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Indenizações Por Acidente Do Trabalho Ou Doença Ocupacional - Sebastião Oliveira PDF
Indenizações Por Acidente Do Trabalho Ou Doença Ocupacional - Sebastião Oliveira PDF
INDENIZAÇÕES W
POR ACIDENTE DO
TRABALHO OU
DOENCA OCUPACIONAI
9
7a edição
I n d e n iza ç õ e s por
A cidente do T rabalho ou
D o en ç a O c u p a c io n a l
1â edição — julho, 2005
1§ edição — 2a tiragem — setembro, 2005
1a edição — 3a tiragem — dezembro, 2005
2 - edição — abril, 2006
2 - edição — 2a tiragem — agosto, 2006
2 - edição — 3a tiragem — novembro, 2006
3â edição — março, 2007
3a edição — 2a tiragem — agosto, 2007
4a edição fevereiro, 2008
4a edição — 2® tiragem — outubro. 2008
5a edição — maio, 2009
6§ edição — abril, 2011
7- edição — fevereiro, 2013
SEBASTIÃO GERALDO DE OLIVEIRA
Desembargador ao I riounai negionai oo i raoalho da 3aRegião.
Mestre em Direito pela UFMG. Professor do Curso de Especialização
em Direito do Trabalho da Faculdade de Direito Milton Campos — MG.
I n d e n iz a ç õ e s por
A c id e n t e d o T rabalho ou
D oença O c u p a c io n a l
7 edição
-
revista e atualizada
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A
EDITORA LTDA.
© Todos o s direitos reservados
LTr 4804.0
F e v e re iro , 2013
Bibliografia
ISBN 9 7 8 -8 5 -3 6 1 -2 4 2 0 -9
1 2 -1 5 2 0 3 ___________________________________________________ C D U -34:331.823:347.426.6(81)
Apresentação à 1- e d iç ã o ........................................................................................ 19
in tro du çã o ................................................................................................................... 27
Bibliografia................................................................................................................... 573
Câm. — Câmara
CAT — Comunicação de Acidente do Trabalho
CC — Conflito de Competência
Cf. — Confira
Cód. — Código
CPC — Código de Processo Civil
CRPS — Conselho de Recursos da Previdência Social
Des. — Desembargador
DJ — Diário da Justiça
DJe — Diário da Justiça eletrônico
16 S eb a stião G er ald o de O liveir a
n. — número
NR — Norma Regulamentar
NTEP — Nexo Técnico Epidemiológico
OIT — Organização Internacional do Trabalho
PAIR — Perda Auditiva Induzida por Ruído
RO — Recurso Ordinário
T. — Turma
Na atualização do livro, alguns tópicos foram reescritos, para mais bem retratar
o pensamento atual sobre o tema, as inovações legislativas pertinentes ou mesmo
a sedimentação da jurisprudência a respeito de determinadas controvérsias.
Nessa visão criativa, o autor age como um pensador, que não se contenta
em contemplar o que existe à sua volta e que se atreve a imaginar o que
ainda virá a existir, levando em conta a experiência já vivida e os rumos que
ela permite divisar para o futuro.
(1) VENOSA, Silvio. D ireito civil. Parte geral. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002. p. 570.
(2) C AV A LIE R I FILHO, S érgio. Program a de re sp o n sa b ilid a d e civil. 4. ed. São Paulo:
Malheiros, 2003. p. 156.
24 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(3) MENEZES DIREITO, Carlos Alberto; CAVALIERI FILHO, Sérgio. C omentários ao novo
Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004. v. XIII, p. 40.
(4) T E P E D IN O , G ustavo. Tem as de d ire ito civil. 2. ed. Rio de Janeiro: R enovar, 2001.
p. 175-176.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 25
(1) “Art. 7° — São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social: ... XXVIII — seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em
dolo ou culpa;”
28 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
para efetivar a justa reparação dos danos das inúmeras vítimas de acidente
do trabalho, ou dos seus dependentes, que batem às portas da Justiça do
Trabalho.
Por fim, subscrevemos integralmente a manifestação do grande mestre
C aio M ário, re g istra d a na a p re se n ta çã o do seu livro a re sp e ito da
responsabilidade civil, tantas vezes citado neste livro: “Não aspiro às galas
de inovador, pois que em Direito as construções vão-se alteando umas sobre
as outras, sempre com amparo no que foi dito, explicado, legislado e decidido.
Ninguém se abalança a efetuar um estudo qualquer, sem humildemente
reportar-se ao que foi exposto pelos doutos e melhor dotados”(2).
O autor
(2) PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. 8 - 1. Rio de Janeiro: Forense,
2 0 0 2 . p. X.
CAPÍTULO 1
(1) No nosso livro Proteção ju ríd ica à saúde do trabalhador, publicado por esta Editora,
fo ca liza m o s d e ta lh ad a m e n te as m edidas ju ríd ic a s que podem ser a d o ta d a s para dar
efetividade às normas legais a respeito da segurança, higiene e saúde do trabalhador.
(2) Durante o ano de 1975, segundo os dados oficiais, dos 12.996.796 de trabalhadores com
registro formal no Brasil, 1.869.689 sofreram acidente do trabalho, acarretando 4.001 mortes.
32 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(7) El trabajo en el mundo. Ginebra: Oficina Internacional dei Trabajo, 1985. v. 2, p. 145.
(8) Dados disponíveis em: < http://www.ilo.org/wcm sp5/groups/public/— ed_protect/— protrav/
— safew ork/docum ents/publication/w cm s_124341 .pdf>. Acesso em: 21 dez. 2010.
(9) “S egún da d o s de Ia O fic in a In te rn a c io n a l dei T ra b a jo (O IT ), las e n fe rm e d a d e s
profesionales y los accidentes relacionados con el trabajo provocan cada ano dos millones
de muertes, cuyo costo para Ia econom ia global se estim a asciende a 1,25 trillones de
dólares de los Estados Unidos. En un informe titulado “ Por una cultura para Ia seguridad en
el trabajo” , Ia OIT senala que el número de muertes y enfermedades accidentales podría
contenerse si los trabajadores, los em pleadores y los gobiernos respetasen las normas
internacionales existentes en matéria de seguridad. Según Juan Somavia, Director General
de Ia OIT, “los accidentes y enfermedades no deben form ar parte dei trabajo cotidiano. Las
muertes, accidentes y enfermedades en el trabajo pueden prevenirse. Debemos promover
una nueva ‘cultura de Ia seguridad’ en el lugar de trabajo -donde quiera que éste se realice-
que esté respaldada por políticas y programas nacionales adecuados para lograr lugares
de trabajo más sanos y seguros para todos” . En el nuevo informe se pasa revista a los
conocim ientos actuales sobre el número de enferm edades, accidentes y muertes que se
p ro d u c e n en el lu g a r de tra b a jo , c u y o c o s to s u p o n e u n a s p é rd id a s a n u a le s de
aproxim adam ente 1,25 trillones (1.250.000 m illones de dólares de los Estados Unidos)
para el producto interior bruto (PIB) global. La OIT senala que sus estimaciones se basan en
cálculos conforme a los cuales el costo de los accidentes de trabajo y las enfermedades
profesionales representa aproxim adam ente el 4 por ciento dei PIB anual.” Cf. OIT. EL
TRABAJO PELIGROSO MATA A MILLONES Y CUESTA BILLONES. Disponível em: chttp://
w w w .oit.org/public/spanish/bureau/inf/features/03/hazards.htm >. Acesso em: 27 dez. 2005.
(10) Disponível em: < http://www.oit.org.br/news/nov/ler_nov.php?id=3123>. Acesso em: 21
dez. 2010.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 35
É importante mencionar que a estatística oficial era feita, até 2006, com
base tão som ente nas inform ações prestadas pelas Comunicações dos
Acidentes do Trabalho — CAT. Todavia, muitos acidentes ou doenças
ocupacionais não eram comunicados à Previdência Social, por ignorância
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 37
dos envolvidos, por receio das conseqüências ou por falta de registro formal
do trabalhador. Avaliava-se que as comunicações só atingiam por volta de
50% dos acidentes efetivamente ocorridos, principalmente a partir de 1991,
quando o art. 118 da Lei n. 8.213 instituiu a garantia de emprego por doze
meses, após a cessação do auxílio-doença acidentário.
Para combater os efeitos nocivos da subnotificação, foi instituído pela
Lei n. 11.430/2006 o nexo técnico epidemiológico, que autoriza ao INSS
reconhecer a doença como de natureza ocupacional, tão somente a partir da
relação de predominância de determinadas doenças com certas atividades
econômicas, de acordo com os levantamentos estatísticos oficiais dos últimos
anos(11). Com efeito, desde o ano-base de 2007, a Previdência Social passou
a publicar também a estatística dos acidentes do trabalho reconhecidos sem
a emissão da CAT pelo empregador. Em 2011, dos 711.164 acidentes do
trabalho ocorridos no Brasil, 76% foram reconhecidos após a emissão da
CAT (538.480) e 24% foram enquadrados como de origem ocupacional,
mesmo sem a emissão de CAT (172.684), com base apenas no nexo técnico
epidemiológico.
