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LINGUAGENS, CÓDIGOS

E SUAS TECNOLOGIAS
Frente: Português IV
EAD – MEDICINA
Professor(a): Tom Dantas

AULA 14

Assunto: A Linguagem Teatral II

O teatro romântico e a consolidação do teatro


Resumo Teórico nacional
Depois da chegada da Família Real, em 1808, o teatro brasileiro
passa a se desenvolver cada vez mais. D. João VI, por meio de decreto,
A História do Teatro Brasileiro reconhece que o Brasil deveria ter espaços “decentes” para que a
nobreza pudesse se divertir. Começa, então, a edificação de teatros
para a apresentação de espetáculos estrangeiros que passavam por
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aqui. Como os espetáculos refletiam o gosto europeu, o povo brasileiro


não tinha qualquer participação, por isso ainda não se pode falar em
uma identidade teatral brasileira.
A tragédia Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, de autoria
do romântico Gonçalves de Magalhães, em 1838, tornou-se um marco
importantíssimo para o desenvolvimento do teatro brasileiro. Esse
espetáculo contou com a participação de atores brasileiros, treinados
pelo ator João Caetano.
É nessa época também que surgem as comédias de costumes.
Teatro José de Alencar, em Fortaleza, Ceará. Sem dúvidas, Martins Pena sobe ao lugar mais alto do pódio por
A história do teatro brasileiro começa quando os jesuítas, desenvolver esse tipo de peça aqui no Brasil. Eram os fatos da época
vindos de Portugal, resolvem catequizar os nativos brasileiros. que serviam de inspiração ao autor de O Noviço. Outros autores –
O interesse era instruir religiosamente índios e colonos. O Padre Gonçalves Dias, José de Alencar, Álvares de Azevedo, Castro Alves
José de Anchieta foi quem mais fez uso desse tipo de catequese, etc. – também escreveram peças teatrais, mas nada comparado
pois escrevera muitas peças com essa finalidade, por isso ao consolidador do teatro nacional e maior nome das comédias de
fala-se em um teatro muito mais religioso do que artístico. Naquela costumes, Martins Pena.
época, século XVI, aqui no Brasil, os atores eram amadores e não Ainda em 1838, no Teatro Constitucional Fluminense, foi
havia espaços destinados às representações teatrais, sendo as peças encenada a comédia O juiz de paz na roça, de Martins Pena. Também
encenadas em praças, ruas, escolas etc. foi a companhia de João Caetano que a encenou. Essa peça se
Com essas encenações, os jesuítas trouxeram não só a configura como início da consolidação da comédia de costumes
nova religião, mas também uma cultura diferente, em que incluía a como gênero preferido do público brasileiro.
literatura e o teatro. É por isso que, concomitantemente, aos rituais Como Martins Pena estava integrado ao Romantismo, suas
indígenas, o teatro português de caráter pedagógico, inspirado na peças eram muito bem recebidas pela plateia nacional. O formalismo
Bíblia, chega aos brasileiros. clássico cede espaço às comédias do autor, que é considerado o
Fala-se que Padre José de Anchieta escrevera mais de 25 peças fundador do teatro nacional.
teatrais de tradição medieval, já que o autor era influenciado pelo
dramaturgo português Gil Vicente. O gênero que predominava era o
auto, que já era desenvolvido em Portugal. De algumas dessas peças, Martins Pena: o pai da comédia de costume
tem-se apenas o nome, tais como: O Auto das Onze Mil Virgens, 1583,
Domínio Público.

“...se se perdessem todas as leis, escritos,


representada na Bahia; Na Festa do Natal, 1584, de autoria de José
memórias da história brasileira dos primeiros 50
de Anchieta; e Na visitação de Santa Isabel, 1598, também do padre
José de Anchieta. anos desse século XIX, que está a findar, e nos
Durante o século XVII, surgem, além do teatro catequético, ficassem somente as comédias de Martins Pena,
outras manifestações teatrais. Estas celebravam festas populares, era possível reconstruir por elas a fisionomia
acontecimentos políticos. Era uma espécie de carnaval, pois as pessoas moral de toda esta época.”.
Fotografia do escritor
se enfeitavam – usavam adereços e máscaras – e saíam dançando, brasileiro Martins Sílvio Romero, crítico e ensaísta da época.
Pena (1815-1848)
cantando e tocando pelas ruas das cidades.
Com o passar do tempo, surgem as etapas do chamado teatro
brasileiro, tais como as conhecemos hoje: o teatro romântico; Luís Carlos Martins Pena (5/11/1815 – 7/12/1848): nasceu no
o teatro realista; o teatro moderno. Nesta época, merecem Rio de Janeiro e faleceu de tuberculose em Lisboa, Portugal, aos trinta
destaque a encenação de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, as e três anos de idade. Teatrólogo romântico brasileiro, Martins Pena
companhias do Teatro Arena e do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) ficou órfão de pai com um ano de idade e de mãe aos dez anos. Nos
e o Teatro do Oprimido. últimos anos de vida, foi crítico teatral do Jornal do Commercio. Suas

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peças, que eram aproximadamente 30, foram reunidas em folhetins. Nelson Rodrigues: o maior nome da moderna
No geral, a comédia de costumes envolve a narrativa de suas peças. dramaturgia brasileira
Martins Pena explorou a gente da roça e o povo comum das cidades,
criando uma galeria de tipos num retrato fiel do Brasil daquela época. Nelson Rodrigues uma vez disse: “Sou um menino que vê o
Funcionários públicos, juízes, malandros, matutos, estrangeiros, amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino,
falsos cultos e muitos outros se destacam nas peças desse autor. Os hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha
temas eram simples, mas cativantes, pois iam desde casos de família ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico (desde
envolvendo casamentos, heranças e dotes, até dívidas, festas na roça menino).”. Era assim que o autor que deflorou a moderna dramaturgia
e na cidade. brasileira se autodescrevia. Com esse espírito, Nelson Rodrigues
Algumas obras do autor: O juiz de paz da roça; A família e revoluciona o teatro brasileiro ao criar um teatro coerente e original,
a festa na roça; O Judas em sábado de aleluia; O namorador ou A em que se expunha o inconsciente da classe média brasileira, deixando
noite de São João; O noviço; O caixeiro da taverna; Quem casa quer vir à tona seus ciúmes, suas loucuras, seus adultérios e seus incestos.
casa; entre outras. Nelson Rodrigues era recifense, mas, ainda criança, seguiu com
a família para o Rio de Janeiro. Foi exímio jornalista. De seu início como
dramaturgo, um fracasso, pois a peça A mulher sem pecado não logrou
O teatro realista êxito de público no teatro e de crítica. Em seguida, o sucesso bate
Na segunda metade do à porta do autor, pois a encenação de Vestido de Noiva, em 1943,

