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Rodrigues
ISBN: 978-85-922331-3-6
SOBRE O AUTOR
JC Rodrigues (http://jcrodrigues.net)
Mestre em Comportamento do Consumidor (ESPM) com
estudos voltados à relação simbiótica entre o ser humano e
máquinas. Tem MBA em Gestão de Marketing Digital (ESPM), Pós-
graduação em e-Business (COPPE/UFRJ), Extensão em
Gamification (PUC) e graduação em Propaganda e Marketing
(ESPM).
Possui mais de 20 anos de experiência no mercado digital /
interativo, com passagens pela Hewlett-Packard e agências de
publicidade como Euro RSCG (Grupo Havas) e J. Walter Thompson
(JWT), onde gerenciou projetos para clientes como Ford, Intel,
Samsung, Reckitt Benckiser e Bridgestone, entre outros.
Atuou também como diretor geral da Disney Interactive no
Brasil, da qual faziam parte as operações de Interactive Media
(websites, aplicativos, redes sociais) e Interactive Games (online,
mobile e consoles), onde gerenciou o processo de
"horizontalização" do pensamento digital na companhia,
capacitando demais linhas de negócio em como adaptar suas
operações para o ambiente digital. Entre 2008 e 2013, foi diretor
da operação latino-americana de mundos virtuais e experiências
de imersão, quando gerenciou o desenvolvimento e lançamento do
mundo virtual Club Penguin na América Latina, transformando-o
no mundo virtual infantil mais acessado da região e, com isto,
conquistado o prêmio de "Executivo do Ano" da indústria de
games pela Gameworld.
Há mais de 15 anos leciona temas ligados à Marketing e
Negócios Digitais em cursos de MBA, pós-graduação e extensão
na ESPM, em São Paulo - Storytelling aplicado à gestão de
marcas, Marketing Ágil, Plataformas Digitais e e-Commerce -, na
Faculdade Casper Líbero - Marketing Digital - e na Business
School São Paulo - Digital Branding.
É palestrante em temas ligados a transformação digital,
branding, storytelling e branded content; tem centenas de artigos
sobre comportamento humano e tecnologia publicados pela HSM,
Update Or Die e Webinsider, além de artigos científicos em
congressos e periódicos nacionais e internacionais.
Outros livros publicados:
Brincando de deus: Criação de Mundos Virtuais e Experiências de Imersão Digitais
Plataformas Digitais para Profissionais de Marketing e Comunicação
e-Commerce: conceitos, gestão, processos e monetização
Appaixonados: relacionamentos amorosos em um mundo conectado
PREFÁCIO
Há muito o que se falar sobre carros autônomos e mobilidade
em geral. Propostas e soluções diversas vindas de diferentes
setores da sociedade e da área científica. Independente das
soluções propostas, elas têm em comum a busca por uma maior
eficiência de recursos, sejam eles energéticos, de tempo ou
econômicos.
Este livro traz uma abordagem mais próxima das ciências
sociais e do consumo, entendendo o transporte de “coisas”
(pessoas, objetos, animais, cargas) como um dos fatores que
interconectam os seres humanos e que, portanto, deve ser
endereçado olhando-se a coletividade.
Introdução
O app Moobie permite que donos de veículos aluguem seus automóveis diretamente a
outros usuários, no que pode ser considerado “o Air-Bnb dos aluguéis de carro”
Mesmo veículos com “tração humana”, como as bicicletas e
patinetes da Yellow (https://www.yellow.app), incorporam o pensamento
que, sobretudo para uso funcional, não seria mais necessário
ter/possuir um veículo, mas apenas acionar uma versão compartilhada,
quando necessário. Tal pensamento reflete estudos no Reino Unido,
Singapura e outras 88 cidades demonstrando que um veículo particular
pode permanecer parado (estacionado) em média 96% do tempo,
refletindo um custo de ociosidade enorme.
Embora não funcione no modelo P2P (de pessoa para pessoa), as bicicletas da Yellow
podem ser alugadas por períodos flexíveis de tempo, onde o pagamento se dá pelo uso.
Por fim, mas não menos importante, as discussões sobre o
powertrain, grosso modo, os componentes que geram a energia
necessária para o veículo se movimentar, alinha expectativas
ambientais, econômicas e de performance. A passagem do vapor para
combustíveis fósseis aumentou a potência dos motores mas, com isso,
também contribuíram para o aumento da poluição do ar e, do ponto de
vista econômico, com a dependência dos países produtores de petróleo,
com sua instabilidade política e ideológica. A adoção de motores
elétricos, portanto, não apenas reduz consideravelmente o impacto
ambiental dos meios de transporte como também fornecem maior
autonomia e controle sobre os meios produtores da matéria-prima
energética, rompendo com a quase secular dependência dos principais
mercados de veículos do mundo. A migração para este modelo de
alimentação energética, contudo, depende de um desenvolvimento
conjunto e sincronizado de veículos e pontos de recarga.
