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ESTRUTURAS METÁLICAS – UFPR

CAPÍTULO 6

CISALHAMENTO
INDICE

CAPÍTULO 6 – DIMENSIONAMENTO BARRAS PRISMÁTICAS AO CISALHAMENTO ............................. 1

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

2 CONCEITOS GERAIS ........................................................................................................... 1

3 EQUAÇÃO DE DIMENSIONAMENTO ................................................................................... 3


3.1 Para seções I, H e U fletidas com relação ao eixo central perpendicular à alma: ....... 3
3.2 Outros casos de seções transversais .......................................................................... 4
3.2.1 Seção tubular, retangular e caixão .............................................................................. 4
3.2.2 Seção T, fletida em relação ao eixo perpendicular à alma ......................................... 4
3.2.3 Seções formadas por duas cantoneiras, fletidas com relação ao eixo perpendicular
ao de simetria .............................................................................................................. 4
3.2.4 Seções I, H e U fletidas com relação ao eixo perpendicular às mesas ....................... 4
3.3 Disposições complementares sobre enrigecedores .................................................... 5

4 VERIFICAÇÕES COMPLEMENTARES PARA FORÇAS LOCALIZADAS ........................... 6


4.1 Caso de alma tracionada ............................................................................................. 6
4.1.1 Flexão local da mesa ................................................................................................... 6
4.1.2 Escoamento local da alma........................................................................................... 6
4.2 Caso de alma comprimida ........................................................................................... 7
4.2.1 Escoamento local da alma........................................................................................... 7
4.2.2 Enrugamento da alma ................................................................................................. 7
4.2.3 Flambagem lateral da alma ......................................................................................... 7
4.2.4 Flambagem da alma por compressão ......................................................................... 8
4.3 Dimensionamento e disposições construtivas sobre os enrigecedores ....................... 8
4.3.1 Enrigecedores para forças de tração ........................................................................... 9
4.3.2 Enrigecedores para forças de compressão ................................................................. 9

5 EXEMPLOS: ........................................................................................................................ 10
5.1 Verificação de perfil laminado ao cortante. ................................................................ 10
5.2 Esforço predominante para o dimensionamento. ...................................................... 11
5.3 Expressão para pré dimensionamento. ..................................................................... 11
5.4 Verificação de viga soldada ao cisalhamento. ........................................................... 12
5.5 Enrigecedores sob carga localizada, caso de alma tracionada. ................................ 15
5.6 Enrigecedores sob carga localizada, caso de alma comprimida. .............................. 18
5.7 Enrigecedores sob carga localizada, caso de alma comprimida, apoios. .................. 20
CAPÍTULO 6 – DIMENSIONAMENTO BARRAS PRISMÁTICAS AO CISALHAMENTO

1 INTRODUÇÃO

As condições para o dimensionamento de barras prismáticas ao cisalhamento, estão no item 5.4 da


NBR 8800. Conforme foi colocado no capítulo anterior, os esforços de flexão e de cisalhamento
ocorrem concomitantemente nas vigas e a NBR os trata no mesmo item. Por uma questão de
facilidade de apresentação para esse trabalho, o capítulo 5 trata do dimensionamento à flexão e o
capítulo 6 do dimensionamento ao cisalhamento. Desse modo, ambos os capítulos contêm o
conhecimento mínimo para situações reais de dimensionamento das vigas de alma cheia.

Novamente deve-se lembrar que a seção 5 da NBR 8800 trata do dimensionamento de elementos
estruturais submetidos a ações predominantemente estáticas, para as condições adicionais de
dimensionamento, tais como fadiga, fratura frágil e temperaturas elevadas, ver o item 9 da NBR
8800.

2 CONCEITOS GERAIS

Como uma referência preliminar, o efeito predominante em vigas depende de seu vão, para vigas
com grandes vãos, acima de 12 metros, o efeito determinante para a definição de suas dimensões
costuma ser a deformação, em situações mais comuns, vãos intermediários, a flexão é determinante,
e apenas para vãos muito curtos (ou situações onde há cargas importantes próximas aos apoios) o
esforço cortante é o mais relevante.