Domínio Público
apresenta uma dimensão inovadora e, pouco a pouco, contribui para
século XIX, surge o teatro realista brasileiro,
que Nelson Rodrigues se transformasse numa unanimidade.
valorizando os problemas sociais e os
Suas peças teatrais revelam a brutalidade e a realidade
conflitos psicológicos em detrimento dos
familiar, muitas vezes sob o viés do naturalismo ou mesmo do
dramalhões anteriores. O cotidiano passa expressionismo. Seu teatro desvenda, numa visão psicanalítica, o
a ser o tema chave das peças realistas. Os interior das personagens. Nelson Rodrigues explora jogos temporais,
autores teatrais discutem outros temas, o que possibilita a encenação de suas peças com muita ousadia. Sua
como o adultério, a falsidade, o egoísmo dramaturgia apresenta um português informal, coloquial, o que resulta
e o casamento por interesse. Artur de Azevedo no uso de diálogos vivos e ricos.
O maior nome, sem dúvida, é Artur (7/7/1855–22/10/1908) Dele são dezessete peças teatrais, podendo ser apresentadas
de Azevedo, irmão do romancista Aluísio de Azevedo. Nascido em da seguinte forma: peças psicológicas, peças míticas e tragédias
São Luís, no Maranhão, Artur de Azevedo exerceu várias profissões, cariocas. Veja como fica a divisão de suas peças a seguir:
pois foi amanuense (copista de textos à mão), tradutor de folhetins,
Peças psicológicas
poeta, revisor e jornalista.
Suas peças teatrais Véspera de Reis e A Capital Federal • A mulher sem pecado
• Vestido de Noiva
alcançaram enorme sucesso na época. Considerado o principal
• Valsa nº 6
autor de Teatro de Revista, Artur Azevedo consolida a comédia de
• Viúva, porém honesta
costume brasileira ao seguir Martins Pena. Sabe-se que escrevera
• Anti-Nelson Rodrigues
mais de duzentas peças para o teatro brasileiro, tendo encenado
algumas delas no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, do Peças míticas
qual era diretor. São obras importantes de Artur Azevedo: • Álbum de família
O Rio de Janeiro de 1877; A pele do lobo; O Bilontra; A Almanjarra; • Anjo negro
O Dote; O Badejo; Confidências; O Jagunço e Comeu!. • Senhora dos Afogados
• Doroteia
O teatro moderno
Tragédias cariocas I
Devido ao teatro de variedades e às revistas portuguesas, • A falecida
as companhias estrangeiras continuavam a vir ao Brasil no início do • Perdoa-me por me traíres
século XX. As encenações eram de peças trágicas ou de óperas bem • Os Sete Gatinhos
ao gosto europeu, o que agradava à burguesia. Naquele período, o • Boca de ouro
teatro brasileiro ainda não recebera o refinamento dos movimentos
Tragédias cariocas II
vanguardistas europeus.
A Semana de Arte Moderna de 1922, por exemplo, não • O beijo no asfalto
contemplou o teatro brasileiro. Porém, chama a atenção a peça • Bonitinha, mas ordinária ou Otto Lara Rezende
• Toda Nudez Será Castigada
O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, escrita ainda na década de
• A serpente
1930, mas apenas encenada na década de 1960, pelo diretor José
Celso Martinez Correa. Essa peça já apresentava ares de modernidade, Alguns críticos dizem que é um erro considerar Nelson
mas demorou para ser encenada. Rodrigues autor pornográfico. Na verdade, Nelson é um moralista,
Depois de muitos anos adormecido, a renovação de nosso pois suas peças mostram os seres humanos vitimados pelas paixões
teatro só vai aparecer em 1943, em pleno Estado Novo, quando selvagens. Em suas peças, os instintos sexuais são abomináveis, o que
contribui para a difícil encenação de suas peças teatrais.
da estreia da peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues.
É por acaso que Nelson Rodrigues descobre o teatro. Sua
C o m d i re ç ã o d o p o l o n ê s Z i e m b i n s k i , Ve s t i d o d e N o i v a verdadeira paixão era o romance, mas, após escrever A mulher sem
tornou-se marco na modernização do teatro brasileiro. Vale frisar pecado, Nelson toma gosto pelo gênero teatral, que passa a ser sua
que a modernização de Vestido de Noiva deu-se não somente grande paixão. Defensor de um realismo ao estilo de Eça de Queirós.
na dramaturgia, mas também na forma como ela foi encenada Em pleno Modernismo, o realismo de Nelson é inovador, uma vez que
aqui no Brasil. transpõe a tragédia grega para a sociedade carioca do século XX. Daí,

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a nomenclatura de “tragédias cariocas” atribuídas a muitas de suas Tudo parecia estar indo bem, mas a ditadura militar impõe
peças teatrais. Nota-se o tom erótico em suas peças, sem vulgaridades, censura prévia aos autores e aos encenadores teatrais, o que fez que
o que lhe garante o título de autor realista. Além disso, o autor de O o teatro tivesse um retrocesso em sua produção, não impedindo,
Beijo no Asfalto denunciou a sordidez da sociedade carioca, tal como porém, a criatividade dos dramaturgos brasileiros, que, àquela época,
fez Eça de Queirós e Machado de Assis em suas épocas. já eram muitos.
Sem dúvidas, Nelson Rodrigues foi jornalista de renome, Após o regime militar, já na década de 1980, o teatro toma
cronista espetacular, escritor de talento e dramaturgo excepcional. novos rumos, estabelecendo diretrizes distintas, surgindo daí grupos e
movimentos artísticos espalhados por todo o Brasil, o que contribuiu
Vestido de Noiva – um marco para a dramaturgia para a renovação da dramaturgia nacional.
nacional
O TBC e O Teatro Arena

