixo da cabeça enquanto a aproximava
mais.
O coração dela batia contra seu peito, vibrando como um bebê pássaro. Ela deu um suspiro
contente que ele sentiu por todo o caminho para sua alma.
A vida não poderia ser melhor neste momento. Nunca seria mais doce, e ele nunca sentiria
fome de algo mais.
Garrett entrou um segundo mais tarde, mas quando os viu, deixou cair a camisola na beirada
da cama e rapidamente saiu.
Ela poderia se trocar mais tarde. Por enquanto, Ethan estava relutante em perturbar a
maravilha de ter sua esposa aninhada profundamente em seus braços.

CAPÍTULO 13

Marlene acabara de colocar a mesa do jantar quando ouviu a porta da frente abrir e as mais
doces palavras encheram seus ouvidos.
— Mãe, estamos em casa! Onde você está?
Ela virou-se justo quando Joe e Nathan viravam a quina, ambos sorrindo como idiotas, com
as mochilas penduradas nos ombros. Eles as deixaram cair no chão ao mesmo tempo em que a
boca dela fez o mesmo.
— Nathan! Joe!
Ela deixou cair a caçarola em cima da mesa e voou para abraçá-los. Joe a abraçou e girou
com ela nos braços, e foi prontamente arrastada para Nathan assim que Joe a soltou.
— Meus meninos, oh meu Deus, o que vocês dois estão fazendo em casa?
— Ei, pai, — disse Nathan enquanto Frank levantava-se.
Frank envolveu os meninos em um abraço caloroso. Quando se afastou, seus olhos estavam
suspeitosamente molhados.
— O que diabos vocês dois estão fazendo em casa? Por que não ligaram para nós?
— Não tínhamos certeza se conseguiríamos a licença, — disse Joe. — Tentamos chegar em
casa para...
— Tínhamos esperança de chegar em casa no dia dezesseis, — Nathan disse calmamente.
— Bom, — disse Marlene. — Tenho certeza que Ethan teria apreciado.
— Onde está Ethan? Paramos em sua casa no caminho, mas ninguém estava em casa.
Marlene trocou um olhar com Frank.

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Nathan e Joe não perceberam.


— O que está acontecendo, mamãe? — Nathan perguntou.
E então pela primeira vez, ele e Joe pareceram notar Rusty, que estava sentada à mesa
parecendo que queria se afundar no chão.
— Meninos, quero que vocês conheçam Rusty. Ela vai ficar aqui por um tempo.
Como Marlene esperava, ambos fecharam a cara e imediatamente olharam para o pai. Para
seu crédito, Frank não tentou recuar.
— Rapazes, digam olá para Rusty, — disse ele numa voz rouca.
— Olá, Rusty, — disse Nathan. Joe apenas balançou a cabeça e depois deu um olhar
interrogativo para a mãe.
— Sentem-se, sentem-se, — ela insistiu. — Vocês chegaram na hora de comer.
Provavelmente estão morrendo de fome.
— Não teria importância se não estivéssemos, — Joe disse com um sorriso. — Faz tanto
tempo que comemos comida caseira, que eu comeria mesmo se estivesse prestes a soltar os
intestinos.
Marlene conseguiu levá-los para a mesa, e serviu porções generosas. E deu um tapinha
tranquilizador na mão de Rusty ao passar-lhe um prato. Era inevitável que ela encontrasse todos
os meninos em algum momento. Melhor que isso acontecesse em etapas ao invés de todos de
uma só vez. Marlene sabia que seus filhos eram apenas espaçosos, e mesmo ela ficava
sobrecarregada quando todos eles se reuniam.
— Agora, qual é a história com Ethan? — Joe perguntou depois que as coisas se acalmaram
um pouco.
— Ele passou a trabalhar com seus irmãos, — disse Frank. — Só isso.
Marlene apertou os lábios, mas não disse uma palavra.
— Uh-huh, ok, por que você está prestes a estourar um vaso sanguíneo mamãe? — Nathan
perguntou.
Ela suspirou e olhou para seu filho mais novo. Nunca poderia enganar qualquer um deles,
não mais do que poderiam enganá-la.
— Realmente não sei, — ela admitiu. — Somente algo está errado sobre a coisa toda. Seu
pai chamou Ethan na manhã do dia 16, e Ethan parecia horrível. A próxima coisa que ficamos
sabendo, foi que Sam, Donovan e Garrett estariam fora em alguma missão confidencial. Com
Ethan.
Joe franziu o cenho.
— Todos eles?
As sobrancelhas de Frank se juntaram.
— Você sabe que eu sequer considerei isso. Eles nunca vão todos juntos. Sam é inflexível
sobre isso.
Marlene acenou com a cabeça vigorosamente.
— Estão vendo, não sou louca. Há algo acontecendo. Não gosto disso nem um pouco.
Joe virou-se para Nathan.

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— Você disse que Van lhe enviou e-mail há poucos dias. Ele disse alguma coisa?
Nathan balançou a cabeça.
— Só para falar a besteira usual.
— Tem um bando de espiões ou algo assim? — Rusty deixou escapar.
Joe e Nathan se sobressaltaram como se tivessem esquecido que ela estava lá. Não era
difícil, já que ela não deu um pio durante todo o tempo.
O canto da boca de Joe apareceu.
— Não, não espiões. Militares.
Rusty olhou desconfiada para ele.
— Espiões militares?
Nathan riu.
— Se lhe dissermos, então teríamos que matá-la.
Rusty revirou os olhos e voltou para sua comida, murmurando algo baixinho.
— Há quanto tempo eles foram? — Joe perguntou.
O cenho de Frank vincou em concentração por um momento.
— Poucos dias. Partiram cerca de uma semana depois do dia 16.
— Bem, inferno, deveriam estar na fase de planejamento quando Van mandou o e-mail
falando que estavam fazendo absolutamente nada e que as coisas estavam tranquilas.
— Provavelmente não queriam preocupá-los, — Marlene disse suavemente.
— Isso, apenas isso. — Nathan ressaltou. — Eles nunca se preocuparam com a merda que
nos contavam antes. Por que começariam agora, ironicamente, quando Ethan se arrasta para fora
do buraco?
— Não gosto disso, — Joe resmungou. — A regra número um de Sam é nunca ir todos juntos
em uma mesma missão.
Marlene arrastou seu olhar preocupado para Frank.
Ele se esticou e colocou a mão sobre a dela.
— Não se preocupe, querida. Você sabe que nossos rapazes podem lidar com isso. — Mas
ela não perdeu a inquietação em seus olhos.
Ela suspirou e voltou sua atenção para os meninos que não via a quase um ano. Não iria
deixar que sua preocupação ofuscasse o regresso dos gêmeos.
— Comam, — ela ordenou. — Juro que vocês dois estão muito magros. O exército não os
alimenta?
Ambos sorriram para ela.
— Não tão bem como você, Mamãe, — disse Nathan.
— Oh, estou tão feliz por ver vocês, — disse ela. — Ficarão aqui já que seus irmãos não estão
em casa, certo?
Joe levantou a sobrancelha na direção de Rusty.
— Tem quarto disponível?
Marlene bufou.

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— Quarto? Esqueceu que todos os seis meninos cresceram nesta casa? Rusty vai ter que se
acostumar com o caos, mais cedo ou mais tarde.
Ela viu Nathan e Joe trocarem olhares. Estavam em silêncio por enquanto, mas fariam
muitas perguntas mais tarde, quando Rusty estivesse fora do alcance.
— Então me digam o que está acontecendo com vocês, — disse Frank. — Eu sei que enviam
e-mail toda semana, mas não é o mesmo que ouvi-los em suas próprias palavras.
— Nosso trabalho terminou, — disse Joe.
Marlene engasgou.
— Sério? Pensei que tivessem mais três meses. Oh, isso é maravilhoso!
— Saímos antes do previsto.
— Quanto tempo ficarão em casa? — Frank perguntou.
— 10 dias. Então voltaremos para Fort Campbell, — disse Nathan.
Marlene bateu palmas. Lágrimas saiam de suas pálpebras.
— Isso é fantástico. Vai ser tão bom ter vocês perto de casa novamente.
— Vamos ajudar sua mãe a limpar a mesa e depois iremos para a sala tomar uma cerveja, —
disse Frank, quando se levantou.
Nathan e Joe sorriram abertamente, então levantaram e levaram seus pratos para a pia.
Marlene os observou, o peito prestes a explodir de orgulho. Ela se sentia assim em relação a todos
os seus meninos. Parecia que durante o ano passado eles se espalharam ao vento, cada um indo
em uma direção diferente. Só não era o mesmo depois da morte de Rachel.
Seu coração se apertou, e ela repreendeu-se mentalmente por permitir que a tristeza
invadisse seu tempo com Nathan e Joe. Eles estavam em casa, e ela iria aproveitar cada minuto. E
iria empurrar sua preocupação com seus filhos mais velhos para fora de sua mente.
Rusty ficou mais perto de Marlene, enquanto Frank e os garotos entraram na sala de estar.
Não era preciso ser um gênio para descobrir que Rusty ficou intimidada por Nathan e Joe, mas
pelo menos, eles em grande parte a ignoraram. Não era a coisa mais educada, mas Marlene não
podia culpá-los. E a alternativa teria colocado Rusty sobre a borda.
— Vamos, querida. Você terá que enfrentá-los algum dia. — Ela fez um gesto para Rusty
segui-la para a sala, onde a TV já estava ligada e, tipicamente, os homens estavam discutindo
sobre esportes.
Nathan e Joe cederam espaço entre eles no sofá e prontamente cada um colocou um braço
em torno de Marlene quando ela sentou-se. Foi recebida com um grande beijo molhado de
ambos, e sorriu e acariciou suas bochechas em troca.
Rusty se sentou na cadeira ao lado de Frank e tentou se misturar com os estofos.
Estava barulhento e caótico, do jeito que Marlene gostava. Suspirou de contentamento e
deu um tapinha nas pernas dos meninos. Não importava que estavam se aproximando dos trinta
anos. Ainda eram seus bebês.
O som da porta da frente batendo a fez sentar-se ereta. Frank ouviu também, porque
imediatamente apertou o botão mudo do controle remoto.
— Mamãe, papai? Vocês estão em casa?

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— Sam, — Marlene suspirou.


Ela olhou para cima para ver Sam entrar na sala, seguido por Donovan. Eles estavam
totalmente desarrumados. Calças, botas, e camisas sujas e rasgadas, e pareciam que não tomavam
banho em dois dias. Nunca voltaram para casa assim.
Um suave gemido escapou dos lábios dela. Ethan e Garrett não estavam com eles.

CAPÍTULO 14

Sam estava parado na porta da sala, chocado ao ver seus irmãos mais novos sentados no
sofá ao lado de sua mãe.
— Nathan? Joe? O que diabos vocês estão fazendo em casa? Algo errado?
— Isso é o que quero lhe perguntar,— Nathan disse enquanto se levantava. Joe também se
levantou, e os dois homens olharam com cautela para seus irmãos mais velhos.
— Van, — Joe disse com um aceno na direção de Donovan.
— O que está acontecendo? — Frank bradou. — Vocês estão parecendo um bando de
estranhos, e maldição, estão assustando sua mãe até a morte.
Donovan sorriu abertamente e atravessou a sala. Parou na frente de Nathan e depois jogou-
o para baixo em um movimento rápido. Nathan pousou no chão com um baque enquanto o riso
explodia de seu peito.
— Maldito seja, Van, saia de cima de mim.
Joe passou os braços musculosos em torno de Donovan e levantou-o do chão. Donovan
pode ter tido o elemento surpresa quando se aproximou de Nathan, mas ser o menor dos irmãos
Kelly colocou-o em uma grande desvantagem.
Sam finalmente conseguiu livrar-se do choque de ver Nathan e Joe. Levantou as mãos e
bradou uma ordem para seus irmãos se acalmarem.
Nathan e Joe olharam com surpresa. Sua mãe e seu pai olharam para Sam com olhos
preocupados.
Sam atravessou a sala e pegou os dois irmãos mais novos em um abraço rude.
— É muito bom tê-los em casa.
— Onde estão Ethan e Garrett? — Joe perguntou com voz firme enquanto se afastava.
De repente ocorreu a Sam o que todos deveriam estar pensando depois que ele e Van
explodiram em casa parecendo que tinham passado por maus pedaços e sem seus outros dois
irmãos.
Ele e Donovan trocaram olhares rápidos.
— Diga-me, — Marlene exigiu.
Sam ergueu as mãos em um movimento suave.
— Eles estão bem, mãe. Eu juro.
— Quer nos contar o que está acontecendo, meu filho? — seu pai disse.
Donovan falou.

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— Acho que todos deveriam sentar-se. Ethan e Garrett estão bem, mas há algo que temos
que lhes dizer.
— É uma boa notícia, mãe, — disse Sam, rapidamente para acalmar suas feições assustadas.
Sua preocupação voltou-se para todos com perplexidade enquanto lentamente tomaram
seus assentos. Foi então que Sam notou uma jovem amontoada em um lugar próximo da cadeira
de seu pai. Ele levantou uma sobrancelha para que seu pai o olhasse.
— Nos preocuparemos com isso mais tarde, — disse Frank, impaciente. — Agora conte-nos
o que está em sua mente antes que sua mãe exploda.
Sam passou a mão pelo cabelo. Não havia nenhuma maneira fácil de explicar tudo o que
aconteceu. Ele poderia enrolar em torno do assunto e levar para sempre ou poderia simplesmente
colocá-lo para fora.
— Rachel está viva, — Donovan falou antes que Sam pudesse fazê-lo.
Silêncio mortal caiu sobre a sala. Ninguém se mexeu. Ninguém disse uma palavra. O rosto de
sua mãe estava congelado em estado de choque. O pai deles simplesmente parecia que não ouvira
corretamente, enquanto Nathan e Joe tinham os rostos escurecidos com fúria.
Nathan lançou-se do sofá.
— Que diabos, Van?
— Nathan, sente-se, — Sam disse.
Os olhos de Nathan se arregalaram com a autoridade na voz de Sam.
— Sam, o que está acontecendo? — sua mãe perguntou com a voz trêmula.
— É melhor ter um motivo muito bom para voltar para casa e dizer esse tipo de coisa para
sua mãe, — Frank rosnou.
Sam suspirou e sentou-se sobre os degraus que levavam para a sala.
— Ethan conseguiu provas no dia dezesseis de alguém dizendo que Rachel estava viva.
— E a partir daí você vem e dá a sua mãe uma esperança falsa? — Frank exigiu.
— Pai, ouça-o, — Donovan cortou.
— Ele veio para a casa com fotos. De Rachel.
— Oh, Sam, como alguém poderia fazer isso com ele? — Marlene chorou. — Com qualquer
um de nós?
Sam nivelou um olhar para sua mãe.
— Mãe, ela está viva. Eu a vi, a segurei. Assim como Donovan. Ethan está com ela agora, e
Garrett também.
Marlene engasgou. Frank ficou completamente branco. Nathan e Joe olharam para Sam com
as bocas abertas.
— Mas como? — Marlene finalmente conseguiu falar.
— Meu Deus, Sam, onde ela esteve durante um ano? Ela fugiu? Ela o deixou?
Sam respirou fundo, sabendo que o que tinha a dizer, não seria fácil para a família ouvir.
— A missão em que nós fomos — em que todos fomos — foi para resgatá-la. Ela foi mantida
como prisioneira na América do Sul por todo o ano passado.
— Ai, meu Deus.

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A sala inteira irrompeu num coro de desmentidos, de exclamações e demandas por mais
informação. Nathan e Joe se levantaram enquanto Marlene escondia o rosto nas mãos. Frank
segurou os lados de sua cadeira com os nós dos dedos brancos. Somente a jovem garota assistia a
tudo com desinteresse.
— O que quer dizer, mantida como prisioneira? — Nathan exigiu. — Que porra está
acontecendo, Sam?
Pela primeira vez, sua mãe não ameaçou lavar sua boca com sabão. Sam duvidou que ela
ainda ouvisse o que Nathan dizia. Seus traços pareciam em estado de choque.
— Ela está bem, Sam? — sua mãe perguntou.
— Ela não está, mas ela ficará, — Donovan disse suavemente. — Vai levar tempo.
— Ela está muito frágil, — Sam disse severamente. — É por isso que viemos na frente para
dar a notícia e esperar que as coisas estejam calmas no momento em que Ethan a trouxer para
casa.
— Acalmar? — Marlene perguntou. — Acalmar? Como posso me acalmar? Você me diz que
a filha do meu coração está viva depois que lamentamos sua morte por todo o ano passado e eu
tenho que ficar calma? Quando ela voltará para casa, Sam, e o quanto sua situação é ruim?
— É isso mesmo, mãe. Temos que ter calma. Ela não pode suportar a agitação. Ela está...
está em abstinência. Eles a mantiveram fortemente medicada, durante seu cativeiro. Não
sabemos tudo o que ela suportou. Ela está à beira da ruptura, por isso, absolutamente, não
podemos sobrecarregá-la quando ela voltar para casa.
— Há outra coisa que vocês devem saber, — Donovan disse calmamente.
Todos os olhos se voltaram para ele.
— Ela não se lembra muito de sua vida.
— O quê? — Marlene engasgou. Lágrimas lotaram os olhos e derramaram por seu rosto. —
Meu bebê não se lembra de nós?
— Ela se lembra de Ethan. E de Garrett. Não muito mais. Eu a assustei, e Donovan pode
muito bem ser um estranho, — Sam disse severamente.
— Senhor, tenha piedade, — disse Frank com voz trêmula. — Aquela pobre criança. — Ele
olhou para Sam, com os olhos apertados e com raiva. — Por que? Por que fizeram isso com ela?
— Eu não sei, pai. Mas pretendo descobrir.
— Puta merda, — Joe arfava. — Isso é coisa pesada. — Então, olhou para Sam. — Cartel de
drogas?
Sam assentiu.
Nathan xingou.
— O que diabos aconteceu? Ela viu algo ali que não devia? E se for sim, por que a grande
charada? Por que simplesmente não a mataram e acabaram com tudo?
— Nathan! — sua mãe exclamou num sussurro chocado.
— Ele está fazendo uma pergunta válida, Marlene, — disse Frank. — Não está dizendo que
deveriam tê-la matado, mas parece muito estranho o maldito nos enviar seus anéis e nos dizer
que ela estava num avião em que ela, obviamente, nunca pisou.

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— Você tem certeza que é Rachel? — Joe perguntou.


Ambos, Donovan e Sam, assentiram.
— Graças a Deus. Graças a Deus, — Marlene estava sufocada. — É um milagre. Ela está viva.
— Pela primeira vez a alegria brilhou em seus olhos quando finalmente entendeu que Rachel
estava viva. — Que presente maravilhoso. Ethan deve estar fora de si.
Donovan soltou sua respiração.
— Não vai ser fácil para qualquer um deles. Eles irão precisar muito de nossa ajuda. A
melhor coisa que podemos fazer é não sufocá-los e deixá-los encontrar seu caminho de volta em
seus próprios termos.
— Quando voltarão? — Marlene exigiu. — Preciso ir lá e limpar a casa e deixar tudo pronto
para eles. Não há mantimentos, preciso comprar. Ela vai precisar de roupas novas.
Sam levantou a mão.
— Uma coisa de cada vez, mamãe, — disse ele calmamente. — Vai ser em poucos dias. Ela
está sendo tratada, e a médica queria que esperasse alguns dias antes de viajar. Você está certa.
Ela vai precisar de roupas novas. Ela está mais magra. Voltar para uma casa com um monte de
roupas que não lhe servem pode ser perturbador, por isso seria bom se você pudesse fazer
compras para ela.
Marlene se iluminou.
— Rusty e eu podemos comprar para ela, não podemos, Rusty?
Ela se virou para onde a menina estivera sentada, momentos antes, mas agora sua cadeira
estava vazia. Marlene piscou, surpresa. Ninguém a viu sair.
— Quem é Rusty? — Donovan perguntou.
— Alguém que vai ficar aqui por algum tempo, — Marlene disse, quase beligerante.
Sam trocou olhares magoados com seus irmãos. O tom defensivo de sua mãe só poderia
significar uma coisa. Ela tinha adotado outro ser da rua. Só que desta vez era um ser humano.
— Mãe... — Joe começou.
— Não comece com “Mãe” para mim, rapaz, — disse ela com firmeza. — Rusty é uma
convidada aqui, e você vai tratá-la como um membro da família, ouviu?
Então sua expressão suavizou.
— Ela precisa de nós, rapazes. A coitadinha. Vocês não podem imaginar a vida que ela teve.
Sam soltou sua respiração, frustrado. A última coisa que precisava agora era uma rebelde
adolescente que conseguiu que sua mãe, coração mole, abrisse a porta da casa.
Com isso, Marlene se levantou e bateu palmas. Os irmãos olharam um para o outro, e
gemeram. Não era de admirar que gravitassem em direção ao militar. Sua mãe rivalizava com
qualquer sargento que já encontraram.
— Temos muito a fazer e não temos muito tempo para fazer tudo, — disse ela com firmeza.
Prendeu o olhar de Nathan e Joe, com o seu. — Quero que vocês dois vão e deixem o quintal de
Ethan em ordem. Frank e eu abordaremos o interior, e então farei compras de mantimentos e as
coisas que Rachel vai precisar.
Sam olhou-a com indulgência.

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— E Donovan e eu?
Seu olhar suavizou-se, e ela se aproximou e puxou-o até ficar na frente dela. Então o
envolveu em seus braços e o abraçou com força.
— Quero que você e Van vão para casa e fiquem limpos e durmam por cerca de 24 horas
direto. Vocês parecem com o inferno.
Abraçou suas costas e permitiu as primeiras cepas de emoção escapar. Sua família sofreu
múltiplas perdas no último ano, e tinham algumas questões difíceis de encarar, mas pela primeira
vez num longo tempo, iriam todos ficar juntos novamente.
— Por mais que eu adoraria fazer apenas isso, Van e eu temos muito a fazer. Nossa missão
não terminou, e temos prejuízos para investigar.
— Algo que podemos fazer, Sam? — Nathan perguntou.
Era um fato, ele agradecia a ajuda de seus irmãos mais novos, mas não estava prestes a tirá-
los da casa de sua mãe em seu primeiro dia.
Como se sabendo a direção de seus pensamentos, Marlene deixou escapar um suspiro e se
afastou.
— Se você precisar, eles são seus, Sam. Quanto mais rápido você começar seu negócio de
quartel general, mais rápido poderei ter minha família junto sob o mesmo teto.
— Fico feliz por ser dispensado tão facilmente, — Joe falou lentamente. — Isto parece com o
maldito exército.
— Bem, se falaram sério sobre a oferta de ajuda, Van e eu poderíamos usá-los. Estou
aguardando relatórios a cada três horas de Garrett, e Rio está de volta no chão. Cole e Dolphin
estão em Fort Campbell, mas não espero ficar mais de 24 horas antes que eles exijam que eu os
tire do inferno de lá. Steele, Renshaw e Baker estão querendo ação, e estou inclinado a deixá-los,
porque Rio está sem qualquer tipo de apoio.
— Nathan e eu.
— Nem mesmo digam, — Donovan cortou. — Vocês dois cabeças ocas não nos pertencem.
Pertencem ao Tio Sam, e ele fica muito irritado quando seus recrutas aparecem em países
estrangeiros em missões particulares.
— O melhor que podem fazer é voltar para casa e ajudar com as comunicações, enquanto
Van e eu tiramos uma soneca. Não consigo me lembrar a última vez que consegui fechar os olhos.
— Espero todos vocês aqui para o almoço de amanhã, — Marlene disse com firmeza.
— Frango frito? — Donovan perguntou esperançosamente.
Marlene deu um tapinha na bochecha dele e depois o abraçou como fizera com Sam.
— Qualquer coisa que você quiser. Agora vá para casa e descanse.

CAPÍTULO 15

— Rachel. Rachel, querida, acorde.

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Rachel levantou-se do vazio profundo do sono e passou a mão cansada nos olhos. Então
ficou vesga enquanto a luz solar nublava sua visão.
O avião parou e o zumbido dos jatos cessou. Ao lado dela, Ethan acariciava gentilmente os
dedos em sua bochecha.
Foi então que percebeu que já haviam pousado.
Ela sentou-se, em seguida, balançou precariamente, pois moveu-se muito rápido. Ethan
pegou seus braços e estabilizou-a. Passando por eles, Garrett soltou-se e foi abrir a escotilha.
— Você está pronta? — Ethan perguntou.
— Onde estamos?
— Acabamos de desembarcar no aeroporto do Condado de Henry. Estamos a cerca de 40
minutos de casa.
Ela o deixou ajudá-la e guiá-la em direção à saída. Garrett estava lá para pegar sua mão
enquanto ela descia. As sandálias que pegara emprestado da Dra. Scofield deslizavam para cima e
para baixo em seus pés, enquanto lutava para se manter em pé. As roupas, como os sapatos, eram
grandes demais, mas ela estava limpa e confortável, o que era mais do que poderia dizer que
estivera por muito tempo.
Sam ficou alguns passos afastado. Ela quase não o reconheceu no jeans desbotado e
camiseta branca que usava. Ele parecia muito mais acessível fora do modo guerreiro camuflado.
Até sua expressão era suave, menos ameaçadora, quase não era amedrontador.
Ele ficou com os braços cruzados, olhando enquanto desciam do jato. Reclinou-se
calmamente contra o SUV, e sorriu quando a viu.
Determinada a se mostrar o mais corajosa possível, ela endireitou os ombros e se soltou do
apoio de Garrett e Ethan. Cada passo em frente, longe de seu apoio, sentia como se andando no
vazio, mas forçou-se, assim mesmo, até que estava apenas a um passo de Sam.
— Olá, Sam, — disse em voz baixa, mas firme.
O sorriso dele se aprofundou, e ele abriu os braços, mas não fez nenhum movimento em
direção a ela. Coube a ela aceitar o gesto. Respirando fundo, ela caminhou para seu abraço. Seus
braços a envolveram enquanto ele a abraçava firmemente.
— Olá, querida, — disse contra o seu ouvido. — Bem-vinda ao lar.
Lágrimas ardiam em seus olhos, e ela enterrou o rosto em seu pescoço. Ele cheirava como
Ethan. Forte e Firme.
Ele beijou o cabelo dela e simplesmente segurou-a até que finalmente ela se afastou. A mão
dele colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha num gesto terno.
— Como está se sentindo? — ele perguntou.
— Não sei, — disse ela honestamente. — Eu estou... Estou um pouco assustada.
As mãos de Ethan deslizaram sobre seus ombros, e ela virou-se instintivamente para o
abrigo de seus braços. Ele pressionou um beijo na sua têmpora.
— Não há necessidade de estar receosa, querida. Você está em casa agora, com as pessoas
que te amam.
— Vamos lá. Eu tenho uma caminhonete à espera, — disse Sam.

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Rachel observou enquanto ele e Garrett pegavam as poucas mochilas que Ethan e Garrett
trouxeram com eles, e então se dirigiram para o SUV estacionado a alguns passos de distância.
Ethan deu-lhe um aperto e depois lhe pediu para ir em frente.
Ela caminhou quase mecanicamente, incapaz de processar o sentimento bizarro de que isto
tudo era normal, ou deveria ser. Após meses e meses de medo e cativeiro, estava livre. De volta ao
mundo normal. Retomaria sua vida como se não tivesse estado em espera pelo ano passado.
Como se as pessoas que a amavam não tivessem seguido em frente com suas vidas sem ela.
Garrett se colocou no banco dianteiro, enquanto Ethan a levava para trás e, em seguida,
arrastou-se ao seu lado. Sam se posicionou no banco do motorista e se afastou da pequena pista
de pouso.
Dificilmente poderia ser chamado de aeroporto. Era uma pista pequena no meio de hectares
de terra agrícola. Havia apenas dois hangares, um maior e outro menor, e eram apenas edifícios
de estanho.
A caminhonete levantou uma nuvem de poeira enquanto se afastavam. Momentos depois,
Sam entrou em uma estrada pavimentada e acelerou. Rachel olhou curiosamente para fora de sua
janela, esperando algo, qualquer coisa que a fizesse recordar.
Depois de vários quilômetros, desistiu. Parecia com qualquer lugar. Ela poderia estar em
qualquer lugar.
Rachel inclinou-se na curva do braço de Ethan, e ele imediatamente apertou os braços ao
seu redor.
— Você está bem? — murmurou.
Ela assentiu. Ela não afastara completamente os efeitos da abstinência. Os últimos dias
foram angustiantes, uma experiência que nunca mais queria repetir. Havia ainda uma dor vazia,
um vazio oco implorando para ser preenchido, mas era mais suportável agora. E ela se recusava a
fraquejar. Não seria a única fraca em meio a esses fortes guerreiros.
Ethan permaneceu ao seu lado, ele e Garrett. Fizeram turnos segurando-a enquanto ela
gritava e chorava, enquanto implorava por socorro. Em seu momento de maior desespero, pediu
para Ethan buscar drogas para ela.
Ele ficou com ela, completamente vestido, no chuveiro, quando estivera convencida que
estava coberta de aranhas. Ainda estremecia com a lembrança das terríveis criaturas, centenas
delas movendo-se por seu corpo.
Depois de vários dias aparentemente intermináveis, o pior estava terminado. Estava
exausta, e sabia que Ethan e Garrett não se sentiam muito melhor.
— Para onde estamos indo, exatamente? — ela perguntou. Era bobagem perguntar. Ethan e
Garrett tinham dado os detalhes da volta ao lar numerosas vezes, mas não podia controlar a
ansiedade que nadava através de sua mente.
Não percebeu que suas mãos estavam juntas, os dedos entrelaçados de forma que as pontas
estavam brancas, até Ethan cuidadosamente soltá-los e prender os dedos com os dele.
— Estamos indo para casa. A nossa casa, querida.

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Ela tentou duramente trazer uma imagem de sua casa à mente. Apenas um breve relance,
algo para dizer que ela tinha uma conexão com o lugar em que vivera com seu marido.
— Não consigo lembrar, — disse frustrada.
Garrett virou em seu assento, se moveu para tocá-la no joelho, e como fizera tantas vezes
nos últimos dias, ofereceu conforto com apenas algumas palavras bem colocadas.
— Você está tentando demasiadamente duro, docinho. Relaxe e deixe vir até você. Mesmo
se não lembrar agora, provavelmente quando caminhar dentro seu próprio lugar, tudo virá até
você. E se não vier? E daí? Você tem todo o tempo do mundo.
Ela largou a mão de Ethan e agarrou a de Garrett, apertando com toda sua força.
— Obrigada. Eu amo você.
Ela ofegou, completamente mortificada com as palavras que escaparam. Ethan enrijeceu ao
seu lado. Ela largou a mão de Garrett e ergueu os dedos à boca, horrorizada com o que disse.
Garrett olhou para ela, nenhum indício de emoção ou julgamento em seus olhos. Apenas
uma paciente compreensão e amor correspondido. Por que não disse essas palavras a Ethan? Por
quê a Garrett?
Seu olhar voou para Ethan, as desculpas gravadas em cada superfície de seu rosto. Ela queria
gritá-las, mas estava muito envergonhada.
Não havia raiva nos olhos de Ethan, apenas um retesamento, como se ele lutasse contra
alguma reação desconhecida. Um som vindo da frente a fez se afastar. Era Sam. Rindo.
Sam olhou no espelho retrovisor, um sorriso largo em seus lábios.
— Estou vendo mais e mais da Rachel que conhecemos e amamos o tempo todo. Você
sempre foi a mulher mais adorável e expansiva que conheci.
Ethan sorriu e pareceu relaxar contra ela. Mas ela estava muito enraizada no
arrependimento para sentir que o momento inábil havia passado. Fechou os olhos e afastou-se,
pela primeira vez negando a si mesma o conforto de seu abraço.
— Rachel.
A voz profunda de Garrett percorreu como água quente sobre seus ouvidos.
Lentamente, ela olhou para cima até que encontrou os olhos dele.
— Amo você também, docinho. Todos nós amamos.
Ela sorriu tremulamente e assentiu. A mão de Ethan rastejou por cima da sua e ele deu-lhe
um pequeno aperto. Reunindo coragem, ela o olhou, quase com medo do que poderia ver em
seus olhos.
Suspirou no choque de emoção que encontrou. Crua, abrasadora. Ela não conseguia
respirar.
Ele tocou seu rosto, deslizou o dedo por baixo da orelha e nuca, e em seguida puxou-a
cuidadosamente para frente até os lábios estarem a apenas um fôlego longe dela.
— Eu amo você, — ele sussurrou.
— Eu...

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As palavras a sufocaram, e antes que pudesse tentar novamente, os lábios dele tocaram seu
rosto. Pouco exigente e tão terno, quase como se estivesse com medo de que a menor pressão a
faria dobrar.
O nó na garganta cresceu mais, assim como o pânico. Por que a ideia de dizer as palavras
que chegaram tão naturalmente apenas um momento antes, instilavam um medo tão
angustiante?
Ela afastou-se, torcendo em seu assento enquanto engolia em seco por ar. Ethan tocou seu
ombro, terno e preocupado, mas ela se encolheu à distância. Ela ia ficar doente.
— Sam, pare a caminhonete, — Ethan bradou.
Ele pegou seu braço enquanto Sam saia da rodovia. Alguns segundos depois, a porta se abriu
e ela se ergueu. Sam a pegou enquanto seus joelhos dobravam e ela caia no chão.
— Respire fundo, — Sam murmurou. — Tenha calma.
Ela tremia da cabeça aos pés. Estava ao mesmo tempo quente e fria. Suor molhava a
espessura de suas roupas e ainda assim ela estremecia. Imagens rápidas, duras e implacáveis,
martelavam sua mente.
Ethan de cara dura e transtornado pela raiva. Gritando. Exigindo. Acusações. Ela tapou os
ouvidos e sacudiu a cabeça, tentando calar a feiura.
— Rachel.
A voz de Ethan, tão longe...
— Rachel, o que está errado?
Garrett desta vez, mais perto.
— Ele me odeia, — ela sussurrou enquanto as lágrimas escorreriam por sua face.
Dois conjuntos de braços a rodearam. Mãos alisavam seu cabelo para trás e limpavam as
lágrimas em seu rosto.
— Ninguém odeia você, querida.
Ethan parecia tão feroz, como se fosse afugentar todos os seus demônios com as próprias
mãos.
Lentamente, a escuridão desapareceu. As vozes pararam seu ataque e a frieza se dissipou,
deixando o calor.
Ela cedeu, com a cabeça caindo para frente. Dedos fortes tocaram seu pescoço, enquanto
outras mãos apoiavam os ombros.
— Vamos levá-la de volta à caminhonete, — disse Garrett.
Antes que pudesse responder, Ethan pegou-a e a aninhou. O peito arfava, e ela abriu os
olhos para ver tanta dor refletida em seu rosto. Ele parecia... torturado.
— Estou cansada, — sussurrou enquanto encostava a cabeça em seu pescoço.
— Então durma, querida. Eu a acordarei quando chegarmos em casa.
Ethan a abaixou na parte de trás e colocou-a no assento. Recuou, fechando a porta, e depois
caminhou para o outro lado. Subiu e colocou sua cabeça em seu colo.
O bater das portas da frente sinalizou a entrada de Sam e Garrett, e então veio o rugido do
motor e o zumbido baixo debaixo dela, enquanto Sam manobrava de volta para a estrada.

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Eu realmente estou ficando louca. Talvez eu já esteja. Talvez eu nunca mais me recupere.
Fechou os olhos enquanto mais lágrimas se derramavam e corriam silenciosamente por seu
rosto.
Ethan assistia impotente, enquanto, as trilhas úmidas prateadas marcavam um caminho
sobre sua pele pálida. O que ela quis dizer? O que ela lembrou? Sua mente estava torturada com
as memórias do casamento deles? Ela já as juntou tão cedo?
Ele me odeia.
Ele queria vomitar. Do que ela estava falando? Que Deus não permita ser ele. Não permita
que ela acredite que ele a odiava. Morreria antes mesmo de deixá-la pensar isso, mesmo por um
momento.
Eu amo você.
As palavras que ela disse tão facilmente a Garrett o perseguiram. Ele queria
desesperadamente ouvi-las de seus lábios. Dirigidas a ele. Queria voltar no tempo quando não se
passava um dia em que não lhe dissesse o quanto o amava.
Mas uma mulher cansa de colocar o seu coração na linha sem receber nada em troca. Se ao
menos ele tivesse respondido, Eu também te amo, querida... Apenas no início ele correspondera.
Mais tarde, ele sequer assentia ou sorria. No final, sequer fazia isso. Sentia-se muito culpado. As
palavras que eram tão doces no início tornaram-se punhais que deslizavam insidiosamente entre
suas costelas e nos órgãos vulneráveis abaixo delas. Sentia-se como o pior tipo de hipócrita, e
então permaneceu em silêncio, até que finalmente ela parou de dizer qualquer coisa.
Isso foi o pior. Ele viveu cada dia na esperança de ouvir essas palavras novamente, só para
ficar com raiva e ressentido quando elas não vieram. Ele a puniu por algo que era sua própria
culpa.
— Ethan.
Ethan olhou para cima para ver Sam estudando-o no espelho retrovisor.
Sam suspirou.
— Eu gostaria de saber o que dizer, cara. Sei que não é fácil para você.
— Isto não é sobre mim, — ele falou taciturno. — É sobre ela. É tudo sobre ela. Ela é a única
coisa que importa.
Sam balançou a cabeça.
— Eu sei disso. Mas você está sofrendo também. Você não é uma máquina. Não pode
simplesmente fechar-se, porque não quer sentir a dor.
— Eu posso lidar com qualquer coisa, contanto que eu a tenha de volta, — Ethan disse em
voz baixa, desesperada.
Nisso, Garrett virou, seu olhar indagador e pensativo.
— Você a tem de volta, cara. Do que tem tanto medo?
Ethan engoliu em seco. Nunca iria admitir a seus irmãos o papel que desempenhou para
Rachel estar no avião para a América do Sul, como ele a afastou, rejeitando-a e ao seu amor.
Como poderia dizer-lhes que o que mais temia era perdê-la... novamente... depois de tê-la
de volta?

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CAPÍTULO 16

— Rusty se foi! — Marlene disse enquanto agitava as mãos freneticamente.


— Calma mãe, se acalme, — Joe disse suavemente.
Ela lançou a Joe um olhar feroz.
— Eu não vou me acalmar. Estou cansada dos meus filhos me dizendo para me acalmar.
— O que quer dizer com ela se foi? — Nathan perguntou.
Marlene ergueu as mãos até que observou três de seus filhos enquanto eles se
espreguiçavam na sala de estar. Nenhum deles parecia um pouco preocupado que Rusty tivesse
fugido. Rusty estava quieta desde que a notícia da volta ao lar de Raquel surgiu, mas Marlene não
esperava que ela desaparecesse no dia em que Rachel estava para chegar.
— Às vezes me pergunto se todo o senso comum não foi entregue muito antes de vocês dois
chegarem, — ela murmurou.
Nathan fez uma careta.
— Ai, mãe. Isso não era necessário.
Donovan pulou. Mas antes que pudesse emitir uma resposta mal-humorada, Marlene o
parou com uma careta e o olhar arguto.
— Eu quero que todos vocês levantem seus traseiros e me ajudem a encontrá-la. Não posso
lidar com isso agora. Rachel está chegando em casa a qualquer momento e Rusty se foi.
— Alguma vez lhe ocorreu que ela quisesse ir embora? — Donovan disse com cuidado. —
Não pode fazê-la ficar, mãe. Ela é uma garota problemática. Você não pode salvar a todos.
— Não me importo se ela quer ir embora, não que eu acredite que ela queira estar sozinha
por um minuto. Ela precisa ter seu traseiro de volta a esta casa. Não tenho ideia do que
aconteceu, mas a menos que eu ouça isso de seus próprios lábios, vamos tratar como um membro
da família em necessidade. Você ficaria sentado aqui discutindo se eu lhe dissesse que um de seus
irmãos desapareceu? Certamente não perdeu tempo antes de ir atrás de Rachel quando soube
que ela estava em apuros.
Nathan fez uma careta e se levantou.
— Agora espere um minuto, mãe. Você não pode comparar esta garota com Rachel. Ela só
está usando você e papai.
Os lábios de Marlene se apertaram.
— Quero que todos os três vão procurar por ela. Não se atrevam a voltar sem ela. Vou
encontrar o seu pai e vamos pegar a caminhonete. Me chamem no minuto em que a encontrarem,
ouviram?
Joe suspirou e revirou os olhos.
— Isso é muito desrespeito de sua parte, meu jovem, — ela retrucou.
— Sim, senhora, — disse ele humildemente.

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Todos tinham aparência descontente, mas se ergueram do sofá e saíram pela porta da
frente.
Nathan entrou em sua caminhonete Dodge e deu a seus irmãos um olhar de simpatia pela
janela, enquanto subiam em seus veículos. Quando a mãe saia em uma de suas tangentes, não
havia como escapar. Ela colocaria Stewart County de cabeça para baixo à procura desta garota,
Rusty.
Voltou para a estrada e para o oeste. Pegou a estrada do condado que acompanhava o lago,
e deixaria Dover para seus irmãos.
Dirigia um pouco mais rápido que o necessário, mas a impaciência queimava nele. Estava
muito mais interessado em ouvir que Ethan e Rachel chegaram em casa, e estava ansioso para ver
Garrett e obter um relatório. Não poderia fazer isso muito bem quando estava a serviço atrás de
alguma tola, para sua mãe equivocada.
O que não era inteiramente justo, ele supunha, mas sua irritação não permitia mais
pensamentos caridosos. Ela tinha o coração mais suave que qualquer um que conhecia. Muito
mole. E uma vez que decidia algo, nada e ninguém mudavam isso.
Por meia hora tomou caminhos sinuosos fora da 232 e, em seguida, fez a volta enquanto
continuava mais ao sul ao longo do lago. Acabara de cruzar a Leatherwood Creek quando fez a
curva e viu uma figura solitária andando pela beira da rodovia. Rusty.
Reduziu e abriu a janela do passageiro, enquanto se aproximava dela. Ela olhou com cautela
para ele quando parou ao seu lado, e então se enrijeceu quando o reconheceu.
— Alguma razão particular para você estar andando sozinha pela estrada quando a minha
mãe está prestes a ficar louca se preocupando com você? — ele perguntou.
Ela olhou para frente e continuou andando, com os ombros rígidos e seu queixo erguido.
— Ela não se importa comigo, — murmurou Rusty.
— Ah, sério? Acho que é por isso que ela pegou você, te alimentou, te vestiu, lhe deu um
lugar para ficar e está realmente deixando o resto de nós insanos exigindo que a aceitemos, não
digamos uma maldita mínima palavra para você e mandou todos saírem à sua procura agora,
quando preferimos estar focados na volta de Rachel.
Ela fez uma parada abrupta, seus lábios curvando em um rosnado.
— Rachel. Eu estou tão farta de ouvir falar de Rachel. Rachel é tão maravilhosa. "A filha do
meu coração." Todo mundo ama Rachel. Marlene não precisa de mim agora que sua filha de
verdade está de volta.
Apesar de sua irritação, Nathan amoleceu, enquanto olhava para a menina. Ela estava
sofrendo, e estava fazendo tudo ao seu alcance para não deixá-lo ver o quanto.
— Suba, — disse ele.
Ela balançou a cabeça.
— Vamos lá. Nós vamos dar um passeio. Se você não quer ir para casa, tudo bem, vamos
passear.
Ela hesitou, e seus lábios tremiam. Ele estendeu a mão e abriu a porta, empurrando-a para
fora. Ela deu um suspiro profundo e subiu no banco do passageiro.

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— Cinto de segurança, — disse ele pacientemente.


Ela fez uma careta, mas passou o cinto de segurança em torno de si e o clicou no lugar.
Ele voltou para a estrada, assim ela saberia que não a estava levando para casa
imediatamente.
— Agora, presumo que me dirá por que acha que algo tão maravilhoso como Rachel
voltando para casa e para nós mudaria a maneira como minha mãe se sente sobre você?
— Eu não sou ninguém, — disse ela sombriamente. — Sou apenas alguém que sua mãe ficou
com pena. Ela estava se sentindo triste por causa de Rachel, e acho que pensou que eu poderia
preencher esse vazio.
— E ela lhe disse isso?
Rusty hesitou.
— Hum... Não.
— Talvez você ouviu isso.
Mais uma vez ela sacudiu a cabeça, franzindo a testa enquanto entendia onde ele estava
querendo chegar.
— Ou talvez minha mãe fez algo para fazer você pensar que ela não é muita sincera e adora
manipular adolescentes que estão em apuros.
— Você sabe que ela não faz isso, — Rusty murmurou.
— Hmm, bem, bem, estou fora de palpites. Talvez você deveria apenas me explicar. Os
garotos podem ser lentos.
Ela ficou em silêncio por muito tempo enquanto estudava as mãos no colo.
— Eu apenas pensei... Presumi que já que Rachel estava voltando, ela não iria me querer
mais.
Nathan se aproximou e segurou sua mão, ignorando seu estremecimento de surpresa.
— Eu entendo porque você pode ter se sentido assim. Mas uma coisa que precisa entender
é a capacidade ilimitada de minha mãe de cuidar. Ela lecionou por anos, e ainda pode dizer os
nomes de todos os alunos que passaram por sua sala de aula.
Ele deu uma risada suave.
— Por isso, tente ser sua filha mais nova, com cinco irmãos mais velhos. Se alguém deve se
sentir excluído e esquecido, esse alguém sou eu. Mas de alguma forma ela consegue fazer cada
um de nós se sentir especial, como se fôssemos a única pessoa no mundo que importa para ela.
Não me interprete mal. Ela não é uma pessoa fraca, e quando decide que fará alguma coisa, é
como um jacaré com carne fresca.
Seus lábios tremeram, e ela puxou a mão das dele.
— Eu não estou acostumada que alguém se importe comigo.
— Bem, talvez seja a hora de se acostumar a isso, — disse simplesmente.
Seus lábios torceram novamente enquanto, aparentemente, erguia suas defesas.
— O que você acha? Você e seus irmãos não gostam de mim. Preferem que eu vá de
qualquer maneira.

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— Isto não é sobre mim ou meus irmãos, por isso não faça assim. Minha mãe se preocupa
com você. Nós não a conhecemos. Estamos preocupados que esteja se aproveitando da nossa
mãe? Inferno sim. E pode apostar que estaremos observando, e se der um passo errado, vamos
estar em você como um pato em um besouro. Mas contanto que não estrague tudo, não tem nada
com que se preocupar.
— Você está dizendo que quer que eu volte? — Perguntou desconfiada.
Ele suspirou.
— Deixe de torcer as minhas palavras e confie, Rusty. Você é capaz de tomar suas próprias
decisões e assumir a responsabilidade por elas. Se quiser voltar, então, pare de desperdiçar tanto
de nosso tempo e diga a palavra. Vou levá-la para casa, sem fazer perguntas. Se não quiser ir, tudo
bem, mas vai contar para minha mãe encarando-a, em vez de esgueirar-se como uma ingrata
covarde.
Sua boca abriu em estado de choque, e então inesperadamente ela sorriu, e transformou
toda a sua face. Substituindo o olhar tristonho e derrotado, existia uma menina jovem, vibrante,
que era realmente muito bonita.
— Eu gosto de pessoas que não mentem e dizem as coisas como elas são.
Nathan riu.
— Então você vai se dar muito bem com o clã Kelly. Agora, vamos para casa ou não?
A faísca acendeu os olhos dela, e ela parecia... esperançosa. Animada mesmo. Então de
repente, como se a felicidade tivesse queimado, a chama morreu e olhou apreensiva para ele.
— Tem certeza? Tem certeza que ela me quer?
Ele olhou para ela um longo tempo e deu graças por nunca ter se sentido indesejado em sua
vida.
— Sim, Rusty. Eu tenho certeza.

CAPÍTULO 17

Rachel olhou a casa pela janela do SUV enquanto Sam contornava o pátio. Esperou que o
reconhecimento batesse nela, mas olhava entorpecida como se fosse a casa de outra pessoa. Não
dela.
Era uma bela casa, e certamente poderia vê-la como um lugar que teria adorado. Uma casa
de madeira de cipreste com um alpendre rústico completo, com balanço e samambaias em vasos.
Ethan lhe dissera que viviam não muito longe do lago.
— Há quanto tempo vivemos aqui? — ela sussurrou.
— Três anos, — respondeu Ethan. — Nós nos mudamos logo depois de nossa lua de mel.
Ela inclinou a cabeça para o lado e olhou curiosamente para ele.
— Onde fomos em nossa lua de mel?
Ele pareceu momentaneamente surpreso e então sorriu, o calor inundando seus olhos.

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— Fomos para a Jamaica e passamos uma semana na praia. Eu não acho que você usou
muito mais do que um biquíni o tempo todo que estivemos lá.
Um rubor coloriu ainda mais suas bochechas, e ela abaixou a cabeça.
— Pronta? — ele perguntou solenemente.
Ela respirou fundo e assentiu. Ele abriu a porta e saiu, depois fez a volta e ofereceu-lhe a
mão. Ela deslizou os dedos nos dele e deixou-o puxá-la do veículo. Sam e Garrett já tinham saído e
estavam de pé no caminho para a porta da frente.
Ela não percebeu o quanto estava tremendo até que Ethan passou um braço ao seu redor
para firmá-la enquanto caminhavam para seus irmãos.
— Você quer que fiquemos, Ethan? — Sam murmurou.
Ethan parou nos degraus da porta da frente e apertou seu abraço em volta da cintura dela.
— Não, nós ficaremos bem. Diga a mamãe que ligarei para ela mais tarde.
— Ok, cara. Chame se precisar de alguma coisa. — Sam bateu nas costas de Ethan e
começou a voltar para a caminhonete.
Garrett hesitou um segundo e depois estendeu a mão para tocá-la no ombro.
— Tome cuidado, docinho.
Ela se afastou de Ethan e jogou os braços ao redor da cintura de Garrett. Ele deu um passo
atrás, surpreso, mas depois envolveu os braços em volta dela e devolveu seu abraço.
— Você voltará, não é? — ela sussurrou.
— Eu nunca me afastarei, — ele murmurou. — Se precisar de mim, estarei aqui. Prometo.
Relutante, ela libertou-se de seu abraço. Garrett sorriu para ela e, em seguida, virou-se para
o irmão.
— Grite se precisar de alguma coisa.
— Vamos ficar bem, — Ethan disse suavemente.
Garrett andou a passos lentos e subiu na caminhonete ao lado de Sam. Ambos acenaram
enquanto se afastavam da casa.
— Tudo bem? — Ethan perguntou enquanto se virava para a porta.
Ela olhou para os degraus, quase temendo o que estava lá dentro. Por que isso a assustava
tanto? Por que era tão covarde?
— Vamos fazê-lo, — disse ela.
Ethan colocou a chave na fechadura e abriu a porta. Ar frio soprou sobre seu rosto enquanto
entravam. Ela se preparou para o surto de memórias, mas enquanto se movia mais para dentro, só
foi atingida por um sentimento de estranheza.
Suas mãos subiram para os braços e os esfregou distraidamente enquanto seu olhar viajava
pela sala de estar. Parecia tão... quieta. Organizada. Até mesmo tranquila. A tranquilidade estava
refletida na decoração, desde o piano no canto da lareira de pedra, à arte emoldurada nas
paredes.
Como esta casa poderia ser dela quando cada parte de sua mente gritava caos?
— Querida... Você está bem?
Ethan tocou seu braço, e ela interrompeu seu escrutínio.

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— Eu... eu estou bem.


— Algo parece familiar?
Ela balançou a cabeça, precariamente perto de fugir tão duro e tão rápido desta casa quanto
podia.
— O que está incomodando você? — ele perguntou suavemente.
Ela virou-se em um círculo apertado. As paredes, os móveis pareciam fechar-se sobre ela e
zombar. A chamavam de fraude e diziam que ela não pertencia a este lugar.
— Tem certeza que eu pertenço aqui?
— Venha aqui, — disse ele enquanto a puxava para seus braços. Segurou-a firmemente,
apoiando o queixo no topo de sua cabeça. — Você pertence onde quer que eu esteja. Você
pertence a mim. Sempre. Eu sei que tem sido esmagador para você, mas vamos passar por isso. Só
me prometa que quando algo assustá-la, vai me dizer para que eu possa ajudar.
Ela apertou-o, segurando-o tão apertado quanto pôde. Inalou o cheiro dele e sentiu o
equilíbrio, a reconfortante batida de seu coração contra o rosto. Eles poderiam fazer isso. Ela
poderia fazer isso.
Finalmente, se afastou e, em seguida, estendeu a mão para ele, enlaçando seus dedos.
— Mostre-me tudo?
— Eu ficaria feliz.
Enquanto andavam pela casa, a frustração de Rachel crescia. Não sentiu nenhuma afinidade
com este lugar.
— Este é o nosso quarto e aquela porta é o banheiro principal, — disse Ethan enquanto
caminhavam em um quarto espaçoso.
O mobiliário parecia feminino. Até a cama era um dossel com uma colcha de babados. Era
difícil imaginar Ethan em tal cenário.
— Não se parece com você, — disse ela lentamente.
Ele sorriu.
— Tenho o senso de decoração de uma mula.
— Mas não parece comigo, também, — disse ela, impotente.
— É exatamente como você. Calma, organizada. Feminina e bonita.
Ela balançou a cabeça, odiando essas palavras. Palavras que ela usou para descrever a sala
de estar, exatamente. Eles não eram dela. Caminhou cegamente em direção ao banheiro,
querendo apenas uma fuga.
O banheiro era grande, com uma banheira de hidromassagem e ducha separada. Tinha seu
próprio armário pequeno e havia duas pias, uma para ele e outra para ela. Mas seu olhar travou
na banheira.
A memória distante flutuava por sobre uma nuvem, preguiçosa e sem pressa. O esguicho de
água. Sentada na banheira, a água até os seios. Ethan. Ela piscou enquanto a imagem ficava mais
acentuada, entrando em foco.