Focando na análise do comportamento de seções metálicas ao cortante, pode-se admitir que as


tensões se distribuem na seção conforme é estudado pela resistência dos materiais. A representação
gráfica dessa distribuição está representada na figura 6.1, a seguir.

d h
Vsd
tw

fig. 6.1

1
No dimensionamento dos perfis metálicos, como as tensões na mesa são bastante pequenas, a
resistência a esse esforço é atribuída somente à alma da seção, desprezando efeitos nas mesas. A
tensão na alma, que é de fato variável, é substituída por um valor médio. Dessa forma, e de modo
geral, obtém-se:



. 

d h
Vsd
tw

fig. 6.2

Com a expressão acima, pode-se observar que ao se definir uma tensão de cisalhamento constante
na seção transversal, a esse valor irá corresponder um valor definido de esforço cortante resistido.
Com essa simplificação, a verificação da capacidade resistente da seção definida pela NBR 8800
não utiliza tensões, é feita pela comparação direta entre o valor da força cortante resistida e a força
cortante solicitante.

Por outro lado, uma vez que o cisalhamento provoca tensões de compressão na diagonal, a alma
poderá sofrer instabilidade, devido à sua esbeltez. Quando a alma tem dimensões insuficientes para
resistir ao esforço cortante existente, ela pode ser reforçada para resistir às solicitações que lhe são
impostas. Esse reforço consiste na disposição de enrigecedores laterais de alma, e podem ser
colocados ao longo do comprimento da viga. Esses enrigecedores tanto podem desempenhar a
função de auxiliar a viga na sua resistência ao cortante, distribuídos ao longo do comprimento da
peça a espaçamentos constantes, como podem também servir para auxiliar a seção na absorção de
esforços localizados, neste último caso são posicionados na seção onde uma carga concentrada é
aplicada. A figura a seguir mostra de maneira esquemática algumas características desses
elementos de enrigecimento lateral de alma.

Vsd

fig. 6.3 – seção transversal e vista lateral mostrando enrigecedor

A figura 6.3 mostra a disposição dos enrigecedores de alma, espaçados entre si de uma distância
“a”. Embora as condições exigidas para esse elemento sejam apresentadas mais à frente, de modo
2
geral, o enrigecedor é soldado na mesa e na alma do perfil e pode ser previsto apenas de um lado da
alma sem ser conectado à mesa tracionada, conforme mostram os desenhos da figura.

3 EQUAÇÃO DE DIMENSIONAMENTO

De modo similar aos esforços anteriormente estudados, a expressão para verificação de seções ao
esforço cortante é:

VSd ≤ VRd

Onde:

VSd é o cortante de cálculo, definido conforme estabelecido no capítulo 2, e

VRd é o cortante resistente de cálculo, definido nos itens a seguir (item 5.4.3 da NBR 8800/2008).

3.1 Para seções I, H e U fletidas com relação ao eixo central perpendicular à alma:

Com as definições:

 .  .
λ

; λ  1,10 e λ  1,37
 

e, kv = 5,0, quando: almas sem enrigecedores transversais,

  
a/h > 3, ou 
 !⁄" %&
#

)
kv = 5 (  - em todos os outros casos.
* + ,

d h h
Vsd
tw tw

fig. 6.4 – definições de h, para seção soldada, à esquerda, e para seção laminada, à direita.

3
O valor de Vrd é dado por:

123
a) Se λ ≤ λp → V/0 
456

78 123
b) Se λp < λ ≤ λr → V/0 
7 456

78  123
c) Se λ > λr → V/0  1,24  &
7 456

O valor VPL é definido como força cortante correspondente à plastificação da alma, dado por:

VPL = 0,60. Aw . fy, e

Aw = d . tw, é chamada de área efetiva de cisalhamento.

3.2 Outros casos de seções transversais

Para outras seções transversais o procedimento de dimensionamento é semelhante com algumas


verificações específicas que serão apresentadas a seguir.

3.2.1 Seção tubular, retangular e caixão


Para esse tipo de seção, define-se kv = 5,0 e h igual à da parte reta das seções tubulares ou igual à
distância entre as faces internas das mesas para a seção caixão. As almas devem ter a mesma
espessura tw.

A área efetiva de cisalhamento é definida como: Aw = 2.h.tw

3.2.2 Seção T, fletida em relação ao eixo perpendicular à alma


Para a seção T, adota-se kv = 1,2 e h igual à altura total da seção (d). O valor tw é a espessura da
alma, desde que d/tw ≤ 260.

A área efetiva de cisalhamento: Aw = d.tw.

3.2.3 Seções formadas por duas cantoneiras, fletidas com relação ao eixo perpendicular ao de
simetria
Esse caso é tratado de modo semelhante ao da seção T, com as alterações ficando, então:

kv = 1,2 e h igual à altura total da seção (d). A área efetiva fica definida como: Aw = 2.d.t, também
com a relação d/t ≤ 260.

