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LES LIEUX DE MÉMOIRE, DEZ ANOS DEPOIS


Armelle Enders

O lançamento dos três volumes intitulados Les France põe um ponto final na
ambiciosa obra Les lieux de mémoire, cuja publicação foi iniciada há quase uma década pela
Gallimard sob a direção de Pierre Nora.1 Participaram na construção desse 'jogo de armar
gigante"2 cerca de 130 historiadores oriundos dos mais diferentes planetas da galáxia
institucional que alimenta a pesquisa histórica na França: Collège de France, universidades,
École des Hautes Études en Sciences Sociales - E.H.E.S.S., institutos de estudos políticos,
Centre National de la Recherche Scientifique - C.N.R.S. e museus nacionais associaram suas
competências para dar à luz uma obra que desde o lançamento foi considerada capital pelos
círculos intelectuais franceses.3 Les lieux de mémoire é importante sob todos os aspectos: pela
dimensão material da obra (em torno de 6.000 páginas), pela duração do trabalho (dez anos),
pela qualidade e pela diversidade dos historiadores envolvidos, pelo conteúdo inovador (não
somente no que diz respeito ao projeto global mas também a um bom número de artigos
isoladamente), enfim, pela reflexão que suscita sobre a Nação francesa. Por tudo isso,
compreende-se o quão difícil e redutora é a tarefa de dar conta, em poucas páginas, de tal
edifício.
A primeira dificuldade reside na duplicidade de Les lieux de mémoire: de um lado há
de fato um projeto global, apresentado e copiosamente comentado por Pierre Nora, o feliz
criador da expressão e arquiteto da obra. De outro, há ao menos uma centena de contribuições
que podem ser lidas separada e independentemente do todo, e um número igual de autores que
podem muito bem não se identificar com os esquemas cada vez mais complexos formulados
por Pierra Nora. O perigo de se restringir Les lieux de mémoire à expressão do ponto de vista
do seu coordenador é real, tendo em vista que poucos leitores (sobretudo fora da França) terão
realmente lido os artigos, contentando-se em associar os textos da apresentação e da
conclusão com uma breve passada de olhos sobre o sumário. É preciso, pois, insistir que Les
lieux de mémoire é uma coleção de trabalhos singulares que, ao mesmo tempo, servem de
base à uma tentativa de conceitualização por parte de Pierre Nora.
Um segundo fator que torna difícil uma abordagem sintética de Les lieux de mémoire
diz respeito à evolução sofrida pelo projeto entre 1984 e 1993, bem como aos avanços da
historiografia francesa durante esse período. O consenso formado em torno de Les lieux de
mémoire mostrou que a obra estava em perfeita sintonia com a atmosfera intelectual do seu
tempo, mas também a expôs ao risco de uma rápida banalização, que de fato aconteceu. O
sucesso da coleção ultrapassou os limites da comunidade científica. A expressão "lugar de
memória" tornou-se uma figura do discurso político, um argumento turístico, enfim, um lugar
comum. Em 1988, Jack Lang, então ministro da Cultura, chegou mesmo a integrar a categoria
1
O plano geral de Les lieux de mémoire, acompanhado da cronologia da publicação, é o seguinte:
I - La Republique - 1984.
II - La Nation - 1986. Estava prevista a publicação de dois volumes, mas acabaram saindo três: vol. l -
Héritages, historiographie, paysages. vo1. 2 -Le territoire, L'Etat, le patrimoine. vo1. 3 - La gloire, les mots.
O projeto devia terminar aí, mas decidiu-se dar continuidade à seqüência inicialmente (e vagamente) prevista.
III - Les France - 1993. vol. l - Conflits et partages vol.2 - Traditions vol.3 - De l'archive à l'emblème.
2
"Meccano géant": esta é a definição dada por Pierre Nora nas primeiras linhas de sua apresentação de Les
France, 1, Paris, Gallimard, 1993, p. 11.
3
Pierre Nora foi convidado a comparecer a todos os programas culturais da televisão e do rádio. Os grandes
jornais abriram suas colunas e os colegas cobriram a obra de elogios: Jean-Pierre Rioux afirmou na revista de
vulgarização L'Histoire, n° 165, abril 1993, que estávamos entrando na "era dos lugares de memória".

