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Artigo - A Morte Como Factor Biopolitico em Michel Foucault - Martins PDF
Artigo - A Morte Como Factor Biopolitico em Michel Foucault - Martins PDF
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direito de vida e morte, delegado ao sobrano de um povo. Este detinha
em suas mãos o direito de vida e morte, mas, em que medida poderia o
soberano exercer poder sobre esses termos? Nas palavras de Foucault
(1999, p. 128): “O soberano só exerce, no caso, seu direito sobre a vida,
exercendo seu direito de matar ou contendo-o; só marca seu poder sobre
a vida pela morte que tem condições de exigir.”
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Eles o fazem porque estão premidos pelo
perigo ou pela necessidade, Eles o fazem, por
conseguinte, para proteger a vida. É para
poder viver que constituem um soberano...”
(FOUCAULT, 2002, p. 287).
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rio tem suas margens, a vida, os indivíduos precisam de normas tais para
disciplinarização desse ímpeto potencializador que o poder traz às relações
com a vida.
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suficiente para manter a ordem e disciplina. Percebe-se que há uma série
de saberes necessários aplicados ao poder disciplinar.
Ação: Advém do cumprimento dos fatores anteriores. As ações
passam pelo crivo da disciplinarização, da normatização da vida. O
individuo devidamente disciplinado produz ações disciplinadas, ações
dentro das normas.
Tudo aquilo que não facilite este processo deve ser extirpado. É a
sociedade da norma, e devemos evitar transgressões à norma. O motivo
disto é que se agora, o Estado é que tem o papel de gerir a vida de
maneira estratégica de modo a preservá-la. Sendo assim, aquilo que
transgride a norma que gerencia a vida acarreta um ônus ao Estado que
deve ser evitado.
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igualmente técnicas de racionalização e de
economia estrita de um poder que devia se
exercer, de maneira menos onerosa possível,
mediante todo um sistema de vigilância, de
hierarquias, de inspeções, de escriturações, de
relatórios...” (FOUCAULT, 2002, p. 288).
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rompe sua esfera particular e se insere num contexto público, ou melhor,
político, de forma produtiva, ou seja, positiva. É o gerenciamento político
da vida que se instaura, é a biopolitica.
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ou se preferirmos apontar um desses elementos de medição comum ao
nosso cotidiano, poderíamos citar, por exemplo, o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) de uma população, medido pela
escolaridade, condições de saúde, higiene, rentabilidade per capita, entre
outros fatores.
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ápice do poder. Esta intervenção na vida quer ainda esticá-la,
encompridá-la, além de qualificá-la quanto possível, quer evitar que ela se
encerre. Podemos dizer que somos conduzidos por uma indústria da
medicina, por uma indústria da alimentação, por uma indústria da
estética. Não na condição de indivíduos alienados, mas na condição de
indivíduos que buscam a todo custo evitar a morte.
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das relações de poder. Nessa relação nos construímos. Neste âmbito,
creio, a morte deve ser entendida como um fator da biopolítica ainda que
o poder não se exerça sobre ela. Nós ainda nos sentimos ameaçados pela
sombra da morte, não mais pelas mãos do soberano, mas, além da
fronteira das relações de poder nas quais estamos inseridos. Enquanto
estamos inseridos nelas, nos colocamos enquanto objetos do poder, mas
nos colocamos também enquanto sujeitos. Quando o poder não se exerce
mais sobre nós, nós não exercemos mais poder, a morte já nos chegou,
portanto, evitemo-la.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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