3.2.4 Seções I, H e U fletidas com relação ao eixo perpendicular às mesas


Para as seções I, H e U fletidas com relação ao eixo principal de menor inércia, adota-se kv = 1,2 e
h igual à metade da largura total da mesa (bf/2), para seções I e H e h = bf, para seção U. O valor tw
é a espessura média da mesa (tf). A área Aw = 2.bf.tf.

4
Em todos os casos apresentados anteriormente, o restante da verificação ao cortante se mantém o
mesmo, a NBR ainda apresenta mais algumas seções transversais, particularidades e algumas
recomendações construtivas no restante dos itens 5.4.3, 5.4.4 e 5.4.5.

3.3 Disposições complementares sobre enrigecedores

A NBR 8800, item 5.4.3.1.3, estabelece as seguintes disposições complementares sobre os


enrigecedores transversais utilizados para aumentar a resistência ao cisalhamento de vigas com
seção I, H ou U.

a) Os enrigecedores transversais devem ser soldados à alma e às mesas do perfil, podendo ser
interrompidos do lado da mesa tracionada, de modo que a distância entre os pontos mais próximos
das soldas entre mesa e alma e entre enrigecedor e alma fique entre 4.tw e 6.tw.;

b) A relação entre largura e espessura dos elementos que formam o enrigecedor não pode ultrapassar

0,56. <+=
>

c) O momento de inércia da seção de um enrigecedor simples, ou de um par de enrigecedores (um de


cada lado da alma) em relação ao eixo do plano médio da alma não pode ser inferior a:

a.tw3 . j, com o parâmetro j sendo limitado pelo valor: ?  @2,5⁄!A⁄B% C D 2 E 0,5 ,a NBR não
coloca a necessidade de espaçamento entre enrigecedores da ordem de da altura da peça, de modo
que se poderia encarar essa verificação como: adotar j=0,5 se a condição não for satisfeita. Tendo
em vista esse aspecto, de modo conservador será adotado a ≤ d.

5
4 VERIFICAÇÕES COMPLEMENTARES PARA FORÇAS LOCALIZADAS

No caso de forças localizadas, aplicadas na face externa das mesas de seções I e H, devem ser
verificadas as condições expressas a seguir. Nesses casos, a NBR 8800 estabelece valores limites
de força resistente de calculo que devem ser comparados com as forças solicitantes. As verificações
compreendidas por esse item não fazem parte do dimensionamento da viga ao cisalhamento, porém
complementam as verificações necessárias ao dimensionamento das chamadas vigas de alma cheia,
que está apresentado nos capítulos 5 e 6.

4.1 Caso de alma tracionada


Quando a mesa de uma viga é submetida a uma força localizada que produz tração na alma, deve-se
verificar os estados limites de flexão local na mesa e escoamento local da alma. Quando uma dessas
condições não é satisfeita, devem ser colocados enrigecedores transversais em ambos os lados da
alma. No caso de seções soldadas, a solda entre a mesa e a alma deve ser capaz de transmitir a
força de cálculo entre ambas.

4.1.1 Flexão local da mesa


Essa verificação não precisa ser efetuada caso a extensão da força, medida transversalmente ao
eixo da viga seja inferior a 0,15bf.

Caso extensão da região de aplicação da força ultrapasse o limte acima, a força localizada não pode
ultrapassar o valor resistente:

6,25. t  . fI
F/0 
γKL

O valor da força resistente deve ser reduzido à metade quando a força localizada estiver sendo
aplicada a uma distância menor que 10 vezes a espessura da mesa.

4.1.2 Escoamento local da alma


O valor da força resistente de cálculo é dado pelas condições abaixo:

a) Quando a força está a uma distância da extremidade da barra que é maior que a altura da seção
transversal da viga:

L,L !)MNO %..


F/0 
456

b) Quando a força está aplicada a uma distância da extremidade da barra menor ou igual que altura
da seção transversal:

L,L !,)MNO %. .


F/0 
456

Nas expressões acima:

k – é a espessura da mesa que recebe o carregamento acrescida da espessura do filete de solda


para perfis soldados ou o raio de concordância para perfil laminados;

ln – é o comprimento de atuação da carga;

6
tw – é a espessura da alma.