Reprodução
Talvez as duas companhias teatrais mais importantes da
história do teatro brasileiro. O Teatro Brasileiro de Comédia
(TBC) era formado por grandes artistas, como Cacilda Becker, Tônia
Carrero, Sérgio Cardoso, Paulo Autran e Fernanda Montenegro, e o
Teatro Arena encenou um dos clássicos da dramaturgia brasileira,
Eles Não Usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, obtendo
grande sucesso de público à época.
Surgido em 1948, o TBC produzia suas peças para a
burguesia e importava o repertório e a técnica estrangeira. Essa
companhia montou muitos autores clássicos e estrangeiros em solo
Indo aos palcos no ano de 1943, sob a direção brasileiro. Na outra ponta, estava o Teatro Arena de São Paulo, que
do polonês Ziembinski, Vestido de Noiva, segunda peça de foi a porta de entrada para muitos amadores alcançarem sucesso
Nelson Rodrigues a ser encenada, marca a renovação do teatro no mundo artístico brasileiro. O Arena tinha zpreocupações sociais
brasileiro ao se voltar para a realidade de cunho psicológico. e políticas e encenava a dramaturgia nacional.
Naquela época, essa peça causou polêmica, sendo, inclusive, ainda Mesmo tendo sido acusado de privilégios da cultura oficial,
hoje considerada de linguagem forte no tratamento do tema. além de conservador, pois as encenações seguiam o estilo estrangeiro
A peça transpõe para o palco, uma profunda angústia, que contamina e a dramaturgia internacional, o TBC permitiu muitos desdobramentos,
atores e espectadores. sendo a criação da Companhia Cinematográfica Vera Cruz um dos
A peça Vestido de Noiva inova também ao apresentar três planos mais importantes, pois dela surgiram inúmeras produções nacionais,
– o plano da realidade, o plano da alucinação e o plano da memória sendo algumas premiadas internacionalmente. Já na sua fase final, o
– que se entrelaçam a fim de compor o conteúdo da peça. TBC, que foi fundado pelo industrial italiano Franco Zampari, confia
seus espetáculos aos diretores brasileiros Flávio Rangel e Antunes Filho
Entenda algumas personagens da peça: e encena dramaturgos brasileiros, tais como: Dias Gomes, Jorge de
• Alaíde – neurótica e oportunista, é a protagonista de Vestido de Andrade e Gianfrancesco Guarnieri.
Noiva. É uma mulher insatisfeita e inconformada com a condição Já o Teatro Arena de São Paulo foi um dos grupos teatrais
feminina. Seduz os namorados da irmã como uma tentativa de brasileiros mais importantes para a história de nosso teatro. Inicia
autoafirmação, que a faz parecer melhor aos próprios olhos. suas atividades na década de 1950 e promove a renovação e a
• Lúcia – irmã de Alaíde, aparece em quase toda a peça como Mulher nacionalização do teatro brasileiro. O intuito de José Renato, um de
de Véu. É uma pessoa também insatisfeita, incompleta, que vive seus fundadores, era oferecer ao público produções de baixo custo,
atormentada pelo sentimento de ter sido passada para trás pela opondo-se ao que era produzido pelo TBC, que tinha um repertório
irmã. eminentemente internacional e de montagens sofisticadas.
• Pedro – é o elemento dominador, é quem manipula as mulheres Foi no Teatro Arena que Guarnieri estreou como dramaturgo
para conseguir o que quer. Namora Lúcia inicialmente, deixa-se em 1958. Sua peça Eles Não Usam Black-tie é um marco no teatro
seduzir por Alaíde, com quem se casa pela primeira vez, e depois brasileiro. Essa peça salvou as finanças do grupo, que estava
concebe um plano macabro de eliminar a esposa para retornar aos prestes a fechar as portas, devido ao sucesso de público. Outros
braços da irmã. autores também engajados fizeram sucesso no Arena, tais como:
• Madame Clessi – é a prostituta do início do século que povoa Vianinha e Augusto Boal. Os membros do Teatro Arena defendiam
a mente de Alaíde, desejosa de viver um mundo de sensações uma ideologia esquerdista, opondo-se ao governo autoritário
picantes. e ao capitalismo vigente. As peças da companhia denunciavam
• Os demais personagens desempenham papéis secundários. as mazelas sociais, apresentando uma nova proposta para uma
realidade possível.
O desenvolvimento do teatro brasileiro
O teatro do Oprimido: a criação de uma teoria
Na história do teatro moderno brasileiro, surgiram companhias
de reportórios estáveis fundamentais para a evolução da arte teatral brasileira
no Brasil. Sabe-se que os grupos mais significativos começam a Augusto Boal,
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surgir a partir dos anos de 1940. São eles Os Comediantes, o Teatro nos anos de 1970, criou e
Brasileiro de Comédia (TBC), o Teatro Oficina, o Teatro Arena, d e s e n v o l v e u o Te a t ro d o
o Teatro dos Sete, a Companhia Celi-Autran-Carrero entre tantos. Oprimido, que se beneficia da
Ainda em 1938, Paschoal Carlos Magno funda o Teatro do improvisação. Esse tipo de teatro
Estudante do Brasil, o que contribuiu para o surgimento de companhias se caracteriza por ser militante e
teatrais pelo país e para a introdução de um modelo estrangeiro de destina-se à mobilização do
fazer teatro por aqui, o que ajudou a confirmar a modernização da público, considerado, assim,
encenação no Brasil. Augusto Boal

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como um teatro de resistência. Em todo o Brasil, há grupos teatrais Gianfrancesco Guarnieri


que seguem a técnica do chamado Teatro do Oprimido. Esses grupos
Nascido na cidade de Milão, na

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fazem um teatro cidadão.
Itália, Gianfrancesco Guarnieri fez aqui no Brasil
Difundido em todo o mundo, o Teatro do Oprimido é carreira no cinema, no teatro e na televisão. Sua
estudado por teóricos de diversas áreas. Segundo seu criador, o obra-prima, Eles Não Usam Black-Tie, quando
Teatro do Oprimido pretende transformar o espectador, que, em encenada pelo Teatro Arena, em 1958,
outras encenações, assume postura passiva, em sujeito atuante, i m e d i a t a m e n t e re v e l o u u m g r a n d e
capqaz de transformar a ação dramática que lhe é apresentada. dramaturgo. O próprio autor, sob a direção
O espectador, nesse tipo de teatro, protagoniza a ação dramática. Para seu de José Renato, interpretou Tião, personagem
criador, no Teatro do Oprimido, todos são “espectadores”, todos os seres da peça. A peça salvou as finanças do grupo,
humanos são atores – porque atuam – e espectadores – porque observam. que vivia uma crise financeira. O autor, o elenco e o espetáculo foram
Nesse método teatral, há a reunião de exercícios, de jogos premiados pelo então govenador de São Paulo, Jânio Quadros, salvando,
e técnicas teatrais elaboradas por Augusto Boal. O objetivo é assim, o Arena da crise financeira.
democratizar a produção teatral brasileira. Para Boal, o teatro deveria Guarnieri também protagonizou clássicos do cinema
ser um diálogo e não simplesmente um monólogo. O Teatro do brasileiro, da época do Cinema Novo, como o filme O Grande
Oprimido era usado por grupos de operários, por professores, por Momento, sob a direção de Roberto Santos. Na sequência teatral,
estudantes, por psicoterapeutas e por trabalhadores sociais em veio A semente, que foi encenada pelo TBC. É uma peça de
apresentações diversas, em locais públicos ou privados, como ruas, cunho político e abordava a militância comunista, criticando o
escolas, igrejas, sindicatos e prisões. comportamento da direita e da esquerda no país. Essa peça teve
A partir de exercícios, jogos e técnicas teatrais, o Teatro do problemas com a censura, o que contribuiu para que a peça saísse
Oprimido tem provado que qualquer um pode atuar, sendo ator e logo de cartaz.
espectador ao mesmo tempo. Essa técnica visa desmecanizar o físico Guarnieri atuou, também no TBC, nas montagens de Almas
e o intelecto dos adeptos a essa prática teatral e democratizar o teatro. Mortas, de Gogol, e A Escada, de Jorge de Andrade.
Na televisão, Guarnieri começou na TV Tupi de São Paulo na
novela A Hora Marcada, em 1967. Trabalhou na TV Excelsior e na TV
Outros dramaturgos importantes Globo, onde fez as novelas Jogo da Vida, Que Rei sou Eu?, Mandala,
entre outras.
Dias Gomes (19/10/1922 – 18/05/1999)
Nascido em Salvador, Alfredo de Freitas Dias Gomes ocupou Plínio Marcos
a cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras. A Comédia dos Escritor de inúmeras peças de teatro, Plínio Marcos de Barros
Moralistas, sua primeira peça, foi escrita aos 15 anos de idade. foi ator, diretor e jornalista. Perseguido pela censura na época da
Porém, sua primeira realização de sucesso foi com a peça Pé de ditadura militar, sua trajetória começa quando a escritora e jornalista
Cabra, embora tenha sido proibida na estreia por ser considerada Pagu o incentiva a se envolver com o teatro amador em Santos.
marxista. Adepto do Partido Comunista, Dias Gomes, por saber Em 1958, escreve sua primeira peça teatral, Barrela. Em decorrência
retratar bem a realidade brasileira, tornou-se um dos maiores do tema e de sua linguagem, a peça permaneceu proibida por
21 anos após a primeira apresentação. Essa peça narra a história
autores de novela do Brasil. Suas telenovelas geralmente fazem
de um prisioneiro que é estuprado por seus colegas de cela e
uma crítica acirrada, franca, contundente e repleta de humor. tornou-se um clássico do teatro brasileiro, tendo sido encenada em
Sua notoriedade veio com a peça O Pagador de Promessas (1959), que, várias partes do país. Em sequência, vieram várias outras peças de
inclusive, quando adaptada para o cinema, conquistou vários prêmios sucesso do autor. Escreveu peças para o teatro adulto e infantil.
internacionais. A peça tornou-se recordista de tradução e encenação
Principais obras teatrais de Plínio Marcos
no exterior. O filme homônimo, de 1962, ganhou o prêmio Palma de
Ouro, no Festival de Cannes. • Barrela, 1958;
A história da peça se passa na cidade de Salvador, já em • Dois perdidos numa noite suja, 1966;
• Navalha na carne, 1967;
processo de modernização. O personagem principal, o sertanejo
• Homens de papel, 1968;
Zé-do-Burro, deseja levar uma grande cruz até o interior da Igreja de
• O abajur lilás, 1969;
Santa Bárbara para pagar uma promessa e, ao longo do trajeto, sofre • Madame Blavatski, 1985;
com as mentiras, com a corrupção e com a ganância da sociedade. • As aventuras do coelho Gabriel, 1965 (infantil);
O autor de O Santo Inquérito assim afirma sobre sua obra: “Eu • Assembleia dos ratos, 1989 (infantil).
levei para a televisão a minha temática, o meu universo teatral, único
modo que tinha de me conservar fiel a mim mesmo, sem me deixar Ariano Suassuna
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dominar pelo monstro televisivo. Foi uma linguagem que tive que Dramaturgo, romancista e
aprender levando em conta que a televisão é um meio linear, superficial, poeta, Ariano Suassuna foi um dos maiores
efêmero. Quase todas as novelas que fiz foram, basicamente, extraídas defensores da cultura nordestina e,
de minhas peças.”. consequentemente, da cultura brasileira. É
Algumas obras teatrais de Dias Gomes: Os Fugitivos do Juízo autor de clássicos como
O Auto da Compadecida e A Pedra do
Final, A Revolução dos Beatos, O Santo Inquérito, O Berço do Herói,
Reino. Nascido em João Pessoa, após o pai
A Invasão, Campeões do Mundo, Vargas, O Rei de Ramos, Meu Reino
abdicar do governo da Paraíba, passa a
por um Cavalo. Algumas obras televisionadas: Dona Flor e seus dois morar no Cariri.
maridos, O Bem Amado, O fim do mundo, A Decadência, As noivas Na cidade de Taperoá, Paraíba,
de Copacabana, A ponte dos suspiros, Verão Vermelho, Bandeira 2, finalizou seus estudos primários e, pela Ariano Suassuna
Roque-Santeiro, Mandala, Araponga, Carga Pesada, Irmãos coragem primeira vez, assistiu a um espetáculo de (16/6/1927–23/07/2014)
e O Pagador de promessas. mamulengo e a um desafio de viola, o que o

