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Max Weber e Anthony Giddens

Franklin Sales de Oliveira, Eduardo de Figueiredo Costa, Eric da Silva Ho, Tiago Torres, Yago Martins Pintos

Em Introdução à Sociologia, do filósofo britânico Anthony Giddens, nos é


apresentado duas visões do que se trata Sociologia, uma delas a vincula a estímulos a atos de
rebelião, subversão e fúria irracional, e a outra, tem mais haver com pessoas que tiveram
contato direto em aulas da escola ou faculdade, desse modo a Sociologia assume o papel de
disciplina, de um tipo de conhecimento diferente das ciências naturais que trata de objetos
externos, estamos dentro dela, a vivenciamos todos os dias.
Para o pensador a Sociologia assume a primeira visão, contudo, faz-se alguma
ressalva: não é porque ela tenha esse caráter subversivo ou crítico da realidade que seja um
empreendimento intelectual vago, sem valor. Ademais, ela é assim, pois “lida com problemas
que mostram (ou deveriam se mostrar) prementes para todos nós. Problemas que geram as
principais controvérsias e conflitos na própria sociedade”.
Certamente, conviver em sociedade é também estar imerso no que acontece nela. Por
exemplo, quando nascemos recebemos os nossos nomes, os quais nos identificam, conforme
os anos passam aprendemos um idioma e enraizamos os preconceitos e comportamentos de
nossa família, esse script* determinará boa parte de nossa visão de mundo. Como bem diz
Giddens:
Todos nós falamos línguas que, enquanto indivíduos, nenhum de nós criou,
embora possamos utilizar a linguagem de forma criativa. No entanto, muitos
outros aspectos da vida social podem ser institucionalizados, ou seja,
tornam-se geralmente práticas adotadas que mantêm uma forma
reconhecidamente similar ao longo das gerações. (Giddens, 1981, 15).

Além disso, Max Weber foi outro pensador que teorizou sobre esses comportamentos,
visões de mundo que em geração em geração, atua nas sociedades. Chamou de Ação
Irracional Tradicional, o tipo de ação em que o indivíduo obedece a hábitos, costumes e
crenças que foram obtidos pelos aprendizados que lhes foram transmitidos pelas gerações
anteriores em termos de cultura local e costumes em que as pessoas ao seu redor vivem e
acreditam, são também aqueles hábitos obtidos por longa prática, a ação tradicional não
necessita de emoções como a afetiva ou um objetivo a ser alcançado como a racional a um
objetivo, ela simplesmente obedece a hábitos que foram tão praticados que são como um
reflexo que se tornou totalmente instintivo.
Por exemplo, o ato de ir à missa todo o domingo para rezar e cultuar Deus é uma ação
irracional tradicional pois envolve crenças.
A ação tradicional é aquela ditada pelos hábitos…; obedece simplesmente a
reflexos enraizados por longa prática. (Aron,1982,465).

Ainda em Weber, nos é trazido que o indivíduo também age de acordo com um juízo de
valor, que em grande medida é herdado no seio familiar, A chamada Ação Racional
Direcionada a um Valor é uma questão de honra e compromisso, com isso, mesmo que a
ação que seja feita pelo ator não seja a mais benéfica para si, por exemplo, ao ver uma pessoa
deixar 100 reais cair do bolso, devolvê-la ao invés de roubá-la ou envolvendo em um acidente
de carro, a pessoa que bateu mesmo tendo a possibilidade de fugir do local, para e presta
socorro e assume as consequências dos seus atos, ou seja, não é uma ação que almeja um
objetivo que a beneficie, mas sim, que mantenha intacta a honra e a forma na qual o ator
acredita que seja a forma correta de agir.
A ação é racional não porque tende a alcançar um objetivo definido e
exterior, mas porque seria desonroso deixar de responder a um desafio [...] O
ator age racionalmente [..] para permanecer fiel à sua ideia de honra. (Aron,
1982, 464).

