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Resumão Roma
Resumão Roma
Localização
Roma é capital da Itália, país europeu localizado em uma das penínsulas do Mar Mediterrâneo.
Trata-se da Península Itálica, situada na cordilheira dos Alpes e banhada pelos mares Adriático,
Tirreno e Jônico.
Durante o governo dos etruscos, Roma adquiriu o aspecto de cidade. Foram realizadas diversas
obras públicas entre elas, templos, drenagens de pântanos e um sistema de esgoto.
Nessa época, a sociedade romana estava assim organizada:
Patrícios ou nobres: Descendentes das famílias que promoveram a ocupação inicial de
Roma. Eram grandes proprietários de terra e de gado.
Plebeus: Em geral, eram pequenos agricultores, comerciantes, pastores e artesãos.
Constituíam a maioria da população e não tinham direitos políticos.
Clientes: eram homens de negócios, intelectuais ou camponeses que tinham interesse em
fazer carreira pública e que por isso recorriam à proteção de algum patrono, geralmente um
patrício de posses.
Escravos: Eram plebeus endividados e principalmente prisioneiros de guerra. Realizavam
todo o tipo de trabalho e eram considerados bens materiais. Não tinham qualquer direito
civil ou político.
O último rei etrusco foi Tarquínio, o Soberbo. Ele foi deposto em 509 a.C., provavelmente por ter
descontentado os patrícios com medidas a favor dos plebeus.
No lugar de Tarquínio, os patrícios colocaram no poder dois magistrados, chamados cônsules. Com
isso, terminava o período Monárquico e tinha inicio o período Republicano.
Período Republicano
República é uma palavra de origem latina e significa “coisa pública”. Durante a passagem da
monarquia para a república, eram os patrícios que detinham o poder e controlavam as instituições
políticas. Concentrando o poder religioso, político e a justiça, eles exerciam o governo procurando
se beneficiar.
Para os plebeus, sem direito à participação política, restavam apenas deveres, como pagar impostos
e servir o exército.
Outras conquistas foram a proibição da escravização por dívidas e o estabelecimento de leis escritas,
válidas tanto para os patrícios quanto para plebeus. Até então, em Roma, as leis não eram escritas e
os plebeus acabavam julgados conforme os critérios dos patrícios. Estabelecendo as leis por escrito,
os plebeus garantiam um julgamento mais justo.
Os plebeus conquistaram ainda a igualdade civil, com a autorização do casamento entre patrícios e
plebeus; a igualdade política, com o direito de eleger representantes para diversos cargos, inclusive
o de cônsul; e a igualdade religiosa, com o direito de exercer funções sacerdotais.
O Império Romano
Após vencer Marco Antonio, Otávio recebeu diversos títulos que lhe conferiram grande poder. Por
fim, em 27 a.C., o senado atribuiu-lhe o título de Augusto, que significava consagrado, majestoso,
divino.
O período Imperial, tradicionalmente, costuma ser dividido em dois momentos:
Alto Império: período em que Roma alcançou grande esplendor (estende-se até o século
III d.C.)
Baixo Império: fase marcada por crises que conduziram a desagregação do Império
Romano (do século III ao século V).
Alto Império
Augusto, durante seu governo (27 a.C. a 14 d.C.), adotou uma série de medidas visando controlar os
conflitos sociais, solucionar problemas econômicos e, com isso, consolidar o império fazendo com
que Roma atingisse seu apogeu e vivesse um longo período de prosperidade e de relativa
tranquilidade social, também conhecido como Pax Romana. Isso foi possível porque o imperador
Otávio abandonou a política agressiva de conquistas, promoveu a aliança entre aristocracia e os
cavaleiros (plebeus enriquecidos) e apaziguou a plebe com a política do “pão e circo” (panem et
circenses) (anexo), que consistia em distribuir trigo para a população carente e organizar
espetáculos públicos de circo.
Do governo de Augusto aos dois séculos que se seguiram, o Império Romano, por meio de
conquistas militares, ampliou ainda mais o seu território. Seus domínios estendiam-se pela Europa,
Ásia e África.
As conquistas abasteciam o império não apenas de riquezas e terras, mas também de escravos,
principal mão-de-obra e todas as atividades, tanto econômicas quanto domésticas.
A comunicação entre Roma, o centro do vasto império, e as demais regiões era garantida pela
existência de uma extensa rede de estradas. Daí provém o famoso ditado: “Todos os caminhos
levam a Roma”.
As estradas romanas, além de possibilitar a comunicação entre as diferentes regiões do império,
facilitavam a movimentação de tropas e equipamentos militares, contribuindo para o sucesso das
campanhas.
Após a morte de Augusto (14 d.C.) até o fim do século II, quatro dinastias se sucederam no poder.
São elas:
Dinastia Júlio-Claudiana (14-68): Com os imperadores Tibério, Calígula, Cláudio e Nero,
essa dinastia esteve ligada à aristocracia patrícia romana. Principal característica dessa fase:
os constantes conflitos entre o Senado e os imperadores.
Dinastia Flávia (68-96): Com os imperadores Vespasiano, Tito e Domiciano, apoiados
pelo exército, o Senado foi totalmente submetido.
Dinastia Antonina (96 – 193): Com Nerva, Trajano, Adriano, Antonio Pio, Marco Aurélio
e Cômodo, assinalou-se uma fase de grande brilho do Império Romano. Os imperadores
dessa dinastia, exceto o último, procuraram adotar uma atitude conciliatória em relação ao
Senado.
Dinastia Severa (193 – 235): Com Sétimo Severo, Caracala, Macrino, Heliogábalo e
Severo Alexandre, caracterizou-se pelo inicio de crises internas e pressões externas,
exercidas por povos diversos, prenunciando o fim do Império Romano, a partir do século III
da era cristã.
Baixo Império
Essa fase foi marcada por crises em diferentes setores da vida romana, que contribuíram para pôr
fim ao grande império.
Uma das principais crises diz respeito à produção agrícola. Por séculos, os escravos foram a
principal mão de obra nas grandes propriedades rurais. Entretanto, com a diminuição das guerras, o
reabastecimento de escravos começou a ficar difícil.
Além disso, com o passar do tempo, os romanos tornaram-se menos hostis aos povos conquistados,
estendendo a eles, inclusive, parte de seus direitos. Ou seja, os povos dominados deixaram de ser
escravizados.
Essas circunstâncias colaboraram para transformar a produção no campo. Por causa dos custos,
muitos latifúndios começaram a ser divididos em pequenas propriedades. Nelas, o trabalho escravo
já não era mais tão importante.
Nessa época, os lucros com a produção agrícola eram baixos.
O lugar dos escravos passou a ser ocupado, aos poucos, por camponeses, que arrendavam a terra em
troca da prestação de serviços nas terras do proprietário. Havia também os colonos que, sem poder
abandonar a terra, não tinham direito à liberdade, pois estavam ligados a ela por lei e por fortes
laços pessoais.
O centro de produção rural era conhecido como Villa. Protegido por cercas e fossos, era habitado
pelos donos das terras e todos aqueles que dela dependiam.
Ao mesmo tempo em que a vida no campo se transformava, um grande número de pessoas começou
a deixar as cidades em direção ao campo, provocando a diminuição do comércio e da produção
artesanal. Para uma população empobrecida, as cidades já não representavam mais uma alternativa
de vida.
Arrecadando menos impostos pela diminuição das atividades produtivas, o governo romano
começou a enfraquecer e as enormes fronteiras já não tinham como ser vigiadas contra a invasão de
povos inimigos.