Pode-se observar uma crescente preocupação dos empresários com a
questão da saúde e segurança do trabalhador. A pressão sindical, as
repercussões negativas na mídia, as atuações do Ministério Público do
Trabalho e da Inspeção do Ministério do Trabalho e, especialmente, as
indenizações judiciais estão promovendo mudanças no gerenciamento desse
tema. Auditorias especializadas já mensuram o chamado “passivo patológico”
das organizações, com provando que o investim ento na prevenção de
acidentes e doenças reflete-se positivamente no balanço, com repercussão
na avaliação mercantil da empresa.
Os números dos acidentes do trabalho deixam à mostra a marca dolorosa
do problema, mormente na construção civil, na indústria e no setor de serviços.
Basta dizer, com base na estatística de 2011, que ainda ocorrem no Brasil
por volta de oito mortes a cada dia por acidente do trabalho. Se somarmos o
número de mortes por acidente do trabalho (2.884) com a quantidade daqueles
que se aposentam por incapacidade permanente (14.811), concluiremos que
diariamente perto de 50 pessoas deixam definitivamente o mundo do trabalho.
Além disso, em média, 830 trabalhadores por dia entram em gozo de auxílio-
-doença acidentário com afastamento por período superior a 15 dias. Diante
desses números, continua atual o pensamento do Engenheiro da Fundacentro
Dorival Barreiros, em artigo divulgado em 1990: “a problemática do acidente
e da doença do trabalho tem, no Brasil, as feições de uma guerra civil.”(12)
(11) A sistemática do nexo técnico epidem iológico será analisada com vagar no Capítulo 6,
que aborda o nexo causal no acidente do trabalho.
(12) BARREIROS, Dorival. Saúde e segurança nas pequenas empresas. Revista Brasileira
de Saúde Ocupacional, São Paulo, v. 18, n. 70, p. 25, abr./jun. 1990.
38 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
“Art. 560: Não deixará de vencer a soldada ajustada qualquer indivíduo da tripulação
que adoecer durante a viagem em serviço do navio, e o curativo será por conta deste;
se, porém, a doença for adquirida fora do serviço do navio, cessará o vencim ento da
soldada enquanto ela durar, e a despesa do curativo será por conta das soldadas
vencidas; e se estas não chegarem, por seus bens ou pelas soldadas que possam vir
a vencer.”
Desde o início do século XX, diversos projetos buscavam instituir uma lei
específica para regulamentara infortunística do trabalho. Esse esforço resultou
na aprovação do Decreto Legislativo n. 3.724, de 15 de janeiro de 1919,
considerado a primeira lei acidentária brasileira. O empregador foi onerado com
a responsabilidade pelo pagamento das indenizações acidentárias. Essa norma,
apesar das críticas e falhas, teve o mérito do pioneirismo e marcou a instituição
de princípios especiais da infortunística. Assevera Hertz Costa que o Decreto
Legislativo n. 3.724/1919 “significou a emancipação da infortunística do cordão
umbilical que a mantinha de alguma forma presa ao Direito Comum, reforçando
sua autonomia do Direito Trabalhista específico, não obstante as resistências
dos saudosistas da monarquia.”(14)
(13) Inform a Teresinha Lorena P. Saad que o exem plo da A lem anha foi seguido pela
Áustria em 1887, N oruega em 1894, Inglaterra em 1897, França, D inam arca e Itália em
1898 e Espanha em 1900. Cf. R esponsabilidade civil da em presa nos acidentes de trabalho.
São Paulo: LTr, 1999. p. 35.
(14) COSTA, Hertz J. Acidentes do trabalho na atualidade. Porto Alegre: Síntese, 2003. p. 44.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r a ba lh o ou D oença O c u p a c io n a l 39
ABRANGÊNCIA DO CONCEITO
DE ACIDENTE DO TRABALHO
(1) A ação regressiva deve ser ajuizada pelo INSS para buscar o reembolso dos dispêndios
com benefícios acidentários, quando o em pregador tiver sido negligente quanto às normas-
-padrão de segurança e higiene do trabalho, indicadas para proteção individual ou coletiva
do trabalhador, conforme previsto no art. 120 da Lei n. 8.213/1991.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 43
(2) Cf. Instrução Normativa INSS/PRES. n. 45, 6 ago. 2010, art. 358, III.
(3) A respeito deste tem a vale conferir o artigo doutrinário de Carlos Alberto Crispin intitulado
“A responsabilidade civil por acidente do trabalho do trabalhador portuário avulso” , publicado
na Revista L T rn . 71, n. 02, de fevereiro de 2007.
44 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
(4) Vamos tratar com mais vagar das conseqüências jurídicas dos acidentes sofridos por
trabalhadores domésticos ou não em pregados no Capítulo 14.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 45
Nos tó p ic o s s e g u in te s va m o s d e ta lh a r as p o s s ib ilid a d e s de
enquadram ento do evento danoso nas diversas hipóteses consideradas
tecnicamente como acidente do trabalho, conforme previsto nos arts. 19 a
21-A da Lei n. 8.213/1991.
7- Lei acidentária: Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
Lei n. 8.213, de 24 trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos
de julho de 1991. segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provo
É a norma que cando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte
se encontra em ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacida
vigor. de para o trabalho.
(5) MAGANO, Octavio Bueno. Lineam entos de infortunística. São Paulo: José Bushatsky,
1976. p. 30.
(6) Ibidem, p. 30 e 37.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 47
a) evento danoso;
(9) COIMBRA, J.R. Feijó. Acidentes de trabalho e moléstias profissionais. Rio de Janeiro:
Edições Trabalhistas, 1990. p. 21.
(10) COSTA, Hertz J. Acidente do trabalho na atualidade. Porto Alegre: Síntese, 2003. p. 69.
(11) “A subitaneidade diz com a rapidez do acontecim ento o que não requer, contudo,
aparecimento instantâneo da lesão no organismo humano.” Cf. MAGANO, Octavio Bueno.
Lineam entos de infortunística. São Paulo: José Bushatsky, 1976. p. 31.
(12) “ Por exterioridade, entende-se a causa que não diz respeito à constituição orgânica da
vítima. Realmente, a maioria dos sinistros são causados por força lesiva estranha à vítima,
a saber, máquinas, ferramentas etc.” MAGANO, Octavio Bueno. Lineam entos de infortunística.
São Paulo: José Bushatsky, 1976. p. 31.
(13) RUSSOMANO, Mozart Victor. Curso de previdência social. Rio de Janeiro: Forense,
1983. p. 350.
(14) COSTA, Hertz J. A cidente do trabalho na atualidade. Porto Alegre: Síntese, 2003. p. 74.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 49
(15) Antônio Lopes M onteiro e Roberto Fieury de Souza Bertagni assinalam que tecnicamente
não se pode utilizar como sinônimos “nexo causal” e “nexo etiológico” . O primeiro é mais
abrangente, pois inclui a concausalidade e os casos de agravamento. Já o segundo é o que
origina ou desencadeia o dano laboral, sendo, portanto, mais restrito. Cf. A cidentes do
trabalho e doenças ocupacionais. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 16.
(16) MAGANO, Octavio Bueno. Lineam entos de infortunística. São Paulo: José Bushatsky,
1976. p. 33.
(17) Lei n. 8.213, 24 jul. 1991, art. 20, § 1Q, alínea c.
(18) OPTIZ, Oswaldo; OPTIZ, Sílvia C. B. A cidentes do trabalho e doenças profissionais. 3.
ed. São Paulo: Saraiva, 1988. p. 16.
(19) Cf. Anexo da Portaria MPAS n. 5.817, de 06 out. 1999 que instituiu o M anual de
Instruções para Preenchimento da CAT.
50 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(24) “As doenças ocupacionais são aquelas deflagradas em virtude da atividade laborativa
desem penhada pelo indivíduo. Valendo-nos do conceito oferecido por Stephanes, são as
que ‘resultam de constante exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, ou mesmo de
uso inadequado de novos recursos tecnológicos, como os da inform ática’. Dividem-se em
doenças profissionais e do trabalho.” CASTRO, Carlos Alberto Pereira; LAZZARI, João Batista.
Manual de direito previdenciário. 11. ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2009. p. 544.
(25) BRANDIMILLER, Primo A. Perícia ju d ic ia l em acidentes do trabalho. São Paulo: SENAC,
1996. p. 148.
(26) Decreto n. 3.048, de 6 maio 1999.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 53
(27) O médico do trabalho Primo A. Brandimiller assevera que “o mais razoável é deixar de
lado estas conceituações form alm ente defeituosas e ater-se aos princípios e ao sentido
geral da legislação acidentária que, a propósito, nunca conseguiu conceituar precisamente
os dois tipos de doenças a que se refere. A lei anterior referia-se à doença profissional ou
doença do trabalho com o sinônim os.” Para dem onstrar as sutilezas do enquadram ento
entre doenças profissionais e do trabalho, formula o seguinte exemplo: “Se o segurado é
jateador de areia e apresenta silicose, sendo o risco inerente à atividade, trata-se de doen
ça profissional. Se o silicótico é operador de em pilhadeira em uma cerâmica, trata-se de
doença do trabalho, por não ser o risco inerente à sua atividade de operador de em pilha
deira, mas decorrente das condições especiais em que esta é realizada.” Cf. Perícia ju d icia l
em acidentes do trabalho. São Paulo: SENAC, 1996. p. 152.
(28) MENDES, René. Conceito de patologia do trabalho. In :_________. Patologia do trabalho.
2. ed. São Paulo: Atheneu, 2003. v. 1. p. 56.