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de "lugar de memória" à nomenclatura do Patrimônio Nacional, a fim de conservar edifícios


ou paisagens desprovidos de valor estético relevante mas carregados de forte valor
sentimental. Assim, os especuladores imobiliários de Paris tiveram que recuar diante da
fachada leprosa do Hôtel du Nord, que inspirara a Marcel Carné o cenário do filme do mesmo
nome e as réplicas mais famosas da história do cinema francês.4 Pierre Nora viu aí um desvio
do sentido da expressão, que acabou, diluindose, por servir para dizer tudo e no fundo não
dizer nada. Esta foi uma das razões que motivaram a execução do projeto Les France, que em
1986 só existia como algo muito incerto. Les France constituem assim uma forma de
reapropriação da idéia de "lugar de memória" por seu próprio autor, em nome da comunidade
dos historiadores e em detrimento da vulgarização. Por isso mesmo o lançamento dos
volumes foi acompanhado de um grande esforço de definição e de teorização de modo a
confinar a noção de "lugar de memória" dentro de um campo determinado.
Parece portanto pertinente nos determos na finalidade epistemológia que Pierre Nora
atribui ao "lugar de memória", já promovido por ele a "nova categoria de inteligibilidade
histórica contemporânea",5 em seguida examinarmos as variações sobre o tema dos "lugares
de memória" a que se consagraram diversos autores, para enfim avaliarmos a contribuição de
Les lieux de mémoire à historiografia francesa e, em particular, o que os volumes de Les
France vêm acrescentar aos de La République e La Nation.
Para abordar a noção de "lugar de memória", dispomos da impressionante série de
textos e declarações nos quais Pierre Nora se esforça para precisar o que quer dizer com isso.
Ele afirma haver tomado emprestada a Cícero, em seu De oratore, a figura retórica do locus
memorie, na qual se associa a um lugar, uma idéia, transformando-o em um símbolo. Este
locus pertence claramente ao domínio do ideal e por isso é errado reduzi-lo a um passeio
nostálgico entre monumentos e vestígios materiais do passado. O "lugar de memória" pode
ser concebido como um ponto em torno do qual se cristaliza uma parte da memória nacional.
Na apresentação de Les France Pierre Nora oferece uma definição: "lugar de memória: toda
unidade significativa, de ordem material ou ideal, da qual a vontade dos homens ou o trabalho
do tempo fez um elemento simbólico do patrimônio da memória de uma comunidade
qualquer".6 Tratava-se, então, desde os primeiros volumes, de proceder ao inventário
simbólico da França. Esta abordagem sob o ângulo da memória parece convir, segundo Pierre
Nora, à lenta e profunda mutação do sentimento nacional no período que vai da Primeira
Guerra Mundial à Guerra da Argélia.7 Para Nora, o nacionalismo francês clássico, fosse ele de
tradição jacobina ou reacionária, se caracterizava por seu messianismo, seu universalismo e
sua crença na potência do Estado. Mas desse período em diante ele pareceria revelar sua
atração pelos particularismos e até por uma forma de hedonismo: "Antes afirmativo, o
sentimento nacional tornou-se interrogativo. Antes agressivo e militar, tornou-se competitivo,

4
Era porém sabido que Hotel du Nord, filme cult dos anos 50 realizado pelo diretor de Les enfants du paradis,
não tinha sido rodado no lugar verdadeiro, mas inteiramente em estúdio!
5
Pierre Nora, Les France, 1, p.16.
6
Ibidem, p.20
7
Muitos historiadores, e não dos menores, expressaram o mesmo ponto de vista. Maurice Agulhon escreveu que
"a França de antes de 1914 era quase que totalmente patriótica (...) Este patriotismo permitiu ganhar a guerra em
1918, mas tudo se passa como se ele tivesse sido ferido mortalmente por esta mesma vitória e pelo horror
provocado pelo sofrimento necessário para obtê-la", citando como apoio o grande especialista do nacionalismo
francês, Raoul Girardet: "Após bastante refletir, parece-me que a história da França parou na sublime e absurda
aventura que foi a Primeira Guerra Mundial." Maurice Agulhon, La République de 1880 à nos jours, Paris,
Hachette, 1990, p. 491.

