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1) - FICHAMENTO
Para Marx, a história das sociedades é a história da Luta de Classes. Sob ótica do materialismo
histórico-dialético, os confins dessas lutas seriam produto do acirramento, ou melhor, do
desenvolvimento das forças produtivas e das relações sociais de produção, originando, assim, novas
sociedades com relações divergentes das sociedades anteriores. E esse ciclo, por algum motivo, se
daria por encerrado quando a classe operária - unívoca ao capitalismo - “ganhasse” a próxima luta.
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Capitalismo, nesse sentido, é denominado de Capitalismo Racional.
Fundamental para toda sociologia, cabe então, estabelecermos, ou melhor, sistematizar
o pensamento weberiano e os segmentos que fazem parte da totalidade de sua obra Economia
e Sociedade. Inicialmente, por uma cronologia qualitativa, isto é, do mais simples ao mais
avançado, organizando-se dos conceitos mais rudimentares às estruturas mais complexas da
obra.
1. Fundamentos metodológicos
Sumamente, esses conceitos são fundamentais para toda obra weberiana, sentido e
ação social, fazem parte da edificação metodológica de Max Weber. Por Ação entende-se o
comportamento humano, em termos gerais, interno ou externo, sempre em que os agentes lhe
associam um sentido subjetivo (Fechar uma porta pelo trinco é uma ação, pois, há um sentido
que é concebido pelos agentes: usar o trinco para fechá-lo.). Mas devemos considerar Ação
Social quando o sentido intentado pelos agentes tem como orientação o comportamento de
outros, e por ele se orienta (fecho a porta em determinado horário da noite, pois, os “agentes”
sempre discutem que pode ser perigoso deixá-la aberta. Neste caso, fecho a porta por
segurança, me orientado pelo sentido referenciado no comportamento de terceiros). No
entanto, há limites no que tange Ação e Ação Social que merecem atenção para não confluir
ou contradizer uma interpretação. Os limites entre uma ação significativa e um modo de
conduta simplesmente reativo, não ligado a um sentido subjetivamente intentado, são de todos
fluidos (WEBER, 2022, p.37), isto é, nem toda Ação se encontra fundamentada num sentido
propriamente intentado (ver Ação tradicional), mesmo que compreensível.
De acordo com Weber (2022, p. 54): A ação social (inclusive a omissão ou tolerância
dela) pode orientar-se para o passado, o presente ou o futuro esperado dos outros. Isto é, o
agir - leia-se ação - é fundamentado para a “reação” alheia, tomemos cuidado, no entanto, ao
definir reação (ver em Ibid, p. 41), mas de modo geral, a Ação Social tem como princípio o
retorno do outro. Por exemplo, nós aceitamos o dinheiro numa relação de troca, porque
sabemos, ou temos como intuição, que o dinheiro poderá ser aceito por outra pessoa numa
relação de troca futura. Não é, no entanto, todo o contato entre homens uma ação social
propriamente dita: um choque entre dois ciclistas não é uma ação social, é acaso; tentar
esquivar-se para evitar a dor ou equivalências é ação social - pois o sentido subjetivo desta
ação à maneira efetiva seria não provocar um acidente, ou danos materiais, físicos e
econômicos entre eu e o outro.
Weber adverte sobre a inteligibilidade de uma Ação Social não poder ser verificada, na
totalidade, como algo que é idêntico, por exemplo: se muitos a fazem, são por razões
subjetivas congruentes. Deste modo, para não cairmos em contradições, elucidamos que “A
ação social não é idêntica a) nem a uma ação homogênea de muitos, b) nem à ação
influenciada pelo comportamento de outros'' (WEBER, 2022. p 55). Seguimos ainda com os
exemplos postos por Weber para as duas situações, a) e b), respectivamente:
a) Quando na rua, no início de uma chuvada, uma quantidade de homens abre ao mesmo
tempo o guarda-chuva, a ação (normalmente) não está orientada pela ação dos outros,
mas sim a de todos homogeneamente pela necessidade de proteção contra a chuva.