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Ela estava nos braços dele, inclinando-se contra seu peito enquanto a água batia sobre os
seios. As mãos dele os envolveram, roçando os polegares sobre os mamilos firmes. Um arrepio
correu por seu corpo.
E depois, os dedos por seus cabelos enquanto soltavam as tranças longas. Suas mãos
automaticamente foram para a cabeça, para seus cabelos tosquiados. Seu cabelo era muito mais
longo antes.
— Você vai tomar banho comigo? — ela deixou escapar.
Ele piscou, surpreso, e por um longo momento não disse nada. Parecia lutar com
exatamente o que dizer, como reagir.
— Você costumava lavar meu cabelo. Eu lembro de você me tocando.
Fogo encheu seus olhos, provocando o azul até que se assemelhava a uma tempestade.
— Você tem certeza, querida? Não quero fazer nada que a faça se sentir desconfortável.
Ela encolheu os ombros, odiando o constrangimento de pedir que seu marido, seu marido,
fosse íntimo com ela novamente.
— Eu só quero que você me abrace.
Ele puxou-a em seus braços, e para sua surpresa, ele tremia contra ela. Estaria à deriva tanto
quanto ela? De certa forma tinha que ser ainda mais difícil para ele. Ele tinha as memórias que ela
não tinha. Conseguia se lembrar de como era entre eles e lamentar o que perderam.
— Sente-se na cama. Vou abrir a água e então vamos tirar a roupa juntos, ok? Mamãe
comprou algumas roupas novas e deixou-as na cama, então poderá escolher algo para vestir
enquanto a água está enchendo.
Ela assentiu e se retirou para o quarto. Havia várias sacolas de compras em cima da cama, e
ela se sentou e abriu uma. Jeans, tops, meias e até mesmo um novo par de tênis. Havia também
um sutiã e vários pares de roupa íntima.
Olhou para baixo auto conscientemente enquanto percebia que não usava um sutiã por mais
tempo que conseguia se lembrar. Ou roupa íntima.
Espontaneamente a imagem de um homem que tirava sua roupa e sua calcinha brilhou em
sua mente. E, em seguida, outro homem pisando entre ele e ela, empurrando seu agressor. Ela
ficou encolhida, nua sobre o chão de terra da cabana enquanto eles argumentaram, em seguida,
seu salvador empurrara sua roupa esfarrapada de volta para ela, menos suas roupas íntimas
irrecuperáveis.
Não pensara ou lembrara disso até agora. Seu agressor estava morto. Mas e seu salvador?
Quem era ele e por que se importava com o que o outro homem fazia com ela?
Com dedos nervosos, tirou a calcinha rendada e o sutiã, que de alguma forma pareciam
muito grandes para seus pequenos seios. Como pareceria neles agora? Mesmo que soubesse que
estava mais magra. De repente, a ideia de tomar banho com Ethan não parecia tão atraente.
Agarrou a roupa contra ela e esperou Ethan sair, com medo crescente. Poucos momentos
depois, ele apareceu na porta, sua linguagem corporal tão tensa quanto a dela.
— A água está no ponto. Você está pronta?
Ela levantou-se e encontrou seu olhar.

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— Talvez eu devesse ir primeiro. Pode... você pode me dar alguns minutos para entrar na
banheira antes de entrar?
— Absolutamente, querida. Demore o tempo que precisar.
Ele gesticulou para ela entrar, e quando passou por ele, silenciosamente fechou a porta atrás
dela. Andou até a pia e colocou a roupa sobre o balcão.
Quando olhou para cima, pegou o primeiro olhar de si mesma no espelho. Ficou
momentaneamente assustada. A mulher olhando para ela com olhos arregalados e assustados não
se parecia com ela.
Cabelo enrolado frouxamente na nuca e nas orelhas. Suas bochechas estavam finas e
afundadas, seus ossos mais pronunciados. Até mesmo sua garganta parecia pequena demais, e
seus ombros estavam angulares, não suavemente arredondados.
Seu olhar caiu até a cintura estreita e os quadris. Juvenil. Não parecia haver nenhuma
suavidade nela. O que poderia Ethan possivelmente ver nela? Sempre tivera essa aparência?
Paralisada pela estranha no reflexo, tirou a roupa. Logo estava nua, e olhou com indiferença
clínica para seus seios. Apesar de pequenos, ainda pareciam muito grandes para sua estrutura
fina. Muito cheios.
Procurou por qualquer imperfeição, virando-se lateralmente para estudar o seu perfil. A
bunda dela estava lá, pálida, despretensiosa, não muito grande, não muito pequena. Apenas uma
bunda.
Ergueu o braço e passou os dedos sobre a pele lisa raspada sob ele. Maren lhe ofereceu o
uso de uma navalha para raspar as pernas e sob seus braços, mas se recusou a sair enquanto
Rachel os usava.
Um riso suave escapou. Regra número um ao lidar com pessoas loucas. Nunca deixá-las
sozinhas com objetos cortantes.
Não havia nada lá para inspirar um homem à luxúria, mas também não havia nada que o
enviasse correndo para as colinas! Sentindo-se um pouco melhor, moveu-se para a banheira e
entrou na água vaporosa.
A água deslizou sobre sua pele como seda, e ela soltou um profundo suspiro de prazer
enquanto se afundava na banheira. Um prazer tão simples, mas agora não trocaria isso por nada
no mundo.
Reclinou-se para trás, permitindo que a água atingisse o queixo. Fechou os olhos e permitiu
que a paz a envolvesse em seu abraço doce.
Um momento depois, ouviu a porta abrir. Automaticamente, sentou-se novamente, e
encolheu os joelhos para frente em um esforço insignificante para proteger seu corpo dos olhos
dele.
Ethan se aproximou e sentou-se, ainda completamente vestido, na borda da banheira.
— Diga-me como você quer que eu faça isso, querida. Posso entrar com meus short se isso
fizer você se sentir mais confortável, ou posso deixá-la sozinha, se isso é o que você quer.
Ela emitiu uma risada trêmula.
— Se você começar a me ver nua, eu começarei a vê-lo nu.

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Ele se inclinou para frente e enfiou um dedo sob o queixo dela.


— Você pode me ver do jeito que quiser, sempre que quiser.
Com isso, levantou-se e lentamente tirou a camiseta sobre a cabeça. Seu peito e braços
ondulavam com músculos, e observou, fascinada, os declives e curvas que viajavam por sua pele
esticada.
Ele tinha o corpo de um guerreiro. Não havia um centímetro de carne sobressalente em seu
corpo. Cada parte abaulada com músculo e pele tinha um estudo em contornos fascinantes.
Suas mãos viajaram até a cintura estreita e chegaram em seu jeans. O zíper abriu e em
seguida, o denim trabalhou lentamente seu caminho ao longo dos quadris.
Não sendo capaz de olhar tão avidamente, olhou para baixo, desconcertada com o calor em
seu rosto. Este era seu marido. Por que estava com vergonha de olhar? Queria desesperadamente
reaver todas as nuances de seu relacionamento com ele. Queria a volta da intimidade que ele
parecia insinuar. A proximidade de seu amor.
Quando a calça jeans bateu no chão, ele subiu ao longo da borda da banheira e gentilmente
a empurrou para frente para que pudesse posicionar-se atrás dela.
Seu pênis roçou ao longo de sua espinha quando ele se abaixou, e ela segurou-se rígida, não
se movendo. Ela iria mantê-los juntos. Ela conseguiria.
Finalmente, estava acomodado, e então passou os braços em torno dela com cuidado e
puxou-a de encontro ao peito. O cabelo macio em sua virilha, amolecido pela água, roçou o alto de
suas nádegas, mas ela relaxou, apesar disso, e deixou-o abraçá-la.
Colocou a cabeça contra a clavícula dele, e ele beijou sua têmpora. Para sua surpresa, sentiu
um estremecimento através do corpo dele quase ao mesmo tempo em que registrou umidade
contra sua pele. Lágrimas. As lágrimas dele.
Começou a se virar, mas ele a apertou ainda mais.
— Fique, — disse com a voz embargada. — Apenas me deixe segurar você, querida. Apenas
deixe-me segurá-la.
Ela deixou-se relaxar novamente em seus braços e descansou a cabeça na curva do seu
pescoço. Tremores continuaram a correr através do corpo dele, e pequenos suspiros soaram em
seus ouvidos.
Segurou-a firmemente, uma riqueza de emoção esticando os músculos que ela admirava. Em
vez de ser tranquilizada por saber que alguém a amava profundamente, se sentia vulnerável.
Assustada. E talvez um pouco indigna.
Depois de um tempo, Ethan pareceu se recompor. Seu aperto afrouxou e encheu de água
suas mãos em concha para molhar o cabelo dela. Em seguida, colocou xampu em sua cabeça e
enfiou seus dedos no couro cabeludo, esfregando e acariciando.
Ela gemeu e fechou os olhos em êxtase absoluto.
— Está bom? — ele sussurrou em seu ouvido.
Ela queria chorar. Tanta ternura era estranha. Não conseguia se lembrar disso, e doeu ainda
mais que não pudesse trazer tal sensação à mente.

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— Por que não consigo lembrar? — perguntou com a voz embargada. — Eu quero lembrar.
Eu quero.
As mãos dele pararam por um momento, e então continuou com as carícias suaves e
adoráveis enquanto fazia espuma.
— Você vai se lembrar, Rachel. Você vai.
Depois de um momento, as mãos caíram até seus ombros, acariciando e massageando seus
músculos tensos. Moveram mais abaixo, pairando sobre seus seios e depois mergulharam na água.
Ela segurou a respiração, mas ele não envolveu seus seios. Seus dedos deslizaram sobre as ondas
suaves, mas foram rapidamente passando para sua barriga, onde pararam, para descansar em sua
cintura.
— Deslize para baixo para que eu possa enxaguá-la.
Ela ficou mole e deslizou seu corpo. Ele levantou uma mão para envolver e levantar o
queixo, para que seu rosto ficasse fora da água, com a cabeça reclinada. Em seguida,
cuidadosamente enxaguou seu cabelo.
Quando terminou, pressionou um beijo em sua testa, enquanto ela olhava para ele, e então
colocou as mãos por baixo e levantou os braços até que ela estava de pé novamente. Seus dedos,
mais uma vez roçaram em seus seios quando ele moveu as mãos, mas como antes, ele não se
demorou.
— Rachel.
O nome dela saiu, quase uma súplica, expulso em uma respiração longa e macia, uma que
beirava a dor.
Ela silenciou, à espera do que ele queria perguntar.
— Você se lembra muito sobre o seu cativeiro?
Ela endureceu, e sua respiração palpitou. As mãos dele alisaram seus ombros, acariciando de
maneira suave.
Lentamente, ela balançou a cabeça.
— Alguma coisa. Não tudo. As coisas... as drogas que me deram deixaram as coisas confusas.
— O que consegue se lembrar? Pode me falar sobre isso?
Ela balançou a cabeça.
— Não. Eu não quero pensar nisso.
Suas mãos apertaram os ombros dela.
— Eles te machucaram?
Ela murchou contra ele, murchando como um balão furado. Em torno dela a água estava
esfriando, e um arrepio explodiu sobre sua pele. Ethan amaldiçoou baixinho e tateou com o pé
sobre o ralo.
— Vamos sair e conversar no quarto. Podemos descansar um pouco e seria bom segurá-la
por um tempo.
Ele se apoiou nas laterais e empurrou-se para cima. Água chovia para todos os lados, uma
vez que derramava de seu corpo. Ele saiu e pegou uma toalha. Desta vez, ela olhou
descaradamente enquanto ele se enxugava.

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Quando terminou, pegou outra toalha e colocou-a de lado. Então estendeu a mão para as
mãos dela e puxou-a para ficar em pé. Quando ela saiu, envolveu a toalha em volta dela e puxou-a
contra seu corpo nu.
Ele esfregou e a secou da cabeça aos pés e depois enxugou seu cabelo.
— Eu sei que eu lhe disse para colocar uma roupa, mas lhe darei uma das minhas camisas, e
quando acordarmos mais tarde você poderá se vestir. Ou talvez ficaremos na cama até amanhã.
Ela ofereceu um sorriso trêmulo.
— Isso soa agradável. Estou tão cansada.
Ele beijou seus lábios, em seguida, recuou.
— Fique aí. Vou me vestir e pegar uma camisa para você.
Retornou um segundo depois vestindo short de ginástica e carregando uma camiseta para
ela. Colocou-a sobre sua cabeça, que caiu por seu corpo até os joelhos. Ela olhou para baixo e
depois de volta para ele.
— Essa camisa nunca pareceu tão bem em mim, — disse ele com um sorriso. Então pegou a
mão dela. — Pronta?
Ela colocou os dedos nos dele e assentiu.

CAPÍTULO 18

Uma cama normal. Parecia quente, macia e convidativa, e ela mergulhou debaixo do monte
de cobertores. Os mais simples prazeres, aqueles que seriam tão fáceis de tomar por certo na vida
cotidiana, eram agora mais doces. Um banho quente. Uma cama confortável. Todas as coisas que
lhe foram negadas por um ano.
— Serei capaz de encontrá-la debaixo de todas essas cobertas? — Ethan brincou quando se
arrastou para a cama.
— Acho que vou ficar aqui por uma semana, — disse, pensativa.
— Eu poderia ser persuadido, — disse ele enquanto se instalava ao seu lado.
Estava deitado de lado e apoiava a cabeça na palma da mão enquanto enfiava o cotovelo
entre os travesseiros. Ela olhou para ele, estudando sua expressão, os diferentes reflexos de seus
olhos.
— Seus olhos são mais escuros que os de Sam, — ela meditou. — Você se parece muito com
Garrett. Acha que é por isso que me lembro dele?
Ele piscou como se não esperasse os pensamentos aleatórios que ela jogou em sua direção.
Sua testa enrugou enquanto ela se lembrava do rosto de Donovan.
— Donovan tem olhos verdes, mas a resto de vocês têm olhos azuis.
Ethan sorriu e tocou seu rosto.
— Devagar, querida. Deixe-me acompanhar.

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Ela se enfiou um pouco mais fundo no cobertor e reprimiu um bocejo quando olhou para
ele. Amava o contraste entre os lençóis brancos e sua pele bronzeada. Ele era uma coisa bonita
para contemplar, e ela comeu-o com os olhos.
Teria sempre olhado para ele com tal adoração? Por que não podia se lembrar? Uma faísca
de emoção. Qualquer coisa.
As trevas subiram novamente, insidiosas e sem serem convidadas. O medo tomou conta. O
medo do desconhecido, mas havia também um medo de lembrar. Por quê? Que segredos
sombrios esta casa aparentemente perfeita escondia?
— A maioria de nós têm olhos azuis. Meu pai tem olhos azuis e minha mãe castanhos. Van
tem olhos verdes, enquanto Nathan e Joe tem os olhos castanhos da mamãe.
— Eu pensei que castanhos eram sempre dominantes sobre o azul, — disse ela com uma
careta.
— Você está pedindo a um soldado militar burro para explicar genética?
— Você não é burro, — ela disse ferozmente.
Ele sorriu e alisou o polegar sobre os lábios dela.
— Ainda fica mal-humorada como sempre quando se trata de defender aqueles que ama. De
qualquer forma, meu avô do lado materno tinha olhos azuis, assim mamãe obviamente, carrega o
gene ou seja lá como você chama isso. Puxa, eu não vejo os estúpidos quadros de genes desde o
colegial. E sim, eu me pareço mais com Garrett, mas você e Garrett foram... próximos.
Provavelmente é por isso que se lembra dele.
— Eu não me lembro dos seus outros irmãos. Ou da sua mãe. — Ela suspirou. — Como posso
encarar todos eles, quando serão estranhos para mim?
Ethan mudou o peso um pouco, e deslizou mais abaixo na cama até que seus narizes
estavam apenas a um sopro de distância.
— Isto não é sobre eles. A questão é você. Eles não vão ficar com raiva. Tristes?
Provavelmente, mas é porque eles te amam e odeiam o que aconteceu com você. Querem que
você seja feliz. Querem que tenha sua vida de volta, sua saúde e suas memórias.
Sua respiração escapou em um soluço instável.
— Ethan?
Ele colocou uma mecha de cabelo atrás de sua orelha em um gesto de amor.
— Sim, querida?
Ela lambeu os lábios.
— Eu não me lembro muito sobre o que aconteceu. Quer dizer, eu lembro pedaços, como
quando um dos homens tentou... — Apertou os lábios por um momento, mas depois afastou a
vergonha e a relutância. Ela não tinha nada para se envergonhar. Nada. Eles tentaram levar tudo
dela. Não fizera nada para atrair suas ações.
Os dedos de Ethan paralisaram em sua bochecha, mas ela mais sentiu do que viu o
estremecimento rolar por suas grandes formas.
— O que ele tentou? — ele perguntou em voz baixa.

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— Ele tentou me machucar, — disse ela vagamente. —mas um outro homem o deteve. Não
sei porquê, mas ele tirou o homem de cima de mim e devolveu minha roupa.
O rosto de Ethan era uma pedra, rígido e imóvel. Apenas os olhos traíam a pura emoção
queimando dentro dele.
— Ele tentou novamente?
— Não acho que fui estuprada, — ela sussurrou. Olhou para ele indagadoramente. — Será
que eu não saberia? Como eu poderia ser capaz de esquecer algo tão terrível? Lembro-me de tudo
o mais, quero dizer, sobre o que eles fizeram.
— O que eles fizeram? — ele perguntou suavemente. Suas mãos tremiam contra seu rosto e
seus olhos estavam tão intensos, tão focados que ela se sentiu... acarinhada.
Ela franziu a testa enquanto algumas das memórias revertiam através das sombras.
— Eles me disseram que eu nunca iria para casa. Que eu estava servindo a um propósito.
Uma apólice de seguro. O que queriam dizer, Ethan? Não entendo.
Sua respiração soprou para fora, e seus dedos se imobilizaram contra seu rosto.
— Eu não sei. Mas vou descobrir. Eu juro.
— Uma vez, quando tentei escapar, eles me colocaram numa... gaiola. Era uma caixa no
meio do acampamento. A caixa quente, era como a chamavam. Um pequeno buraco na parte
superior para deixar o ar entrar, mas por outro lado era escuro e muito quente. Assei dentro dele.
Ela estremeceu involuntariamente, e Ethan a tomou em seus braços, puxando-a para perto
de seu peito. Seus batimentos cardíacos batiam contra seu ouvido, e ela podia sentir a raiva
crescendo dentro dele.
— Depois disso, começaram com as drogas. Eu odiava. Elas me assustaram tanto, mas
depois comecei a precisar delas, e só me sentia bem quando me davam outra injeção. Eu os
odiava por isso, por me fazer depender de um medicamento para manter minha sanidade mental
quando, na verdade, eu estava perdendo minha sanidade, de qualquer maneira.
— Não, querida, não, — protestou ele.
— Usaram as drogas para me controlar depois disso, — disse ela, seguindo em frente,
recordando o ódio amargo e a necessidade incessante que até agora ainda rastreava através de
seu corpo. — Suspendiam as drogas, sabendo o que faria para mim. Mantiveram-me num estado
constante de abstinência até que finalmente eu me odiava mais do que os odiava.
— Deus.
Seu corpo tremia contra ela. Seus ombros soltaram, e ela pensou que ele poderia estar
chorando, mas ela estava com medo de olhar para cima, com medo de sua própria aderência
tênue sobre suas emoções. Se ele desmoronasse a sua frente , ela simplesmente quebraria.
— Nós vamos vencer isso, Rachel, — disse ele ferozmente. — Você já está quase lá.
Ela não podia dizer-lhe que agora, queria mais a agulha do que queria viver. E não poderia
dizer-lhe que venderia sua alma por um doce momento de esquecimento. Então, ficou em seus
braços e não disse nada e orou para que o desejo incessante, de alguma forma fosse embora, se
ela dormisse.

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Ethan pegou o telefone quando ele tocou, esperando que não perturbasse Rachel. Ela estava
enrolada no sofá, um cobertor dobrado até o queixo, e estava dormindo pacificamente. Talvez o
descanso mais tranquilo que tinha em três dias, desde que chegaram em casa.
— Alô, — disse em voz baixa enquanto caminhava em direção à cozinha.
— Você sabe que se tivesse ligado o maldito celular, poderia colocá-lo no modo de vibração
e não precisaria se preocupar que alguém acordasse Rachel, — Sam resmungou em seu ouvido.
— Por que eu deveria facilitar para o resto de vocês entrarem em contato comigo? — Ethan
devolveu.
— Como ela está? — Sam perguntou, ignorando as provocações de Ethan.
Ethan ficou sério e lançou um olhar na direção de Rachel.
— Está melhorando. Tem sido difícil. Ela não está dormido bem. Entre os efeitos
remanescentes da abstinência e seus pesadelos, não estamos tendo muito descanso.
— Você parece desanimado, — disse Sam, a preocupação sangrando em sua voz.
— Nada que eu não possa lidar.
— Mamãe está ficando impaciente. Fiz tudo o que pude para mantê-la longe.
Ethan suspirou.
— Eu sei que é difícil para todos. Não há nada que eu gostaria mais que vê-la novamente
com todos. Inferno, estou esperando que ela se lembre de algo ou alguém, uma vez que estiver
reunida com a família, mas ela está tão frágil, Sam. Está gastando toda sua energia somente
tentando manter-se de pé.
— Você já a levou ao médico daqui?
— Sim, foi praticamente a primeira coisa que fiz. Peguei o nome de um terapeuta em
Clarksville eu marcarei assim que Rachel se sentir pronta. Ela parece disposta o suficiente para
falar comigo, mas até agora se recusa a falar com mais alguém.
— O que o médico disse sobre sua condição física?
— O mesmo que disse Maren. Ela está extremamente frágil. Subnutrida. Suas reservas estão
extremamente esgotadas. Ele a colocou em um regime vitamínico e eu a estou alimentando com
três boas refeições por dia com lanches entre elas.
— E a abstinência?
Ethan passou a mão pelos cabelos e soltou a respiração.
— Ela ainda está nervosa como um inseto em junho, as vezes. Sei que isso a consome mais
do que ela admite. Ela é tão estoica e eu não consigo descobrir se tem vergonha e não quer que
eu veja seu estado ou se está, de alguma forma, tentando proteger-me da agressividade do que
está passando.
— Isso é um inferno, — Sam murmurou.
— Nem me fale. Eu deveria estar protegendo-a.
Ethan virou quando uma batida soou na porta da frente.
— Merda, eu preciso ir, Sam. Alguém está à porta.
Sam fez uma pausa.

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— Provavelmente é Garrett. Você tinha que saber que ele iria verificar como você e Rachel
estão.
— Sim... Falarei com você mais tarde, Sam.
Ethan desligou e foi para a porta da frente. De fato, era Garrett, em pé com as mãos dentro
dos bolsos. Ele olhou para Ethan e deu um passo a frente.
— Posso entrar?
Ethan abriu mais a porta.
— Certamente. Basta ficar quieto. Rachel está dormindo no sofá.
— Como estão as coisas? — Garrett perguntou enquanto seguia Ethan para dentro da casa.
Ethan encolheu os ombros.
— Estamos nos aproximando.
— Você parece cansado, cara. Por que não pediu a qualquer um de nós para vir ajudar?
A questão saiu suavemente, mas para Ethan ainda soava como uma acusação. Inferno, ele
provavelmente, merecia, mas como deveria explicar a alguém como se sentia? Ele a tinha perdido.
Por um ano inteiro ele existiu com o conhecimento de que estava morta. E agora, por algum
milagre a tinha de volta.
Garrett entrou na sala e olhou para o sofá, para Rachel. Seu olhar suavizou e ele
cuidadosamente tocou seu rosto. Então olhou novamente para Ethan.
— Acho que você deveria ir ver mamãe e papai. Inferno, eu nem sei se alguém lhe disse que
Joe e Nathan estão em casa. Eles estão ansiosos como o inferno para te ver.
— Sam me disse, — Ethan disse em voz baixa. — Eu não vou deixá-la sozinha. Sei que todos
querem vê-la. Acredite em mim, eu entendo, mas tenho que fazer o que é melhor para Rachel, e
estou preocupado em bombardeá-la com a família agora.
— Não estava sugerindo que você a leve. Concordo que não deve sobrecarregá-la. Mas acho
que deveria passar na casa de mamãe. Ela está preocupada com você. E o papai, também.
— Eu não posso deixá-la, — disse Ethan, incrédulo.
— Eu ficarei com ela. Ela está dormindo. Você precisa sair, cara. Respirar ar fresco. Respirar
um pouco. Não pode continuar assim ou vai desmoronar, e então o que de bom você vai fazer por
ela?
Cristo. Ethan engoliu. Garrett fazia todo o sentido do mundo, mas porra, não queria deixar
Rachel. Nem por um minuto. Como poderia explicar o puro pânico que sentia com a ideia? E se ele
fosse para a casa de seus pais e descobrisse que tudo isso era alguma fantasia bizarra?
Garrett se aproximou e colocou a mão no ombro de Ethan.
— Olha, do jeito que eu vejo, você tem duas escolhas. Coloca o seu traseiro em sua
caminhonete e vai ver a mãe e o pai por algumas horas. Ou, eu posso chamar Sam, Van, Nathan e
Joe, mandá-los vir e transportá-lo para fora à força. De qualquer maneira, você ficará fora de casa
por um tempo.
Ethan cerrou os dedos em um punho apertado. Nunca quis bater em alguém como queria
bater em Garrett agora. E Garrett sabia, mas ele só ficava ali, braços para baixo, não fazendo
nenhum esforço para se defender.

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— Você precisa de sua família agora, — Garrett disse suavemente. — E Rachel precisa de
você.
Ethan fechou os olhos.
— Certo. Eu vou. Jure que vai ligar se ela precisar de mim. Às vezes, quando acorda, ela se
esquece... ela esquece onde está. Você precisa estar lá para que ela não entre em pânico.
Garrett interrompeu-o antes que ele pudesse ir mais longe.
— Vá. Eu posso lidar com isso. Vou vigiá-la para você.
Ethan respirou fundo e, em seguida, virou-se para procurar as chaves. Quando as encontrou,
caminhou até o sofá, onde Rachel estava tranquila. Por um momento, observou seu peito erguer e
abaixar suavemente. Um vinco marcava sua testa, e ela parecia preocupada, mesmo no sono. Ele
se curvou e a beijou na testa.
— Durma bem, querida, — sussurrou. — Eu vou voltar.

CAPÍTULO 19

Ethan saiu de sua caminhonete, bateu a porta, em seguida, respirou fundo antes de ir para a
porta da frente da casa de seus pais. Por mais que estivesse ansioso para ver Nathan e Joe, estar
longe de Rachel, mesmo por alguns minutos, deixava-o no limite.
A porta se abriu, logo que subiu os degraus, e sua mãe correu para cumprimentá-lo, os
braços abertos. Embora ele fosse muito maior, ela o abraçava e apertava com mais força que ele.
Lágrimas caiam de suas pálpebras, e ele respirou fundo para detê-las.
— Ethan, graças a Deus você e Rachel estão em casa, — disse sua mãe. Ela inclinou-se para
cima, envolveu o rosto dele e beijou-o mesmo enquanto enxugava as lágrimas de suas próprias
bochechas.
Ela pegou suas mãos e as apertou, em seguida puxou-o para a porta.
— Nathan e Joe estão aqui? — Ethan perguntou enquanto entrava.
Ela balançou a cabeça.
— Não, estão fora ajudando Sam e Donovan. Entre, sente-se e deixe-me olhar para você.
Ela instalou-o em uma cadeira na mesa da cozinha e ficou olhando para ele, todo o amor de
uma mãe brilhando em seus olhos.
— Você parece que passou um inferno, — ela repreendeu. Então, afundou-se em uma
cadeira de frente para ele e apertou-lhe a mão nas dela. — Como ela está?
Ele engoliu o nó na garganta.
— Ela está bem. Eu a deixei dormindo. Garrett está lá.
— Como ela está realmente? — ela perguntou em voz baixa.
Ele fechou os olhos.
— Ela está frágil, Mãe. Aqueles bastardos... aqueles bastardos a mantiveram prisioneira por
um ano. Um ano. Um ano em que ela precisou de mim, onde ela passou por Deus sabe o quê.

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Ele sufocou um soluço, envergonhado de desmoronar na frente de sua mãe, pelo amor de
Deus.
Ela se levantou e ele estava de volta em seus braços, os braços apertados em torno de seus
ombros, e ele se virou para ela da maneira que fazia quando era criança, sua tristeza abafada pela
camisa dela.
— Você deveria ter vindo mais cedo, — ela o acalmou. — Isso é demais para você suportar
sozinho, filho. Nós queremos ajudá-lo, mas você tem que permitir.
— Ela precisa de mim, — disse ele com voz rouca. — Eu já falhei com ela. Eu não vou fazer
isso de novo.
— Você falha com ela saindo um momento para ver sua mãe que está doente de
preocupação com você, enquanto Garrett toma conta dela?
— Ele ligou para você.
— Sim, ele disse que você estava chegando. E era o momento. Você acha que iremos invadir
o castelo ou não entender se ainda não pode trazê-la para nós? Estamos muito preocupados com
você também, Ethan. Quero tanto vê-la, que eu sofro. Quero segurá-la em meus braços
novamente. Quero ver minha filha. Mas posso esperar!
— Ethan, você está em casa.
Ethan olhou para cima, então, apressadamente se afastou, enquanto seu pai entrava na
cozinha. Sua explosão emocional era ruim o bastante na frente de sua mãe, mas desmoronar na
frente de seu pai era mais que podia suportar.
Esse pensamento fugiu no momento em que seu pai puxou-o e esmagou-o em seu abraço
forte. Seu pai chorou abertamente, o corpo tremendo tão convulsivamente que arrancou grandes
soluços de seu peito.
— Graças a Deus, graças a Deus você está em casa. Sua mãe e eu estávamos tão
preocupados. E então Sam e Van voltaram para casa, sozinhos. Você nunca vai saber o que foi vê-
los entrar pela porta, tão sujos e abatidos e não ver você e nem Garrett. Foi tão mau como o dia
em que nos disseram que Rachel morreu.
— Sinto muito, — disse Ethan enquanto envolvia a parte de trás da cabeça de seu pai. — Eu
nunca quis assustar você ou a Mamãe. Mas não podíamos lhes dizer. Não até que tivéssemos
certeza. Eu nunca iria criar suas esperanças assim.
— Então é realmente ela? Ela está em casa? — seu pai perguntou com voz rouca.
— Ela está em casa, — disse Ethan, permitindo que a alegria da declaração inundasse seu
peito.
Agora, os olhos de sua mãe se encheram de lágrimas novamente, e ela levantou as mãos
trêmulas ao rosto.
— Traga-a para nós em breve, Ethan. Para jantar, como nos velhos tempos. Não vamos
pressioná-la, eu juro. Apenas nos deixe vê-la. Todos nós a amamos muito.
Ethan enxugou os olhos com as costas da mão e pegou a mão dela.
— Eu a trarei, Mãe. Domingo, ok? Jantar de domingo como nos velhos tempos. A família
estará junta novamente.

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— Louvado seja Deus, — ela suspirou. — Oh, Ethan, é um milagre. Você recebeu um
precioso presente.
Ele sorriu para ela, tocando seu rosto úmido com os dedos.
— Eu sei! Eu não vou estragar tudo desta vez.
Ela franziu a testa para isso, mas ele se virou para seu pai antes que pudesse questionar seu
significado.
— Eu realmente sinto muito termos assustado você. As coisas aconteceram muito rápido. Se
fosse Rachel, teríamos que entrar em ação rapidamente, e se não fosse, não queríamos que vocês
tivessem expectativa para perder tudo de novo.
— Está tudo bem, filho. O importante é que meus meninos e minha filha estão em casa
novamente, onde pertencem. Não posso pedir mais que isso.
— Deixe-me preparar algo para você comer, — disse Marlene, enquanto se movimentava ao
redor do balcão em direção à geladeira. — Você pode levar o restante para casa, para Rachel.
Ele se esquivou, verificando o relógio. Ele saíra a meia hora.
— Ela vai ficar bem com Garrett, — sua mãe disse em uma voz calma de compreensão. —
Você precisa de uma pausa, Ethan. Deixe-me alimentá-lo. Provavelmente não tem comido as
coisas que eu envio desde que vocês voltaram.
— Quando eu já recusei a sua comida, mãe?
Ela sorriu quando ele abriu um sorriso.
— Assim é melhor. Agora sente-se. Converse com seu pai, enquanto preparo a ceia. Garrett
vai chamar, se ela precisar de você e poderá estar em casa em menos de cinco minutos.

O sonho era o mesmo. Ethan estava com raiva, suas feições desenhadas em uma nuvem
escura. O desespero a percorria em ondas, e um sentimento de desamparo a agrediu. Mais
poderoso que o medo de seus captores. Não, isso foi no passado. Agora, ela enfrentava algo pior.
Era um pesadelo? Alguma imagem terrível alimentada por seus medos e inseguranças, ou
estava se lembrando mais sobre sua vida com Ethan?
Ela torceu, presa no cativeiro de seus sonhos. Um gemido torturado escapou várias vezes, e
tudo que conseguia pensar era que Ele não ama você. Não é real.
— Rachel. Rachel. Acorde, docinho. Você está sonhando. Volte para mim.
Ela se afastou do sussurro macio, e seus olhos se abriram. Piscou rapidamente quando o
rosto de Garrett entrou em foco. Alívio a percorreu, e sentiu-se mal por ver que Ethan não estava
ajoelhado ao lado do sofá.
Pegou a mão dele e apertou com força, seu coração batendo e ameaçando sair do peito.
— Ei, você está bem?
Ela assentiu, mas manteve os dedos entrelaçados e apertados ao redor de suas mãos
enquanto lutava para sentar-se.
Garrett a ajudou e depois deslizou para o sofá para se sentar ao lado dela, seu braço pendia
frouxamente em seus ombros.

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— Ethan está com a minha mãe, mas estará de volta em breve. Posso chamá-lo se você
precisar dele.
Ela balançou a cabeça.
— Não. Eu estou bem. Sério.
— Quer que eu pegue alguma coisa? Está com fome?
— Água.
Ele se levantou e com um olhar preocupado em direção a ela, entrou na cozinha. Alguns
segundos depois voltou com um copo de água. Ela o pegou de sua mão estendida, e bebeu com
avidez.
Depois de alguns momentos, a escuridão de seus sonhos recuou, e conseguia respirar
melhor. Segurou o copo com as palmas das mãos e o descansou na base no joelho, enquanto
olhava para a frente, tentando coletar seus pensamentos dispersos.
— Rachel? Tem certeza que está tudo bem? Parecia um sonho muito ruim.
Sua boca levantou em um meio sorriso. Então olhou para ele, aliviando um pouco mais a
preocupação em seus olhos.
— Conte-me sobre Ethan, — ela disse suavemente.
As sobrancelhas de Garrett se juntaram, em confusão.
— Sobre mim e Ethan, — ela corrigiu. — Fomos felizes? Ele... ele me amava?
Garrett respirou fundo e então se reclinou no sofá. Estendeu os braços para ela.
— Venha aqui.
Ela foi por vontade própria, buscando o seu conforto, querendo a verdade, mas também
esperando que aliviasse sua mente.
Quando ela estava na dobra do braço, ele acomodou sua cabeça até que fez seu ombro de
travesseiro.
— Ethan é um filho da puta teimoso. Nunca houve dúvida sobre isso. Ele dá suas cabeçadas
com cada um de nós. Com você, inclusive. Mas ele a amava, ele ama você. Nunca duvide disso.
Você foi a pessoa certa para ele. Não existe nenhuma outra maneira de colocar isso. Você era
calma quando ele tinha a tendência a extrapolar todas as coisas. Você o deixa centrado.
— Meu pesadelo foi sobre nós, — ela admitiu. — Nele, ele estava com raiva. Realmente
irritado. Eu não sei sobre o quê. Mas eu estava... com medo. Assustada. Não por que ele me
machucasse fisicamente, mas por que ele não me amava, por que não me queria. Por que eu
sonharia com algo assim?
Ele a apertou e beijou o topo de sua cabeça.
— Você está assustada, docinho. Somos um bando de estranhos para você. De repente foi
empurrada de volta para um mundo que não consegue se lembrar. Posso apenas imaginar como
isso pode ser assustador. Eu ficaria impressionado se você não estivesse tendo pesadelos sobre
todos nós.
Ela suspirou, o peito sentindo um pequeno alívio. Fazia muito sentido.
— Mas há algo que precisa saber, — continuou ele. — Ethan ficou arrasado quando a
perdeu. Não se passou um só dia em que ele não lamentasse sua perda. Certamente não parou de

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te amar. Ele está com medo também, Rachel. Medo em sua mente, que ele vá fazer ou dizer a
coisa errada, que vai feri-la ou que, Deus me livre, vai perdê-la novamente.
— Eu não sou a única sofrendo, — ela murmurou.
— Não, — ele concordou.
— Obrigada, — disse ela simplesmente. — Eu me lembrarei disso. Fico feliz que ele foi ver
sua mãe. Ela deveria estar preocupada com ele.
— Nós todos estamos. Estamos preocupados com vocês dois.
Suas mãos tremiam, e ela apertou-as mais apertado em torno do copo de água para
controlar seus nervos.
— Você vai me levar para ele? — ela perguntou.
Garrett hesitou.
— Eu não tenho certeza se é uma boa ideia. Ele não vai demorar muito. Posso chamá-lo e ele
estará de volta em apenas cinco minutos.
Ela deu-lhe um olhar perplexo. As sobrancelhas arqueadas enquanto o estudava.
— Por que não?
— Não queremos sobrecarregar você muito rápido. Ethan tem uma grande família. Há um
monte de nós, — ele disse com muito tato. — Pode ser avassalador.
— Eu estou bem, — ela insistiu. — Eu quero... Eu quero vê-los. Talvez eu me lembre de algo.
Além do mais, não quero manter Ethan longe de sua família, porque ele se preocupa que eu vou
surtar. Eu só posso imaginar como toda essa gente esteve preocupada com ele.
— E com você, docinho, — Garrett disse gentilmente. — Estamos mais preocupados com
você.
— Você vai me levar para ele?
Ele inalou pelo nariz, o peito grande soprando para fora, e depois lançou seu hálito em um
expirar longo, o peito afundando.
— Okay. Eu a levarei. Ethan pode chutar minha bunda por isso.
Ela olhou-o desconfiada.
— Você é maior que Ethan.
Seus dentes brilharam enquanto ele sorria.
— Mas Ethan é mais malvado.
Ela levou a mão aos lábios enquanto o riso fluía. Então seus olhos se arregalaram de
surpresa ao ouvir o som.
— Ahh, docinho, que belo som. Vamos lá. Mamãe e papai vão ficar tão felizes em te ver. Se
tivermos sorte, o resto do clã ainda estará na minha casa, assim não estará sujeita a todos de uma
vez.

CAPÍTULO 20

Eles não tiveram tanta sorte.

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Garrett suspirou quando entrou na garagem de sua mãe e de seu pai para ver que o pátio se
assemelhava a um estacionamento de caminhões usados. Não só Nathan e Joe estavam de volta,
mas parecia que trouxeram Sam e Donovan com eles.
Olhou para Rachel, que estava sentada quieta e pálida no banco do passageiro. Seus dedos
estavam encolhidos e apertados no colo, e fitava a porta da frente como se esperasse que ela
explodisse. E inferno, talvez fosse.
Depois de parar atrás da caminhonete de Ethan, Garrett desligou o motor, em seguida,
estendeu a mão para tomar o punho de Rachel. Cuidadosamente ele mexeu os dedos de Rachel
até que se abrissem e acariciou sua mão tranquilizadoramente. Ele não tinha certeza se ela sequer
notou.
— Eu posso virar e levá-la de volta para casa, — ele ofereceu.
Finalmente ela se virou para olhar para ele, seus olhos profundos e assombrados.
— Não. Eu posso fazer isso. Talvez eu lembre de algo.
Ele teve que admirar sua coragem. Sua família era o suficiente para fazê-lo correr gritando
como uma menina em um bom dia. Enfrentá-los quando eram completos estranhos? Corajosa.
Teatralmente ele suspirou e fez um movimento de rolar os ombros.
— Pronta?
Um sorriso vacilou nos lábios dela.
— Pronta.
Ele abriu a porta e deu a volta enquanto ela saia da caminhonete. Estendeu a mão e ela a
enfiou confiante na dele.
Quando se aproximaram da porta, ele parou e apertou-lhe os dedos.
— Apenas lembre-se que eles te amam.
Ela sorriu bravamente e ele abriu a porta.
Ar frio caiu sobre ele enquanto entrava no saguão. À distância, podia ouvir a TV e o
murmúrio de vozes. Todos estavam na sala.
Por mais que saboreasse a ideia de reintroduzir Rachel em sua família, sabia que isso deveria
ser decisão de Ethan. Seu irmão iria ficar puto. Mas, então, não foi Ethan quem enfrentou a
expressão de súplica de Rachel. Garrett nunca foi capaz de lhe dizer não, uma aflição que Ethan
certamente compartilhava.
Parou na sala de jantar, apenas a uma curta distância das escadas que conduziam a sala de
estar. Rachel colidiu contra ele e ele sentiu seu tremor. Apertou a mão dela mais uma vez, mas a
manteve solidamente atrás dele enquanto começava a avançar novamente.
No topo da escada, parou novamente e suavemente limpou a garganta.
Todos os olhos se voltaram em sua direção. Ethan foi o primeiro a reagir. Ele se ergueu, seu
rosto uma nuvem de raios. Sua mãe levantou uma sobrancelha e então franziu o cenho. Ele
reconheceu aquele olhar. A reprimenda estava prestes a sair. Ele quase sorriu. A mulher podia
fazê-lo sentir-se com cinco anos de idade novamente, somente com um olhar.
Nathan e Joe olharam para cima com apenas um suave interesse. Sam franziu a testa e
Donovan apenas olhou. E ainda havia Van. Calmo e sem julgamento.

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— Você deveria estar com Rachel, — Ethan explodiu. — Droga!


— Ethan, — sua mãe o repreendeu. — Preste atenção a sua boca.
Em resposta, e porque no momento ele queria sobreviver com seu couro intacto, puxou
Rachel para sair de trás dele. Ela estava dura como uma tábua, e seus olhos pareciam selvagens.
A sala irrompeu em caos. Ergueu a mão para silenciá-los antes que Rachel fugisse.
— Calem a boca! — ele gritou acima do barulho.
Ethan se moveu rapidamente, seus olhos nunca deixando Rachel. Sua preocupação era
evidente porque ele nem mesmo ameaçou chutar o traseiro de Garrett. Ele sequer olhou para
Garrett.
— Rachel, querida, — Ethan disse suavemente. — Você está bem? Me desculpe, eu não
estava lá quando você acordou. Eu não deveria ter saído.
Atrás de Ethan, Nathan e Joe se levantaram, seus olhares fixos em Rachel, a descrença
absoluta gravada em suas expressões. Garrett não podia culpá-los. Até que realmente visse
Rachel, ele duvidou de sua existência. Coisas como essa só aconteciam no cinema. Ela morreu, ou
todos eles pensaram isso, e agora ela estava de volta.
Sua mãe levou as duas mãos à boca, lágrimas fluindo sem controle por seu rosto. Mesmo
seu grande e robusto pai parecia pálido e abalado.
Como era seu hábito quando a família estava reunida, Rusty ficava à distância, o olhar
cintilante desapaixonado sobre o burburinho. Uma vez que repousou sobre Rachel, seus olhos se
estreitaram antes que ela rapidamente desviasse o olhar. Garrett fez uma careta. A última coisa
que Rachel precisava era de um dissidente solitário. Especialmente alguém que não pertencia à
família. Quando Rusty olhou para Garrett, ele fechou a cara para ela, deixou toda a força de sua
desaprovação à mostra em sua expressão. Rusty empalideceu e olhou para suas mãos, recusando-
se a erguer a cabeça novamente.
— Eu queria vir, — Rachel disse com a voz calma e trêmula. — Eu pedi a Garrett para me
trazer. Não se zangue com ele.
Ethan tocou seu rosto.
— Eu não estou zangado. Apenas preocupado com você.
Ela ofereceu um sorriso trêmulo. Garrett afastou-se lentamente, deixando-a ali com Ethan.
Atirou a sua mãe e seu pai um olhar de advertência, e sua mãe fez uma careta como se dissesse
que ela não era uma idiota.
Rachel olhou em torno de Ethan e nervosamente observou os ocupantes da sala.
Reconheceu Donovan e Sam, é claro. O casal de idosos deviam ser a mãe e o pai de Ethan, o que
deixou os outros dois homens serem Nathan e Joe. Havia uma jovem sentada longe deles, e Rachel
procurou na sua memória por qualquer menção a um membro feminino da família Kelly. Mas tudo
estava em branco.
O desapontamento subiu sobre ela. Ela não os reconheceu. Lágrimas encheram suas
pálpebras, mas mordeu o lábio para contê-las. Estava muito cansada de ser tão chorona.
— Rachel?

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A mãe de Ethan atravessou a sala para ficar ao lado de Ethan. Rachel engoliu a dor na
garganta. Podia ver a esperança nos olhos dessa mulher. O amor. E Rachel não se lembrava de
nada. Não foi possível conjurar a mesma memória de amor e carinho.
— Minha querida, — a mãe dele cantava, e gentilmente envolveu Rachel em seu abraço.
Rachel engoliu em respirações firmes, mas Deus, queria desmoronar e chorar como um
bebê. Havia alguma coisa melhor que o amor de uma mãe? Esta não era sua mãe. Ela não tinha
uma, mas se pudesse acreditar em Ethan e Garrett, Marlene Kelly era uma mãe para ela como era
para seus próprios filhos.
— Graças a Deus você está em casa conosco, — Marlene murmurou contra seu cabelo.
Ela se afastou e depois beijou a face de Rachel. Sua mão acariciava os cabelos, e deu a
Rachel um sorriso úmido.
— Você a monopolizou o suficiente, Marlene. Deixe-a respirar um minuto para que eu possa
abraçar minha filha.
A voz rouca a fez pular, mas imediatamente relaxou quando viu Frank Kelly parar ao lado de
Marlene. Sorriu timidamente para o homem grande, e para sua surpresa, o rosto desmoronou e
grossas lágrimas rolaram pelo rosto enrugado.
Ela olhou em choque quando ele ergueu os braços para ela. Não se moveu para ela como
Marlene fizera, e talvez estivesse preocupado que ela fosse rejeitá-lo ou estivesse com medo.
Por mais ansiosa que estivesse, ela queria confortá-lo.
Depois de apenas uma breve hesitação, entrou em seu abraço e colocou os braços ao redor
de sua cintura. Sua advertência a Marlene para deixá-la respirar a fez sorrir. Ele estava apertando-
a tão forte que ela mal conseguia puxar ar para seus pulmões.
Fechou os olhos e inalou o cheiro dele. Antiga loção pós-barba. Fez pensar em vovôs. Couro
e o cheiro irresistível de conforto. Casa.
— Ei, não monopolize.
Rachel abriu os olhos para ver um rosto sorridente próximo ao ombro de Frank.
— Qual deles é você? — ela perguntou.
Seus dentes brilharam em um amplo sorriso.
— Eu sou Joe. O bonitão.
Incapaz de resistir, ela também sorriu, assim que Frank a soltou. Joe puxou-a nos braços e
levantou-a.
— Ei, pare com isso, idiota, — Ethan rosnou.
Joe ignorou e a girou. Quando olhou em seus olhos, uma lembrança tão tonta quanto a que
ele estava atualmente fazendo com ela deslizou através de sua mente. Apenas um breve relance.
Mas era Joe, de pé nervosamente em frente dela. Ele estava mais jovem. O mesmo corte curto de
cabelo, mas estava de uniforme. Uniforme do Exército. Botas.
Sua sobrancelha franziu enquanto ela procurou agarrar. Joe cuidadosamente a abaixou, e ela
piscou enquanto ele olhava para ela com preocupação.
— Ei, você está bem? Desculpe, não quis deixá-la agitada.
— Você me convidou para sair, — ela desabafou.

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Joe lançou um olhar nervoso para Ethan, em seguida, sorriu para ela.
— Sim... Bem, não recentemente.
Sam deu um passo adiante, e ela se segurou para não recuar.
— Você se lembra dele, Rachel? — Sam perguntou.
Ela levou a mão à testa e apertou seu olho direito, de repente ciente do ligeiro pulsar. As
mãos de Ethan deslizaram sobre seus ombros e a massageou, uma mensagem silenciosa de apoio.
Lembrando-a de sua presença. Afundou-se contra ele, cansada, mas sem medo. Podia não
lembrar-se destas pessoas, mas não poderia refutar o amor em seus olhos.
Olhou para Joe novamente, buscando as imagens vagas para algo que fizesse sentido.
— Você estava em pé na minha frente. Usava seu uniforme. E estava nervoso.
Joe sorriu.
— Inferno, sim. Eu estava convidando uma linda mulher para sair.
Ela inclinou a cabeça.
— Eu aceitei?
Joe adotou uma expressão exagerada e cabisbaixa.
— Não. Você me decepcionou muito, porém. — Ele apertou seu coração e cambaleou um
passo para trás. — Eu me recuperei. Eventualmente.
Ela riu de suas travessuras. Então seu olhar dirigiu-se para o homem que deveria ser Nathan.
Ele estava de pé, um leve sorriso curvando seus lábios.
— Vocês não parecem iguais, — disse ela.
— Graças a Deus, — murmurou Nathan.
— Sim, eu tenho todos os olhares. Ele tem... Bem ele não tem muita coisa, — disse Joe.
Nathan revirou os olhos, em seguida, empurrou Joe.
— Tem um abraço para mim?
Ela foi voluntariamente, seu mal-estar desaparecido. Seu corpo tremia de emoção, e
percebeu que apesar das brincadeiras de Joe, eles estavam tão comovidos como o resto da
família.
Quando ele a soltou, ela deu um passo atrás, colocando uma distância suficiente entre ela e
os demais, para que pudesse estudar seus rostos.
— Eu realmente tenho uma família, — disse ela com admiração.
A dor brilhou nos olhos de Ethan. Ela não tinha a intenção de machucá-lo. Por que suas
palavras o machucavam?
— Sim, docinho, — disse Garrett. — Você tem uma família. Você tem todos nós, todo o
pacote, sem esconder as partes menos atraentes.
Ethan moveu-se para ela novamente. Sua mão deslizou para o lado do pescoço e mais acima
até envolver seu maxilar. Seu polegar roçou sem descanso em seu rosto, e ela inclinou o queixo
para que pudesse olhar em seus olhos.
— Você está bem, querida?
Todos os outros pareceram desaparecer. Seu rosto abaixou precariamente perto dela. Ele
ainda não a beijara. Não como um marido. Era tão cuidadoso com ela. Compreensivo.

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Ela lambeu os lábios, ao mesmo tempo em que percebeu que ele queria beijá-la. Aqui! E
então seu olhar patinou para os lados, a família toda lá. Assistindo.
Ela abaixou a cabeça e deu um passo para trás, a mão de Ethan caindo. Mas ela estendeu a
mão para pegá-la, querendo manter contato com ele.
Ele sorriu e entrelaçou os dedos com os dela, em seguida, puxou-a para seu lado.
— Está com fome? — Marlene perguntou.
Ethan riu.
— A resposta de mamãe para tudo. Comida.
Marlene pigarreou, mas seus olhos brilhavam.
— Você não recusa uma refeição quente.
— Eu não sou idiota.
Donovan falou.
— Ei, se ela não está com fome, eu estou.
Rachel se virou na direção de sua voz. Ele sorriu e acenou com a cabeça, mas manteve
distância, quase como se soubesse como ela estava sobrecarregada.
— Você é o calmo, não é?
Os olhos de Donovan se arregalaram um pouco, mas suas bochechas coraram ligeiramente.
— Se você está perguntando se eu sou uma tagarela irritante como todos os meus outros
irmãos, a resposta é não.
— Eu dancei com você em meu casamento, — ela disse, enquanto dançava a música em sua
cabeça, assim como eles fizeram. — Eu o provoquei e disse que era o único de seus irmãos que
não pisou em meus dedos do pé.
Seu sorriso iluminou o rosto.
— Sim... Eu sempre disse que eles eram mamutes rudes.
Risos ecoaram sobre a sala, e ela percebeu que era um som que ouvira muitas vezes em seu
passado. Olhou cada rosto, seu coração inchado e doendo com a verdade irrefutável. Ela estava
em casa. Tinha uma família. Ela era amada.

CAPÍTULO 21

Levou um tempo para Rachel se acostumar não só a dormir no maravilhoso luxo de uma
cama, mas também a dormir com Ethan. Não que tivesse alguma dificuldade em fazer a transição.
Na verdade, estava geralmente tão colada a ele no meio da noite que estava surpresa por ele não
empurrá-la. Mas ele parecia tão contente quanto ela por dormirem tão grudados.
A parte que tinha que se acostumar, era viver sem o medo de ele ter ido embora quando ela
acordava. Ele nunca saia da cama antes que ela o fizesse e sempre se certificava que estaria lá,
segurando-a, quando ela acordava.