54 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
a) a doença degenerativa;
(29) Asseveram Irineu Pedrotti e W illiam Pedrotti: “Não constando a doença profissional ou
do trabalho do Anexo II, mas comprovado que ela resultou de condições especiais em que
o trabalho é executado, e com ele se relacione diretam ente, configura-se o acidente do
trabalho. O Anexo é meramente exemplificativo e não exaustivo e as lesões dele excluídas
são reparáveis quando seguram ente dem onstrada a natureza redutora da capacidade de
trabalho do segurado.” Cf. Acidentes do trabalho. 4. ed. São Paulo: Liv. e Ed. Universitária
de Direito, 2003. p. 109.
(30) Cf. Revista Proteção, v. XII, n. 94, p. 48, 1999.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 55
(31) Exemplos colhidos da obra do médico do trabalho Primo A. Brandimiller, Perícia ju d icia l
em acidentes do trabalho. São Paulo: SENAC, 1996. p. 155.
(32) BRANDIMILLER, Primo A. Perícia ju d icia l em acidentes e doenças ocupacionais. São
Paulo: SENAC, 1996. p. 155-156.
(33) Segundo o M anual de P rocedim entos para os S erviços de S aúde elaborado pelo
M inistério da Saúde em 2001, “a anam nese ocupacional faz parte da entrevista médica,
que com preende a história clínica atual, a investigação sobre os diversos sistem as ou
aparelhos, os antecedentes pessoais e fam iliares, a história ocupacional, hábitos e estilo
de vida, o exame físico e a propedêutica com plem entar.” Cf. MINISTÉRIO DA SAÚDE DO
BRASIL. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de
saúde. Org. DIAS, Elizabeth Costa. Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2001. p. 30.
56 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
2.5. Concausas
1 — o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja
contribuído diretamente para a morte do segurado, para a redução ou perda da sua
capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua
recuperação;”
(38) MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do trabalho
e doenças ocupacionais. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 19-20.
(39) Disponível em: < http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/2933/162/transito-
e-responsavei-por-m ais-de-40-m il-m ortes-no-brasil.htm l>. Acesso em: 11 out. 2012.
(40) Cf. Revista Proteção, v. XV, n. 123, p. 14, mar. 2002.
60 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
IV — o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
(...)
“Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para os efeitos desta Lei: (...)
IV — o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiado por esta
dentro de seus planos para melhor capacitação da mão de obra, independentemente
do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; (...)
(44) MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do trabalho
e doenças ocupacionais. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 21.
CAPÍTULO 3
(1) Estabelece o art. 129 da Lei n. 8.213/1991 que os litígios e medidas cautelares relativos
ao acidente do trabalho serão apreciados na via judicial mediante petição inicial instruída
pela prova da efetiva notificação do evento à Previdência Social, por meio de Comunicação
de Acidente do Trabalho — CAT.
(2) O form ulário da CAT e as respectivas instruções de preenchimento estão regulados pela
Portaria n. 5.817 de 06 outubro de 1999 e Ordem de Serviço INSS/DSS n. 621, de 5 de maio
de 1999. Mais recentemente o tem a foi tratado pela Instrução Normativa do INSS/PRES. n.
45, de 6 de agosto de 2010.
(3) A Instrução Normativa do INSS/PRES. n. 45, de 6 de agosto de 2010, prevê no art. 356:
“A C A T po derá ser re g istra d a em um a das APS ou pela Internet, no sítio e le trô n ico
<w w w .previdencia.gov.br>.”
•.DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 63
(4) Instrução Norm ativa do INSS/PRES. n. 45, de 6 de agosto de 2010, art. 358, IV. As
pessoas designadas no art. 336, § 3-, do RPS são: o próprio acidentado, seus dependentes,
a entidade sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública.
(5) Os sindicatos sempre reclamam de um certo preconceito ou desatenção por parte do
INSS, em relação às C om unicações de A cidentes do Trabalho por eles em itidas. Para
afastar essa suspeita, a Diretoria de Benefícios do INSS baixou o Memorando Circular n.
48, de 31 de outubro de 2005, esclarecendo aos setores internos que a CAT emitida pelo
Sindicato profissional da categoria não pode ser recusada, pois tem o mesmo valor probatório
daquela providenciada pela empresa.
(6) Lei n. 8.213, de 24 jul. 1991, art. 22, § 2Qou Decreto n. 3.048, de 06 maio 1999, art. 336,
§ 3Q. A Instrução Norm ativa do INSS/PRES n. 45/2010 relaciona, no art. 359, § 2Q, quais
são as autoridades que podem em itir a CAT: “ Para efeito do disposto no § 12 deste artigo,
64 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
Ora, não pode uma simples Ordem de Serviço, ato administrativo que é,
limitar ou restringir o alcance da lei. Assevera Hely Lopes Meirelles, em síntese
feliz: “Sendo o regulamento, na hierarquia das normas, ato inferior à lei, não a
pode contrariar, nem restringir ou ampliar suas disposições. Só lhe cabe
explicitar a lei, dentro dos limites por ela traçados, ou completá-la, fixando
critérios técnicos e procedim entos necessários para sua aplicação.”(s) É
oportuno registrar o magistério seguro de Oswaldo Aranha Bandeira de Mello
sobre o campo de abrangência do regulamento:
(8) MEIRELLES, Hely Lopes. Direito adm inistrativo brasileiro. 29. ed. São Paulo: Malheiros,
2004. p. 127.
(9) MELLO, Oswaldo Aranha Bandeira de. Princípios gerais de direito adm inistrativo. 2. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1979. p. 360.
66 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(10) Convenção n. 161 da OIT, art. 10. Esta Convenção, que trata dos “Serviços de Saúde
no Trabalho” , foi prom ulgada pelo Decreto n. 127 de 1991 e está em vigor no Brasil desde
18 de maio de 1991.
(11) Lei n. 8.213, de 24 jul. 1991, art. 23.
(12) Segundo dados do IBGE, relativos a setem bro de 2012, os trabalhadores com Carteira
de Trabalho assinada atingem apenas 54%. Dos extratos restantes, os que trabalham sem
In d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 67
carteira assinada (16%) mais os que atuam por conta própria (18% ) atingem 34% dos
trabalhadores. Sabemos, porém, que a grande maioria de trabalhadores enquadrados na
categoria “por conta própria” gravita em torno das empresas, praticam ente na condição de
empregados sem registro. Quando ocorre acidente no trabalho, para garantir a sobrevivência
durante a incapacidade, a vítim a pleiteia o registro com data retroativa, até porque muitos
ditos autônom os nem recolhem o INSS regularm ente. Tam bém o tom ador dos serviços
prefere “transferir o problema" para o INSS e assina a carteira até mesmo para “ajudar” o
acidentado.
(13) Código Penal, art. 297, § 3°.
(14) Decreto n. 3.048, de 6 maio 1999, art. 337.
68 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
A empresa, por sua vez, nem sempre se empenha para emitir a CAT
porque o enquadramento do evento como acidente do trabalho, além de gerar
a estabilidade provisória no emprego após a alta, quando o afastamento for
superior a 15 dias, acarreta a obrigação de depositar o FGTS no período de
afastamento. Ademais, a indenização por responsabilidade civil prevista no
art. 7-, XXVIII, da Constituição da República, exige a prévia caracterização
da ocorrência como acidente do trabalho, sendo este, provavelmente, o fato
mais preocupante para o empregador. É fácil concluir, portanto, que além da
subnotificação explícita, há uma outra mascarada, mais sutil, que reduz a
estatística dos acidentes do trabalho, mas sobrecarrega o desembolso dos
benefícios previdenciários.
(15) Cf. Instrução Normativa do INSS/PRES. n. 45, de 6 de ago. 2010, art. 350.
(16) “Entende-se como acidente de qualquer natureza ou causa aquele de origem traum ática
e por exposição a agentes exógenos (físicos, quím icos e biológicos), que acarrete lesão
corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda, ou a redução permanente ou
tem porária da capacidade laborativa.” Cf. Decreto n. 3.048, 6 maio 1999, art. 30, parágrafo
único.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 69
(17) Lei n. 8.213, de 24 jul. 1991, art. 21 -A, § 2S e Decreto n. 3.048, de 06 de maio 1999, art.
337, § 7a. No mesmo sentido, o art. 349 da Instrução Normativa INSS/PRES. n. 45, de 6 de
agosto de 2010.
(18) O INSS, que ainda detém o monopólio do seguro de acidente do trabalho, enquadra-se
juridicam ente como autarquia federal, vinculada ao Ministério da Previdência Social.
(19) Constituição da República, de 5 out. 1988. Art. 5a, Incisos XXXIV e LV.
(20) Lei n. 8.213, de 24 jul. 1991, art. 126: “Das decisões do Instituto Nacional do Seguro
S ocial — INSS nos p ro ce sso s de in te re sse dos b e n e ficiá rio s e dos co n trib u in te s da
S eguridade Social caberá recurso para o C onselho de Recursos da Previdência Social,
conforme dispuser o R egulam ento.”
70 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
Uma vez apresentado o recurso, novo exame do nexo causal será feito.
Se a conclusão for favorável ao segurado, comprovando o nexo, imediatamente
será concedido o direito postulado, ficando dispensado o pronunciamento da
Junta de Recursos; porém, se o parecer médico mantiver a decisão anterior,
o processo seguirá para julgamento na JRPS(23).