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inteiramente investido no culto dos desempenhos industriais e dos recordes esportivos. Antes
sacrificial, fúnebre e defensivo, fez-se prazeroso, curioso e, pode-se até dizer, turístico."8
Pierre Nora nos convida assim a extrair as conseqüências historiográficas da morte de
uma certa idéia de França; a romper com o modelo de narração da história nacional tal como
fora definido por Ernest Lavisse no final do século XIX e mantido em suas linhas básicas até
os nossos dias - note-se de passagem como se salta alegremente sobre os Annales. O paralelo
entre Les lieux de mémoire coordenado por Nora e L'Histoire de France dirigida por Lavisse9
é alternadamente reivindicado e refutado pelo diretor de estudos da E.H.E.S.S. A intenção de
suceder ao grande mestre da história republicana está explícita na estrutura geral de Les lieux
de mémoire. Sua construção cronológica estilhaçada e desamarrada se opõe contudo à
narração linear e unitária dos professores do tempo da Terceira República. Além do mais, os
historiadores dos anos 1980 deram prova de sua iconoclastia com relação aos velhos mestres
colocando em pé de igualdade o anedótico, o marginal e os temas "nobres", que seus
predecessores julgavam ser os únicos dignos de ficar na memória. "Le Tour de France"10
(Georges Vigarello), "La galanterie" (Noémi Hepp), "La conversation" (Marc Fumaroli) se
postam ao lado daqueles temas que dizem respeito à simbologia do Estado. Os autores de Les
lieux de mémoire destruíram enfim um dos pilares do credo da história republicana, a qual
tinha por missão decriptar o destino nacional e mostrar o caminho a ser seguido pela nação
francesa em direção a um regime ideal: a República. As noções de "Nação", de "França" e de
"República" se confundiam em uma espécie de Trindade laica. Pierre Nora fez questão de
separá-las e de tratá-las em volumes cuidadosamente distintos.
É sem dúvida neste ponto que a obra começa a perderem legibilidade. Se La
République - limitada embora aos primeiros anos da Terceira República não coloca nenhum
problema maior de definição e forma um conjunto coerente, as coisas se complicam quando
se trata de desembaraçar o que diz respeito a La Nation do que diz respeito a Les France. A
Nação, segundo a definição (impressionista) que escolhe Pierre Nora, presta-se de maneira
ideal ao exercício do "lugar de memória": "É que a Nação é inteiramente uma representação.
Ela não é nem um regime, nem uma política, nem uma doutrina, nem uma cultura, mas sim o
palco de todas as expressões desses elementos, uma forma pura, uma fórmula imutável e
mutável de nossa comunidade social, como, aliás, de todas as comunidades sociais
modernas."11 Pierre Nora recorre a algumas pérolas da imaginação para justificar, sete anos
após a edição de La Nation, a pertinência de Les France. Julguemos por nós mesmos: "La
Nation era o princípio reitor e diretor, o modelo e o padrão sobre o qual se construíra a
França, o motor de sua continuidade. (...) Consultando o sumário, vejo que nenhum dos
assuntos dos três volumes precedentes, tendo em vista a maneira como quisemos que fossem
abordados, encontraria lugar neste Les France. Eles eram apenas os instrumentos da
construção da França, os fundamentos enterrados de sua edificação. A França se encontra
inteiramente do lado da realidade simbólica; ela não tem outro sentido, atro vês das
múltiplas peripécias de sua história e de suas formas de existência, que não o simbólico.
Trata-se de um princípio de pertencimento. Se "Nação" e "França" puderam parecer
sinônimos e pertencer ao domínio de uma mesma abordagem unitária, isto não é senão uma