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Algumas manhãs ficavam lá preguiçosamente, membros entrelaçados, e ele esfregava uma


mão para cima e para baixo em seu braço enquanto o sol se levantava mais, enchendo o quarto
deles com luz.
Esta manhã não foi exceção. Ela realmente acordou antes de Ethan, e ficou lá observando-o
dormir. Ele parecia quase vulnerável neste estado desprotegido, e ela achou o contraste
fascinante. Ele era tão duro e resistente, muito protetor com ela, e ainda assim, nesse momento,
queria tocá-lo, aliviar a preocupação que muitas vezes via em seus olhos.
Perguntou-se o que ele faria se o beijasse. Embora fosse carinhoso com ela, e a tocasse com
frequência, não fizera qualquer esforço para beijá-la, realmente beijá-la. Havia beijos leves na
testa. Um beijo nos lábios. Às vezes, um roçar em seu rosto. Mas não a beijou como um amante.
Parte dela estava curiosa para ver se lembrava-se da paixão que outrora existiu entre eles,
mas outra parte estava morrendo de medo. E se ela não reagisse adequadamente? E se não
pudesse lembrar de seus sentimentos por ele. Pior, e se ela não sentisse nada se tentassem fazer
amor?
Franziu o cenho. Não, isso não poderia ser possível. Era muito consciente dele fisicamente.
Aconchegou-se um pouco mais perto dele, até que sua boca estava pairando apenas uma
polegada da dele. Seu pulso acelerou, e censurou-se por estar tão ridiculamente nervosa. Era
apenas um beijo. Eles se beijaram muitas vezes antes.
Lambeu os lábios e, então, cuidadosamente pressionou a boca contra a dele. O beijo foi
muito leve e mesmo assim deu-lhe uma emoção vertiginosa. Afastou-se rapidamente, preocupada
que o acordasse. Mas ele não se moveu.
Encorajada pela sensação de calor por todo o caminho até os dedos dos pés, moveu-se para
frente novamente. Desta vez, beijou apenas o canto da boca e apreciou a sensação áspera da
sombra de sua barba matinal contra o rosto.
Ganhando coragem e confiança, deslizou a boca completamente sobre ele e beijou-o
novamente. Seus lábios entreabriram, e ofegou, surpresa. Afastou-se para vê-lo olhando para ela
através dos olhos entreabertos.
— Bom dia, — ele murmurou.
O fogo queimou seu rosto. Sentia-se como uma adolescente errante roubando seu primeiro
beijo.
— B-bom dia.
Ele sorriu e correu o dedo pelo nariz dela.
— Eu gosto da sua maneira de dizer bom dia.
Suas bochechas apertaram e ela abaixou a cabeça.
— Ei, — ele disse suavemente. — Eu gostei. Sabe quantas noites eu sonhei em acordar desse
jeito? Com você em meus braços, seus lábios nos meus.
Ela sorriu timidamente.
— Eu me sinto tão idiota. Nós beijamos tantas vezes, mas para mim parece a primeira vez.
Ele deslizou a mão por trás de seu pescoço e aninhou sua cabeça na palma da mão.

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— Então, vamos fazê-lo perfeito! — Ele abaixou a boca e apertou quente e doce contra a
dela.
Seu coração acelerou e virou como se alguém tivesse soltado um frasco cheio de borboletas
no peito.
Ele foi extremamente sensível. Tão reverente que trouxe lágrimas aos seus olhos. Beijou os
lábios e em seguida, começou em um canto de sua boca e beijou o caminho para o outro lado.
Sua língua deslizou sensualmente sobre o seu lábio superior e, em seguida, lábio inferior, e
então suavemente, deslizou entre a abertura para seus avanços. Com um suspiro, ela concordou,
e suas línguas se encontraram, saboreando uma a outra, explorando. Avançando e depois
recuando.
Realizaram uma dança delicada, suas línguas duelando, lentamente no início e depois mais
rápido. Suas respirações aceleraram e desaceleraram, dando e depois tomando. Compartilharam
cada sopro de ar, saboreando antes de exigir mais.
Ela realmente pensou que não responderia a ele? Ela ardia por ele. Tudo o que queria era
perder-se nele. Enrolar-se apertadamente dentro dele, para nunca ficar sem sua força, sem seu
amor.
O pensamento a sacudiu até os ossos. Como ele poderia amá-la quando ela esqueceu o
passado deles? Como poderia amá-la quando pensou que estava morta no último ano? E como ela
poderia esperar amá-lo quando tudo o que tinha eram pedaços de sua vida juntos?
Por que não podia se lembrar?
Ethan se afastou e moveu a mão de sua nuca para baixo até colocar nas costas dela.
— O que você está pensando?
Ela sorriu trêmula, com os lábios inchados de seus beijos.
— Eu gostaria de lembrar. Quero lembrar como era. Era sempre assim? Era tão doce? Era
melhor?
— Acho que fica melhor a cada dia que passamos juntos, — disse ele. — Acho que daqui a
vinte anos, vamos olhar para trás e rir da ideia de que não poderia ficar melhor ou que de alguma
forma teríamos alcançado uma paralisação. Não é o caminho que deveria ser?
Ela voltou a se aninhar em seus braços e encostou o rosto contra o peito largo.
— Espero que você esteja certo.
— Desta vez eu estou, — ele murmurou.
Ela se inclinou para trás, intrigada com sua resposta, mas ele a beijou novamente, e ela
esqueceu tudo, menos o calor de seus lábios nos dela.
— Eu tinha uma ideia de algo para fazer hoje, — disse ele, quando se afastou novamente.
Ela levantou uma sobrancelha inquiridora.
— Pensei que poderíamos ir para a casa de Sam para nadar na doca. Você se lembrou de
alguns instantes de estar lá, e pensei que poderia ajudar estar em um lugar que você se lembre
que foi feliz.
A excitação borbulhava. Trechos aleatórios rechearam sua mente, enchendo até que a
sobrecarregou.

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— Eu adoraria. Quando poderemos ir?


Ele sorriu para o seu entusiasmo.
— Assim que levantarmos nossos traseiros preguiçosos e formos para lá.
— Sam não vai se importar? — ela perguntou ansiosamente.
Ethan riu.
— Você, minha querida esposa, tem todos os meus irmãos enrolados em seu dedo
mindinho. Você pode não se lembrar, mas isso não muda o fato. Eles não vão se importar se nos
apossarmos.
Sua testa enrugou.
— Oh, é mesmo. Eu tinha esquecido que você me disse que Garrett e Donovan vivem lá
também.
— Não fique tão preocupada. Vai dar tudo certo. Você vai ficar bem.
Apertou a mão dela para dar ênfase, e ela se inclinou para frente para dar-lhe um beijo
rápido, encantada que pudesse ser carinhosa com ele espontaneamente, sem constrangimento.
Era um começo.

Rachel olhou ansiosamente para fora da janela quando pararam o carro no caminho de
cascalho da casa de Sam. A casa era bonita, e o estacionamento era enorme. Um edifício
separado, maior que a casa, estava situado à direita, e ela o fitou intensamente, mas não houve
lampejo de reconhecimento.
— O que é aquilo? — ela perguntou, apontando para o edifício.
Era estranho por que não se parecia com uma casa. Não poderia remotamente ser
considerado como uma casa. Era um edifício quadrado de pedra cinza com o que pareciam ser
portas de aço. Parecia um abrigo antibombas ou o que ela assumia se parecer com um.
— Essa é a atual sede da KGI. Sam está trabalhando em um lugar muito maior. Ele tem essa
ideia na cabeça de que a família Kelly inteira viverá trancada em um complexo que serve como
sede. Faça o que fizer, não pergunte a ele sobre isso. Ele vai encher sua cabeça.
Ela riu.
— Sério? Toda a família?
Ethan suspirou.
— Sim... Ele tem um bom argumento, não me interprete mal. KGI fez inimigos, e isso não vai
parar. Só vai piorar. Ele quer várias centenas de acres, de modo que não tenha que confiar em
qualquer fonte externa para transporte ou suprimentos. Se e quando tiver isso instalado e
funcionando, terá sua própria pista de pouso, heliporto e campo de treinamento para as equipes.
Os olhos dela se arregalaram.
— Eu sei. Quer dizer, eu vi os soldados que estavam com você quando foi me resgatar, mas...
Bem, eu não sei o que pensar. São todos da KGI?
Ele assentiu.

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— E mais. Acho que não viu Rio ou sua equipe. Sam está procurando adicionar mais equipes,
mas isso leva tempo e treinamento. Ele é muito seletivo, e quer que os recrutas sejam treinados
por Steele ou Rio. Para que isso aconteça, precisa de mais mão de obra e mais ativos.
Estava esquentando agora que Ethan desligara o motor, então Rachel abriu a porta para
deixar entrar a brisa. Ainda assim, estava curiosa sobre a KGI e por que Ethan não trabalhava com
eles. O que ele fez quando deixou os SEALs? Falando nisso, por que ele saiu?
— Parece que tudo isso gastaria muito dinheiro, — disse ela, em dúvida quando Ethan deu a
volta para buscá-la.
O canto da boca Ethan se levantou.
— Sam ganhou muito dinheiro desde que saiu do exército. Trabalhou como um cachorro por
isso, e tudo volta para a KGI. Garrett e Donovan também são parceiros, e investem tudo de volta
para a empresa também, daí a razão de todos ainda viverem juntos na mesma casa.
Ele pegou sua mão e puxou-a para o sol quente. Ela jurou que se tivesse chance, nunca
viveria onde era quente. Foi um voto que fez durante os dias longos e insuportáveis na caixa
quente em sua prisão. Mas isto era diferente. Não estava assando em um buraco escuro. Estava
no sol, os raios dourados se espalhando, tanto quanto os olhos podiam ver. Estava livre.
Por um momento ficou lá, resistindo ao seu tenso aperto, enquanto virava o rosto para o sol
e fechava os olhos. Nunca a liberdade pareceu tão doce como agora.
Quando abriu os olhos, olhou para o sutiã do biquíni, para o short com as cordinhas do
biquíni penduradas no cós e para os chinelos. Estava vestindo apenas mais do que usava durante o
cativeiro, mas esta era a sua própria vida e isso trouxe-lhe conforto. Quantas vezes usara essas
roupas para nadar no deque de Sam?
Se fechasse os olhos novamente, sabia que poderia lembrar-se das brincadeiras. Garrett
jogando-a na água. Ela subindo à superfície com a boca cheia de água do lago e gritando de
indignação e, finalmente, rindo desamparada.
Ethan mergulhava atrás dela. Então corria do cais em direção ao meio do lago, onde a
corrente era mais forte. Os muitos churrascos no deque de madeira gasta. Assistindo o por do sol
depois de longos dias de verão.
— Rachel, você está bem?
A voz de Ethan penetrou através das memórias nebulosas, e por um momento ela não
gostou da intrusão. Então sorriu e olhou para ele.
— Eu estava me lembrando. Este lugar me faz feliz. Há um monte de lembranças felizes aqui.
É bom ser capaz de agarrar algumas delas, saber que são reais e não alguma fantasia que conjurei
em um estado alucinógeno.
Ele puxou-a para ele, colocando a mão por trás do seu pescoço enquanto a inclinava ao
encontro de seu beijo. Não estava mais tão reservado quanto estivera antes. Não desde que ela
beijou-o esta manhã na cama. Talvez estivesse esperando que ela desse o primeiro passo.
— Estou feliz que você tenha boas lembranças. Que tal criarmos algumas novas? Posso até
deixar você me jogar dentro da água.

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Ela sorriu e, em seguida, disparou em torno dele, instintivamente descendo o caminho de


pedra que rodeava a casa. Queria lhe perguntar por que ele saíra do SEALs e por que não estava
trabalhando para a KGI, mas agora recusava-se a arruinar o humor alegre em que se encontravam.
Quando virou a quina e se dirigiu para o deque, parou diante da belíssima vista diante dela.
Não era de admirar que adorasse tanto esse lugar. A água brilhava como um milhão de diamantes
sob o brilho da luz do sol. Um rico tom de azul com uma franja branca no topo das ondas gentis.
Parecia convidativo, e de repente não podia esperar para mergulhar.
Olhou para Ethan e mordeu o lábio para manter o sorriso malicioso escondido. Tirou os
chinelos e depois correu pela rampa em direção ao cais.
— O último a pular é um ovo podre!
Não conseguia se lembrar a exata profundidade da água do deque, só que se jogou de lá
mais vezes do que podia contar, então saiu correndo e pulou, caindo com um splash a vários
metros de distância.
O frio a fez estremecer e surpreendeu-a. Emergiu com falta de ar e gritou contra o frio.
— Bem feito para você, — Ethan falou do cais.
Ela olhou para cima para vê-lo tirar o tênis. Ela teve um pequeno arrepio e então começou a
voltar para o deque. Ele tirou a camisa, e ela teve um vislumbre da silhueta de seu peito contra a
luz solar.
Ele era, em uma palavra, magnífico.
Em seguida, ele executou um mergulho perfeito na água ao lado dela. Apenas uma
ondulação perturbou a superfície. Nadou vários metros e sacudiu as gotas de seu cabelo curto.
Seus dentes brancos brilharam em um largo sorriso. Mergulhou novamente, e a próxima coisa que
soube, era que estava sendo levantada no ar.
Ela riu enquanto ele a segurava acima da água enquanto nadava.
— Como você é capaz de fazer isso?
Ele a jogou na água com um outro splash, e quando ela voltou à tona, juntou-se a ela.
— Sou um SEAL, lembra? Fazemos o impossível, e o fazemos na água.
Ela revirou os olhos e então a pergunta voltou em sua mente. Colocando a cabeça de lado
para deixar a água escorrer para fora do ouvido, ela o olhou por debaixo dos cílios.
— Por que você saiu do SEALS? Acho que você não me contou. Quer dizer, tenho certeza
que contou, — acrescentou apressadamente. — Simplesmente não consigo lembrar.
A escuridão cintilou nos olhos dele, afastando momentaneamente os raios do sol.
— Você precisava de mim. Eu precisava estar aqui.
— Por que não foi trabalhar com a KGI? Foi por isso que saiu, para que pudesse trabalhar
com seus irmãos?
Ele balançou a cabeça e depois mergulhou abaixo da superfície. Ela assistiu ao redemoinho
de água que sinalizava sua presença subaquática e seguiu-o a uma boa distância do cais.
De alguma forma ela tropeçou em território indesejável. Ou ele estava infeliz com sua
decisão de sair ou havia algum outro motivo que ela não sabia. Mais do que nunca, a falta de
memória a frustrava. Como deveria forjar um futuro quando o passado ficava em silêncio?

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Determinando que o dia não seria arruinado por coisas além de seu controle, nadou atrás de
Ethan, colidindo com ele no meio do caminho em um emaranhado de braços e pernas.
Rindo em meio a bocados de água, ela bateu em seus ombros.
— Você planejou isso!
— Vocês estão se divertindo?
Rachel olhou para o cais para ver Sam, olhando-os com olhos divertidos. Hoje, não conseguia
se lembrar por que estivera tão reticente perto dele, e deixou o bom humor assumir.
— Venha, — disse ela com um aceno. — A água não está muito fria.
— Eu sei exatamente como malditamente fria...
Foi cortado no meio da frase, quando foi lançado para dentro da água. Rachel olhou em
choque enquanto Garrett se dobrava de rir no final da doca, de onde ele acabara de empurrar
Sam.
Sam emergiu cuspindo, e soltou um grito na direção de Garrett.
— Seu filho de uma cadela. Vou pegar você por isso. Lema Kelly número dois. Não fique
bravo, se vingue.
Garrett apenas riu ainda mais alto. Donovan se aproximou atrás dele e os dois irmãos deram
um curioso olhar .
— Cara, é melhor usar sunga. Ficar com jeans molhado é uma droga.
— Oh foda-se, Van, — Sam resmungou.
Rachel não conseguiu controlar-se por mais tempo. Risos borbulhavam e transbordavam. Ela
riu tão forte, que abaixava o tronco para envolver a barriga e cuspia quando sua cabeça caia na da
superfície e entrava água em sua boca.
Ethan a puxou de volta para cima e segurou-a pelo braço enquanto ela ria e cuspia ao
mesmo tempo.
Garrett sorriu para Sam.
— Há. Tinha que valer a pena o mergulho inesperado.
Sam sorriu com bom humor.
— Sim, você me pegou. Apenas, da próxima vez, poderia fazê-la rir fora da água.
Disto ela conseguia se lembrar. Todos rindo e brincando. Bons tempos no verão. Todos
nadando até tarde da noite. Tomando uma cerveja na doca com os pés pendurados balançando.
Assistindo o entardecer no final da primavera.
Aqui, a felicidade não parecia tão distante. Não era algum ponto distante que imaginava
nunca poderia alcançar. A felicidade estava presente. Estava em toda parte. A esperança estava
viva dentro dela. Não queria que o hoje acabasse.
— Não tem que acabar, — Ethan murmurou.
Ela percebeu que havia dito em voz alta.
— Podemos fazer isso muitas vezes. Você vai ver, Rachel. Podemos ter nossa vida de volta.
Só precisamos de tempo .
Ela entrelaçou os braços em volta do pescoço dele, momentaneamente esquecendo seus
irmãos, enquanto eles discutiam e brincavam à distância.

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— Você realmente acha isso, Ethan? Às me preocupo que nunca poderemos voltar ao
passado. Outras vezes, como hoje, fico mais esperançosa. Odeio não lembrar. Eu odeio.
Ele olhou para ela tão sério que ela ficou em silêncio.
— O passado... é o passado, Rachel. Tudo o que podemos fazer é ir em frente. O passado
não importa. Apenas o aqui e agora, hoje e amanhã. Você recordará o passado. Está se lembrando
mais a cada dia que passa, mas o importante para nós é o amanhã.
Ela sorriu e o abraçou, empurrando-os para baixo. Ele riu e lutaram por um momento
enquanto ele tentava mantê-los à tona.
— Tentando me afogar, mulher?
— Não posso afogar um SEAL, — ela provocou. — Imagine como seria embaraçoso?
— Deus, sim, — ele murmurou. — Atire em mim, me enforque, me deixe morrer de infecção
por causa de uma unha encravada, mas não me deixe morrer na água. Eles me mandariam para o
inferno, por princípio.
— Vocês querem algo para comer? — Garrett gritou da doca.
Ethan mandou-o embora.
— Vá embora. Estou prestes a beijar a minha esposa.
E então abaixou a cabeça e fez exatamente isso.

CAPÍTULO 22

— Tem certeza que se sente bem com isto? Sempre podemos ignorá-los e ficar em casa esta
noite.
Rachel olhou para cima para ver o reflexo de Ethan no espelho, em seguida, largou a escova.
— Não, eu quero ir, — disse com a voz calma. Entendia a preocupação de Ethan. Até achava
cativante, mas sua frustração estava crescendo a cada dia que passava.
Ele olhou desconfiado para ela, mas para seu crédito, não discutiu.
— Tudo bem, mas quero que me prometa que, se começar a ser demais, você me dirá
imediatamente.
Ela assentiu e sorriu.
— Certo. Mas Ethan, não posso me manter escondida nesta casa.
As paredes estavam se fechando sobre ela, e o que não lhe disse foi que, se não saísse, iria
ficar tão louca como todo mundo provavelmente já pensava que estava.
Marlene planejou uma festa de boas-vindas, e apesar das observações resmungadas de
Ethan, Rachel imaginava que o evento evoluíra para além de uma simples reunião de família. Em
seus devaneios mais mórbidos, Rachel pensou que deveria ser uma festa de bem-vinda dos
mortos.
Ainda a deixava perplexa que todos pensaram que estava morta pelo ano inteiro em que
esteve fora. Em muitas maneiras, supunha que era a melhor coisa que poderiam ter pensado. Eles

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choraram. Seguiram em frente. Saber que estava viva e em cativeiro só os teria feito sofrer. Tanto
quanto ela sofreu.
Seus dedos tremeram quando tentou agarrar o pincel novamente, e se atrapalhou
desajeitadamente para evitar deixá-lo cair.
A ânsia batia nos momentos mais estranhos. Às vezes, poderia passar dias e esquecer o
veneno que surgia em suas veias com a regularidade de um relógio. Outras vezes, ansiava pela
droga mais do que queria a próxima respiração. Mas ela nunca disse isso a Ethan. Como poderia?
Ele se preocupava o suficiente sem que ela acrescentasse ainda mais.
Mãos fortes deslizaram sobre seus ombros nus e os apertaram. Ela olhou para cima para vê-
lo em pé atrás dela no espelho.
Havia tanto calor em seu toque. Um conforto que ela precisava tanto, quanto às vezes
precisava das drogas.
Suspirou e recostou-se nele, olhando para cima enquanto o fazia. Seus dedos deslizaram do
pescoço até a coluna delgada da garganta e da mandíbula. Então ele se inclinou e beijou sua testa.
Apenas um beijo, breve e suave.
Ela fez um som de frustração quando ele se afastou, e ele franziu a testa.
— Algo errado?
Ela se levantou e se virou, inclinando o pescoço para que pudesse olhar para ele.
— Quero que você me beije, Ethan. Um beijo real. Eu quero tanto que me esmaga. Quero
me sentir como uma esposa de verdade, não uma fraude sobre a qual você não se sente seguro.
Você não me beijou novamente desde aquela manhã, quando eu o beijei.
Enquanto falava, colocou as mãos sobre o peito dele e enfatizou suas palavras com um
empurrão firme. Ele pegou suas mãos e segurou-as sobre seu coração.
— Deus, Rachel, eu também quero. Quero tanto que até dói. Mas estou com medo,
maldição. Tenho medo de dizer ou fazer a coisa errada. Estou com medo de assustar você, só
porque quero tocá-la mais do que quero respirar.
Ela tremia, mas não de medo. Uma sensação estranha correu até sua espinha, espalhando-
se em um brilho quente que a fez apertar os músculos e seus mamilos empinarem. Foi então que
percebeu que o que sentia era desejo, e ela quase riu.
Esquecera-se como era sentir tal prazer, experimentar a antecipação do toque do marido.
Passou-se um longo tempo desde que seu pulso acelerou com um simples olhar. Ela sentia falta.
Deus, sentia falta disso.
A agitação do desejo começou na manhã em que o acordou beijando-o. Ela sentiu a dor
inconfundível da conscientização, mas isso, isso era tão intenso que pensou que poderia
enlouquecer se a dor não fosse apaziguada.
— Beije-me, — ela implorou em uma voz tão baixa que era quase inaudível.
Com um gemido, ele a puxou até que seu peito foi esmagado novamente contra ele. Suas
mãos, — ele tinha mãos maravilhosas e fortes que deslizaram pelos braços e depois para cima de
seu pescoço até que envolveu seu rosto.

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Então abaixou a boca para a dela. Pouco antes que seus lábios se tocassem, ouviu sua
respiração acelerada, e ele segurou-a.
O choque quente de sua boca sobre a dela era a sensação mais prazerosa que sentiu em
suas dispersas memórias incompletas. Teria sido sempre assim? Teria vivido tais intimidades
quando estavam casados ou ela tomou como exemplo a forma que a maioria dos casais fazia?
Ela saboreava cada momento e os mantinha. Sabia por experiência própria como as coisas
poderiam mudar rapidamente, como a vida poderia ser abalada facilmente.
Ansiosa para ser uma participante ativa no beijo, roçou sua língua na dele, e suspirou
enquanto ele ternamente sondava sua boca.
Suave e gentilmente, ele aprofundou o beijo, enfiando os dedos em seu cabelo, se
embrenhando enquanto a puxava para ainda mais perto.
Ele balançou contra ela, seu peito latejando com emoção fortemente reprimida. Ficava
maravilhada por este homem desejá-la tão profundamente, que ele estivesse tão ávido quanto ela
e, aparentemente, tão desesperado pelo seu toque como ela estava pelo dele.
Estendeu a mão e acariciou timidamente a lateral de seu pescoço e, em seguida, sua
mandíbula barbeada. Queria tocar todo seu corpo, reaprender todos os seus contornos. E queria
ver e tocar, explorar e reivindicar o que era dela.
Estava na ponta da língua dizer-lhe que não queria ir para a casa dos pais dele, no final das
contas.
Com um suspiro áspero ele se afastou e depois voltou, pressionando beijos rápidos e
ofegantes em sua boca, no canto de seus lábios e em seu queixo.
— Diga-me o que você precisa, Rachel. Juro que lhe darei. Qualquer coisa.
Precisou de toda a sua coragem para dizer o que ela mais queria. Ele fez todos os sacrifícios
até o momento. Ele foi paciente, compreensivo. Ele merecia tanto. Merecia a sua coragem.
— Você vai fazer amor comigo? Esta noite?
O fogo ardia em seus olhos, transformando-os em um tom brilhante de azul. Ele abriu a boca
e com a mesma rapidez fechou-a. As narinas infladas com o esforço de sua respiração, e quando
finalmente falou, sua voz era rouca.
— Eu vou fazer amor com você, querida. Farei o que você quiser.
Ela passou a mão sobre sua face, a necessidade de tocá-lo uma coisa viva, respirando.
— Você me quer? Eu quero dizer, como mulher.
As palavras saíram rapidamente, e ela gaguejou ao dizer as últimas. Não percebeu que
estava prendendo a respiração até que ela escapasse em uma explosão.
Ele pegou sua mão e colocou a boca na palma. O beijo enviou um arrepio sobre sua pele,
elevando calafrios em seu caminho.
— Querer você? Eu a quero tanto que dói. Não há um momento em que eu não a deseje.
Mas quero muito mais que você se sinta segura e protegida. Eu nunca faria nada para assustá-la,
mas me preocupo que eu a assuste, mesmo involuntariamente. Não posso suportar a ideia de
estragar tudo e ferir você.

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O rosto dele se contorceu de dor, e o coração dela disparou, vibrando tão selvagemente que
teve dificuldade em controlar a respiração.
— Ethan.
Era tudo o que poderia dizer. Sua garganta doía.
Levantou-se na ponta dos pés e o beijou. Duro, com toda a paixão que tivera medo de
mostrar. E a paixão borbulhou, subindo acentuadamente até que pensou que poderia muito bem
explodir.
Não houve finesse, nenhuma dúvida da habilidade de sua sedução. Suas mãos tocaram
desajeitadamente em seu rosto e, finalmente, acabaram entrelaçadas em volta do pescoço, os
dedos brincando com os cabelos curtos em sua nuca.
Quando seus pulmões sedentos exigiram que ela se afastasse, ambos estavam ofegantes e
puxando grande bocados de ar.
— Você não vai me machucar, Ethan. Eu realmente me sinto segura com você. Soube no
momento em que você apareceu naquela cabana que eu estava salva. Sonhei com você. Você era
tudo que eu lembrava da minha vida anterior. Eu me agarrei a isso quando tudo caiu.
Ele abaixou a cabeça até que sua testa descansou contra a dela. Seus lábios estavam tão
perto que podia sentir cada uma de suas respirações.
— Eu sinto tanto por não estar lá antes, — disse ele dolorosamente.
Ela sorriu e inclinou o queixo apenas o suficiente para que seus lábios se roçassem
novamente.
— Você veio. Isso é tudo que importa.
Ele suspirou e se afastou.
— Tem certeza que quer ir para a casa da mamãe? Eu posso cancelar.
Ela balançou a cabeça.
— Não, ela está planejando isso há dias. Não quero magoá-la. Nathan e Joe estão em casa
esta noite, e ela parecia tão feliz por ter todos juntos ao mesmo tempo. Percebi que isso é uma
ocorrência incomum.
Ele sorriu.
— Além do Natal, e mesmo assim nem sempre é possível, é difícil conseguir todos juntos.
Todos nós servimos no exército, e estarmos de folga, ao mesmo tempo é praticamente impossível.
Ficou um pouco mais fácil quando Sam e Garrett formaram a KGI. O que só deixou Nathan e Joe
alistados.
— Talvez possamos estar todos juntos neste Natal, — disse ela. E percebeu que realmente
esperava ansiosamente pelas árvores de Natal, as músicas natalinas e os encontros de grande
família. A ideia a encheu de anseio, de tal forma, que sabia que era algo que ela deveria adorar.
Com relutância, ela se voltou para verificar seu cabelo novamente. Não havia muito a fazer,
levando em conta o comprimento, mas usou um aparelho de ondulação para dar um pouco de
volume nas pontas e parecia ter um estilo definido agora, em vez do trabalho de açougueiro feito
por seus captores.
— Você está linda, — disse Ethan.

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Ela sorriu brilhantemente para ele.


— Você sempre sabe o que dizer e quando dizer. Admito que estava me sentindo um pouco
triste com minha aparência. Só de olhar para as fotos e ver que o meu cabelo costumava ser muito
maior e que estou muito mais magra agora do que era antes.
— Seu cabelo vai crescer, e se mamãe agir como sempre, você ganhará o seu peso de volta
em pouco tempo.
Ela teve que rir com isso. Marlene levava a sério seu papel a esse respeito. Não se passava
um dia sem que não enviasse alguém com alimentos ou apenas exigisse a presença de Rachel e
Ethan para as refeições em sua casa.
— Ok, vamos antes que eu perca todos os nervos.
Ethan pegou a mão dela e apertou.
— Você vai fazer tudo certo.

A festa foi uma chatice, mas ela não esperava que os Kellys arrebentassem com uma
verdadeira festa. Rusty sentou-se no canto e observou os acontecimentos com tédio mal
reprimido.
O que precisavam era boa música e álcool decente, e não a cerveja light do caralho que
alguns homens estavam bebendo. Ela daria seu braço direito por um cigarro agora. Considerou
seriamente contrabandear um pacote, mas Marlene teria feito um escândalo se descobrisse, e
apesar de estar despreocupada sobre as regras, Rusty gostava dela. E não queria estragar a
primeira casa decente que tinha.
Então, sentou-se como uma boa menina, com suas roupas de boa-garota e seu corte de
cabelo de menina do bem.
— Você é um dos membros da família?
Ela girou e fez uma careta para o homem que se esgueirou para cima dela.
— O que “membro da família” significa para você?
Ele levantou uma sobrancelha e a diversão iluminou seus olhos.
— Só queria fazer algumas perguntas sobre o regresso de Rachel, mas queria perguntar a um
membro direto da família.
Um sentimento peculiar se instalou na boca do estômago. Para sua surpresa a ideia de que
ela era da família ou até poderia ser considerada como tal, enviou uma onda de prazer através de
suas veias.
— Sou tão próxima quanto eles, — disse alegremente. — Eu moro aqui, afinal de contas. —
Ela acenou com a mão para algum dos irmãos Kelly reunidos em um grupo do outro lado da sala.
— Nenhum deles mora mais.
— Ah, bom, então você é justamente a pessoa com quem quero falar. Se importa se eu
sentar?

CAPÍTULO 23

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Rachel agarrou seu copo e ficou com um sorriso congelado no rosto. Sequer sabia o que
tinha no copo, e não tinha provado.
Quem eram essas pessoas? Ela conhecia todos os Kellys, ou pelo menos os que eram
considerado da família, os irmãos de Ethan e seus pais. Mas a casa estava repleta de pessoas que
ela nunca vira antes em sua vida.
Fez uma careta. É claro que os tinha visto. Simplesmente não se lembrava deles. Era difícil
sorrir e fingir quando todos conversavam com ela como se a conhecessem desde sempre. Vários
até citaram casos específicos sobre os quais ela não tinha sequer uma lembrança.
Mas assentiu com a cabeça nos momentos apropriados e sorriu até que seus dentes
doessem. Depois que a sexta pessoa se aproximou, ela perdeu o controle de nomes e rostos.
Ethan permaneceu ao seu lado a noite inteira, mas ela sentiu a necessidade de escapar por
apenas alguns minutos, então virou-se e colou um sorriso tranquilizador em seus lábios.
— Preciso ir ao banheiro. Estarei de volta em um minuto, ok?
Ele assentiu e ela se afastou, perfurando seu caminho através da sala lotada. Em vez de ir ao
banheiro, passou pela cozinha, na esperança de que Marlene estivesse ocupada em outro lugar.
Fez um sinal de alívio quando viu que a costa estava limpa.
Abriu a porta de vidro que dava para o jardim dos fundos e entrou no ar da noite. Seus
pulmões encheram com a fragrância de dezenas de flores diferentes, todas plantadas em caixas e
vasos de tijolos ladeando a passarela.
Marlene dissera que as duas passaram horas projetando o jardim perfeito e então voltaram
a atenção para a casa de Rachel e de Ethan.
Não querendo ir longe, caso alguém procurasse por ela, tomou assento no banco de madeira
que dava para a piscina dos pássaros e concentrou-se em cada respiração. Para dentro e para fora.
Depois de alguns minutos, o aperto no peito aliviou e começou a relaxar.
Seus dedos esticaram, e colocou as palmas das mãos sobre o acabamento liso do banco.
Frank o fizera. Aquela memória lhe veio à cabeça, e ela sorriu, acolhendo a informação como uma
velha amiga. Procurou por mais em sua memória, e pequenos pontos se filtraram, espalhados em
pontinhos.
Frank era dono de uma loja de ferragens. Ela sabia disso hoje. Mas também era bom com as
mãos. Amava ferramentas. Quando Marlene perdeu as esperanças que ele um dia construísse o
banco que ela queria, ela foi para o Walmart do outro lado do lago, em Paris, e comprou um banco
de jardim simples.
Frank se ofendera imediatamente e presenteou-a com um banco robusto construído em três
dias. Marlene presunçosamente contou a Rachel que guardara o recibo e nunca tirou o banco para
fora da garagem. Seu marido era previsível, se nada mais.
Rachel sorriu para a memória e manteve-a perto de si, saboreando os pedaços de
informação que lhe diziam de onde vinha e onde ela pertencia.
Estava tão arraigada em suas memórias que não percebeu que não estava mais sozinha, até
alguém, a sua esquerda, limpar a garganta.

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Assustada, sentou-se ereta, girando a cabeça cautelosamente, para enfrentar sua


companhia.
Um homem saiu da sombra, e ela viu seu uniforme e a arma na cintura.
— Desculpe se a assustei.
Seu sotaque macio era mais pronunciado que o de Ethan ou dos outros Kellys. Tinha um
sotaque de Deep South. Também parecia jovem, mas não muito.Talvez vinte e poucos anos.
Ela não o encontrara ainda, mas presumiu que era o suplente de xerife a quem os Kellys
eram tão afeiçoados.
— Você é Sean?
Então percebeu seu erro. Se ele fosse Sean, sem dúvida, ela o conheceu antes. Não sabia o
quanto Marlene contara a todos. Pelo que imaginava, todos sabiam que ela estava doida e não
tinha memória de sua vida anterior.
Ele sorriu e deu um passo mais longe do brilho da lâmpada. Tinha a bondade nos olhos, o
que surpreendia devido a sua profissão. Tinha cabelos loiros escuros cortados curtos, muito
parecido com os cortes militares que os Kellys usavam. Mas usava um cavanhaque que
emoldurava sua boca e lhe dava a aparência de um homem mais velho, apesar de Rachel saber
sua idade.
— Sim, — disse ele. — Cansou-se de ficar lá dentro?
Ela suspirou e decidiu não mentir.
— É um pouco esmagador.
Sean fez um gesto para o local ao seu lado.
— Se importa se eu sentar?
Ela cedeu espaço a ele, em resposta, e ele se instalou ao lado dela.
— Eu não sou uma pessoa de multidão, mas Marlene pregaria minha pele na parede, se eu
perdesse uma de suas reuniões. Como você, sou praticamente um adotado dos Kelly. Ela pode não
ter-me dado à luz, mas isso não a impediu de organizar a minha vida, sempre cuidando de mim
maternalmente e adicionando-me a cada reunião de família que já aconteceu.
Rachel riu.
— Ela é algo mais, não é?
— Ela é a melhor, — disse ele em uma voz sincera. — Mas fico mais confortável com as
pessoas que encontro no trabalho. Não tenho a pretensão de ser social quando vou prender
alguém, e não tenho que me preocupar com bate-papo sem sentido e com conversa fiada.
A careta em seu rosto a fez sorrir novamente.
— Coitadinho. Estas coisas devem ser um inferno para você.
— Vamos apenas dizer que fiquei feliz em ver que não era o único correndo para se
esconder. Agora, se perguntarem, posso por a culpa da minha ausência em você.
— Ah bom, — disse ela secamente.
Ele riu.
— Então, como você está? Algum problema com a burocracia, que eu possa ajudar?
Ela torceu a boca em uma careta triste.

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— É muito mais fácil ficar morta do que voltar dos mortos. Ethan tentou fazer tudo
calmamente. A última coisa que queremos são algumas histórias de interesse humano correndo
por aí. A carteira de motorista não foi muito difícil de arranjar, mas a questão do seguro social é
um pouco mais difícil.
Sean deu um tapinha em seu joelho.
— Você vai resolver tudo. Nesse meio tempo, se houver algo que eu possa fazer, é só me
avisar. Eu a conheço desde que estava no colégio. Você se formou dois anos à minha frente.
Ela estremeceu.
— Desculpe, eu não me lembro.
— Ei, não se preocupe com isso. Você recuperará tudo. E quando o fizer, vai se lembrar que
me deve cinco dólares.
Assustada, ela inclinou a cabeça para o lado.
A travessura brilhava em seus olhos verdes.
— Você perdeu uma aposta. Apostou comigo que o Tennessee batia o LSU. Como se isso
fosse acontecer.
— Ahh, Louisiana, então? Pensei que seu sotaque soava um pouco diferente.
— Nascido e criado.
Ele ficou em silêncio e virou-se bruscamente, uma carranca substituindo o seu sorriso.
— Rusty, é você?
Rachel virou-se em busca da jovem que Marlene tinha acolhido. Rusty não tinha muito a
dizer a Rachel desde que ela voltou para casa, mas Nathan insinuou que ela se sentia um pouco
ameaçada pelo regresso de Rachel.
Rachel só desejava que houvesse algo que pudesse dizer ou fazer para aliviar os temores da
garota. Marlene tinha sido brusca sobre a situação de Rusty.
Rusty entrou no jardim, vindo da passarela que levava à frente da casa.
— Sim, Cooper, sou eu.
— Com quem você estava conversando? — Sean exigiu.
Sua voz mudara do tom amistoso e provocativo para o completamente sério. Ele poderia
muito bem estar interrogando um suspeito com todo o aço em suas palavras.
— Não sabia que eu tinha que obter permissão para ter uma conversa por aqui, — Rusty
falou brava. — Pare de criticar, homem rosquinha. Não estou bebendo ou fumando, ou me
aproveitando da hospitalidade de Marlene.
Sean amaldiçoou em voz baixa, e seus dedos flexionaram ao seu lado. Abriu a boca para
falar, mas Rusty desapareceu para dentro de casa.
— Juro que essa menina me deixa louco, — resmungou Sean. — Ela é tão beligerante.
Adoraria ensinar-lhe um pouco de respeito, e umas poucas boas maneiras, enquanto posso. Se
algum dia pegá-la falando com Frank ou Marlene assim, vou colocá-la por cima do meu joelho.
Alguém deveria ter feito isso há muito tempo.

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— Essa idade é difícil, — disse Rachel, surpresa com a necessidade de defender Rusty. —
Pelo que Marlene disse, ela teve uma vida dura. Além disso, eu nunca ouvi falar que ela fosse
qualquer coisa, além de respeitosa com Frank e Marlene. Todos os outros, embora...
— Sim, conte-me sobre isso. Ela realmente me adora, já que sou um policial, e tenho a
impressão de que passou por uma ou duas rodadas com a polícia antes. Marlene me disse que
tinha uma passagem na polícia, mas proibiu-me—no estilo verdadeira mamãe—de procurar por
isso. Ela não quer que eu seja influenciado pelo passado de Rusty. Pelo amor de Deus.
Rachel sorriu diante do desgosto na voz de Sean. E então percebeu que passou muito tempo
fora.
— Provavelmente devo voltar para dentro. Eu disse a Ethan que estava indo ao banheiro.
— Ah, olhe o grupo de busca chegando, — Sean falou arrastado enquanto Garrett saia.
— Tudo bem, docinho? — Garrett perguntou enquanto se aproximava.
— Sim. Apenas conversava com Sean e pegava um pouco de ar fresco.
Garrett enfiou as mãos nos bolsos.
— Quer dizer que você está se escondendo aqui com este maricas, que está aqui pela
mesma razão.
Sean grunhiu.
— Sim, a mesma exata razão pela qual você correu para fora como uma maldita menina.
Garrett sorriu.
— Tem gente pra caramba! Mamãe adora essa merda, mas eu juro que deixa o resto de nós
loucos.
— Em que ponto ela descobre que já fugimos do local? — Rachel perguntou. A última coisa
que queria era ferir os sentimentos de Marlene.
— Não se preocupe. Mamãe está bem acostumada a ter que nos procurar. Ela geralmente
nos dá dez minutos ou mais para tirarmos o olhar louco de nossos olhos, e então sairá toda doce,
mas com um brilho nos olhos que sabemos que é melhor ignorar.
— E nesse ponto, ela nos arrasta para dentro pelas orelhas, — Sean terminou.
— Sam deve aparecer em breve, — disse Garrett. — Ele ficou preso na saída. Todos nós
deixamos Ethan respondendo perguntas sobre Rachel. Pobre coitado.
— Oh, — disse Rachel. — Talvez eu deva voltar para dentro. Não tinha a intenção de deixá-lo
preso respondendo perguntas sobre mim a noite toda.
Garrett balançou a cabeça.
— Não se preocupe. Ele merece isso por ter empurrado Tia Edna em mim no dia de Ação de
Graças. A mulher falou na minha orelha por quase uma maldita hora, enquanto Ethan escapava. O
resto dos bastardos ficaram do lado de fora da janela rindo da minha cara.
Risos borbulhavam e derramavam de seus lábios. Conseguia imaginá-los em sua mente, e
quanto mais imaginava, mais forte ela ria.
— Então, vocês estão aqui, seus idiotas, — Sam rosnou enquanto fechava a porta do pátio
atrás dele. — Embora eu não ache que estamos longe o suficiente da casa para nosso próprio

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bem. Mamãe vai nos deixar em paz enquanto estiver preocupada com outras coisas. No momento
em que perceber que saímos, estamos fritos.
Rachel se aproximou um pouco mais perto de Sean e então percebeu o que fez. Por que
diabos Sam ainda a intimidava? Para todos os efeitos, Garrett deveria assustá-la mais. Sam não era
tão grande ou assustador quanto Garrett, mas algo parecido com pânico tomava conta dela cada
vez que Sam se aproximava. Talvez fosse porque ele tinha sido o primeiro a entrar na cabana
naquela noite, e estivera convencida que estava lá para matá-la.
Não importa como isso parecia estúpido agora, ela não conseguia livrar-se da memória dele
de pé sobre ela, grande e ameaçador, segurando uma arma.
Para seu crédito, Sam parecia muito consciente do seu medo, e sempre fez questão de ser
cauteloso ao seu redor. Mesmo agora, seus olhos se suavizaram e ele não parecia ferido por seu
desconforto evidente.
Como se percebesse sua súbita rigidez, Sean casualmente descansou a mão em seu joelho.
Deu-lhe um aperto suave e não desviou o olhar de Garrett e Sam.
— É difícil fugir de mamãe em sua própria casa, — Garrett disse, resignado. — Ela só vai nos
caçar e dar-nos “o olhar”.
Sam riu.
— É uma maldita vergonha quando homens crescidos são reduzidos a um monte de gatinhos
por sua mãe.
A porta do pátio abriu e Ethan enfiou a cabeça para fora, sua expressão sombria.
— Ei vocês, viram Rachel?
— Estou olhando para ela, — disse Sam.
Ethan saiu, e o alívio caiu sobre seu rosto. Parou ao lado de Garrett e olhou entre Rachel e
Sean e depois para os outros.
— Você está bem? — ele perguntou.
Ela sorriu, não querendo que ele se preocupasse.
— Estou bem. Saí para tomar ar fresco, não percebendo que esta era uma antiga tradição de
escapar das reuniões de Marlene.
Ethan relaxou e enfiou os polegares nos ganchos do cinto.
— Sim, tornou-se algo como rivais nos jogos de guerra. Aquele que sobrevive mais tempo
sem ser levado de volta pela mamãe, vence.
Enquanto olhava para ela, sabia que ele estava pensando em sua conversa anterior, quando
se beijaram, e o que ela lhe pediu para fazer. Seu olhar caiu sobre sua pele, quente e eletrizante.
Ela estremeceu, e não estava com frio. O ar no final do verão era úmido e quente, ao ponto
de ser desconfortável, mas tudo o que podia sentir era o calor do seu olhar, e a promessa em seus
olhos.
— Você acha que sua mãe se importaria se fôssemos embora?
Sua voz soou rouca, e ela engoliu as borboletas que dançavam em seu estômago e se
levantou como se perseguindo uma rota de fuga.
— Se você sair agora, ela não vai saber até que seja tarde demais, — Garrett sorriu.

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— Boa ideia, — disse Sean.


Ethan balançou a cabeça e pegou a mão de Rachel.
— Eles estão certos. Podemos nos esgueirar pela parte da frente, e se ninguém nos
bloquear, poderemos ir embora antes que alguém soe o alarme. E eles sempre soam. Tenho
certeza que Garrett não esqueceu o incidente com Tia Edna.
— Se não fosse pelo fato de que Rachel quer ir, eu já teria soado o apito em seu traseiro, —
Garrett disse desgostoso.
Ethan puxou-a até ficar ao lado dele e ergueu-lhe o queixo.
— Sugiro irmos agora, antes que ele mude de ideia.
Ela se virou e se inclinou para beijar Sean na bochecha.
— Foi muito bom reencontrar você. Obrigada por me fazer companhia.
Ele pareceu surpreso e satisfeito com o gesto. Então ela virou-se para Garrett e deu-lhe um
abraço rápido. Determinada a não agir como uma tola, aproximou-se desajeitadamente de Sam.
— Boa noite, Sam, — disse quase formalmente.
Ele abriu os braços e simplesmente esperou. Respirando rapidamente, ela foi para frente e
abraçou-o. Ele a deixou tocá-lo e devolveu seu abraço levemente. Ela se afastou e deu-lhe um
sorriso genuíno.
Uma pessoa que fosse tão solícita com os sentimentos dela, certamente não era um cara
mau.
Ele voltou a sorrir e tocou seu rosto brevemente.
— Vejo você mais tarde, Rachel.
Com um pequeno aceno, ela seguiu Ethan do jardim para o caminho que levava até a frente
do quintal. Enquanto caminhavam em direção a caminhonete de Ethan, ele passou o braço em
volta dela e puxou-a para perto de seu corpo.
Sua pulsação poderia cortar um bloco de concreto. Estava ansiosa para fazer amor com
Ethan. E estava tão nervosa como o inferno, talvez mais nervosa que já estivera por estar com ele,
mas não deixaria que isso a impedisse.
Já era tempo de recuperar seu casamento e seu marido.

CAPÍTULO 24

Ethan agarrou o volante enquanto parava do lado de fora da casa. Por um longo momento
olhou para frente, e então percebeu que estava prendendo a respiração como um adolescente em
seu primeiro encontro. De certa forma, era. Seu primeiro encontro. Com sua esposa. Deus. Ele
ainda não conseguiu superar a ideia de que tinha Rachel de volta. Que lhe foi concedida uma
segunda chance.
Com a pulsação batendo em seus ouvidos, desligou o motor e virou-se para olhar para
Rachel. Ela parecia tão nervosa quanto ele. Seu peito cedeu um pouco diante da mordida corajosa
de seus lábios.

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— Rachel. Querida... Você ainda quer que eu faça amor com você?
As palmas de suas mãos estavam úmidas e deslizaram sobre o volante. Antes que
perguntasse, ele não tinha ideia do medo que estava sentindo que ela voltasse atrás. Ele
entenderia. Esperaria para sempre se preciso fosse, mas queria ser capaz de tocá-la novamente,
mais do que já quisera qualquer outra coisa.
Ela se virou, e seus olhos brilhavam suavemente sob o conjunto de luz fraca da varanda.
Havia muito refletido em seus olhos. Medo, hesitação, esperança e desejo. Determinação.
— Venha para dentro comigo, Ethan.
A voz rouca enviou uma onda de choque sobre sua pele. Sua virilha apertou até que ele se
moveu para aliviar o desconforto. Ela pegou sua mão, os dedos tremendo contra os dele.
Entrelaçou os dedos com os dela, enroscando-os bem e apertando tranquilizadoramente.
Finalmente, levou a mão aos lábios para beijar cada junta.
— Vamos, — ele sussurrou.
Ambos abriram suas portas e correram para a varanda. Quando ele se atrapalhou
desajeitadamente na maçaneta, Rachel inclinou-se contra a porta de entrada e dissolveu-se em
risos.
Surpreso ao ouvir o som festivo, ele parou quando a porta estalou. Os olhos dela brilhavam
alegremente e engasgou para respirar enquanto segurava a barriga.
— Que par nós somos. Era assim que agíamos quando namoramos? Nervosos como dois
gatos e tão ansiosos para ir para a cama que nos atrapalhávamos dessa forma?
Ethan sorriu, e depois uma risada escapou, seguida por gargalhadas sem rodeios. A tensão
evaporou, e ele inclinou-se contra a porta enquanto limpava os olhos.
— Acho que parecemos um pouco desesperados. Bem, eu estou. Um homem fica todo
impaciente quando sexo é mencionado.
Ela sorriu novamente e empurrou o cabelo para longe de sua face.
— Bem, estou feliz por você ser um rapaz normal. Seria difícil seduzi-lo se nunca tivesse sexo
na cabeça.
Incapaz de resistir a ela por mais tempo, puxou-a em seus braços e colocou a cabeça dela
sob o queixo. Ela apenas parecia... certa. Se ao menos tivesse visto isso antes.
Fechou os olhos e afugentou as memórias. Não esta noite. Não quando tudo poderia ser tão
perfeito novamente.
Empurrando com o ombro, abriu a porta e puxou-a com ele. Ciente de seu desconforto com
o escuro, imediatamente estendeu a mão para o interruptor, inundando a sala de estar com luz.
Ele a tocou de novo, mais para tranquilizar-se do que a ela. As pontas dos dedos roçaram sua
bochecha e depois sua mandíbula.
— Espere aqui. Voltarei para você em poucos minutos. Quero que seja perfeito para você.
Ela inclinou a cabeça para o lado e olhou para ele em confusão.
Ele sorriu e se inclinou para beijá-la no nariz.
— Satisfaça-me. Deixe-me tentar ser romântico e todas as coisas que as mulheres
supostamente adoram.

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A confiança em seus olhos escuros o humilhou. O fez querer ser melhor. Ser digno. Não
desapontá-la, maldição.
Ele se virou e correu para o quarto. Parou no meio do espaço e virou em vários círculos,
procurando, inseguro do que queria ou onde encontrá-lo.
Velas. Rachel adorava velas. Sempre tinha várias espalhadas pela casa.
Onde diabos elas estavam agora? Ele não jogou nada fora, mas sua mãe viera e encaixotara
um monte de coisas. De maneira nenhuma queria remexer na garagem quando Rachel estava
esperando por ele.
O armário.
Abriu a porta e acendeu a luz. Várias caixas estavam empilhadas na parte de trás. Esperando
que as velas estivessem em uma delas, arrastou a de cima para baixo e arrancou a tampa.
Bufou de frustração quando descobriu bugigangas sortidas, então abriu a segunda caixa. Um
leve aroma floral flutuou logo que a tampa se abriu. Dentro havia várias velas em tamanhos
variados. Perfeito!
Agarrou todas que poderia carregar, em seguida, voltou para o quarto e colocou-as
estrategicamente ao redor do ambiente. Satisfeito com a colocação, voltou para a cozinha para
pegar os fósforos.
Alguns minutos depois, o quarto estava iluminado pelo brilho de uma dúzia de velas. Não
era a configuração mais perfeita, mas serviria.
Agora, trazer Rachel.
Arrastando uma mão sobre o cabelo e, em seguida, na frente de sua camisa, respirou fundo
para firmar sua pulsação disparada e caminhou de volta para a sala, onde Rachel estava na porta
de vidro olhando para a noite.
Ele veio por trás dela e deslizou as mãos sobre seus braços e ombros. Seu cabelo flutuou e
pegou a luz. Ele olhou por um momento e então se inclinou para baixo, afastando o cabelo para o
lado com a boca, enquanto se aconchegava em seu pescoço.
Seus suspiros suaves de contentamento enviaram uma onda de satisfação até ele. Adorava a
suavidade de seu pescoço e os curtos cabelos sedosos em sua nuca. E o seu cheiro. Tão feminino e
suave. Inalou profundamente e beijou a área logo atrás da orelha, desfrutando de sua traidora
contração.
— Vem para o quarto comigo?
Ela se virou e colocou os braços em volta de seu pescoço, inclinando-se na ponta dos pés
para que sua boca estivesse perto da dele.
— Estou muito nervosa, — ela admitiu. — Quero que saiba disso. Não tenho medo. Sei que
você não vai me machucar! Eu nem tenho certeza de por que estou tão ansiosa. Eu quero tanto
isso, mas meu estômago está vibrando como um louco.
Ele acariciou seu rosto, traçando as linhas de sua mandíbula e lábios.
— Estou nervoso também, querida. Estaremos nervosos juntos. É um momento importante.
Nós dois queremos tanto. Só precisamos relaxar e ir devagar. Iremos juntos.
— Oh, eu gosto disso, — ela arfou. — Juntos. Faça amor comigo, Ethan.