(21) O Regimento Interno do CRPS, que vigora atualmente, foi aprovado pela Portaria MPS
n. 323, de 27 de agosto de 2007.
(22) Tem sido aceito em algum as APS o pedido de revisão do nexo causal por simples
re q u e rim e n to do se g u ra d o , a n te s m esm o da in te rp o s iç ã o de re cu rso p ara a JR PS,
e s p e c ia lm e n te q u a n d o o s e g u ra d o a c re s c e n ta d o c u m e n to ou e xa m e c o n v in c e n te ,
oferecendo subsídios para o M édico-Perito reanalisar a conclusão anterior. Essa postura
tem suporte na garantia constitucional do direito de petição (art. 5S, XXXIV), tanto que a
Portaria n. 323 do MPS, de 27 de agosto de 2007, estabelece no art. 34 que: “O INSS pode,
em qualquer fase do processo, reconhecer expressam ente o direito do interessado e reformar
sua decisão, deixando de encam inhar o recurso à instância competente, ou, caso o recurso
esteja em andam ento perante o órgão julgador, será necessário com unicar-lhe sua nova
decisão, para fins de extinção do processo com apreciação do mérito, por reconhecimento
do pedido. Parágrafo único. Na hipótese de reforma parcial de decisão do INSS, o processo
terá seguimento em relação à questão objeto da controvérsia rem anescente.”
(23) Cf. Decreto n. 3.048, de 6 maio 1999, art. 305, § 3S.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 71
(24) Cf. Lei n. 9.784, de 29 jan. 1999, art. 38, bem como Portaria MPS n. 323, de 27 de ago.
2007, art. 37.
(25) Lei n. 9.784, de 29 jan. 1999, art. 38, § 2S.
(26) Decreto n. 3.048, de 6 de maio 1999. Art. 308, § 2° e Instrução Normativa INSS/PRES.
n. 45, de 6 ago. 2010, art. 636.
(27) Cf. Portaria MPS n. 323, de 27 de ago. 2007, art. 18.
(28) Lei n. 9.784, de 29 jan. 1999, art. 22.
(29) Cf. Decreto n. 3.048, de 6 maio de 1999, art. 305, § 3e e Portaria MPS n. 323, de 27 de
ago. 2007, art. 34.
72 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(35) Mensagem do Poder Executivo n. 285/1995, que encaminhou o Projeto de Lei n. 199
de 1995, com a E xposição de M otivos n. 021-AM PAS, assinada pelo M inistro R einhold
Stephanes, publicada no Diário do Congresso Nacional — Seção I, de 21 de abril de 1995,
p. 7002.
(36) Código de Processo Civil. Art. 50. “ Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas,
o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá
intervir no processo para assisti-la” . Parágrafo único. A assistência tem lugar em qualquer
74 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
mas até hoje os seus contornos e recortes teóricos não estão suficientemente
consolidados, de modo a proporcionar estabilidade e segurança para os
operadores jurídicos. Aliás, é oportuno mencionar que, a rigor, não se trata
de “indenização do direito com um ” , como asseveram muitos autores e
acórdãos, mas indenização fundada na Constituição da República. Nesse
sentido a advertência oportuna do civilista Sérgio Cavalieri:
(1) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010. p. 148.
(2) Assevera Maria Helena Diniz que “a responsabilidade civil é, indubitavelmente, um dos
tem as mais palpitantes e problem áticos da atualidade jurídica, ante sua surpreendente
e xpansão no d ire ito m oderno e seus reflexos nas a tivid a d e s hum anas, co n tra tu a is e
extracontratuais, e no prodigioso avanço tecnológico, que im pulsiona o progresso material,
gerador de utilidades e de enormes perigos à integridade da vida humana” . Cf. Curso de
direito civil brasileiro. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v, 7, p. 3.
In d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 79
(3) DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
v. 1, p. 3.
(4) DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
v. 7, p. 35.
(5) PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 29.
(6) DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
v. 1, p. 42.
(7) O Código Criminal do Brasil, de 1830, já estabelecia regras importantes sobre a reparação
do dano: “Art. 21. O delinqüente satisfará o dano que causar com o delito. Art. 22. A satisfação
será sempre a mais com pleta que for possível e, no caso de dúvida, a favor do ofendido.
Para esse fim, o mal que resulta à pessoa do ofendido será avaliado em todas as suas
partes e conseqüências” . Cf. DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1995. v.1, p. 22.
80 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
“Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-io, excede
manifestamente os limites impostos peio seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costum es.”
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo (...)”
(8) DIREITO, Carios A lberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Com entários ao novo
Código Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. XIII, p. 48.
In d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 81
vez que somente nas hipóteses de culpa grave comprovada é que caberia a
indenização por responsabilidade civil, acum ulada com os benefícios
acidentários.
“ Em enta: A cid ente do trabalho . Indenização de d ireito com um . Súm ula 229.
Perm anece válida a S úm ula 229, ainda sob a vigência da legislação acidentária
p o s te rio r à q u e la da su a fo rm u la ç ã o e re fe rê n c ia . R e cu rso e x tra o rd in á rio não
conhecido.” STF. 1ã Turma. RE n. 92.093/SP, Rei.: Ministro Rafael Mayer, DJ 19 fev.
1982.
(10) Cf. CONGRESSO NACIONAL. Diário da Assem bleia Nacional Constituinte de 26 fev.
1988, p. 7.673.
84 S e b a s t iã o G er ald o de O l iv e ir a
(17) CRETELLA JÚNIOR, José. Comentários à Constituição brasileira de 1988. 2. ed. Rio
de Janeiro: Forense Universitária, 1991. v .2, p. 1019.
(18) SAAD, Teresinha L. P. A indenização devida ao acidentado do trabalho. Revista de
Previdência Social, São Paulo, v. 20, n. 183, p. 111, 1996.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 87
2. Teresinha Lorena Saad: “A indenização civil nada tem que ver com os
benefícios acidentários, conforme os seguintes fundamentos da referida
Turma Especial do TJSP — Uniformização de jurisprudência (Ap. 38.705-
1, Turma Especial da 1ã Seção Civil, julgado em 19.10.84 — Rei.: Des.
Alves Braga). ‘Houve, sem dúvida, uma socialização do risco por acidente
do trabalho, embora com participação maior do empregador. E nessa
socialização, tam bém o próprio acidentado participa do rateio do
respectivo custeio... O que é exclusivo do em pregador é apenas o
acréscimo necessário para a cobertura dos danos, segundo os cálculos
atuariais. E de todos os empregadores do país, e não apenas daquele
cujo empregado vier a sofrer o acidente. Entram na composição do
m ontante necessário para custear os encargos respeitantes aos
acidentes do trabalho, como é clara a disposição legal, também as
contribuições previdenciárias a cargo da União (coletividade), da empresa
(todos os empregadores) e do segurado (de todos os segurados e não
apenas do acidentado), o que dá bem a ideia da socialização do risco.
Os benefícios cobertos com participação tão ampla não podem ser
invocados pelo empregador quando de sua eventual responsabilidade
civil perante o acidentado’.
Esses argumentos colhidos na jurisprudência de São Paulo são extre
mamente importantes para o deslinde da controvérsia, pois, a nosso
ver, neles reside a resposta fundamental ao tema.
(19) LOPES, Miguel Maria da Serpa. Curso de direito civil. 5. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:
Freitas Bastos, 1989. v. II: Obrigações em geral, p. 386 e 387.
(20) SAAD, Teresinha Lorena Pohlmann. Responsabilidade civil da empresa nos acidentes
do tra b a lh o : c o m p a tib ilid a d e da in d e n iz a ç ã o a c id e n tá ria com a de D ire ito C om um ,
Constituição de 1988 — art. 7- , XXVIII. 3. ed. São Paulo: LTr, 1999. p. 242-243.
90 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
(21) AM ORIM , S ebastião Luiz; OLIVEIRA, José de. R esponsabilidade civil: acidente do
trabalho: indenização acidentária do direito comum: comentários, jurisprudências, casuística:
interpretação jurisprudencial. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 434.
(22) G O NÇALVES, C arlos Roberto. R esponsabilidade civil. 14. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 569-570.
(23) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2011. p. 714-715.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 91
(24) RIZZARDO, Arnaldo. R esponsabilidade civil: Lei n. 10.406, de 10.1.2002. Rio de Janeiro:
Forense, 2005. p. 908.
(25) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 158.
92 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
Civil. Ainda assim, é de se verificar que decisão que não reconhece a possibilidade
de cum ulação entre o benefício p revidenciário (seguro por acidente de trabalho)
cumulado com a indenização pelo pagamento de pensão ao empregado acidentado,
viola a literalidade do art. 7-, XXVIII, da Constituição Federal que dá suporte ao direito
instituído na norm a legal, quando assegura seguro contra acidentes de trabalho, a
cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
incorrer em dolo ou culpa. Correta a decisão da c. Turma do TST que, apreciando o
tem a, reconhece v io la ç ã o lite ra l do art. 7-, X X V III, da C arta M agna. E m bargos
conhecidos e desprovidos.” TST. SDI-1. E-ED-RR n. 31840-88.2006.5.05.0281, Rei.:
Ministro Aloysio Corrêa da Veiga, DJ 17 ago. 2012.
civil atribuída ao empregador. Além dos fundamentos legais (art. 7-, XXVIII,
da Constituição de 1988 e art. 121 da Lei n. 8.213/1991), a controvérsia está
solucionada no Supremo Tribunal Federal por intermédio da Súmula n. 229.
