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Intervenção federal

Fundamentos legais

Constituição Federal, artigos 34 a 36.

“Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:

I - manter a integridade nacional;

II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;

III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;

IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos,


salvo motivo de força maior;

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta


Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.

e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,


compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 29, de 2000)

Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios
localizados em Território Federal, exceto quando:

I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a
dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;

III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção
e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)

IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a


observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial.

Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder


Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a
coação for exercida contra o Poder Judiciário;

II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do


Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior
Eleitoral;

III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do


Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à
execução de lei federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

§ 1º - O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as


condições de execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à
apreciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo
de vinte e quatro horas.

§ 2º - Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a Assembléia


Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro
horas.

§ 3º - Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação
pelo Congresso Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a
suspender a execução do ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento
da normalidade.

§ 4º - Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos


a estes voltarão, salvo impedimento legal.”

Lei 8.038/1990, art. 19 e seguintes.


Lei dos Recursos Extraordinario e Especial - de 28 de maio de 1990 – aspectos
procedimentais na intervenção federal
Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, artigos 350 a 354

CONCEITO

Ato eminentemente político carregado de forte excepcionalidade, já que, no


Estado Federal, a regra é a posse de competências exclusivas conferidas às partes
componentes do pacto federativo;
O princípio constitucional é o da não intervenção, o que se extrai da redação do
caput do artigo 34 da Constituição Federal que determina que, salve exceções, a
União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal.

É a medida de caráter excepcional e temporário que afasta a autonomia dos


estados, Distrito Federal ou municípios. A intervenção só pode ocorrer nos casos
e limites estabelecidos pela Constituição Federal:
1- quando houver coação contra o Poder Judiciário, para garantir seu livre
exercício (poderá ocorrer de ofício, ou seja, sem que haja necessidade de
provocação ou pedido da parte interessada);
2- quando for desobedecida ordem ou decisão judiciária (poderá ocorrer de
ofício, ou seja, sem que haja necessidade de provocação ou pedido da parte
interessada);
3- quando houver representação do Procurador-Geral da República. (art. 34, VII,
da Constituição)

No caso de desobediência de ordem judicial, o Supremo processará também os


pedidos encaminhados pelo presidente do Tribunal de Justiça do estado ou de
Tribunal Federal. Se a ordem ou decisão judicial desrespeitada for do próprio
STF, a parte interessada também poderá requerer a medida.

EM RESUMO:

Podemos conceituá-la como o instituto pelo qual a União, de forma temporária e


excepcional, assume o desempenho de competência pertencente a Estado-membro
(ou do Distrito Federal), para assegurar o grau de unidade e de uniformidade
indispensável à sobrevivência da Federação.
Desse modo, observa-se que a regra não é a intervenção, sendo apenas medida
excepcional de defesa do Estado Federal e de proteção às unidades federadas que o
integram. Trata-se de um instituto essencial do sistema federativo e é exercido em
função da integridade nacional e da tranquilidade pública.
De fato, a intervenção é um ato tão drástico que, excetuando-se os períodos da
ditadura e do Estado Novo getulista, só houve um caso de intervenção federal: foi no
governo Juscelino Kubitschek, há mais de 50 anos, com a decretação de intervenção
no Estado de Alagoas, depois que deputados trocaram tiros no plenário da
Assembléia Legislativa. Naquela época, JK nomeou um general para interventor
naquele Estado.
Partes
No Supremo Tribunal Federal, só são processados pedidos de intervenção federal
contra os estados e o Distrito Federal.

Tramitação
O Presidente do Supremo Tribunal Federal é o relator dos pedidos de intervenção
federal. Antes de levar o processo a julgamento, ele toma providências que lhe
pareçam adequadas para tentar resolver o problema administrativamente.
Caso isso não seja possível, o processo prossegue normalmente, sendo ouvida a
autoridade estadual e o Procurador-Geral da República. Depois o processo é
levado a plenário.