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Ele pegou a mão dela e puxou-a para o quarto. Quando entrou, ela parou e virou em um
círculo, os olhos arregalados diante de todas as velas tremeluzentes.
Ele se inclinou para acariciar seu ouvido.
— Achei que você aprovaria.
Ela suspirou e se inclinou ao seu toque.
— Não precisava fazer tudo isso.
— Mas eu queria. Eu quero que seja perfeito.
Rachel virou-se e deslizou as mãos pelo peito dele até os ombros. Amava os contornos duros
de seu corpo, as leves depressões, as elevações. Perfeito! Como poderia ser qualquer outra coisa?
Isto era o que ela esperava.
— Será, Ethan.
Ele abaixou a cabeça. Ela inclinou a dela para o lado. Suas bocas estavam a apenas uma
polegada de distância. O primeiro toque de seus lábios enviou um arrepio na espinha.
Leve. Requintadamente terno. Envolveu as mãos atrás do pescoço dele e puxou-o para mais
perto. Dessa vez, ela aprofundou o beijo, ela exigiu mais.
Sentia-se deliciosamente devassa, e pela primeira vez em mais tempo que conseguia se
lembrar, sentiu-se bonita e desejável.
As mãos de Ethan correram pelas costas, então mais abaixo, até que ele espalmou seu
traseiro. Apertou levemente, espremeu e amassou sua bunda.
Adorava o sabor que ele tinha. Era difícil colocar um rótulo nele. Parte disso era o cheiro.
Forte e masculino. Ela beijou a linha ao longo de sua mandíbula, em seguida, puxou a cabeça mais
abaixo para que pudesse provar seu pescoço.
Quando encontrou o lóbulo de sua orelha, ele soltou um silvo longo. Com um sorriso, ela
chupou o lóbulo entre os dentes e brincou com sua língua.
— Você percebe que eu supostamente deveria seduzir você, — ele rosnou.
Ela riu e simplesmente deixou a alegria do momento correr sobre ela.
— Que tal um seduzir o outro?
Ele capturou seus lábios novamente.
— Eu posso trabalhar com isso.
Seus beijos se tornaram mais quentes, mais ofegantes, menos provocantes. O desejo
enrolou profundamente em sua barriga, mais e mais, se espalhando em ondas.
— Primeira regra da sedução. Pelo menos um de nós tem de ficar nu. De preferência você,
— ele murmurou.
A apreensão nervosa foi substituída pela excitação. O que era bobagem. Ele já a vira nua.
Muitas vezes. Fizeram amor antes. Mas, para ela, era como a primeira vez, novamente.
— Ei, — ele disse suavemente. Afastou-se e colocou um dedo sob o queixo dela, fazendo-a
olhar para ele. — Faremos tão lentamente quanto você precisar. Se eu pudesse fazer amor com
você totalmente vestida, eu faria isso, mas acho que nós dois sabemos que não é uma opção.
Ela riu e sentiu um pouco de seu mal-estar abandoná-la.
— Não vamos ser muito lentos ou estaremos velhos e decrépitos antes que façamos amor.

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— Mmm, pretendo fazer amor com você até que me coloquem na sepultura. É para isso que
fazem o Viagra.
Ela se inclinou para ele e abraçou-o ferozmente enquanto outra risada escapava.
— Faço um trato com você. Nós nos despiremos juntos. O último a ficar nu é um ovo podre.
Ela se afastou enquanto falava e imediatamente começou a tirar as roupas.
— Oh inferno não, — ele gaguejou. — Talvez você não se lembre em qual família
competitiva entrou.
— Enquanto você está falando, eu estou ficando nua, — ela provocou.
Um brilho malvado acendeu em seus olhos.
— Eu não consigo ver como eu perderei, de uma ou outra maneira.
Para sua surpresa absoluta, ele estava fora de sua roupa antes que ela conseguisse tirar o
jeans.
Toda a respiração deixou seu corpo enquanto ela olhava, hipnotizada, os contornos de seu
corpo musculoso. Quadris estreitos, ombros largos, um tórax rígido. Em sua virilha, um ninho de
cabelo escuro cercava sua sobressaltada ereção.
Sua boca se abriu e ela olhou com fascínio descarado.
— Inferno, Rachel, você já me viu antes, — ele murmurou.
Ela engoliu em seco e olhou para o rosto dele. Para sua surpresa havia um toque de
estranheza em seus olhos. Ela sorriu.
— Como você saiu de sua roupa tão rápido? Eu tinha uma cabeça de vantagem.
Ele sorriu, seus ombros relaxando.
— Você esqueceu que estive na Marinha. Você tem que ser capaz de se despir e dançar
muito rápido.
— Mas não tem toda a porcaria que nós, mulheres, temos que usar, — ela resmungou.
— Eu ficaria mais que feliz em ajudar, — disse ele inocentemente.
Ela deslizou o sutiã e a calcinha de seu corpo.
— Fique à vontade.
Ele se aproximou, e ela olhou uma vez mais para seu pênis. Queria tanto tocá-lo, e então
percebeu que não havia uma boa razão para que ela não pudesse.
Enquanto ele pressionava contra ela, ela se abaixou e circulou seu pênis com os dedos.
Ele gemeu.
— Você não joga limpo.
Fascinada pelas sensações duplas de dureza e maciez, ela acariciou, espantada quando ele
cresceu e ficou ainda mais duro em seu aperto.
— Você gosta disso? — ela perguntou.
— Inferno. Sim.
— Eu ainda estou vestida, — lembrou a ele.
— Não por muito tempo.
Apoiou-a na cama, suas mãos deslizando pelas laterais de seu corpo em direção aos quadris.
Seus polegares enfiaram-se no cós de sua calcinha e ele puxou.

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Uma mão deslizou para a parte de trás de suas costas e, em seguida, mergulhou no local
onde a calcinha cobria um pouco acima da fenda de seu traseiro. Acariciou e depois deslizou os
dedos mais abaixo, ao longo da costura, e ela estremeceu de prazer.
Ele obviamente sabia todos os seus pontos quentes. Na verdade, estava ansiosa para
descobri-los novamente com ele. Como era estranha a sensação de fazer amor com um homem
que se lembrava de seus pontos de prazer, quando ela mesma não lembrava.
— Eu amo a sua bunda. Eu seria um homem feliz se você nunca a cobrisse.
Ela corou com sua declaração, mas uma onda de prazer por sua aprovação correu
acaloradamente através de suas veias.
— Eu poderia arranjar para descobri-la para você regularmente, — ela ofereceu.
— Mmm, você o fará.
A calcinha caiu pelas pernas e agrupou em seus pés. A boca dele encontrou seu pescoço, e
ela inclinou-se para o lado para lhe dar melhor acesso. Enquanto ele beijava uma linha abaixo dos
ombros, movia as mãos para as alças do sutiã e puxou-as para baixo dos braços.
Quente e afetuosa, sua boca trabalhou mais abaixo, logo acima do formato de seus seios.
Seus dedos se atrapalharam com o fecho do sutiã e, finalmente, abriu, expondo os seios à boca
dele.
Ela prendeu a respiração e segurou-a quando seus lábios pairaram perigosamente perto de
seu mamilo.
Ela se ergueu, querendo aquele contato íntimo. Seus mamilos se enrugaram e formaram
pontos rígidos e sensíveis.
E então a boca dele se fechou em torno de um pico distendido.
Seus joelhos dobraram, e ela se agarrou desesperadamente nos ombros dele, em um
esforço para permanecer de pé. Ele chupou fortemente e esfregou a ponta com a língua.
O prazer passou como um raio agudo através de sua virilha. Sua pélvis apertou
insuportavelmente, e seu clitóris inchou e se contorceu. Ela queria que ele a tocasse lá, para aliviar
a pressão insuportável que crescia com cada golpe de sua língua.
Por um momento, perdeu o senso de tempo e lugar. Sentimento, sensação, coisas que tinha
sentido vazios por muito tempo, vieram correndo para ela de todas as direções. Ele a assustava e
emocionava em partes iguais. Por muito tempo as únicas coisas que sentiu foi medo e ódio.
Quanto mais poderosas eram as sensações de ser amada e estimada?
E então ele gentilmente a envolveu em seus braços, quase como se soubesse como ela
estaria fora de controle rapidamente. Ele era uma âncora em uma violenta tempestade. Sua
rocha. Sua proteção. Ela derreteu-se sobre ele, segurando-o com o que só poderia considerar
como desespero.
Ele a ergueu. Seus pés deixaram o chão, e ele levou-a para trás até que o colchão aparou
suas pernas. Então a abaixou, sempre muito cuidadosamente. Seus olhos perfurando-a. Sua
expressão era uma demonstração de sua feroz concentração. E determinação.
Suas costas encontraram a suavidade dos felpudos lençóis. Estremeceu quando, por um
momento, ele a deixou. Imediatamente sentiu-se destituída de seu calor.

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Mas ele voltou, arrastando-se até a cama. Pairou sobre ela, seu olhar tão intenso que ela
sentiu calor até os dedos dos pés.
— Eu me pergunto se você sabe o quanto você é linda para mim, — ele sussurrou enquanto
montava sobre ela.
Lágrimas súbitas nadavam em seus olhos, e ela sorriu para ele. Estendeu a mão para tocar
seu rosto, os dedos tremendo com a força de suas emoções.
— Agora, eu me sinto bonita.
Ele capturou a mão dela e apertou em seus lábios.
— Não quero que se passe um dia sem que você se sinta tão bonita como está se sentindo
agora. É minha obrigação lembrá-la a cada oportunidade.
Seu coração derreteu.
Ele pegou suas mãos e, lentamente, baixou-as para o colchão. Deslizou-as para cima, logo
acima da cabeça, até que olhou para ela, e ela estava deitada debaixo dele, completamente
vulnerável.
O pensamento devia assustá-la. Logicamente. Mas nunca me sentiu mais segura. Sorriu e
arqueou o corpo em um convite.
Com um gemido torturado, ele a beijou com fome, perdendo o seu controle mantido
rigidamente. Não apenas a beijava, ele devastava sua boca.
Quente. Profundo. Tão ofegante que ela nunca poderia alcançar. Sua língua deslizou sobre a
dela, saboreando, mergulhando até que tudo que podia sentir era o gosto dele. Tudo o que podia
sentir era ele.
Seu corpo desceu sobre o dela, a sua dureza fundindo com suas curvas mais suaves. Sua
ereção cutucou impacientemente a junção de suas coxas, mas ele não avançou. Ela envolveu seu
pênis, a deliciosa sensação dele deslizando sobre sua carne mais tenra, tão erótica, tão
imensamente prazerosa.
Ela abriu as pernas e seu pênis saltou, colidindo contra o clitóris latejante e inchado. Gemia
baixinho e se retorcia sem descanso debaixo dele. Ele engoliu os sons que ela fazia. Devorou-os e a
ela com sua boca faminta.
O ano passado saiu de sua mente. Havia apenas o agora. Apenas o sentimento indescritível
de estar de volta nos braços de seu marido. Ele moveu-se sobre ela, grande e persistente. Ela se
sentia pequena debaixo dele, mas muito protegida e acarinhada.
Ele a consumia. Nenhuma parte dela foi deixada intocada. Suas mãos deslizaram para baixo
da cintura, para os quadris. Os dedos enrolaram debaixo de seu bumbum, e ele segurou-a
enquanto inseria sua coxa entre as dela para abri-la mais.
Então deslizou uma mão entre eles e ternamente empurrou o dedo entre suas dobras. A
ponta tremulava em seu clitóris, e ela reagiu de imediato, arqueando-se. Um gemido escapou de
sua boca.
Ele se apoiou em uma mão enquanto cuidadosamente explorava os tecidos delicados de sua
feminilidade. Deslizou um dedo dentro dela, testando sua disposição.

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Foi quase o suficiente para mandá-la completamente para fora do limite. Apertou-se em
torno de seu dedo, seu corpo tão tenso que temia estourar.
Ele trabalhou com o polegar sobre o nó firme escondido dentro de suas dobras, enquanto
deslizava outro dedo dentro dela.
— Ethan, por favor.
Não soava como ela. Esta mulher carente e irracional não era ela, era? Queria implorar.
Queria forçá-lo a pressionar dentro dela. Ela o queria mais do que imaginava querer alguma outra
coisa.
Como se estivesse sentindo como ela já estava longe, ele moveu seu corpo outra vez e
posicionou o membro em sua abertura. Acariciou-a com os dedos, mais uma vez, antes de mover a
mão para enlaçar seus dedos com os dela.
— Avise-me se eu machucá-la, — disse com voz rouca. — Quero você comigo todo o
caminho, querida. Se qualquer coisa que eu fizer assustá-la, me diga. Eu vou parar.
Em resposta, ela levantou os quadris, querendo que ele deslizasse para dentro.
Ele fechou os olhos, como se lutando por controle, e avançou para frente. Ela arfou com a
sensação dele abrindo-a, de seu corpo se estendendo para acomodá-lo. Era a sensação mais
magnífica e esmagadora que já sentiu.
Seus olhos se arregalaram, e sua respiração prendeu na garganta quando ele penetrou mais
fundo.
Ele parou e olhou para ela, os olhos preocupados.
— Tudo bem?
Ela assentiu, muito excitada e sem sentido para formar uma resposta coerente. As unhas
cavaram em seus ombros enquanto pedia silenciosamente que ele se apressasse.
Finalmente ele se moveu. Em um impulso forte, ele foi fundo. Sua boca se abriu em uma
exclamação silenciosa. Sua visão turvou. Tremia descontroladamente e segurou-o apertado. Ela
não iria durar. Foi a gota d’água. Fazia muito tempo.
— Por favor, — ela implorou.
Ela arqueou, torceu, se contorceu. Ele a envolveu e começou a empurrar forte e rápido. Oh
Deus, sim. Finalmente...
Ele havia sido terno. Ele queria ser terno, mas agora ela precisava que ele fosse forte. Duro.
Feroz. Para lembrá-la de tudo o que ela tinha perdido.
Seu protetor. Seu guerreiro.
Ela jogou a cabeça para trás, apertou os olhos e agarrou seus ombros tão apertado que
estava certa que deixaria marcas.
O atrito era tão maravilhosamente torturante que era quase demais para suportar. Ele
estava grosso e duro. Tão duro. Ele a encheu de novo e de novo, seu corpo dirigindo
inexoravelmente para dentro dela.
A tensão crescia. Ambos arfaram e se apertaram.
— Venha comigo, — Ethan sussurrou. — Fique comigo. Me ame!

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As palavras suaves foram um bálsamo para sua alma. Fechou os olhos, aconchegando-se a
ele e simplesmente se soltou.
Seus quadris moviam contra os dela. Ele ficou tenso contra ela e agarrou-a tão fortemente
quanto ela o prendeu. Seus corpos estavam entrelaçados com tanta força que não havia um
centímetro entre eles. Seus braços e pernas estavam entrelaçados enquanto seus quadris
ondulavam em ritmo frenético.
Ele enterrou o rosto em seu pescoço e sussurrou seu nome.
— Rachel.
Ela voou. Era a única palavra para descrevê-lo. Ela disparou. Eufórica, tão leve. Quase podia
sentir a adrenalina do vento no rosto. Levantou o rosto para o sol e sentiu o calor em sua pele
depois de tanto tempo no escuro.
E então flutuou para baixo, e Ethan estava lá para pegá-la. Flutuou preguiçosamente,
encontrando o lar em seus braços. Casa. Finalmente em casa.
Seus lábios encontraram os dela. Beijou-a longa e docemente. Lágrimas quentes escorreram
pelo rosto dela, misturado-se em suas línguas.
— Você está bem? — ele perguntou.
Ela o beijou de novo, muito satisfeita para dizer qualquer coisa. Não tinha certeza se tinha
palavras para descrever o que estava sentindo. Então não disse nada e balançou a cabeça.
— Eu te amo, querida. Nunca duvide disso.
Ela tocou seu rosto, acariciando seu queixo firme.
— Não duvidarei.
Com cuidado, se retirou de seu corpo e rolou para o lado. A trouxe para perto, tão perto que
podia sentir cada batida do seu coração.
— Obrigada, — ela sussurrou.
Ele enrijeceu, um pouco surpreso. Seus olhos ficaram intrigados quando olhou para ela.
— Pelo quê?
— Por me fazer sentir o amor novamente.
Encostou a testa na dela e passou os dedos através dos fios de seu cabelo.
— Você nunca vai conhecer outra coisa novamente, — ele prometeu.

CAPÍTULO 25

O sonho era escuro e feio. Ele bateu em um profundo nível emocional que a assustava. Ethan
estava lá, mas ele não era o confortador ou o guerreiro que ela tinha imaginado durante tanto
tempo. Ele estava furioso com ela.
O desespero que tomou conta dela nasceu do conhecimento que o que eles foram uma vez
um para o outro, estava muito longe, enterrado sob a confiança quebrada.

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Ela o encarou, assustada, sabendo que era isso. O fim de seu casamento, do seu amor. Ela
não era forte o suficiente para enfrentá-lo, mas ele não lhe deu nenhuma escolha. Ele queria que
ela soubesse. Por que foi ele tão inflexível?
Os olhos que tanto amava não estavam cheios de calor e apoio. Estavam duros e resolutos.
— Não, — ela sussurrou. Ela não queria vê-lo desta forma. Era apenas um sonho. Um
pesadelo. Ele não era real. Era?
Você é uma fraude. Seu casamento é uma fraude. Ele não ama você.
A voz sussurrou na parte mais vulnerável de sua alma. Torceu e girou os caminhos,
espalhando desespero em sua esteira.
— Não. Não!
— Rachel. Rachel, acorde, querida. É apenas um sonho. Volte para mim.
Mãos suaves acariciavam seu rosto, enxugando as lágrimas em suas bochechas. Seus olhos
se abriram e ela piscou para se ajustar à escuridão.
— Ei, — Ethan disse suavemente. — Está tudo bem. Você está segura, Rachel.
Ele a envolveu em seus braços e abraçou-a contra o peito. Seu coração batia
incansavelmente contra o peito dele, e ela lutou contra o pânico ainda à margem da sua
consciência.
Por que estava tendo esse sonho? Estava cada vez mais forte, não mais fraco. O seu pânico
não deveria ir embora, quanto mais tempo passasse após seu cativeiro? E por que estava
sonhando com Ethan desta maneira?
Um terapeuta, provavelmente argumentaria que a linha sobre seus medos inconscientes
estavam deixando sua cabeça confusa quando ela estava mais vulnerável.
Ela se aconchegou mais perto de Ethan, segurando-o tão apertado quanto poderia, como se
pudesse apontar e dizer: Vê? Ele não me odeia. Ele está aqui. Ele me ama.
Ele beijou o topo de sua cabeça e acariciou sua pele gelada. Ela não usava nada após
fazerem amor, e suas mãos deveriam parecer mágica em sua pele. Em vez disso, ficou tensa, o
medo enchendo-a.
Talvez realmente estivesse louca.
— Querida, fale comigo, — murmurou Ethan. — Do que tem tanto medo? Pode contar sobre
o sonho?
Ela fechou os olhos novamente. O que poderia dizer? Poxa, Ethan, sonhei que você era um
verdadeiro bastardo e que me odiava. Isso certamente o faria sentir-se bem.
Mas precisava contar a alguém.
A ideia de ir ao terapeuta de quem Ethan conseguiu informações, a assustou. Isso a fez se
sentir fora de controle e indefesa. Mas talvez fosse hora. Talvez não pudesse fazer isso sozinha.

— Mas que porra é essa?


Sam parou de despejar o cereal em sua boca o tempo suficiente para lançar um olhar de
suspeita para Garrett, que estava lendo o jornal.

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Garrett bateu o jornal no balcão com força suficiente para chapinhar leite ao lado da tigela
de Sam.
— Fica frio, cara. Quem deu um nó em sua calcinha esta manhã?
Garrett fez uma careta para Sam, suas sobrancelhas desenhadas em uma nuvem irritada. Oh
sim, Garrett estava irritado. Estava além de seu comportamento mal-humorado usual.
Garrett inspirou várias vezes para se acalmar. Preocupado agora, Sam empurrou a tigela
para o lado e estendeu a mão para o jornal.
— Despeje, pelo amor de Deus.
— Página três, — Garrett fervilhava.
Sam manuseou até a página em questão e rapidamente examinou o conteúdo. Parou
quando viu o nome Kelly em destaque predominante na manchete.
— Oh!
— Sim, — disse Garrett em desgosto. — Leia.
Sam leu o artigo anunciando o milagroso retorno de Rachel dos mortos. Quando chegou a
parte sobre o papel da KGI na história, os dedos apertaram até que as bordas do papel amassarem
em suas mãos.
— Maldição.
— Continue lendo, — Garrett disse severamente.
Nada foi deixado ao acaso. O vício de drogas de Rachel foi mencionado, mas nada dizia que
as drogas foram forçadas a ela. Só que estava lutando contra os efeitos da cocaína e heroína.
Chegava mesmo a sugerir que sua perda de memória não era real, que era um ardil para incitar
simpatia.
Sam não conseguia pensar além da raiva crescendo.
— Quem diabos contou a eles toda essa porcaria?
Garrett pegou o papel e, em seguida, apontou um dedo para uma parte do artigo.
— Leia.
As palavras vacilaram para frente e para trás até que Sam agarrou o pulso de Garrett para
deixar o papel estável. O artigo citava um membro próximo da família como fonte.
— Isso é besteira, — Sam explodiu. — De jeito nenhum, porra. Não há nenhuma maldita
maneira de um de nós ter vendido Rachel desse jeito.
Levantou-se, batendo o assento, e caminhou para frente e para trás na cozinha, tão furioso
que queria quebrar alguma coisa. Voltou seu olhar para Garrett, que parecia ainda mais irritado.
— Quem você acha que fez isso?
— Não fui eu. E com certeza não foi você. Não foi mamãe ou papai. E com maldita certeza
não foram Van, Nathan ou Joe. Quem falou sobre isso? Ninguém sabe este tipo de merda. Como
diabos saberiam tanto sobre a KGI?
— Sean sabe, — Sam murmurou.
Os dois irmãos trocaram olhares e ambos chegaram à mesma conclusão.
— De jeito nenhum ele faria isso, — Garrett disse. — Ele ama mamãe e papai. É
praticamente da família.

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Sam olhou para Garrett enquanto uma compreensão repentina o varreu.


— Rusty.
— Filha da puta, — jurou Garrett. — Eu vou matá-la. Mamãe não pode salvar seu traseiro
desta vez.
— Isso vai machucar mamãe, — Sam disse.
— O que a pequena cadela pensou que estava fazendo?
Sam suspirou.
— Rusty viu Rachel como uma ameaça desde o início. Ela é jovem e confusa e se ressentiu da
atenção que Rachel conseguiu quando voltou para casa. Acho que essa é sua maneira de rebaixá-
la um grau ou dois.
— Ela vai pagar, — Garrett disse friamente. — Ninguém trai a família assim. Não me importo
com o que mamãe diz. Quando o papai descobrir, ele vai concordar. Rachel vai ficar arrasada
quando ler isso.
— Preciso ligar para Ethan. Ele precisa saber, e vai querer enfrentar Rusty com a gente.
Garrett assentiu, seus lábios ainda uma linha apertada de fúria.
— Dia, — Donovan falou enquanto entrava na cozinha.
Ele olhou Sam e Garrett suspeitamente enquanto abria a geladeira e pegava o suco de
laranja.
— Se interrompi a violência, por todos os meios, voltarei atrás. É sempre bom ver o primeiro
derramamento de sangue da manhã.
— Rusty entregou Rachel, — Sam disse sem rodeios. — Está tudo no jornal.
Donovan franziu a testa, fechou a geladeira e se aproximou para pegar o jornal. Enquanto
lia, o franzido em sua testa se aprofundava.
— Filha da mãe!
— Sim, — disse Garrett.
— O que é que você está segurando? — Sam perguntou a Donovan, notando pela primeira
vez, os papéis na mão esquerda de Donovan.
Donovan olhou para baixo como se tivesse esquecido.
— Um e-mail que imprimi. Possível trabalho. Sei que dissemos que estávamos parados por
um tempo, até as coisas ficarem bem aqui com Rachel, e Cole e Dolphin terem tempo para sarar.
— Mas? — Sam perguntou. — Eu ouvi um definitivo “mas”, lá dentro.
Donovan corou de culpa.
— Eu poderia ter dito a eles que aceitaria, de qualquer maneira.
— Que porra é essa? — O rosto de Garrett ficou vermelho e tenso, como se fosse tudo o que
podia fazer para não explodir. — Eu sou o único idiota que ainda acha que isto é uma parceria por
aqui?
Sam levantou uma mão antes que Garrett estivesse completamente furioso. A culpa o
corroia. Garrett teria um enfarte se soubesse o que Sam ordenou que Rio fizesse, e que Sam
voltaria à América do Sul.
— Okay, conte, Van. Qual o show e por que você já concordou com ele?

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— É uma criança,— Donovan disse dolorosamente. — um caso de sequestro. Os pais estão


desvairados. Nenhum resgate foi pedido. A polícia esgotou todas as linhas. A esposa está
convencida que foi seu ex-marido, uma equipe de policiais prosseguiram mas ficaram sem saída. O
ex está vivendo fora do país, então ela quer alguém para quem isso não representaria um
problema.
Sam soprou sua respiração num exalar longo enquanto ele e Garrett trocavam olhares
resignados. Se envolvia uma criança, Donovan era um caso perdido. De nenhuma maneira ele teria
recusado.
— Okay, Van, você precisa nos dar detalhes e então precisa me dizer como diabos vamos
compartilhar isso.
Donovan encostou no balcão e cruzou os braços sobre o peito, os papeis ainda apertados em
sua mão.
— Rio está livre. Ele não pegou nenhuma missão, além da maldita missão de
reconhecimento na qual o enviamos. Steele está pouco se importando com aquilo.
Sam sacudiu a cabeça.
— Rio e sua equipe não podem fazer isso.
Garrett se virou.
— Por que diabos não podem?
Sam ignorou.
— Metade da equipe de Steele está fora do serviço por enquanto, e eu ainda acho que não é
uma boa ideia todos nós sairmos quando Ethan e Rachel vão precisar de todo apoio,
particularmente após as notícias desta manhã.
Donovan sentou-se no assento e pôs os cotovelos no balcão.
— Tudo bem, posso levar PJ, Renshaw e Baker. Você e Garrett podem ficar aqui e dar uma
olhada em Cole e Dolphin.
Sam olhou para Garrett, que não parecia inteiramente feliz com o arranjo, mas esse era
Garrett. Não gostava de nada em que ele não estivesse dentro e no planejamento desde o início. E
Garrett ainda estava olhando para Sam, o que lhe dizia que ainda não encerraram a questão sobre
Rio.
— Deixe-me ver o e-mail, — Garrett grunhiu.
Os cantos dos lábios de Donovan se franziram, mas ele tirou o sorriso forçado de seu rosto, o
que foi bom, já que isso apenas teria irritado Garrett ainda mais.
Enquanto Garrett lia, soltou uma maldição.
— Cristo, uma criança de apenas quatro anos. Você deixou de mencionar que o ex é um
molestador de crianças convicto.
Donovan deu de ombros.
— Quer ele seja ou não, ainda quero ir atrás da criança. A mãe está louca. O marido atual
adotou a filha. Ele a criou desde que ela era uma garotinha. Está destruído pelo fato de ninguém
poder lhes ajudar. Somos sua última alternativa. Eu não poderia dizer "não".
— Sabe onde ele se esconde, Van? — Sam perguntou.

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— Tenho uma boa ideia. Fiz algumas investigações. Hackeei suas finanças. Ele está vivendo
em algum maldito buraco no México. Podemos entrar. Nunca saberá o que o atingiu. Acho que
conseguiremos pegar a criança e estar de volta em 48 horas.
— É melhor você falar com Steele e o deixar a par do caso. Ele vai querer ir. Deixe claro que
ele está fora das missões por um tempo. Vai irritá-lo que você esteja levando sua equipe, mas ele
vai superar. Você precisará de tempo para acertar tudo, obter as informações que precisa e reunir
seus homens. Você não irá às cegas, Van. Espere até termos todas as informações e então poderá
ir.
— Sim, sim, entendi. Se você dois terminaram de serem maternais comigo, irei fazer
algumas chamadas enquanto saem e descobrem onde Rusty se escondeu. Desculpem, mas eu
passo essa tarefa.
Sam assistiu seu irmão sair da cozinha, os papéis firmemente apertados na mão.
— Van.
Donovan parou e virou, a sobrancelha arqueada em questionamento.
— Mantenha-se afastado, okay? Vou puxar o plugue sobre isso em um nano segundo se eu
achar que sua cabeça está se envolvendo mais que deveria.
Os lábios de Donovan se franziram em desconfiança.
— Eu não lhe digo como lidar com sua merda, Sam. Acalme-se! Steele e eu podemos lidar
com isto dormindo.
— Muito bem...
Sam virou para Garrett após Donovan ter saído.
— Você vai ligar para Ethan ou eu ligo?
— Nenhum de nós vai ligar para ele ainda. Não até me dizer que porra está acontecendo
com Rio, — Garrett disse.
— Ele está ocupado, — Sam disse brevemente.
— Sim... Com o quê?
Sam bufou.
— Maldição, Garrett.
— Não minta para mim, — Garrett rosnou. — Que diabos está acontecendo com você e Van
tomando decisões unilaterais por aqui?
— O enviei de volta para a Colômbia, — Sam disse firmemente. — Vou me reunir a ele em
alguns dias e iremos atrás daqueles bastardos. Quero informações, e não importo como as
obteremos.
Os olhos de Garrett brilharam com raiva.
— Você o enviou de volta. Sem me dizer. Você vai voltar sem mim?! Que outra coisa está
fazendo sem mim, Sam?
— Corte o sermão, Garrett. Foi precisamente por isso que não contei a você. Você teria
irritado a todos nós e não iria querer ir conosco.
— Maldição. É claro que eu iria.
Garrett levantou e bateu as mãos na mesa.

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— Esta não é apenas sua família, Sam. Você não é o patriarca sozinho do clã. Eu já entendi.
Você quer proteger a todos e assumir a responsabilidade como um bom soldado. Bem, adivinhe?
Essa não é a maneira como funciona. Somos uma equipe. Lembra? Vivemos e morremos pela
equipe. Suas palavras. Não minhas. Ou acha que essas regras se aplicam a todos , exceto você?
— Tomei uma decisão. Eu vou assumir.
— Estou me fodendo para o que você decidiu. Se acha que vou deixá-lo sair em alguma
missão prematura de vingança, você está louco.
Sam também levantou e encarou Garrett.
— Precisamos de informações, Garrett. Precisamos saber porque diabos mantiveram Rachel
como uma maldita prisioneira e a trataram como um animal, durante um ano.
Garrett fungou e não recuou. Ficaram nariz a nariz, encarando um ao outro.
— Não contesto que precisamos de informações. Você gosta de rodar através dessa palavra
sem dar nada de si mesmo. Pense, Sam. Use sua maldita cabeça por um minuto. Você iria voltar à
América do Sul sem nos dizer merda nenhuma. Iria acabar em merda. Que diabos eu deveria dizer
a mamãe e papai? O que diabos eu deveria fazer quando sequer saberia onde procurar por você?
É estupidez e você sabe ou não estaria escondendo de mim.
— É vingança. É confuso. Não é honroso, e não posso pedir a você ou a alguém nesta família
para fazer o que eu tenho que fazer, — Sam disse com raiva.
— Sempre o maldito Capitão America, — Garrett disse zombando. — E sobre Ethan e o que
ele tem de fazer? Rachel é sua esposa. Por que você está lutando suas batalhas por ele?
— Porque ele é meu irmão.
Garrett o olhou nos olhos. Ele não estava recuando, mas havia compreensão lá, onde antes
havia apenas raiva.
— Você não vai sozinho.
— Você não vai, Garrett.
— Tente me impedir.
Sam rangeu os dentes em frustração.
— Maldição, Garrett.
— Eu vou ou tirarei Rio da missão agora.
Sam levantou uma mão à cabeça.
— Tirá-lo? Quando precisamos das informações? Você está louco? Temos que descobrir
porque pegaram Rachel. Há uma ameaça lá fora para minha família.
— Nossa família, — Garrett corrigiu. Enfiou seu dedo no peito de Sam para pontuar sua
afirmação — Nossa Família.
A intensidade na expressão de Garrett acalmou um pouco o nervosismo de Sam. Ele sabia
que se as situações fossem inversas, ele estaria tão irritado e determinado quanto Garrett. Isso
não tornava mais fácil capitular para nenhum dos dois.
— Filho da puta, — Sam xingou. Conteve algumas frases mais coloridas antes de Garrett
girar nos calcanhares, e exibir triunfo no rosto.
— Te peguei!

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— Está bem, está bem. Não espalhe isso.


Garrett deu de ombros.
— Agora, você vai ligar para Ethan ou eu ligo?

CAPÍTULO 26

Por uma questão de hábito, Geron Castle tinha uma variedade de jornais locais de todo o
estado do Tennessee entregue em seu escritório a cada manhã. Era sua prática beber duas xícaras
de café enquanto olhava as histórias de interesse humano.
Como político, olhava para qualquer ângulo para explorar, e pomposamente considerava
que mantinha contato com seu constituinte.
Olhava os de Knoxville, Nashville e Memphis primeiro. Então focava nas publicações
menores e bocejava através das pequenas cidades. Essas pessoas não tinham vidas. Gado, cavalos,
caça e pesca. Era tudo para o que pareciam viver. Era uma maravilha a taxa de suicídio não ser
superior neste estado onde Judas perdeu as botas.
Consolou-se com o fato que estes ignorantes, rústicos do sertão foram quem o colocaram no
Senado, e seriam indiretamente os responsáveis por ele agitar a sujeira de Polk County de seus
pés quando fizesse o salto à Casa Branca.
Estava bebericando sua segunda xícara e ociosamente contemplando suas férias iminentes
quando seu olhar brilhou sobre o artigo sobre uma residente de County Stewart, declarada morta
e que miraculosamente retornara após ter sobrevivido a um suposto acidente de avião na selva
Sul-americana.
Ele engasgou com seu café e salpicou tudo no colo quando leu o nome da mulher. Rachel
Kelly.
Ficou de pé, batendo as calças enquanto o calor chamuscava as porções mais tenras de sua
anatomia. Soltou uma série de maldições que teriam feito sua mãe lavar sua boca com sabão. Ela
era uma mulher devota, religiosa, e não tinha tolerância para comportamento herege.
Passara metade de sua vida seguindo seus ditames e exemplos. Outra metade passara
desviando tão longe do caminho da retidão quanto um homem poderia.
Não estava orgulhoso de seus pecados, mas tampouco estava arrependido.
E agora parecia que seus pecados estavam voltando para assombrá-lo.
Atirou a xícara para o lado, ignorando a mancha no tapete e a linha de líquido sobre sua
mesa. Arrebatou o papel de volta e leu o artigo na sua totalidade.
Era um desastre. Não apenas desastre, mas o fim de sua carreira. O final de sua presidência
antes que ela sequer começasse.
Como diabos a putinha estava viva?
O maldito cartel de drogas ferrou com ele. Qual a possível motivação que tiveram para
renegarem o fim de seu acordo, ele não sabia, mas não ficariam longe disso.

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Agarrou o telefone e começou a discar, e então colocou-o no gancho, balançando a cabeça


por sua estupidez. Este lugar não era seguro para fazer uma ligação tão importante. Tampouco
poderia usar seu telefone celular.
A impaciência e o pânico competiam por igual atenção. Arremessou sua cadeira para trás e
correu de seu escritório, passando por sua secretária assustada, que provavelmente viu a bagunça
que fizera em sua roupa.
Então ele se forçou a se acalmar. Nada de bom aconteceria se atraísse atenção indesejada.
Forçou um sorriso para sua secretária e lhe disse que estava indo para casa trocar de roupa. Um
pequeno acidente, ele disse com um sorriso falso.
Dirigiu para fora da cidade, dando graças por não estar em Washington quando o artigo foi
lançado. Nem sempre obtinha os jornais em sua residência ou no seu escritório. O que teria
acontecido se tivesse perdido isso?
No primeiro posto de gasolina com um telefone público ele voltou a si, saltou e se certificou
que ninguém estava perto o suficiente para ouvir sua chamada. Então, deu um telefonema. Suas
instruções foram claras.
O cartel estava ferrado. Ele não precisava de testemunhas. Qualquer um que pudesse ligá-lo
ao tráfico de drogas tinha que morrer.
E Rachel Kelly precisava voltar para a sepultura.

CAPÍTULO 27

Rachel desligou o telefone com as mãos trêmulas, e então virou-se para Ethan, rezando para
não parecer tão doente quanto se sentia. Seu estômago se agitou, e estava eternamente grata por
ter recusado o café da manhã.
— Ela vai me ver de imediato, — disse em voz baixa.
Ethan diminuiu a distância entre eles e puxou-a para seus braços. Ela se agarrou a ele, sua
âncora, a única coisa em seu mundo que fazia sentido agora.
— Você quer que eu vá?
Ela hesitou, porque mais que qualquer coisa, queria que ele fosse com ela. Estava com medo
e não queria fazer isso sozinha. Mas pior que seu medo de estar sem Ethan, era seu medo que ele
descobrisse porque ela finalmente concordou em ir ao terapeuta. Como poderia encará-lo e
relatar as coisas horríveis que sonhou à noite, quando ele tinha sido tão absolutamente
maravilhoso para ela?
— Não, preciso fazer isso sozinha.
Seus lábios tremiam tanto que mal conseguia começar a soltar as palavras sem desejar
vomitar. O pensamento de ir a uma estranha e colocar sua alma para fora, a aterrorizava.
Ele se inclinou e roçou os lábios nos dela. Então, aprofundou o beijo, buscando e explorando
sua boca.

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Quando ele se afastou, os dois estavam respirando com dificuldade, e os lábios dela estavam
inchados e formigando.
Enfiou a mão no bolso e tirou um celular, e o colocou no balcão ao lado dela.
— Este é seu. Eu programei o meu número, assim como todos os outros da família. Sean, o
xerife, e todos os assistentes. Qualquer um que consegui pensar que você poderia precisar. Se
mudar de ideia, me chame. Estarei lá assim que puder.
Ela sorriu e se inclinou para ele, circundando sua cintura com os braços. Apertou-o, contente
por poder sentir e agir de forma tão carinhosa com ele depois do terror dos seus sonhos na noite
anterior. À luz do dia, eles desapareceram e a fizeram se sentir boba e conservadora.
O telefone tocou, assustando-a. Raramente recebiam chamadas, e tinha certeza que era por
que a família de Ethan estava respeitando sua privacidade.
Tentativamente alcançou-o para atendê-lo, lembrando que esta casa era sua também.
Realmente sorria quando levou o telefone ao ouvido. Sua casa. Seu telefone.
— Alô?
Houve uma pausa curta e então a voz de Sam soou em seu ouvido.
— Ei, Rachel, como vai?
Seu tom era gentil como sempre, e lembrando quão abrupto e desbocado ele era com seus
irmãos, ela sorriu. Por uma vez o pensamento do grande homem não a intimidava.
— Oi, Sam. Estou bem.
— Isso é ótimo, querida. Ethan está por perto? Preciso falar com ele por apenas um minuto.
— Certamente. Ele está logo aqui.
Ela se virou e passou o telefone para ele.
Ele lhe deu um beijo rápido e então pegou o telefone.
— Alô?
Rachel se moveu para dar-lhe espaço, mas mesmo do outro lado do quarto, sentiu a raiva
súbita emanar dele.
— Que diabos? Você está me irritando.
Ela estremeceu e ficou preocupada ao ver o rosto de Ethan nublado em fúria.
— Você terá de vir aqui me pegar, preciso de uma carona. Rachel vai levar a caminhonete.
Ainda não comprei um carro novo para ela.
Olhou para ela enquanto falava e fez um esforço para relaxar sua expressão.
— Sim, me dê meia hora, okay? Você não vai ferrar ninguém lá sem mim.
Ele desligou o telefone e enrolou o punho em uma bola apertada. Parecia olhar para o
mundo como se quisesse esmagar algo, mas estava lá, inspirando e expirando, ao invés disso.
— Ethan? — ela perguntou com cautela.
Ele lentamente relaxou seu punho e olhou para ela. Até tentou sorrir.
— Está tudo bem, querida. De alguma forma Rusty aprontou alguns estúpidos ardis. Sam
quer ir lá e dar-lhe o castigo. É tempo de mamãe perceber. Esta menina é problemática, e desta
vez foi longe demais.
Rachel franziu a testa, infeliz.

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— Oh, isso é muito ruim. Tente não ser muito duro com ela ou sua mãe. Rusty teve
momentos tão ruins. Ela parece tão frágil.
Para sua surpresa, Ethan sorriu, tanto que iluminou seu rosto inteiro. Cruzou o quarto e
tomou seus ombros nas mãos.
— Deus, você soa como você. Tão compreensiva e sempre olhando para os desafortunados.
— Estou tentando, Ethan. Realmente estou. Quero ser a Rachel que todos conheciam.
Apenas tenho que me lembrar dela primeiro.
— Eu sei, querida. Eu sei! Você deve pegar a estrada. Quero que seja cuidadosa, e se alguma
coisa assustá-la ou se apenas chegar lá e mudar de ideia, me chame. Eu irei imediatamente.
Ela levantou-se na ponta dos pés para beijá-lo.
— Certo. Eu prometo.

Rusty se sentou na beirada da cama olhando para os dedos que tinham perdido a sensação
cinco minutos atrás. Os nós dos dedos estavam brancos, mas não diminuiu o seu aperto sobre
eles.
Mesmo com a porta fechada, podia ouvir as vozes subindo pelas escadas da sala de estar.
Sam, Garrett e Ethan estavam lá, junto com Nathan e Joe, Marlene e Frank. Uma reunião família
regular. As únicas pessoas faltantes eram Donovan e Rachel.
Rusty franziu a testa, infeliz. Dessa vez, ela estava ferrada. E o pior era que não foi sua
intenção. Entretanto, nunca acreditariam nela. Eles queriam chutá-la, porque ninguém permitiria
que nada perturbasse a pobre e miserável Rachel.
Ela devia começar a empacotar suas coisas, mas não possuía nada quando chegara aqui.
Tudo fora comprado por Marlene e não sentia-se no direito de levá-los.
O nó foi crescendo em seu estômago. Estúpida, estúpida, estúpida. Não era a primeira vez
que era enganada por um rosto amigável. Quando iria aprender que ninguém jamais seria
agradável com ela sem um motivo oculto? Exceto Marlene. Rusty ainda não descobrira qualquer
motivo para a mulher ser tão boa com ela, além do fato de querer ser.
Ela gostava dos irmãos Kelly porque eles não fingiam. Eles não gostavam dela, não a
aprovavam, e não faziam segredo disso. Poderia lidar com esse tipo de aspereza. A verdade era
que ela também não era louca por nenhum deles, apesar de admirá-los de uma maneira meio
torcida.
Ela admirava todos os Kelly. Eles eram ferozmente leais uns aos outros. Ela queria isso.
Queria ser parte de algo grande e maior que a vida.
— Vai sonhando, — ela murmurou. Depois de hoje, estaria de volta às ruas tentando
descobrir de onde viria sua próxima refeição.
Passos pesados nas escadas a fizeram encolher-se. Apertou as mãos mais fortemente,
determinada a não deixar ninguém ver seus tremores traidores.
Sem bater. Sem dúvida, perdeu todos os privilégios que podia ter conquistado nesta casa. A
porta se abriu, e Nathan estava ali, sua expressão solene. Bem, pelo menos, seus olhos não

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soltavam faíscas de ódio. Ela sabia que devia correr tão logo enfrentasse a pequena brigada
protetora de Rachel.
— Mamãe quer ver você lá embaixo, Rusty.
Ela piscou um olhar ressentido em sua direção.
— Você na verdade quer dizer, que você e seus irmãos querem gritar comigo?
Nathan encostou-se na moldura da porta e a estudou com aquele olhar perturbador, que lhe
dizia que a entendia demasiadamente bem.
— Você não acha que eles têm razão?
Ela começou a esboçar alguma observação vulgar, mas fechou a boca. Ela não tinha defesa,
e ambos sabiam. Com um suspiro resignado, levantou-se de seu poleiro na cama. Melhor apenas
acabar logo com isso.
— Leve-me para enfrentar o fuzilamento, — murmurou.
Pior que Nathan tomando essa tarefa, era ele permanecer silencioso. Apenas a olhou com
aqueles olhos que viam demais. Preferia que ele rosnasse para ela ou dissesse que ela era
estúpida.
Injetando aço em sua espinha, de repente gelatinosa, desceu as escadas rigidamente,
temendo o final com cada passo. Estavam todos reunidos na sala de estar. Ótimo.
Desceu pesadamente as escadas, sem olhar para ninguém. Parada, podia sentir seus olhares
coléricos, sentir a raiva saindo deles em ondas. Pior, podia sentir a profunda decepção
proveniente de Marlene.
Ela mudou o olhar para Frank, e seu coração afundou quando não viu raiva, apenas tristeza.
Renunciando a um assento perto de qualquer um deles, empoleirou-se na lareira de tijolos.
Podia ouvir a ingestão de respiração enquanto se preparavam para lançar em um discurso retórico
como ela era malvada.
— Olha, — ela falou sem pensar. — Eu não queria fazê-lo. Sei que todos me odeiam. Eu
entendi. Estou fodida.
— Olhe a boca, mocinha, — Marlene disse em seu tom rude e maternal que Rusty amava
tanto. Talvez porque sua mãe nunca falara com ela desse jeito. Como uma verdadeira "Mãe".
— Eu só quero saber por que você fez isso, — Ethan exigiu.
Rusty olhou para cima e desejou não ter olhado. Ethan estava entre Sam e Garrett, e todos a
estava assustando terrivelmente. Eles estavam putos. Okay, ela entendia. Tinham o direito de
estar.
Sua garganta inchou e ela engoliu irritadamente. Maldição se eles a fariam chorar. Ninguém
poderia fazê-la chorar. Nem sua mãe louca e burra. Nem o estúpido marido de sua mãe que se
autodenominava padrasto de Rusty. Todos podiam ir direto para o inferno.
Surpreendentemente, Nathan veio em seu auxílio.
— Parem o interrogatório, — ele disse a seus irmãos. — Deixem-na contar o que aconteceu.
Vocês já julgaram e a condenaram. — Então ele se virou para Rusty. — Tudo bem, vamos ouvi-la.
Algo em sua expressão a fez querer se explicar. Ele a fez querer lutar por seu lugar nesta
família onde antes estivera preparada para dizer fodam-se todos vocês, e pegar a estrada

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novamente. Ela não tinha nenhuma experiência em como as pessoas a viam quando olhavam para
ela, mas podia jurar que era... confiança.
Olhou para onde Marlene e Frank se sentavam. O rosto de Marlene traía uma doída
expressão. Merda, ela parecia ter chorado. Frank... ele apenas parecia desapontado. Rusty
preferiria fincar um picador de gelo através de seus olhos que colocar esse olhar no rosto dele.
Então ela se virou de volta para Ethan, Sam e Garrett, e finalmente percebeu por que ela os
odiava tanto. Eles estavam putos além da razão porque Rusty fizera algo que feriu Rachel. Rachel,
Rachel, Rachel. Rusty não a odiava, mas ela a invejava tanto que era como veneno em seu sangue.
Ela queria que alguém se importasse tão fortemente com ela. Queria irmãos, uma família, que a
amassem e a protegessem de toda a merda ruim no mundo. Assim como estavam fazendo por
Rachel. Rachel, que estivera no inferno e não merecia qualquer mordacidade de Rusty.
— Eu só queria ser... um de vocês, — ela falou sufocada.
Uma lágrima rolou por seu rosto, e ela deu um tapa com as costas de sua mão contra ela,
mortificada que a vissem chorando como um bebê.
Os olhos de Sam piscaram, e seus braços encolheram em sua posição sobre o peito.
— Pode explicar isso? Como é que você está fazendo um trabalho de machado em Rachel e
coloca a KGI sob os holofotes vai nos fazer acreditar que gostaria de fazer parte dessa família?
— Eu não sabia que ele era um repórter, — disse ela miseravelmente. — Ele estava na festa,
então eu supus que era alguém que todos conheciam ou confiavam. Ele foi legal e engraçado e
parecia genuinamente interessado no que eu tinha a dizer. Ele queria falar com um membro da
família e me senti tão bem, por apenas um minuto, por fingir que eu era.
— Oh, querida, — Marlene sussurrou.
— Mas por que você disse essas coisas sobre Rachel? — Ethan exigiu. — Tem alguma ideia
do que isso vai fazer com ela quando ler sobre isso? Ela está no terapeuta, esta manhã, Rusty. Ela
está lá porque está prestes a desmoronar. Ela tem pesadelos. Tem medo de estar perdendo a
sanidade, e sua família é o porto seguro que ela deve ter, acima de tudo. Por que você tentaria
estragar isso?
Rusty abaixou a cabeça, não mais tentando esconder as lágrimas quentes que salpicavam
suas mãos.
— Eu não a odeio. Não queria machucá-la, eu juro. Simplesmente tudo saiu. Eu invejava a
maneira que todos pareciam se unir em torno dela. Estava com medo, agora que ela está de volta,
que Marlene não quisesse mais que eu ficasse. Pensei que talvez eu fosse uma fraca substituição
para Rachel.
— Rusty.
Ela girou a cabeça rapidamente na direção da voz grave de Frank. Até os outros pararam o
que quer que fossem dizer. Era óbvio que respeitavam o pai. O amavam e ele influenciava seus
filhos.
— Venha aqui, — ele ordenou enquanto empurrava sua cadeira para a frente.
Comas pernas trêmulas, ela se dirigiu para a lareira e ficou a poucos passos de onde ele
estava sentado. Sim! Deus, se ele a condenasse na frente de todos, iria matá-la.

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Não conseguia olhar para ele. Não poderia ficar para ver o julgamento em seus olhos.
Ao contrário, ele pegou a mão dela na sua, muito maior, enrugada e desgastada pela idade.
Apertou confortavelmente, e seu olhar atônito voltou-se para encontrar o dele.
— Você nunca foi uma substituta para Rachel. Marlene, abençoado seja seu coração,
decretou que você é parte do clã Kelly. Deus a ajude. Isso significa que para o melhor ou pior, você
é parte da família. Agora, nem todo mundo tem que gostar. Eu não posso protegê-la disso. Você
tem que ganhar o seu lugar nesta família. Não receberá automaticamente o respeito ou privilégio.
Deve conquistá-lo.
Seu queixo caiu. Ela não tinha nenhuma resposta, nenhuma defesa para a aceitação e o
perdão que via em seus olhos. Ela não merecia isso, mas ela queria. Oh Deus, queria tanto que
poderia sentir seu sabor.
Ouviu um protesto estrangulado atrás dela, mas um olhar de desaprovação de Frank
silenciou-o imediatamente.
— Você deve a Rachel um pedido de desculpas, — disse ele severamente. — Também deve a
meus meninos um pedido de desculpas por expor seus negócios.
— S-sim, senhor.
Ele balançou a cabeça em aprovação. Então seu olhar suavizou até que as linhas nos cantos
dos olhos enrugaram e se espalharam.
— Esta não será a última vez que você estraga algo. Só não faça disso um hábito. Por aqui,
nos responsabilizamos por nossos erros. Nós não nos escondemos deles. Entendido?
— Sim, senhor, — disse ela novamente, mais forte desta vez.

CAPÍTULO 28

Rachel tropeçou para fora do consultório da terapeuta, inalando o cheiro de tinta nova,
parede de gesso nova. O pequeno edifício inteiramente elegante era brilhante de novo. Era um
escritório lindo. Do tipo que você não se preocupa de ficar sentado enquanto espera horas para
ser atendido. Só que ela mal podia esperar para sair. As paredes estavam se fechando em torno
dela e por isso o seu pânico.
— Rachel.
A voz da terapeuta deslizou como arame farpado sobre seus nervos. Kate... Kate Waldruff.
Ou algo assim. Perfeitamente legal. Compreensiva. Profissional. Apropriadamente simpática. Era
tudo que Rachel poderia fazer para não colocar as mãos sobre as orelhas infantilmente.
Em vez disso, parou e virou-se para enfrentar a expressão preocupada da terapeuta. O
coração de Rachel batia tão dolorosamente contra o peito que colocou uma mão sobre seu peito,
como se para segurá-lo lá dentro.
— Eu gostaria que me deixasse chamar alguém para você, pelo menos. Você está
transtornada.
Rachel tentou sorrir.