4.2 Caso de alma comprimida


Quando a força localizada produz compressão na alma, as condições que devem ser verificadas são
os estados limites de escoamento local da alma, enrrugamento da alma, flambagem lateral da alma e
flambagem da alma por compressão. Quando uma dessas condições não é satisfeita, pode ser
necessária a colocação de enrigecedores transversais na alma.

4.2.1 Escoamento local da alma


A condição de escoamento local da alma para força localizada de compressão é a mesma
apresentada mais acima. Caso não seja verificada, devem ser colocados enrigecedores em ambos
os lados da alma, na seção de aplicação da carga.

4.2.2 Enrugamento da alma


A condição de enrugamento da alma é satisfeita quando a força localizada de compressão atende às
condições abaixo. Caso não seja verificada, devem ser colocados enrigecedores em um ou em
ambos os lados da alma, na seção de aplicação da carga.

a) Quando a força está a uma distância da extremidade da barra que é maior ou igual que a metade
da altura da seção transversal da viga:

,. - N L,) .. Q


F/0 
456
P1 ( 3  0O&  & R 
Q

b) Quando a força está aplicada a uma distância da extremidade da barra menor que a metade da
altura da seção transversal:

- Para ln/d ≤ 0,2

,SS. - N L,) .. Q


F/0 
456
P1 ( 3  0O&  & R 
Q

- Para ln/d > 0,2

,SS. - N L,) .. Q


F/0 
456
P1 ( 4 0O D 0,2&  & R 
Q

Nas expressões acima:

k – é a espessura da mesa que recebe o carregamento, acrescida da espessura do filete de solda


para perfis soldados ou o raio de concordância para perfil laminados;

ln – é o comprimento de atuação da carga;

tw – é a espessura da alma.

4.2.3 Flambagem lateral da alma


Caso o deslocamento lateral relativo entre a mesa comprimida carregada e a mesa tracionada não
seja impedido no ponto de aplicação da carga, deve-se verificar a flambagem lateral da alma.

7
Caso não exista o travamento, com as definições:

ℓ - maior comprimento destravado que envolve a seção de aplicação da carga, considerando as duas
mesas;

h - distância interna entre as faces das mesas (menos o raio de concordância no caso de perfis
laminados);

Cr = 32E, se Msd<Mr e Cr = 16E, se Msd≥Mr , onde Mr é o momento fletor correspondente ao inicio do


escoamento - Mr=w.fy.

a) Se a rotação da mesa carregada for impedida:

caso (h/tw)/( ℓ/bf) > 2,3 - não é necessário verificar flambagem.

TU . V . Q ⁄ S
caso contrario - F/0  P0,94 ( 0,37  & R
456 . - ℓ⁄YQ

b) Se a rotação da mesa carregada não for impedida:

caso (h/tw)/( ℓ/bf) > 1,7 - não é necessário verificar flambagem.

TU . V . Q ⁄ S
caso contrario - F/0  P0,37  ℓ⁄Y & R
456 . - Q

Para o caso (a), se a força de cálculo ultrapassar o valor de FRd, deve-se providenciar o travamento
lateral da mesa tracionada na seção com a carga concentrada, ou opcionalmente colocar
enrigecedores nos dois lados da alma.

Para o caso (b), se a força de cálculo ultrapassar o valor de FRd, deve-se providenciar a contenção
lateral de ambas as mesas.

4.2.4 Flambagem da alma por compressão


O estado limite de flambagem por compressão deve ser verificado quando atuam duas forças na
mesma seção, em sentidos opostos e nas duas mesas, comprimindo a alma.

Z. V
Neste caso: F/0  [E. fI
456 .

Quando as forças se encontram a uma distância da extremidade menor que a metade da altura da
viga, a força resistente deve ser reduzida à metade.

Se a força de cálculo ultrapassar o valor de FRd, devem ser colocados enrigecedores transversais, em
um ou nos dois lados da alma.

4.3 Dimensionamento e disposições construtivas sobre os enrigecedores


A NBR de modo geral obriga à colocação de enrigecedores nos apoios de vigas não travadas nas
extremidades.

Os enrigecedores, quando necessários, devem atender:

a) A largura de cada enrigecedor somada à metade da espessura da alma da barra não pode ser
menor que um terço da largura da mesa ou da chapa de ligação que recebe a força localizada
(item 5.7.9.5);
8
b) A espessura de um enrigecedor não pode ser menor que a metade da espessura da mesa da
barra ou da chapa de ligação que recebe a força, nem ser menor que sua largura dividida por 15
(item 5.7.9.5).

c) A área de contato do enrigecedor com as mesas deve verificar o esmagamento local (item 6.6.2)

L,^._.
F],/0  , onde A é a área de contato
45-

4.3.1 Enrigecedores para forças de tração


Devem ser dimensionados como barras tracionadas, conforme o capítulo 3, considerando sua área
bruta e descontando recortes para determinação da área líquida efetiva.

