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História do Teatro Brasileiro I

Professor: Álvaro de Sá

Aluno: José Guerra / BT29


Qual a importância da Chegada da Família Real em 1808 para o
teatro no Brasil?

Ao chegar no Brasil com a corte portuguesa, em 1808, D. João XI declarou que não
havia uma casa de teatro à altura de uma cidade que havia se tornado a residência
da Família Real. Foi construído então o Teatro de São João em 1813 após o
decreto do príncipe regente no dia 28 de maio de 1810:

“Fazendo-se absolutamente necessário nesta capital que se erija um


teatro decente, e proporcionado à população e ao maior grau de
elevação e grandeza em que hoje se acha pela minha residência
nela, e pela concorrência de estrangeiros e de outras pessoas que
vêm das extensas províncias de todos os meus Estados,...”

Graças ao apoio Real foram construídas muitas casas de teatro por todo o Brasil, na
primeira metade do século foram construídas um total de vinte e três, muito
diferente do passado do país. Especialmente na sede da corte, frequentar o teatro
virou um costume, fosse para ver as peças declamadas pelos grandes atores ou
para admirar a plateia de grande estima.

Em 1816, Antonio Araújo Azevedo, Conde da Barca, ministro de D. João XIV,


convidou artistas franceses para ensinar artes plásticas na capital do Reino Unido
de Portugal, Brasil e Algarves. Esse fato ficou conhecido como a Missão Artística
Francesa, tendo como principais artistas Nicolas-Antonine Taunay e Jean-Baptiste
Debret.
Por que João Caetano , Martins Pena e Gonçalves de Magalhães
são considerados os " fundadores" do Teatro nacional no século
19?

O teatro no Brasil surgiu no século XVI com os padres que catequizavam os índios
e montavam peças católicas pedagógicas escritas, em sua maioria, pelo Padre
Anchieta. Já no século XIX, a maior referência teatral era Gil Vicente com seus
autos e farsas, mas isso mudou após a proclamação da independência em sete de
setembro de 1822. Foi nesse novo cenário nacional que floresceu a dramaturgia
com grandes autores como Martins Pena e Gonçalves de Magalhães.

Martins Pena foi o primeiro autor do que viria a se tornar uma tradição teatral, a
comédia de costume depois de falhar ao tentar se estabelecer como autor de
dramas de qualidade duvidosa que não foram bem recebidos pela sociedade. Ele
levou aos palcos o dia a dia da sociedade mesclando os costumes eruditos trazidos
pelos colonizadores com a cultura realmente brasileira incorporando nosso folclore
em suas obras. Conseguiu escrever 28 peças em um período de quase dez anos.

Gonçalves de Magalhães fundou em 1836 a “Nitheroy - Revista Brasiliense”, a


primeira publicação literária do romantismo brasileiro. Foi o autor das primeiras
tragédias nacionais “Antonio José ou o Poeta e a Inquisição” em 1838 e “Olgiato”
em 1839, que foram encenadas pelo ator João Caetano.

João Caetano começou sua carreira em Itaboraí, no teatro particular do senhor


Coronel João Hilário de Meneses. Logo depois deixou Itaboraí e integrou a
companhia do Teatro São Pedro de Alcântara representando papéis que, apesar de
pequenos, conseguiram impressionar o público por causa das caracterizações
inovadoras do ator. O sucesso de João Caetano foi aumentando, ele deixou a
companhia e passou por Mangaratiba e Angra dos Reis até finalmente se instalar na
cidade de Niterói. Em dois de dezembro de 1833 estreou sua companhia com a
peça “O Príncipe amante de Liberdade, ou a Independência da Escócia”, que foi um
grande sucesso e garantiu a ele uma plateia fixa. Em 1843, assumiu a
administração do Teatro de São Pedro. Por conta de seu espírito inovador, ele levou
a sociedade as primeiras encenações de seus colegas Martins Pena e Gonçalves
de Magalhães. João Caetano mudava muito a sede de sua companhia por falta de
estruturas que atendessem suas necessidades, isso fez com que ficasse conhecido
rapidamente por todo país. Sua dedicação e tenacidade o transformaram no
primeiro grande ator brasileiro, ele subverteu o costume das companhias
portuguesas, que dominavam o cenário teatral da época, de colocar atores
brasileiros para interpretar os papéis menores.