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— Estou bem. Juro. Eu só quero ir para casa. Obrigada por tentar ajudar.
Kate suspirou.
— Eu não posso fazer milagres em uma única sessão, Rachel. Pense um pouco. Chame-me
de volta quando estiver pronta. Irei ajudá-la, não importa o que aconteça.
Rachel balançou a cabeça e fugiu do prédio de escritórios estéril, a luz do sol brilhante que
quase a cegou. Entrou no SUV de Ethan antes que cedesse para a coceira horrível.
Sentia a pele em carne viva. Formigas. Insetos. Milhares deles. Invadiram sua circulação
sanguínea, e havia apenas uma coisa que ela sabia que iria fazê-los ir embora.
Ela lambeu os lábios. Daria qualquer coisa por uma agulha. Qualquer coisa. Isso a
envergonhou, mas o desespero compunha muita vergonha.
A sessão a devastou. A fez se sentir tão nua, vulnerável e indefesa. Deus, odiava o
desamparo acima de tudo. Intelectualmente ela sabia, sabia que uma sessão não a curaria de
tudo. Mas de alguma forma, esperava por algum milagre, a terapeuta podia ouvi-la matraquear
sobre absolutamente nada e, em seguida, oferecer uma solução satisfatória. Então ela poderia ir
para casa, retomar sua vida e viver feliz para sempre.
A necessidade, dura e nervosa, levantou-se até que pensou que poderia enlouquecer com
ela. Agarrou o volante e olhou ao longo do estacionamento para a pequena mercearia do outro
lado da rodovia. Havia um adolescente fazendo acrobacias em seu skate.
Ele saberia como conseguir o que ela tanto precisava? Como ela abordaria tal assunto? Ei,
garoto, sabe onde eu posso conseguir drogas?
A porta estava aberta e as pernas balançando para que seus pés encontraram o pavimento
antes que ela percebesse o que estava fazendo. Ficou parada, blindada pela janela, olhando com
horror para o menino. Apenas uma criança. Alguém a quem ela estava perfeitamente disposta a
pedir para quebrar a lei.
Apertou o punho à boca para sufocar o soluço que saía das profundezas de sua alma. O que
estava pensando? Ela honestamente saíra da caminhonete com a intenção de comprar drogas?
Gostaria de dizer a si mesma, de jeito nenhum, nem no inferno, mas sabia que não era bem
assim. Se ele estivesse mais perto, se tivesse mais coragem, se ela não tivesse medo de arruinar o
que restava de sua vida, estaria lá em um batimento cardíaco, enfrentando tudo para o alívio
temporário da dor agarrando tão profundo que nunca poderia ser capaz de amenizá-la.
Antes que pudesse fazer alguma coisa incrivelmente estúpida, jogou-se de volta na
caminhonete e acionou a ignição. Com movimentos bruscos, colocou a caminhonete em marcha e
acelerou para fora do estacionamento em direção à casa.
Tremia da cabeça aos pés, as mãos batendo contra o volante. Lágrimas escorrendo dos olhos
até que mal podia ver a estrada à sua frente.
Sua vida chegou a isso? Ela finalmente chegou em casa, um lugar que se convenceu que
realmente não existia naqueles dias longos e angustiantes em cativeiro, somente para desperdiçar
qualquer chance que tinha de uma vida normal?
Por que estava tentando destruir sua própria vida? Estava fazendo o seu melhor para pensar
o pior do seu casamento, do homem que arriscou tudo por ela. Tinha uma família que a amava e a

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apoiava incondicionalmente, e estava preparada para arruinar, não só sua vida, mas a vida de um
garoto que ela nem conhecia, e destruir as pessoas que a amavam.
Talvez estivesse tão louca quanto secretamente temia. Talvez os bastardos que a
prenderam, a destruíram, depois de tudo.
Sentia-se completa e totalmente destruída.
Não tinha ideia dos quilômetros que percorreu, só que estava dirigindo muito rápido e de
forma imprudente. Algo profundo desmoronou e ela se sentiu precariamente suave. O som de
uma buzina retumbando arrancou-a de sua desolação tempo suficiente para desviar-se e voltar a
pista.
Puxou o ombro e desligou o motor, sabendo que não poderia dirigir nem mais um
quilômetro. Agarrou o volante na parte superior e escondeu o rosto contra os pulsos e chorou.

Sean Cameron chegou ao topo das colinas e automaticamente diminuiu quando viu o SUV
parado. Nenhum pisca estava ligado, apesar de conseguir ver alguém no banco do motorista.
Franziu a testa. Parecia muito com o veículo de Ethan. Mas o motorista era muito pequeno para
ser Ethan. Parecia mais com uma mulher. Ou um homem realmente baixo.
Ao se aproximar, passou a placa pelo rádio e ficou atrás do veículo. Não teve que esperar
que o despachante retornasse. Definitivamente era a caminhonete de Ethan.
Verificando o tráfego próximo, saiu e cautelosamente se aproximou. No espelho lateral
pegou a imagem de uma mulher inclinada sobre o volante. Rachel.
Ele tirou a mão do coldre e correu para frente. Ele podia ver seus ombros tremendo através
da janela, mas ela sequer registrou sua presença.
Sem querer assustá-la, cuidadosamente bateu no vidro. Ela reagiu violentamente, erguendo-
se, seu rosto devastado pelas lágrimas, olhando para ele. Suas pupilas dilatadas, com medo? Seu
peito se apertou com a ideia que ele, inadvertidamente, a assustou.
— Abra a porta, Rachel, — ele disse, alto o suficiente para que ela pudesse ouvir através do
vidro.
Por um momento pensou que ela fosse recusar, e depois seus olhos embotados em
resignação, e ela hesitantemente abriu uma fresta da porta.
Ele arrancou a porta de seus dedos e depois ficou sobre um joelho.
— O que está errado, Rachel? Você está bem? Teve um acidente?
Ele não podia ver qualquer dano ao veículo, mas não o contornara para uma inspeção
completa.
Um soluço baixo brotou de sua garganta e mais lágrimas escorreram pelo rosto.
— Você deveria me prender, Sean.
De todas as coisas que ele pensava que ela poderia dizer, isso não era uma delas. Ele
balançou, completamente atordoado por seu comunicado.
Olhou o tráfego com preocupação. Este não era o melhor lugar para conversar sobre porque
Rachel pensava que deveria prendê-la, e era óbvio que isto não era algo que seria resolvido em
um ou dois minutos.

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Ele se ergueu e alcançou delicadamente o cotovelo dela.


— Vamos sentar no meu carro comigo. Eu me sentiria melhor se nos afastássemos da linha
de tráfego. Então poderá me contar o que a está incomodando.
Ela parecia tão malditamente infeliz que o derrotou. Inferno, ele lidou com mulheres em
várias formas de aflição o tempo todo, através de seu emprego. Ele as prendeu, lhes deu más
notícias, tomou relatórios das abusadas, mas não conhecia nenhuma delas.
Ela olhou para frente, mordendo o lábio inferior como se não pudesse decidir o que deveria
fazer.
— Venha, querida, — disse ele um pouco mais vigorosamente. — Vamos falar sobre isso e
então eu a levarei para casa.
Ela virou seu olhar para ele e seus olhos se encheram de lágrimas novamente.
— Não posso ir para casa, Sean.
Inferno. O que se supunha ele deveria dizer? E onde diabos estava Ethan?
Ele levantou o braço dela, esperando que não lutasse com ele. Se abaixou para destravar o
cinto e a levantou de seu assento. Ela tropeçou enquanto saía, e ele envolveu um braço em torno
da cintura para apoiá-la enquanto andavam em direção ao carro de polícia.
— Não, não na parte traseira, — ele disse quando ela foi nessa direção.
Andou para o assento do passageiro dianteiro e a conduzia para dentro. Então ele se
apressou para o lado do condutor e deslizou ao lado dela.
Bateu seus polegares no volante por um momento e então abordou o assunto de frente.
— Por que você acha que eu a levaria presa?
Ela levantou a mão trêmula para a testa e fechou os olhos. Ele podia ver a dor profunda
sulcada em sua testa.
— Deus, Sean. Sabe o que eu quase fiz? Saí do consultório da terapeuta. — Ela parou e riu,
um som duro, quebradiço. — eu praticamente corri para fora do consultório. Tudo que eu
conseguia pensar era que bagunça minha vida é e como eu queria mais a agulha do que eu queria
viver. Olhei e vi um garoto andando com seu skate no estacionamento da mercearia. Um garoto,
Sean. E eu imaginei se ele saberia como encontrar uma dose. Saí da caminhonete antes mesmo de
perceber o que estava fazendo.
Ela murchou no assento, toda a luta completamente desaparecida. Havia um desespero tão
grande em seus olhos que o fez querer chorar como um maldito bebê.
— Maldição, Rachel. Você deveria ter me chamado. Ou Ethan. Ou alguém.
Ela ergueu a cabeça, os olhos avermelhados de exaustão e dura auto recriminação em suas
feições.
— O que eu deveria dizer? Que estou na maior merda do mundo? Que estou tentando meu
melhor para ferrar minha vida agora que a recuperei? Você tem alguma ideia do quanto eu me
odeio?
Sean a puxou para seus braços e acariciou seus cabelos.
— Se dê uma pausa. Você não fez isso. Está me ouvindo? Você não fez isso. Pode ter sentido
vontade, mas nada que possa me dizer irá me convencer que teria ido até o fim com isso. E eu,

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certo como inferno, não poderia prender alguém por querer cometer um crime, pelo amor de
Deus. Se fosse esse o caso, todo o maldito mundo iria estar na cadeia, incluindo você,
verdadeiramente.
Seu riso abafado soou ínfimo, mas pelo menos ela parou de chorar.
— Estou prestes a ficar louca, — disse contra a camisa dele.
Ele podia sentir o corpo suave dela estremecer e sabia que ela sofria. Como ela suportou
durante tanto tempo era um mistério para ele.
— Não tenho certeza se tenho uma mente ainda, — acrescentou.
Ele a segurou por um minuto e distraidamente correu a mão por seus cabelos.
— Você vai ficar bem. Provavelmente insistiu para ir sozinha esta manhã quando deveria
estar disposta a pedir ajuda. Está cercada por pessoas que largam tudo no momento que
percebem que você precisa deles. Precisa estar disposta a usar isso. Somos sua família. Isso é o
que as famílias fazem. É o que você costumava fazer por todos. Agora é nossa vez de recompensá-
la. Entendeu? Não tem que fazer isso sozinha. Precisar de ajuda não faz de você uma fraca. Você
não se lembra, mas quando eu trabalhei na primeira vez, levei um tiro porque fiz realmente uma
coisa estúpida. Eu era um recruta. Segunda semana de trabalho e pensei que sabia tudo. Entrei
numa situação sem apoio porque estava confiante que não precisava da ajuda de ninguém. Tenho
sorte de não ter morrido.
— Durante minha recuperação você e Marlene se revezaram cozinhando para mim. Você
limpou minha casa. Fez minhas compras de mantimentos. Assegurou que todas as minhas contas
fossem pagas. E me repreendeu interminavelmente para se assegurar que eu nunca faria algo tão
estúpido novamente. Agora, me diga se isso é diferente do que está acontecendo com você. Você
precisa de ajuda. Tem uma família que morre para mimá-la e estragá-la interminavelmente. Nem
todos são tão afortunados em ter uma família como a sua.
Ela se afastou e olhou para ele, um olhar confuso no rosto.
— Acho que estou sendo muito estúpida. Me sinto tão envergonhada. Me mata que não
posso simplesmente desligar essa necessidade. Na maioria dos dias estou bem, mas então, em
dias como hoje, preciso tanto, que sinto que vou morrer sem ela.
— Esses são os dias em que você precisa mais de sua família, — disse ele delicadamente.
Ela soprou uma respiração longa e vergou contra o assento.
— Vou levar você para casa. Ethan pode pedir a um dos seus irmãos para voltar e pegar a
caminhonete. Você não deve dirigir agora. Teve muita sorte de não estar enrolada num poste de
telefone.
Ela se ergueu e o abraçou tão apertado que ele ficou sem fôlego.
— Obrigada, — ela suspirou. — Muito obrigada.
Ele se afastou tempo suficiente para dar um duro olhar para ela.
— Prometa-me algo, Rachel. Prometa-me que se você se encontrar nessa situação
novamente, vai me chamar imediatamente. Não me faça responder a uma chamada porque você
se envolveu com a pessoa errada e terei que ser aquele a dizer a Ethan que você está morta.

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Ela estremeceu e seus olhos se arregalaram, mas ele não se arrependeu nem por um minuto
de amedrontá-la dessa vez.
— Prometo, — disse ela em voz baixa.
— Tudo bem, então vamos levá-la para casa.

CAPÍTULO 29

— Deixe isso com papai para fazer todos nós nos sentirmos como merda — Ethan
resmungou.
Sam riu e Garrett apenas fez uma careta.
Os irmãos estavam fora com Nathan e Joe, enquanto lá dentro, a mãe deles estava ocupada
enxugando as lágrimas de Rusty e estabelecendo a ordem. Novamente.
— É tão estúpido . Ela deveria ser mais esperta, — Garrett rosnou.
— Ela é uma criança, — Nathan disse em sua defesa. — Uma criança assustada e tensa que
nunca teve ninguém que desse nada por ela. Dê-lhe uma folga. Todos nós fizemos alguma bela
merda estúpida quando estávamos na idade dela.
— Fale por você, — Joe disse zombando. — Eu era um anjo.
As narinas inflaram.
— Onde está Van hoje, afinal? — Nathan perguntou. — Queria vê-lo antes de Joe e eu
voltarmos para Fort Campbell.
Sam e Garrett trocaram olhares e Ethan se inclinou para frente, interessado. O mesmo
fizeram Nathan e Joe.
— Pesquisando para uma missão que ele aceitou, — Sam disse.
A testa de Joe se arqueou.
— Ele aceitou? Aceitou sem você aprovar?
Garrett fez um som rude.
— Ele vai liderar o trabalho com parte da equipe de Steele. Sam e eu apenas não iremos
juntos.
Nathan fez uma expressão exagerada de choque.
— Você? O senhor Tenho que estar Envolvido em Tudo? Não vai?
Garrett ergueu o dedo médio.
— Vá se foder!
O telefone celular de Ethan tocou e ele rapidamente o tirou do bolso. Todos com quem teria
quaisquer negócios estavam com ele. Exceto Rachel.
Olhou para o visor de LCD e franziu o cenho. Sean? Abriu o flip do telefone e o colocou no
ouvido.
— Oi, cara.
— Ethan, oi. Olhe, estou levando Rachel para casa, mas preciso que um de seus irmãos vá
pegar sua caminhonete. Está no acostamento da 79 logo na saída da cidade.

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Ethan sinalizou para seus irmãos ficarem quietos.


— Que diabos? O que aconteceu? Por que Rachel está com você?
— Ela está bem, Ethan. Relaxe. Não quero falar disso por telefone. Estou à caminho.
Estaremos em sua casa em cerca de dez minutos. Apenas queria ter certeza que você estaria lá.
Ethan segurou o telefone em choque quando a chamada foi encerrada. Que porra é essa?
Sangue corria martelando em seus ouvidos. Porque ela não ligou para ele, e por que diabos sua
caminhonete estava no acostamento da Autoestrada. Ele iria acertar o traseiro de Sean por isto.
— O que aconteceu? — Sam perguntou.
Ethan guardou o telefone de volta no bolso.
— Olha, algum de vocês pode ir buscar minha caminhonete? Sean disse que está
estacionada na 79, logo fora da cidade. Ele está levando Rachel para casa.
— Merda, — Garrett xingou. — Rachel está bem?
— Sean disse que estava, mas não quis dizer mais nada. Preciso ir para casa. Ele disse que
estaria lá em dez minutos.
— Venha, — Sam disse em seu jeito de comando. — Garrett e eu levaremos você para casa.
Nathan? Pode ir com Joe pegar a caminhonete de Ethan e levá-la de volta para a casa dele?
— Sim, claro. Sem problema! — Nathan olhou na direção de Ethan. — Espero que esteja
tudo bem, cara.
Ethan não estava prestando atenção. Já estava subindo na caminhonete de Sam.
O percurso para casa foi silencioso, exatamente como queria. Ethan não tinha nenhum
desejo de falar ou especular. A preocupação estava fazendo um buraco em seu estômago. Nunca
deveria ter deixado Rachel ir sozinha, não importa o que ela afirmou. Ela teria sofrido um
acidente? A consulta com o terapeuta teria sido demais?
— Pare de se debater, — Garrett disse em voz baixa. — Você sequer sabe o que, e se algo
aconteceu. Se acalme.
Ethan soltou sua respiração em frustração e não respondeu.
Quando entraram na entrada da garagem, o carro patrulha de Sean já estava estacionado
em frente. Ninguém estava nele, e tão logo Sam parou ao lado dele, Ethan saltou e se apressou à
porta da frente.
— Rachel? — Ele chamou tão logo entrou. — Querida, onde está você?
Irrompeu na sala de estar para ver Rachel sentada no sofá, o rosto pálido e marcado, seus
olhos vermelhos e inchados de chorar. Sean estava sentado ao lado dela, e o alívio brilhou sobre
seu rosto quando olhou até ver Ethan. Ele se levantou e avançou para encontrá-lo.
O estômago de Ethan caiu enquanto olhava para Rachel. Passou por Sean, ignorando tudo,
exceto o olhar no rosto de Rachel. Ela parecia... perdida.
Sean voltou ao sofá e se inclinou onde Rachel podia ouvi-lo.
— Lembre-se de sua promessa. E conte tudo a Ethan. Vai ficar tudo bem, eu juro.
Ela concordou, mas desviou o olhar, como se estivesse tentando se segurar, sua compostura
se deteriorando rapidamente.

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Sean tocou Ethan no ombro e, em seguida, atravessou a sala para onde Sam e Garrett
estavam agora. Ethan se virou o suficiente para ver Sean levar seus irmãos para fora, e então ele e
Rachel ficaram sozinhos.
Algo na expressão de Rachel o impedia de ir até ela e tomá-la em seus braços. Havia algo de
tenebroso e terrível em seus olhos, e pela primeira vez desde que ela voltou para casa, sentiu
medo, real e tangível. Do que, ele não tinha certeza.
Oh, havia muitas coisas que ele tinha medo. Mas poderia dar nome a elas. Ainda estava
assustado que ela se lembrasse do otário que ele tinha sido, que ele pediu o divórcio, que fez
acusações terríveis e que fizera tudo em seu poder para afastá-la.
Mas isto. Isto era diferente e o medo o paralisava.
— Rachel.
O nome dela saiu num coaxar, e ele limpou a garganta, envergonhado que não pudesse ser
mais forte para ela.
— Sean disse que eu deveria saber mais sobre apoio em minha família, — disse ela,
surpreendendo-o. — Que eu não devo ter vergonha de pedir ajuda ou informá-lo quando as coisas
estão... ruins.
Ethan se sentou ao lado dela, ainda com medo de tocá-la. Havia um olhar tão ferido em seus
olhos. E se ela tivesse lembrado coisas sobre o passado? O casamento deles? Que completo
bastardo ele foi?
— Ele está certo! Não é para isso que estamos aqui? Nós amamos você.
Ela sorriu trêmula.
— Eu disse a ele que ele deveria me prender.
Ethan enrijeceu da cabeça aos pés.
— Que diabos?
— Eu estava muito confusa após a consulta da terapeuta, — ela disse, a voz trêmula com
emoção. — Não sei o que eu esperava. Bem, eu sei, mas foi estúpido e irreal. Eu queria que ela
agitasse uma varinha mágica e me curasse. Eu me senti tão impotente e com raiva. Deus, eu
estava com tanta raiva. Pensei que poderia explodir com ela. E então saí e eu precisei... Eu queria
uma agulha tanto, tanto que era tudo no que eu poderia focar.
Ela desviou o olhar, seus olhos caindo enquanto se enchiam de vergonha.
— Eu quase perguntei a um garoto se ele sabia como conseguir drogas, Ethan. Um garoto.
Meu Deus, o que eu me tornei? Eu era uma professora. E estava disposta a arruinar a vida de um
garoto, arrastando-o para o meu vício. Estava disposta a estragar a minha vida, o que sobrou dela.
Raiva súbita se alastrou por seu rosto, deixando-o vermelho enquanto seus olhos se
acenderam.
— Deus, pareço tão patética. Droga, Ethan, estou cansada de soar tão lamentável. “O que
sobrou da minha vida”. Basta! Basta, basta, basta — ela entoou. — Eu tenho muita sorte. Tive uma
segunda chance e tentei estragar tudo. O quanto isso é imperdoável? Tenho um marido e uma
grande família que me amam, e estava disposta a jogar tudo isso fora porque uma mulher me fez

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perguntas que me fizeram sentir impotente e inferior. — Ela se levantou, agitada, com as mãos em
punhos apertados e curvadas nas laterais do corpo.
— Bem, eu acabei com isso, — ela disse ferozmente. — Você me ouviu, Ethan? Eu terminei.
Esta necessidade dentro de mim está me matando, mas não vou permitir. Você está me ouvindo?
Eu não vou deixar. Posso estar louca, mas não vou deixar você ou minha família caírem. Eu não
vou me deixar cair.
Os ombros se soltaram, e por Deus, ela estava magnífica. Seus olhos estavam inchados,
tingidos de vermelho, e sua respiração saia em curtos, erráticos ofegos, mas era o mais animado, o
mais forte que a tinha visto, desde que ela voltou para ele.
— Venha aqui, — ele sussurrou, incapaz de obter as palavras ao redor do enorme nó em sua
garganta.
Nunca em sua vida se sentiu mais indigno dela. Se ele tivesse coragem, contaria tudo a ela.
Contaria a dura verdade e imploraria seu perdão. Imploraria pela chance de fazer as coisas direito.
Mas tudo o que podia fazer era segurá-la em seus braços e abraçá-la bem apertado. Ela
balançou contra ele, e ele percebeu que era a raiva rolando através de suas veias. Nenhuma
lágrima.
Era engraçado. Ele sabia o que fazer com a Rachel frágil e chorosa. Poderia segurá-la,
confortá-la, deixá-la inclinar-se sobre ele quando ela não tinha forças para ficar sozinha. Mas com
ela irritada e resolvida, ele estava perdido. Então, tudo o que podia fazer era segurar firme.
— Nunca tenha medo de me dizer nada, — ele sussurrou contra seus cabelos. — Não
importa quanta vergonha você possa sentir. Nunca irei julgá-la, Rachel. Eu te amo.
Suas palavras ecoaram em seus ouvidos. Ásperas? Tudo o que ele lhe disse era verdade e
fazia dele o pior hipócrita. O que ele esperava dela, ele mesmo não estava disposto a dar. A
verdade.
Fechou os olhos e escondeu o rosto no cabelo dela. Estava vivendo em um tempo
emprestado. Ela se lembraria. Não era uma questão de se, mas quando. Cada dia ela se lembrava
mais. Pequenos fragmentos. Memórias que empurravam para a superfície. Quanto tempo poderia
esperar para manter a verdade longe dela?
— Sinto muito, Ethan, — disse ela.
Ela se afastou e recostou-se em seu abraço, envolvendo os braços em volta do pescoço dele.
— Eu estava um pouco louca. Odeio a maneira como me senti, — ela sussurrou. — Por
quanto tempo mais vou viver com o vício? Já não foi o suficiente? Eu estou bem e então bum, do
nada minha pele é arrastada e eu quero alívio tão fortemente que acho que farei de tudo para
obtê-lo.
— Vou levá-la de volta ao médico. Vamos lidar com isso, Rachel. Eu juro. Se você não quiser
voltar para o terapeuta, vamos descobrir outra coisa. Juntos, podemos fazer isso.
Ela sorriu, e tirou seu fôlego. A esperança brilhou em seus olhos pela primeira vez desde que
ele entrou pela porta para vê-la tão devastada.
— Você está certo. Sean está certo. Podemos fazer isso, juntos. Eu vou fazer melhor, Ethan.
Eu só quero as coisas de volta do jeito que eram antes, — disse ela, pensativa.

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Do jeito que eram antes. Deus. Se ela soubesse. Era a última coisa que ele queria. Ele queria
que as coisas fossem diferentes. Nunca quis voltar para as coisas como eram antes que ela
partisse, antes que ele pensasse que ela estava morta.
Ele queria um novo começo para os dois. Mas para ter esse novo começo, teriam que
enfrentar o passado.

CAPÍTULO 30

Ethan lançou um olhar sobre Rachel para ver como ela estava lidando com a sala lotada. A
família se reuniu na casa de Nathan e Joe na noite passada por um tempo. Eles partiriam para uma
missão de treinamento em dois dias, e sua mãe precisava de uma desculpa para juntar a ninhada.
A noite deveria pertencer a Nathan e Joe, mas Rusty tomara o centro do palco com muitos
pedidos de desculpas moderadas. A reação de Rachel foi difícil de avaliar. Ethan não queria que
ela soubesse o que Rusty tinha feito, mas foi impossível esconder dela diante da exigência do
pedido de desculpas públicas de Rusty. Rachel permaneceu calma e passiva enquanto Rusty fazia
isso.
A coisa era, Rusty parecia sincera. Mesmo agora, a menina estava de pé, afastada, pálida,
linhas de preocupação em torno de seu rosto jovem. Inferno, em sua idade, tudo o que ela deveria
se preocupar era com meninos e toques de recolher.
Ethan suspirou e fechou os olhos brevemente. Estava muito cansado e se preocupar se Rusty
ia ou não ia dar a volta por cima não estava em sua lista de prioridades.
— Ei, você está bem, cara?
Ethan abriu os olhos para ver Donovan em pé ao lado dele, uma carranca no rosto.
— Sim, eu estou bem. Você não ia se dirigir em missão?
Donovan acenou com a cabeça.
— Amanhã de manhã. Tenho que acompanhar Nathan e Joe até a saída.
— Tem certeza que você não precisa de ajuda?
Não que Ethan quisesse deixar Rachel sequer por um minuto, mas não estava confortável
com a ideia de Sam e Garrett ficarem para trás, especialmente quando tinha certeza que estavam
grudando ao redor por sua causa.
— Não, eu estou legal. Vai ser fácil. O idiota nunca vai saber o que o atingiu. Além disso,
Rachel precisa de você. Sua única preocupação é ter certeza que ela está bem cuidada.
Ethan roubou outro olhar sobre Rachel, que estava calmamente ao lado de Marlene,
enquanto ela abraçava Nathan e Joe. De repente ele se viu erguendo-se, enquanto Donovan
segurava seu braço.
— Que diabos?
Donovan não falou muito. Ele só arrastou Ethan em direção à porta traseira, o que era muito
risível dado que Ethan tinha pelo menos treze quilos e cinco centímetros a mais que seu irmão
mais velho.

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Ainda assim, ele não lutou. O que quer que fosse que mordeu Van, Ethan percebeu que
precisava ser encaminhado antes que ele partisse na manhã seguinte.
— Okay, desembuche, — disse Donovan severamente quando estavam do lado de fora.
— Desembuchar o quê?
Donovan suspirou e apertou o dedo no peito de Ethan.
— Qualquer que seja o inferno que está incomodando você. Cara, você parece uma merda.
Provavelmente não dorme há dias. Fica o tempo todo olhando para Rachel com este olhar de
cachorrinho doente.
— Cristo, — Ethan murmurou. Ele certamente não percebera que estava sendo tão
malditamente óbvio.
— Que diabos está acontecendo? — Donovan perguntou em voz baixa.
Ethan passou a mão cansada sobre o rosto. Não queria envolver seu irmão. Não queria
envolver ninguém. Abriu a boca para dizer, nada, mas Donovan fez uma careta dirigida a ele. Van
não abordava muitas coisas. O homem era um modelo de descontração. Agora parecia tão
determinado quanto um pit bull mordendo um pedaço nobre de sua bunda. Ethan quase esfregou
seu traseiro com a imagem.
Olhou ao redor para se certificar de que ele e Donovan eram os únicos lá fora. Só porque
estava derramando suas entranhas a seu irmão não queria dizer que queria transmitir para o
mundo ouvir. Um era ruim o suficiente.
— Você se lembra de como as coisas estavam difíceis quando cheguei em casa. Depois do
aborto de Rachel.
— Sim, você demitiu-se do serviço militar. Foi um grande ajuste para você. Para os dois.
Ele sorriu para a demonstração de lealdade de Van. Realmente não a merecia, mas o fez se
sentir melhor.
— Eu fui um burro, — Ethan admitiu. — Fiz tudo que podia para afastar Rachel. Inferno, eu
não sei por que ela ficou comigo por tanto tempo, como ficou.
Donovan franziu a testa, as sobrancelhas se unindo em confusão. E então seus olhos se
arregalaram enquanto finalmente entendia que havia muita coisa que o resto da família não sabia.
— Rachel lembra de algo disso?
Ethan estremeceu pelo impacto direto. Então, balançou a cabeça.
Donovan soltou a respiração e enfiou as mãos nos bolsos.
— O quanto é ruim o que estamos falando aqui, Ethan?
— Eu disse a ela que queria o divórcio logo que terminasse sua viagem humanitária.
— O quê? Você disse a ela o quê? — Donovan fitou-o em estado de choque total.
— Eu soube no momento em que ela me deixou que não era o que eu queria, — Ethan disse
cansadamente. Como se isso fosse uma defesa para as coisas que dissera. — Tinha planos
grandiosos de me jogar a seus pés no momento em que ela chegasse em casa. Dizendo-lhe que
sentia muito e implorando outra chance. Deus, eu nunca tive a chance.

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— Puta merda, cara. Eu nunca imaginei. Quero dizer, o que diabos você vai fazer agora?
Quero dizer... — Ele olhou para Ethan por um longo momento, como se lutasse com o que estava
prestes a perguntar. — Você se sente preso? Quero dizer, você quer deixá-la?
Por um momento, tudo o que Ethan podia fazer era olhar. Era uma pergunta justa à luz do
que acabou de contar a Donovan, mas o simples pensamento de sair da relação enviou um calafrio
na espinha.
— Não. Não! Deus não. Estou preocupado, Van. Estou preocupado com o dia em que ela se
lembrar do bastardo que eu fui com ela. Eu... eu a amo.
— Você contou isso a mais alguém?
Ethan balançou a cabeça.
— Eu estava muito envergonhado. Estou fodido. Realmente fodido.
A mão de seu irmão caiu sobre seu ombro. Donovan apertou, e a simpatia brilhou em seus
olhos.
— Você cometeu erros, Ethan. Todos nós cometemos. O que importa agora é como você vai
seguir em frente. Você conversou com ela sobre isso?
Conversar. Se fosse tão fácil. Fechou os olhos e engoliu contra a raiva impotente queimando
em seu intestino.
— Ela está no limite, Van, — disse ele em voz baixa. — Não posso forçá-la muito mais. Nesse
momento a única coisa que ela sabe, é que eu a amo. Eu não posso fazê-la duvidar disso nem por
um momento.
— Merda, — Donovan arfou. — Eu sinto muito. Não sei o que dizer.
— Nada a dizer. Fiz minha cama e agora tenho que deitar nela e esperar no inferno que eu
não a perca depois que a tive de volta novamente.
— Você pretende dizer alguma coisa?
Ethan balançou a cabeça.
— Não, e eu prefiro continuar assim.
— Você vai conseguir. — Havia preocupação nos olhos de Donovan e talvez uma pequena
dúvida. Isso atingiu Ethan duramente na barriga. — É óbvio que você a ama.
— Eu nunca deixei de amá-la, — Ethan disse calmamente. — Mas estou preocupado que,
quando ela recuperar a memória, perceba que ela deixou de me amar há muito tempo.
Os lábios de Donovan apertaram em uma linha inflexível.
— De jeito nenhum eu acredito nisso. Ela te ama. Eu aposto minha vida nisso. Com memória
ou sem memória. Esse tipo de amor não acaba porque você foi um bastardo!
Um riso áspero passou através dos lábios de Ethan.
— Obrigado, eu acho. Estou contente por um de nós estar confiante.
— Se houver algo que eu possa fazer...
Ethan assentiu.
— Eu sei, cara. E aprecio isso. Mais do que você pode imaginar.
Estendeu a mão e Donovan fechou a sua para batê-la contra a de Ethan.

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— Boa sorte amanhã, — Ethan disse. — E tome cuidado. Garrett está prestes a ter um
ataque ao pensamento de você ir sozinho.
Donovan bufou.
— Ele apenas está chateado porque está fora de ação. Será bom para ele ter que sentar-se e
aguardar. O homem trabalha demais, demais. Terá uma úlcera antes dos quarenta. Se viver tanto
tempo.
— Meeerda. Não diga isso a mamãe. Ela perturbaria Garret até a morte.
Os dois homens pararam e olharam um para o outro imaginando a cena. Sorrisos
lentamente espalharam por suas faces e eles caíram na gargalhada.
— Oh, inferno. Garrett nos matará por isso, mas vai valer a pena, — Donovan gargalhou.
— Você quer dizer a ela ou eu digo? — Ethan perguntou enquanto seus ombros tremiam.
Sua mãe em uma missão era uma visão assustadora de se ver. Qualquer dica que um dos
seus pintinhos não estava como deveria estar, resultaria numa ação imediata.
— Não, eu digo a ela quando estiver de saída. Isso vai distraí-la da palestra, que ela com
certeza vai me dar.
Ethan bateu em Donovan nas costas. Era bom estar de volta entre os seus irmãos, mesmo
quando eles o irritavam além da conta. Já se sentia melhor. Alguns dos pesados mantos do
fracasso foram retirados e ele não se sentia tão pesado pelo medo e pela ansiedade.
— Tenha cuidado, okay? Quero você de volta inteiro.
Donovan revirou os olhos.
— Tudo bem, mamãe.
— Ethan?
Os dois homens se viraram ao som da voz suave flutuando pela porta dos fundos. Rachel
estava meio-dentro, meio-fora, olhando-os com uma expressão defensiva. Ethan teria dado
qualquer coisa para ser capaz de eliminar a incerteza em seus belos olhos.
— Ei, doçura, — Donovan disse suavemente.
Ela sorriu, e apagou as sombras, iluminando seus olhos.
— Oi, Donovan. Ouvi que vai partir amanhã. Espero que seja cuidadoso.
— Sempre. Estarei de volta antes que você perceba.
— Você precisa de alguma coisa, querida? — Ethan perguntou.
Ela franziu a testa por um momento e puxou o lábio inferior com os dentes, como se
procurasse na memória o porquê de ela estar ali fora.
Então levantou o olhar novamente, seus olhos brilhando com o reconhecimento.
— Nathan e Joe estão quase saindo. Vocês devem entrar e se despedir.
Ethan e Donovan foram em direção a porta dos fundos, onde Rachel estava. Ethan não pôde
resistir a soltar um beijo em seus lábios arrebitados. Ela sorriu debaixo da boca dele e ele devorou
seu sorriso, o mais profundamente que conseguiu. Ele vivia por seus sorrisos. Ele não os apreciou
por mais tempo do que poderia se lembrar.
Ela enfiou a mão na dele e caminharam de volta para a sala, onde Nathan e Joe estavam
sendo abraçados fortemente por seu pai.

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— Ei, aqui estão vocês, — Joe disse quando olhou para cima. — Pensei que talvez você e Van
já tivessem fugido.
— Se eu achasse que Mamãe nos deixaria fugir... — Ethan começou.
Nathan bufou e prontamente envolveu Ethan em um abraço. Bateram nas costas uns dos
outros e arremessaram alguns insultos. Sim, a vida era boa de novo.
— Seja cuidadoso, — Ethan advertiu. — Traga seu traseiro de volta aqui inteiro.
— Sempre.
Ethan virou-se para Joe, enquanto Van e Nathan faziam a sua festa de insulto mútuo.
— Você, cuide da nossa menina, — Joe disse numa voz grave enquanto se afastava do
abraço de Ethan.
— Sempre, — Ethan disse, ecoando o voto de Nathan.
— Okay, cara, — Nathan chamou Joe. — Vamos pegar a estrada.
Os dois homens ergueram as mãos e acenaram enquanto saiam pela porta da frente. A
família seguiu atrás, amontoando no pátio da frente enquanto os gêmeos subiam na caminhonete.
Ethan passou seu braço sobre os ombros de Rachel enquanto os assistia saírem.
— Alguém está pronto para um churrasco esta noite? — Sam perguntou. — Eu indico Garret
como voluntario para cozinhar.
— Legal, seu idiota, — Garrett murmurou.
Donovan riu.
— Eu estou dentro, poderia comer um bife grande e grosso. Tenho que manter a minha
força em dia.
— Eu vou pegar a carne enquanto você e Ethan vão comprar a cerveja, — Sam disse a
Donovan. — Mãe? Papai? Vocês tem algo contra?
Marlene se esticou e apertou Sam na bochecha.
—Bom você perguntar, mas acho que vou erguer meus pés e descansar um pouco. Rusty
disse que iria cozinhar o jantar hoje à noite e pretendo deixá-la assumir.
Ethan olhou para ver o rosto de Rusty se tornar vermelho brilhante. Ela não estava satisfeita
que Marlene espalhasse a pequena fofoca. Garota resistente. Nem um grama de suavidade nela.
Pelo menos não onde alguém poderia ver facilmente.
Ele passou o braço apertado em torno de Rachel e sorriu para ela.
— O que você diz? Quer ir em busca da cerveja comigo e Van?
Ela sorriu enquanto olhava entre ele e todos os seus irmãos.
— Tem certeza que me deseja junto? Esta parece ser uma daquelas coisas de união
masculina. Eu poderia ir para casa e deixar vocês fazerem suas coisas.
Sam e Garrett pareceram afrontados.
— Bendito inferno, Rachel. Cravou um punhal em nossos corações. Você sempre costumava
sair conosco. Testosterona demais, se não fosse, — disse Sam.
O sorriso dela ampliou.
— Um bife realmente soa bom. — Ela olhou para Ethan. — Você se importa se eu for para
casa para mudar de roupa?

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Ele tocou seu rosto.


— De maneira alguma. Quer que eu vá junto?
— Não. Vá com Donovan. Não vou demorar.
Pegou as chaves do bolso e balançou-as nas pontas de seus dedos. Ela as alcançou e calor
espalhou-se no braço dele enquanto a mão fechava em torno da dele. O surpreendeu que mesmo
depois de tanto tempo ela o afetasse com algo tão simples como seu toque.
Indiferente aos seus irmãos de pé ao redor assistindo, curvou-se para beijá-la, capturando
sua boca com a dele. Ela tinha sabor delicado e feminino. Perfeito! Era um sabor com o qual
sonhara à noite quando ficava deitado na cama deles, sozinho, ansiando por ela.
Ela se afastou enquanto arfava como ele, os olhos ligeiramente vitrificados. Foi então que
percebeu que ela não olhava para ele como olhava antes de seu desaparecimento. Naquela época,
ela se resguardava com ele, nunca lhe permitindo ver o que estava pensando. Era uma medida de
autoproteção que ele forçou a ela com sua frieza. Agora ela o olhava com calor. Com amor. Ela
não disse as palavras, mas ele se sentia mais à vontade, mais confiante do seu carinho agora do
que em muito, muito tempo.
— Arrumem um quarto, — Garrett sorriu.
Ethan ergueu o dedo médio atrás das costas de Rachel. Sam e Donovan riram enquanto
Ethan beijava Rachel novamente.
— É melhor ir agora, querida, — ele murmurou. — Senão eu vou para casa com você.
As bochechas delas enrubesceram enquanto se afastava, mas seus olhos riam para ele. Cara,
ele sentia falta disso.
— Eu amo você, — ele sussurrou, mais para si mesmo que para ela.
Ela sorriu, os dentes brilhando, os olhos faiscando com felicidade. Tirou cada parte de sua
respiração.
— Não vou demorar, — ela prometeu.
Então se ergueu nas pontas dos pés para lhe oferecer outro beijo.

CAPÍTULO 31

A excitação enrolava o estômago de Rachel enquanto deslizava na caminhonete de Ethan.


Confortável agora num short jeans e uma camiseta, estava ansiosa para chegar à casa de Sam no
lago.
Suas roupas velhas cabiam melhor agora. Os shorts ainda estavam largos na cintura e a
camiseta ficava pendurada sobre os ombros e folgada em torno dos seios. Graças às refeições
incontáveis que Marlene trazia e a imperturbável e irritante atenção de Ethan para ela comer mais
e melhor, estava ganhando peso. Sua cor estava melhor. Seus olhos estavam mais brilhantes. Até
seu cabelo recuperou o brilho.
Agora só precisava se livrar dos efeitos prolongados das drogas e recuperar completamente
a memória do seu passado. Era a única peça que faltava para o quebra-cabeça.

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Ela atravessava a ponte sobre o Lago Kentucky. A água tremeluzia e se esparramava por
quilômetros de cada lado da ponte. Era um dia calmo, e o sol ainda brilhava. Dia perfeito para um
churrasco.
Reflexivamente, reduziu quando chegou ao topo, onde a proteção lateral de concreto foi
atingida uma semana antes por um reboque trator de naufrágio. Cones laranja estavam
estrategicamente na borda, mas não havia proteção entre a estrada e a beirada.
A faixa da direita foi fechada e o tráfego redirecionado para a faixa da esquerda de modo
que ninguém se aventurasse em perigo. Enquanto se aproximava, ela acelerou, apenas querendo
estar além do local assustador.
Um forte impacto a mandou para frente no volante. Seu cinto de segurança repuxou em
reação e puxou suas costas contra o assento. Alguém bateu em sua traseira! Pior, a golpearam no
para-lama esquerdo, girando-a para que enfrentasse o buraco no lado da ponte.
Rodopiou em seu assento para olhar para trás quando foi golpeada novamente. O som
repugnante de metal raspando agrediu seus ouvidos. A caminhonete deu uma guinada para
frente, e ela gritou enquanto disparava em direção à borda.
Seu pé bateu no freio, e colocou todo seu peso sobre ele como se só isso a salvasse de
despencar para o lado.
Seu pescoço estalou para frente enquanto, novamente, era atingida por trás. Gritou quando
a frente da caminhonete mergulhou, enquanto deixava a superfície da ponte. Ela fechou os olhos,
preparando-se para sentir o impacto da água e o frio a envolverem.
Após vários segundos, cautelosamente abriu os olhos novamente para ver a luz solar ainda
tremulando através do para-brisa. O para-brisa acenava precariamente para cima e baixo.
Oh Deus. Estava pendurada sobre a borda, balançando suavemente para cima e para baixo.
Qualquer movimento poderia derrubá-la.
Ela não se moveu. Estava com medo de respirar. Apenas seus olhos se moviam,
rapidamente, de um lado para outro, enquanto tentava descobrir como sairia. Suas mãos
enrolaram ao redor do volante, segurando tão firmemente que os nós dos dedos estavam
brancos. Seu cinto de segurança ainda estava preso, e não ousou soltar o volante para desafivelá-
lo.
E então sentou-se, aterrorizada, enquanto a caminhonete fazia um movimento suave de
gangorra na brisa. Em torno dela, ouvia vozes gritando para ela, mas não conseguia nem virar a
cabeça. Olhou em frente e se perguntou se sobreviveria à queda da ponte.
Ethan foi treinado na água. Viveu na água durante seus anos com os SEALs. Freneticamente
procurou em suas memórias por qualquer coisa que pudesse ajudá-la agora. Um riso histérico
escapou. Escapar de um veículo submerso não surgiu em nenhuma de suas conversas. Tinha
certeza.
As vozes estavam mais perto agora. Certamente não tentariam puxá-la. Pânico explodiu em
seu estômago. Lenta e cuidadosamente virou-se apenas para que pudesse olhar pela janela pelo
do canto do olho.

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Dois homens estavam de pé a poucos metros gritando com ela. O que estavam dizendo? Se
o zumbindo em seus ouvidos diminuísse tempo suficiente, talvez ela soubesse.
Inspirou várias vezes, firmemente, e se forçou a relaxar.
Não se mexa. Fique aí.
Certo, ela ouviu. Não se preocupem. Ela não iria a lugar nenhum. Exceto, talvez, para baixo.
Um momento depois, ouviu o lamento das sirenes. Seu peito apertou em alívio. Certamente
saberiam como tirá-la de lá.
A ansiedade estava deixando-a doente. Náuseas jorraram em seu estômago até que tivesse
certeza que iria vomitar. A única coisa que a mantinha calma era o conhecimento que se ela se
permitisse ficar doente, provavelmente rolaria para a direita ao longo da borda.
— Rachel! Rachel!
O alívio a encheu. Sean. Tentou virar a cabeça para vê-lo.
— Não. Não se mova, doçura. Sente-se firme, okay? Só quero que você saiba que estamos
aqui. Vamos começar a tirá-la disso, okay? Apenas não se mova, pelo amor de Deus.
A preocupação em sua voz nada fez para acalmar seus nervos em frangalhos. O calmo e
inabalável Sean tinha uma ponta na sua voz que soava como pânico.
Um gemido baixo escapou antes que pudesse fechar os lábios em torno dele. Era sufocante
dentro do caminhão. O suor rolava por seu pescoço e entre os seios. Sua respiração era superficial
e rápida, e a fez se sentir fraca, tola e delirante.
Memórias daquela odiosa caixa quente e fechada voltaram a sua mente. Os dias sangravam
um depois do outro. A única maneira que ela sabia que era noite era porque a temperatura
passava de insuportável a ligeiramente menos. E então começava tudo novamente.
Suas mãos tremeram apesar de seus melhores esforços para permanecer calma. Não podia
voltar para lá. E não voltaria. Fechou os olhos contra as memórias porque agora tudo parecia
demasiadamente real. Talvez ela sonhou tudo. Uma alucinação provocada pela abstinência e dias
assando no calor da odiada prisão.
A mão esquerda deixou o volante e flutuou até a janela. Ar. Ela precisava de ar.
A caminhonete balançou precariamente, e a janela deslizou, deixando entrar uma rajada de
ar fresco.
— Rachel, não! Maldição, não se mova!
Ela tinha que sair. Ela não queria morrer.
— Maldição, apresse-se e fique segura! — Sean gritou.
Ela soltou um lamurio baixo. Sua garganta apertou até não conseguir respirar. Podia ouvir
Sean falando com ela, sua voz baixa e tranquilizadora. Podia ouvir o ruído em torno dela, os
homens apressados para segurar a parte traseira da caminhonete para que pudessem puxá-la de
volta.
— Okay, Rachel, ouça-me.
Ela se virou apenas o bastante para poder fitá-lo. Ele estava apenas a um passo de distância
da caminhonete. Suficientemente perto para tocar, mas nem ele nem ela fizeram qualquer

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movimento para isso. Suas feições estavam apertadas e preocupadas, mas seus lábios estavam
fixos em uma linha determinada. Ele não iria deixá-la morrer.
Um pouco de seu pânico amainou. Não, Sean não deixaria nada acontecer com ela. Sua
determinação a emocionou, e ela a agarrou com ambas as mãos. Estava igualmente determinada,
ela não sobreviveu um ano no inferno, só para voltar para casa e deixar um idiota forçá-la para
fora de uma ponte.
Sean se aproximou, até que estava a polegadas da caminhonete. Ele se inclinou, assim seus
olhos estavam no mesmo nível.
— Vamos puxar o caminhão, okay? Preciso que permaneça calma. Deixe-nos fazer nosso
trabalho. Vamos tirar você em segurança. Não vamos deixá-la. Preciso que confie em mim, Rachel.
Ela deu um aceno lento para deixá-lo saber que ouviu e compreendeu. Houve um ligeiro
choque por trás, e agarrou o volante novamente enquanto seu coração acelerava muito próximo
do peito.
— Devagar. — Sean rosnou. Então se voltou para Rachel. — Okay, doçura, fique comigo
aqui. Vamos conseguir.
Novamente ela assentiu. Engoliu o pânico. Sean estava aqui. Ele não deixaria nada acontecer
com ela. Mas ela queria Ethan. Precisava dele aqui.
— Ethan, — ela sussurrou roucamente.
— Ele está vindo, Rachel. Estará aqui a qualquer minuto, okay? Prometo.
O metal do caminhão rangeu e gemeu em protesto. Guinou de volta, estalando seu pescoço
para frente. Houve um guincho protestando e então ela viu o capô começar a mover sobre a
borda.
Então houve um estalo alto e um estrondo, e a caminhonete mergulhou para frente. Ela
gritou e então sua porta se abriu. Sean a alcançou, arrancou o cinto dela, então a arrastou para
fora do assento.
Eles caíram no chão, ela esparramada sobre ele. Ela olhou para trás apenas a tempo de ver a
caminhonete mergulhar sobre a ponte. Horrorizada, ouviu a explosão de água e sentiu o spray,
enquanto água subia pelos ares e caía sobre eles.
— Filho da puta, — Sean murmurou debaixo dela.
Entorpecida, ela encarou o local vazio onde a caminhonete de Ethan estivera momentos
antes. E não poderia entender o que aconteceu. Havia pessoas por toda parte. Caminhões dos
bombeiros, ambulâncias, carros de polícia. Cercaram toda a área e as pessoas do resgate correram
até a borda e ficaram olhando com expressões de assombro. Então olharam novamente para ela.
Ela começou a tremer. Não importa que tentasse duramente se controlar, cada músculo em
seu corpo se agitou. Era pior que a abstinência.
Sean passou os braços sobre ela, abraçando-a junto a ele.
— Você está bem? — ele perguntou gentilmente.
Ela não conseguia nem responder. Seus dentes batiam dolorosamente. Levou uma mão a
boca, mas seus dedos também tremiam violentamente.

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Sentaram na superfície dura da estrada, suas pernas espalhadas sobre as dele enquanto ele
a segurava. Tudo o que ela podia fazer era fitar o espaço vazio na ponte.
— Oh meu Deus, — ela finalmente disse. — A caminhonete de Ethan.
— Não se preocupe com a caminhonete. Ethan ficará contente simplesmente pelo fato de
você estar viva, — Sean tranquilizou.
— Rachel!
Ela se virou na direção da voz de Ethan, e um momento depois, ele estourou pela multidão,
afastando as mãos que tentavam contê-lo.
Finalmente seu olhar brilhou sobre ela, e o alívio que ela viu foi desconcertante. Correu e
caiu de joelhos ao lado dela e de Sean. Então puxou-a para seus braços, seu abraço tão apertado
que ela não podia respirar.
— Oh Deus, querida. Você me assustou. Inferno Santo, nunca faça isso comigo novamente.
Você está bem? Está machucada?
Enquanto divagava, puxou-a para trás e correu as mãos sobre seu corpo.
— Estou bem, — ela coaxou. — Sean me salvou.
— Graças a Deus, graças a Deus, — ele disse repetidamente enquanto a apertava em seus
braços.
— Sua caminhonete, — ela falou — Ela se foi! Desculpe...
Ele envolveu o rosto dela nas mãos e a olhou ferozmente.
— Não dou a mínima. Você é tudo que importa para mim.
Garrett, Sam e Donovan, vieram correndo e vacilaram até parar onde ela, Ethan e Sean ainda
estavam esparramados no chão. Sam se aventurou em direção à borda onde outros tantos
estavam e espiou sobre ela.
— Jesus, — ele murmurou enquanto se afastava novamente.
Rachel se virou para Sean, que ainda estava pálido e respirava erraticamente.
— Obrigada. Você arriscou sua vida para me salvar quando a caminhonete estava caindo.
— Estou contente por isso, mas Rachel? Pode nunca fazer isso novamente?
Ela exibiu um sorriso e se esticou para apertar a mão dele.
— Eu prometo.
Sam e Donovan se abaixaram para levantar Sean. Garrett se curvou e gentilmente ajudou
Rachel a erguer-se enquanto Ethan também se levantava.
— Você está bem, docinho? — Garrett perguntou.
Ela assentiu.
— Graças a Sean.
Ela olhou para as mãos que não paravam de tremer. Vergou-se cansadamente contra Ethan
e agarrou na cintura dele.
— Podemos ir para casa?
Ethan olhou para Sean, cujos lábios torciam em arrependimento.
— Você está bem para responder algumas perguntas para mim, Rachel? Preciso saber o que
aconteceu aqui.

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Um medo frio subiu por sua espinha enquanto sua mente voltava àquele momento antes do
impacto. Era estranho como tudo estava claro em sua mente. O breve vislumbre no espelho
retrovisor. O sentimento do impacto. E o segundo. Ela franziu a testa.
— Alguém tentou me jogar para fora da ponte, — ela deixou escapar.
Ethan enrijeceu ao lado dela. O rosto de Garrett atraiu uma nuvem de tempestade enquanto
Sam e Donovan franziram as testas em confusão.
Sean franziu o cenho, então gesticulou em direção a uma ambulância esperando.
— Porque você não se senta e deixa o paramédico examiná-la. Podemos falar enquanto ele
está dando uma olhada em você.
Ela olhou para baixo. Não estava machucada. Então olhou para todos os rostos olhando para
ela. Profunda preocupação estava gravada em suas expressões. Certo, estava tremendo como
uma folha, mas ela parecia tão ruim?
Ethan a guiou até onde um paramédico esperava. A primeira coisa que ele fez foi envolver
um cobertor em torno dos seus ombros, e então Ethan a ergueu para sentá-la na traseira da
ambulância.
Obedientemente, ela escutou as instruções do médico, e franziu a testa quando tremeu
ainda mais forte.
— Choque, — ouviu alguém murmurar. Bem, dã. Ela quase caiu de uma ponte.
— Agora, me diga o que aconteceu, — Sean disse com voz calma.
Ela encolheu os ombros.
— Eu realmente não sei. Um minuto eu estava olhando para onde o último acidente
aconteceu e então ele bateu em minha traseira.
— Ele?
As sobrancelhas delas se juntaram.
— Bem, suponho que também poderia ser uma mulher. Eu não vi. É apenas uma suposição.
— Certo. O que aconteceu então?
— Ele me bateu à esquerda, para que eu girasse para a parte da ponte que estava faltando.
Em seguida, me bateu em cheio. Empurrou-me mais perto da ponte. Eu praticamente fiquei sobre
os freios, mas ele me bateu pela terceira vez, e foi isso que me empurrou sobre a borda.
Sean trocou olhares com Ethan e seus irmãos. Ela não poderia dizer se ele estava
preocupado com a ideia que alguém iria tentar empurrá-la de uma ponte ou se estava preocupado
que ela estava enlouquecendo.
— Eu não estou louca, — disse ela em voz baixa.
Ethan enrolou a mão em torno dela.
— Shhh, querida. É claro que não está.
— Alguma testemunha, Sean? — Garrett perguntou.
— Estão sendo interrogados agora. Nenhum sinal do outro veículo. Estamos procurando.
Sem placas, nem mesmo parcial. Provavelmente o cara entrou em pânico e fugiu do local. Vamos
encontrá-lo. Não poderia ter ido longe. Tem que haver danos substanciais à sua frente.
— Posso levá-la para casa agora? — Ethan perguntou sobre a cabeça dela.