Esses enrigecedores devem ser soldados à mesa carregada e à alma e devem se estender ao
menos até a metade da altura da alma. A solda entre a mesa e o enrigecedor deve suportar a
diferença entre a força solicitante e a resistente, a solda entre o enrigecedor e a alma deve ser capaz
de transmitir à alma essa diferença.

4.3.2 Enrigecedores para forças de compressão


No caso de enrigecedores para escoamento local da alma ou para enrugamento da alma, os
enrigecedores devem estender-se até ao menos a metade da alma. As suas extremidades devem
estar em perfeito contato ou serem ligadas por meio de solda à mesa carregada. As soldas devem
ser dimensionadas de modo equivalente ao dimensionamento do caso de tração.

Os enrigecedores para flambagem lateral ou por compressão da alma devem estender-se por toda a
alma, ajustados ou soldados à mesa comprimida e soldados à alma e à mesa tracionada. As soldas
devem ser capazes de transmitir as forças como descrito no caso de tração. Esses enrigecedores
devem ser dimensionados como barras comprimidas, para a instabilidade por flexão em relação ao
eixo do plano médio da alma. A seção transversal a ser considerada é constituída pelo enrigecedor e
uma faixa da alma, com largura 12.tw, para enrigecedores de extremidade e 25.tw para enrigecedores
intermediários. Para o dimensionamento, deve-se tomar o comprimento de flambagem igual a 0,75h.

9
5 EXEMPLOS:
(Nos exemplos, os valores das ações já são valores “de cálculo”)

5.1 Verificação de perfil laminado ao cortante.


A viga da figura utiliza um perfil I – 152 x 18,6, do aço A-36. Verifique se a viga atende aos requisitos
da NBR 8800 para resistência ao cisalhamento.

P
Dados: Perfil d = 152mm; bf = 84,6mm;
p
tf = 9,12mm; tw = 5,89mm.

P = 120kN e p = 20kN/m. 2000mm 1000

22,2

Perfil laminado, pode-se considerar a transição entre a


mesa e a alma. A favor da segurança se poderia
22,2 desprezar essa colaboração.

1) Reação de apoio (máxima):

Vsd=20 x 3/2 + 120 x 2/3 = 110kN

2) Cálculo de VRd

λ = (152 – 2x22,2)/5,89 = 107,6/5,89 = 18,27

Supondo viga sem enrigecedores: kv = 5,0

 . ), .  .
λ  1,10  1,10  69,57 e λ  1,37  86,65
 ) 

123 ,.L),. ,)^b.)


Como λ ≤ λp → V/0   = 122,05kN
456 L,L

VPL = 0,60. Aw . fy, e Aw = d . tw

3) Verificação:

Vsd = 110kN < VRd = 122,05kN → OK!, verifica.

10
5.2 Esforço predominante para o dimensionamento.
Tomando novamente o perfil I – 152 x 18,6, do aço A-36 (W=121cm3). Verifique para qual, ou quais ,
situações há predominancia de um esforço no dimensionamento.

* Esse exemplo busca exemplificar uma condição comum em vigas de alma cheia laminadas.

No exemplo 5.1 – VRd,máx = 122,05kN.


P
e. LL, .)
Do capítulo 5, M/0 d 1,5  = 4125,0kN.cm
456 L,L

MRd,máx=41,25kN.m

x x-2m

Supondo a carga P no meio do vão:

a) Para garantir que a condição de cisalhamento seja atendida:

VRd,máx = 122,05kN = P/2 → Pmáx,V = 244,10kN

b) Para garantir que condição de flexão seja atendida:

MRd,máx= 41,25kN.m = P.3,0/4 =P.3/4 → Pmáx,M = 82,5kN

Ou seja, a condição limite é atingida antes na flexão.

5.3 Expressão para pré dimensionamento.


Embora o comportamento predominante usual seja o de flexão, estabeleça uma expressão para o
pré dimensionamento ao cisalhamento.

*As expressões da NBR, como já foi possível notar, são apresentadas em forma de verificação, e,
dessa forma, o dimensionamento é, em geral, por tentativas.

Supondo que: a vlga não possue enrigecedores e trabalha no regime inteiramente plastificada.