Ademais, este entendimento está uniformemente pacificado na doutrina mais
autorizada a respeito e na torrencial jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça e dos Tribunais de Justiça dos Estados e mais recentemente no Tribunal
Superior do Trabalho.
(27) Há autores que defendem, com argum entos atraentes, a existência de uma cláusula
contratual implícita que garante a incolumidade do empregado, como, por exemplo, o Juiz
do Trabalho José Cairo Júnior na dissertação de mestrado publicada em 2003, com o título
O a c id e n te do tra b a lh o e a re s p o n s a b ilid a d e c iv il do em p re g ad o r, p ela LTr E ditora.
Entendemos, todavia, que a tentativa de adoção da responsabilidade contratual foi uma
etapa para facilitar a prova da culpa por parte da vítim a, im aginando-se uma obrigação
im plícita de seguridade, com o ocorre no contrato de tra n sp o rte s. Da culpa subjetiva,
imaginou-se avançar para a culpa contratual presumida. No entanto, o progresso da teoria
objetiva ou do risco m o stro u -se m ais efica z p ara a p ro te çã o da v ítim a , p o rq u a n to o
pressuposto da culpa fica definitivam ente dispensado, bastando, para gerar a indenização,
a presença do dano e do nexo causal. Por outro lado, se prevalecer o entendim ento da
responsabilidade subjetiva, aquele entendim ento poderá prosperar.
(28) STRENGER, Irineu. R esponsabilidade civil no direito interno e internacional. 2. ed. São
Paulo: LTr, 2000. p. 56.
(29) A questão do cabimento ou não da responsabilidade civil objetiva do empregador com
relação ao acidente do trabalho será tratada no Capítulo 5.
96 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
“ Enunciado 451 — Arts. 932 e 933: A responsabilidade civil por ato de terceiro funda-
-se na responsabilidade objetiva ou independente de culpa, estando superado o
modelo de culpa presum ida” .
que entre eles haja um contrato de trabalho. Bastará que entre eles exista
um vínculo hierárquico de subordinação.”(30)
(30) DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 7, p.
518.
(31) Conferir dentre outros os REsp ns. 304.673/SP, 284.586/RJ e 200.831/RJ.
(32) “R esponsabilidade civil. A to do preposto. Culpa reconhecida. R esponsabilidade do
em pregador, (art. 1.521, inciso III, CC/16; art. 932, inciso III, CC/2002). A to praticado fora
do horário de serviço e contra as ordens do patrão. Irrelevância. A ção que se relaciona
funcionalm ente com o trabalho desempenhado. Morte do esposo e p a i dos autores. Culpa
concorrente. Indenizações p o r danos materiais e morais devidas. 1. A responsabilidade do
em pregador depende da apreciação quanto à responsabilidade antecedente do preposto
no dano causado — que é subjetiva — e a responsabilidade conseqüente do preponente,
que independe de culpa, observada a exigência de o preposto estar no exercício do trabalho
ou o fato ter ocorrido em razão dele. 2. Tanto em casos regidos pelo Código Civil de 1916
quanto nos regidos pelo Código Civil de 2002, responde o empregador pelo ato ilícito do
preposto se este, embora não estando efetivam ente no exercício do labor que lhe foi confiado
ou mesmo fora do horário de trabalho, vale-se das circunstâncias propiciadas pelo trabalho
para agir, se de tais circunstâncias resultou fa cilita çã o ou auxílio, ainda que de form a
incidental, local ou cronológica, à ação do empregado. 3. No caso, o preposto teve acesso
à máquina retroescavadeira — que foi má utilizada para transportar a vítim a em sua “concha”
— em ra zão da fu n çã o de ca se iro que d e s e m p e n h a v a no sítio de p ro p rie d a d e dos
e m p re g ad o re s, no qual a m e n cio n a d a m á q u in a e sta va d e p o sita d a , fic a n d o p o r isso
e v id e n c ia d o o lia m e fu n c io n a l e n tre o ilíc ito e o tra b a lh o p re s ta d o . 4. A d e m a is , a
jurisprudência sólida da Casa entende ser civilm ente responsável o proprietário de veículo
autom otor por danos gerados por quem lho tomou de form a consentida. Precedentes. 5.
Pela aplicação da teoria da guarda da coisa, a condição de guardião é im putada a quem
tem o com ando intelectual da coisa, não obstante não ostentar o com ando m aterial ou
m esm o na hip ótese de a coisa esta r sob a dete n çã o de outrem , com o o que ocorre
frequentem ente nas relações ente preposto e preponente. 6. Em razão da concorrência de
culpas, fixa-se a indenização por danos morais no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
bem com o pensionam ento m ensal em 1/3 do salário m ínim o vigente à época de cada
pagamento, sendo devido desde o evento danoso até a data em que a vítim a completaria
65 (sessenta e cinco) anos de idade. 7. Recurso especial conhecido e provido.” STJ. 4-
Turma. REsp n. 1072577/PR, Rei.: Ministro Luis Felipe Salomão, DJ 26 abr. 2012.
100 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
“Responsabilidade civil. Furto praticado em decorrência de inform ações obtidas pelo preposto
p o r ocasião do seu trabalho. Responsabilidade solidária do empregador. — O em pregador
responde civilm ente pelos atos ilícitos praticados p o r seus prepostos (Art. 1.521 do C C B /
1916 e Súmula n. 341/STF). — Responde o preponente, se o preposto, ao executar serviços
de dedetização, penetra residência aproveitando-se para conhecer os locais de acesso e
fuga, para — no dia seguinte — furtar vários bens. — A expressão ‘por ocasião dele’ (Art.
1.521, III, do Código Beviláqua) pode alcançar situações em que a prática do ilícito pelo
em pregado ocorre fora do local de serviço ou da jornada de trabalho. — Se o ilícito foi
facilitado pelo acesso do preposto à residência, em função de serviços executados, há
relação causal entre a função exercida e os danos. Deve o empregador, portanto, responder
pelos atos do empregado.” STJ. 3® Turma. REsp n. 623.040/MG, Rei.: Ministro Humberto
Gomes de Barros, DJ 4 dez. 2006.
(33) C AVALIERI FILHO, Sergio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 217.
INDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 101
de seus empregados ou prepostos, conforme previsto nos arts. 932, III e 933. Assim,
restando comprovado que o acidente fatal foi causado por empregado da reclamada
que n u m a a titu d e in c o n s e q ü e n te , a títu lo de s im p le s b rin c a d e ira , d e s lo c a a
carregadeira que se encontra sob sua direção sobre colegas de trabalho, causando
a morte imediata de um deles por decapitação, é imperioso deferir a responsabilidade
civil da em presa pela indenização postulada pelos dependentes da vítim a.” Minas
Gerais. TRT 38 Região. 2- Turma. RO n. 00642-2008-091-03-00-0, Rei.: Des. Sebastião
Geraldo de Oliveira, DJ 3 jul. 2009.(34)
(34) Essa decisão foi mantida pelo Colendo TST em julgam ento da 4 - Turma, ocorrido no
z.a 23 de março de 2011, quando atuou como Relator o Ministro Fernando Ono. O Recurso
za Embargos interposto pela reclamada para a SBDI-I do TST, julgado no dia 1a de dezembro
de 2011, não foi conhecido, conforme acórdão relatado pelo Ministro José Roberto Freire
Pimenta. Cf. Processo E-RR n. 64200-50-2008.5.03.0091.
(35) Código Civil. Art. 934. “Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o
que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente
seu, absoluta ou relativamente incapaz.”
102 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
A dinâmica dos fatos desafia o aplicador da lei para decidir casos novos,
muitas vezes com regras antigas, mas sempre com apoio nos princípios
gerais, que permitem amoldar os comandos normativos às contingências de
cada época. Para os novos problemas da realidade atual, é preciso buscar
também soluções inovadoras, sob pena de se apegar às regras fossilizadas
de épocas passadas. Nesse sentido, é oportuno o ensinamento de Vicente
Ráo: “Por força de necessidades novas, novas regras são necessárias para
a solução dos problemas do nosso tempo. Transforma-se, pois, o Direito, no
sentido da maior extensão do seu poder normativo, mas, semelhante extensão
não destrói, antes, confirma, dia a dia, a generalidade e a universalidade dos
princípios gerais.”(36)
A ciência jurídica não pretende — e nem consegue — deter a fluência
dos fatos econômicos, mas tem por objetivo assegurar um sentido de justiça
(36) RÁO, Vicente. O Direito e a vida dos direitos. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
1991. v.1, p. 22.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 103
O princípio norteador, cada vez mais aceito, proclama que aquele que
se beneficia do serviço deve arcar, direta ou indiretamente, com todas as
obrigações decorrentes da sua prestação. Nada mais justo, porquanto quem
usufrui dos bônus deve suportar os ônus, como assevera a antiga parêmia
“qui habet commoda, ferre debet onera”. Nessa linha de pensamento foram
editadas várias normas legais, com o propósito de reforçar a garantia para os
empregados das empresas terceirizadas, tais como o art. 455 da CLT(37), o
art. 16 da Lei n. 6.019/1974, que trata do trabalho temporário(38), e o art. 82 da
Convenção 167 da Organização Internacional do Trabalho(39). Em período
mais recente a Lei n. 12.023/2009, que “dispõe sobre as atividades de movi
mentação de mercadorias em geral e sobre o trabalho avulso”, estabeleceu:
“Art. 8- As em presas tom adoras do trabalho avulso respondem solidariam ente pela
efetiva rem uneração do trabalho contratado e são responsáveis pelo recolhim ento
dos encargos fiscais e sociais, bem como das contribuições ou de outras importâncias
de vidas à S e g u rid a d e S ocial, no lim ite do uso que fize re m do tra b a lh o avulso
interm ediado pelo sindicato.