8
Pierre Nora, Les France, 1, p. 30.
9
Ernest Lavisse recorreu igualmente aos melhores especialistas de sua época: Vidal de La Blache, Coville,
Mariéjols, Seignobos, Pariset, entre outros. Vale também notar que Pierre Nora é o autor de dois artigos sobre
"Lavisse, instituteur national" e "L'Histoire de France de Lavisse", em La Nation, 1.
10
Esta corrida ciclista, realizada pela primeira vez em 1903, permanece um dos eventos esportivos mais
populares da França.
11
Pierre Nora, La Nation, 1, p.x. Grifo nosso.

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das particularidades da França, a encarnação do modelo nacional; e uma das virtudes da


fórmula dos `lugares de memória" consiste justamente em permitir distingui-las."12
Estes dois textos (o primeiro publicado em 1986, o segundo em 1993) não contribuem
para clarear as intenções de Pierre Nora. Eles são, além do mais, totalmente discutíveis. A
França é considerada como o modelo do "Estado-Nação" e não como o "modelo nacional",
fórmula que, por sinal, não tem nenhum sentido. Quem sabe teria sido melhor distinguir a
Nação do Estado em vez de distingui-la da (ou das) França(s)? Esta confusão, que se traduz
na arquitetura da obra sob a forma de um trompe-l'oeil, pode ser explicada, e perdoada, pelo
fato de que se decidiu tardiamente dar uma continuação aos primeiros volumes. E inútil
porém tentar fazer-nos crer que o plano geral de Les lieux de mémoire obedece a uma
necessidade imperiosa. Ficamos assim pouco convencidos de que o artigo "Le département"
(Marcel Roncayolo)13 esteja melhor colocado em Les France do que estaria em La Nation.
Inversamente, podemos nos perguntar se os "lugares de memória" do exército francês,
excelentemente analisados por Jérôme Hélie ("Les armes") não tendem mais para o lado de
La Nation do que para o lado de Les France...
A imprecisão que aureola a noção de "lugar de memória" é ainda mais preocupante.
0'lugar de memória", na pena de Pierre Nora, possui geometria variável e designa ora objetos,
ora um método, ora a memória, ora o trabalho do historiador. Quando passa ao campo da
prática, o historiador Pierre Nora não é mais límpido que o teórico Pierre Nora. Ao que
parece, a moral que devemos guardar ao final de seu indigesto artigo sobre "geração" é que "a
geração" é um lugar de memória porque ela produz lugares de memória!
Felizmente a maioria dos autores não seguiu o mesmo caminho. Nos sete volumes da
coleção, o 'lugar de memória" é compreendido de maneira mais aberta como uma análise da
construção da memória. O conjunto das 130 contribuições pode ser dividido, grosso modo,
segundo a seguinte tipologia:
Em primeiro lugar vêm as monografias consagradas aos símbolos nacionais e à sua
fortuna crítica. Pode-se citar nesta categoria "La mairie" (Maurice Agulhon), "Reims, ville du
sacre" (Jacques Le Goff), "Les châteaux de la Loire" (Jean-Pierre Babelon), entre muitos
outros.
Em seguida há um grande número de textos dedicados à história das instituições de
memória. O primeiro volume de La Nation é praticamente reservado à fabricação e à
administração da memória (a historiografia, o patrimônio). O último volume de Les France
vem completá-lo, desenvolvendo temas em torno das atividades de registro ("La généalogie"
de André Burguière, "Les archives" de Krzysztof Pomian).
Por fim, há os estudos sobre o papel da memória na identidade e sobre a perenidade
dos grupos. Os artigos sobre as minorias e as vítimas se integram nesta categoria: os judeus
("Grégoire, Dreyfus, Drancy et Copernic" de Pierre Birnbaum), os jansenistas ("Port-Royal"
de Catherine Maire), os protestantes ("Le musée du Désert" de Philippe Joutard), os vendéens
de 1793 ("La Vendée, région-mémoire" de JeanClément Martin), o movimento operário ("Le
Mur des Fédérés" de Madeleine Wbérioux).
Certos trabalhos combinam evidentemente estes três aspectos.
Se Les France oferece um florilégio daquilo que os historiadores franceses podem
produzir de melhor, não chega no entanto a suscitar a mesma boa surpresa dos volumes
anteriores. Depois de 1986, um grande número de publicações veio enriquecer nossos
"lugares de memória". O primeiro volume de Les France, intitulado Conflits et partages
12
Pierre Nora, Les France, 1, p. 22. Grifo nosso.
13
A França metropolitana foi dividida durante a Revolução Francesa em "départements", que são hoje 95 e que
permanecem unidades administrativas essenciais.