Por que os Participantes do Teatro do Estudante do Brasil e de Os


Comediantes são considerados a primeira geração de atores
modernos no Brasil?

Tanto o Teatro do Estudante do Brasil (TEB) quanto Os Comediantes procuravam


reinventar o cenário teatral do Rio de Janeiro.

Fundado em 1938 por Paschoal Carlos Magno, o TEB visava um teatro feito com
qualidade artística. Ao voltar da Europa, Magno via a situação do teatro brasileiro
como melancólica, ele achava triste a execução de espetáculos por atores sem
orientação técnica ou preparação e via que o público também não respondia como
antes. Criou no porão da sua casa o Teatro Duse com apenas 100 lugares e esse
espaço seria um local de pesquisa para sua companhia de jovens atores que tinham
como foco os grandes autores nacionais e estrangeiros. O maior sucesso do TEB foi
a encenação de Hamlet dirigida por Hoffmann Harnisch e estrelada por Sergio
Cardoso em 1948.
“Os Comediantes” foi um grupo de teatro amador fundado por Brutus Pedreira,
Tomás Santa Rosa​ e Luiza Barreto Leite em 1939 procurando mudar o panorama
do teatro brasileiro dominado pelo teatro de revista e atores-empresários. Estrearam
em 1940 com a peça “A Verdade de Cada Um”, de Luigi Pirandello, com direção de
Adacto Filho. Depois da estreia montaram algumas obras até o maior êxito do
grupo, a montagem de Vestido de Noiva em 1943.

Porque a encenação de "Vestido de Noiva" é considerada um


marco na história do teatro brasileiro?

Em 1943 estreou no Theatro Municipal do Rio de Janeiro a peça “Vestido de Noiva”


de Nelson Rodrigues com direção de Zbigniew Ziembinski. A peça é a consolidação
do que se passa na mente de sua protagonista, Alaíde, depois de um acidente
enquanto ela relembra sua vida e também delira e imagina Madame Clessi. O autor
dizia que a peça era composta por “ações simultâneas em tempos diferentes” e
esse foi o ponto inicial para a encenação revolucionária de Ziembinski que usou de
muitos recursos teatrais, como técnicas de iluminação com mudanças bruscas
jamais vistas nos palcos brasileiros, para trazer ao palco a complexidade do interior
da mente de Alaíde. Santa Rosa foi o cenógrafo responsável por concretizar os três
planos nos quais a peça se passa. A interpretação dos atores também mesclava
muitos estilos diferentes para dar vida ao universo criado por Nelson Rodrigues. No
final da primeira apresentação, um silêncio ensurdecedor tomou conta do teatro
lotado, até que finalmente, depois de um bom tempo, a plateia aclamou o elenco e
equipe.
Bibliografia:

- O TEATRO NO BRASIL J. Galante de Sousa TRANSIÇÃO PARA O


ESTABELECIMENTO DO TEATRO NACIONAL 1808-1838
- https://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/missao-artistic
a-francesa-1-influencias-na-arte-brasileira-no-seculo-19.htm
- O TEATRO DE JOÃO CAETANO – A PRESENÇA DO ATOR NA CENA
BRASILEIRA NO SÉCULO XIX, NILTON SANTOS. (JOAO PESSOA,
FEVEREIRO DE 2009.)
- Martins Pena: a cultura popular e a formação da dramaturgia nacional
no século XIX. Larissa de Oliveira NEVES
- OS Comediantes. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura
Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/grupo399356/os-comediantes>.
- TEATRO do Estudante do Brasil (TEB). In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural
de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível
em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/grupo399337/teatro-do-estudante
-do-brasil-teb>
- VESTIDO de Noiva. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura
Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento399276/vestido-de-noiva>

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