Mas será que as sociedades são estáticas, será que os costumes de cada sociedade
sempre foi assim? Seres humanos geneticamente idênticos a nós existem há mais ou menos
200 mil anos, contudo, muitas transformações aconteceram para chegarmos ao atual estágio
de sociedade e formas de nos relacionarmos.
E é num período de grande efervescência social que a sociologia se desenvolveu, no
contexto das mudanças que criaram o mundo moderno, as duas grandes revoluções do século
XVIII e XIX. A primeira trata-se da Industrial a parti de 1760 e a segunda da Revolução
Francesa de 1789, “tais mudanças, que se iniciaram na Europa Ocidental, hoje se fazem
presentes em toda parte”.
A primeira, alterou a geografia populacional dos territórios, dando início ao chamado
Êxodo Rural e Exercito de Proletariado, grandes massas de camponeses migraram para as
cidades a procura de trabalhos nas crescentes fabricas. Além disso, essa nova realidade fez
surgir uma nova classe social, burguesia e extinguir a concepção de que a acumulação de
riquezas era um pecado, burgueses enriqueceram principalmente do comércio, das
manufaturas, da indústria e da atividade bancária, jurídica e administrativa, atividades
consideradas desonrosas pela nobreza feudal.
Outrossim, a Revolução Francesa de 1789, marcou o estopim da era Capitalismo,
apesar das disputas internas e suas contradições dentro desse movimento, a burguesia por
meio da guilhotina e a agitação das massas de trabalhadores, fez espalhar-se a palavra
democracia e o lema iluminista “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.
Sem dúvidas, a Burguesia, agiu como uma classe dirigente, cooptando as lutas do
povo humilde para o seu proveito próprio e primeiro fim, retirar a nobreza do poder e tornar-
se a tal. Desse modo, Weber identifica essa ação social como uma Ação Racional
Direcionada a um Objetivo.
Para explicar de forma que facilite o entendimento da ação racional direcionada a um
objetivo podemos dizer que o ator ou um grupo apresentará nitidamente o seu objetivo e irá
manifestar também os meios para a realização deste objetivo. Porém, em comparação à ação
lógica de Pareto (cientista político, sociólogo e economista), Weber diz que a ação que o ator
não escolhe os meios de êxito dado pela falta de conhecimento é irracional, contudo, essa
observação para Pareto é dada a partir do observador. Com isso, concluímos que, para Weber
quem estabelece se os meios são racionais, ou não, é o próprio ator. Podemos dar como
exemplo, a forma de estudo que o aluno estabelece para a prova final do semestre, ele
arquitetou a forma de estudo que faria ele absorver da melhor forma o conteúdo para aplicar
na prova.
Entretanto, Weber não diz explicitamente como Pareto, [...]. A racionalidade
com relação a um objetivo é definida em função dos conhecimentos do ator,
e não do observador. Esta última definição seria a de Pareto. (Aron, 1982,
464).

Para além disso, essa classe também fez uso de métodos a desperta a insurreição do povo, a
emoção, a guerra civil que se instaurou no território francês não teria sido ganha sem o povo,
sem homens e mulheres pegarem nas armas e para isso foi preciso instigá-los, formá-los antes
de tudo o combate. A isso Max Weber chama de Ação Irracional Afetiva
Para Weber é um tipo de ação que o indivíduo toma motivado por um gatilho emocional,
como raiva, paixão, inveja ou medo, pode ser tanto uma ação positiva como negativa é mais
pelas emoções que o ator da ação está sentindo pelo outro. Por exemplo, pode ser uma briga
de rua onde o ator se desentendeu com o outro indivíduo e o agrediu, como pode ser um
homem apaixonado fazendo um jantar romântico para sua namorada, ambas são ações
irracionais afetivas, pois envolvem sentimentos irracionais como paixão e raiva então a ação
afetiva sempre será realizada pelas as emoções em relação a outros indivíduos e não por
objetivo ou valores.
A ação que Weber chama de afetiva é a ação ditada pelo estado de consciência ou
humor do sujeito… e não em relação à um objetivo ou a um sistema de valores.
(Aron,1982,465).

Por tudo isso e retornando ao início de nosso texto, a sociologia não é atividade
intelectual vaga, sua importância se dá em analisar as forças sociais que com um certo caráter
de subversão, tem em transformar ou não a sociedade em que atua, os movimentos dos
contrários e conflitantes, a constante dicotomia entre pobreza e riqueza.
*Script é um texto com uma série de instruções escritas para serem seguidas, ou por pessoas
em peças teatrais ou programas televisivos, ou executadas por um programa de computador.

Referências:
https://www.questoesestrategicas.com.br/resumos/ver/acao-social
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/sociologia/acao-social
https://www.stoodi.com.br/blog/historia/acao-social-o-que-e/
https://www.todamateria.com.br/acao-social/
http://www.sociologia.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=559
Aron, Raymond – As etapas do pensamento sociológico (Max Weber), pp. 463-474. Brasília:
Martíns Fontes, 1982
Giddens, Anthony – Sociologia uma breve, porém crítica introdução, pp. 9-27, 1983

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