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fez levar, para o seu teatro, as marcas de improvisação. Termina os estudos Ambrósio — Como te achas aqui assim vestido?
secundários já no Recife. Cursou Direito, segundo ele, por falta de opção. Carlos — Este vestido, senhor meu tio... Ah, ah!
Funda o Teatro do Estudante de Pernambuco. Ambrósio — Maroto!
Em 1950, recebeu o Prêmio Martins Pena pelo Auto de João Carlos — Tenha-se lá! Olhe que eu chamo por ela.
da Cruz. Já em 1956, abandonou a advocacia e se tornou professor
Ambrósio — Ela quem, brejeiro?
de Estética na Universidade Federal de Pernambuco. Fundou, em 1959,
Carlos — Sua primeira mulher.
o Teatro Popular do Nordeste. Sempre ligado à cultura, Ariano
Suassuna, em 1970, no Recife, deu início ao “Movimento Armorial”, Ambrósio — Minha primeira mulher? É falso.
com o intuito de entender melhor Carlos — É falso?

Reprodução/Globo Filmes
as formas de expressões popu-lares Ambrósio — É.
tradicionais. Convocou nomes Carlos — E será também falsa esta certidão do vigário da freguesia
fundamentais da música para de... (Olhando para a certidão.) Maranguape, no Ceará, em que
redescobrir a música erudita se prova que o senhor meu tio recebeu-se... (lendo) em santo
nordestina, resultando, então, na matrimônio, à face da Igreja, com D. Rosa Escolástica, filha de
apresentação do concerto “Três Antônio Lemos etc., etc.? Sendo testemunhas etc.
Séculos de Música Nordestina – do PENA, Martins. O Noviço. São Paulo: Ateliê Editorial, 1996. p. 89 [fragmento].
Barroco ao Armorial”.
M e m bro da A c a d e mi a O fragmento da peça O Noviço, transcrito acima, é revelador de
Paraibana de Letras, Doutor Honoris um tema que, para a época em que viveu o autor, despertava o
Causa da Universidade Federal interesse do público apreciador do fazer teatral. Esse tema pode
do Rio Grande do Norte, Doutor ser identificado como
Honoris Causa pela Universidade A) bigamia, uma vez que a possível relação extramatrimonial é
Federal do Ceará, o autor de O Auto flagrante na cena.
da Compadecida, sua principal obra B) solidão, já que o sobrinho se passa por mulher para entreter
teatral, é um grande orgulho para Capa do DVD da Adaptação da peça os anseios do tio.
o povo brasileiro. teatral O Auto da Compadecida, de C) saudosismo, pois a personagem Ambrósio sente falta da
As principais obras do autor Ariano Suassuna, feita pela Rede Globo primeira mulher.
de Televisão.
D) incesto, uma vez que a relação entre tio e sobrinho ultrapassa
• Uma mulher vestida de Sol (1947); “os limites sociais”.
• O Auto de João da Cruz (1950); E) interesse, já que o segundo casamento de Ambrósio ocorre
• O castigo da soberba (1953); com uma viúva rica.
• O Rico Avarento (1954);
• O Auto da Compadecida (1955);
02. No artigo O teatro de Nelson Rodrigues: crime como redenção?, a
• O Santo e a Porca (1957);
autora Patrícia Chiganer Lilenbaum desvenda o universo do teatro
• O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do
deste que foi (e continua sendo!) o maior dramaturgo brasileiro
Vai-e-Volta (1971), romance;
de todos os tempos, Nelson Rodrigues. Leia agora parte desse
• Poemas, antologia poética (1999).
artigo:
O TEATRO DE NELSON RODRIGUES:
Exercícios CRIME COMO REDENÇÃO?
A obra teatral de Nelson Rodrigues é plena de pequenos
monstros, grandes pecadores e crimes demasiadamente humanos.
01. Criador da comédia de costume brasileira, Martins Pena também Poderíamos ponderar que um crime é sempre humano, pois é
é reconhecido como o primeiro autor teatral a desenvolver temas um conceito para uma ação condenável do próprio homem.
nacionais naquilo que eles têm de mais específico e autêntico, Outras espécies não cometem crimes. Contudo, os principais
sempre apresentando observações satíricas sobre algum aspecto crimes no teatro rodriguiano raramente são casos de polícia,
da realidade brasileira. O texto a seguir é parte de peça de sua embora haja, em profusão, corrupção, assassinatos, prostituição,
autoria, intitulada de O Noviço. traições, incestos, violações e o que poderia ser considerado, em
SEGUNDO ATO – CENA III linguagem antiquada, mas legalmente aceita, crime contra a
honra e atentado ao pudor. Os pequenos monstros e os grandes
Entra Carlos, cobrindo o rosto com um lenço. Ambrósio pecadores estão ocupados, na verdade, com crimes para os quais
encaminha-se para o meio da sala, sem olhar para ele, e assim não há prisão nem fiança: todos se deixam levar por suas mais
lhe fala: profundas obsessões e são dominados pelo lado reprimido e
Ambrósio — Senhora, muito bem conheço as vossas intenções; obscuro do ser humano.
porém previno-vos que muito vos enganastes. [...]
Carlos (suspirando) — Ai, ai! Embora Nelson sempre tenha afirmado desconhecer
Ambrósio — Há seis anos que vos deixei; tive para isso motivos a obra de Freud, seu teatro parece ter sido moldado pelos
muito poderosos... complexos de Édipo e de Electra e pelas reflexões de textos
Carlos (à parte) — Que tratante! como O mal-estar na civilização, em que o pai da psicanálise
[...] diagnostica um incômodo permanente na sociedade, resultante de
Ambrósio (levanta-se muito devagar, olhando muito admirado uma repressão violenta, mas necessária para assegurar o convívio
para Carlos, que se ri) — Carlos! Carlos! social. Lançar um olhar psicanalítico sobre o teatro rodriguiano
é, atualmente, o óbvio ululante, para usar expressão do próprio
Carlos — Senhor meu tio! Ah, ah, ah!
Nelson, admirador de Fiodor Dostoievski. O título de um dos
[...]