Art. 9a As empresas tom adoras do trabalho avulso são responsáveis pelo fornecim ento
dos Equipamentos de Proteção Individual e por zelar pelo cumprimento das normas
de segurança no trabalho” .
37) CLT, art. 455: “ Nos contratos de subem preitada responderá o subem preiteiro pelas
o b rig a çõ e s d e riv a d a s do c o n tra to de tra b a lh o que c e le b ra r, c a b e n d o , to d a v ia , aos
empregados, o direito de reclam ação contra o em preiteiro principal pelo inadim plem ento
daquelas obrigações por parte do primeiro. Parágrafo único. Ao em preiteiro principal fica
ressalvada, nos termos da lei civil, ação regressiva contra o subem preiteiro e a retenção de
Importâncias a este devidas, para a garantia das obrigações previstas neste artigo.”
38) Lei n. 6.019, de 3 jan. 1974, art. 16: “No caso de falência da empresa de trabalho
temporário, a em presa tom adora ou cliente é solidariam ente responsável pelo recolhimento
das contribuições previdenciárias, no tocante ao tem po em que o trabalhador esteve sob
suas ordens, assim como em referência ao mesmo período, pela remuneração e indenização
previstas nesta Lei.”
39) OIT. Convenção 167, art. 8a: “Quando dois ou mais empregadores estiverem realizando
atividades sim ultaneam ente na mesma obra: a) a coordenação das medidas prescritas em
matéria de segurança e saúde e, na medida em que for compatível com a legislação nacional,
a responsabilidade de zelar pelo cum prim ento efetivo de tais m edidas recairá sobre o
empreiteiro principal ou sobre outra pessoa ou organism o que estiver exercendo controle
efetivo ou tive r a principal responsabilidade pelo conjunto de atividades na obra;” . Esta
Convenção entrou em vigor no Brasil em 19 de maio de 2007. A ratificação ocorreu pelo
Decreto Legislativo n. 61/2006 e prom ulgação pelo Decreto n. 6.271, de 22 nov. 2007.
104 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(40) A Lei n. 8.212/1991, que dispõe sobre a organização e custeio da Seguridade Social,
também estabelece a responsabilidade dos tom adores de serviços nos arts. 30 e 31, com o
propósito de garantir o recolhim ento da contribuição previdenciária.
106 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(41) C a be m e n c io n a r um a e x c e ç ã o à re g ra m e n c io n a d a , a d o ta d a p e la O rie n ta ç ã o
Jurisprudencial n. 191 da SBDI-I do Colendo TST: “ Contrato de empreitada. Dono da obra
de construção civil. Responsabilidade. Diante da inexistência de previsão legal específica,
o contrato de em preitada de construção civil entre o dono da obra e o em preiteiro não
enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas
pelo empreiteiro, salvo sendo o dono da obra uma em presa construtora ou incorporadora.”
Cumpre ressaltar que esse entendim ento excepcional só é aplicável quando se contrata
efetivam ente obras de construção civil e não nos casos de simples terceirização de serviços
da em presa tomadora.
■•DEN1ZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 107
condutas de duas ou mais pessoas concorrem efetivam ente para o evento, gerando
responsabilidade solidária, conform e artigo 1518 do anterior Código Civil. Cada um
dos agentes que concorre adequadam ente para o evento é considerado pessoal
mente causador do dano e obrigado a indenizar. A omissão do empreiteiro em fornecer
material de proteção ao trabalhador, e a do dono da obra ao não propiciar ambiente
de trabalho seguro, torna ambos solidariamente responsáveis pela indenização infor
tunística.” Rio de Janeiro. TJRJ. 2 - Câm. Cível, Apelação n. 2004.001.05250, Rei.:
Des. Sérgio Cavalieri Filho, julgada em 05 maio 2004.
(42) Código Civil, art. 942: “Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de
outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor,
todos responderão solidariam ente pela reparação. Parágrafo único. São solidariam ente
responsáveis com os autores, os coautores e as pessoas designadas no art. 932.”
(43) Código Civil, art. 275.
108 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
ACIDENTE DO TRABALHO E
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
(1) MORAES, M aria Celina Bodin de. Risco, solidariedade e responsabilidade objetiva.
Revista RT, São Paulo, v. 854, p. 22, dez. 2006.
110 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
o fato concreto, colocado em pauta para incômodo dos juristas, era o dano
consumado e o lesado ao desamparo... Pouco a pouco, o instrumental da
ciência jurídica começou a vislumbrar nova alternativa para acudir as vítimas
dos infortúnios. Ao lado da teoria subjetiva, dependente da culpa comprovada,
desenvolveu-se a teoria do risco ou da responsabilidade objetiva, segundo a
qual basta o autor demonstrar o dano e a relação de causalidade, para o
deferimento da indenização. Em outras palavras, os riscos da atividade, em
sentido amplo, devem ser suportados por quem dela se beneficia.
Aponta Caio Mário que a proposição originária da doutrina objetiva surge
em 1897 quando Raymond Saleilles publica estudo especializado intitulado
“Les Accidents de TravaiI et Ia Responsabilité Civile — Essai d ’une théorie
objective de Ia responsabilité delictuelle.”{2) Mais tarde, o Professor de Direito
Civil da Faculdade de Lyon, Louis Josserand, defende abertamente a teoria
objetiva, asseverando que a causa da constante evolução da responsabilidade
“deve ser procurada na multiplicidade de acidentes, no caráter cada vez mais
perigoso da vida contemporânea; (...) multiplicam-se os acidentes, muitos
permanecem anônimos e sua causa verdadeira fica desconhecida.”(3) Em
outro trecho, Josserand deixa transparecer sua desconfortável inquietação:
“Quando um acidente sobrevêm, em que à vítima nada se pode censurar, por
haver desempenhado um papel passivo e inerte, sentimos instintivamente
que lhe é devida uma reparação; precisamos que ela a obtenha, sem o que
nos sentiremos presos de um mal-estar moral, de um sentimento de revolta;
vai-se a paz da nossa alma.”(4)
No B ra sil v á rio s a u to re s a p ro fu n d a ra m e s tu d o s no te m a da
responsabilidade objetiva, valendo citar o Professor Alvino Lima, que, em 1938,
defendeu tese para concorrer à cátedra de Direito Civil, perante a Faculdade
de Direito de São Paulo, intitulada “Da culpa ao risco”, posteriormente publicada
com o título Culpa e Risco(5). Anos mais tarde, o notável Professor Wilson
Melo da Silva apresentou tese perante a Faculdade de Direito da Universidade
Federal de Minas Gerais, defendendo ardorosamente a corrente objetivista,
com o título “Responsabilidade sem Culpa”(6). De grande relevo também as
posições dos mestres José de Aguiar Dias e Caio Mário da Silva Pereira em
obras específicas a respeito da responsabilidade civil.
(2) PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p .16.
(3) JOSSERAND, Louis. Evolução da responsabilidade civil. Revista Forense, Rio de Janeiro,
v. 86, p. 549, jun. 1941.
(4) Ibidem, p. 550.
(5) LIMA, Alvino. Culpa e risco. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1963.
(6) SILVA, Wilson Melo da. Responsabilidade sem culpa. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1974.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 111
(7) PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 271.
(8) A pud DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1995. vol. 1, p. 69.
(9) PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 267.
(10) A pud PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2002. p. 18.
112 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
do trabalho que essa teoria surgiu e obteve maior aceitação dos juristas, tanto
que foi adotada sem grandes controvérsias no campo do seguro acidentário(11).
(11) “Tudo começou com uma dificuldade que parecia secundária: a da prova da culpa no
caso específico dos acidentes do trabalho. Para enfrentá-la, de início a jurisprudência e,
logo em seguida, o legislador francês criaram, como hipótese absolutamente excepcional,
uma regra de responsabilidade civil que independia da culpa. Foi o início de uma revolução.”
Cf. MORAES, M aria Celina Bodin de. Risco, solidariedade e responsabilidade objetiva.
Revista RT, São Paulo, v. 854, p. 35, dez. 2006.
(12) JO S S E R A N D , Louis. Evolução da responsabilidade civil. R evista Forense, Rio de
Janeiro, v. 86, p. 559, jun. 1941.