Divisão do Império
Em 395, o imperador Teodósio dividiu o império em duas partes: Império Romano do
ocidente, com capital em Roma; e Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla.
Com essa medida, acreditava que fortaleceria o império. Achava, por exemplo, que seria mais fácil
proteger as fronteiras contra ataques de povos invasores. Os romanos chamavam esses povos
de bárbaros, por terem costumes diferentes dos seus.
A divisão estabelecida por Teodósio não surtiu o efeito esperado. Diversos povos passaram a ocupar
o território romano. Em 476, os hérulos, povo de origem germânica, invadiram Roma e,
comandados por Odoacro, depuseram o imperador Rômulo Augústulo.
Costuma-se afirmar que esse acontecimento marca a desagregação do Império Romano. Na verdade,
isso refere-se ao Império Romano do Ocidente , pois a parte oriental ainda sobreviveu até o século
XV.
Embora as invasões de povos inimigos tenham papel decisivo no fim do Império Romano do
Ocidente, outras circunstâncias também foram determinantes, tais como:
elevados gastos com a estrutura administrativa e militar;
perda do controle sobre diversas regiões devido ao tamanho do império;
aumento dos impostos dos cidadãos e dos tributos dos vencidos;
corrupção política;
crise no fornecimento de escravos com o fim das guerras de expansão;
continuidade das lutas civis entre patrícios e plebeus;
a difusão do cristianismo.
O fim do poderio romano constituiu um longo processo, que durou centenas de anos. A partir daí,
começou a se formar uma nova organização social, política e econômica, osistema feudal, que
predominou na Europa ocidental até o século XV.
A infância em Roma
Assim como na Grécia, a educação dos romanos variava de acordo com a classe social e o sexo.
Os meninos das classes privilegiadas aprendiam a ler e a escrever em latim e grego com seus
preceptores, isto é, com professores particulares. Além disso, deviam ter conhecimentos de
agricultura, astronomia, religião, geografia, matemática e arquitetura.
Em relação aos meninos das classes menos abastadas, isso mudava de figura. A maioria, que não
podia dispor de tempo integral para os estudos, dedicava-se ao trabalho agrícola ou artesanal.
O abandono de crianças, tão comum nos dias de hoje, também existia na Roma Antiga, e as causas
eram variadas. Abandonados, meninos e meninas estavam destinados à prostituição ou à vida de
gladiadores, treinados para enfrentar leões, tigres e outros animais perigosos. Outros ainda se
tornavam servos.
Ricos e pobres abandonavam os filhos na Roma antiga. As causas eram variadas: enjeitavam-se ou
afogavam-se as crianças malformadas, os pobres, por não terem condições de criar os filhos,
expunham-nos, esperando que um benfeitor recolhesse o infeliz bebê, os ricos, ou porque tinham
duvidas sobre a fidelidade de suas esposas ou porque já teriam tomado decisões sobre a distribuição
de seus bens entre os herdeiros já existentes.
Importante assinalar que, na Antiguidade, grega e romana, o infanticídio era praticado. A legislação
da Roma imperial tentou condenar essa prática, e o imperador Constantino, desde 315 –
reconhecendo a importância do fator econômico na prática do abandono por pais extremamente
pobres -, procurou fazer funcionar um sistema de assistência aos pais, para evitar que vendessem ou
expusessem seus filhos. Depois de 318 o infanticídio passou a ser punido com a morte.
Os trabalhadores de Roma
Em Roma, como nas demais cidades do Império, existiam diferentes tipos de trabalhadores, como
carpinteiros, marceneiros, cesteiros, ceramistas, caldeireiros. Toda a produção desses trabalhadores
era vendida nas lojas das cidades.
É preciso lembrar que grande parte do trabalho na cidade era executada por escravos. Em sua
maioria prisioneiros de guerra, eram eles os responsáveis por qualquer tipo de trabalho, desde os
artesanais até os domésticos.
A vida conjugal
Dentre as instituições romanas destacou-se o casamento. Em Roma, com apenas 12 anos as meninas
se casavam por intermédio de arranjos familiares, isto é, os pais escolhiam os maridos para as filhas.
Um casamento com cerimônia pública era importante para mostrar à sociedade que os nubentes
pertenciam a uma família de posses.
O divórcio também era comum, e pelos motivos mais variados, não precisando, muitas vezes, nem
esclarecer a causa da separação. Ao findar o processo legal, o pai da moça recebia de volta o dote
ofertado à época do casamento, e os filhos do casal eram entregues aos ex-maridos.
A cultura romana
A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega. Os romanos "copiaram" muitos
aspectos da arte, pintura e arquitetura grega.
Os balneários (casas de banhos) romanos espalharam-se pelas grandes cidades. Eram locais onde os
senadores e membros da aristocracia romana iam para discutirem política e ampliar seus
relacionamentos pessoais.
A língua romana era o latim, que depois de um tempo espalhou-se pelos quatro cantos do império,
dando origem na Idade Média, ao português, francês, italiano e espanhol.
A mitologia romana representava formas de explicação da realidade que os romanos não
conseguiam explicar de forma científica. Trata também da origem de seu povo e da cidade que deu
origem ao império. Entre os principais mitos romanos, podemos destacar: Rômulo e Remo.
Segundo a história de Virgílio, Eneias teria fugido para a península Itálica depois da Guerra de Troia.
Lá teria fundado Alba Longa, o reino pertencente ao avô de Rômulo e Remo, fundadores lendários
de Roma.
A Roma declamada por Virgílio tinha a missão divina de proporcionar paz e vida civilizada ao
mundo. O imperador Augusto, por sua vez, era o designado pelos deuses para tornar a realidade
essa missão.
A arte romana foi influenciada tanto por etruscos, um dos povos que ocuparam a península Itálica,
quanto por gregos.
Na arquitetura, por exemplo, os romanos herdaram dos etruscos o arco e a abóbada, que
aperfeiçoaram, além de desenvolver novas técnicas de construção; dos gregos aproveitaram as
colunas.
Na escultura, as principais obras romanas foram as estátuas equestres e os bustos.
Roma (continuação)
Ciências e tecnologia
O desenvolvimento que os romanos alcançaram nas ciências foi bastante limitado e sofreu marcante
influencia dos gregos. A medicina somente passou a ter um caráter científico depois que os
primeiros médicos gregos se estabeleceram em Roma; a matemática e a geometria que os romanos
conheceram também não alcançaram progresso significativo.
Na astronomia, as noções alcançadas pelos romanos também não ultrapassaram aquelas herdadas da
Grécia. Eles sabiam da existência de cinco planetas e tinham ideias não muito precisas a respeito do
movimento da Lua em torno da Terra. Seus conhecimentos astronômicos permitiram que, no tempo
de César (em 46 a.C.), fosse elaborado um novo calendário – o calendário Juliano – que sobreviveu
até os fins do século XVI (1582), sendo substituído pelo calendário gregoriano, devido ao papa
Gregório XIII. Esse calendário, que não é muito diferente do Juliano, foi adotado porque os
astrônomos descobriram algumas inexatidões no antigo calendário romano.
A medição do tempo, para os romanos, apresentava dificuldades que somente puderam ser
superadas séculos mais tarde. Os dias eram divididos em 24 horas (12 diurnas, 12 noturnas). Os
relógios existentes mostravam as horas pelo deslocamento da sombra em relação à posição do Sol
durante o dia.
