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SOCIOLOGIA ANOTAçõeS em AuLA


em mOVImeNTO Unidade 4 mundo do trabalho e desigualdade social
Capítulo 9 Trabalho e sociedade: explicando as bases da sociedade de classes
1

Origem do termo
• O trabalho é o conjunto de atividades por meio das quais o ser humano cria as condições para sua
sobrevivência. Por esta característica, sempre foi indispensável na vida dos indivíduos.

• O conceito de trabalho assumiu diferentes significados em contextos históricos distintos. Na Grécia


Antiga, o trabalho braçal era associado à escravidão. Os romanos, por sua vez, associavam os escravos
a objetos de trabalho.

• A origem latina da palavra trabalho (tripalium, antigo instrumento de tortura) confirma o valor negativo
atribuído às atividades laborais.

• Na Europa medieval, a visão negativa do trabalho foi sustentada pela igreja católica. O trabalho braçal
seria o oposto do ato de contemplação e de elevação espiritual, pois as tarefas a ele relacionadas não
exigiriam atribuições intelectuais para serem executadas.
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Trabalho nas sociedades capitalistas


• Na Idade Moderna, o surgimento do capitalismo promoveu transformações profundas na visão negativa
do trabalho, que passou de algo repugnante a atividade que dignifica o ser humano.

• Segundo Max Weber, o protestantismo desempenhou papel fundamental no convencimento dos traba-
lhadores — agora livres da servidão — a aceitarem a nova situação de opressão a que eram submetidos,
pois pregava a vida regrada e a inclinação para o trabalho como caminho para a salvação.

• Além disso, a ideologia capitalista instituiu a orientação para o trabalho como algo fundamental para
a realização individual e social.

• No entanto, a degradação, a exploração e as péssimas condições de trabalho contradizem esse modelo.


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Karl Marx e a história da exploração do homem


• Para Marx, a divisão da sociedade em classes é definida pela posição ocupada pelos indivíduos no pro-
cesso produtivo.

• No capitalismo industrial, as duas principais classes são a burguesia, formada pelos proprietários dos
meios de produção (máquinas, ferramentas, matérias-primas), e o proletariado, que detém apenas sua
força de trabalho e se vê obrigado a vendê-la aos burgueses.

• A exploração do trabalho começa com a expropriação dos meios de produção do trabalhador. Com a
ascensão do capitalismo, restou ao trabalhador somente a força de trabalho, que é, então, vendida.

• Nas sociedades capitalistas o trabalho é empregado para produzir um objeto com valor de troca, desti-
nado à venda — uma mercadoria. Como a mercadoria é propriedade do burguês, o excedente econômico
(lucro obtido com a troca ou venda do produto) também fica com ele.

• Como consequência dessa divisão social do trabalho na sociedade capitalista, o trabalhador é subme-
tido a um processo de alienação, em que ele não reconhece como seus os resultados do trabalho que
desempenha.
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A mais-valia
• O principal mecanismo utilizado pelos donos dos meios de produção para obter o lucro foi denominado
por Marx mais-valia: excedente de valor obtido pela exploração do trabalho.

• A força de trabalho também é pensada como uma mercadoria que pode ser vendida e comprada, com
a característica marcante de que agrega valor aos produtos. Esse valor, no entanto, não é repassado ao
trabalhador, mas apropriado pelo dono dos meios de produção.

• Mais-valia é a diferença entre o valor da quantidade de trabalho utilizado para produzir uma mercadoria
e o que o trabalhador efetivamente recebe como salário para produzi-la, que é sempre menor.

• Há duas formas de produzir mais-valia: a absoluta, relacionada ao aumento de horas trabalhadas pelo
proletário, e a relativa, que deriva da incorporação de tecnologia ou de alguma forma de organização
do trabalho que aumenta a produtividade do trabalho, o que entretanto não aumenta seus ganhos.

• O caráter contraditório das relações de produção no capitalismo está no fato de que o aumento de
produtividade não melhora a vida dos trabalhadores — que, ao contrário, sofrem um processo de pau-
perização.
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Max Weber e a ética do trabalho


• Max Weber partiu de pontos de vista diferentes dos de Marx, propondo uma compreensão do capitalismo
que parte do âmbito cultural em vez do econômico.

• Weber identificou que havia presença muito significativa de protestantes entre os empresários e os tra-
balhadores qualificados nos países capitalistas mais industrializados. Sendo assim, imaginou que deveria
existir uma relação entre certos valores desta vertente religiosa e a origem do capitalismo moderno.

• Seu argumento é que a mudança ocorrida nos valores e atitudes graças ao surgimento do protestantismo
criou a predisposição ao trabalho como forma de salvação da alma.

• Os seguidores do protestantismo deveriam desenvolver, além da “vocação” para o trabalho, um compor-


tamento social comedido, em que ócio, luxo e preguiça eram condenados.

• A ética protestante do trabalho voltado para a acumulação — e não para o consumo e gasto supérfluos
— foi um fator cultural determinante para o desenvolvimento do capitalismo.
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Émile Durkheim e a divisão do trabalho


• Ao contrário da visão crítica estabelecida por Marx, Durkheim argumenta que a intensa divisão social
do trabalho possibilita a existência de coesão e solidariedade social.