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principais romances do autor russo, Crime e castigo, parece C) a peça apresenta texto introdutório que objetiva orientar a
ser o mote adotado pelo autor brasileiro em suas peças; com a encenação e explicar, em linhas gerais, o espírito da obra.
exceção de Viúva, porém honesta/Bontinha, mas ordinária e O D) o “Auto da Compadecida” traz a figura do anti-herói, uma
anti-Nelson Rodrigues, as peças do dramaturgo não apresentam espécie de personagem folclórica que vive ao sabor das
final feliz, como a reafirmar que ao crime se segue o castigo, não aventuras e do acaso.
a impunidade. [...] E) o “Auto da Compadecida” busca inspiração nos mamulengos,
tradicional teatro de bonecos nordestino.
LILENBAUM, Patrícia Chiganer. O teatro de Nelson Rodrigues:
Crime como redenção? (Adaptado)
04. (UFScar/2005) Uma peça de grande importância para o teatro
brasileiro é “Eles não usam black-tie”, escrita por Gianfrancesco
Considerando seus conhecimentos sobre a dramaturgia brasileira Guarnieri em 1955, e montada pela primeira vez em 1958 pelo
e a leitura de parte do artigo O teatro de Nelson Rodrigues: crime Teatro de Arena de São Paulo. É correto afirmar que a importância
como redenção?, da autora Patrícia Chiganer Lilenbaum, é correto da peça deve-se ao fato de
afirmar que a produção teatral de Nelson Rodrigues: A) inaugurar o Teatro de Arena como espaço de mobilização
A) demonstra o quão desumano é o próprio ser humano, visto contra o poder instituído.
que suas personagens refletem muitos comportamentos B) salientar o papel da burguesia urbana no desenvolvimento
indesejados pela sociedade brasileira. econômico nacional.
B) defende a ação criminal de suas personagens com a justificativa C) ter ressaltado uma dramaturgia de cunho social, que punha
de que cometer crime em território brasileiro é sinônimo de em cena a classe operária.
receber como prêmio a impunidade. D) mostrar a decadência da aristocracia rural diante do
C) revela que suas personagens são detentoras de obsessões que desenvolvimento social nas cidades.
justificam seus principais crimes como corrupção, assassinato E) incorporar uma estética norte-americana na dramaturgia do
e incesto. teatro brasileiro.
D) é influenciada pela psicanálise freudiana, visto que conhecer os
complexos de Édipo e de Electra e ler textos de Freud contribuiu 05. (Enem) Leia o fragmento abaixo e depois responda.
para que o autor edificasse o seu teatro.
E) é reveladora do castigo que sofrem aqueles que cometem Todo bom escritor tem o seu instante de graça, possui a
sua obra-prima, aquela que congrega numa estrutura perfeita
crimes, uma vez que são poucas as peças em que o final
os seus dons mais pessoais. Para Dias Gomes essa hora de
feliz sobressai e em que a atitude moralizadora não puna o
inspiração veio-lhe no dia que escreveu O pagador de promessas.
criminoso.
Em torno de Zé-do-Burro — herói ideal, por unir o máximo
de caráter ao mínimo de inteligência, naquela zona fronteira
03. (Unifor/2015.1)
entre o idiota e o santo — o enredo espalha a malícia e a
maldade de uma capital como Salvador, mitificada pela música
MULHER: – Que é que vocês estão combinando aí? popular e pela literatura, na qual o explorador de mulheres
JOÃO GRILO: – Estou dizendo que, se é desse jeito, vai ser difícil se chama inevitavelmente Bonitão, o poeta popular, Dedé
cumprir o testamento do cachorro, na parte do dinheiro que ele Cospe-Rima, e o mestre de capoeira, Manuelzinho Sua Mãe.
deixou para o padre e para o sacristão. O colorido do quadro contrasta fortemente com a simplicidade
SACRISTÃO: – Que é isso? Que é isso? Cachorro com testamento? da ação, que caminha numa linha reta da chegada de
JOÃO GRILO: – Esse era um cachorro inteligente. Antes de Zé-do-Burro à sua entrada trágica e triunfal na igreja — não sob
morrer, olhava para a torre da igreja toda vez que o sino batia. a cruz, conforme prometera, mas sobre ela, carregado pelos
Nesses últimos tempos, já doente para morrer, botava uns olhos capoeiras, “como um cricifixado”.
bem compridos para os lados daqui, latindo na maior tristeza.
Até que meu patrão entendeu, com a minha patroa, e é claro PRADO, D. A. O teatro brasileiro moderno. São Paulo:
Perspectiva, 2008 (Fragmento).
que ele queria ser abençoado pelo padre e morrer como cristão.
Mas nem assim ele sossegou. Foi preciso que o patrão prometesse
que vinha encomendar a bênção e que, no caso dele morrer, teria A avaliação crítica de Décio de Almeida Prado destaca as
um enterro em latim. Que em troca do enterro acrescentaria no qualidades de O pagador de promessas. Com base nas ideias
testamento dele dez contos de réis para o padre e três para o defendidas por ele, uma boa obra teatral deve
sacristão. A) valorizar a cultura local como base da estrutura estética.
SACRISTÃO: – (enxugando uma lágrima) Que animal inteligente! B) ressaltar o lugar do oprimido por uma forma religiosa.
Que sentimento nobre! C) dialogar a tradição local com elementos universais.
D) romper com a estrutura clássica da encenação.
SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. 31. ed. E) reproduzir abordagens trágicas e pessimistas.
Rio de Janeiro: Agir, 1997.

06. (Fuvest-SP) Leia.