Os romanos numeravam as horas contando-as a partir do nascer do Sol. Assim, o clarear do dia
acontecia na primeira hora; a sexta-hora correspondia ao meio-dia; a nona hora equivalia ao meio
da tarde, e assim por diante.
Os dias dos meses foram divididos em fastos e nefastos. Dias fastos eram considerados inteiramente
favoráveis; nefastos, os dias negativos para algumas atividades, como as comerciais (por exemplo, o
comércio não podia funcionar naqueles dias).
Os primeiros dias do mês eram denominados calendas; os dias 5 e 7 chamavam-se nonas; e os dia
13 e 15 recebiam o nome de dos. Eram considerados de má sorte os meses de março, maio e metade
de junho.
A geografia entre os romanos foi inteiramente baseada nos ensinamentos aprendidos dos gregos, e a
cartografia limitou-se ao conhecimento e à elaboração de itinerários; mapas rudimentares que
indicavam, unicamente, os percursos que ligavam diferentes lugares do império.
Na história, os romanos limitavam-se à narração dos fatos acontecidos em épocas determinadas. Os
historiadores procuravam, ainda, destacar um sentido moral, extraído dos episódios estudados.
Entre os historiadores romanos, tiveram destaque Tito Lívio, Tácito e Suetônio.
Foi na ciência do direito que se revelou o gênio dos romanos antigos. Em 450 a.C., ocorreu a
promulgação da Lei das Doze Tábuas, o primeiro código escrito de leis elaborado em Roma.
Durante quase um milênio, a partir daquela data, o direito romano sofreu uma evolução contínua,
cujo apogeu foi marcado pela elaboração do Código de Justiniano, em 535 d.C., quando o Império
do Ocidente já havia sido invadido pelos bárbaros.
Religião Romana
No culto familiar uma prática muito comum era a existência de santuários domésticos, onde eram
cultuados os deuses protetores do lar e da família. Os deuses protetores da família eram os Lares.
Os bens e os alimentos estavam sob a proteção de divindades especiais, os Panates ou Penates.
Esses deuses eram cultuados pelo chefe da família junto à lareira, onde o fogo permanecia sempre
aceso. Durante as refeições, os romanos espalhavam junto ao fogo migalhas de alimentos e gotas de
leite e de vinho, como oferendas às divindades. Com isso, acreditavam conseguir a proteção dos
deuses. Nas festas familiares oferecia-se aos deuses o sacrifício de um animal (boi, carneiro ou
porco), que depois era dividido entre todas as pessoas da família.
Além dos deuses ligados a família, havia os que eram cultuados pelos habitantes da cidade. O culto
público era organizado pelo Senado. Com ele, os fiéis esperavam obter dos deuses boas colheitas
ou vitórias nas guerras.
Os rituais religiosos romanos eram controlados pelos governantes romanos. O culto a uma religião
diferente a do império era proibida e condenada. Os cristãos, por exemplo, foram perseguidos e
assassinados em várias províncias do império romano.
Os doze principais deuses de Roma correspondiam aos principais deuses gregos. O quadro a seguir
mostra a correspondência:
Os deuses romanos eram os mesmos da Grécia, porém com outros nomes.
Nome Atribuições
Nome
grego
romano
Júpiter Zeus Pai dos deuses; deus do céu.
Muitos imperadores, por exemplo, exigiram o culto pessoal como se fossem deuses. Esta prática
começou a partir do governo do imperador Júlio César (anexo).
Diferentemente da crença grega, os deuses romanos não agiam como mortais, isto é, não tinham
como os homens e os deuses gregos, virtudes e defeitos. Por isso não há relatos das suas atividades,
como na mitologia grega.
No início da Idade Média, com seu significativo crescimento, o cristianismo absorveu todas as
crenças e outras práticas ligadas à religião desenvolvida pelos romanos e passou a ser considerada
religião oficial do Império Romano, desta forma a prática do politeísmo foi, aos poucos, sendo
abandonada.
O cristianismo
No período Imperial surgiu em Roma uma nova religião: o cristianismo. Monoteísta, essa religião
pregava a salvação eterna, isto é, o perdão de todos os pecados e a recompensa de viver no paraíso
após a morte. Seu deus era um só – Deus - e Jesus Cristo, seu filho, era o messias que tinha sido
enviado à Terra para difundir seus ensinamentos.
Economia
A economia do império Romano teve como base uma única moeda corrente, a cobrança de baixas
tarifas alfandegárias e uma rede de estradas e portos protegidos. Tudo isso para facilitar as trocas
comerciais entre as várias regiões.
Embora a agricultura fosse a atividade econômica mais importante do mundo romano, o comércio
marítimo de produtos de subsistência, exóticos ou de luxo foi bastante expressivo.
Roma, centro do império, consumia cereais importados da Sicília e da África, e azeite de oliva
proveniente em especial da região correspondente à Espanha e ao Egito. Os mármores coloridos,
utilizados nas principais construções e em esculturas da capital e de outras cidades, vinham da Ásia
e do norte da África.
O comércio de cerâmica, cujo principal centro de produção era Arezzo, na Itália, abastecia o
mercado romano, bem como as províncias ocidentais, as do norte e o sudeste do império.
A produção em fábricas era praticamente desconhecida. Em sua maioria, os artigos eram
confeccionados por artesãos, que trabalhavam com uma pequena produção e muitas vezes
diretamente para os usuários das mercadorias encomendadas. Já as oficinas que fabricavam moedas
eram de propriedade do imperados e organizadas por seus funcionários.
O exército romano
As conquistas do Império Romano deveram-se principalmente à firmeza e à disciplina de seus
exércitos. A maior unidade de exercito era a legião, que contava com 4.800 soldados cada uma. No
apogeu do Império, a Paz Romana era defendida por trinta legiões, ou seja, 144 mil soldados.
A maioria dos soldados no tempo do império eram voluntários, isto é, alistavam-se no exército
porque queriam e não porque fossem obrigados. Para ser legionário era preciso ser cidadão romano
e ter pelo menos 1,74m de altura. O candidato quando aceito, ia para um acampamento onde
treinava marcha, cavalgada, nado e combate.
O Direito Romano e suas fases: principais eventos, organização social, política, judiciária e fontes
do direito
Rodrigo Almeida Magalhães, Henrique Viana Pereira
Resumo: O Império Romano teve início com a fundação da cidade e o período histórico em que Roma foi governada por reis foi
chamado de realeza. Existiam quatro classes: patrícios, clientes, escravos e plebeus. Os poderes públicos eram exercidos pelo rei,
pelo senado e pelo povo. O fim da realeza teve como marco a expulsão de Tarquínio. Na fase da república, houve a substituição
do rex por dois comandantes militares. As classes sociais eram classe baixa e nobreza. A economia se baseava na mão-de-obra
escrava. A organização política era composta por cônsules, pelo senado e pelo povo. Alto império é o período histórico do reinado de
Augusto até a morte de Diocleciano. Os poderes públicos eram exercidos pelo imperador, consilium principis, funcionários imperiais,
magistraturas republicanas, senado, comícios e pela organização das províncias. A fase do baixo império é caracterizada pela
monarquia absolutista. E o fim dessa fase é marcado pela morte do Imperador Justiniano. Os poderes públicos eram exercidos pelo
Senado, pelas magistraturas republicanas e pelo Imperador. Chama-se período bizantino a fase histórica que vai desde a morte de
Justiniano até a tomada da cidade de Constantinopla. Nesse período os poderes ainda estavam concentrados nas mãos de um
imperador. O direito romano é considerado a mais importante fonte histórica do direito. Sua atualidade é evidente. Ele está presente
em vários institutos jurídicos e princípios atuais. Ao estudá-lo, ocorre a análise das origens do direito vigente.