(WEBER, 2022, p. 55)
b) [...] Massas dispersas podem também condicionar o comportamento dos indivíduos
mediante uma conduta que atua simultânea ou sucessivamente sobre os indivíduos
(por exemplo, por meio da imprensa) e enquanto tal é percebida como de muitos.
Determinadas formas de reação são possibilitadas, outras dificultadas pelo simples
fato de que o indivíduo se sente como parte uma "massa". (WEBER, 2022b, p. 55)
Quanto ao segundo ponto, cabe destacar que em situações de massa, a simples reação
(euforia, raiva, tristeza) pela determinação do “sentir-se” parte de uma massa sem que haja
relação de sentido, isto é, agir em prol da reação, não é ação social. Outro ponto central no
que tange os meandros da Ação Social, a imitação, ou melhor, a simples e vulgar imitação,
não se considera ação social; esse princípio pode dificultar distinguir o que é ou não ação
social (ver em “Fundamentos metodológicos”: Compreensão). O fato de nos orientarmos pelo
comportamento que nos parece adequado por meio da observação não se dá como ação social
(adentrar em um shopping e imitar o modo pelos quais a classe se comporta pelo fato de me
parecer adequado não é ação; ao contrário, caso me comporte de modo mimico pela classe do
shopping tendo como sentido a minha integridade, pelo motivo de não querer ser reprimido, é
um ação social).
2.1 Tipos de Ação Social
Ação Social não é de um todo homogêneo, Weber definirá os quatros tipos de ação
social que estão a disposição de nossa inteligibilidade.
De modo epigramático, assim está estabelecido os quatros tipos de ação social para
Max Weber, conquanto, há certos fragmentos no que tange a definição, ou melhor, a
compreensão de determinadas ações, principalmente quando falamos de Ação Tradicional ou
Ação Afetiva. Desse modo, cabe mencionarmos algumas precauções metodológicas em
acordo com a integridade weberiana acerca dos conceitos elencados respectivamente, aduzir
suas rupturas será de grande importância para compreender as estruturas complexas da obra.
1. O comportamento estritamente tradicional, assim diz Weber, vai de conflito muitas
vezes com que se é concebido como sentido, tampouco se orienta por ele. Em suma, esse
comportamento pode ser muitas vezes uma reação a estímulos habituais concebidos como
parte natural da vida quotidiana. Embora se encontre em situações que possam ultrapassar o
tipo de Ação Tradicional, grosso modo, a maioria desse agir em reação ao habitual cotidiano
se deflagra porque se mantém consciente em diferentes graus e sentidos, podendo, deste
modo, transitar entre Ação Racional de Valores e Ação Tradicional.
2. O comportamento puramente afetivo se encontra na mesma aporia do
comportamento estrito tradicional, embora orientado pelo afeto, muitas vezes este é orientado,
ou melhor, induzido, apenas como uma reação a um estímulo fora do cotidiano, é uma
sublimação quando esta ação é orientada por uma descarga consciente do estado sentimental;
na maioria dos casos, parte para o caminho de uma racionalização axiológica ou para ação
teleológica, ou ambas. É ação efetiva quando satisfaz a necessidade atual de vingança, gozo,
beatitude, etc. É ação axiológica quando o agir, sem medir consequências, atua no serviço de
sua convicção sobre o que dever, a dignidade, a moral, ou a importância de uma causa lhe
parecem ordenar, ou seja: ação axiológica é sempre no sentido uma ação segundo
mandamentos ou exigências que o agente julga a si como dirigidas.
3. Para o agir racional, Weber baseia-se no protestante ascético como tipo ideal de
ação racional, tomamos nota disso quando o define nas seguintes palavras:
Age racionalmente com vista a fins quem orienta a sua ação por uma meta, meios e
consequências laterais e pondera racionalmente, para tal, os meios com os fins, os fins
com as consequências secundárias, como, finalmente, também os diferentes fins
possíveis entre si: em todo o caso, pois, quem não atua nem afetivamente (e,
sobretudo, de modo não emotivo), nem tradicionalmente. (WEBER, 2022, p. 58)