Conseqüências jurídicas
Julgado procedente o pedido, o presidente do Supremo Tribunal Federal deve
comunicar a decisão aos órgãos do Poder Público interessados e requisitar a
intervenção ao Presidente da República, que deverá, por meio de um decreto,
determinar a medida.

O decreto de intervenção, que especificará a amplitude o prazo e as condições


de execução, será apreciado pelo Congresso Nacional em 24 horas. Nos casos de
desobediência a decisão judicial ou de representação do Procurador-Geral da
República, essa apreciação fica dispensada. O decreto, nesse caso, limita-se a
suspender a execução do ato que levou a intervenção, se isso bastar ao
restabelecimento da normalidade.

NOTICIAS SOBRE INTERVENÇÃO – CASOS:

Tramitam no STF 129 pedidos de intervenção federal (IF) em 12 das 27 unidades


da Federação. O estado com maior número de ações é São Paulo (51), seguido
por Rio Grande do Sul (41), Espírito Santo (8), Paraíba (8), Rio de Janeiro (5),
Pará (5), Goiás (3), Paraná (2), Ceará (2), Distrito Federal (2), Rondônia (1) e
Alagoas (1).
Os pedidos em sua maioria têm como órgão de origem os Tribunais de Justiça dos
estados, o Tribunal Superior do Trabalho e o próprio Supremo Tribunal Federal. A
maior parte trata da execução de sentença de precatórios, mas há pedidos sobre
o não reajuste de remuneração de servidor público no Rio de Janeiro; pela
intervenção no Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje) do Distrito
Federal, e pelo descumprimento de ordem de reintegração de posse em
benefício de produtores rurais no Pará.
A Constituição brasileira preserva a autonomia de estados, municípios e do
Distrito Federal, mas abre exceções para a intervenção da União em alguns casos
como a manutenção da integridade nacional; para repelir invasão estrangeira ou
de uma unidade da Federação em outra; em caso de grave comprometimento da
ordem pública; e para garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas
unidades da Federação.
O instituto da intervenção federal está previsto no inciso X do artigo 84 da
Constituição Federal. Segundo este dispositivo, compete privativamente ao
presidente da República decretar e executar a intervenção federal. O artigo 34
também da Constituição, elenca as exceções hipóteses em que a União pode
intervir nos estados. Já a Lei 8.038/90 cria os procedimentos para o julgamento
de processos perante o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal
Federal, entre eles, o de intervenção federal.
Conheça alguns casos
Distrito Federal – O mais recente processo de intervenção federal (IF 5179)
contra o Distrito Federal foi protocolado pelo procurador-geral da República,
Roberto Gurgel. Segundo ele, a medida busca resgatar a normalidade
institucional e a credibilidade das instituições do DF, após denúncias de
corrupção em altos escalões do GDF e da Câmara Legislativa, que culminaram na
decretação da prisão do governador, José Roberto Arruda, pelo Superior Tribunal
de Justiça, e de outras quatro pessoas.
O presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, solicitou informações ao Governo
do Distrito Federal. No pedido, Roberto Gurgel faz um histórico do escândalo de
corrupção no Distrito Federal desde o ano de 2009, com investigações relativas a
crimes como fraude a procedimentos licitatórios, formação de quadrilha e desvio
de verbas públicas.
O outro processo relacionado ao DF diz respeito ao pedido de intervenção (IF
4822) no Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), feito pelo então
procurador-geral da República, Claudio Fonteles, em 2005. O pedido tem por
base deliberação do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH)
após exame de relatório elaborado por uma comissão especial que condenou a
estrutura física e gerencial do CAJE.
Rondônia – Também de autoria da Procuradoria Geral da República, tramita no
STF o pedido de Intervenção Federal (IF 5129) contra o estado de Rondônia, por
violação a direitos humanos no presídio Urso Branco, em Porto Velho. O pedido
foi apresentado ao STF pelo então procurador-geral Antonio Fernando Souza, que
classificou como uma “calamidade” a situação no presídio. Segundo ele, “nos
últimos oito anos contabilizaram-se mais de cem mortes e dezenas de lesões
corporais [contra presos], fruto de motins, rebeliões entre presos e torturas
eventualmente perpetradas por agentes penitenciários”.
Alagoas – Em setembro do ano passado, o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL)
ajuizou no Supremo Tribunal Federal requisição de intervenção federal (IF 5161)
contra o Poder Legislativo alagoano, considerando desobediência a decisão
judicial que determinou o afastamento das funções do deputado estadual Cícero
Paes Ferro. Segundo ação proposta pelo Ministério Público Estadual, ele é réu em
quatro processos penais, dentre os quais um por porte ilegal e outro por
homicídio. Para o Ministério Público, era imprescindível o afastamento do
deputado para resguardar a regular instrução criminal e a própria Assembleia
Legislativa.
São Paulo – O processo de intervenção federal que tramita há mais tempo no STF
é a IF 695, que trata de precatórios. A ação chegou à Corte em dezembro de
1998 e foi proposta por uma empresa contra o governo de São Paulo. O trâmite
ainda não foi concluído pois o processo foi sobrestado para aguardar o
julgamento final de duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs 2362 e
2356). O julgamento das ADIs já foi iniciado pelo Plenário e deve ser concluído
com o voto do ministro Celso de Mello. As ADIs contestam o artigo 2º da Emenda
Constitucional (EC) 30, que em 2000 determinou o pagamento de precatórios de
forma parcelada.