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— Sim, claro. Eu vou acompanhar mais tarde, mas, sim, pode levá-la para casa. Ela parece
precisar.
— Venha, vou lhes dar uma carona, — disse Garrett. — Sam, você precisa levar Donovan de
volta para casa para que ele possa partir.
Ethan ajudou Rachel a descer enquanto o paramédico sorria encorajador para ela. Apesar de
Ethan tampar um amplo espaço ao redor do buraco no lado da ponte, ela sabia o que estava lá
embaixo, e não conseguia afastar a sensação desconfortável que quem havia batido nela fizera
isso com um único propósito em mente. Sua morte.

CAPÍTULO 32

Ethan estava deitado no sofá, e esfregava os dedos para cima e para baixo em um padrão
calmante sobre o braço de Rachel. Ela estava encolhida ao seu lado, seu corpo quente e doce
contra o dele.
Ambos estavam sem sapatos, e ela tinha as pernas entrelaçadas com as suas e seus pés
dobrados entre os dele. Estavam envolvidos como insetos no ritual de acasalamento, e era difícil
para ele lembrar de uma época em que fora mais feliz.
— Eu poderia ficar assim para sempre, — ela murmurou.
Ele tinha sido tão transparente? Estava pensando exatamente a mesma coisa. Parecia
estranho que ela parecesse tão feliz quanto ele.
Ele continuou acariciando o braço dela, simplesmente desfrutando a sensação de tocá-la. Ela
se aconchegou um pouco mais em seu abraço, e ele sorriu enquanto o cabelo dela caia sobre seus
lábios e nariz.
— Sentindo-se melhor agora? — ele perguntou.
— Ainda um pouco nervosa, mas, sim, muito melhor agora que estou aqui com você.
Uma onda de prazer percorreu seu peito. Ele não lhe disse, mas o seu interior estava muito
admirado. Estava surpreso, que pudesse ficar deitado aqui, tão calmo e abraçando-a, quando
ainda estava gritando Que porra é essa em sua cabeça.
Nunca queria reviver o momento terrível quando Sean telefonou para ele para dizer que
Rachel estava em perigo de voar pela ponte. Nunca. E saber que só as ações rápidas de Sean para
retirá-la rapidamente do caminhão a salvaram, ainda tinham o poder de deixá-lo de joelhos.
Ela se mexeu e se ergueu para que pudesse olhar para ele de cima. Seu cabelo crescera nas
últimas semanas, e graças a uma visita ao estilista com a mãe dele, as extremidades foram
cortadas e camadas foram adicionadas.
Suas mãos pequenas espalharam sobre seu peito e ela alisou-o para cima até os ombros.
— Ethan?
Ele olhou para ela, sabendo que neste momento ela poderia pedir-lhe qualquer maldita
coisa e ele diria que sim.
— Você se importaria terrivelmente se eu fizesse amor com você?

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Ele engoliu em seco e engoliu novamente. Aqui estava uma mulher bonita, uma mulher que
ele amava mais que qualquer coisa. A mulher com quem ele se casou e perdeu. Agora ela estava
aqui, como num sonho, pedindo-lhe docemente se poderia fazer amor com ele.
Querido Deus, sim. Sim. Sim. Sim.
— Eu adoraria muito, — ele conseguiu sussurrar. Soava melhor que oh infernos sim, sim,
apesar de ser isso o que o seu pênis estava gritando.
Ela sorriu, e seus olhos se tornaram sensuais. O medo e a ansiedade foram substituídos por
um brilho aconchegante e mundano que causou arrepios na sua espinha.
Ele adorava quando ela tomava a iniciativa na cama, mas isso tinha parado quando ele
começou a se afastar dela. Não demorou muito para ficar abatido antes que ela parasse de fazer o
esforço.
Seu corpo reagiu, saltando para a vida com a promessa de sedução no seu olhar. Ele deixou
suas mãos demorarem-se nos braços dela enquanto ela se movia mais para que pudesse subir
sobre ele no sofá.
Algumas das mágoas da experiência brutal tão predominante em seus olhos foram
substituídas por uma luz quase lúdica. Ele poderia se afogar naquele olhar.
— Eu quero tocar em você, — ela sussurrou.
— Oh Deus, querida. Eu quero que você me toque também.
— Você vai se despir para mim?
Havia uma timidez agora em seu olhar, e ela o deixou cair lentamente, se recusando a
encontrar seus olhos. Ele pegou suas mãos e as levou à boca. Beijou cada dedo e depois com
cuidado passou por baixo dela.
Ele rolou, colocando os pés no chão para se levantar do sofá. Então se virou para ela e
alcançou o zíper da calça jeans. Havia uma centelha de curiosidade em seus olhos, junto com o
desejo.
Estava tão excitado por seu escrutínio que teve dificuldade para descer o jeans sobre a sua
ereção. Quando ficou livre, suspirou um som audível de alívio.
Os olhos dela arregalaram em apreciação, e ele endureceu ainda mais, até que seu pênis
esticou dolorosamente para cima em direção ao umbigo. Abandonando a ideia de ser lúdico e
provocante, tirou a camiseta sobre a cabeça e atirou-a de lado. Então parou diante dela nu,
querendo-a tanto, que era tudo o que podia fazer para não atirá-la no sofá e montá-la longa e
duramente.
Ela parecia incerta e nervosa.
— Diga-me o que você quer que eu faça, querida, — ele encorajou.
Em vez de dirigir-se a ele, ela apressou-se para a frente do sofá, a camiseta que tinha
trocado pendurada em volta dos joelhos. Olhou para ele uma vez e depois chegou hesitante até
seus dedos o circularem.
Ele soltou um gemido enquanto as pontas dos dedos dançavam sobre sua ereção,
acariciando, afagando levemente. Suor escorria em sua testa quando ela envolveu suas bolas,
apertando com pressão suficiente para deixá-lo insano.

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Ele não sobreviveria a isso. Ele estava tentando ser bom. Paciente e compreensivo quando
todos os instintos gritavam para tomar sua mulher e fazer amor com ela até que esquecessem
seus nomes.
Em seguida, seus lábios o encontraram e ele esqueceu de tudo, menos dela. Foi apenas um
beijo suave. E então uma lambida brincalhona. Ela ficou mais ousada e ele mais duro.
Seus dedos se enroscaram em punhos apertados na lateral do corpo. Ele apertou e soltou,
até que perdeu todos os sentidos em torno dos dedos dela.
— Você tem um gosto bom, — ela murmurou.
Ah inferno.
Ela lambeu um círculo ao redor da cabeça, com especial atenção para o vinco na parte de
trás e para a fenda na parte superior. Estava deixando-o louco. Absolutamente jogo ganho.
— Rachel, querida, Deus...
Provocando, ela deslizou sua língua para cima do eixo e, em seguida, para baixo, para que
pudesse chupar suavemente em seu saco. Seus dedos enrolaram no tapete e ele ficou tenso,
querendo mais daquela deliciosa boca.
Ela agarrou-o apertado com a mão e rolou para fora, seguindo seus lábios de volta até a
ponta. Mais uma vez lambeu delicadamente, e em seguida, sem aviso, chupou-o, tomando-o
profundamente.
— Ahhhh!
Ele afundou-se no aperto de veludo quente de sua boca. Sua língua raspou ao longo da parte
inferior, a fricção deliciosa e insuportável. Quando ele chegou ao fundo de sua garganta, ela
chupou suavemente e depois com mais força.
Seus dedos passaram desajeitadamente através do cabelo até que ele segurou o topo de sua
cabeça. Ele balançou nos dedos dos pés e depois para frente, empurrando mais fundo. Estava
prestes a rastejar para fora de sua pele. Era tenso, vivo, e o mais extraordinário e torturante
prazer que ele já experimentou em sua vida.
— Querida, você precisa parar, — ele gemeu. — Eu vou gozar. Não posso segurar por mais
tempo.
Ela se afastou cuidadosamente e recostou-se, olhando-o enquanto lambia os lábios como
uma gata satisfeita. Jesus, era tudo que podia fazer para não atirar o seu jato aqui e agora. Ele se
abaixou e apertou a cabeça de seu pênis entre os dedos e tentou afastar as imagens eróticas que
flutuavam em sua cabeça.
— Se você gozar agora, estará esgotado para a noite? — ela perguntou, curiosa.
— Querida, do jeito que você está olhando para mim, acho que ficarei duro novamente em
cinco minutos.
Provavelmente não era verdade, mas porra, ele não acreditava em como estava excitado.
— Então eu definitivamente quero que você goze agora.
O timbre rouco de sua voz correu em cima dele. Seu pênis pulou em sua mão, como se para
dizer-lhe para se afastar e deixar a mulher fazer o manuseio. E ele estava muito disposto a deixá-la
fazer.

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A mão dela substituiu a dele, fresca e macia. Por um momento acariciou, explorando as
linhas, traçando um caminho para suas bolas e depois voltando novamente.
Ele precisava de sua boca. Iria gozar em breve, e queria na boca dela, queria estar fundo com
os lábios dela circundando a base, as bolas dele descansando em seu queixo.
Assim que ela abriu seus lábios para levá-lo para dentro, ele empurrou duro e fundo. Ela
suspirou em torno dele, um som doce e rouco de satisfação que enviou cacos de prazer todo o
caminho até os dedos dos pés.
Devia ser ele fazendo amor com ela. Devia ser ele deitando-a e beijando cada centímetro de
seu corpo. Mas Deus, ele precisava tanto dela. Ele sentiu falta disso, sentiu falta de sua
receptividade. Ele nunca a apreciou até que fosse tarde demais, e agora estava determinado a
viver cada momento e nunca passar por isso novamente.
O fogo começou a baixar em sua pélvis. Suas bolas apertaram e seu pênis inchou até que ele
sentiu como se estivesse se abrindo nas emendas. Ela estava tão em sintonia com seu corpo. Ele
adorava isso. Ela instintivamente apertou mais, dando-lhe que a pressão extra que ele precisava.
Em cima e para baixo, ela trabalhou com a mão, duro e apertado. Chupou fundo, afundando
suas bochechas.
O mundo ao seu redor turvou. Tudo o que podia processar era a sensação de sua boca
quente e úmida envolvida em torno do seu pênis. Era o céu e o inferno, tudo em um.
— Eu vou gozar, querida, — alertou. Ele até tentou se afastar para que não derramasse em
sua boca, mas ela não permitiria isso.
Ela segurou-o no fundo da garganta e engoliu. Era tudo o que podia suportar.
Com um grito rouco, ele começou a gozar. O primeiro jato explodiu de seu pênis, doloroso,
quase excruciante em intensidade.
Ela engoliu rapidamente e chupou-o mais fundo, trabalhando a mão para cima e para baixo.
Ele pulsou uma segunda e uma terceira vez e depois novamente. Jogou a cabeça para trás e
fechou os olhos enquanto se forçava para frente. Suas mãos emaranhadas nos cabelos dela,
puxando-a mais próxima até que sentiu as bolas roçarem seu queixo.
Ele nunca tinha gozado tão duro e tanto em sua vida.
Quando recuperou os sentidos, olhou para baixo para ver as mãos enterradas nos cabelos
dela. Imediatamente a soltou, preocupado se foi muito áspero, mas ela permaneceu onde estava,
na ponta do sofá, a boca suavemente o acariciando no orgasmo mais intenso que ele já
experimentou.
— Isso foi incrível, — disse sem fôlego.
Ela se afastou, a mão ainda envolvendo-o, e olhou para ele, seus olhos brilhando com
desejo. Inferno, talvez ele não tivesse mentido sobre ser capaz de excitar-se novamente tão cedo.
Se ela ficasse olhando para ele com aqueles olhos sedutores, ficaria duro como madeira e do
tamanho de um tronco de árvore.
— Venha aqui, — ele murmurou enquanto se abaixava para enganchar as mãos por baixo
dos braços dela.

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Ele a puxou para cima e em seus braços. Ela rapidamente lambeu os lábios, removendo o
sêmen de sua boca, pouco antes de ele esmagar seus lábios nos dela.
— É a minha vez, — respondeu roucamente enquanto mordiscava os lábios polpudos.
Sua boca inteira estava vermelho cereja e deliciosamente inchada da atenção que ela lhe
deu. Ele estava determinado a dar-lhe cada bocado de prazer que ela lhe deu. Queria vê-la
gritando seu nome quando gozasse.
Ele se abaixou e deslizou suas mãos por baixo da camiseta, puxando impaciente. Ela deu um
passo atrás e permitiu que ele a puxasse sobre sua cabeça.
Todo o ar deixou seus pulmões quando ela esteve diante dele usando apenas uma simples
calcinha branca. Como ela conseguia fazer um pedaço de algodão parecer tão, tão erótico?
Seu olhar viajou para os seios cheios, e não conseguiu resistir ao impulso de tocá-los,
medindo o peso e o tamanho em suas mãos.
Eles eram perfeitos. Como ela. Macia e incrivelmente sedosa contra seus dedos. Roçou as
pontas de seus polegares sobre as pontas inchadas e observou fascinado enquanto franziam em
firmes picos.
— Diga que você me quer, Rachel. Diga que precisa de mim, — ele implorou suavemente.
Ela circulou o pescoço dele com os braços e inclinou-se em seu corpo, o rosto virado para
cima, os olhos brilhando com desejo.
— Eu preciso de você, Ethan. Tanto. Me ame, por favor.
Ele a abraçou e deixou suas mãos deslizarem para baixo para a curva de seu traseiro.
Adorava tocá-la, adorava como ela reagia à mais simples carícia.
Acariciou o traseiro bem torneado, em seguida, traçou um dedo para cima da fenda na base
de suas costas e riu quando ela estremeceu.
— Você costumava amar quando eu era o herói e a levava para minha caverna.
Ela fez um som de zumbido suave que lhe disse que não era contra a ideia.
Ele mordiscou sua orelha e passou a língua na concha, sabendo que iria conseguir outro
arrepio de corpo inteiro dela. Ela cedeu contra ele e ele sorriu quando provou a suavidade de seu
pescoço.
Descendo, enganchou seu braço por baixo dos joelhos e ergueu-a contra o peito. Ela se
posicionou contra ele. Um ajuste perfeito. Como se nunca tivesse saído. Como se ele nunca a
tivesse feito deixá-la.
A esperança batia tão forte em seu peito que ele podia sentir cada explosão dolorosa. Que
isto fosse para eles. Ele não podia perdê-la novamente.
Gargalhadas derramaram-se de seus lábios, despreocupadas e bonitas enquanto ele
caminhava para o quarto. Quando chegou à cama, virou-se com ela em seus braços, simplesmente
desfrutando a alegria em seus olhos.
Quando ambos estavam tontos, ele a deixou em cima da cama, e ela deitou de costas, seus
olhos ainda rindo para ele.
— Tire a calcinha, — ele rosnou.
Rindo, ela colocou seus polegares na peça, mas depois parou e olhou desobediente para ele.

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— Se me quer sem elas, tire você.


Ele levantou uma sobrancelha, e ficou parado, as mãos nos quadris.
— Ficando impertinente, moça?
Ela sufocou o riso com a mão, mas seus ombros tremeram e seus seios se balançaram
excitantemente.
Ele se arrastou para a cama e pairou sobre as mãos e joelhos. Plantou uma palma próxima a
lateral do corpo dela e chegou com a outra mão para deslizar os dedos no cós da calcinha.
Sua paciência se foi, ele puxou, arrastando o tecido delicado sobre seus quadris até a carne
macia de sua boceta encher sua visão. Ele a deixou livre da calcinha, e então passou os dedos pelo
interior de sua perna até que o tufo macio de pelos sussurrou sobre as pontas.
Com a ponta do polegar, acariciou as dobras cheias. Seu calor líquido cercava seus dedos
enquanto mergulhava para além dos lábios macios. Ela arqueou e gemeu, um som tão carente que
enviou um raio diretamente até seu pênis.
Ficando de joelhos, empurrou as pernas dela, afastando-as até que a carne rosada brilhava
na pouca luz. Engoliu em seco, em seguida, se abaixou para que pudesse perder-se em sua doçura.
— Ethan, — ela sussurrou, enquanto sua boca a encontrava.
Ele preguiçosamente passou a língua nela, tomando seu tempo e provocando delicados
pequenos arrepios com cada lambida. Seu clitóris enrugou e inchou contra seus lábios. Ele
circulou, deixando um rastro molhado enquanto acariciava um trêmulo e apertado botão.
Não esquecera como dar prazer a ela. Conhecia seu corpo melhor que o dele. Não fora
sempre um bastardo egoísta, e agora se deliciava em reaprender todos as suas favoritas maneiras
de agradá-la.
Um dedo escorregou dentro da entrada. Ela agarrou-o, seus músculos em convulsão úmida.
Ele retirou-se, sugou a umidade de seu dedo e, em seguida, investigou sua abertura com a língua.
Ela se ergueu da cama, ofegando seu nome. Seus quadris erguendo, e seus dedos se
enroscaram nos lençóis. Seu peito arfava com cada respiração e os mamilos estavam apertados
em pequenos nós.
— Goze na minha boca assim como eu gozei na sua, — disse ele com voz rouca.
Seus olhos brilhavam e seu rosto estava vermelho de emoção e excitação. Ele abaixou a
cabeça novamente e chupou o clitóris. Segurou-o entre os lábios e deslizou a língua sobre a ponta
com força suficiente para fazê-la contorcer-se descontroladamente.
Suas pernas tremiam incontrolavelmente. Ela arqueou, todos os seus músculos tensos
contra ele. Ela estava perto… tão perto.
Ele chupou mais forte, tomando cuidado para não cruzar essa linha delicada entre dor e
prazer. Quando ela soltou um gemido, ele moveu-se rapidamente para baixo, cobriu a abertura
com a boca e chupou duramente.
Seu gosto explodiu na língua dele enquanto o orgasmo dela rolou como uma força da
natureza através de seu corpo. Ela torceu e se contorceu debaixo dele, mas ele segurou seus
quadris firmemente enquanto bebia cada pedacinho de sua essência.
Sedoso e doce como madressilva.

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Antes que ela acabasse de gozar completamente, ele abriu suas pernas ainda mais, em
seguida, subiu pelo corpo dela até que seu pênis esticado pressionava urgentemente onde seus
lábios acabaram de sair.
Escorregou para dentro, tomando cuidado para não machucá-la. Ela o tomou com facilidade,
e ele deslizou sobre seus tecidos inchados, absorvendo a sensação de seu calor e umidade em
torno dele.
Calor líquido. Veludo. O céu.
As pernas dela se erguerem e se envolveram em torno dele, segurando-o profundamente.
Ele abaixou-se sobre ela, descendo como um cobertor. Ela embalou-o, tomando o seu peso, e ele
ficou ali por um longo momento apenas apreciando sua conexão.
As mãos dela percorreram suas costas, até os ombros e depois o pescoço, e envolveram sua
mandíbula. Ela levantou a boca e esmagou a dele.
Quente. Selvagem. Incrivelmente doce. Ela segurava tanto poder, e ele duvidava que sequer
percebesse isso. Ele era dela. Pertencia completa e totalmente a ela.
Erguendo-se um pouco para fora dela, ajustou a sua posição e se acomodou mais
confortavelmente entre suas coxas. Ela levantou os quadris e ele foi mais fundo.
Com um gemido ele se retirou e depois empurrou para frente novamente. Ela estendeu a
mão e colocou os braços ao redor dele. Seu corpo inteiro estava enrolado em torno dele. Ele
abrigou-a. Era exatamente da maneira que deveria ser.
— Ethan, — ela sussurrou novamente.
Ele nunca se cansaria de ouvir seu nome nos lábios dela.
Moveu-se dentro dela, seus sentidos desfocando. Ela estava aqui. Em seus braços. Segura.
Mais rápido. Mais forte! Ela tomava tudo o que ele lhe dava. Seus dedos cravados nos
ombros e as pernas tremiam ao seu redor.
Ela estava tão apertada, tão inchada ao redor dele. Cetim líquido. Ele estava fora de si.
— Rachel. Querida...
As palavras escorregaram de seus lábios enquanto todos os músculos de seu corpo ficavam
tensos. Seu orgasmo brilhou, muito mais rápido e mais intenso que antes. Não houve suspense,
apenas uma explosão instantânea, tão vívida que ele perdeu-se por vários momentos.
Quando se recuperou, pelo menos, uma semelhança de consciência, olhou para baixo para
ver Rachel olhando para ele com o coração nos olhos. Sua respiração ficou presa na garganta.
Então, ela disse.
— Eu te amo, Ethan.
Lágrimas turvaram sua visão, nítidas e pungentes. Ele não tinha palavras. Não poderia falar,
nem se quisesse. O nó na garganta ameaçava sufocá-lo. Tentou respirar em torno dele e
encontrou-se fechado.
— Oh Deus, querida. Eu também te amo. Muito, muito.
Abaixou a testa para a dela, e os dois peitos tocaram um contra o outro enquanto tentavam
recuperar o atraso.

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Após alguns segundos, ele se perguntou se sonhara com isso, se sua necessidade de ouvir se
manifestara em fantasia.
— Diga novamente, — ele sussurrou.
Os olhos dela ficaram suaves, e ela emoldurou o rosto dele com as mãos. Por um momento
acariciou preguiçosamente os contornos de sua mandíbula e olhou para ele com muita emoção
refletida em seu olhar.
— Eu te amo. Eu te amo tanto, Ethan. Posso não me lembrar de tudo, mas isso parece certo.
Somos certos um para o outro. Estou tão certa disso como nunca estive de qualquer coisa em
minha vida.
Uma lágrima salpicou seu rosto. Ele sequer a sentiu cair. Sua respiração ia e vinha enquanto
ele tentava segurar a emoção. Era como uma quebra da barragem, no entanto. Simplesmente a
acolheu em seu braços, seus corpos ainda unidos, e se agarrou a sua preciosa vida.

CAPÍTULO 33

O fedor da morte estava pesado no ar. Rio levantou a mão para deter seus homens e, em
seguida, sinalizou para que se espalhassem em círculo. Seu instinto estava gritando que isso não
estava certo. Nada disso.
O ar cheirava a sangue. Sangue fresco. Suas narinas inflaram e tremeram quando se
posicionou dentro do denso matagal. Misturou-se com perfeição ao ambiente, mais camaleão que
humano. Com movimentos lentos e cuidadosos, avistou, com a mira de seu rifle, o acampamento
abaixo e fez uma varredura.
Mentalmente fez o sinal da cruz. Jesus, Maria e José, era uma visão brutal, e ele já vira tudo
que havia para ver quando se tratava de morte e assassinato.
O que viu não era uma zona de morte eficiente. Era uma mensagem. Uma mensagem
sangrenta. Corpos foram espalhados sobre a área, como lixo em um acampamento.
Quem realizou o massacre saiu a pelo menos 12 horas. Rio não conseguiu detectar nenhum
movimento, nenhum sinal de vida na aldeia silenciosa. Mas não quis correr nenhum risco com os
seus homens até que se soubesse ao certo que a área estava limpa.
Pacientemente, esperou e observou. Os carniceiros não tinham encontrado os corpos
frescos ainda, e na selva, a limpeza era, por vezes, a diferença entre a vida e a morte.
Cuidadosamente se moveu de sua posição e chamou seus homens silenciosamente para
convergir para o acampamento. Seguiram em uma circunferência apertada, os rifles para cima,
olhando cautelosamente da esquerda para a direita, à procura do menor sinal que não estavam
sozinhos.
Homens mortos não faziam nenhum som, e todos os que foram deixados aqui estavam
mortos.
Rio passou por cima de dois corpos na beira da clareira, onde os barracos começavam e a
selva dava lugar ao acampamento. Rachel Kelly estivera presa durante um ano em um lugar como

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este. Raiva ardia em suas veias. Não era um lugar para uma mulher. Não havia como saber o que o
animais fizeram a ela.
Observou com sombria satisfação que o babacas foram atingidos sem confronto. Os coitados
provavelmente nunca souberam o que os atingiu. Quem realizou o ataque veio com poder de fogo
para rivalizar com um exército.
Terrence entrou no centro da aldeia e olhou em direção a Rio. Então, sinalizou toda a
clareira. Um por um, seus homens saíram da selva, suas expressões duras enquanto estudavam a
carnificina.
— Alguém fez o nosso trabalho para nós, pelo que vejo, — Terrence disse enquanto Rio se
aproximava dele.
— Homens mortos não falam, — Rio disse com aversão.
Terrence assentiu.
— Talvez seja por isso que foram mortos.
— É muito coincidência que depois de alguns dias que esses caras montaram um novo
acampamento, após o velho ser destruído no resgate de Rachel, alguém aparece por aqui e arrasa
toda a aldeia, e eu não acredito em coincidência.
— Sim, muito conveniente, se você me perguntar, — Terrence concordou. — Quem fez isso
não queria pontas soltas, isso está claro.
Rio fez uma careta. Sam não ficaria feliz. Inferno, ele não estava feliz. Estava ansioso para
chutar alguns traseiros do cartel. Utilizar mulheres na guerra era para os covardes. Teria sido
divertido ver se os imbecis se sentiriam tão duros quando não estivessem lutando contra uma
mulher indefesa.
Olhou ao redor enquanto seus homens caminhavam cuidadosamente através do campo de
corpos. Que inferno estavam cobrindo aqui? A "Morte" de Rachel foi cuidadosamente
orquestrada. Ela foi levada de sua família e mantida em uma merda desgraçada como esta. Por
quê? Nada disso fazia sentido, e agora alguém veio a esse inferno, causando um monte de
problemas, para se certificar que nenhuma pergunta fosse respondida.
— Então, e agora? — Terrence perguntou enquanto olhava para os corpos espalhados a
esquerda e a direita.
— Eu, com certeza não vou enterrá-los, — Rio murmurou. — E com certeza não vou dizer
qualquer Ave-Maria. Deixem queimar no inferno.
Ele parou quando um som baixo foi trazido pelo vento a alguns metros de distância. Rio e
Terrence ergueram seus rifles e apontaram na direção de um dos homens "mortos". Só que ele
não estava morto.
— Ele ainda está respirando, — Terrence murmurou.
Rio correu, e depois de ter certeza que não estava indo para uma armadilha suicida, abaixou
um joelho ao lado do homem gravemente ferido.
— Habla Español15? — Rio perguntou.

15
Fala Espanhol?

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Os olhos do homem abriram em fendas estreitas.


— Inglês, — ele sussurrou. — Eu falo Inglês.
Rio e Terrence trocaram olhares. Que porra esse americano estava fazendo misturado num
cartel de drogas colombiano?
O homem tossiu, e um fluxo de sangue respingou de sua boca. Ele concentrou seu olhar
vidrado sobre Rio.
— Eu não tenho muito tempo. — Cada palavra parecia sair dele com excruciante precisão.
Sua respiração era tão difícil que seu peito subia e descia drasticamente. — Eu tentei ajudá-la, eu a
protegi tanto quanto eu podia. Não se pode escolher uma pessoa sobre o bem da missão. Você
sabe disso... Você é um soldado.
— Que porra você está dizendo? — Rio rosnou. — Você é algum tipo de maldito agente do
governo e ficou sentado enquanto Rachel Kelly era torturada e mantida em cativeiro por um ano?
O homem fechou os olhos e mais sangue escorreu do canto de sua boca.
— Não havia escolha. Eu fiz o que pude. Drogá-la foi a melhor coisa que podiam fazer com
ela. Enviei informações para sua família na esperança de que viessem atrás dela.
— Sim, bem, eles vieram, — Rio falou. — Você escolheu a mulher errada para foder. — Seu
olhar varreu a vila destruída e todos os corpos no chão. — Quem fez isso? Não fomos nós.
O homem balançou a cabeça.
— Ele sabe. Tem que saber agora. Não teria permitido que ninguém que ele atingiu
permanecesse com vida. — Ele fechou os olhos e fez um som peculiar de asfixia.
— Quem sabe? — Rio exigiu. Ele balançou o ombro do homem para trazê-lo de volta à
consciência. —Quem está por trás de tudo isso?
Os olhos do homem piscaram e se abriram mais uma vez.
— Ela não está segura. Ele irá atrás dela em seguida.
Então seus olhos ficaram brancos e sua cabeça pendeu para o lado, o olhar fixo na morte.
— Merda, — Terrence rosnou. — Isso não nos diz absolutamente nada.
Rio levantou-se e franziu a testa. Ele não gostou nada disso.
— Vamos dar o fora daqui, então poderei relatar o que aconteceu para Sam.
— Steele vai se decepcionar, — Terrence disse com um sorriso irônico. — Já o irritou que
não o esperamos para entrar.
— Foda-se Steele. Ele não faz parte da minha equipe. Ele precisa cuidar de seus ferimentos
antes de se preocupar com o que estamos fazendo.
— Vamos dizer agora para ele não fazer a viagem, ou vamos deixar que venha aqui antes de
contar que a missão foi abortada?
Rio sorriu enquanto ele e Terrence trocaram olhares astutos. Provocar Steele era uma das
melhores diversões que tinham naqueles dias.
— Reúna todos e vamos fazer trilhas. Não quero estar aqui caso quem sangrou a selva
decida voltar.
A mão de Terrence balançou no ar, mas ele sorria levemente. Nada foi decidido sobre
Steele, mas ambos sabiam que o deixariam vir quente e depois tirariam o vento de suas velas.

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Eles teriam diversão onde poderiam obtê-la.

CAPÍTULO 34

O sonho a atormentava. Era mais vivo dessa vez. Mais real. Mesmo que ela ainda estivesse
abrigada no desenrolar da cena diante dela, ela lutou, não querendo reviver todo o pesadelo mais
uma vez.
Ethan estava de pé na sala de estar. Seu rosto estava marcado por duras linhas de raiva. Ele
estava gritando e ela estava de pé, atordoada, toda a luta desaparecida.
Então ele virou-se para a estante. Sua estante de livros que abrigava incontáveis volumes de
literatura, seus manuais de ensino, seus romances que ela tanto amava. Puxou um maço de papéis
de entre dois livros e empurrou-os para ela.
Eles tinham importância, mas qual?
Podia sentir-se quebrando. Podia sentir o desespero que a envolvia.
Ela despertou do sono e se sentou na cama, seu coração batendo descontroladamente.
Olhou para baixo para ver Ethan ainda dormindo solidamente ao lado dela, e colocou a mão em
seu braço para tranquilizar-se.
Ainda assim, a sensação de mal estar dentro dela inflamou. Por que estava tendo esses
sonhos? Estaria tão insegura que seus medos de perdê-lo inseriram-se em seu subconsciente?
Ou eram lembranças?
O pensamento se chocou contra ela com intensidade dolorosa. Claro, ela se lembrava mais
de sua vida todo dia. Pequenas coisas. Pedaços e fragmentos que eventualmente formariam o
quebra-cabeça inteiro.
Rolou para fora da cama, náuseas se formando em sua barriga. Ethan a amava. Ela o amava.
Ele não lhe deu nenhuma razão para acreditar de forma diferente.
Calafrios correram até suas pernas nuas, e ela rapidamente vestiu uma calça de moletom e
agarrou outra camiseta de Ethan da gaveta dele.
A estante. Certamente iria provar ou não se isso tudo era pesadelo ou se era de fato uma
memória fugaz.
Deus, talvez realmente estivesse ficando louca. Poderia culpar o estresse de seu acidente. E
estava tendo delírios paranoicos. Primeiro alguém estava atrás dela para matá-la, e agora seu
marido estava escondendo documentos misteriosos entre livros.
Entrou na sala escura e olhou temerosamente para a estante. Como ela deveria saber onde,
entre quais livros? Ela tinha seis estantes e mais livros que poderia contar.
Acendeu o abajur na mesa e então olhou para os livros. Fechou os olhos e tentou se lembrar
do sonho. Ele estava de pé entre duas e na frente de uma, de modo que era a do meio. De que
lado?
Enciclopédias. Nível do ombro para ele, de modo que um pouco mais alto para ela.

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Atravessou a sala e levantou-se na ponta dos pés para retirar uma das enciclopédias.
Surpresa! Surpresa, nada lá. Ela desceu a linha, sentindo-se mais idiota a cada volume que puxava
para fora.
Estava pronta para desistir quando chegou ao terceiro da última estante e um conjunto de
papéis dobrados caiu no chão, quando puxou o livro.
Seu coração caiu e ela olhou, em seguida, como se fossem uma criatura horrenda que queria
tirar sua perna.
Cuidadosamente, recolocou a enciclopédia e se afastou, ainda olhando para baixo. Se
abaixando, pegou os papéis e voltou até a mesa para que pudesse ver na luz do abajur.
Desdobrou os papéis e, a princípio não conseguiu entender o que eram. Eram documentos
legais, era tudo que sabia. Até que leu a primeira página pela terceira vez e entendeu do que se
tratava.
O choque bateu nela com a força de um trem em alta velocidade. Divórcio. Ethan tinha
pedido o divórcio.
Colocou uma mão sobre seu estômago enquanto náuseas borbulhavam e ferviam fundo em
sua barriga. Oh Deus.
Fechou os olhos enquanto fragmentos e pedaços daquele dia terrível voltavam para ela.
Muito ainda era nebuloso, mas não conseguia tirar o rosto furioso de Ethan de sua cabeça.
Ele a odiava. Queria sair do casamento. Deus, as coisas que ele a acusou.
Sua mão voou para a boca. Ele a acusou de ter um caso com Garrett. O que disso era
realidade? Deus, ela não conseguia se lembrar!
Afundou-se na cadeira e escondeu o rosto entre as mãos enquanto aquele dia a
bombardeava. Ethan dissera que estava cansado de viver dessa maneira. Não queria que ela fosse
em sua missão humanitária na América do Sul. Dissera que havia muito o que consertar aqui em
casa então por que ela iria para alguma merda em alguma missão benfeitora?
Era mais que isso. Seu tipo de infelicidade não aconteceu da noite para o dia, e ela podia se
lembrar da própria tristeza, a sensação de que não importava o que ela fizesse, nunca consertaria
essa situação. Que não havia esperança para seu casamento. E mesmo assim, ele a destruiu
quando puxou aqueles papéis.
Ele a odiava. Ele não a amava mais. E depois ela morreu. Ele ficou feliz? Por que a grande
farsa agora? Será que se sentia culpado?
A família dele não sabia. O pensamento veio à sua cabeça. Lembrou-se como sentira-se em
uma armadilha, porque não sentia que poderia ir até a família dele, ela morreria antes de permitir
que soubessem a extensão de seus problemas conjugais. Ethan não contara nada a eles também,
então eles não sabiam como as coisas estavam terríveis.
Oh Deus, então era por isso que ele agora estava agindo como se ela fosse o amor da sua
vida? Por quê? Deus. Por que?
Havia muita coisa que ela não sabia, que precisava saber. Tinha que sair desta casa antes
que gritasse até derrubar as paredes.

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Garrett. Ele sempre esteve ao seu lado. Sempre. Mas eles traíram Ethan? Não. Não era
possível. Ela amava Ethan. Ficou devastada quando ele pediu o divórcio, não, exigiu o divórcio.
Mas Garrett saberia. Ele teria algumas das respostas. O tempo para ela ficar em silêncio e
manter tudo para si mesma terminou. Ela não tinha mais ninguém. Apenas Ethan, e agora ela
sabia que sequer o tivera.
Sufocou um soluço quando se levantou. Garrett deixara as chaves de sua caminhonete na
mesa da cozinha. Sam veio buscá-lo para que ela e Ethan tivessem transporte até a substituição da
caminhonete de Ethan.
Estava incrivelmente escuro lá fora quando ela correu para a caminhonete de Garrett. Não
se preocupou em verificar a hora e, agora, enquanto dirigia em direção à mesma ponte da qual
quase caiu, o pânico tomou conta dela.
As palmas das mãos estavam escorregadias de suor, e sua respiração era tão rasa que
sentiu-se tonta. Enquanto se aproximava da ponte, reduziu e quase parou ao lado. Ela tinha um
telefone celular. O número de Garrett estava programado. Ele poderia vir buscá-la.
Com um grunhido de desgosto, pisou no acelerador e avançou na ponte. Manteve-se na
faixa mais distante e não poupou um olhar sobre toda a fita da polícia e as barricadas erguidas ao
redor do buraco.
— Ninguém pode salvá-la agora, apenas você, — entoou para si mesma. Talvez se dissesse
isso muitas vezes acreditasse.
Dez minutos depois, entrou na passagem de cascalho da casa do lago de Sam e estacionou a
caminhonete de Garrett ao lado da de Sam. Com Donovan saindo tão tarde— ou cedo— eles
provavelmente não teriam adormecido e agora ela estava entrando.
Procurou em suas memórias esfarrapadas por alguma ideia que estivesse enganada sobre
seu relacionamento com Garrett, mas tudo o que podia lembrar era o sentimento de uma estreita
amizade.
Na porta, hesitou e passou vários segundos reunindo sua coragem. Esfregou as úmidas
palmas nas calças de moletom e mentalmente repreendeu-se por ser covarde.
Com as mãos apertadas, bateu e depois revirou os olhos. Como ouviriam isso? Apertou a
campainha várias vezes e esperou, a ansiedade fazendo um buraco no estômago.
A porta escancarou, e ela, instintivamente, deu um passo para trás enquanto olhava
cautelosamente para Sam. Ele usava short de ginástica, sem camisa, e tinha uma cara tão fechada
que a fez engolir em seco.
A carranca desapareceu quando ele olhou para ela. A preocupação instantaneamente
substituindo sua irritação, e ele também deu um passo para trás para não parecer ameaçador.
— Rachel? Querida, está tudo bem?
Ela não iria chorar. Não choraria. Fez dolorosas contorções faciais para manter sua
compostura quando olhou para ele.
— Eu preciso ver Garrett, — disse hesitante.
Sam abriu mais a porta, em seguida, estendeu a mão para o braço dela.
— Eu vou chamá-lo. Entre e sente-se. Onde está Ethan? Há algo errado?

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Mais uma vez a ameaça de lágrimas quase a desfez. Expulsou o fôlego em empurrões
vacilantes, e mordeu o lábio inferior, enquanto o seguia para dentro.
— Ethan está em casa, — ela disse suavemente. — Ele está bem.
O olhar agudo de Sam cintilou sobre ela, e era óbvio que ele percebeu que ela deixou a si
mesma fora da equação "está bem". Ele fez sinal para ela se sentar no sofá, mas ela não podia. Ela
iria ficar louca.
Ele saiu da sala, e apenas alguns momentos depois, Garrett veio correndo para a sala, o
cabelo despenteado, a preocupação vincando sua testa. Sam seguia atrás, agora vestindo uma
camisa e jeans.
Não sendo capaz de controlar a onda de emoção, ela lançou-se em Garrett e enterrou o
rosto em seu peito. Lágrimas infiltravam em sua camisa e agarrou-se a ele enquanto toda a
angústia que tentou tão duramente conter se derramava.
— Ei, o que está errado, docinho?
Ele passou os braços em volta dela e segurou-a enquanto acariciava seu cabelo. Depois de
sua primeira pergunta, ele não disse nada. Apenas esperou que ela chorasse em cima dele.
Quando finalmente conseguiu o controle de si mesma e os soluços foram reduzidos a
fungadas, ele cuidadosamente puxou e inclinou seu queixo para cima, para que olhasse para ele.
— O que está errado, Rachel? Você pode se sentar e contar-me sobre isso? Onde diabos está
Ethan?
Com o nome de Ethan, ela fechou os olhos e piscou para conter mais lágrimas.
— Ah, merda, — Sam murmurou por trás deles. — Diga-me que o cabeça oca não fez algo
idiota...
Ela deixou Garrett guiá-la para o sofá e sentá-la. Instalou-se ao lado dela, empoleirado na
borda e virou-se em sua direção. Ela agarrou suas mãos, com medo de soltar, com medo de
desmoronar novamente e nunca ter qualquer uma de suas perguntas respondidas.
— Você quer algo para beber? — Garrett perguntou.
Ela balançou a cabeça e lambeu os lábios, querendo saber como iria abordar este assunto
com ele. Respirou fundo e levantou o olhar para encontrar o de Garrett.
— Eu preciso perguntar uma coisa, — ela falou dolorosamente. — Preciso da verdade.
Ele passou a mão sobre a face dela e depois enfiou uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Qualquer coisa.
Ela engoliu em seco e depois colocou para fora.
— Nós, você e eu, já tivemos um... caso?
Os olhos de Garrett se arregalaram com o choque. Sam soltou uma exclamação, mas ela se
concentrou exclusivamente em Garrett. Se a reação dele fosse uma indicação, ela estava muito,
muito fora da base, e agora se sentia como a pior idiota.
— Deus não, — exclamou. — Por que diabos você fez uma pergunta como essa? Docinho,
diga-me que não está se torturando pensando que traiu Ethan ou que nós o traímos. Inferno. Você
não pensou isso, não é?
— Ele pensou que nós o traímos, — ela sussurrou.

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— Quem?
— Ethan.
O queixo de Garrett caiu. Ele e Sam trocaram olhares confusos. Sam se alojou no canto
reclinável do sofá.
— Okay, você precisa me contar desde o começo, docinho. Porque não estou entendendo
nada. Ethan acha que você e eu tínhamos um caso?
— Ele queria o divórcio. Ele exigiu, — disse ela dolorosamente.
— Maldição, — Garrett assobiou. — Ele perdeu a maldita cabeça? Ele disse isso esta noite?
Depois que você quase caiu de uma maldita ponte?
O rosto de Garrett estava ficando mais vermelho a cada minuto. Parecia que estava prestes
a explodir, e ela correu para difundir a situação.
— Estou explicando mal. Não, não hoje à noite. Oh Deus, Garrett. Eu acho que estou ficando
louca.
Sam se inclinou para frente, sua voz suave e uniforme.
— Tome seu tempo, querida. Acalme-se e conte-nos tudo.
Ela passou a mão pelo cabelo. Estava tão cansada. Poucas horas antes, sentia-se como se
pudesse conquistar o mundo. Estivera tão feliz. Estava segura do amor de Ethan. Finalmente
pensou que sua vida estava de volta aos trilhos, e agora tudo estava tão confuso.
— Éramos felizes? — ela perguntou. — Você acha que Ethan e eu éramos felizes? Quero
dizer, antes de eu morrer.
Ninguém respondeu, e talvez pensassem que era uma pergunta retórica. Ela suspirou e
continuou.
— Estou tendo esses sonhos. Pesadelos na verdade. Em todos eles Ethan está irritado. Tanta
raiva. Ele está gritando. Estou perplexa e me sinto impotente. Eu me perguntei se minhas
inseguranças estavam apenas manifestando-se nos meus sonhos, porque Ethan era tão perfeito,
desde que me resgatou. Tudo tem sido tão... perfeito. Eu queria dizer a ele que o amo, mas o
pensamento sempre me apavorava. Algo sempre me segurava. Hoje à noite, porém, eu finalmente
disse a ele, e ele estava tão aflito. E então fui dormir e tive o pesadelo mais terrível de novo.
— Qual é o pesadelo? — Sam perguntou delicadamente.
— Mais gritos. Mais raiva. O conhecimento que ele me odeia. Ele estava empurrando esses
papéis e...
Lembrando que os colocou no cós de sua calça de moletom, puxou-os para fora e os
manteve em suas mãos trêmulas.
— Levantei-me para procurar por eles, porque no sonho parecia que meu mundo estava
chegando ao fim quando os via. Agora eu sei porque.
— O que são? — Garrett perguntou em voz baixa.
Hesitantemente ela os ofereceu e ele os pegou. Sam levantou-se para acender a lâmpada, e
ela piscou para a repentina onda de luz.
Garrett olhou para os papéis com descrença enquanto Sam lia por cima do ombro com o
mesmo olhar de incredulidade.

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Garrett olhou novamente para ela.


— Estes estão datados antes... antes de você partir. Mas que diabos?
— Eu estava vivendo uma mentira Garrett? Ele disse algumas coisas terríveis antes de eu
partir. Eu não me lembro de tudo. Deus, eu queria lembrar. Eu só tenho pedaços, mas ele estava
tão irritado. Ele queria se separar. Ele me acusou de ter um caso com você.
— Maldição, — Sam murmurou.
Garrett ainda estava tão pasmo quanto ela, como se não pudesse fazer seu cérebro
entender a acusação.
— Jesus, não. Nunca tivemos um caso, Rachel. Eu juro. Nem mesmo em pensamento.
Merda, você é como minha irmãzinha. E você sempre amou Ethan. Desde o dia em que os dois se
encontraram nunca houve qualquer outra pessoa para você. Foi a mesma coisa para ele, ou pelo
menos eu pensava assim.
— Eu não sei o que fazer. — Ela odiava a sensação miserável e indefesa que essas palavras
evocavam. — Ele atirou os papéis para mim no dia em que parti para a América do Sul. Saí com o
conhecimento que o meu casamento estava acabado. E agora, um ano depois ele me ama? Nada
daquilo aconteceu? Como eu supostamente vou reconciliar as duas versões do nosso casamento?
Sam sentou-se do outro lado dela e colocou as palmas das mãos contra as têmporas.
— Obviamente há muito que eu não sabia, que todos nós não sabíamos, sobre o que estava
acontecendo com você e Ethan antes de você partir, mas querida, isso quase o destruiu quando
ele pensou que você morreu. Não era um homem que não te amava mais e que queria sair de seu
casamento. Ele sofreu o ano inteiro que você esteve longe. O único sinal de vida que vimos nele
foi o dia em que recebeu o pacote dizendo que você estava viva. Você foi o seu único foco depois
disso. Trazê-la de volta.
Ela levantou as mãos, confusa.
— Eu não sei o que fazer. Eu sei agora que nunca contei nossos problemas a ninguém de sua
família. Eu não teria feito isso. Eu não deveria estar aqui agora, mas tinha que saber se de alguma
forma o traí.
A mão de Garrett se fechou em torno da dela.
— Você pode sempre, sempre vir a mim, docinho. Ethan é meu irmão. Eu o amo. Mas você é
da família também. Ele não recebe um passe livre só porque é um Kelly. Não quero que você se
sinta como se estivesse sozinha.
Ela sorriu trêmula e então silenciosamente xingou enquanto mais lágrimas deslizavam por
seu rosto.
O telefone tocou, assustando-a. Sam estendeu a mão para atender, e ela pôde ouvir a voz
preocupada de Ethan, mesmo a alguns metros de distância.
Sam olhou para ela.
— Ela está aqui, Ethan. Ela está bem. Apenas chateada. Não, eu não acho que seja uma boa
ideia você vir agora. Vamos levá-la para casa se isso for o que ela quiser, mais tarde.
Sam segurou o telefone longe de seu ouvido e sacudiu a cabeça.
— Ele já desligou. Acho que vai descobrir uma maneira de vir para cá.

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Rachel segurou a mão de Garrett mais apertado.


— Você não tem que falar com ele agora, — disse Garrett. — Sam e eu podemos jogá-lo
longe e fazê-lo voltar para casa. Você manda aqui, docinho. Tudo bem? Não tem que fazer nada
com o qual não esteja confortável.
— Não, eu preciso saber. Não posso continuar assim. Preciso conciliar o aqui e o agora com
o passado. Tudo o que pensei sobre o meu casamento desde que cheguei em casa é uma mentira.
Ela fechou os olhos para a dor que aquelas palavras enviavam a seu coração. A ideia que
realmente estava só a assustava. A ideia que o marido que amava acima de tudo, não era nada
mais que uma fachada, tinha o poder de matá-la quando um ano em cativeiro não tivera.
Sobrevivera ao impossível só para voltar para casa e morrer uma morte lenta, enquanto observava
suas esperanças e sonhos perderem o vigor?
Garrett puxou-a em seus braços e segurou-a firmemente. Beijou-lhe o topo da cabeça e
murmurou palavras que ela não conseguia decifrar perto de seu ouvido.
— Inferno de dia, — Sam murmurou.
— Tudo o que posso imaginar agora é se foi um alívio para ele quando pensou que eu morri,
— ela sussurrou contra o peito de Garrett.
— Shhh, docinho. Isso é conversa de loucos. Eu estava lá quando eles lhe contaram. Estava lá
no seu funeral. Eu o assisti se fechar numa concha ao redor de si mesmo durante o último ano. E
eu o assisti quando ele segurou você novamente, pela primeira vez. Eu não sei o que aconteceu
antes, mas ele te ama. Ele te ama.
— Muitas vezes me perguntei o que se passou pela cabeça dele quando chegou em casa
após o aborto e encontrou Garrett em casa com você. Na época eu pensei que ele estava lidando
com a culpa por não estar aqui com você, mas agora eu me pergunto se não foi ciúme. Ou talvez
tenha sido uma combinação dos dois.
Rachel enrijeceu e se afastou de Garrett para olhar para Sam.
— Eu perdi um bebê?
Sam fechou os olhos e xingou.
— Cristo, me desculpe. Eu me esqueci que você não se lembrou de tudo. Sinto muito,
querida. Não queria machucá-la por nada nesse mundo.
A mente dela estava assustadoramente dormente e em branco. Para ela, certamente, sua
vida antes de sua "Morte" parecia ser uma bagunça total e absoluta. Era de se admirar que
bloqueasse a coisa toda de sua mente? Oh, ela sabia que tinha a droga para culpar e que não era
um caso de amnésia histérica no sentido clínico, mas agora em face da verdade, qualquer pessoa
em sã consciência teria querido esquecer.
Ela quase riu. Mas ela não estava sã, estava? Sentia-se precariamente na borda, muito
parecido a estar na ponte em que estivera apenas algumas horas atrás. Oscilando, prestes a cair, e
com o nauseante conhecimento que não havia nada que pudesse fazer sobre isso.
— Conte-me, — ela disse fracamente.

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— Você abortou enquanto Ethan estava fora em uma missão, — Garrett disse rispidamente.
— Esteve muito doente depois, então eu fiquei em sua casa quando você saiu do hospital. Ethan
voltou para casa uma semana depois. Logo depois que demitiu-se do serviço militar.
Ela conseguiu dar uma risada seca. Era isso ou chorar histericamente. Quanto mais
lamentável sua vida poderia ser? Imaginara que tinha a vida perfeita e o casamento perfeito.
Família perfeita. Tudo perfeito. Não poderia estar mais longe da verdade.
— Eu não sei o que fazer, — ela sussurrou.
A batida forte na porta da frente excluiu qualquer discussão mais aprofundada de sua vida
ou a falta dela. Estava tendo a discussão com as pessoas erradas.
O medo tomou conta dela enquanto olhava nervosamente para Sam e Garrett. Ethan estava
aqui. Como poderia encará-lo sabendo a verdade? Não tinha certeza se poderia suportar olhar
para o amor que sempre suavizou suas feições e saber que nada daquilo era real.
— Você não tem que falar com ele agora, — Sam disse gentilmente. — Ele não vai entrar
aqui a não ser que eu permita. Você pode ficar o tempo que quiser. Ou pode voltar para casa.
Basta nos dizer o que quer. Faremos acontecer.
Ela sorriu levemente.
— Eu não sei porque estava com tanto medo de você no começo. Você nunca foi nada, além
de amável comigo.
Ele sorriu e estendeu a mão para apertar a dela.
Garrett tocou seu cabelo, e ela se virou para ver a preocupação em seus olhos azuis.
— Como vai ser, docinho? Você quer falar com Ethan, ou quer que nós o mandemos ir
embora?

CAPÍTULO 35

Ethan estava na porta da frente da casa de seu irmão fervendo de impaciência. Estava
trancada ou ele já estaria lá dentro, e se Sam não se apressasse, Ethan iria arrombá-la.
Levantou o punho para bater novamente, quando a porta se abriu e Sam estava de pé do
outro lado, sua expressão quase acusadora.
— Onde ela está? — Ethan perguntou enquanto passava pelos ombros de seu irmão.
— Está na sala de estar, — Sam disse rigidamente. — Com Garrett.
Sam parecia estar estudando-o enquanto falava, mas Ethan não se importou. Estava
frenético de preocupação com Rachel. Enquanto passava por Sam, parecia que ele queria dizer
algo a Ethan, mas, mais uma vez, Ethan ignorou o irmão e focou em encontrar Rachel.
Quando entrou na sala, viu Rachel amontoada no sofá ao lado de Garrett. Dessa vez era
óbvio que ela estava chateada, e Garrett levantou a cabeça e enviou a Ethan um olhar que teria
feito um homem menor mijar nas calças.
Jesus, que diabos estava acontecendo?
Ele caiu de joelhos na frente de Rachel e afastou suas mãos para longe das de Garrett.