• Durkheim não usa o conceito de solidariedade como sinônimo para ações altruístas, mas como todo
tipo de elemento ou característica que explica a harmonia entre os indivíduos de uma sociedade.

• Segundo ele, o grau de especialização da divisão do trabalho pode gerar dois modelos de solidariedade
social: a solidariedade mecânica e a orgânica.

• A solidariedade mecânica é típica de sociedades pré-capitalistas, marcadas por baixa divisão social do
trabalho. É construída a partir de uma forte identificação dos indivíduos com os costumes da comunidade,
num contexto em que a consciência coletiva exerce intenso poder de coerção nas ações individuais.

• A solidariedade orgânica ocorre nas sociedades capitalistas, marcadas por alto grau de divisão social
do trabalho e de heterogeneidade cultural. A diversidade de ocupações nessas sociedades faz com que se
fortaleça a interdependência entre seus integrantes, e a coesão social depende de que as necessidades
individuais sejam supridas pelo que é produzido pelos outros membros do grupo.

• Se a divisão do trabalho não produz coesão social, há um problema moral: as relações entre os diversos
setores da sociedade não estariam prontamente regulamentadas pelas instituições sociais existentes,
gerando um estado de anomia.
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As experiências de racionalização do trabalho


• A partir da segunda metade do século XIX, desenvolveu-se uma área do conhecimento científico fun-
damentada em um conjunto de normas e funções que visavam organizar o espaço produtivo.

• Entre as diversas teorias que surgiram, ganhou destaque a do engenheiro norte-americano Frederick
W. Taylor, que propunha estratégias de gerência da produção baseadas em rigoroso controle de tempo,
especialização das atividades, separação entre o planejamento e a execução das atividades e remune-
ração por desempenho.

• O objetivo desse sistema organizacional, chamado de taylorismo, era o aumento da produtividade por
meio de mecanismos que, ao intensificarem o ritmo de produção, aumentavam o lucro dos capitalistas.

• Uma apropriação prática do taylorismo foi o fordismo. Seu precursor, Henry Ford, proprietário da Ford
Motor Company, nos EUA, inovou o cenário industrial a partir de 1914, ao produzir modelos padronizados
e em grandes quantidades – o que barateava os custos de produção – visando o consumo em massa.

• Para isso, foi criada a linha de montagem em série, na qual os trabalhadores se fixavam em seus pos-
tos, e os objetos de trabalho se deslocavam em esteiras.

• Cada trabalhador deveria ser especializado em uma única tarefa, com o ritmo ditado pela velocidade
da linha de produção. Ao repetir movimentos iguais, o operário atuava como uma peça da máquina,
alienado do conjunto do processo.
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Sistemas flexíveis de produção


• No contexto atual, a organização do trabalho experimenta uma nova estrutura, apoiada na flexibili-
zação das relações de trabalho e dos processos produtivos, além da intensa utilização de tecnologias
de informação. Esse novo modelo representa um afastamento dos princípios fordistas, sendo por isso
caracterizado como pós-fordismo.

• Um sistema pós-fordista de organização do trabalho muito disseminado foi desenvolvido pelo enge-
nheiro Taiichi Ohno, da Toyota Motor Company. Conhecido como toyotismo, tinha como caracterís-
ticas básicas: a flexibilidade na produção, com capacidade de rápida alteração dos modelos a serem
produzidos; produção e entrega mais rápidas, sem necessidade de estocagem; baixos preços devido à
lógica de empresa “enxuta”; número reduzido de trabalhadores.

• Enquanto no sistema taylorista-fordista o trabalhador se tornava especialista em uma única, simples e


rotineira função, o toyotismo desenvolveu a figura do trabalhador “polivalente” ou “multifuncional”,
responsável por várias funções.

• Outro fenômeno que surge com o toyotismo é o sindicalismo de empresa. Nele, o sindicato estabelece
uma relação que favorece a aplicação de uma política sindical que tende a alinhar-se com a política de
negócios da empresa. Esse modelo passou a rivalizar com o sindicalismo combativo – de confronto, de
classe e de luta – típico do sistema taylorista-fordista.
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Cenário atual do mundo do trabalho


• Processos implantados a partir do último quarto do século XX resultaram no aumento do desemprego
em diversas nações industrializadas do mundo.

• Entre eles estão:


- a liberalização econômica, que possibilitou maior participação do capital, em especial o estrangeiro,
em setores antes regulados pelo Estado.
- o incremento tecnológico nas áreas da automação e da comunicação.
- m
udanças nas relações de trabalho (terceirização, trabalho temporário etc.).

• A liberalização econômica e o incremento tecnológico ocasionaram o fenômeno conhecido como de-


semprego estrutural, resultado de transformações na estrutura do mercado laboral que o impedem
de absorver por períodos longos a mão de obra disponível.

• Nesse sentido, o crescimento do trabalho subcontratado, temporário e vinculado à economia informal,


mesmo nos países industrializados ricos, parece confirmar a tese de que há precarização de grande
parte das ocupações atuais.

• Há também um deslocamento setorial de mão de obra: se por um lado a automação em espaços de


trabalho como bancos e escritórios eliminou empregos para trabalhadores qualificados, por outro gerou
novas vagas em setores em crescimento, como o de tecnologia da informação.

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