Palavras-chave: Direito Romano. Organização social, política e judiciária de Roma. Fontes do Direito Romano.
Abstract: The Roman Empire had beginning with the foundation of the city and the historical period in that Rome was governed by
kings was called of royalty. Four classes existed: compatriots, clients, slaves and plebeian. The public powers were exercised by the
king, by the senate and by the people. The end of the royalty had like landmark the expulsion of Tarquínio. In the phase of the
republic, had the substitution of the rex for two military commanders. The social classes were underclass and nobility. The economy
itself based in the slave labor. The political organization was composed by consuls, by the senate and by the people. High empire is
the historical period that goes of the reign of Augusto up to death of Diocleciano. The public powers were exercised by the emperor,
by the consilium principis, by the imperial members of staff, republican magistracies, senate, assemblies and organization of the
provinces. The phase of the short empire is characterized by the absolutist monarchy. And the end of that phase is marked by the
death of the Emperor Justiniano. The public powers were exercised by the Senate, by the republican magistracies and by the
Emperor. Byzantine period is the historical phase that goes since the death of Justiniano up to the taking of the city of Constantinopla.
In that period the powers still were concentrated in the hands of an emperor. Roman law is considered the most important historical
source of law. Its present time is evident. Today it is present in various legal institutions and principles. Upon studying it, occurs the
analysis of the origins of existing law.
Keywords: Roman law. Political, social and judiciary organization of Rome. Sources of the Roman law.
Sumário: 1. Introdução. 2. As fases do Direito Romano. 2.1. O Direito Romano na Realeza (753 a.C. a 510 a.C.). 2.1.1. Principais
eventos. 2.1.2. Organização social. 2.1.3. Organização da família. 2.1.4. Organização da religião. 2.1.5. Organização política e
judiciária 2.1.6. Fontes do direito. 2.2. O Direito Romano na República (510 a.C. a 27 a.C.). 2.2.1. Principais eventos. 2.2.2.
Organização social. 2.2.3. Organização da religião. 2.2.4. Organização política e judiciária. 2.2.5. Fontes do direito. 2.3. O Direito
Romano no Alto Império (27 a.C. a 284 d.C.). 2.3.1. Principais eventos. 2.3.2. Organização política e judiciária. 2.3.3. Fontes do
direito 2.4. O Direito Romano no Baixo Império (284 d.C. a 565 d.C.). 2.4.1. Principais eventos 2.4.2. Organização política e
judiciária. 2.4.3 Fontes do direito. 2.5. O Direito Romano no período Bizantino (565 d.C. a 1453 d.C.). 2.5.1. Principais eventos 2.5.2.
Organização política e judiciária 2.5.3. Fontes do direito. 3. Conclusão.
1 INTRODUÇÃO
Conforme enfatizado pelo Professor Doutor César Fiúza, o “Direito Romano é a mais importante fonte histórica do Direito nos países
ocidentais, e, ainda, a maioria dos institutos e princípios do Direito Civil nos foi legada pelo gênio jurídico dos romanos” (FIUZA,
2006, p. 160).
E, é de conhecimento de todos que o nosso direito deriva do Romano. Dessa forma, ao estudá-lo, buscam-se as origens do nosso
próprio direito vigente. Além disso,
“A perenidade do direito romano é fato evidente. Sua atualidade não pode ser negada, pela presença constante em inúmeros
institutos jurídicos de nossa época.
Além disso, qualquer estudo profundo de direito privado principia sempre por introdução histórica que investiga as raízes romanas
do assunto tratado.” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 57).
Então, de extrema relevância este artigo, o qual com certeza será responsável para aprofundar o conhecimento no âmbito do Direito
Privado. Passa-se então, ao desenvolvimento do tema.
Os manuais de Direito Romano indicam que o Império Romano teve início com a fundação da Cidade, em 753 a.C. e que o período
histórico em que Roma foi governada por reis foi chamado de realeza. Essa cidade teria sido governada por sete reis até 510 a.C., ano
considerado como fim desse período histórico.
Rômulo foi o primeiro rei, sendo considerado fundador lendário de Roma. Com relação à época da fundação, considera-se ter sido “a
cidade romana constituída, no início, pelos componentes das tribos conhecidas pelos nomes de ramnenses, tirienses e luceres”
(CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 25), razão pela qual Rômulo, conforme narra César Fiuza, “dividiu a cidade em três tribos: Tities,
Ramnes e Luceres” (FIUZA, 2007, p. 37).
Tendo em vista que nessas tribos havia apenas homens, Rômulo convidou os sabinos, povo vizinho, constituído de indivíduos de
ambos os sexos, para festividades. Nessa ocasião, os romanos teriam raptado as pessoas do sexo feminino, razão pela qual se iniciou
uma guerra entre esses povos. Antes do término da batalha, por influência das mulheres, os sabinos resolveram se integrar aos
romanos, junto à tribo dos Tities.
Sérvio Túlio, penúltimo rei dessa fase, ordenou o primeiro censo na história. Ele “mandou fazer cadastro de todos, sendo que os
censores vasculhavam todos os cantos da cidade à procura de riqueza, para que se pudesse pagar impostos e ampliar as receitas”
(TAVARES, 2003, p. 8).
Vale ressaltar que o fim da realeza (510 a.C.) teve como marco a expulsão do “último rex, Tarqüínio, o Soberbo, usurpador de
poderes realmente imperiais” (ENGELS, 2006, p. 143).
Dentre os habitantes de Roma havia quatro classes bem distintas: os patrícios, os clientes, os escravos e os plebeus. Os primeiros,
homens livres, fundadores da cidade e seus descendentes, agrupados em clãs familiares patriarcais, denominados gentes, formavam a
classe detentora do poder e privilegiada.
Os clientes, de origem diversa, “eram pessoas que se submetiam ao poder de um chefe de família patrício, oferecendo seus préstimos
e seu patrimônio em troca de proteção” (FIUZA, 2007, p. 39). Geralmente eram estrangeiros e escravos alforriados.
Já os escravos eram a mão-de-obra responsável por praticamente toda a economia romana da época. Viviam sob as ordens do senhor,
ou pater. Por último, os plebeus, que não faziam parte das gentes, estavam em posição de inferioridade, mas estavam sob a proteção
do rei.
Até o reinado de Sérvio Túlio, a plebe não fazia parte da organização política de Roma. Somente após essa ocasião - com as
mudanças introduzidas por esse rei - é que os plebeus ganham cidadania e “entram nos comícios centuriatos, que se reúnem
no Campo de Marte; pagam impostos e prestam serviço militar” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 26).
A família patrícia era uma estrutura organizada, como se fosse uma pequena sociedade com seu governo, chefiado unicamente pelo
pai. Este, que exercia as funções mais elevadas, sendo todos os demais membros submissos a ele. Essa submissão se dava em todos
os sentidos eis que o pater detinha, dentro do lar, poderes ilimitados de pai, esposo, administrador, sacerdote e, até mesmo, de um
juiz cujas decisões nenhuma autoridade tinha o direito de reforma.