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(Conflitos e partilhas), não inova nada além do que foi escrito em L'Etat et les conflits (O
Estado e os conflitos, 1990)14 sobretudo por Jacques Julliard, Patrick Fridenson e Emmanuel
Le Roy Ladurie, que por sinal colaboraram em Les lieux de mémoire. Pierre Nora confiou a
Philippe Burrin, aliás eminente historiador, a missão impossível de fornecer uma nova leitura
do regime de Vichy, tema sobre o qual existe uma literatura abundante. Philippe Burrin não
procurou uma originalidade perigosa. De maneira honesta, limitou-se a fazer uma síntese
historiográfica dos problemas levantados pelo Estado francês, para em seguida retomar a
trilha traçada por Henry Rousso, autor de um livro exemplar sobre a memória de Vichy.15
Fica comprovado, portanto, que o "lugar de memória" não é uma "nova categoria de
inteligibilidade", e que um número bastante grande de historiadores praticava e continua
praticando o "lugar de memória", da mesma maneira como Monsieur Jourdain fazia prosa, ou
seja, sem saber. Um outro trabalho de Philippe Burrin sobre o simbolismo dos gestos políticos
nos anos 1930, publicado na revista Vingtième siècle,16 estaria mais em sintonia com o
espírito de Les France.
Nada disso exclui o fato de que Les lieux de mémoire manifesta a vitalidade da
disciplina histórica na França e testemunha o prestígio de que ela desfruta. Hoje pode-se
contar às dezenas os artigos dos primeiros volumes que se tornaram referências clássicas. Não
seria arriscado apostar que a reflexão de Alain Corbin sobre a oposição "Paris-province", ou a
de Maurice Agulhon sobre "Le centre et Ia périphérie", e ainda muitas outras, conhecerão em
breve o mesmo renome.
O sucesso internacional de Les lieux de mémoire prova uma vez mais que o mais
singular e o mais especificamente cultural é o que mais carrega valores universais.
Dificilmente se poderia fazer algo mais "franco-francês"17 do que este trabalho coletivo de
introspecção nacional, nascido do sentimento de que uma página secular estava sendo virada,
do desejo de desmontar o mecanismo da identidade nacional, da vontade de preservar uma
memória que se tornou consciente.
No entanto, permanece aberta a toda comunidade de historiadores a possibilidade de
explorar, com a mesma mistura de lucidez científica e de emoção, a enciclopédia sem fim de
suas práticas sociais e culturais.

Armelle Enders é doutora em história pela Universidade de Paris IV, Sorbonne, e maître de
conférences na mesma universidade.

14
As Éditions du Seuil publicam, sob a direção de André Burguière e Jacques Revel, uma Histoire de la France
em quatro volumes temáticos (e cronológicos). O quarto está no prelo.
15
Henry Rousso, Le syndrome de Vichy de 1944 à nos jours, Paris, Le Seuil, 1987. O livro trabalha exatamente
com esse problema da memória.
16
Philippe Burrin, "Poings levés et bras tendus: la contagion des symboles au temps du Front populaire",
Vingtième siècle, Paris, F.N.S.P., n° 11, juillet-septembre 1986, p.5-20.
17
O pai desta expressão é o historiador americano Stanley Hoffmann.

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