A leitura das peças teatrais de Ariano Suassuna nos faz mergulhar
nas nossas origens culturais. Suassuna é um contador de histórias Clessi (choramingando) — O olhar daquele homem despe a
que pratica a intertextualidade na construção de suas narrativas gente!
e prepara o leitor para uma moral conforme a filosofia medieval
cristã. Especificamente sobre a peça “Auto da Compadecida” não Mãe (com absoluta falta de compostura) — Você exagera,
é correto afirmar que: Scarlett!
A) a peça faz uma sátira aos poderosos e aos religiosos que se Clessi — Rett é indigno de entrar numa casa de família!
preocupam apenas com questões materiais e, ainda, exalta os
humildes. Mãe (cruzando as pernas; incrível falta de modos) —
B) o enredo da peça retoma elementos dos autos medievais de Em compensação, Ashley é espiritual demais. Demais! Assim
Gil Vicente e da literatura de cordel. também não gosto.

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Clessi (chorando despeitada) — Ashley pediu a mão de Melânie! 08. Dias Gomes causa espanto com sua primeira peça: O Pagador de
Vai se casar com Melânie! Promessas. Voltado para a temática dos explorados socialmente,
Mãe (saliente) — Se eu fosse você, preferia RETT (Noutro tom). esse dramaturgo, nessa peça, conta a história de Zé-do-Burro,
Cem vezes melhor que o outro! um homem honrado, pequeno agricultor, que divide seus sítios
com lavradores para cumprir parte de uma promessa feita à
Clessi (chorosa) — Eu não acho! Santa Bárbara. A segunda parte da promessa – levar uma cruz
Mãe (sensual e descritiva) — Mas é, minha filha! Você viu como de madeira por um percurso de sete léguas, até a igreja de Santa
ele é forte? Assim! Forte mesmo! Bárbara – é frustrada pela ignorância do padre local, que impede
a entreda de Zé-do-Burro na igreja. O motivo da ira do padre
No trecho acima, as personagens de o Vestido de Noiva estava na origem do compromisso: Zé-do-Burro havia feito a
subitamente se põem a recitar os diálogos do filme E o vento
promessa a Iansã, divindade do candomblé que, na crendice
levou. No contexto desta obra de Nelson Rodrigues, esse
recurso de composição configura-se como popular, corresponderia a Santa Bárbara; e na razão da promessa:
A) crítica à internacionalização da cultura, reivindicando o agradecimento pela cura de Nicolau, um burro. Morto por uma
privilégio dos temas nacionais. bala perdida em meio ao conflito que se instala da porta da igreja,
B) sátira do melodrama, o que dá dimensão autocrítica à peça. Zé-do-Burro torna-se um mártir popular e simboliza a força do
C) sátira do cinema, indicando a superioridade estética do teatro. sincretismo religioso entre os brasileiros.
D) intertextualidade, visando indicar o caráter universal das paixões
Dias Gomes, Plínio Marcos, Gianfrancesco Guarnieri e Oduvaldo
humanas.
E) metalinguagem, visando revelar o caráter ficcional da Viana Filho foram dramaturgos preocupados com causas sociais,
construção dramática. defensores dos excluídos e críticos ferozes do sistema capitalista.
Na peça O Pagador de Promessas, no entanto, Dias Gomes
07. também revela uma outra faceta de sua arte teatral, que recai
VESTIDO DE NOIVA – PRIMEIRO ATO A) no sincretismo religioso, que é o mote causador dos conflitos
existentes na peça.
Neste trecho, no plano da alucinação, Madame Clessi aparece B) no analfabetismo do protagonista, o que prova o quão simples
para Alaíde e as duas têm sua primeira conversa. Alaíde diz à
é o lavrador brasileiro.
prostituta que leu seu diário e tenta se lembrar por que está ali.
C) no autoritarismo da Igreja Católica, que não respeita as
([...] Surge na escada uma mulher. Espartilhada, chapéu de plumas. crendices populares.
Uma elegância antiquada de 1905. Bela figura. Luz sobre ela. [...]” D) na visão capitalista do padre, que só aceita na igreja a presença
Madame Clessi – Quer falar comigo? de fiéis abastados.
Alaíde (aproximando-se, fascinada) – Quero, sim. Queria... [...] E) na visão marxista do autor, o que mostra a necessidade de luta
Alaíde (excitada) – [...] Meu Deus! Não sei o que é que eu tenho. de classes.
É uma coisa – não sei. Por que é que eu estou aqui?
Madame Clessi – É a mim que você pergunta? 09. (Unesp/1996) “O ano de 1967 surpreendeu a todos com o
Alaíde (com volubilidade) – Aconteceu uma coisa, na minha vida, sucesso nacional de uma peça de teatro. A intenção do autor não
que me fez vir aqui. Quando foi que ouvi seu nome pela primeira
era menos de esquerda que o do Teatro de Arena. Mas os seus
vez? (pausa) Estou-me lembrando! [...]
textos, não mais do que duas ou três personagens, atribuíam ao
Alaíde – Me lembrei agora! [...] Foi uma conversa que eu ouvi
quando a gente se mudou. No dia mesmo, entre papai e mamãe. social apenas a função de pano de fundo, concentrando-se nos
Deixe eu me recordar como foi... Já sei! [...] conflitos interindividuais, forçosamente psicológicos. Além disso,
(Escurece o plano da alucinação. Luz no plano da memória. a estranha humanidade que habitava seus dramas, composta
Aparecem pai e mãe de Alaíde.) de prostitutas de terceira categoria, desocupados, cáftens,
RODRIGUES, Nelson. Vestido de Noiva. In: Teatro Completo I:
garçons homossexuais, não constituía propriamente o povo ou o
peças psicológicas – Nelson Rodrigues. Rio de Janeiro: Nova proletariado, nas formas dramáticas imaginadas até então.”
Fronteira, 1981. p. 114-119. (Fragmento).
Décio de Almeida Prado – Teatro: 1930-1980 (Ensaio de Interpretação),
Para a crítica teatral, o teatro brasileiro divide-se entre antes e in História Geral da Civilização Brasileira III – o Brasil Republicano –
Economia e Sociedade – 1930-1964. Texto Adaptado.
depois de Nelson Rodrigues, pois seu teatro é revolucionário tanto
no conteúdo abordado quanto na forma como cria suas peças,
que podem ser míticas, trágicas ou psicológicas, como Vestido de Identifique, a partir dos subsídios do texto, o autor e respectiva
Noiva. Esta, embora não seja a primeira obra do autor, projetou peça teatral:
Nelson Rodrigues, e consequentemente o teatro brasileiro, porque A) Nelson Rodrigues – Bonitinha mas Ordinária.
houve B) Dias Gomes – O Pagador de Promessas.
A) ousadia por parte do autor ao criar drama que envolve planos C) Plínio Mascos – Navalha na Carne.
distintos – memória, alucinação e realidade – na construção D) Gianfrancesco Guarnieri – Eles não usam Black-tie.
de suas personagens. E) Gluber Rocha – Terra em Transe.
B) valorização da estrutura teatral clássica, que costuma apresentar
prólogo, divisão em atos e desfecho feliz para os personagens 10. Uma das modalidades artísticas mais importantes à história do
centrais. homem é o teatro, pois desde a Grécia Antiga que encanta
C) discussão acerca da sobrenaturalidade, algo inaceitável para o espectadores em todo o mundo. No Brasil, o teatro teve seu
teatro brasileiro desenvolvido nos séculos XVIII e XIX. amadurecimento quando Martins Pena encena suas primeiras
D) aceitação imediata por parte do público brasileiro das suas comédias de costumes no século XIX, porém, no final do mesmo
peças, excetuando-se Vestido de Noiva, que explorava uma século, surge um teatro mais psicológico, mais social, que discutiu
divisão em planos. os problemas vigentes na sociedade daquela época. Artur Azevedo
E) adequação da linguagem ao modernismo literário, já que as é um dos representantes desse período. Leia o texto a seguir que
personagens usam vocabulário erudito e hermético em seus fala sobre esse período.
diálogos.
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ÉPOCA REALISTA D) o embate entre Alaíde, com suas obsessões e Lúcia, a mulher
Realismo na dramaturgia nacional pode ser subdividido de véu, antagonista e um dos móveis da ação.
em dois períodos: o primeiro, de 1855 – quando o empresário E) a vida passada de Alaíde revelada no casual achado de um
Joaquim Heliodoro monta sua companhia – até 1884 com a velho diário e de um maço de fotografias.
representação de O mandarim, de Artur Azevedo, que consolida
o gênero revista e os dramas de casaca. O segundo período vai 13. (UFMG/2004) O Cinema Novo e o movimento de renovação
de 1884 aos primeiros anos do século XX, quando a opereta e a teatral liderado pelo Teatro de Arena e pelo Grupo Oficina foram
revista são os gêneros preferidos do público. expressões artísticas, com objetivos e características comuns,
Essa primeira fase não se completa em um teatro naturalista. afinadas com o contexto brasileiro das décadas de 50 e 60
À exceção de uma ou outra tentativa, a literatura dramática não do século passado. Entre as características desses movimentos
acompanhou o naturalismo por conta da preferência do público culturais, não se inclui a
pelo “vaudeville”, a revista e a paródia. A) vinculação a grandes estúdios cinematográficos e a companhias
A renovação do teatro brasileiro, com a consolidação da teatrais já estabelecidas.
comédia como gênero preferido do público, iniciou-se quando B) concepção da obra de arte como meio de conscientização
Joaquim Heliodoro Gomes dos Santos montou seu teatro, o política, influenciada por tendências de esquerda.
Ginásio Dramático, em 1855. Esse novo espaço tinha como C) crítica à realidade brasileira, aos seus problemas e contradições,
ensaiador e diretor de cena o francês Emílio Doux, que trouxe as
com forte conteúdo social.
peças mais modernas da França da época.
D) realização de produções, de custos reduzidos, caracterizadas
O realismo importado da França introduziu a temática
social, ou seja, as questões sociais mais relevantes do momento pelo uso de novas linguagens e inovações cênicas.
eram discutidas nos dramas de casaca. Era o teatro da tese social e
da análise psicológica. Nome de grande importância para o teatro 14. (Enem) Rui Guerra e Chico Buarque de Holanda escreveram uma
dessa fase é o do dramaturgo Artur Azevedo (1855-1908). peça para teatro chamada Calabar, pondo em dúvida a reputação
de traidor que foi atribuída a Calabar, personagem que ajudou
Disponível em: <http://www.baraoemfoco.com.br/barao/portal/cultura
/teatro/tatrobr.htm> decisivamente os holandeses na invasão do Nordeste brasileiro,
Acesso em: 22/06/2013 em 1632.