Sendo assim, “no pai repousa o culto doméstico; quase pode dizer como o hindu: “Eu sou o deus”. Quando a morte chegar, o pai será
um ser divino que os descendentes invocarão” (COULANGES, 2007, p. 93). Em caso de morte, o lugar do pai “era ocupado pelo
filho primogênito. Se não tivesse, adotava um. O que não podia ocorrer era a vacância de seu lugar, sob pena de não se dar
continuidade ao culto familiar” (FIUZA, 2007, p. 40). E, “cada gens transmitia, de geração em geração, o nome do antepassado e
perpetuava-o com o mesmo cuidado com que continuava o seu culto” (COULANGES, 2007, p. 119).
Com relação ao conceito de gens, expressão comumente trazida nos manuais de direito romano, pode-se, resumidamente, considerar
que trata-se do “conjunto de pessoas que pela linha masculina descendem de um antepassado comum” (CRETELLA JÚNIOR, 2007,
p. 26).
Acredita-se que essa organização familiar foi um empecilho para o desenvolvimento das regras comerciais em Roma, uma vez que,
em decorrência da predominância da indústria doméstica, somente foram desenvolvidas relações contábeis e não-jurídicas entre pai e
filhos. Relação cujas decisões, conforme já mencionado, eram tomadas arbitrariamente pelo detentor do poder patriarcal.
A religião tinha como base duas classes de deuses. Uma era inspirada na alma humana, em que os deuses eram chamados de
domésticos, manes ou lares. Tratava-se dos ancestrais e, a eles, era feito o “culto doméstico, em que se invocavam os antepassados
para proteção. Levava-se-lhes comida e prestavam-se-lhes orações” (FIUZA, 2007, p. 40).
A outra classe era inspirada nos fenômenos naturais, chamados de deuses superiores (deuses do Olimpo), “cujas principais figuras
foram Zeus, Hera, Atena, Juno, a do Olimpo helênico e a do Capitólio romano” (COULANGES, 2007, p. 132).
Essas duas classes, que alguns autores chamam de religiões, perduraram em harmonia, dividindo o domínio sobre o homem.
Os poderes públicos eram exercidos pelo rei, pelo senado e pelo povo. O rei era o supremo sacerdote, chefe do exército, juiz
soberano e protetor da plebe. Seu cargo, que era “indicado por seu antecessor ou por um senador” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p.
27), era vitalício, mas não hereditário. Apesar disso tudo, podia ser deposto, conforme a já mencionada expulsão ocorrida com
Tarqüínio, o Soberbo.
Já a instituição do senado era como um conselho, que tinha competência para gerir e opinar nos negócios de interesse público. “O
Senado detinha a auctoritas para aconselhar o rei, quando convocado, e para confirmar as decisões dos comícios” (FIUZA, 2007, p.
41).
Nomeados dentre os chefes das gentes pelo rei, os “senadores, por serem os mais velhos em suas gens, chamavam-se patres, pais. O
conjunto deles acabou formando o Senado (de senex, velho, ancião – conselho dos anciãos)” (ENGELS, 2006, p. 139/140). E, o
“poder, de fato, estava nas mãos dos patres-familias, sendo o Senado sua representação máxima” (FIUZA, 2007, p. 41).
O último dos três elementos que integram a organização política e judiciária na fase da realeza era o povo. Este era, no início,
“Integrado pelos patrícios, na idade de serviço militar. Reúne-se em assembléias – os comícios curiatos – (“comitia curiata”) -, num
recanto do fórum denominado mesmo comitium. A lei, proposta pelo rex, é votada pelo populus, que vota por cúrias. As leis, assim
votadas, recebem o nome de leges curiatae” (CRETELLA JÚNIOR: 2007, p. 27).
Então, o povo era a sociedade romana, constituída, no início, apenas de patrícios. Após Sérvio Túlio, que deu à plebe a cidadania,
também passaram a compor a populus romanus.
O povo exercia seus direitos em assembléias, denominadas comícios, onde votavam para decidir sobre propostas específicas de casos
concretos.
As fontes do direito na fase da realeza são apenas duas: o costume (fonte principal) e a lei (secundária). E, tendo em vista o amplo
domínio dos deuses sobre o homem, essas fontes são extremamente influenciadas pela religião.
Costume pode ser entendido como o “uso repetido e prolongado de norma jurídica tradicional, jamais proclamada solenemente pelo
Poder Legislativo” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 28). Sua autoridade resulta de um acordo tácito entre todos os componentes da
cidade.
Já a lei decorre de uma iniciativa do rex, tendo em vista um caso concreto em que alguém deseja agir contrariando algum costume.
Essa proposta do rei pode ou não ser aceita pelo povo. Se for aceita, a lex é analisada pelo senado. Caso ratificada torna-se
obrigatória perante todos.
Aqui, a autoridade da lei resulta, ao contrário do costume, de um acordo formal entre todos os cidadãos. Então, o Direito na realeza é:
“Casuístico, porque era criado para cada caso concreto. Empírico, porque se baseava na observação prática, nada possuindo de
científico. A posteriori, porque nascia depois do fato concreto. Finalmente, concreto, uma vez que nada tinha de abstrato, vinculando-
se exclusivamente ao caso concreto” (FIUZA, 2007, p. 42).
Então, a lei na fase da realeza teria surgido de forma gradativa e “como parte da religião. As normas sobre direito de propriedade e de
sucessão estavam dispersas entre as regras relativas aos sacrifícios, à sepultura e ao culto dos antepassados” (COULANGES, 2007, p.
206).
No início da fase da república, logo após a expulsão de Tarqüínio, o Soberbo, houve a “substituição do rex por dois comandantes
militares (cônsules) dotados de iguais poderes” (ENGELS, 2006, p. 143).
Esses sucessores do rei eram eleitos anualmente, em número de dois, para que governassem de forma alternada, cada mês um deles
controlavam o imperium, enquanto o outro fazia uma fiscalização, com direito de veto ou intercessio. E, “se perigos gravíssimos
ameaçam a república, o cônsul em exercício enfeixa o poder dos dois, tornando-se ditador, com opoderes absolutos, perdendo o
colega o recurso da intercessio (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 30).
Foi nessa época que a diferença entre patrícios e plebeus já não se justificava. Inclusive, por volta dos séculos IV e III a.C., “a plebe
já ocupava todos os cargos da magistratura, antes reservados só aos patrícios” (FIUZA, 2007, p. 54).
Na República, a organização social se modifica um pouco. As classes sociais eram bem distintas: classe baixa (ou plebs urbana),
escravos, Cavaleiros da Ordem Eqüestre e a nobreza.
A economia, assim como na realeza, se baseava na mão-de-obra escrava. Os escravos, parcela significativa da população, “eram
considerados bens semoventes, despidos de personalidade” (FIUZA, 2007, p. 53).
Já a classe baixa, ou plebs urbana, era a casta composta por plebeus pobres, “com profissões menos prestigiosas: barbeiros,
sapateiros, padeiros, açougueiros, pastores, agricultores etc” (FIUZA, 2007, p. 53).
A classe dos Cavaleiros da Ordem Eqüestre era composta, na verdade, por homens de negócio. Atuavam, até mesmo, em nome de
nobres, que não queriam ou não podiam exercer atividades mercantis. Eram os homens que não integravam a nobreza e que possuíam
patrimônio superior a 400.000 sestércios. Esse nível patrimonial era o mesmo exigido “para se tornar um juiz eqüestre, a quem
competia julgar as questões envolvendo corrupção” (FIUZA, 2007, p. 54).
A última classe era a nobreza, também chamada de nobilitas, composta de descendentes de magistrados. Nesta classe, tinha destaque
a Ordem Senatorial. Ao final da República, não era preciso ser descendente de homem público para integrar essa Ordem.
