Você está na página 1de 6

A Minha Professora É Um Monstro! (Não Sou, Não).

Monstro bate o pé? Bate. Monstro ruge? Ruge. A Dona Lurdes, professora do Frederico, faz
tudo isso! E muito mais!

Não admira pois que Frederico, um rapazinho de cabelo sempre em pé e com especial predilecção
por aviões de papel em sala de aula, tenha um grande problema na escola. O problema tem
nome: Dona Lurdes, um monstro!
Peter Brown presenteia-nos com uma história cheia de humor e sensibilidade em torno do
binómio professor-aluno, das relações entre ambos, mostrando como as aparências tantas vezes
enganam. Como, sem nos darmos conta, os aspetos secundários se apoderam, não raro, do nosso
dia a dia, sobrepondo-se ao que é verdadeiramente essencial. Por isso, não é de estranhar que a
história seja dedicada a "professores incompreendidos" e a "alunos incompreendidos".

Na nossa história tudo muda quando, num sábado, Frederico e a sua monstruosa professora se
encontram, por acaso, fora da escola. Contrafeito com tal aparição, Frederico percebe que não
pode evitar o encontro. A atrapalhação inicial, o pouco à vontade, a intimidação que a figura do
(ainda) monstro lhe provoca são visíveis no pequeno.
O desconforto da situação acaba, todavia, por ser ultrapassado por uma ajuda exterior, uma rajada
de vento. O lindo chapéu da Dona Lurdes, oferecido pela avó (as professoras também têm avós!)
voa e é salvo por Frederico.
É notável o trabalho de Brown no que toca às ilustrações. Na verdade, tratando-se de uma história
com pouco texto, é através delas que assistimos, sem necessidade de qualquer explicação, à
transformação da professora. À medida que a aproximação entre ambos se estreita, a mudança de
cor e de alguns detalhes físicos, vão revelando a progressiva humanização da Dona Lurdes. As
emoções e reações estão patentes em ambos os rostos.

A sua cor verde, típica da figura de ogre que nos é apresentada inicialmente por Frederico, vai
lentamente cedendo lugar à verdadeira cor de pele da Dona Lurdes, os dentes afiados deixam de
o ser, as narinas vão adquirindo um formato normal...
As barreiras ultrapassam-se, o desconforto dilui-se e Frederico até acaba por convidar a Dona
Lurdes para conhecer o seu sítio preferido no parque. Lá, o rapaz rende-se! Porque a
sua professora teve uma ideia magnífica!

Será que a história perde o seu monstro? Pelo menos, naquele sábado, os olhos de Frederico,
agora bem mais perto do coração, parecem ter deixado de o ver. Será este encontro suficiente para
mudar as coisas em sala de aula? Pois, queridos professores e alunos, incompreendidos ou
não, leiam o livro e descubram vocês mesmos!
Nós apenas garantimos que a Dona Lurdes continua a bater o pé e a rugir (embora não
esqueçamos que também adora grasnar!).

Numa altura do ano em que já devem existir por aí muitos monstros e, provavelmente, o tráfego
de aviões de papel estará a congestionar algumas salas de aula, este é um livro obrigatório!

Porque todos nós, algum dia, gostaríamos


de nos ter cruzado com as Donas Lurdes
das nossas vidas e ouvi-las dizer, tratando-
nos pelo diminutivo: És o meu herói!

Você também pode gostar