(13) P rincipais hipóte se s de re sp o n sa b ilid a d e o b je tiva p re vista s em leis esparsas: 1)
Responsabilidade das estradas de ferro, conforme Decreto n. 2.681, de 7 de dez. 1912; 2)
O seguro de acid ente do tra b a lh o , regulado a tu a lm e n te pela Lei n. 8 .213/1991; 3) A
indenização prevista pelo Seguro Obrigatório de responsabilidade civil para os proprietários
de veículos autom otores; 4) A indenização m encionada no art. 37, § 6Q, da Constituição da
República; 5) A reparação dos danos causados pelos que exploram a lavra, conform e o
Código de Mineração, no art. 47, III; 6) A reparação dos danos causados ao meio ambiente,
c o n fo rm e a rt. 2 2 5 , § 3 a, da C o n s titu iç ã o da R e p ú b lic a e Lei n. 6 .9 3 8 /1 9 8 1 ; 7) A
responsabilidade civil do transportador aéreo, conforme arts. 268 e 269 do Código Brasileiro
de Aeronáutica; 8) Os danos nucleares, conforme art. 21, XXIII, da Constituição da República;
9) O Código de Defesa e Proteção do Consumidor, em diversos artigos.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 113
Vale dizer, a propósito, que não faz sentido a norma ambiental proteger
todos os seres vivos e deixar apenas o trabalhador, o produtor direto dos
oens de consumo, que, muitas vezes, consome-se no processo produtivo,
sem a proteção legal adequada. Ora, não se pode esquecer — apesar de
óbvio, deve ser dito — que o trabalhador também faz parte da população e é
um terceiro em relação ao empregador poluidor. Além disso, não há dúvida
de que o ruído, a poeira, os gases e vapores, os resíduos, os agentes
oiológicos e vários produtos químicos degradam a qualidade do ambiente de
rabalho, gerando conseqüências nefastas para a saúde do empregado.
É curioso constatar que o Direito Ambiental tem mais receptividade na
sociedade e nos meios jurídicos, quando comparado com a proteção jurídica
a saúde do trabalhador. O seu prestígio é tamanho que praticamente ninguém
defende a sua flexibilização, como vem ocorrendo com os direitos trabalhistas.
E provável que a explicação para essa diversidade de tratamento resida no
fato de que o Direito Ambiental leva em conta o risco de exclusão do futuro de
:odos, enquanto o direito à saúde ocupacional só compreende a categoria
dos trabalhadores. Por outro lado, o inconformismo do vizinho, do cidadão ou
de qualquer do povo, que luta para preservar boas condições ambientais, é
de mais fácil manifestação, se comparado com o do empregado que luta para
manter sua fonte de sobrevivência e qualquer reclamação pode atrair o
^antasma do desem prego. Em síntese, o Direito Am biental pretende a
“salvação” de todos, enquanto o direito à saúde do trabalhador só abrange os
oroblemas de alguns.
114 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
(14) ROCHA, Júlio César de Sá da. Direito am biental e m eio am biente do trabalho. São
Paulo: LTr, 1997. p. 67.
(15) SADY, João José. D ireito do meio ambiente do trabalho. São Paulo: LTr, 2000. p. 37.
' iDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 115
16) C AVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 156.
116 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(17) PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 270.
(18) C AVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 153-154.
(19) Ibidem, p. 154.
(20) BITTAR, Carlos Alberto. Responsabilidade civil nas atividades perigosas. In: CAHALI,
Yussef Said (Coord.). R esponsabilidade civil: doutrina e jurisprudência. São Paulo: Saraiva,
1988. p. 97.
NDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 117
(21) DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao novo
Código Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. XIII. p. 15.
(22) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 161.
(23) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 155.
(24) AGUIAR, Roger Silva. Responsabilidade civil — a culpa, o risco e o medo. São Paulo:
Atias, 2011. p. 220.
118 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(25) TEPEDINO, Gustavo. Temas de direito civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2001. p. 184.
(26) SERRA VIEIRA, Patrícia Ribeiro. A responsabilidade civil objetiva do direito de danos.
Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 158.
(27) DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio. 2. ed. Comentários ao
novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. XIII, p. 149.
■DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 119
(28) MORAES, M aria Celina Bodin de. Risco, solidariedade e responsabilidade objetiva.
Revista RT, São Paulo, v. 854, p. 25, dez. 2006.
(29) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2011. p. 719.
120 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
“Nem se diga, contudo, que o parágrafo único do art. 927 do novo Código
Civil é inconstitucional por suposta afronta à parte final do art. 1-, XXVIII,
da C o nstitu ição Federal. A m elhor exegese sistêm ica da ordem
constitucional garante legitimidade ao parágrafo único do art. 927 do novo
Código Civil, uma vez que o caput do art. 1- da Constituição Federal
assegura um rol de direitos mínimos sem prejuízo de outros que visam à
melhor condição social do trabalhador.”(32)
seguinte paradoxo: o em pregador, pela atividade exercida, responderia objetivam ente pelos
danos por si causados, mas, em relação a seus empregados, por causa de danos causados
justam ente pelo exercício da m esm a atividade que atraiu a responsabilização objetiva,
teria um direito a responder subjetivam ente... Desculpe-nos, mas é m uito para o nosso
fígado...” Responsabilidade civil nas relações de trabalho e o novo Código Civil brasileiro.
Revista LTr, São Paulo, v. 67, p. 563, maio 2003.
(34) SALIM, Adib Pereira Netto. A teoria do risco criado e a responsabilidade objetiva do
empregador em acidentes de trabalho. Revista LTr, São Paulo, v. 69, p. 461, abr. 2005.
(35) PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 275.
'.DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 123
“ In d e n iz a ç ã o p o r d a n o s m o ra is e m a te ria is — A c id e n te de tr a b a lh o —
R esp o n sab ilid ad e o bjetiva — A tivid ad e de risco — S erviço de v ig ilâ n c ia —
P o s s ib ilid a d e . 1. O art. 7 S, X X V III, da CF e s ta b e le c e co m o c o n d iç ã o para a
re spo nsa bilida d e do em p re g ad o r por danos m a te ria is ou m orais d e co rre nte s de
acidente de trabalho a existência de dolo ou culpa. Assim, a jurisprudência e doutrina
p re d o m in a n te s têm a firm a d o que a re s p o n s a b ilid a d e que se e x tra i do te x to
constitucional é de natureza subjetiva, a exigir, portanto, além do dano e do nexo de
causalidade, a dem onstração de culpa por parte do agressor. 2. O C ódigo Civil de
2002, em seu art. 927, parágrafo único, em homenagem à — teoria do risco criado — ,
prevê a possibilidade de se reconhecer a responsabilidade de natureza objetiva, ao
dispor que — haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a atividade norm alm ente desenvolvida pelo
a u to r do dano im p lica r, por sua n atureza, risco para os d ire ito s de outre m . 3.
Pessoalmente, entendo que, em matéria trabalhista, o direito positivo brasileiro alberga
tão som ente a teoria da responsabilidade subjetiva, diante do que expressam ente
preceitua o art. 1°, XXVIII, da CF, não havendo dúvidas de que a responsabilidade
civil do em pregador deve sempre derivar de culpa ou dolo do agente da lesão. Nesse
mesm o sentido, entendo que a teoria do risco criado não se aplica a hipóteses em
que o obreiro, no desenvolvim ento de suas atividades laborais, sofre, sem culpa ou
dolo do empregador, acidente/lesão decorrente de ação praticada por terceiro estranho
à relação empregatícia, pois, nessas situações, o — autor do dano — de que trata o
'JDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 125
parágrafo único do art. 927 do CC, a toda evidência, não é o empregador. Com efeito,
não havendo por parte do empregador nenhuma conduta com issiva ou omissiva, a
lesão não é passível de lhe ser imputada, pois ausente um dos elementos necessários
à caracterização da obrigação de reparar o dano, qual seja, o nexo causal. 4. Contudo,
tem a jurisprudência m ajoritária desta Corte se direcionado no sentido de considerar
que a teoria do risco criado tem aplicabilidade nas situações em que a atividade
d e s e n v o lv id a pelo e m p re g a d o r ve n h a a c a u s a r ao tra b a lh a d o r um risco m ais
acentuado do que aos demais membros da coletividade, como é o caso do serviço de
vigilância. 5. Aos que objetam cuidar-se de preceito inaplicável à esfera das relações
laborais, ante as condições contidas no art. 7S, XXVII, da CF, sustenta-se que a leitura
restritiva do texto constitucional contrariaria o próprio espírito da Carta, relativamente
aos direitos funda m e n ta is do trabalho, no que estabelece apenas um núcleo de
garantias essenciais que, por sua própria natureza, não pode excluir outros direitos
que venham a ser reconhecidos no plano da legislação infraconstitucional doméstica
(art. 7-, caput, da CF) ou mesmo no direito internacional (art. 59, § 3fi, da CF), consoante
o entendimento adotado em diversos precedentes do TST e dos quais guardo reserva,
exatam ente por inovarem na ordem jurídica. 6. Na hipótese dos autos, é incontroverso
que a Empregadora é em presa que atua na área de segurança privada, o que revela
a existência do pressuposto indicado no parágrafo único do art. 927 do CC, atraindo
a responsabilização objetiva. 7. Por conseguinte, à luz da teoria do risco criado, as
indenizações por danos morais e materiais decorrentes de disparo de arma de fogo
sofrido pelo Empregado, em seu labor como vigilante, impõe-se, independentemente
de culpa das Reclamadas, razão pela qual o acórdão regional merece ser reformado,
com o reconhecim ento das indenizações pleiteadas, o que implica a restituição da
sentença quanto a esse particular. Recurso de revista provido.” TST. 1- Turma. RR n.
90600-80.2007.5.15.0066, Rei.: Ministro Ives Gandra Martins Filho, DJ 4 maio 2012.
36) DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao novo
Zódigo Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. XIII, p. 150.