A nobilitas era considerada a classe administradora e constituía, juntamente com os Cavaleiros, a classe dominante da época. Posto
isso, as demais classes (plebe urbana e os escravos) eram dominados na fase do direito romano na República.
Na fase anterior, o rei era o supremo sacerdote. Já na República, conforme ensina César Fiuza:
“Os poderes sacerdotais do rei passaram ao rex sacrorum (rei das coisas sacras) na República. Além dele, havia o Colégio de
Pontífices, encabeçado pelo pontifex maximus (sumo pontífice). Com o passar dos tempos, a pessoa do rex sacrorum se tornou
figurativa e quem exercia o poder sacerdotal era o sumo pontífice” (FIUZA, 2007, p.48/49).
Na República, a organização política era composta por cônsules, pelo senado e pelo povo, que se reúne em comícios populares.
Tendo em vista que os cônsules eram apenas dois e que enquanto um governava, o outro fiscalizava, o desenvolvimento da população
de Roma exigiu a repartição das funções antes concentradas no rex. Por isso, foram criados vários cargos, dentre
eles: questores, censores, edis curuis, pretores, praefecti jure dicundo e governadores das províncias.
Já o Senado, que exercia funções consultivas, como por exemplo, ratificar leis e decisões dos Comícios, “compõe-se de 300 patres,
nomeados pelos cônsules” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 31). “A partir de 312 a.C., os censores passaram a nomear os senadores,
normalmente, dentre antigos cônsules. Até essa data eram indicados pelos cônsules” (FIUZA, 2007, p. 47).
O povo, composto por patrícios e plebeus, exercia seus direitos reunidos em comícios:
“Os comícios curiatos e os comícios centuriatos, como na realeza. Além disso, há uma nova espécie de comícios, os comícios
tributos. A plebe, sozinha, reúne-se nos concilia plebis. Nestes concílios, votam-se os plebiscitos. Os comícios tributos (comitia
tributa) são assembléias do povo, cuja unidade de voto é a tribo.” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 32).
Nesses comícios populares, o populus romanus exercia funções legislativas e judiciárias (Comícios Centuriatos); eram responsáveis
pelos testamentos e pelas ad-rogações (Comícios Curiatos); e exerciam funções eletivas e legislativas (Comícios Tributos e
Conselhos da Plebe).
As fontes do direito na fase da República são cinco: os costumes, as leis escritas, o senatusconsultos, a jurisprudência e os editos dos
magistrados.
Em se tratando de um povo conservador, os costumes continuam desempenhando um papel importante como fonte do direito em
Roma. Para César Fiúza,
“um costume só será fonte de Direito, só será verdadeiramente costume se nele estiverem presentes o uso (repetição constante de
uma prática) e a opinio necessitatis (convicção de que aquele uso tem força de norma jurídica).” (FIUZA, 2007, p. 49).
Para José Cretella Júnior, a autoridade de um costume resulta de um acordo tácito entre os componentes da cidade. Para esse autor,
costume pode ser entendido como o “uso repetido e prolongado de norma jurídica tradicional, jamais proclamada solenemente pelo
Poder Legislativo” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 28).
Pela incerteza oriunda de um ordenamento baseado em costumes, a plebe luta por uma lei escrita, pública, conhecida e que possa ser
invocada contra qualquer um. Havia duas espécies de leis escritas, as leges rogatae e as leges datae. As primeiras eram propostas por
iniciativa de um magistrado, votadas pelo povo e homologadas pelo Senado. Já as leges datae eram medidas unilaterais tomadas
diretamente pelos cônsules, em nome do povo, sem votação e nem homologação do Senado.
Das leis escritas, fundamental mencionar sobre a Lei das XII Tábuas, considerada até mesmo como sendo fonte de todo o direito
privado. Elas “foram escritas em meio a uma evolução social; foram os patrícios que as fizeram, mas a pedido e para uso da plebe”
(COULANGES, 2007, p. 334). Esse pedido foi feito através de protestos e revoltas populares.
Diante do caráter tipicamente romano da Lei das XII Tábuas, ocorreu imediata aceitação e, assim que publicadas, passaram a regular
as relações do povo de Roma.Há autores que afirmam de modo diferente, que essa Lei teria sido fruto de compilação dos costumes da
época.
O senatusconsultos era a consulta que o Senado fazia após convocação por um magistrado. Era “uma espécie de parecer senatorial”
(FIUZA, 2007, p. 51). Não tinha força de lei.
A jurisprudência, que também pode ser chamada de interpretação dos prudentes, seria como se fosse nossa atual doutrina jurídica,
contendo interpretações e adaptações à lei.
Como a lei na época tinha muitas lacunas, de extrema importância o trabalho dos jurisprudentes, que eram “jurisconsultos
encarregados de preencher as lacunas deixadas pelas leis” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 34).
Os editos dos magistrados tinham grande relevância na fase da república. Eram um conjunto de cláusulas, que funcionavam como
normas, expondo a plataforma que seria aplicada para os casos que fossem apresentados. Eram divulgados assim que os magistrados
assumiam o cargo.
“Chama-se alto império (27 a.C. a 284 d.C.) ou principado (de princeps) o período histórico que vai do reinado de Augusto até a
morte de Diocleciano” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 38). Nessa fase ocorreram revoltas de escravos e vários conflitos entre as
classes sociais. Esses acontecimentos levaram a uma alteração política em Roma.
Dentre os acontecimentos importantes, destaca-se a reforma no início da fase que deu poder aos generais de livremente recrutarem
soldados, que se tornaram fiéis à eles, e não a Roma. Diante disso Silas, com o apoio de suas tropas, tornou-se ditador, em 82 a.C,
permanecendo até 79 a.C.
Em 66 a.C., formou-se, com a associação política entre Júlio César, Pompeu e Crasso, o primeiro triunvirato. Por volta de 43 a.C.,
“formou-se um segundo triunvirato, formado por Otávio (sobrinho e filho adotivo de Júlio César), Marco Antônio e Lépido”.
(FIUZA, 2007, p. 55).
E, considera-se triunvirato “uma associação política entre três homens em pé de igualdade. A palavra triunvirato originou-se a partir
de dois radicais do latim: trium (três) e vir (homem)” (TRIUNVIRATO, 2008).
Durante o segundo triunvirato, Lépido foi exilado e Marco Antônio se suicidou. Então, conforme conta César Fiuza:
“Otávio se tornou ditador. Em 36 a.C., foi-lhe atribuída a tribunicia potestas (poder de veto e inviolabilidade). Em 29 a.C., o título
de imperator (comandante-em-chefe das forças armadas). Em 28 a.C., recebeu o título de princeps senatus; em 27 a.C., o de augusto.
Otávio se tornou, então, o senhor absoluto, mas sem o título de rei, do qual não fazia questão”. (FIUZA, 2007, p. 56).
Vale ressaltar ainda que, nesta fase, “O imperador ou príncipe não governa sozinho: partilha o poder com o senado, havendo, pois
uma diarquia, (governo de dois).” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 38).
Os poderes públicos eram exercidos pelo imperador, pelo consilium principis, pelos funcionários imperiais, magistraturas
republicanas, senado, comícios e organização das províncias.
O imperador, que tinha autoridade máxima, inviolável, reunia todas as atribuições que na república eram divididas entre vários
magistrados. Eram atribuições dele:
“a tribunicia potestas, o pró-consulado (comando militar de todas as províncias), o direito de declarar guerra e celebrar paz, fundar e
organizar colônias, conceder cidadania, convocar o Senado, cunhar moedas, instituir tributos, administrar, dizer o direito (jurisdição
civil em 2ª instância e jurisdição criminal).” (FIUZA, 2007, p. 56).