A Tesla Motors oferece mais de 11 mil pontos de recarga distribuídos em mais de 1.300
pontos de carregamento na América do Norte (Estados Unidos, Canadá e México) de
forma a garantir o suprimento energético aos pioneiros na migração para uma fonte
energética mais sustentável e econômica.
O futurólogo e consultor Chunka Mui, em linha com o modelo
C.A.S.E. mencionado acima, desenhou o que considera ser “o círculo
virtuoso” do veículos do futuro, a relação simbiótica entre a direção
autônoma, serviços de mobilidade compartilhada e powertrain elétrico.
Nesta relação entre as três tendências de mobilidade, cada um dos
pilares é retroalimentado por vantagens obtidas na adoção dos demais,
como, por exemplo, a redução do custo de mobilidade dos AVs
impactando o aumento do uso de serviços de compartilhamento, ou
ainda a redução do número de componentes destes mesmos AVs
estimulando, ainda mais, o desenvolvimento de veículos elétricos.
Entrando propriamente no tema deste livro, a chegada dos carros
autodirigíveis, ou autônomos (AVs – Autonomous Vehicles), poderá
trazer consideráveis impactos para a centenária indústria automotiva.
Pesquisadores do tema alegam que poderá ser a mais disruptiva
mudança nesta indústria desde sua criação por Karl Benz, em 1886, e
popularização com Henry Ford.
Os projetos de desenvolvimento de AVs vem sendo conduzidos tanto
por empresas focadas na inteligência de software que estará por trás
da carcaça automotiva – Google, Uber, Intel, Baidu e Apple, entre
outras –, encontrando um nicho para aplicar sua capacidade de
processamento de informações, como por montadoras de automóveis
tradicionais – Ford, BMW, Toyota, Volvo, General-Motors, entre outras
–, preocupadas em não se tornarem apenas fornecedoras de hardware
para inteligências de navegação incorporadas em seus veículos, por
empresas tidas como “híbridas” neste processo, representadas
principalmente pela Tesla Motors, além de outros exemplos como a
Argo.AI e Aurora; e empresas de componentes embarcados (under–the–
hood; embaixo do capô), buscando expandir sua atuação nos
componentes a serem fornecidos para as montadoras tradicionais e/ou
aos novos entrantes, tendo como exemplo a Bosch, Aptiv (previamente
parte da Delphi, esta também envolvida diretamente).
Pode-se discutir se AVs seriam uma tecnologia incremental à
tradicional indústria automotiva, onde um conceito básico (automóvel)
é reforçado por melhorias contínuas na busca pelo aperfeiçoamento ou
radical, configurando-se como um produto totalmente novo, alternando
significantemente os padrões de comportamento de consumo.
A potencial catalisação da migração do modelo de posse para uso
e a reconfiguração da relação entre consumidores e automóveis a
aproximaria mais do segundo (uso) que do primeiro (posse). A
ausência, então, de modelos comparativos para se estabelecer um nível
de confiança em empresas que não são originalmente do setor de
mobilidade comprometeria a referência passada para construção da
confiança na marca como resposta aos potenciais questionamentos
sobre modelos decisórios serem adotados nos futuros AVs (questões
éticas, de segurança e privacidade, por exemplo).
No geral, espera-se que os benefícios atrelados a adoção de AVs,
como redução de acidentes, congestionamento e otimização do espaço
destinado ao estacionamento dos veículos sejam superiores à incerteza
sobre questões éticas de funcionamento ou outros impactos
relacionados à adoção de AVs (redesenho dos sistemas viários,
discussões jurídicas e de responsabilidade, aumento do fluxo de
telecomunicações, entre outros).
A autonomia veicular vem sendo estudada e desenvolvida sob
diferentes prismas, ou melhor, diferentes vias. No geral, veículos
autônomos podem se referir a aviões, navios, trens, ônibus, caminhões,
enfim, sistemas de transporte individuais ou coletivos, de pessoas ou
cargas, operando em distintos sistemas viários. Há até mesmo
discussões sobre o desenvolvimento de sistemas autônomos de guerra -
chamados de Lethal Autonomous Weapons, L.A.W.s.
Veículos autônomos de guerra passam a fazer parte das conversas sobre os limites da
tecnologia nos campos de batalha.
ISBN: 978-85-922331-3-6