Sobre a leitura do texto que explora o realismo teatral no Brasil, — Calabar traiu o Brasil que ainda não existia? Traiu Portugal,
é correto afirmar que, na construção da nossa identidade teatral, nação que explorava a colônia onde Calabar havia nascido?
a dramaturgia brasileira do final do século XIX Calabar, mulato em uma sociedade escravista e discriminatória,
A) acompanhou o estilo da produção naturalista de romancistas traiu a elite branca?
consagrados como Aluísio de Azevedo e Raul Pompeia.
B) encontrou no gênero revista e nos dramas de casaca uma Os textos referem-se também a esta personagem.
forma de repudiar a produção das comédias de costumes do TEXTO I: “...dos males que causou à Pátria, a História, a inflexível
romântico Martins Pena. História, lhe chamará infiel, desertor e traidor, por todos os
C) garantiu a presença de público por valorizar a montagem de séculos”
peças que discutiam os problemas de classe, como faziam os
vaudevilles, as revistas e as paródias. Visconde de Porto Seguro, in: SOUZA JÚNIOR, A.
D) importou da França o teor social para a composição de peças Do Recôncavo ao Guararapes. Rio de Janeiro, 1949.
que exploravam uma tese social e uma análise psicológica das
personagens. TEXTO II: “Sertanista experimentado, em 1627 procurava as
E) revelou o quadro social e degradante daquela sociedade que minas de Belchior Dias com a gente da Casa da Torres; ajudara
acabara de libertar os escravos e de proclamar a República Matias de Albuquerque na defesa de Arraial, onde fora ferido,
no Brasil. e desertara em consequência de vários crimes praticados...”
(os crimes referidos são o de contrabando e roubo).
11. (UFPE) Ariano Suassuna é um dos teatrólogos mais cultos e
divulgados no País. Escreveu, sobretudo, farsas e comédias cujas CALMON, P. História do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1959.
fontes remontam
A) às lendas africanas, transmitidas pelos escravos bantos. Pode-se afirmar que
B) aos romances bretões de cavalaria, como os contos do ciclo A) a peça e os textos abordam a temática de maneira parcial e
de a Távola Redonda. chegam às mesmas conclusões.
C) aos autores medievais ibéricos, que chegaram ao Brasil por
B) a peça e o texto I refletem uma postura tolerante com relação
meio de manifestações populares.
à suposta traição de Calabar, e o texto II mostra uma posição
D) à Comedia Della Arte italiana, cujos personagens foram
transplantados para o cenário do carnaval brasileiro. contrária à atitude de Calabar.
E) aos mitos indígenas, como os do Saci, do Boto, da Iara. C) os textos I e II mostram uma postura contrária à atitude de
Calabar, e a peça demonstra uma posição indiferente em
12. (PUC-SP) De Vestido de Noiva, peça de teatro de Nelson Rodrigues, relação ao seu suposto ato de traição.
considerando o tema desenvolvido, não se pode dizer que aborda D) a peça e o texto II são neutros com relação à suposta traição
A) o passado e o destino de Alaíde por meio de suas lembranças de Calabar, ao contrário do texto I, que condena a atitude de
desregradas. Calabar.
B) o delírio de Alaíde caracterizado pela desordem da memória E) a peça questiona a validade da reputação de traidor que o texto
de confusão entre a realidade e o sonho. I atribui a Calabar, enquanto o texto II descreve ações positivas
C) o mistério da imaginação e da crise subconsciente, identificada e negativas dessa personagem.
na superposição das figuras de Alaíde e de Madame Clessi.