NOTICIAS STF - Sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

MENSAGEM IMPORTANTE:

“Devemos ter ciência que estamos todos passando por momentos difíceis em
nosso país, todavia, existe, por nossa Lei Maior pelo menos duas possibilidades que
estarmos tentando resolver parte de nossos problemas combatendo o narcotráfico no
Rio de Janeiro e também no Espírito Santo, através da intervenção federal, seja ela
espontânea, com base nos termos do inciso III, do artigo 34 da Constituição Federal
(pôr termo a grave comprometimento da ordem pública), e ou ainda de forma
provocada com alicerce no artigo 34, inciso VII, alínea “b” (direitos da pessoa
humana); ou podemos ainda, depois de presenciarmos aquelas badernas, estarmos
convencidos que não existem motivos para nos preocuparmos a este ponto.

Existe um certo sinal de descontrole operacional o fato de necessitar para o


controle ostensivo da segurança urbana carioca o uso das forças armadas, que
naturalmente não tem qualquer preparo específico para tal função, sendo de uma
forma, mesmo que branda, admitir a necessidade de intervenção federal nestes
Estados-Membros, sendo clara a posição Constitucional que ao cessar tais motivos,
todas as autoridades poderão retornar aos seus postos, salvo, é claro, as que
restarem impossibilitadas por qualquer motivo impresso em lei.

Não podemos entender por radicalismo o fato de buscarmos na intervenção


federal a solução para tais problemas, uma vez que o narcotráfico nestes entes
federados não é problema exclusivamente deles, e sim de toda Federação, pois, com
base em nossa própria Constituição Federal, estes entes, existindo ou não corrupção
em seus governos, possuindo ou não legalidade em seus atos governamentais,
possuem o mesmo número de senadores que qualquer outro Estado-Membro,
possuem a igualdade de critérios para escolha de deputados federais, sendo que
estes farão leis para todos nós e não simplesmente para aquelas localidades.

Portanto, considerando que nosso pacto federativo é indissolúvel, possui caráter


perpétuo, não admitindo a qualquer das unidades federadas o direito de secessão,
devemos nos preocupar com a segurança urbana nos demais entes federados, sempre
almejando a integridade e segurança de nosso país, mesmo que para isso seja
necessário abrigar criminosos de outras unidades federadas e usar institutos duros,
mas que poderão resolver com maior eficácia o problema em questão.”

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