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— Querida, o que há de errado? — perguntou baixinho. — O que aconteceu? Acordei e você


tinha saído. Você tem alguma ideia de como eu estava assustado? A caminhonete não estava.
Você se foi. Eu tive que chamar Sean e pedir a ele para me trazer aqui.
Ela se encolheu para longe dele, se afastando, como se não suportasse tocá-lo. Ele olhou
para ela em estado de choque.
Garrett se levantou e se afastou até que ficou perto de Sam.
— Você quer que fiquemos, Rachel? — Garrett perguntou em voz baixa.
Ethan olhou para eles, mais confuso que nunca. Alguma coisa estava acontecendo aqui que
ele não sabia. A sensação de mal estar estabeleceu-se em seu estômago. Ela teria lembrado de
tudo?
Rachel balançou a cabeça.
— Não. Mas, obrigada.
— Estaremos no porão, se precisar de alguma coisa, — Sam disse enquanto ele e Garrett
viravam-se para sair da sala de estar.
— Rachel? — Ethan perguntou quando estavam sozinhos.
O nó em seu estômago crescia a cada segundo que passava.
— Eu encontrei isto, — disse ela enquanto jogava os papéis amarrotados em direção a ele.
Ele sabia, sem olhar, o que eram. Não conseguia sequer obrigar-se a olhar para ela .
— Oh, Deus...
Suas mãos tremiam enquanto ela continuava a segurar os papéis.
— Continuei a ter esses sonhos sobre você estar com raiva de mim. Você me odiava.
— Shhh. — Ele pressionou um dedo sobre os lábios dela e balançou a cabeça. — Deus, não.
Nunca odiei você, querida. Nunca.
Ela livrou-se dele e olhou para os papéis.
— Estes papéis dizem que você odiava. Ou pelo menos, que não me amava mais. Que
pensou que nosso casamento estava acabado e que queria terminá-lo. Deus, você sequer tentou
se livrar deles. Deixou-os no mesmo lugar em que os vi antes de eu sair, um ano atrás.
O que poderia dizer? Ele não tinha defesa para toda a dor que a fez passar.
— Deixei-os lá, porque queria ser capaz de rasgá-los na sua frente. Para pedir-lhe outra
chance. A chance que nunca tive.
— Converse comigo, Ethan, — ela implorou. — Eu preciso saber. Mais que os papéis do
divórcio. Esta não é a única fonte de nossos problemas. Não me lembro de tudo. Apenas de
pedaços aqui e ali. Não sabia nem mesmo que eu tinha perdido um bebê até Sam me dizer esta
noite. Ou que você saiu dos SEALs logo depois. Preciso entender o que aconteceu.
Ele cambaleou para trás, seu intestino em ebulição. Ele não estava preparado. Viveu com o
conhecimento, por todos os segundos de cada dia, que ela finalmente se lembraria e que ele teria
que explicar, mas ele ainda não estava pronto. Não estava pronto para enfrentar a perspectiva de
perdê-la, quando acabou de reencontrá-la.
Respirou fundo para acalmar seus nervos tensos. Isso era importante. Esta era a sua vida. Ele
não podia, não deveria mentir para ela, não importa como a situação parecesse ruim.

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— Você estava tão animada quando descobriu que estava grávida, — disse ele, sorrindo
enquanto lembrava o quanto estivera animada. — Eu estava ficando fora por muito tempo, e
fiquei preocupado em não estar lá quando você desse à luz. Garrett disse que estaria aqui, não
havia problema. Eu deveria ter sido grato, mas eu estava com ciúmes e muito ressentido.
— E então você abortou quando eu estava em lugares desconhecidos. Eu não fiquei sabendo
até que minha equipe veio à tona. Sam estava tentando me encontrar. Eu me senti tão culpado
porque sabia o quanto você queria o nosso filho. Me senti culpado porque eu não estava lá
quando você mais precisou de mim, que teve que passar por isso sozinha.
Ele olhou para Rachel, que ainda estava sentada no sofá, com os braços agarrados ao redor
da cintura magra. Os olhos dela o perseguiam. Havia tanta dor e confusão, como se ela tentasse
filtrar através do que conseguia se lembrar, contra o que ele estava lhe dizendo.
— Então eu cheguei em casa e Garrett estava lá. Garrett, a rocha. Garrett, que esteve com
você o tempo todo. Fiquei furioso, principalmente comigo mesmo e com um ciúme doentio. Eu
também estava com raiva e de luto pelo nosso bebê, e descontei em você. Deus, se eu pudesse
refazer tudo.
Ele passou a mão pelo cabelo e agarrou a parte de trás do pescoço quando afastou-se dela
novamente.
— Eu renunciei à minha patente porque sabia que tinha falhado com você. Você nunca me
pediu. Nunca teria pedido. Você sabia o quanto a Marinha significava para mim. Mas eu desisti
assim mesmo e odiei. Odiei estar em casa. Odiei não saber o que diabos iria fazer com o resto da
minha vida. Odiei parecer um fracassado para minha família e minha esposa.
— Eu me ressentia de você, embora soubesse profundamente que não era sua culpa. Não foi
sua escolha. Foi minha, mas eu me ressentia muito, e comecei a culpá-la. Eu era o meu próprio
pior inimigo e estava destruindo nosso casamento e seu amor, o que apenas me fez enfurecer.
Um som de dor escapou dos lábios firmemente pressionados de Rachel. Ela parecia ter sido
golpeada. Ele queria que nada daquilo fosse verdade. Queria nunca ter que machucá-la, mas não
mentiria para ela agora. Era como veneno em seu coração e em sua alma, e ele tinha que se livrar
dele. De tudo.
— Eu a desapontava a cada oportunidade. Você tentou. Deus, você tentou. Você me amou e
eu a rechaçava porque estava me consumindo vivo com o ressentimento e minha própria
infelicidade pessoal. Eu não queria ouvir eu te amo de seus lábios, mas no momento em que você
parou de dizer, eu me ressenti de você ainda mais. Eu era o pior tipo de idiota, e finalmente decidi
que o mínimo que eu poderia fazer por você era deixá-la livre. Nobre, não?
Ele balançou as mãos em desgosto e olhou ao redor. A agonia no rosto dela o fez ter
vontade de vomitar. Ele queria tocá-la, abraçá-la, mas estava com medo, porque se ela o rejeitasse
agora, estaria perdido.
— Fui muito covarde para agir como um homem, para confessar que estava infeliz com
minha decisão. Você teria me apoiado. Sei que teria. Então eu a fiz sentir-se miserável e joguei os
papéis do divórcio em você. Jamais esquecerei o olhar no seu rosto, Rachel. Isso me consumiu por

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todo o ano passado. Você foi embora pensando que eu a odiava e que queria acabar com o nosso
casamento, e eu nunca cheguei a acertar as coisas entre nós.
Ela ficou tremendo, sua mão descendo à beira do sofá para se apoiar e erguer-se. Seu rosto
estava pálido, seus olhos arregalados. Ela parecia... devastada.
Ela lambeu os lábios e brevemente desviou o olhar, como se juntando coragem. Irônico, já
que era a única entre eles que tivera a força e a coragem de uma guerreira.
Quando olhou para ele, a emoção em seu olhar bateu forte no intestino. Lágrimas
inundavam seus olhos castanhos escuros e deslizavam silenciosamente por sua face.
— Você quer acabar com tudo, Ethan? É pela culpa que o está consumindo que você está
comigo agora? Porque se sente responsável pelo que aconteceu e por que as últimas palavras que
me disse, foram pedindo o divórcio? Você queria que eu encontrasse aqueles papéis?
Não conseguindo mais ficar longe dela, ele atravessou a sala e recolheu-a nos braços.
— Não, querida. Deus, não. Nunca. Eu não queria acabar naquela época. E não quero acabar
agora. Eu te amo. Cometi erros. Erros que me custaram tudo. No momento em que você saiu por
aquela porta, eu sabia que cometi o maior erro da minha vida. Passei a semana inteira logo após
você sair, planejando dizer as coisas certas quando você voltasse para casa. Eu estava preparado
para implorar. Para fazer o que tivesse que fazer para convencê-la a ficar e demonstrar que eu te
amava.
— E então recebi a notícia que você morreu.
Sua voz quebrou, e ele não pôde ir mais além. Mesmo dizer as palavras trouxe de volta a
realidade daquele dia. O sentimento do mundo inteiro caindo de debaixo dele. Ele nunca queria
voltar àquilo.
— Eu sinto tanto, querida. Eu sinto muito tê-la machucado. Sinto muito não conseguir ser o
homem que você precisava, naquela época ou agora. No começo, mantive os papéis porque
queria rasgá-los quando você voltasse. Mas, então, quando me disseram que você morreu, eu os
mantive como um lembrete de tudo o que perdi e que a culpa foi minha e somente minha!
Quando descobri que você estava viva, eles eram a última coisa em minha mente. Eu esqueci
completamente que os deixei lá.
Ele lentamente se aproximou, precisando vê-la. Tocou seu rosto, suavizando as lágrimas que
manchavam a pele pálida.
— Eu amo você, — ele sussurrou.
Lágrimas quentes derramaram sobre as pontas de seus dedos, e ele rapidamente as afastou,
sua alma machucada com cada uma que deslizava pela face dela.
— Eu preciso saber se você está comigo agora porque você me ama, e não porque se sente
obrigado a corrigir algum erro do passado, — disse sufocada. — Não posso viver pensando que
você se sente preso porque sua esposa morta voltou da sepultura. Não posso viver pensando que
recebi tudo pelo qual rezei no ano passado, quando não é real. É o inferno e não o céu.
Ele beijou sua testa e o nariz. Em seguida, as pálpebras. Beijou as trilhas úmidas que desciam
pelas bochechas e finalmente pressionou um beijo gentil na boca trêmula.

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— O dia em que soube que você estava viva foi simplesmente o melhor dia da minha vida.
Por alguma razão, Deus me deu uma segunda chance. Ele nos deu uma segunda chance. Não
mereço, mas a quero mais do que quero viver. Quero passar o resto da minha vida provando a
você que pode confiar em mim desta vez, Rachel.
Ela o olhou com tanta esperança e devastação que partiu seu coração.
Agarrou as duas mãos e as trouxe até o peito para descansar sobre seu coração.
— Não espero que tenhamos tudo funcionando em um dia ou mesmo um mês. Você têm
muito a lembrar. Eu tenho que reconstruir a confiança entre nós. Poderia, pelo menos, vir para
casa comigo, assim poderemos conversar mais sobre isso? Por favor, Rachel. Venha para casa
comigo. Dê-me isso. Eu sei! Eu não mereço, mas neste momento, estou implorando.
Ela hesitou, fitando-o com olhos torturados. Ele jurou que nunca mais queria ver tal angústia
em seu rosto novamente, como no dia em que ela foi embora quando ele disse que queria o
divórcio. E agora, era dez vezes pior. Ela estava infinitamente frágil e tão absolutamente destruída
que temia que nunca pudesse confiar nele novamente. E se ele a perdesse? E se depois do milagre
de tê-la de volta, ele a perdesse, afinal?
— Estou com medo, — disse ela numa voz rouca e apertada. — Estou com o coração
partido.
Ela afastou as mãos do peito dele e virou-se para longe. A aparente rejeição o acertou no
estômago. Foi como ela se sentiu. O dia em que ele lhe disse que estava acabado. Foi assim que
ela se sentiu. Como se o mundo estivesse caindo em torno dela e não houvesse coisa alguma que
pudesse fazer.
Ele sofria por tê-la magoado, ele a magoou por tanto tempo. Se pudesse protegê-la daquelas
memórias, o faria numa batida de coração, mas Deus, não podia. Seu tempo acabou.
Estendeu a mão para tocar o cabelo dela e então deixou a mão cair para o ombro. Ela se
encolheu, mas ele não se afastou. Ele não podia. Não queria nenhuma distância entre eles. Não
conseguia aceitar que poderia possivelmente perdê-la depois de ter de volta tudo o que ele
sempre quis.
— Rachel, — ele sussurrou. — Olhe para mim, por favor.
Por um longo momento, ela hesitou, e então finalmente se virou, seus olhos arredios à
primeira vista. Ele esfregou o polegar sobre a mandíbula e o queixo dela até que ela levantou o
olhar para encontrar o dele.
— Eu te amo. Eu quero você. Quero nós dois juntos.
Ela engoliu em seco e levantou uma mão trêmula para limpar o canto do olho.
— Eu quero isso também, Ethan. Mas apenas se for real.
— Então venha para casa comigo.
Ela olhou para ele, seu coração tão vibrante quanto os olhos. Finalmente, ela assentiu em
concordância, e o peito dele cedeu com alívio. Pelo menos não estava se recusando a falar com
ele.
— Deixe-me dizer a Sam e Garrett que estou levando-a para casa, para que não se
preocupem. — Levou uma de suas mãos à boca e beijou a palma aberta. — Volto logo, querida.

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Ethan correu até o porão e enfiou a cabeça na porta. Não queria um confronto com seus
irmãos, especialmente Garrett. Era suficientemente ruim que Van soubesse sobre as besteiras de
Ethan, mas agora que Sam e Garrett também sabiam, Ethan se sentia como um idiota ainda maior.
Sam e Garrett desviaram dos arquivos que estavam estudando e observaram Ethan com
aberta curiosidade.
— Só queria lhes dizer que estou levando Rachel de volta para casa.
Garrett franziu a testa.
— E ela quer ir?
Ethan arfou. Ele não tinha o direito de ficar zangado quando Garrett estava apenas
preocupado com Rachel. Exatamente como sempre estivera, mas Ethan era demasiado estúpido e
inseguro para reconhecer.
— Sim... Precisamos conversar. As coisas mudaram. Eu fiz besteira. — Olhou diretamente
para seus irmãos. — Não posso perdê-la.
A simpatia passou pela expressão de Sam, e Garrett poderia ter amolecido minimamente.
Era difícil dizer com sua cara fechada.
— Boa sorte, cara, — Sam disse.
Ethan saiu do porão e se apressou até onde Rachel o esperava. Estendeu a mão para ela e
esperou que a aceitasse.
Hesitantemente ela deslizou os dedos sobre sua palma. Por um momento ele saboreou a
pequena quantia de confiança, e silenciosamente jurou nunca abusar de sua confiança
novamente.
Ainda estava escuro lá fora, e ele checou seu relógio. Duas da manhã. Inferno, deveriam
estar na cama, ele embrulhado tão apertado em torno dela quanto pudesse.
Ele a conduziu para a caminhonete e então entrou. O silêncio desceu enquanto dirigia para
longe da casa de Sam, e ele estava relutante em romper o silêncio. Preferia que qualquer conversa
ocorresse em casa, quando poderia segurá-la em seus braços.
A estrada sinuosa paralela ao lago estava escura como o inferno na noite. Ele reduziu
quando viu um carro parar na interseção em frente. Enquanto passavam, Ethan alcançou e
deslizou os dedos até os de Rachel.
Faróis arderam através de suas cercanias. Que diabos? O estúpido estava iluminando
diretamente sobre eles. Então, viu as luzes vindo diretamente para eles.
Ethan pisou nos freios e puxou o volante em um esforço para evitar o SUV, mas bateu no
lado do condutor e empurrou a caminhonete de Garrett todo o caminho entre a estrada para a
vala.
A dor explodiu em sua cabeça, e ele registrou vagamente o cheiro de sangue antes que tudo
ficasse negro.

CAPÍTULO 36

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O impacto quase fez Rachel perder os dentes. Bateu violentamente contra a porta e gritou
enquanto a dor perfurava seu braço. A caminhonete rolou até uma vala, e ela se sentou, tentando
entender tudo.
Ethan.
Virou-se no assento e gemeu novamente quando o braço gritou em protesto.
— Ethan, — disse roucamente. — Ethan!
Ele não se moveu. Estava caído contra o volante, empurrado pelo impacto lateral do airbag.
O sangue escorria na testa, e ela olhou com horror quando ele não se mexeu.
— Ethan, acorde. Oh meu Deus, Ethan.
O som de metais rangendo chamou sua atenção apenas quando sua porta foi aberta.
— Oh graças a Deus! O meu marido está ferido. Precisamos de uma ambulância.
O homem se inclinou, agarrou-a pelos cabelos e arrastou-a para fora da caminhonete.
Ela gritou quando ele a bateu violentamente contra seu corpo, prendendo o braço ferido
entre eles.
— O que está fazendo? — ela gritou enquanto ele a puxava em direção à estrada.
— Você é uma cadela difícil de matar, — ele rosnou.
Seu cérebro entrou em curto-circuito. Era choque demais para processar. Olhou
freneticamente para a caminhonete batida onde Ethan estava inconsciente.
— Deixe-me ir!
Chutou e lutou, ignorando a dor lancinante que cortava seu corpo.
Ele recuou e a estapeou duramente na face, jogando-a no chão. Então a puxou pelo braço
bom e a arrastou para um veículo que estava esperando.
Seu rosto latejava e lutou para compreender o que aconteceu, e por quê. Ele disse que ela
era difícil de matar.
O acidente na ponte não tinha sido um acidente. Ela sabia que não tinha sido. Mas por quê?
Por que alguém a queria morta?
O homem a jogou no banco de trás, onde um outro homem sentava-se à espera, e então
subiu no assento do motorista e rugiu para a rodovia.
— Quem é você? — ela perguntou enquanto tentava se soltar do aperto do segundo
homem. — O que você quer?
O motorista a ignorou e pegou seu celular. Apertou alguns botões e então gritou no
receptor.
— Estou com ela. Sim, nenhum erro desta vez. Vou me certificar que ela nunca fale. Não,
não posso fazer isso parecer um acidente desta vez. Eu já tentei. A cadela não morreu. Vou matá-
la e descartar o corpo. Ninguém nunca vai encontrá-la. Será apenas um daqueles crimes não
resolvidos. Castle ficará feliz, e Tony e eu desapareceremos no México.
Castle. Castle. Ela conhecia esse nome. Amaldiçoou sua mente abalada. De onde conhecia
aquele nome?

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Seu braço gritava de dor e sua cabeça estava prestes a explodir. Levantou a mão boa até a
têmpora e massageou, disposta a lembrar. Ao lado dela, o estúpido número dois se manteve perto
para observá-la e finalmente agarrou seu pulso e torceu o braço no assento.
— Deixe-me ir, — ela implorou suavemente. — Eu não direi nada, Juro. A família do meu
marido pode pagar vocês. Podem ir de avião para o México. Apenas, por favor, me deixe ir. Isso vai
matá-los. Eles pensaram que eu estava morta.
Ela sabia que estava balbuciando, mas estava desesperada. E aterrorizada.
O motorista disse:
— Sim, você tem uma mania de permanecer viva. Estou convencido que é um gato com nove
vidas. Deveria ter morrido um ano atrás. Deveria ter morrido na ponte. Eu esperava fazer com que
parecesse um acidente, mas uma bala é mais conveniente.
Ela ia vomitar. Entre a dor e o pânico, mal era capaz de pensar.
— Por que? — perguntou roucamente. — Eu nunca fiz nada para ninguém.
— Castle quer. Eu não questiono. Ele paga as contas, então eu faço o que ele me diz.
Os dois homens riram enquanto o carro continuava a seguir a estrada sinuosa que ela
acabara de passar uma hora antes. Estavam voltando para a casa de Sam. Eles a seguiram? Como
sabiam onde encontrá-la?
Fechou os olhos enquanto o desespero caía sobre ela. No ano em que estivera presa, nunca,
nenhuma vez aceitou sua morte. Esperou por Ethan, sabendo que de alguma forma, de algum
jeito, ele a encontraria. Agora não tinha tal esperança. Não havia maneira de ele saber o que
aconteceu com ela. Ele podia nem mesmo estar vivo.
A sensação de calma desceu, lavando o medo paralisante e o pânico. Antes, esperava que
alguém a salvasse. Agora ela teria que se salvar.
Ninguém pode salvá-la agora, só você.
Suas próprias palavras voltaram para ela. Ditas tão pouco tempo atrás. Como se tornaram
proféticas.
Ethan não poderia ajudá-la agora. Ela tinha apenas a si mesma.
Reuniu as memórias de Donovan e Garrett lhe ensinando autodefesa. Como eles se
desesperavam com ela, por ser tão feminina e nunca aprender nada. Ela mostrou a eles quando
chutou seus traseiros com raiva.
Eles riram e a chamaram de muito fraca, e se recusou a falar com eles por uma semana. Eles
eventualmente a subornaram com chocolate e livros.
Ela os fez manter as aulas. Com Ethan tanto tempo fora, sentia que era importante ser capaz
de se defender.
Riso histérico borbulhou em sua garganta e pela completa força de vontade, manteve-se
quieta e recuperou a estranha calma de um momento atrás.
Estudou os dois homens, o da frente e o que apertava seu pulso agressivamente. Estava
preocupada com o braço direito estar quebrado, mas o que era um braço quebrado em
comparação com uma bala na cabeça?
Força, Rachel. Não vai ser fácil, e machucará como o inferno, mas não desistirá sem lutar.

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O motorista era baixo, mas muito corpulento. O idiota ao lado dela era alto, muito mais alto
que ela, mas não era tão volumoso. Provavelmente teria mais sucesso batendo naquele da
traseira, mas era o motorista quem manejava a arma.
Oh bem, ela morreria se não fizesse nada, então se morresse tentando escapar, o resultado
ainda seria o mesmo. Era espantoso como aceitava que poderia ser a causa da própria morte.
Talvez fosse porque durante o ano passado, estivera morta.
Seguiram para uma estrada de cascalho que levava para longe do lago, e o motorista
desligou os faróis, mergulhando o mundo ao redor deles na escuridão. A lua não aparecia e o céu
nublado cobria as estrelas.
O que iria fazer? Precisava de um plano. Seu plano era apenas sobreviver, entretanto
poderia fazer isso acontecer.
Novamente o motorista saiu da estrada onde estavam, desta vez para um caminho que
levava de volta aos bosques. Ela abafou um gemido. Mesmo se conseguisse escapar, não teria
uma pista de onde estava.
O assoalho do carro raspou numa vala, e ela se preparou para a dor agonizante que viria
logo que se movesse. E o idiota não era gentil ao arrastá-la para fora do carro.
Ela travou a mandíbula, mas um gemido agonizante ainda escapou quando a mão dele
circulou o braço quebrado e puxou.
— Vamos fazer isto rápido, — o motorista murmurou. — Quanto mais rápido dermos o fora
daqui, melhor.
Ela viu o acabamento metálico da arma enquanto ele a puxava do bolso. Só tinha alguns
segundos para agir.
Ela era louca, certo? Era hora de mostrar o quanto.
Logo que o cara alto envolveu a mão em torno de seu braço para arrastá-la para as árvores,
ela soltou um grito que disputava com o de uma banshee16. Deu uma joelhada na virilha dele, e
ignorando a agonia correndo através do braço, o socou nos olhos. Ele rolou gritando como uma
menina, e ela foi cuidadosa para mantê-lo entre ela e o cara com a arma.
Seu pé acertou uma grande rocha, e ela caiu no chão, sua mão agarrando a sujeira até
envolver os dedos ao redor da rocha. O homem apontou a arma para ela e ela a lançou. Não
jogara softball17 por oito anos para nada.
Atingiu-o direitamente na cabeça com precisão mortal. Dobrou-se como um fantoche, e
ergueu-se rapidamente, não desperdiçando um segundo antes de fugir por entre as árvores.
O som de balas batendo nas árvores ao seu lado a incitou a correr. O bastardo estava usando
um silenciador, então, não tinha ideia da distância que ele estava. Não importava. Se a pegasse,
estaria morta.

— Ethan. Ethan!
16
Um espírito feminino do folclore gaélico-irlandês que se acredita pressagiar, por lamentos, morte na família.
17
Uma variação do beisebol jogado num campo em forma de diamante menor , com uma bola maior e mais macia,
que é lançada por baixo da mão.

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Ethan despertou num instante, cada instinto gritando que algo estava terrivelmente errado.
Olhou ao redor para ver Sean jogando uma luz em seu rosto. Levantou a mão para proteger seus
olhos do brilho e Sean abaixou a luz.
— Cristo, você me fez perder dez anos de vida em um minuto. Que diabos aconteceu? —
Sean perguntou.
— Rachel.
A constatação bateu nele com a força de um trem de carga. Abaixou-se e puxou o cinto de
segurança. Sean o agarrou, gritando para ele parar.
— Maldição, Ethan, você precisa esperar pela ambulância. Não deve se mover. Não sabemos
se danificou a coluna. Vamos, coopere comigo.
— Rachel, — Ethan falou rouco. — Eles a pegaram.
Afastou os braços de Sean e conseguiu soltar o cinto de segurança. Cristo, como sairia? O
lado inteiro da caminhonete estava desmoronado. A janela estava quebrada, e Sean inclinou
através dela com a lanterna.
Ethan virou na direção do assento do passageiro. Onde Rachel estivera. A porta ainda estava
aberta, mas seu assento estava sinistramente vazio.
Forçando-se a erguer-se, rastejou através do console central e caiu fora do assento do
passageiro, no chão. Sean deu a volta na caminhonete em um instante, o feixe da maldita lanterna
quicando através do rosto de Ethan novamente.
— O que tem Rachel? — Sean perguntou. — Ela estava com você?
Ethan conseguiu ficar de pé e agarrou o ombro de Sean quando oscilou. Merda. Ele não
precisava disto.
— Sim... Ela estava comigo. Os bastardos a levaram. Ela estava certa, maldição. O acidente
na ponte não foi um acidente. Aqueles imbecis estavam nos esperando quando saímos da casa de
Sam. Bateram em nós e a levaram.
— Santa Mãe de Deus, — Sean sussurrou.
Imediatamente começou a bradar ordens em seu rádio. Parou em um ponto e olhou
duramente para Ethan.
— Diga-me cada coisa que você se lembrar, Ethan. Precisamos de um ponto de partida.
— Não sei, — Ethan falou. — Estava escuro. Vi-os estacionados na interseção da
Autoestrada. Acenderam os faróis e bateram em nós quando chegamos perto. O resto é confuso,
mas lembro-me de Rachel gritando enquanto alguns caras a arrastavam da caminhonete pelos
cabelos.
— Deus nos ajude, — Sean murmurou. — Okay, teremos que organizar uma busca ampla.
Eles têm uma dianteira sobre nós. Vou passar um rádio para que as rodovias e estradas
secundárias sejam bloqueadas. Vou contatar o Departamento do Condado de Henry e informá-los
para ficarem atentos.
— Me dê um telefone para que eu possa ligar para Sam e Garrett.
Sean lhe atirou um celular e ele teclou o número de Sam. Seu intestino estava agitado como
um vulcão. O medo o apertava. Sean falava rápido ao fundo, seu rádio parecendo um megafone.

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Ethan teve que dar a mão ao homem mais jovem, sabia fazer a merda de seu trabalho, e agora
estava contente como o inferno por tê-lo ao seu lado para ajudar a encontrar Rachel.
Fechou os olhos enquanto esperava Sam responder.
Estou indo, querida. Espere um pouco. Vou chegar até você, Juro. Apenas espere. Por mim.
Por nós.
Por favor Deus, não a leve agora.
Alguém a queria morta. A vida dela dependia dele e seus irmãos descobrirem o que
aconteceu. E Deus ajudasse os filhos da puta quando Ethan os encontrasse.

Sam esfregou a mão cansadamente sobre o rosto. Que maldita bagunça. Ele nunca
suspeitaria. Oh claro, sabia que Ethan poderia ser um filho da puta rígido, mas nunca sonhou que
o casamento com Rachel estivesse em tantos apuros.
Ele olhava para Garrett, que tinha um olhar de igual perplexidade. Garrett olhou para cima e
simplesmente sacudiu a cabeça.
— Eu. E Rachel.
Sacudiu a cabeça novamente, como se não pudesse conciliar em seu cérebro a ideia que
alguém tivesse pensado que estava tendo um caso com a mulher de seu irmão.
— Que confusão, — disse Garrett.
Sam olhou para o relógio. Era quase hora de Rio fazer contato. Não fazia sentido voltar para
a cama agora. Gesticulou para Garrett.
— Vamos lá. Vamos para a sala de guerra. Rio entrará em contato em breve, e você e eu
precisamos planejar nossa viagem. Steele provavelmente já está a caminho. Contra a minha
vontade, poderia acrescentar. Nunca posso dizer nada ao filho de uma cadela. Não sei como ele
conseguiu passar pela formação básica. Ele não acata as malditas ordens.
— Ele conseguiu passar porque é uma maldita máquina, — Garrett murmurou.
Ele se levantou para seguir Sam, e os dois saíram pela porta lateral e marcharam pela grama,
no escuro.
— Você já pensou como é ridículo levar o telefone por satélite da casa para a sala de guerra
no meio da noite? — Garrett perguntou em um tom divertido enquanto Sam apertava os códigos
de segurança na porta.
Sam olhou para baixo e deu de ombros. Mantinham o telefone com eles em todos os
momentos em que os seus homens estavam em uma missão, mas preferia pegar o relatório aqui,
onde tinha acesso a todos os seus equipamentos.
Alguns segundos depois, os tubos fluorescentes ao longo do teto iluminaram e inundaram o
interior com luz. Sam olhou para o relógio novamente, enquanto se sentava atrás do computador.
Donovan estaria desembarcando no Texas em meia hora e entraria em contato logo que
encontrasse sua equipe. De lá, fariam um pequeno salto para o México, para o que supostamente
seria uma rápida libertação entrar-e-sair.
Sam bocejou.
— Pode muito bem ficar até Van.

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Garrett acenou com a cabeça enquanto estudava as informações que Donovan deixara para
trás.
— Eu deveria ter apertado para ir com ele, — disse Garrett.
Sam se recostou na cadeira e ergueu as sobrancelhas na direção de Garrett.
— Como você apertou para ir comigo para a América do Sul?
— Eu a dei para Van, porque ele poderia lidar com essa missão com as mãos amarradas atrás
das costas. A viagem à América do Sul com Rio é um jogo totalmente diferente, e você sabe muito
bem disso.
Sam ergueu as mãos em sinal de rendição. Garrett estava ficando todo exaltado de novo,
não que isso não fosse comum.
O telefone por satélite bipou, sinalizando uma chamada recebida. Sam estendeu a mão para
o receptor.
— Aqui é Sam. Prossiga.
Houve interferência na linha, o que fez Sam fazer uma carranca. Maldito mau tempo para
estar fora de posição.
— Más notícias, chefe, — Rio falou arrastado. — Alguém chegou aqui atrás de nós.
— O que quer dizer com atrás de vocês? — Sam perguntou.
— Marcamos seus meninos, fizemos a vigilância, fizemos um quilômetro de reconhecimento
para o norte, para estabelecer um ponto de entrada para vocês. Quando voltamos, toda a aldeia
tinha sido apagada. Foi profissional e sangrento. Mensagem enviada, estou achando.
O sangue de Sam ficou frio. Era muito oportuno. O momento muito próximo ao acidente de
Rachel na ponte.
— Filho da puta, — ele inspirou enquanto se sentava em seu assento. — Deixem tudo,
tragam seus traseiros de volta. Imediatamente!
— Há mais. Encontramos um cara vivo. Disse que tentou ajudar Rachel. Protegeu-a
enquanto ela estava em cativeiro.
— Protegeu-a, o rabo dele! — Sam rosnou.
— Ele estava trabalhando à paisana. Não iria sacrificar a missão para o bem de somente uma
pessoa, e esse tipo de besteira. Foi ele que enviou a Ethan todas as informações, na esperança que
sua família montaria um resgate.
— Você vai me perdoar se eu não oferecer-lhe o status de herói, — disse Sam
grosseiramente.
— Não esperaria isso de você. Estou apenas retransmitindo nossas descobertas. E, Sam, ele
disse para ter cuidado, que depois eles iriam atrás de Rachel.
— Quem? — Sam perguntou.
Rio fez um som de nojo.
— O bastardo teve os maus modos de morrer antes de conseguirmos que falasse. Só queria
que você estivesse ciente que uma possível ameaça a Rachel ainda existe.
— Sim, sabemos disso agora. Tire sua equipe fora desse inferno. Não quero vocês em
nenhum fogo cruzado ou alguma porra de guerra entre o cartel.

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— Você é o chefe.
— E Rio... seja cuidadoso.
Rio não respondeu e a linha ficou muda.
— Que diabos está acontecendo? — Garrett perguntou. As veias em seu pescoço inchadas, e
sua mandíbula tão apertada que Sam pensou que seus dentes poderiam estalar.
Explicou brevemente as conclusões de Rio e, em seguida, acrescentou suas próprias
suspeitas sobre o acidente de Rachel.
Garrett se ergueu.
— Temos que ir atrás dela e de Ethan. Filho de uma cadela, Sam, ela disse que foi empurrada
para fora da ponte. Ela nos disse isso e nós nos esquivamos.
Um medo nauseante brotou no estômago de Sam.
— Vou pegar as chaves.
Correram de volta para a casa, e quando entraram, o telefone estava tocando. E Sam sabia...
ele sabia que não era uma boa notícia.

CAPÍTULO 37

Segurando o braço quebrado apertado contra o peito para imobilizá-lo, Rachel estava
concentrada em fazer um amplo círculo através da mata. Estava do lado errado da estrada.
Precisava se dirigir para o lago. Ninguém poderia esperar que ela fosse para o beco sem saída,
certo?
Sua cabeça girava, queria parar e vomitar. As laterais do corpo estavam em chamas e
atiraram uma dor horrorosa através de seu braço, a cada passo que dava.
Ela bloqueou tudo. Imaginou o lago e como seria maravilhosa a sensação de mergulhar
dentro dele. A frieza da água. As ondulações calmantes. Escapar. Precisava escapar para o lago.
Seus pés bateram no chão. Tropeçou em incontáveis rochas e raízes, mas manteve o passo.
Se parasse, seria uma pessoa liquidada. Só esse pensamento a manteve em pé e andando.
Estaria correndo na direção certa? Queria parar para recuperar o fôlego, só por um
momento, mas não ousou. Eles poderiam estar bem atrás dela.
Mais nenhum tiro foi disparado, mas como saberia que não estavam perseguindo-a,
esperando que cometesse um erro?
Após uma hora de dor agonizante, perder um sapato e bater repetidas vezes seu pé
descalço, saiu da floresta e caiu sobre o rio, diretamente na água.
O frio foi um choque, e mal controlou o grito de dor quando seu braço quebrado recebeu o
peso do impacto. Água encheu o nariz e a boca, e colocou a cabeça para cima do fluxo
borbulhante.
Por um momento ficou lá, lutando para respirar. Então, ouviu vozes acima do suave barulho
da água. Eles estavam perto. Oh Deus.

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Ergueu-se em direção à margem, rastejando desesperadamente para o abrigo à beira do rio.


Era sua única chance de permanecer fora de vista, e tinha que rezar para eles não descerem até a
água.
Comprimiu-se contra o solo úmido e lamacento, e curvou-se na mais apertada bola discreta
que conseguiu. As vozes se aproximavam agora, e ouviu o motorista gritar para o outro para se
espalharem.
Sua respiração ficou presa e contida quando a sujeira choveu da margem, bem em frente a
ela. Ele estava aqui. Logo acima dela.
O suor escorria de seu pescoço. Seu nariz se contraiu de forma incontrolável. Todos os
músculos do seu corpo doíam. Ela precisava mover-se, virar-se, fazer alguma coisa, qualquer coisa.
— A cadela deve ter voltado. Ela não poderia ter atravessado a água, — o motorista gritou a
seu parceiro.
Ainda assim, ela esperou, congelada de medo, seu coração batendo tão forte que se
preocupou que isso a entregaria. Por uma eternidade, ficou lá, a dor a cobrindo em ondas.
Justamente quando começou cautelosamente a mudar de posição, houve um ligeiro ruído e
um fio de terra derramou sobre o banco novamente. Ela olhou horrorizada, paralisada pelo erro
que quase cometeu.
Ele estava esperando por ela. Suspeitava que ela estivesse por lá, simplesmente não sabia
onde. Fizera a armadilha, e ela, maldição, estava perto de cair nela de cabeça.
Fechou os olhos, determinada a sobreviver. Não se mexeria. Não iria respirar. Sua vida
dependia disso.
Depois de um agonizante e interminável período de tempo, esticou as pernas,
desenrolando-se com extremo cuidado. Seu braço estava duro e inchado, e mal conseguia movê-
lo.
De nenhuma maneira queria voltar para a floresta. Estariam esperando por ela. Eles tinham
a vantagem.
A enseada. Tudo o que tinha que fazer era entrar na água e seguir para o lago.
Esperançosamente não estaria longe demais. A água era rasa aqui, mas sabia que havia piscinas
mais profundas em alguns lugares.
Arrastou-se por debaixo do beiral de proteção e cuidadosamente percorreu o caminho de
volta para a beira da água. Seus instintos gritavam para correr, mergulhar na água e nadar tão
rápido quanto pudesse, rio abaixo.
Em vez disso, reuniu toda a sua força e calmamente deslizou na água. Mergulhou no meio,
onde era mais fundo, e afundou, sabendo que seria mais fácil se conseguisse deixar a corrente
carregá-la. Estava muito cansada e sentindo tanta dor, que não conseguiria andar muito.
As rochas batiam e cortavam seus joelhos e pés. Saltou para o fundo e juntou todas as suas
forças para não gritar cada vez que seu braço era empurrado.
Em alguns lugares, era tão raso que a água chegava apenas aos tornozelos, e caminhou pelo
fundo de cascalho, com muito medo de deixar impressões sobre a margem lamacenta.

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Quanto tempo fazia que fora levada? Pareciam horas, mas o céu ainda estava escuro como
breu, nenhum sinal da aurora ao leste. A água ficou mais funda novamente e ela afundou cansada,
muito disposta a flutuar por um tempo.
Dobrou a quina afiada e prendeu a respiração quando viu a extensão negra do lago
espalhado diante dela.
A ideia de ir para o lago, na calada da noite, a amedrontou. O canal do rio corria bastante
profundo, mais de nove metros nas enseadas, e no meio da corrente principal, atingia
profundidades superiores a quinze metros.
Ainda assim, era a alternativa. Não seria baleada porque Castle a queria morta. Um homem
que importunava sua memória, mas mantinha-se envolto em sombras.
Cansada, empurrou, rolando de costas e chutando para impulsionar-se em direção ao lago.
Ela ia rapidamente, saindo da corrente de adrenalina e choque na qual estivera. Precisava
chegar rapidamente a um lugar seguro antes que desmaiasse.
Virando, bateu com um braço, segurando o outro junto ao corpo. Chutou fortemente, mas
sabia que parecia um girino aleijado movendo-se erraticamente através da água.
Focou única e exclusivamente no trecho principal do lago, determinada a fazê-lo, para
colocar a maior distância possível entre ela e seus perseguidores.
Com os dedos dos pés entorpecidos, cambaleando pelo cansaço, percorreu o caminho para
fora da enseada onde poderia finalmente ver a foz do lago. Ao longe, as luzes na ponte brilhavam,
zombando dela. Ela teve que rir. Essa ponte maldita, aquela que quase a matou, agora marcava
uma distância impossível para ela percorrer.
A casa de Sam ficava antes dessa ponte. Sua propriedade se apoiava à beira da água. Será
que reconheceria sua doca no escuro? O quanto a ponte estaria distante da casa? Parecia estar a
uma distância interminável.
Duas entradas? Três? Falando nisso, em qual ela estava agora?
A água lambia sua face, e ela lutava para manter a cabeça acima da água. Estava se
mantendo por um fio. Seria tão mais fácil simplesmente rolar e deixar a água levá-la.
Vozes insidiosas sussurravam em seus ouvidos. Algumas delas escarneciam dela, lhe dizendo
para desistir como uma fracote. Outras diziam para ser corajosa. Sua família passara por algo
muito pior. Ethan e todos os seus irmãos foram baleados, feridos, desafiados a probabilidades
impossíveis, e ela não conseguia nem mesmo nadar com um braço quebrado.
Os irmãos SEALs de Ethan caçoariam dela.
Precisava de um SEAL, ou três, agora. Ou pelo menos precisava contatar um. Isso iria ser um
passeio no parque para eles.
Oh Deus, ela estava ficando delirante.
Reforçou seu espírito perceber, que enquanto travava um diálogo ridículo consigo mesma,
fizera bons progressos. Pelo menos uma coisa estava trabalhando a seu favor. Estava se movendo
com a corrente.
Seu primeiro plano de ação seria encontrar a casa de Sam. Ou qualquer casa. Se aquilo
falhasse, iria para a ponte e rezaria para não estar tão longe.

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Demasiado cansada para tentar as noções de natação, virou de costas novamente e deixou a
corrente levá-la.
Manteve o rosto voltado para a margem, procurando qualquer coisa que parecesse familiar.
Luzes acenavam na distância. Uma casa? Casas?
Desajeitadamente, nadou na direção da costa. Enquanto se aproximava, a forma de uma
doca avultava na escuridão. O excitamento afastou um pouco de sua dor. Não havia muitas docas
por causa dos regulamentos sobre novas construções da TVA18. Sam possuía sua casa há anos e a
adquiriu de alguém que morara no lago por duas décadas.
Seus dedos se arrastaram no fundo e afundou-os, esticando para se aproximar da margem.
Duas docas. Sam vivia próximo a alguém que também tinha uma doca?
Balançou a cabeça. Não importava se era a casa de Sam ou não. Só esperava que quem
vivesse aqui estivesse em casa.
Escorregou abaixo da superfície quando tropeçou numa rocha. Cada único movimento
enviava lágrimas de agonia que percorriam suas bochechas. Finalmente ergueu-se e rastejou
através da água rasa em direção à doca. Com a mão boa, alcançou e circulou o braço em torno de
um dos postes de madeira que a apoiavam.
Por vários minutos, inclinou a testa contra a madeira e inspirou duras e dolorosas
respirações. Seu braço quebrado vergado contra ela. Doía com cada movimento, e queria gritar
sua dor e frustração.
Usando a doca como suporte, moveu-se de lado até, finalmente, ter apenas o tornozelo
afundado na água. Cada passo tomou uma quantidade ridícula de força de vontade. Sons animais
de dor sussurraram de seus lábios. Não percebeu até os sons ficarem mais altos.
Parou no fundo do aclive e olhou, esticando-se para enxergar na escuridão. Esta não era a
casa de Sam, e não havia uma única luz, dentro ou fora, sugerindo que alguém estivesse em casa.
Enquanto subia o aclive, as pernas curvaram e caiu de joelhos. Náuseas subiam pela
garganta, inchando rigidamente em seu estômago até contê-las e levantar-se com esforço.
Lutando para manter a pouca compostura que ainda tinha, plantou seu punho na sujeira e se
forçou a erguer-se.
Foi para a porta traseira e bateu com a mão não machucada. Após uma longa espera, o
silêncio ainda reinava. Nenhuma luz se acendeu.
Desistindo daquele caminho, marchou pela lateral da casa até a porta da frente. Tocou a
campainha e sacudiu a maçaneta. Neste ponto já não se importava se alguém estava em casa. Só
precisava de um telefone e um lugar seguro para se esconder.
Quando a tranca não se moveu e ninguém respondeu, ela virou, os olhos procurando no
escuro. A caixa do correio. Pelo menos ela lhe diria onde estava.
Tão rápido quanto foi capaz, caminhou até o final do caminho curto e perscrutou a lateral da
caixa postal. Seu coração acelerou. Se os números fossem exatos, esses eram vizinhos de Sam. A
casa dele ficava a meio quilômetro abaixo na estrada.

18
Tennessee Valley Authority – Autoridade do Vale Tennessee.

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Com renovado vigor, quase correu nesta direção, quase caindo na estrada pavimentada.
Rochas e pedaços de asfalto perfuravam as solas dos seus pés, mas ignorou o desconforto. Perto
da agonia percorrendo seu braço, o resto era insignificante.
Quando chegou na caixa de correio de Sam, quase desmaiou no marco. Por um momento
inclinou a mão na caixa de metal e arfou para respirar. Lágrimas picavam suas pálpebras e fechou
os olhos enquanto lutava para encontrar forças para prosseguir.
As luzes estavam acesas em cada quarto, parecia. Estavam em casa? Apressou-se à porta da
frente e quase chorou de alívio quando a encontrou aberta.
— Sam! Garrett! — gritou, enquanto batia violentamente na porta fechada.
O silêncio saudou sua exclamação.
Ela foi de sala em sala, mas encontrou-as vazias. Não tinha ideia de quanto tempo tinha se
passado desde que ela e Ethan foram forçados para fora da estrada. Sam e Garrett provavelmente
estavam com ele. Ou procurando por ela.
O medo a encheu enquanto percebia que os homens que os tinham atingido obviamente
sabiam onde ela e Ethan foram. Eles os seguiram até a casa de Sam e os esperaram sair. O que
significava que poderiam voltar.
O pânico crescia através dela como um lampejo de fogo. Correu de sala em sala, desligando
cada luz até a casa inteira mergulhar na escuridão.
Um telefone. Precisava de um telefone.
Na cozinha, tirou o telefone sem fio do carregador e rumou para o porão. Havia vários
lugares onde poderia se esconder, onde ganharia tempo se os homens que tentaram matá-la
voltassem!
Quando encontrou o menor e mais escuro canto no armário minúsculo que alojava o
aquecedor de água, afundou no chão e discou 911.

CAPÍTULO 38

Eles analisaram todos os cenários possíveis. Ethan, Sam e Garrett coordenaram com as
autoridades locais e estaduais, e então se afastaram para preencher as lacunas. Se houvesse algo
que a polícia deixou de lado, os Kelly achariam.
A chamada veio uma hora antes do amanhecer. Um SUV com a frente amassada,
abandonado numa das estradas de cascalho da 232.
Eles convergiram de todas as direções, mas era óbvio que ninguém estava nele havia um
tempo. O motor estava completamente frio, as portas abertas, e pegadas levavam para a floresta.
Ethan xingou e bateu seu punho na lateral da caminhonete. Garrett agarrou sua mão e o
afastou.
— Calma, cara. Rachel precisa de você.

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— É hora de ir à caça, — Sam murmurou, enquanto se abaixava e iluminava com sua


lanterna a mistura de pegadas. — Veja esta! É menor que as outras. Acho que ela fugiu deles. Elas
se dirigem para a floresta.
— O que você conseguiu? — Sean perguntou quando se aproximou, após seu levantamento
da área.
Sam apontou e relatou sua teoria. Sean assentiu.
— Espalharei meus homens. — Ele olhou para Ethan com um olhar firme. — Não iremos
desistir até a encontrarmos.
Ethan assentiu.
— Obrigado.
Os irmãos seguiram as pegadas na floresta. Às vezes perdiam a trilha, quando o caminho se
tornava demasiado rochoso para registrar a impressão de um sapato. Então pararam vários
metros depois. Aproximadamente a um quilômetro e meio distante da SUV, encontraram um tênis
deixado entre as folhas e a sujeira.
A adrenalina correu nas veias de Ethan.
— É de Rachel, — ele disse roucamente. Raspou a sujeira das laterais e da sola com as mãos
trêmulas. Era definitivamente dela. Sua mãe os comprou em uma de suas muitas viagens de
compras para Rachel.
— Ela continuou fugindo, — Garrett disse.
Sam dirigiu o feixe da lanterna pelo caminho onde a impressão de um pé calçado de tênis e
um pé descalço seguia mais distante na floresta.
— Boa menina, — Sam murmurou.
Apressaram-se em frente, mantendo as lanternas apontando para o chão enquanto seguiam
as pegadas.
Eventualmente chegaram a parar em uma margem do rio. O solo foi perturbado como se
alguém tivesse caído, e a inclinação foi levada à distância.
Ethan deslizou pela margem para estudar a área mais perto da beira do rio. Havia pegadas
distintas, e mais perto da margem, havia uma área afundada que parecia que alguém se
escondera ali.
As pegadas de Rachel terminavam, mas as pegadas maiores começavam a circular e a
sobrepor antes de finalmente se afastarem.
Seus irmãos investigavam a área do lado dele com os rostos franzidos.
— O que você acha disso, Sam? — Garrett perguntou.
Sam encarou Ethan, e o enfureceu que estivesse tão relutante.
— Diga logo, — Ethan falou seco. — Estamos desperdiçando tempo.
— Há duas possibilidades, — Sam disse lentamente. — A pegada menor termina aqui e
nenhuma segue adiante. As pegadas de botas chegam até aqui e seguem novamente em outra
direção. Ou Rachel os perdeu aqui ou eles a pegaram aqui e ela não seguiu andando.

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Ethan inspirou. Poderia estar olhando para onde Rachel tinha morrido. Balançou a cabeça.
Não, porra! Ele se recusava a acreditar nisso. Se Rachel fugiu a primeira vez, poderia fazê-lo
novamente. Ela era esperta, e era uma lutadora.
Garrett virou-se para mapear o rio.
— Ela poderia ter ido pela água. Ela ouviu o suficiente sobre nossas reuniões e deve ter
assimilado alguma tática de evasão. Inferno, costumávamos sentar, bebendo cerveja e contando
estórias de combate. Existe a possibilidade que tenha entrado na água e ficado lá até não deixar
pistas.
O excitamento enrolava no estômago de Ethan. Ele tinha que acreditar nisso. Não suportaria
pensar na alternativa.
— Então vamos nos dividir, — Sam disse. — Vou rio acima. Vocês dois abaixo. Se ela seguiu
rio abaixo, atingiu o lago. Vou falar pelo radio com Sean e pedir uma busca detalhada pela
margem acima do rio e também procurar no lago por qualquer sinal dela. Se ela estiver aqui fora,
nós a encontraremos.
Seus rádios estalaram e a voz de Sean sangrou no ar da noite.
— Sam, está me ouvindo?
Sam pegou seu rádio. Ethan agarrou o dele, mas deteve o impulso de perguntar se Sean
tinha notícias
— Sim, estou na escuta, prossiga, — Sam respondeu.
— Acabamos de receber uma chamada 911... da sua casa. De uma mulher. Aterrorizada.
Balbuciando sobre homens tentando matá-la. O departamento não conseguiu seu nome antes da
linha cair, mas estou apostando que é Rachel. Estou indo para lá agora.
Incapaz de se manter silencioso, Ethan ligou o microfone e prendeu o rádio à boca.
— Estamos a caminho.
Antes que seus irmãos pudessem reagir, Ethan rodopiou e correu pelo caminho que vieram.
Seus irmãos seguiram logo atrás. Colidiram através das árvores como uma manada de elefantes.
Galhos e arbustos batiam na face de Ethan, mas ele os afastou para o lado e continuou.
Quando voltaram ao SUV batido, não havia nenhum sinal de Sean. Ethan não ficaria
esperando. Subiu na caminhonete de Sam e acionou o motor. Já estava dando a ré na trilha
quando seus irmãos pularam no assento de trás.
— Filho da puta, Ethan, você está tentando nos matar? — Garrett gritou.
Sam se inclinou sobre o assento da frente e Ethan ouviu o clique da trava da arma.
— Acalme-se e nos leve até lá inteiros. Não faremos nenhum bem a Rachel se estivermos
enrolados noutra maldita árvore.
— Como diabos ela voltou para sua casa? — Ethan perguntou enquanto virava de volta na
Autoestrada — Descobrimos suas pegadas na margem do rio. Acabaram lá.
— Eu diria que nossa menina foi inteligente e se dirigiu rio abaixo para o lago, — Garrett
disse com uma nota de orgulho.

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Ethan agarrou o volante e ignorou a pontada na cabeça. Sean colocara uma descuidada
bandagem sobre sua testa para parar o sangramento, e ele se sentia como se alguém tivesse
acertado uma ferramenta em seu crânio.
Fizeram o trajeto em dez minutos, e provavelmente estabeleceram um novo recorde de
velocidade no processo. Ethan virou na maldita entrada de garagem quase sobre duas rodas e
derrapou na parada, jogando cascalho em todas as direções.
Sam abriu a porta e falou hesitante.
— Merda! A casa está completamente escura. Quando saímos após Sean chamar sobre seu
acidente, estávamos com pressa e quase todas as luzes da casa ficaram acesas.
Garrett bateu uma Glock contra o estômago de Ethan e agarrou uma segunda na mão,
enquanto se apressavam em direção à porta da frente.
— Sejam inteligentes, — Sam advertiu. — Ninguém entra como um idiota e recebe um tiro.
Pode ser que isto seja uma grande armadilha e aqueles covardes estejam lá dentro nos esperando.
Podem mesmo ter forçado Rachel a fazer a chamada, se a pegaram e ela não entrou na água como
pensamos.
— Corte o papo furado e vamos, — Ethan falou com raiva. — Eu entendi. Entramos e
limpamos a casa.
— Vou por trás, — Garrett disse. — Esperem 15 segundos e entrem juntos. Fiquem
abaixados e quietos até sabermos com que porra estamos lidando.
Sam levou um dedo aos lábios, então gesticulou para Ethan entrar enquanto Garrett
desaparecia pela lateral da casa.
Após o que pareceu uma espera interminável, Sam levantou três dedos, então reduziu para
dois e finalmente para um. Ethan alcançou a maçaneta e silenciosamente virou antes de deslizar a
porta.
Entrou, arma erguida, olhos investigando o interior escuro. Sam escorregou ao lado dele e
foi para a esquerda, deixando a direita para Ethan.
Metodicamente, trabalharam no nível superior. Após a última sala ter sido vasculhada, se
encontraram na sala de estar e rastejaram em direção ao porão.
O pulso de Ethan estava acelerado em sua pele. Podia sentir cada pulsação. Cada respiração
soava como uma explosão na sala silenciosa.
Que porra é essa?
Ele olhou para seus irmãos, que estavam posicionados nos outros dois pontos do porão.
Nada. Nem Rachel. Nem ninguém.
Um som suave veio do canto mais distante. Suave, quase como um pequeno animal roçando
alguma coisa.
Os homens ficaram tensos. Sam ergueu um dedo aos lábios e ergueu a arma com o outro.
Fez um gesto para Ethan e Garrett convergirem com ele.
Rastejaram, armas erguidas, em direção ao ruído. Ethan estava mais próximo ao interruptor.
Esperou Garrett se mover ao lado dele e então acendeu a luz.

