Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
garoto prodígio e sua obra, o ápice da poesia húngara do pós-guerra, é, apesar, ou melhor, por causa
disso, a mais rica, variada e virtuosística de sua língua. György Somlyó, ele mesmo um grande ensaísta
literário, incorporou uma visão crítica a seus poemas que, como os de Weöres, lançavam mão, sem
preconceito algum, de todas as formas e recursos. Quanto a György Petri, ele se revelou, desde a estréia,
o “enfant terrible” ou o “angry young man” dos prolongados, quase inacabáveis, anos de decadência da
tirania do partido único. Ninguém como ele, explorando as minúcias da língua e do cotidiano,
compreendeu e explicitou tão bem o subsolo de mentiras sistemáticas e de cinismo convertido em
segunda natureza sobre o qual se erigia o regime.
Não é obviamente possível, por meio de uma seleção exígua assim de poetas e poemas, sequer começar a
dar uma idéia da riqueza da poesia húngara moderna. Mas se essa minúscula amostra grátis, insinuando
que um país e uma língua remotos ocultam uma espécie de Toscana poética, servir para abrir o apetite
dos leitores, dirigindo-os a outras antologias e traduções, ela terá cumprido sua missão.