ESTRANGEIRA
O Método Direto
O princípio fundamental do método direto é de que a
língua-alvo se aprende através da língua-alvo. Com isso, a
língua materna nunca deve ser usada na sala de aula. A
transmissão do significado dá-se através de gestos,
mímicas e gravuras, sem jamais recorrer à tradução para a
língua materna. O aluno deve aprender a “pensar na língua-
alvo”.
A ênfase está na língua oral, mas a escrita pode ser
introduzida já nas primeiras aulas. O uso de diálogos
situacionais e pequenos trechos de leitura são o ponto de
partida para exercícios orais e escritos. Assim é usada pela
primeira vez no ensino de línguas estrangeiras a integração
das quatro habilidades: ouvir, falar, ler e escrever.
O aluno é primeiro exposto aos “fatos” da língua para
mais tarde chegar a sua sistematização. O exercício oral
deve preceder o escrito. A técnica da repetição é usada
para o aprendizado automático da língua. O uso de diálogos
sobre assuntos da vida diária tem por objetivo tornar viva a
língua usada na sala de aula. O ditado é abolido como
exercício.
Principais características:
1. as lições começam com diálogos e anedotas breves, em
estilo moderno de conversação;
2. ações e ilustrações são usadas para esclarecer o
significado desse material;
3. não é permitido o uso da língua materna, o que significa
que a tradução para a língua materna do aluno é
abolida;
4. o professor não precisa saber falar a língua materna do
aluno. Portanto, ele deve ser um nativo ou fluente na
língua-alvo;
5. a gramática é ensinada indutivamente e regras de
generalização surgem da experiência;
6. alunos avançados lêem textos literários por prazer e os
textos não são analisados gramaticalmente.
O Método da Leitura
O objetivo desse método é desenvolver a habilidade
da leitura. Para isso, procura-se criar o máximo de
condições que propiciem a leitura, tanto dentro como fora
da sala de aula. Como o desenvolvimento do vocabulário é
considerado importante, trata-se de expandi-lo o mais
rápido possível. Nas primeiras lições é cuidadosamente
controlado o vocabulário, uma média de seis palavras
novas por páginas, baseadas nas estatísticas de freqüência.
Predominam os exercícios escritos, principalmente os
questionários baseados em textos.
A gramática restringe-se ao necessário para a
compreensão da leitura, enfatizando os aspectos
morfológicos e construções sintáticas mais comuns. Os
exercícios mais usados para a aprendizagem da gramática
são os de transformação de frases. Ocasionalmente,
exercícios de tradução para a língua materna são utilizados.
Principais características:
1. somente é ensinada a gramática relevante e útil para a
compreensão da leitura;
2. atenção mínima é dada à pronúncia. A única habilidade
desenvolvida é a de leitura e compreensão de textos,
embora a linguagem oral não é totalmente banida;
3. a tradução para a L1 (língua materna) ganha lugar de
destaque;
4. o professor não precisa ter boa fluência oral da língua-
alvo;
5. o vocabulário é rigorosamente controlado para ser
expandido mais tarde.
O Método Audiolingual
Esse método baseia-se nas seguintes premissas: a)
língua é fala, não escrita; b) língua é um conjunto de
hábitos; c) ensine a língua, não sobre a língua; d) a língua é
o que os falantes nativos dizem, não o que alguém acha
que eles deveriam dizer; e) as línguas são diferentes.
A partir disso, o aluno só deve ser exposto à escrita
quando os padrões da língua oral já estiverem bem
automatizados, porque, para os estudiosos dessa área, a
escrita é uma fotografia muito mal feita da fala. Por outro
lado, o aluno não aprende errando, pois, nessa concepção
metodológica, acredita-se que quem erra acaba
aprendendo os próprios erros. O que vale afirmar que um
aluno aprende uma língua pela prática, não através de
explicitações ou explicações gramaticais. A tarefa
primordial do planejamento de cursos é detectar as
diferenças entre a primeira e a segunda língua,
concentrando-se aí as atividades.
Pode-se dizer que é o método dos DRILLS, que
consiste em apresentar um modelo oral para o aluno, seja
através de fitas gravadas ou pelo próprio professor, seguido
de intensa prática oral.
Principais características:
1. o aluno deve primeiro OUVIR, depois FALAR, e então
LER, para finalmente ESCREVER na L2;
2. baseia-se na análise contrastiva entre a língua materna
(L1) e a língua-alvo (L2);
3. o material novo é apresentado sob forma de diálogo;
4. depende-se da mímica, da memorização de um conjunto
de frases e da aprendizagem intensiva através da
repetição, pois acredita-se que a língua é aprendida
através da formação de hábitos do tipo S – R – R
(estímulo – resposta – reforço);
5. há uma seqüência nas estruturas gramaticais, que são
aprendidas uma de cada vez;
6. há pouca ou nenhuma explicação gramatical; a
gramática é ensinada indutivamente;
7. nos estágios iniciais, o vocabulário é rigorosamente
controlado e limitado. E a pronúncia é enfatizada desde o
início;
8. há um grande empenho em se evitar que os alunos
cometam erros;
9. há o uso insistente de fitas gravadas, laboratório de
línguas e material visual. As respostas certas são
automaticamente reforçadas positivamente;
10.é permitido o uso controlado da língua materna do
aluno;
11.pode-se comparar o professor a um treinador de
animais, como um papagaio, por exemplo;
12.dá-se importância ao aspecto cultural da língua-alvo
(L2);
13.há grande tendência em se manipular a linguagem sem
preocupação com o conteúdo.
O Método Natural
Esse método tem por objetivo desenvolver a aquisição
(uso inconsciente das regras gramaticais) da língua em vez
da aprendizagem (uso consciente). Dessa forma, a fala
surgirá naturalmente, sem pressão do professor.
A premissa básica é que o aluno deve receber um
INPUT lingüístico quase totalmente compreensível, de modo
a ampliar sua compreensão da L2.
Características principais:
1. a pronúncia não é enfatizada e encara-se a perfeição
como uma meta não realística;
2. o aluno é responsável pela própria aprendizagem;
3. a gramática é ensinada indutivamente;
4. os erros são vistos como algo inevitável, algo que pode
ser usado construtivamente no processo de ensino;
5. espera-se do professor tanto uma boa proficiência geral
da língua-alvo (L2) como habilidade de analisar a língua.
♦ Breves considerações
BIBLIOGRAFIA:
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