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A luminosidade inundou o espaço. Para choque de Ethan, Rachel estava curvada no canto,
atrás do aquecedor de água, molhada, descalça e enlameada. Ela ergueu o braço para se proteger
da luz repentina ao mesmo tempo em que se afastava no canto.
O alívio deixou Ethan cambaleante. Seus joelhos fraquejarem e ele estava quase caindo ao
chão. Guardou a pistola em sua cintura e se moveu em direção a ela. Garrett o ultrapassou e caiu
de joelhos na frente dela.
— Rachel, — Ethan chamou roucamente.
Ele parou atrás de Garrett e olhou em choque total. Oh Deus, não poderia aguentar muito
mais disso. Quanto tempo iria viver com o medo de perdê-la?
— Ethan? — ela chamou fracamente. — Ele está aqui? Eu pensei... Eu não tinha certeza do
quanto ele foi ferido na batida.
— Ele está aqui, docinho, — Garrett a acalmou.
Ele se moveu para o lado, então Ethan pôde ficar ao lado dele. Ethan a olhou, demasiado
sobrecarregado para dizer algo. Sabia que se tentasse, acabaria desmoronando e chorando como
um bebê.
Ela olhou nervosamente para ele e então seu olhar se desviou para o lado. Ele engoliu. A
cautela estava lá. Ela estava se lembrando do que aconteceu antes do acidente. Antes de ficar
aterrorizada. Sua garganta doía tanto.
— Você está bem? — Garrett perguntou. Como se percebendo que estava gritando, ele
abaixou a voz. — O que diabos aconteceu, docinho?
Ela se moveu e um gemido de dor escapou muito alto. Ela tentou erguer o braço que estava
agarrado contra o peito e foi então que Ethan viu como estava inchado e disforme.
Ah, merda!
— Meu braço, — disse ela com hesitação. — Eu o quebrei quando o carro bateu em nós.
— Puta Merda! — Sam exclamou. — Rachel, como diabos conseguiu escapar com um braço
quebrado, fugir através das malditas árvores e descer um rio para o lago? Presumo que foi isso
que você fez, alcançou o lago e seguiu costa abaixo até chegar aqui?
Ela sorriu, mas era óbvio, estava pendurada pelo mais simples fio. Sua respiração era errática
e rasa, e parecia pálida e em choque.
— Aqueles movimentos de autodefesa que Garrett e Donovan me ensinaram quando Ethan
estava ausente ajudaram muito.
— Você está me zoando! — Garrett disse. — Inferno, e pensar que nós arreliamos você por
ser tão menininha.
— Aprendi com vocês, — disse fracamente. — Fiz direitinho. Exatamente como me
ensinaram.
Suas palavras estavam indistintas agora, os olhos fecharam, então abriram novamente,
enquanto ela lutava para ficar consciente.
Garrett se esticou para tocar seu cabelo.
— Você fez muito bem, docinho. Muito bem.
Atrás de Ethan, Sam estava no telefone pedindo uma ambulância para Rachel.

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— Querida, preciso que fique acordada mais um pouco. Pode fazer isso? — Ethan perguntou
numa voz gentil.
Ele queria tocá-la. Deus, queria segurá-la, mas temia movê-la, tinha medo de machucá-la
mais, mas sobretudo, tinha um medo mortal que ela o rejeitasse.
Ela assentiu lentamente.
— Estou cansada. Estou ferida.
Garrett acariciou seus cabelos, e olhou para Ethan, a simpatia brilhando nos olhos.
— Sei que está machucada, querida. Apenas aguente mais um pouco por enquanto, okay?
Você pode me dizer se está machucada em outro lugar?
Ela tocou a face com dedos trêmulos.
— A mandíbula dói onde o idiota me atingiu. Eu lhe dei uma joelhada nas bolas.
Sam riu, mas o riso saiu fraco e trêmulo, enquanto lutava contra a mesma emoção crua no
rosto de Garrett, e tão agonizante na alma de Ethan.
— Estou bem. Acho. É difícil dizer. O braço dói tanto.
Estava sussurrando agora, e sua cabeça deslizou para o lado.
— Precisamos tirar você deste canto, — Garrett disse. — Vai doer, docinho. Deus, eu faria
tudo para não machucá-la, mas não sei como fazer isso de outro jeito. Sam chamou uma
ambulância, mas será mais fácil se não tiverem que descer uma maca pelas escadas.
— Tudo bem, — ela disse fracamente. — Estou tão feliz que vocês estão aqui. Fiquei tão
amedrontada.
Ethan fechou os olhos e curvou a cabeça. Garrett depositou uma mão em seu ombro e o
apertou confortadoramente.
— Tente chegar atrás o máximo que puder, — Garrett disse numa voz baixa. — Vou pegar as
pernas. Vamos erguê-la e subir as escadas.
— Vou pegar alguns cobertores e travesseiros, — Sam disse.
Por apenas um momento, os olhares de Ethan e Rachel se encontraram e se prenderam por
um longo momento. Além da dor física, Ethan podia ver mágoa, incerteza, nervosismo e profunda
tristeza. Ele daria tudo no mundo para não ter sido a causa de sua súbita hesitação com ele.
Apesar de entender completamente.
— Tentaremos não machucá-la, — Ethan sussurrou enquanto deslizava as mãos debaixo dos
braços dela.
Por mais cuidadosos que ele e Garrett foram, ele sentiu seu grito de dor em sua alma. Ele a
apertou contra o peito, e Garrett cuidadosamente posicionou os braços debaixo de seu corpo.
Ethan subiu as escadas devagar, girando lateralmente, para não bater na parede. Sam seguiu
adiante, acendendo as luzes e colocado um cobertor no sofá.
Ethan se abaixou, segurando-a cuidadosamente. Sam colocou o cobertor em torno dela e
eles se abaixaram para esperar.
O telefone celular de Sam tocou, Rachel se assustou. Ela se encolheu e soltou um gemido
baixo.
Sam puxou o telefone para seu ouvido.

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— Aqui é Sam.
Ethan olhou atentamente enquanto as sobrancelhas de Sam subiam.
— Sim, nós a encontramos. Estamos esperando uma ambulância. Ela está machucada, mas
acho que ficará bem.
Outra pausa.
— Não, tudo bem. Vá para onde você será necessário. Pregue aqueles filhos da puta à
parede por mim. Vamos estar no hospital esperando um relatório completo. Entre em contato
quando puder, okay?
Sam devolveu o telefone para o bolso.
— Que diabos está acontecendo? — Garrett perguntou.
— Era Sean. Eles prenderam dois homens nas vizinhanças do SUV batido. Acham que são
nossos caras. Ele está levando-os para interrogatório agora.
As narinas de Ethan arderam. Controlou-se para não reagir, não queria perturbar Rachel.
— Quero aqueles bastardos, — Ethan disse em voz baixa.
— Diga a Sean... um era alto e magro. Cabelo escuro. Bigode. O outro... ele dirigia... estava
com a arma. Mais baixo e forte. Ele atirou em mim.
— Filho da puta, — Garrett murmurou.
Rachel estava enfraquecendo. Suas pálpebras tremulavam e lentamente se fechavam,
apenas para se abrirem novamente.
Garrett sentou no outro lado do sofá e disse numa voz excessivamente ruidosa.
— Algo mais que possa nos dizer, docinho?
Ela se mexeu levemente contra Ethan, enquanto lutava contra o véu do sono. Ethan
descansou sua face contra a cabeça dela e tentou transferir sua força de vontade para ela.
Ela abriu a boca como se fosse falar, e então sua testa crispou de dor. Com um quase audível
sinal, ela perdeu a batalha e deslizou para a inconsciência.

CAPÍTULO 39

Ethan andava para lá e para cá do lado de fora do quarto de Rachel no hospital. Outros
membros de sua família estavam reunidos no corredor, e todos olhavam para ele com profunda
preocupação em seus olhos.
Sam e Garrett reclinaram-se contra a parede mais próxima da porta, enquanto Marlene e
Frank ficaram contra a parede oposta. Os olhos de Marlene estavam avermelhados e inchados.
Rusty ficou alguns passos afastada, as mãos enfiadas nos bolsos. Ela parecia desconfortável, mas
sua agressiva e habitual careta estava ausente.
— Quanto tempo ainda demora? — Ethan cuspiu enquanto olhava para a porta fechada
novamente. — Porque não me deixam entrar lá dentro?
Sua mãe colocou a mão em seu braço e apertou tranquilizadoramente.

205
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— Eles precisam fazer com que ela se estabeleça sem todos nós pairando sobre eles.
Especialmente você. Você provavelmente assustaria as enfermeiras até a meia morte.
Ethan virou e caminhou de volta pelo corredor. Iria ficar louco. Após horas na sala de
emergência, Rachel finalmente foi transferida para um quarto particular. Ela acordava
intermitentemente, e parecia confusa e instável nas poucas vezes em que estivera consciente.
Seu braço foi tratado e engessado, seus outros ferimentos e arranhões cuidados. O médico
garantiu-lhe que ela teria uma recuperação completa. Mas Ethan precisava vê-la. Ele iria ficar
louco.
A porta se abriu, e todos convergiram para a enfermeira que saía da sala. Ela ergueu a mão
com uma expressão de pesar.
— Ela está descansando confortavelmente agora. Eu dei-lhe algo para a dor. Tentem não
super excitá-la. Se puderem limitar o número de visitantes que ela terá ao mesmo tempo, irá
ajudar.
Ethan engoliu em seco e assentiu. Ele não se importava quem, além de si mesmo, entrasse
desde que pudesse ver sua esposa. Empurrou a enfermeira e entrou no quarto.
O peito apertou quando conseguiu dar seu primeiro olhar para Rachel deitada na cama. Seu
braço engessado foi cuidadosamente colocado sobre a cintura, e estava encolhida nos lençóis
como se ainda estivesse tentando se proteger.
Um hematoma escurecia seu rosto, e Ethan fechou os olhos para a fúria assassina que
cresceu sobre ele.
Enquanto se aproximava devagar, notou as sombras escuras sob seus olhos. Seus cílios
descansavam nas bochechas, dando a sua aparência, já frágil, um ar ainda mais delicado. A
enfermeira limpara seu cabelo, e agora estava escovado e macio sobre o travesseiro, e colocado
em ondas ao redor do rosto.
A insignificante camisola de hospital pouco fazia para cobri-la modestamente, e ele
prometeu que na primeira oportunidade iria trazer-lhe algo mais confortável para usar.
Estendeu a mão para tocá-la, mas sua mão tremia tanto que a puxou de volta, em um
esforço para controlar a onda de emoção subindo por seu corpo.
Ela passou por tanta coisa. Ele a teria perdido? Finalmente a perdeu? Ela sobreviveu a
dificuldades insuperáveis, não uma, mas duas vezes, e mesmo assim, o olhar em seus olhos
quando descobriu a verdade sobre o casamento deles pareceu quebrá-la, quando nada mais
conseguiu.
Curvou-se e apertou os lábios em sua testa. Os cabelos tão finos como de bebê em sua
têmpora pareciam seda em sua boca. Sua pele era tão suave, tão macia. Inalou o cheiro dela e
segurou, apenas querendo saborear o fato que ela estava bem. Ela estava viva.
— Eu te amo, — sussurrou. — Preciso que você acredite nisso, querida. Preciso que acredite
nisso, acima de tudo o mais.
— Ethan.
Ethan olhou para cima para ver Garrett em pé a poucos metros, a sua expressão era de dor.
Sam estava logo atrás dele.

206
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— Olha, cara, eu sei que há muito que obviamente não sei sobre a situação de vocês. Não
estou me intrometendo nos seus assuntos.
Ethan olhou sombriamente para Garrett, esperando o martelo cair.
— Ela ama você. Não há dúvida em minha mente que ela te ama. Sempre te amou. O que
aconteceu na noite passada... puxou o tapete de debaixo dela. Mas ela o ama. Segure-se, Okay. As
coisas vão ficar bem. Você tem que acreditar nisso.
Ethan soltou um longo suspiro.
— Obrigado, Garrett. Após as acusações que fiz...
Garrett aproximou-se e apertou o ombro de Ethan.
— Está esquecido.
Ethan pegou seu irmão mais velho em um abraço de urso e segurou por tudo o que valeu a
pena. Garrett o apertou também e, em seguida, bateu-lhe dolorosamente nas costas.
— Okay, meninas, já chega, — Sam disse numa voz calma. — Mamãe e papai estão lá fora
como duas mães galinhas. Querem dar uma olhada em Rachel, e Garrett e eu precisamos falar
com você, Ethan.
Ethan olhou agudamente para Sam.
— Falar sobre o quê?
— Deixe-me chamar a mamãe para cuidar de Rachel. Não quero que ela fique sozinha.
Ethan não gostou da preocupação na voz de Sam. Ia além da preocupação sobre a condição
de Rachel. Assentiu e esperou, tenso, enquanto Sam saía para fora do quarto.
Segundos depois, ele voltou, e, em seguida, Marlene enfiou a cabeça na porta e atirou a seus
filhos um olhar preocupado. Então, seu olhar repousou sobre Rachel, e as lágrimas encheram seus
olhos.
— Meu bebê, — ela sussurrou.
Frank veio atrás dela e colocou as mãos confortadoramente em seus ombros.
Marlene colocou uma mão à boca.
— Eu só tinha de vê-la. Não vou ficar, mas tinha que ver que ela estava bem.
Sam tocou seu braço.
— Ela ficará bem, Mãe. Ela ficará. Garrett e eu precisamos falar com Ethan. Você e o papai
podem ficar com ela por um minuto?
— Claro, — Frank disse rispidamente. — Façam o que precisam fazer. Marlene e eu
chamaremos vocês, se ela acordar.
Enquanto Ethan ia para a porta com seus irmãos, sua mãe se aproximou e abraçou-o
apertado.
— Vamos ficar o tempo que você precisar de nós, filho. Se precisar de alguma coisa, me
avise, okay?
Ethan a beijou na face.
— Avisarei, Mãe. Não se preocupe.

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Ethan seguiu Sam e Garrett para o corredor e notou um policial uniformizado montando
guarda perto da porta. Olhou para Sam por uma explicação, mas Sam apenas acenou-lhe e seguiu
pelo corredor.
Seguiram pelo corredor e pararam em frente a um conjunto de janelas, Sam e Garrett o
ladearam, quase protetores. Como irmãos mais velhos, pairando sobre ele. Era como se tivesse
doze anos novamente.
— Rachel estava certa. Alguém tentou jogá-la para fora da ponte, — Sam disse sem rodeios.
Ethan assentiu. Não era algo que já não tivesse descoberto.
— O que o faz dizer isso, então? Além do óbvio?
— Logo depois que você e Rachel saíram de casa, Rio nos contatou. — Os olhos de Sam
cintilaram por um momento, antes que seguisse em frente. — Eu o mandei de volta para a
Colômbia para fazer um reconhecimento. Garrett e eu iríamos encontrá-lo e iríamos atrás dos
filhos da puta que mantiveram Rachel prisioneira. Meu plano era fazê-los falar, não importa o que
eu tivesse que fazer.
A fúria apertou a mandíbula de Ethan.
— Por que estou sabendo disso somente agora?
— Isto é óbvio, — Garrett retrucou. — Rachel precisava de você aqui, não saindo para se
vingar.
Ethan controlou seu temperamento, com muito custo. Agora não era o lugar para dizer a
Garrett o que pensava sobre sua afirmação de que não deveria ser ele a vingar sua esposa.
— Rio marcou o novo local do acampamento deles, fez um reconhecimento, planejou
explorar um lugar para Steele, Garrett e eu entrarmos, mas quando voltou, a vila tinha sido
arrasada. No mesmo dia em que Rachel foi forçada para fora da ponte.
— Porra, — Ethan sussurrou. Fechou os olhos e segurou a parte de trás do pescoço,
massageando as dores musculares. — O que diabos aconteceu lá, Sam? Ela deve ter visto algo que
não deveria. É a única coisa que faz sentido.
— Mas por que diabos a mantiveram viva? — Garrett perguntou.
Era uma pergunta que se fizera várias vezes, e estavam mais perto de conseguir as respostas
que necessitavam. De uma equipe de oito voluntários, Rachel foi a única sobrevivente. Todos os
outros pereceram no avião voltando para os Estados Unidos. E alguém se esforçara bastante para
fazer Ethan acreditar que sua esposa estava incluída.
— Precisamos aprofundar no esforço de socorro. Tem que haver algo que perdemos. Era
uma pequena organização e a maioria de sua equipe morreu no acidente de avião. Cessaram as
operações depois disso. Tudo que olhamos foi verificado. Nada suspeito.
Garrett assentiu e olhou para Sam para ver sua reação.
— Até descobrirmos o que diabos está acontecendo, esta família está em confinamento, —
Sam disse severamente. — Ninguém está a salvo. Vou chamar Rio e sua equipe, bem como Steele.
Os irmãos se entreolharam, enquanto percebiam no mesmo momento...
— Donovan. Maldito seja, — Sam disse. — Filho da mãe! Eu perdi a checagem.

208
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— Você tinha uma boa razão, — Garrett disse. — Donovan pode se cuidar. Ele tem o melhor.
Não podemos tirá-lo agora. Ele estará em casa em um dia, e poderemos convocar PJ, Baker e
Renshaw para ajudar aqui.
Ethan engoliu enquanto a realidade se definia. A guerra foi declarada. Primeiro atacaram sua
família, agora eles atacariam em represália.
— Faremos o que precisarmos, a fim de manter nossa família segura, — Sam disse em voz
baixa. — Sei que quer participar, Ethan, mas Rachel precisa de você, e sua primeira prioridade tem
que ser ela e corrigir as coisas entre vocês. Vamos mantê-lo informado, eu juro.
Ethan sabia que Sam estava certo. Ele queria ir atrás dos bastardos. Queria sangue por
ousarem tocar em Rachel. Mas Rachel precisava dele. Ele precisava de Rachel.
— Okay,— disse calmamente.
Sam colocou a mão no ombro de Ethan e apertou.
— Eu vou ver o que Sean pode me dizer, se tem alguma novidade. Então preciso tentar
alcançar Van e deixá-lo ciente do que diabos está acontecendo. Garrett vai levar papai, mamãe e
Rusty para casa, e Sean vai providenciar oficiais para sua proteção. Não quero ninguém nesta
família sozinho e desprotegido. Você vai voltar para Rachel. Eu virei checar mais tarde.
Ethan assentiu, e sem esperar por eles, se virou e voltou correndo pelo corredor. Observou o
policial na porta de Rachel e depois entrou.
Sua mãe olhou por cima da cama de Rachel e depois se apressou.
— Ela já acordou? — ele perguntou.
Marlene sacudiu a cabeça.
— A enfermeira apareceu para verificar seus sinais vitais. Deram-lhe a medicação para dor
antes de a transferirem para o quarto, então provavelmente vai dormir, por enquanto.
Frank se aproximou e colocou o braço sobre os ombros de Ethan.
— Você está bem, filho?
Ethan assentiu.
— Garrett vai levar vocês para casa, para que possam descansar um pouco. Eu vou ficar com
Rachel.
Sua mãe franziu o cenho.
— Eu vou voltar para casa o tempo suficiente para pegar algo para você comer, mas não vou
ficar. Preciso estar aqui por você e Rachel. Se alguém necessita de descanso, é você.
Ethan olhou para seu pai.
— Escute, Mãe. Preciso que você vá para casa e fique lá. Sean colocará alguns oficiais para
sua proteção. A melhor coisa que pode fazer por mim agora, é estar segura. Até que eliminemos a
ameaça a Rachel, e a esta família, ninguém vai a lugar algum. Estarei bem, e ligarei com as
atualizações sobre sua saúde. Prometo.
Os lábios de sua mãe apertaram e estava pronta para argumentar, mas seu pai colocou um
braço em volta dela e apertou.
— Ele está certo, Marlene. A melhor coisa que podemos fazer é ir para casa e ficar fora do
caminho para terem menos com que se preocupar.

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Ela suspirou, mas assentiu. Então alcançou e envolveu o rosto de Ethan.


— Diga a ela que a amamos e que estaremos de volta para vê-la tão logo vocês permitam.
Ethan sorriu e deu um beijo em sua face.
— Obrigado, Mãe. Eu te amo.
Foi com alívio que Ethan fechou a porta atrás de seus pais. Finalmente estava só. Precisava
de tempo com Rachel. Precisava reunir seus pensamentos dispersos.
Puxou uma cadeira para tão perto da cama de Rachel quanto poderia, se sentou e inclinou-
se para observar enquanto ela dormia. Tomou sua mão e enrolou os dedos em torno dela. Seu
polegar roçou sobre a palma, e contentou-se com a sensação de sua pele, morna na dele.
Quanto tempo temeu enfrentá-la quando ela soubesse a verdade. Por mais que estivesse
feliz com sua volta, cada dia foi vivido em um tempo emprestado. Agora enfrentava a tarefa mais
difícil de sua vida. Fazê-la acreditar neles novamente.
Ela se mexeu inquietamente, sua testa enrugando. Ele ergueu a cabeça, ansiosamente
procurando qualquer sinal de que estava recuperando a consciência.
Gradualmente, sua angústia aliviou e ela escorregou de volta para o sono, parecendo mais
tranquila agora.
Então ele esperou. E enquanto esperava, repassou todas as suas memórias mais felizes. Ele
focou nelas, recusando-se a enfatizar as ruins.
Deve ter adormecido, porque acordou com alguém sacudindo seu ombro. Olhou através dos
olhos sonolentos para ver Sam de pé ao seu lado.
Ethan olhou para Rachel, para ver se ela ainda descansava pacificamente, e então olhou para
seu irmão.
— Quanto tempo faz? — ele perguntou, grogue.
— Poucas horas. Acabamos de voltar após ver Sean. — Ele parou e olhou para Rachel. — Por
que não descemos para a sala das enfermeiras e pegamos uma xícara de café? Você parece
precisar de uma sacudida de cafeína.
Ethan hesitou por um momento, então se levantou, desembaraçando seus dedos dos de
Rachel.
— Sim, claro. Apenas por um minuto. Quero estar aqui quando ela acordar.
Seguiu Sam para fora do quarto e assentiu para o guarda, que ainda estava sentado ao lado
da porta.
— Vou deixar a porta encostada. Se você a ouvir, grite por mim, okay? Estarei logo abaixo,
no corredor.
O guarda lhe deu um breve assentimento, e Ethan virou-se para seguir Sam em direção à
sala de café.

O som suave de uma porta se abrindo trouxe Rachel à consciência. Através das pálpebras
entreabertas, viu o enfermeiro entrando e tirando uma seringa do bolso do peito de seu uniforme.
Sua respiração apertou, e manteve os olhos entreabertos, não querendo que ele soubesse
que estava acordada. A inquietação corria por sua espinha, mas não entendia o por quê.

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Enquanto ele se aproximava da cama, olhou quase nervosamente para trás, e a linha rígida
de seu perfil desencadeou uma memória de outro tempo e lugar.
Castle. Senador Castle. Provável candidato presidencial por seu partido na próxima eleição.
Isso foi dois anos atrás. Agora, ele seria um presidente?
O pânico fez sua mente acelerar, e ela embaralhou para juntar os pedaços.
Castle, este homem, e dois outros. Lembrou o medo da descoberta. De tentar fugir. Deste
homem, que estava em seu quarto de hospital agora, girando e vendo-a. Seu olhar era inflexível, e
ela viu sua morte naqueles olhos. Ouviu Castle ordenar sua morte. Mas ela foi mantida viva.
Por quê?
Sua respiração inchava o peito, ameaçando explodir pela garganta. Custou permanecer lá,
quietamente, enquanto reunia coragem.
Os dedos contorceram ligeiramente. O homem destampou a seringa e pegou o fio do soro
intravenoso, manuseando a ponta. O que estivesse na seringa significaria sua morte.
A agulha deslizou na ponta do fio.
Ela irrompeu da cama. Bateu o gesso sobre o fio do intravenoso e rapidamente enrolou a
tubulação em torno do molde rígido. Então puxou tão forte como podia.
O cateter pulou dolorosamente de sua mão, a fita soltando enquanto ela gritava a plenos
pulmões. Rolou para longe do homem, escalando os gradis freneticamente.
Ela caiu no chão duro e olhou para cima e viu o choque e a fúria nos olhos do homem. Então,
ele se virou e fugiu pela porta.

Ethan rapidamente encheu uma xícara de café e a ofereceu para Sam, então encheu outra
para ele. Estava impaciente para ouvir se Sam conseguiu algo com Sean, mas também estava com
pressa para voltar para Rachel.
— Vamos voltar para o corredor. Você pode me contar no caminho, — Ethan disse.
Sam assentiu.
— Você precisa dormir um pouco, Ethan. Não será de grande valia para Rachel na sua
condição atual. Garrett e eu podemos revezar, permanecendo com Rachel enquanto você tira uma
soneca.
Ethan fez um som rude de desacordo e tomou um gole do café quente.
Saíram da pequena sala familiar onde lanches eram armazenados e se dirigiram pelo
corredor para o quarto de Rachel.
Deram alguns passos quando um grito agudo dividiu o ar. Ethan deixou cair seu café e
começou a correr.
O guarda postado do lado de fora da porta de Rachel se erguia enquanto um homem vestido
com o uniforme do hospital saía do quarto de Rachel e corria em direção ao policial.
Ambos caíram e rolaram. O assaltante levou um soco e lutou, enquanto Ethan o atingia
duramente, enviando ambos ao chão.
— Eu cuido disso, — Sam disse duramente enquanto afastava Ethan. — Vá ver Rachel.

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Apenas o medo do que aconteceu a ela evitou que Ethan matasse o homem lá no corredor.
Recuou e correu para o quarto.
A cama dela estava vazia, e ele olhou loucamente lado a lado até que a localizou no chão,
encolhida em um canto, segurando o braço engessado contra o peito.
Seu cabelo estava revolto, seus olhos selvagens com um pesado véu de medo. Não tinha
certeza se ela tinha qualquer ideia de onde estava.
— Rachel, — ele disse suavemente.
Ajoelhou-se no chão ao lado dela e cuidadosamente pegou-a em seus braços. Ela
estremeceu e começou a tremer violentamente.
— Querida, você está bem? Ele a machucou? Preciso que me diga o que aconteceu.
Não obteve uma resposta. A porta se abriu e uma inundação de pessoal médico se apressou
a entrar.
Ela ficou rígida em seus braços, e tão logo as enfermeiras chegaram perto, ela se arrastou
para trás dele. Ele levantou uma mão para afastá-los e atirou neles seu olhar mais ameaçador.
— Ninguém toca nela até que estejam limpos, — ele rosnou.
Sam avançou na porta, seu olhar indo para chão onde Ethan estava sentado com Rachel.
— Ele está em custódia. Sean está a caminho. Rachel está bem?
— Limpe o quarto, — Ethan ordenou. — Ninguém se aproxima dela até sabermos o que
diabos está acontecendo aqui.
— Senhor, precisamos examiná-la. Precisamos recolocar o intravenoso, — uma das
enfermeiras protestou.
Ethan abriu a boca, mas Sam se colocou entre ele e a enfermeira, e ergueu a mão.
— Um de seus enfermeiros acabou de tentar matar Rachel. Ninguém vai tocá-la até termos
segurança. Nossa segurança.
A enfermeira empalideceu e recuou.
— O intravenoso, — Rachel disse numa voz fraca.
Ethan olhou e tocou sua face.
— O que quer dizer, querida?
— A seringa. Ainda está furando na ponta. Ele tentou injetar algo no fio.
Sam seguiu sobre o fio balançando da ponta e pegou a tubulação. Uma seringa pendurada
na ponta, a agulha inserida, o êmbolo ainda puxado.
Ele e Ethan trocaram olhares horrorizados. O que havia naquela agulha esteve terrivelmente
perto de entrar na veia de Rachel.
— Você consegue uma luva? — Sam pediu.
A enfermeira que confrontou Ethan gesticulou em direção a uma caixa na parede. Sam
pegou uma e então gesticulou para as enfermeiras saírem. Enquanto se dirigiam à porta, o policial
que estivera de guarda entrou.
— A segurança do Hospital está vistoriando todo o corredor. Eu lhes disse para ficar fora,
mas não estão satisfeitos. Sean chegará aproximadamente em cinco minutos.
Sam assentiu.

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— Mantenha-os fora até que ele chegue. Ele pode lidar com eles.
Sam colocou a luva e cuidadosamente retirou a agulha da ponta.
— De alguma forma, não acho que quero me espetar com isto, — murmurou.
Rachel se encolheu contra o peito de Ethan, os dedos enrolados firmemente em sua camisa.
— Não quero ficar aqui.
— Eu sei, querida. Eu a levarei para casa.
Esperou que ela recusasse, lhe dissesse que queria que outro a levasse embora, mas ela
permaneceu quieta e ainda contra ele.
Ele olhou para Sam, que ainda estava encarando a seringa.
— Vou levá-la para a casa de Mamãe e papai. Pedirei para mamãe chamar o doutor
Campbell para ver Rachel. Não a quero aqui até sabermos em quem diabos podemos confiar.
— Vou ficar aqui até Sean chegar. Ele vai querer saber a estória de Rachel, mais tarde.
Passarei a seringa para ele, assim poderão examinar no laboratório. Os babacas estão enchendo
isso aqui.
— Castle, — Rachel murmurou. — Foi Castle.
Ethan olhou em confusão.
— Foi o que, querida?
— Senador Castle, — ela disse em uma voz mais clara. Afastou-se de Ethan e o encarou com
olhos arregalados e assustados. — Ele nunca me deixaria viva sabendo o que eu sei.

CAPÍTULO 40

Ela não conseguia tirar a cena da cabeça. Relembrava repetidamente, a conversa clara como
no dia em que a ouviu.
Estava confusa. Estava muito amedrontada. Mas tinha certeza de uma coisa: a conversa que
ouviu um ano atrás era a razão de todo o inferno que suportou desde então.
Sua cabeça doía. O braço doía tanto que queria morrer. Sean e vários outros policiais foram
para o hospital enquanto Ethan e Sam a levaram imediatamente para a casa da mãe deles.
Como resultado, a sala de Marlene foi transformada num posto avançado médico e policial.
Outro pulso de dor nauseante rolou através do seu corpo, mas estava mortalmente receosa
de tomar algo depois do que aconteceu no hospital. Seu medo provavelmente era irracional, mas
demasiado ruim. E ela não estava exatamente no estado mais racional.
— Rachel, você precisa me deixar dar algo para fazê-la sentir-se melhor, — o médico mais
velho disse gentilmente.
Ela piscou para colocá-lo em foco. A dor a fazia entrar em choque, e já saíra do ar mais vezes
que poderia contar durante a visita do médico.
Ele tinha um rosto agradável. Mais velho, enrugado pela idade. Provavelmente era alguém
que ela tinha visto incontáveis vezes, já que era um amigo da família Kelly.
Mas agradável não significava que ele não estava tentando matá-la.

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Ele sentou no sofá ao lado dela, empoleirado na borda, enquanto examinava seu gesso,
tomava o pulso, olhava os cortes e contusões que já haviam sido cuidados nos hospital. Enfaixou o
pequeno ferimento do cateter arrancado, e agora estava oferecendo-lhe comprimidos brancos
inócuos. Pílulas brancas que poderiam ser nada.
Ela fechou os olhos. Não poderia ser chamada de paranoica se havia, realmente, pessoas
atrás dela, certo? E agora sabia o porquê. Estava em risco. Sua família estava em risco.
Procurou por Ethan, sua ansiedade subindo quando o viu de pé apenas a alguns metros de
distância. Em meio ao inferno, lembrou da descoberta, de apertar o intestino, dos papéis do
divórcio: a raiva de Ethan, suas acusações, e o conhecimento que seu casamento estava acabado.
O que ele estava pensando? Havia tanto não resolvido entre eles, mas de alguma forma não
parecia tão importante agora. Ele a amava? Realmente queria que as coisas fossem diferentes
entre eles?
Desejou ter as respostas, mas estava exausta demais para examinar seus sentimentos e suas
emoções. Muito cansada para tentar adivinhar o que Ethan poderia estar sentindo.
Olhou para cima e pegou seu olhar. Seus olhos eram uma tempestade crua. Encolheu-se na
dor que viu lá. Incapaz de manter o contato, virou a cabeça e olhou para longe novamente. Era
uma rejeição. Ela sabia, e odiava não poder fazer mais que apenas sentar-se lá tão impotente.
Apertou os olhos e rezou para que não desmoronasse completamente para que todos pudessem
ver.
— Rachel?
A voz do médico a sacudiu de seus pensamentos, e virou-se para vê-lo segurando aquelas
pequenas pílulas inocentes em sua palma.
O pânico saltou para a garganta.
Garrett estava lá em um instante. Ethan deu um passo a frente, mas então hesitou.
—Deixe-os comigo, Doc, — Garrett disse. — Vou me certificar que ela os tome daqui a
pouco.
Ela olhou agradecidamente para ele. Ele compreendia.
O médico relutantemente se levantou e estendeu as pílulas para Garrett.
— Se precisarem de mim, basta Marlene me chamar. Virei imediatamente, não importa a
hora.
Ethan apertou sua mão quando ele começou a sair.
— Obrigado por vir tão rapidamente.
O zumbido da atividade a oprimiu. Para onde olhasse, pessoas estavam de pé. Ninguém
prestava atenção nela, exceto Ethan e Garrett. Estavam todos ocupados em processar as
informações.
Recostou-se contra as almofadas e apoiou o gesso em seu peito. Nunca se sentiu tão
cansada em sua vida. Tão completamente e totalmente esgotada. Apenas o medo evitava que
sucumbisse à profunda necessidade de sono.
— Você pode falar conosco agora? — Garrett perguntou.

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Atrás dele, Sean e Sam se aproximaram. Sean gesticulou para os outros oficiais recuarem.
Sam ficou afastado e pela primeira vez, ela fez um convite público a ele. Olhou para cima e depois
estendeu a mão.
Seus olhos se arregalaram, ligeiramente surpresos, e então ele avançou e se sentou ao lado
dela no sofá. Ethan deslizou do outro lado.
Sam alcançou seus dedos e apertou.
— Sabe que não vamos deixar nada acontecer a você, certo?
Parecia uma declaração absurda à luz de tudo o que já aconteceu com ela, mas ainda assim,
a promessa expressa tão calmamente a confortou. E ela acreditava nele. Acreditava em todos eles.
Agora que conheciam—ou conheceriam a ameaça— fariam o que fosse necessário para protegê-
la.
— Pode nos dizer o que aconteceu, Rachel? — Sean perguntou.
Ela escorregou sua mão da de Sam, levantou até a têmpora e massageou profundamente,
enquanto classificava através da enxurrada de informações fluindo através de sua mente.
— Eu o reconheci, — disse simplesmente. — Quando entrou em meu quarto de hospital. Eu
o vi a um ano atrás na América do Sul. Ele estava conversando com o senador Castle e dois outros
homens.
Nenhum deles pareceu surpreso com a declaração dela. Talvez já tivessem descoberto uma
conexão entre sua suposta morte e os eventos mais recentes.
— Você se lembra sobre o que estavam conversando? — Garrett perguntou.
Ela assentiu.
— Drogas. O Senador Castle delineou um comércio de troca. O cartel de drogas daria a ele
algumas poucas vitórias. Ele levaria sua campanha de “durão das drogas” ao coração da Colômbia,
marcaria algumas vitórias enormes na preparação para a sua candidatura para a presidência. Em
troca, abriria pistas de drogas para os Estados Unidos. O cartel também venderia para alguns de
seus concorrentes. Era uma situação em que todos ganhavam. Castle pareceria bom e o cartel
teria livre avanço dentro da América e um monopólio no narcotráfico.
— E você ouviu tudo isso, por acaso. — Sean disse.
— Sim. Eu tinha deixado a tenda onde estávamos administrando doses às crianças, para
pegar uma das garotinhas que se perdeu. Castle e os outros homens estavam atrás da cabana da
família da criança. Eu o reconheci. Lembro de ficar tão chocada ao vê-lo lá. Ele era um
patrocinador da organização com a qual viajei, e agora eu sei por quê. Era uma cobertura perfeita
para ele.
— Eu me escondi atrás de uma das cisternas de água quando descobri sobre o que estavam
falando, mas era tarde demais. O homem que entrou em meu quarto de hospital me viu antes que
eu pudesse fugir. Castle disse ao cartel para se livrarem de mim. Fazer com que parecesse um
acidente trágico.
— Jesus Cristo, — Ethan murmurou.
— Mas eles não a mataram, — disse Garrett. — Sabe por quê?

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Ela engoliu em seco e deixou o olhar vagar enquanto as memórias dolorosas do cativeiro
inundavam sua mente
— Eu era sua apólice de seguro. Do cartel. Encenaram minha morte para satisfazer Castle,
mas me mantiveram viva de modo que se Castle alguma vez renegasse o acordo, poderiam me
mostrar e dizer, Ei, lembra-se dela? Olha o que temos. Era o enredo da chantagem final.
— Maldição, — Garrett arfava. — Plano danado de bom.
O canto da boca dela levantou num meio sorriso.
— Eles não contavam com a KGI.
Ethan enfiou a mão atrás do pescoço dela e delicadamente apertou sua nuca. Ela se ergueu
e virou a cabeça para fitá-lo. Ele segurou seu olhar, e desta vez ela não se afastou. Havia tanto que
queria perguntar, tanto que precisava saber, mas agora não era o momento. Não estava
inteiramente certa se haveria um momento. A ideia que seu casamento poderia verdadeiramente
estar acabado, doía mais que o braço quebrado, e a medicação não poderia curar esse tipo de dor.
Finalmente ela virou-se para os outros.
— E agora? — perguntou, incluindo cada um dos homens que estava na frente dela com seu
olhar questionador.
— Agora que tenho a estória completa, posso usar a influência contra o idiota sob custódia,
— Sean afirmou. — As chances são de que um ou todos cantem e delatem Castle. Precisaremos de
seu testemunho. Um advogado de defesa iria retalhar Rachel em sua posição.
Ethan apertou seu pescoço.
— Eu não quero que ela tenha que enfrentar isso.
Sean fez uma careta.
— É inevitável que ela tenha alguma participação na acusação. Vai ser também do DA19 em
grande parte. Se ele puder colocar o seu caso sem o seu testemunho, pode ter certeza que ele
preferirá ir por esse caminho.
— Primeiro você tem que fazer os idiotas falarem, — Garrett apontou.
— Você me deixou preocupado com isso. Em algumas horas, provavelmente estará fora de
minhas mãos, de qualquer maneira. Terei os federais e a polícia estadual rastejando na minha
bunda, e precisarei de uma lavagem intestinal para removê-los.
Uma série de risadas aliviou a atmosfera tensa.
Ethan inclinou-se para tomar o medicamento de Garrett. Então se virou para Rachel, sua
expressão velada.
— Você precisa tomar as pílulas, querida. Está sentindo dor.
Ela hesitou por um momento e então finalmente assentiu. Segundos depois, Garrett colocou
um copo de água em sua mão, enquanto Ethan escorregava as pílulas entre seus lábios.
Ela engoliu e depois afundou no sofá. Queria que Ethan a segurasse. Queria voltar a dois dias
atrás, quando não tinha encontrado aqueles malditos papéis de divórcio e lembrado que seu
casamento acabou.

19
(District Attorney – promotor público)

216
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Observava os acontecimentos à sua volta com curiosidade, até que finalmente o


medicamento fez efeito e as coisas ficaram um pouco confusas. Sean saiu, mas os Kelly
permaneceram. Pareciam se revezar lançando olhares preocupados em sua direção.
Isso era um lar. Esta era sua família.
Queria lutar. Não queria desistir deles.
— Durma, querida, — Ethan murmurou perto de seu ouvido. — Vou vigiar você.
A promessa tranquilizante foi um bálsamo para sua alma esfarrapada. Havia convicção em
sua voz. Havia amor.
Seria o suficiente? Procurou em seu rosto por algo no qual poderia se agarrar. Sempre se
considerou uma pessoa com profunda crença em bondade. Otimista mesmo. Agora lutava para
encontrar um pouco dessa fé. A preocupação e medo a oprimiam.
Tinha confiança nos Kelly e em Sean, no departamento de polícia. Eles desembaraçaram a
história e juntaram as peças do quebra-cabeça. Estaria segura em breve. Poderia seguir com sua
vida.
Mas sua vida seria a mesma? Iria enfrentar um futuro sem o homem com quem sempre
soube que queria envelhecer? Como poderia encarar tanta superação, só para voltar para casa e
ver sua vida se desintegrar diante de seus olhos?

CAPÍTULO 41

Rachel acordou desorientada e insegura sobre onde estava. Por um momento, o pânico
percorreu sua espinha, mas sentiu o calor constante e tranquilizador em torno de seu corpo, e
relaxou.
Piscou para se ajustar à luz baixa no quarto. Era um dos quartos de Marlene. O velho quarto
de Ethan. Estava quase escuro lá fora. Teria dormido o dia inteiro?
O ombro doía devido à posição inábil do gesso pesado, e tentou se virar, mas bateu em um
peito rígido.
Ethan.
Prendeu a respiração quando ficou cara a cara com o homem que fizera amor tão
docemente com ela... foi somente na noite passada?
Olharam um para o outro, nenhum deles tentando falar. Finalmente a posição torta do
pescoço a forçou a se virar. Maldito gesso. Maldito o fato de não poder se mover como valia a
pena.
Estava deitada de conchinha com Ethan e seus braços pairavam sobre sua cintura,
segurando-a junto ao peito. Lentamente, ele moveu o braço. A cama afundou, e para sua
decepção, ele se levantou.
Novamente ela tentou rolar, mas se levantou um pouco quando viu que ele simplesmente
foi para o outro lado da cama.

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Ele subiu no colchão e se deitou. Desta vez se encararam, e ela viu a incerteza horrível em
seus olhos.
Por alguma razão isso a confortou. Poderia lidar com a incerteza, Deus sabia que estava
lidando com isso. O que não poderia aceitar era a perda da esperança.
Ele finalmente quebrou o silêncio.
— Como está se sentindo? Seu braço está doendo? Tenho mais remédios contra a dor, para
você.
Ela olhou para o braço. Doía, mas não queria se drogar com medicamentos novamente.
Havia muita coisa que precisava ser encaminhada.
— Sean descobriu mais alguma coisa?
Poderia começar por aí, evitando o tema de seu casamento, por enquanto. O simples
pensamento já espremia seu peito tão apertado que era difícil respirar.
— Um pouco, — Ethan disse. — O FBI está prendendo o senador Castle enquanto
conversamos.
A boca dela se abriu, e seus olhos se arregalaram.
— Só com base no que eu disse?
Ethan fez uma careta.
— Não, querida. Você não é a testemunha mais confiável, por causa dos buracos na sua
memória. Os homens que Sean tinha sob custódia o delataram. Estão prendendo-o por
conspiração para cometer um assassinato. O seu assassinato. O tráfico de drogas, a ligação com o
cartel, sua participação no seu desaparecimento... isso virá mais tarde, quando construírem um
caso contra ele.
— Todos os três assassinos querem fazer acordos, de modo que estão derramando suas
entranhas. O importante é que Castle estará na cadeia.
— Então acabou, — ela murmurou. — Depois de um ano, finalmente acabou.
Ele afastou um fio de cabelo que caiu sobre a testa dela.
— Sim, querida. Acabou.
Ela engoliu em seco, reunindo coragem, e o olhou diretamente nos olhos.
— E sobre nós. Nós acabamos?
O olhar dele parecia tão assombrado. Havia sombras profundas sob seus olhos. O curativo
em sua cabeça foi removido, e parecia que havia pontos no corte em sua testa.
Ele tocou seu rosto, e seus dedos deslizaram por sua pele. Sua respiração vacilou
erraticamente em seu peito, e percebeu como ele estava se esforçando duramente, para mantê-lo
juntos.
— Eu fui a força propulsora em nosso relacionamento por um tempo demasiado longo. Eu
pressionava e você cedia. Destruía e você sofria. Decidi sozinho o curso do nosso casamento um
ano atrás, quando empurrei aqueles papéis em você e a observei desmoronar. É hora de você
decidir o que é melhor para você.

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Ele engoliu em seco, o seu pomo de adão subindo e descendo em sua garganta. Respirou em
uma profunda arfada através das narinas, e seus olhos ficaram brilhantes, com lágrimas não
derramadas.
— Eu amo você, Rachel. Mais do que nunca. Eu quero outra chance. Deus, quero tanto. Faria
tudo por isso, mas não vou forçá-la a uma má decisão. Quero que estejamos juntos. Quero rir e
amar pelos próximos 50 anos. Quero um casamento como o dos meus pais. Quero acordar toda
simples manhã com você em meus braços. Não quero me separar de você.
— E o SEALs? Você não estava feliz por sair.
— Não, — ele admitiu. — Não estava. Eu saí, porque pensei que era o que precisava fazer.
— Você pode voltar?
Ele sorriu e traçou uma linha em torno da boca dela.
— Sam quer que eu trabalhe para a KGI. Ele me queria desde que renunciei à minha patente,
mas eu estava sendo muito teimoso e estava muito ocupado enchendo o saco do mundo. Você e
eu precisamos falar sobre o que isso significa, mas gosto da ideia. Meus irmãos são um pé no saco,
mas não há ninguém em quem eu confie mais o meu traseiro. Ou o seu.
Ela ficou lá por um momento, imaginando como seu futuro poderia ser. Suas questões não
iriam ser resolvidas da noite para o dia. Seria preciso muito trabalho duro e paciência. Ela não
estava cem por cento ainda. Talvez nunca estaria.
— Eu poderia ver a terapeuta novamente, — falou sem pensar. — Ela não era tão ruim.
— Temos todo o tempo do mundo para fazer as coisas certas com você e com a gente, —
Ethan disse suavemente.
Ouvindo-o colocar dessa maneira, um pouco de sua ansiedade derreteu. A tensão tão
incorporada em seus ombros diminuiu, e ela relaxou nos travesseiros.
Eles teriam tempo. Ninguém disse que tudo teria que ser perfeito amanhã ou no dia
seguinte. Poderiam levar isso um dia por vez. Juntos.
Juntos.
Ela nunca imaginou sua vida sem Ethan. Não queria. Cometeram erros, e mereciam uma
segunda chance. Ele estava certo. Deus havia lhes dado, e ao casamento deles, uma segunda
chance. Era um presente maravilhoso que tinha a intenção de valorizar.
Sentindo-se em paz com sua decisão, aconchegou-se mais no abraço de Ethan. Virou o rosto
em seu pescoço e sussurrou:
— Eu amo você.
Ele enrijeceu, cada músculo em seu corpo tão apertado que podia sentir a tensão emanando
dele. Então, um grande tremor o percorreu, e ele pressionou seus lábios no cabelo dela.
— Eu também te amo, querida. Deus, eu te amo. Pensei ter perdido você. Pensei que dessa
vez não iria tê-la de volta.
Ele balançou contra ela, e ela fechou os olhos contra as lágrimas ardendo em suas pálpebras.
— Podemos lidar com isso, Rachel. Apenas me dê uma chance. Farei você feliz desta vez.
Ela se afastou e olhou para o rosto que estava duro com a emoção, os olhos vermelhos,
rosto devastado pelas lágrimas. Tocou sua pele úmida, e seu coração apertou com amor.

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— Eu quero que nós dois sejamos felizes dessa vez, — ela sussurrou.
Ele se inclinou. Seus lábios encontraram os dela em uma pressa quente e doce. Era um beijo
explorador. De dois amantes encontrando seu caminho de volta para o outro após um longo
caminho separados.
Ela podia ver os dois caminhos separados convergindo em um só. Embora não pudesse
prever os muitos solavancos inevitáveis e as curvas que estavam por vir, tinha certeza de uma
coisa. Fariam a jornada juntos.

CAPÍTULO 42

— Não posso esperar para tirar esse gesso, — Rachel reclamou. — Está me deixando louca.
Ethan sorriu enquanto servia uma xícara de café. Olhou para ver sua esposa sentada na
mesa que ficava no quintal, o jornal espalhado a sua frente. Mas não era o jornal que prendia sua
atenção. Ela endireitava um cabide de metal e estava tentando inseri-lo no gesso para aliviar sua
coceira.
Sua esposa.
Nunca se cansaria de usar a palavra. De ouvi-la. De pensar nela.
— Você vai fazer um furo em seu braço com isso, — disse brandamente, enquanto colocava
o café na frente dela. — Provavelmente vai ter uma intoxicação por chumbo também. Ou talvez
tétano. Isto está enferrujado?
Ela olhou para ele por um momento e depois riu enquanto jogava o cabide de lado.
— Coça e não posso fazer parar.
Ele se inclinou e a beijou, saboreando o contato breve e casual. Parecia tão normal e tão
antiquado, o tipo de beijo que os casais trocam após estarem juntos por muito tempo. Ele amava a
sensação de conforto com ela, mesmo que não tivessem superado todos os seus obstáculos ainda.
Eles iriam conseguir, e isso era a parte importante.
— Você só tem algumas horas até sua consulta, e se tudo correr bem e o raio X for bom, o
gesso será retirado.
Ela sugou seu café e afundou em sua cadeira com um suspiro.
— Não posso esperar.
Depositou o café na mesa e empurrou o jornal na direção dele.
— Viu as manchetes? Parece que nosso colega Castle vai ficar afastado por muito tempo.
Ethan fez uma careta e amassou a borda do jornal na mão, enquanto olhava o artigo. Queria
que o bastardo morresse pelo que fez, mas em típica moda, o ex-senador fez um acordo. Não que
isso fosse fazer-lhe muito bem. Ele ainda ficaria na prisão por muito tempo.
Ethan abrigou algumas bonitas fantasias viciosas nas quais Castle ficava preso com um
monte de detentos que classificavam os políticos na mesma escala de molestadores de crianças, e
agiam em conformidade.

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Rachel continuou a beber seu café, o seu olhar focou-se na paisagem que supervisionara nas
últimas semanas. Ethan trabalhou incansavelmente para transformar o pátio ao redor. Entre
Rachel e sua mãe, jurou que trabalhara menos nas forças armadas.
A diversão brilhava nos olhos de Rachel, e ele se perguntou em que ela estava pensando.
Sua memória ainda não estava cem por cento. Longe disso, mas ela parecia recuperar mais a cada
dia. Quanto mais recuperava sua saúde e se livrava dos efeitos residuais das drogas das quais foi
dependente por tanto tempo, mais ela parecia lembrar.
— Então, quem foi o Papai Noel no Natal do ano passado? — ela perguntou.
Ele piscou com a questão inesperada.
— O quê?
— Natal... Você sabe, Papai Noel?
Ele franziu a testa e tentou sacudir a sombra que caiu sobre seu coração.
— O último Natal não foi bom, querida. Duvido que o de alguém foi. Passei-o sozinho. Aqui.
Ela ficou triste e apertou a mão dele.
— Eu sinto muito. Foi descuido de minha parte.
Ele sorriu.
— Não, você esqueceu que aconteceu, e isso é uma coisa boa. Pensamos que tínhamos
perdido você, mas não perdemos, por isso nunca ficaremos tão tristes novamente. Por que
pergunta sobre Papai Noel?
Ela recuperou seu sorriso, seus olhos cintilando como diamantes gêmeos.
— Bem, se ninguém foi Papai Noel no ano passado, isso significa que é a vez de Garrett.
Ethan jogou a cabeça para trás e riu.
— Nós já o lembramos disso, na verdade. Não acho que ele ficou muito emocionado, mas
por você e Mamãe, ele vai fazê-lo.
— Poderíamos fazer de Rusty sua assistente. Entre os dois, eles fariam uma grande versão
do Grinch Who Stole Christmas20.
Ethan estremeceu.
— Aii!! Provavelmente não é uma boa ideia colocar esses dois juntos e esperar alegria. Além
disso, está assumindo que Rusty ainda estará por aí no Natal.
Um olhar pensativo encontrou os olhos de Rachel.
— Oh, acho que ela estará aqui. Ela adora Marlene e Frank. É o resto de vocês que ela ainda
não aceitou.
— Sim, bem, o sentimento é mútuo, — Ethan disse. — A menina é um tormento.
— Exatamente como as irmãs mais novas devem ser, — Rachel disse suavemente.
Ethan gemeu.
— Você está pior que Mamãe.

20
Popular conto de Natal do Resmungão que roubou o Natal. Também existe a versão em filme, com o Ator americano
Jim Carey como o Grinch. Conta a história do duende resmungão que detestava o Natal e decidiu roubá-lo, e como em
toda história natalina, o espírito generoso e bondoso consegue superar tudo e triunfar.

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— Dê a ela uma chance, Ethan. Ela é jovem e confusa e teve uma vida dura. Todos nós
merecemos uma segunda chance.
Ela o pegou. Cara, ela o pegou bem ali. Ele, de todas as pessoas, deveria saber o valor de
segundas chances. Dominado pela emoção, gratidão por ter recebido sua segunda chance, puxou-
a da cadeira para sentar-se em seu colo.
Ela se aconchegou em seu peito e colocou o gesso desajeitado sobre a mesa, fora do
caminho.
— Eu te amo, — disse ela, enquanto beijava seu pescoço.
— Eu também te amo, querida. Estamos num estudo sobre segundas chances, sabe?
Ela virou a cabeça até fitar seus olhos. O lábio inferior fez beicinho convidativo, e ele não
pôde resistir à tentação de mordê-lo.
— Às vezes as segundas chances são oportunidades muito melhores, — ela sussurrou. —
Porque desta vez faremos tudo certo.

Fim

** Essa tradução foi feita apenas para a


leitura dos membros da Tiamat.
Muita gente está querendo ganhar fama e seguidores usando os livros feitos por nós.
Não retirem os créditos do livro ou do arquivo.
Respeite o grupo e as revisoras.

Próximo romance da Serie KGI de Maya Banks


Nenhum Lugar Para Fugir
A última pessoa que Sam Kelly esperava salvar era Sophie Lundgren. Uma vez
compartilharam um breve assunto intenso enquanto Sam estava disfarçado e, em seguida, ela
desapareceu. Ela passou os últimos meses fugindo, sabendo que qualquer engano custaria tanto
sua vida como a de seu filho ainda sem nascer. Agora ela faz uma nova advertência para Sam:
desta vez, ele é quem está em perigo.

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