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15. (Enem/2009) Teatro do Oprimido é um método teatral que 04. Na peça de Gianfrancesco Guarnieri, o tema social se destaca, pois
sistematiza exercícios, jogos e técnicas teatrais elaboradas pelo as greves operárias são discutidas em um momento de lutas por
teatrólogo brasileiro Augusto Boal, recentemente falecido, que direitos trabalhistas no Brasil. A peça foi um dos maiores sucessos
visa à desmecanização física e intelectual de seus praticantes. do Teatro Arena de São Paulo e, ainda hoje, quando é encenada,
Partindo do princípio de que a linguagem teatral não deve conquista plateias variadas.
ser diferenciada da que é usada cotidianamente pelo cidadão
comum (oprimido), ele propõe condições práticas para que o Resposta: C
oprimido se aproprie dos meios do fazer teatral e, assim, amplie
suas possibilidades de expressão. Nesse sentido, todos podem 05. Na peça de Dias Gomes, o sincretismo religioso que envolve o
desenvolver essa linguagem e, consequentemente, fazer teatro. drama de Zé do Burro releva a necessidade de se tratar de temas
Trata-se de um teatro em que o espectador é convidado a substituir de caráter local e universal. O aspecto local está no fato de Zé do
o protagonista e mudar a condução ou mesmo o fim da história, Burro ser devoto de Santa Bárbara e de querer pagar sua promessa,
conforme o olhar interpretativo e contextualizado do receptor. já o universal está na discussão que se faz da fé humana.
Companhia Teatro do Oprimido. Resposta: C
Disponível em: <www.ctorio.org.br.>
Acesso em: 1 jul. 2009 (adaptado).
06. Vestido de Noiva é um marco na história do teatro brasileiro. Na
cena transcrita nesta questão, sobressai o tom melodramático,
Considerando-se as características do Teatro do Oprimido
uma vez que o recurso da intertextualidade – com o filme E o
apresentadas, conclui-se que
vento levou – reforça essa característica, e não o caráter universal
A) esse modelo teatral é um método tradicional de fazer teatro
das paixões humanas.
que usa, nas suas ações cênicas, a linguagem rebuscada e
hermética falada normalmente pelo cidadão comum. Resposta: B
B) a forma de recepção desse modelo teatral se destaca pela
separação entre atores e público, na qual os atores representam 07. Vestido de Noiva, peça teatral de Nelson Rodrigues, é considerado
seus personagens e a plateia assiste passivamente ao um marco na história da dramaturgia brasileira. O autor de peças
espetáculo. míticas, trágicas e psicológicas revolucionou o teatro brasileiro
C) sua linguagem teatral pode ser democratizada e apropriada por sua ousadia ao compor uma peça que apresentava planos
pelo cidadão comum, no sentido de proporcionar-lhe distintos.
autonomia crítica para compreensão e interpretação do mundo
em que vive. Resposta: A
D) o convite ao espectador para substituir o protagonista e mudar
o fim da história evidencia que a proposta de Boal se aproxima 08. O Pagador de Promessas é uma das principais obras da dramaturgia
das regras do teatro tradicional para a preparação de atores. brasileira. Além dela, Dias Gomes escreveu outras, como O Santo
E) a metodologia teatral do Teatro do Oprimido segue a concepção Inquérito e A Invasão, e revelou-se um autor preocupado com
do teatro clássico aristotélico, que visa à desautomação física o social. Em O Pagador de Promessas, Dias Gomes discute o
e intelectual de seus praticantes. sincretismo religioso aqui no Brasil, pois mescla as religiões católica
e candomblé para discutir as crenças do povo brasileiro.
Resolução Resposta: A

01. A peça de Martins Pena é considerada uma comédia sobre a 09. A peça que apresenta as características apresentadas no texto em
bigamia. O texto foi escrito em 1845. A situação enfocada é questão é Navalha na Carne, que conta a história da prostituta
um caso de bigamia vivido por Ambrósio, um aproveitador da Neusa Sueli. O autor é Plínio Marcos. Trata-se de uma das obras do
fortuna de sua segunda esposa, Florência. No começo do texto, teatro engajado desse importante autor da dramaturgia brasileira.
a existência de Rosa, a provinciana primeira esposa de Ambrósio,
não é conhecida pelo leitor. Em suas comédias, Martins Pena Resposta: C
trabalha o lado caricaturesco. Em O Noviço, a figura de Ambrósio
representa o que há de malandragem, o interesse pessoal colocado 10. O texto, que explora um período importante da dramaturgia
acima de quaisquer outros valores. brasileira, discute o momento em que o país importava aspectos
sociais da França para a composição de nossas peças. Muitas vezes,
Resposta: A essas peças eram escritas para discutir o social e para analisar o
psicológico das personagens.
02. Nas dezessete peças que Nelson Rodrigues escreveu, o comum
de se ver é o castigo sofrido pelos personagens que comumente Resposta: D
praticam crimes. Por exemplo, o personagem Aprígio, em O
beijo no asfalto, é algoz de si mesmo. Nelson costuma dizer 11. Ariano Suassuna, ao escrever suas farsas e comédias, mostra-nos
que seu teatro era moralizante e não pornográfico como muitos sua herança medieval, recebida através da cultura nordestina.
acreditavam. Assim, técnicas de folhetos de cordel, folguedos populares e
Resposta: E suas fontes temáticas são as bases populares do teatrólogo. A
medievalidade está presente nos modelos formais adotados, como
03. Em O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, veem-se sátira teatro católico medieval ibérico (mistério, milagre, moralidade
aos poderosos e aos religiosos, ligação com os autos medievais e auto sacramental) e dramaturgia profana (farsa e comédia
e com a literatura de cordel, parte introdutória que orienta a italiana). Os temas usados pelo autor, vindos do Romanceiro
encenação e a presença de um anti-herói, João Grilo. Não há, popular do Nordeste, provêm de textos europeus que chegaram
porém, inspiração nos mamulengos do Nordeste. à cultura nordestina através da Ibérica.
Resposta: E Resposta: C

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12. As referências ao velho diário e ao maço de fotografias relacionam-


se ao passado de Madame Clessi, e não diretamente ao de Alaíde.

Resposta: E

13. Nos anos de 1950 e 1960, o Brasil teve importantes movimentos


artísticos, como o Cinema Novo, o TBC e o Teatro Arena. O
TBC produzia mais peças internacionais e era o espaço da elite
teatral brasileira. Já o Teatro Arena (e, no cinema, o movimento
do Cinema Novo) apresentou espetáculos questionadores,
politizados, engajados e revolucionários, como “Eles não usam
Black-tie!”, de Gianfrancesco Guarnieri. As produções eram
independentes, não tendo vínculo com estúdios cinematográficos
ou a companhias teatrais.

Resposta: A

14. O teatro brasileiro, durante muito tempo, foi um espaço de


crítica social, de análise dos problemas sociais que assolam a
sociedade brasileira. Isso pode ser comprovado em peças de
autores representativos, como Dias Gomes, Plínio Marcos e
Gianfrancesco Guarnieri. Na peça Calabar, Rui Castro e Chico
Buarque de Holanda exploram a reputação do mulato Calabar:
teria, de fato, ele traído o Brasil ou a Coroa Portuguesa? Observe
também que os textos I e II fazem referência a essa personagem
histórica, transposta para a dramaturgia brasileira por Rui Castro e
Chico Buarque. Em I, nota-se que o autor dá a Calabar a condição
de traidor; já, em II, o autor descreve ações positivas (pois ele
ajudara Matias de Albuquerque na defesa do Arraial) e negativas
(ele desertara em consequência de vários crimes praticados). Por
isso, a resposta é o item E.

Resposta: E

15. Augusto Boal, em seu Teatro do Oprimido, desenvolveu uma


linguagem teatral inovadora, de forma a possibilitar ao cidadão
não ator (comum) uma visão mais nítida de sua realidade, uma
visão democrática. Ao encenar, por meio do jogo teatral, um
acontecimento do próprio cotidiano, o indivíduo passa a interagir,
de forma reflexiva, com a situação vivida, sendo capaz de refletir
também sobre sua própria vida.

Resposta: C

SUPERVISOR/DIRETOR: MARCELO PENA – AUTOR: MARCELO PENA


DIG.: SAMUEL – 26/09/17 – REV.: __

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