123 ,._ .  1jk.456


Kv = 5,0, e V/0    Vf0 g Ai E com o valor de Aw, pode-se estimar tw
456 456 ,.
ou d, conforme o caso.

11
5.4 Verificação de viga soldada ao cisalhamento.
A viga da figura utiliza um perfil VS 550 x 64, do aço MR 250. Verifique se a viga atende aos
requisitos da NBR 8800 para resistência ao cisalhamento. Se necessário, utilize enrigecedores de
alma.

P=393,25kN
9,5
P=15kN/m

1000 10000mm

Seção viga soldada VS

118,25 d = 550 mm; bf = 250 mm;


425
tf = 9,5 mm; tw = 6,3 mm.

31,75
440kN

1) Determinação de VRd:

λ = (550 – 2x9,5)/6,3 = 531/6,3 = 84,29

Supondo a viga inicialmente sem enrigecedores: kv = 5,0

 . ), .  .
λ  1,10  1,10  69,57 e λ  1,37  86,65
 ) 

78 123 b,)l , . )), . ,S .)


Como λp ≤ λ ≤ λr → V/0   = 389,98kN < Vsd,máx Ñ OK!
7 456 ^Z,b L,L

VPL = 0,60. Aw . fy = 519,75 kN, e Aw = d . tw = 34,65 cm2.

Como VRd < VSd – pode-se trocar o perfil ou colocar enrigecedores.

2) Enrigecedores:

Antes de tentar uma solução com enrigecedores de alma, deve-se verificar se esta alternativa é
viável:

* máximo cortante que pode ser resistido pela seção:


123
VRd, máx = = 519,75/1,1 = 472,50 kN > 440 kN – OK!
456

  ^Z,b  
Para satisfazer a condição VRd = VRd,mãx Se, λp = λ, 84,29 = 1,1. 
456
kv=  L,L
& 

12
kv = 7,34
)
kv = 5 +  - = 7,34 como h = 531mm, substituindo na expressão de kv, obtém-se o valor de
* +,
a = 776 mm. (espaçamento dos enrigecedores).

Com a opção de cálculo acima, é obtida a máxima resistência possível do perfil ao cortante, no caso
do exemplo, o cortante existente é menor que este máximo, logo, pode-se fazer o seguinte
procedimento:

78 123
V/0   440kN Como
123
= 472,5kN e λ = 84,39 → λp = 78,49
7 456 456

 
λp = 1,1.  , daí kv = 6,36 e, com o mesmo processo seguido anteriormente:
456
a/h = 1,91, e finalmente, a = 1016,4 mm. Lembrando de 3.3c, adota-se a=530mm

Como o trecho com cortante acima de 389,98kN está situado apenas junto ao apoio da esquerda,
basta posicionar enrigecedores na região intermediária desse trecho. Com o primeiro enrigecedor
posicionado aproximadamente na metade do espaçamento calculado entre enrigecedores e outro
enrigecedor após 530mm. Outros enrigecedores são desnecessários pois o cortante cai abaixo do
valor resistido pela seção sem auxílio desse elemento.

P=393,25kN

P=15kN/m

1000 10000mm

118,25
425
389,98kN
31,75
440kN

265mm 530mm

3) Disposições Construtivas para os enrigecedores:

a/h = 1016/531 = 1,91 < 3,0 OK com a hipótese de cálculo de kv.

Item 3.3b, pág 5 – b/t ≤ 0,56. <+= = 15,8 ( para o aço A36)
>
13
Como b ≤ (bf – tw)/2 = (250 – 6,3)/2 = 121,85 mm

b Adotando t = 6,3 mm, b ≤ 99,54 mm, ou, aproximadamente:

b = 100mm;

Item 3.3a – distância entre a face superior da mesa tracionada e o


enrigecedor entre 4 tw=25,2mm e 6tw=37,8mm.

Item 3.3 c – Inércia do enrigecedor calculada com relação ao plano médio


t da alma.

,S.L V L ,S 
I ( 0,63.10.  ( &  230,5cmZ r 6,6cmZ OK
L  

Imin = a.tw3.j, com j = 2,5/(a/h)2-2 ≥ 0,5;


Como foi adotado a ≤ h = 530mm, a/h≈1,0, e j=0,5. Daí, o valor da inércia mínima fica:

Imin = 53.0,633.0,5 = 6,62cm4,

14
5.5 Enrigecedores sob carga localizada, caso de alma tracionada.
A viga da figura utiliza um perfil VS 500 x 61, do aço A36. Verifique se a viga atende aos requisitos
da NBR 8800 para resistência ao cisalhamento.