O consilium principis atuava como órgão consultor para o imperador, quando este entendia necessário. Era integrado por amigos do
imperador e juristas que se destacavam na época.
Os funcionários imperiais tinham funções variadas, desde cuidar das vias públicas e do abastecimento de água (curadores) e, até
mesmo, governar províncias imperiais (Legados de César).
As magistraturas republicanas tiveram suas funções reduzidas, eis que o consulado perdeu os poderes militares e civis, a pretura
peregrina desapareceu, a censura deixou de existir (sendo que seus poderes passaram para o imperador), a edilidade curul e da plebe
deixaram de existir e o tribunato da plebe recebeu funções administrativas de menor importância.
O senado “administra as províncias senatoriais, cujas receitas vão para o aerarium, tesouro público” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p.
38). Nessa fase, os senadores, que eram nomeados pelo imperador, repartiam com este o poder judiciário.
Além disso, o Senado possui atribuições de poder eleitoral dos comícios, parte do legislativo e administra as províncias senatoriais e
o erário de Saturno. Então, o senado perde independência e sua função de corpo consultivo.
Os comícios, também perdem atribuições, eis que não possuem mais seus poderes legislativos, eleitorais e judiciários.
As fontes do direito na fase do alto império são seis, conforme ensina José Cretella Júnior: costume, lei, senatusconsultos, editos dos
magistrados, constituições imperiais e a jurisprudência.
Os costumes continuam desempenhando um papel importante como fonte do direito. Isso eis que o povo romano é extremamente
conservador. Tal fonte já foi explicada no item 3.5, motivo pelo qual dispensa maiores esclarecimentos nesta oportunidade.
Das leis escritas, ainda havia duas espécies: as leges rogatae, que assumem grande importância, e as leges datae, que perdem
relevância nessa época.
O senatusconsultos, espécie de consultoria senatorial, era feito através de um parecer, a pedido do príncipe. Passam, na fase do Alto
Império, a ter força de lei.
Os editos dos magistrados, nesta fase, perdem importância, eis que os magistrados foram perdendo o direito de editar editos de seus
antecessores. Então, os pretores passaram a apenas reproduzir os editos passados. Isso ocorreu até que
“Adriano (117 a 138), finalmente, encarregou o jurisconsulto Sálvio Juliano de fixar e sistematizar em um único texto os editos
pretorianos. A obra denominou-se Edito Perpétuo, por ser imutável. A partir daí, os pretores só podiam inovar por solicitação do
Imperador ou do Senado.” (FIUZA, 2007, p. 58).
Para José Cretella Júnior, as constituições imperiais podiam ser de quatro tipos:
“Edicta são proclamações feitas pelo imperador, ao ser consagrado, do mesmo modo que os pretores quando assumiam as preturas.
Mandata são instruções que o príncipe envia aos funcionários da administração, principalmente aos governadores imperiais das
províncias, indicando-lhes um plano a seguir no exercício de suas magistraturas.
Decreta são decisões que o imperador toma, como juiz, nos processos que lhe são submetidos pelos particulares em litígio. São
sentenças emanadas extra ordinem, fugindo, pois, aos princípios da ordo judiciorum. Tomadas com relação a um caso particular,
passam, como os atuais acórdãos, a ser invocados para situações iguais ou semelhantes, até que Justiniano, mais tarde, lhes dá força
de lei.
Rescripta são respostas dadas pelo imperador a consultas jurídicas que lhe são feitas ou por particulares (subscriptio) ou por
magistrados (epístula).” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 43).
Por fim, a jurisprudência, considerada fonte eis que vinculava as decisões judiciais, “equivalia a nossa doutrina. Diga-se que o
imperador podia atribuir a certos juristas o chamado ius respondendi, que conferia a seus pareceres maior força que aos dos demais”
(FIUZA, 2007, p. 59).
Essa fase é marcada pela monarquia absolutista, diante da concentração dos poderes nas mãos do Imperador, sem repartição de
poderes com o Senado. Para alguns autores, esse período é chamado de Dominato.
O primeiro a experimentar esse “poder absoluto” foi Diocleciano (284 a 305), que dividiu o império romano em Império Romano do
Oriente (Constantinopla) e Império Romano do Ocidente (Roma).
Todos os poderes, atribuições e órgãos públicos passaram a ser submetidos à vontade do imperador. Como fatos importantes nessa
fase têm-se:
“313 – Edito de Milão, de Constantino, dando liberdade de culto aos cristãos. O edito foi reforçado posteriormente e aplicado em
todo o império. Constantino se converteu à fé cristã, atribuindo várias de suas vitórias a isso.
380 - Constituição Cunctos Populos, de Teodósio I (379 a 395). Elevou o catolicismo a religião oficial.
395 - Morte de Teodósio I e divisão do Império em Oriente e Ocidente, com dois imperadores, seus filhos: Arcádio, no Oriente, e
Honório, no Ocidente. A unidade jurídica foi mantida por meio da legislação, que era a mesma.
476 - Queda do Império Romano do Ocidente. Rômulo Augusto é derrotado por Odoacro, rei dos hérulos. Alguns reis bárbaros
invasores passaram a ser tratados como delegados do Imperador no Ocidente (ex.: Odoacro, Teodorico e outros).
527 a 565 - Reinado do Imperador Justiniano. Tenta reunificar o Império e promulga as compilações de leis e doutrina, conhecidas
hoje com o nome de Corpus Iuris Civilis.” (FIUZA, 2007, p. 60/61).
E o fim da fase do baixo império é marcada pela morte do Imperador Justiniano (565 d.C.).
Os poderes públicos eram exercidos pelo Senado, pelas magistraturas republicanas e pelo Imperador. O senado já não tinha quase
nenhum poder eis que nem mais repartia a função judiciária com o imperador. Passa a ser um mero conselho municipal.
As magistraturas republicanas eram compostas por cônsules (que davam nome ao ano), pretores (perderam as funções judiciais),
tribunos da plebe, questor para o Sacro Palácio (assessor do imperador), Prefeitos para o Pretório (administravam prefeituras e
exerciam funções judiciais), vigários (governavam as Dioceses) e governadores (governavam as províncias). Então, as magistraturas
não desaparecem, mas perdem suas atribuições.
Como o Império Romano estava subdivido em Império Romano do Oriente e Império Romano do Ocidente, cada um desses blocos
foi entregue a um imperador, monarca absoluto, que concentrava em suas mãos todos os poderes. Junto ao imperador “funcionava
o Sacrum Consistorum (conselho imperial para assuntos administrativos e judiciais).” (FIUZA, 2007, p. 61).
O imperador, conforme já mencionado, concentrava em si todos os poderes nesse período. Detinha o poder absoluto. E, além disso, o
monarca invocava “a vontade divina como fonte de inspiração de sua autoridade: o que agradou ao príncipe tem força de lei (“quod
principi placuit, legis habet vigorem”). É a monarquia absoluta.” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 46).
Diante dessa centralização de poderes, desaparecem as antigas fontes, restando as constituições imperiais como única fonte de direito
no período do baixo império, conforme José Cretella Júnior. Eram chamadas de leges. Já César Fiúza considera como fontes desse
período, além das constituições imperiais, “basicamente os costumes, a lei escrita e a jurisprudência (doutrina).” (FIUZA, 2007, p.
62).