Perfil VS 500X61; bf = 250mm; tw = 6,3mm;


P=60kN/m tf = 9,5 mm.

P=300kN
Esquema da carga aplicada:

500 4500mm

180
390

90
420kN 50mm 100mm

1) Determinação de VRd:

λ = (500 – 2x9,5)/6,3 = 481/6,3 = 76,35

Supondo a viga inicialmente sem enrigecedores: kv = 5,0 → λp = 69,57 ≤ λ ≤ λr = 86,65

78 123 b,)l , . ) , . ,S .)


Como λp ≤ λ ≤ λr → V/0   = 381,40kN < Vsd,máx Ñ OK!
7 456 l,S) L,L

VPL = 0,60. Aw . fy =0,6. d . tw .fy = 472,50 kN

Como VRd < VSd – pode-se trocar o perfil ou colocar enrigecedores.

2) Enrigecedores:

Antes de tentar uma solução com enrigecedores de alma, deve-se verificar se esta alternativa é
viável:

* máximo cortante que pode ser resistido pela seção:


123
VRd, máx = = 472,50 /1,1 = 429,55kN > 420 kN – OK!
456

78 123
V/0   420kN Como
123
= 429,55kN e λ = 76,35 → λp = 74,65
7 456 456

15
 
λp = 1,1. 
)
→ kv = 5,76, como kv = 5 + - = 5,76 → a/h = 2,42, lembrando de 3.3c,
456 *+,
adota-se a = 500mm – sob a carga concentrada.

3) Verificação da flexão local da mesa:

Item 4.1.1 - Verificar se a extensão da força, medida transversalmente ao eixo da viga seja inferior a
0,15bf. extensão da carga: 50 mm > 0,15bf = 0,15.250 = 37,5mm.

,). -Q . 6,25.0,952 .25


F/0    128,20st u 300st é necessário enrigecedor
456 1,1

10.tf = 10. 9,5 = 95mm < 500mm, FRd OK.

4) Verificação do escoamento da alma:

(posição da carga) 500mm ≤ d = 500mm (altura da seção). Adotando k=tf=9,5mm

L,L !,)MNO %.. L,L!,). ,b)ML %.). ,S


F/0    194,91kN < 300kN enrigecer.
456 L,L

5) Dimensionamento do enrigecedor:

bdisponível=(250-6,3)/2 = 121,85mm ≈ 120mm

considerando o corte da chapa, valor líquido


h
adotado: bA=110mm ≥h/2

Adotando tA = 6.3 para o enrigecedor.


vw .xy .LL. ,S.)
ESB: Nsd = 300kN ≤ NRd  z{6
 L,L

NRd =315,00kN OK.

RSE: Ae = Ct.An = 1,0.2.(10-1).0,63 = 11,34cm2


10mm
v| .x} LL,SZ.Z
NRd    336,00kN > 300kN OK.
z{- L,S)

6) Disposições construtivas para enrigecedor sob carga concentrada:

bA + ½.t w ≥ 1/3 bf → 110 + ½. 6,3 = 113,15mm > 1/3 .250 = 83,3mm OK

tA ≥ ½.t f → 6,3mm > ½.9,5 = 4,75mm OK

tA =6,3 mm ≥ 1/15.bA = 1/15.110 = 7,33mm Ñ OK → adotar tA=8,0mm

7) Disposições construtivas para enrigecedor de alma:

Enquanto o enrigecedor para força de tração poderia ser soldado exclusivamente à mesa
tracionada, o enrigecedor para cisalhamento deve ser soldado à mesa comprimida.
16
Falta verificar apenas a inércia do enrigecedor.

a = 50 cm → a/h ≈ 1,0 e j = 0,5

Imin = 50.0,83.0,5 = 12,8 cm4

,S.LLV LL ,S 
Ienrigecedor = 2. P L
( 11.0,63.   ( 
& R  304,21cmZ OK

17
5.6 Enrigecedores sob carga localizada, caso de alma comprimida.
A viga da figura utiliza um perfil I 457 x 81,4, do aço A36. Verifique se a viga atende aos requisitos da
NBR 8800 para resistência ao cisalhamento. A viga tem travamentos a cada 1600mm.

d = 457mm; bf = 152mm; tf = 17,6mm;


P=600kN
tw = 11,7mm.