Nesse período, ocorreram várias compilações particulares (elaboradas ou editadas por iniciativa privada) e oficiais (criadas por
iniciativa de um Imperador). Apesar de todas essas codificações, o Imperador Justiniano ainda elaborou novas Constituições. Mas,
“foi no século XVI que o jurisconsulto francês Denis Godefroy reuniu todas essas compilações em um só volume, dando-lhe o nome
de Corpus Iuris Civilis. A primeira edição é de 1583; a segunda, de 1604.” (FIUZA, 2007, p. 63).
O Corpus Iuris Civilis, por reunir em um só volume várias compilações de leis de sua época e de épocas anteriores, é considerado
uma dos maiores heranças deixadas pela civilização de Roma. Vale mencionar que essa foi a procedência de muitos institutos
jurídicos do nosso tempo.
Chama-se período bizantino a fase histórica que vai desde a morte de Justiniano ocorrida em 565 até a tomada da cidade de
Constantinopla pelos turcos, em 1453. Essa fase foi assim denominada em decorrência da capital, que “era a cidade de Bizâncio,
situada no Bósforo, estreito que liga Europa e Ásia. No início do século IV, Constantino mudou seu nome para Constantinopla. É
hoje, a cidade de Istambul, na Turquia” (FIUZA, 2007, p. 63).
Para alguns autores a civilização bizantina é considerada continuação da civilização romana. “Os historiadores especializados em
Bizâncio em geral concordam que seu apogeu se deu com o grande imperador da dinastia Macedônica, Basílio II Bulgaroctonos
(Mata-Búlgaros), no início do século IX.” (BIZANTINO, 2008).
“No ano de 396 o Império Romano foi dividido, sendo Roma o centro do Império Romano do Ocidente enquanto Constantinopla
(Istambul) era o centro do Império Romano do Oriente. Em 410 Roma foi pilhada por povos bárbaros, e 476 é o marco fim do
Império Romano do Ocidente. O Império Romano do Oriente manteve-se até 1453, ano em que os turcos tomaram Constantinopla.”
(LIPPERT, 2003, p. 41).
Então, a queda de Constantinopla, ocorrida em 1453, após batalha com os turcos, é considerado o marco final da Idade Média. E,
para alguns autores o período Bizantino pode ser chamado de Império Romano do Oriente.
Os poderes ainda estavam concentrados nas mãos de um imperador. Então, o poder ainda era centralizado e absolutista. Ocorreu
intenso desenvolvimento comercial, que foi fundamental para o combate às invasões feitas por povos bárbaros.
O imperador, dentre seus vastos poderes, concentrava o comando do exército e da igreja. E, nessa época, ainda era considerado
representante de Deus na terra. Por isso, o papa, no Império Romano do Oriente, tinha pouca força.
Nesse período, após a primeira queda de Constantinopla, surgiram três Estados: o Império de Nicéia, o Despotado do Épiro e o
Império de Trebizona. Desses,
“é o Império de Nicéia que é considerado o verdadeiro sucessor. Governado por imperadores fortes e bons, se tornou a primeira
potência territorial na Ásia Menor. A agricultura se desenvolveu, assim como o comércio, e várias cidades na Europa foram
recuperadas. Os Paleólogos, faltando com o seu juramento de lealdade, assassinaram o legítimo imperador e depuseram a dinastia
dos Vatatzes-Laskaris. Miguel VIII Paleólogo fez uma aliança com Gênova (desnecessária) e conseguiu reconquistar a antiga capital
do Império Bizantino no dia 25 de julho de 1261.” (BIZANTINO, 2008).
Entende-se por Direito Bizantino o “conjunto de regras jurídicas justinianéias que continuaram em vigor de 565 a 1453, mas
adaptadas à vida dos povos do novo império.” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 56).
O Corpus Iuris Civilis, que reuniu em um só volume várias compilações de leis e doutrina, na época do Reinado do Imperador
Justiniano, trazia muitas normas inflexíveis, adaptadas à época de sua elaboração. Com a constante evolução das relações privadas, o
direito deveria acompanhar. Por isso, os imperadores ordenaram a edição de outras compilações oficiais, para que fossem plenamente
aplicáveis diante das inéditas situações jurídicas que vinham surgindo.
Dessa forma, “surgem, assim, a Egloga legum compendiaria, a Lex Rhodia, o Prochiron legum.” (CRETELLA JÚNIOR, 2007, p. 56).
No século IX, por determinação do imperador Teófilo (829 a 843), foi editada a chamada Paráfrase das Instituições, que seria uma
adaptação em língua grega das Instituições de Justiniano.
Pode-se até afirmar que essas adaptações perduram até os dias atuais, eis que, “a perenidade do direito romano é fato evidente. Sua
atualidade não pode ser negada, pela presença constante em inúmeros institutos jurídicos de nossa época” (CRETELLA JÚNIOR,
2007, p. 57).
3 CONCLUSÃO
O Império Romano teve início com a fundação de Roma. O período histórico em que essa cidade foi governada por reis foi chamado
de realeza (753 a.C. a 510 a.C.). Dentre os habitantes de Roma, existiam quatro classes bem distintas: patrícios, clientes, escravos e
plebeus. A religião tinha duas classes de deuses: uma inspirada na alma humana e a outra inspirada nos fenômenos naturais. Os
poderes públicos eram exercidos pelo rei, pelo senado e pelo povo. A realeza teve como marco final a expulsão do
último rex, Tarquínio, o Soberbo.
Na fase da república (510 a.C. a 27 a.C.), houve a substituição do rex por dois comandantes militares. As classes sociais eram bem
distintas: classe baixa e nobreza. A economia era baseada na mão-de-obra escrava. Os poderes sacerdotais do rei passaram ao rei das
coisas sacras. A organização política era composta por cônsules, pelo senado e pelo povo.
Alto império (27 a.C. a 284 d.C.) é o período histórico que compreende o reinado de Augusto até a morte de Diocleciano. Os poderes
públicos eram exercidos pelo imperador, consilium principis, funcionários imperiais, magistraturas republicanas, senado, comícios e
pela organização das províncias.
A fase do baixo império (284 d.C. a 565 d.C.) ficou marcada pela monarquia absolutista. O fim dessa fase é marcado pela morte do
Imperador Justiniano. Os poderes públicos eram exercidos pelo Senado, pelas magistraturas republicanas e pelo Imperador.
Já o período bizantino (565 d.C. a 1453 d.C.) compreende a fase histórica que vai desde a morte de Justiniano até a tomada da cidade
de Constantinopla, pelos turcos. A queda de Constantinopla simboliza o marco final da Idade Média. Nesse período os poderes ainda
estavam concentrados nas mãos de um imperador e ocorreu intenso desenvolvimento comercial.
O Direito Bizantino trata-se do conjunto de regras jurídicas justinianéias que continuaram em vigor de 565 a 1453, mas adaptadas à
vida dos povos. Os imperadores ordenaram a edição de outras compilações oficiais, para que fossem plenamente aplicáveis diante
das inéditas situações. Essas adaptações perduram até os dias atuais.
A atualidade do direito romano é fato evidente e resta comprovada pela sua presença em vários institutos jurídicos atuais. É
considerado a mais importante fonte histórica do direito nos países do ocidente. Sendo assim, inegável que o nosso direito atual
deriva do Romano. Diante disso, ao estudá-lo, ocorre a análise das origens do direito vigente.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação: referências: elaboração. Rio
de Janeiro, 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6024: numeração progressiva das seções de um documento
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