P=30kN/m 38,1

q 600 5400mm
38,1

Esquema de carregamento:

150
612

12

630kN

150mm
1) Determinação de VRd:

λ = (457 – 2x38,1)/11,7 = 32,55

Supondo a viga inicialmente sem enrigecedores: kv = 5,0 → λp = 69,57 ≥ λ

123 , . Z),l . L,Ll .)


Como λ ≥ λp → V/0   = 729,12kN > Vsd,máx OK!
456 L,L

VPL = 0,60. Aw . fy =0,6. d . tw .fy = 802,04 kN

Não é necessário colocar enrigecedores.

2) Verificação do escoamento da alma:

Carga aplicada a 600mm > d = 457mm

L,L !)MNO %. . L,L !)S,^LML)%.).L,Ll


F/0    995,96kN > FRd = 600kN, não é necessário
456 L,L
enrigecer o perfil.

18
3) Verificação do enrugamento da alma:

Carga aplicada a 600mm > d/2 = 228,5mm

,. - N L,) .. Q


F/0 
456
P1 ( 3  0O&  & R 
, substituindo os valores conhecidos:
Q

FRd = 1092,48kN > NSd → Não é necessário enrigecer.

4) Verificação de flambagem lateral da alma:

Considerando que a viga que transmite NSd também trava a mesa comprimida da viga suporte.

Caso (a) do item 4.2.3. ℓ = 1600mm.

Rotação da mesa carregada impedida. (h/tw)/( ℓ/bf) = ((457-2.38,1)/11,7)/(1600/152) = 3,09 > 2,3

Não é necessário verificar a flambagem.

5) Verificação de flambagem da alma por compressão:

Não é necessário verificar, pois não há duas forças opostas comprimindo a alma.

19
5.7 Enrigecedores sob carga localizada, caso de alma comprimida, apoios.
A viga da figura utiliza um perfil VS 550 x 64, do aço MR 250. Verifique a flambagem da alma nos
apoios conforme os requisitos da NBR 8800.

P=80kN/m 9,5

4000mm

Seção viga soldada VS - d = 550 mm; bf = 250 mm; tf = 9,5 mm; tw = 6,3 mm.

1) Determinação de VRd:

VSd = 80.4/2 = 160kN



λ = (550 – 2x9,5)/6,3 = 84,29; Supondo a viga inicialmente sem enrigecedores: kv = 5,0

→ λp = 69,57 ≤ λ ≤ λr = 86,65

78 123 b,)l , . )), . ,S .)


Como λp ≤ λ ≤ λr → V/0   = 389,98kN > Vsd,máx OK!
7 456 ^Z,b L,L

VPL = 0,60. Aw . fy = 519,75 kN, e Aw = d . tw = 34,65 cm2.

2) Verificação da flambagem da alma:

80kN/m

12tw
160kN Elevação Planta

Z. V Z. ,SV


F/0  [E. fI   72,65kN < VSd = 160kN
456 . L,L.)S,L

bdisponível=(250-6,3)/2 = 121,85mm ≈ 120mm;

bA + ½.t w ≥ 1/3 bf → 120 + ½. 6,3 = 123,15mm > 1/3 .250 = 83,3mm OK

tA =6,3 mm ≥ 1/15.bA = 1/15.120 = 8,0mm Ñ OK → adotar tA=8,0mm

x 24,0cm
Seção do enrigecedor – “pilar”

(12.0,63 - 0,8)/2 =3,38cm


20
Ag = 0,63.2.3,38 + 2.12.0,8 = 23,45 cm2; h = 550 – 2.9,5 = 531mm

bL,lZ
I = 2 (3,38.0,633)/12 + (0,8.243)/12 = 921,74 cm4; ~    6,27€; λx = (0,75.53,1)/6,27
x
S,Z)
λx =6,35

‚
Determinação de QA – b/t = 120/8 = 15 < (b/t)Lim=0,56x  15,8 → QA = 1,0;
y

b/t = 32,8/6,3 = 5,21 < 15,8 → QA = 1,0.

Verificação exclusivamente quanto à flexão em torno de x.

π . E. I„ π . 20000.921,74
Nƒ„    114.717,23kN
!k „ . l„ % !0,75.53,1%

‡._ˆ. L, .S,Z).) -
λ    0,07; (λ0≤1,5); χ  0,6587Œ  0,9979
‰Š LLZlLl,S

.‡._ˆ . ,bblb.L, .S,Z).)


N/0    531,82kN > NSd = 160kN. OK.
456 L,L

21

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