37) “A responsabilidade, fundada no risco, consiste, portanto, na obrigação de indenizar o
:ano produzido por atividade exercida no interesse do agente e sob o seu controle, sem
:u e haja qualquer indagação sobre o com portam ento do lesante, fixando-se no elemento
:ojetivo, isto é, na relação de causalidade entre o dano e a conduta do seu causador.” Cf.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro', responsabilidade civil. 21. ed. São
Daulo: Saraiva, 2007. v. 7, p. 51.
38) CLT — Art. 22: “C onsidera-se em pregador a em presa, individual ou coletiva, que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal
se serviço.”
39) AGUIAR, Roger Silva. Responsabilidade civil objetiva: do risco à solidariedade. São
-aulo: Atlas, 2007. p. 50.
128 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
Código Civil do México: Articulo 1913. Cuando una persona hace uso de mecanismos,
instrumentos, aparatos o substancias peligrosas por si mismos, por Ia velocidad que
desarrollen, por su naturaleza explosiva o inflamable, por Ia energia de Ia corriente
electrica que conduzcan o por otras causas analogas, está obligada a responder dei
dano que cause, aunque no obre ilicitamente, a no ser que dem uestre que ese dano
se produjo por culpa o negligencia inexcusable de Ia victima.
Código Civil de Portugal: Artigo 493®. 2. Quem causar danos a outrem no exercício
de uma actividade, perigosa por sua própria natureza ou pela natureza dos meios
utilizados, é ob rigado a repará-los, e xcepto se m ostrar que em pregou todas as
providências exigidas pelas circunstâncias com o fim de os prevenir.
(40) No original: “Chiunque cagiona danno ad altri nello svolgim ento di un’attività pericolosa,
per sua natura o per Ia natura dei mezzi adoperati, è tenuto al risarcimento se non prova di
avere adottato tutte le misure idonee a evitare il danno.”
•OENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 129
41) LOPES NETTO, André. Risco e perigo. Revista CIPA, São Paulo, v. XXVI, n. 311, p. 100,
out. 2005.
42) MAXIM ILIANO, Carlos. Herm enêutica e aplicação do direito. 9. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 1984. p. 109, 111.
130 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(43) G O NÇALVES, Carlos Roberto. R esponsabilidade civil. 14. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 241.
(44) SCHREIBER, Anderson. Novos paradigm as da responsabilidade civil: da erosão dos
filtros da reparação à diluição dos danos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 22.
(45) O jurista e filósofo Miguel Reale confessa que foi dele a sugestão de incluir no Código
Civil a responsabilidade civil de natureza objetiva, conforme redação do art. 927, parágrafo
único. Cf. História do novo Código Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 21.
(46) REALE, Miguel. História do novo Código Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.
p. 21.
(47) Ibidem, p. 235.
'.DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 131
^8) REIS, Clayton. A teoria do risco na modernidade — uma antevisão do futuro. In: LEITE,
Eduardo de Oliveira (Coord.). Grandes temas da atualidade — Responsabilidade civil. Rio
:3 Janeiro: Forense, 2006. v. 6, p. 70.
-9 ) Capítulo 5. Responsabilidade objectiva — Art. 5:101. Actividades anorm alm ente
oerigosas. (1) Aquele que exercer uma actividade anorm almente perigosa é responsável,
"dependentem ente de culpa, peios danos resultantes do risco típico dessa actividade. (2)
Jm a actividade é considerada anorm almente perigosa quando: a. cria um risco previsível e
rastante significativo de dano, mesm o com observância do cuidado devido, e b. não é
:ojecto de uso comum. (3) O risco de dano pode ser considerado significativo tendo em
:onsideração a gravidade ou a probabilidade do dano. (4) Este artigo não recebe aplicação
:om respeito a um a actividade e specificam ente sujeita ao regim e da responsabilidade
:ojectiva por uma outra disposição destes Princípios, da legislação nacional ou de uma
Convenção Internacional. Art. 5:102. Outras fontes de responsabilidade objectiva — (1)
As leis nacionais podem estabelecer outras categorias de responsabilidade objectiva por
actividades perigosas, mesmo que essas actividades não sejam anorm almente perigosas.
(2) Salvo se a lei nacional dispuser em sentido contrário, as disposições que estabelecem
jm a responsabilidade objectiva podem ser aplicadas analogicamente a situações de risco
:om parável. Disponível em: < http://www.egtl.org/publications.htm >. Acesso em: 28 dez. 2010.
132 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(50) PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 284.
•DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 133
“Enunciado 448 — Art. 927. A regra do art. 927, parágrafo único, segunda parte, do
CC aplica-se sempre que a atividade normalmente desenvolvida, mesmo sem defeito
e não essencialm ente perigosa, induza, por sua natureza, risco especial e diferenciado
aos direitos de outrem. São critérios de avaliação desse risco, entre outros, a estatística,
a prova técnica e as máximas de experiência.”
“Em enta: A cid ente do trabalho. C ulpa concorrente. T eoria do risco criado — É
cabível o deferim ento das indenizações por danos materiais e morais, quando, embora
o tra b a lh a d o r ten h a agido de m odo tem erário, a e m pregadora contribuiu para a
ocorrência do infortúnio, por não ter cumprido as determinações legais de segurança,
além de a natureza da atividade em si atrair a aplicação da teoria do risco criado, em
face da qual a reparação do dano é devida pela sim ples criação do risco.” Minas
G erais. T R T da 3 a R egião. 2 a T urm a. RO n. 0 0 5 1 4 0 0 -4 6 .2 0 0 8 .5 .0 3 .0 0 4 0 , Rei.:
Desembargador Sebastião Geraldo de Oliveira, DJ 11 fev. 2009.
(51) “Indenização p o r danos morais. A cidente de trabalho. Teoria do risco acentuado. Culpa
exclusiva da vítima. Matéria fática. Súmula 126/TST. O Tribunal de origem, com amparo nas
provas coligidas aos autos, afirmou que o acidente de trabalho ocorreu por culpa exclusiva
do e m p re g a d o . C om e s c o ra em ta l p re m is s a , re s ta a fa s ta d a a p o s s ib ilid a d e de
responsabilizar o empregador pelo infortúnio, condenando-o ao pagamento de indenização,
porque, ausente o nexo de causalidade, não se vislum bra liame, ainda que sob a ótica da
teoria do risco acentuado, albergada no art. 927, parágrafo único, do Código Civil, entre o
dano sofrido pelo obreiro e a atuação patronal. E ntendim ento contrário d em andaria o
reexam e de fatos e provas, p rovidência vedada em sede de recurso excepcional, nos
termos da Súmula 126 do TST.” TST. 3a Turma. Al RR n. 99502/2006-872-09-40, Rei.: Ministra
Rosa Maria W eber Candiota da Rosa, DJ 18. mar. 2008.
(52) PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 285.
‘ .DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 135
§ 1a O FAP consiste num multiplicador variável num intervalo contínuo de cinco décimos
(0,5000) a dois inteiros (2,0000), aplicado com quatro casas decimais, considerado o
critério de arredondamento na quarta casa decimal, a ser aplicado à respectiva alíquota.
S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
§ 4 q Os ín d ice s de fre q u ê n c ia , g ra v id a d e e c u s to se rã o c a lc u la d o s s e g u n d o
m etodologia aprovada pelo C onselho N acional de P revidência Social, levando-se
em conta:
III — para o índice de custo, os valores dos benefícios de natureza acidentária pagos
ou devidos pela Previdência Social, apurados da seguinte forma:
§ 6 2 O FAP pro d u zirá e fe ito s trib u tá rio s a p a rtir do p rim e iro dia do q u arto mês
subsequente ao de sua divulgação.
§ 8- Para a empresa constituída após janeiro de 2007, o FAP será calculado a partir
de 1s de janeiro do ano seguinte ao que com pletar dois anos de constituição.
(53) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2011. p. 714.
(54) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 463,
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 139
a) não tem natureza contratual (art. 757), já que deve ser cumprido
obrigatoriamente por força de lei;
b) não há pagamento de prêmio negociado (art. 757), mas simples
recolhimento de percentual adicional para o custeio dos benefícios, conforme
previsto na lei previdenciária;
c) não pode ser contratado com qualquer seguradora autorizada (art.
757, parágrafo único), uma vez que o seguro de acidente do trabalho ainda é
monopólio da Previdência Social;
d) não há apólice ou bilhete de seguro (art. 758), bastando a assinatura
da carteira de trabalho;
(58) Octavio Bueno Magano já assinalava, em obra de 1976, que “a prestação a cargo do
segurado perdeu a natureza de prêmio contraposto a risco assegurado, para converter-se
numa das parcelas das contribuições exigidas pelo Estado, para a manutenção do sistema de
seguros sociais.” Cf. Lineamentos de infortunística. São Paulo: José Bushatsky, 1976. p. 69.
142 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(59) Leciona Maria Celina Bodin: “A transform ação da responsabilidade civil em direção à
obje tivação corresponde a uma m udança so cio cu ltura l de s ig n ific a tiv a relevância que
continua a influenciar o direito civil neste início de século. Ela traduz a passagem do modelo
individualista-liberal de responsabilidade, com patível com a idelologia do Código Civil de
1916, para o chamado modelo solidarista, baseado na Constituição da República e agora
no Código Civil de 2002, fundado na atenção e no cuidado para com o lesado: questiona-
-se hoje se à vítima deva ser negado o direito ao ressarcimento e não mais, como outrora, se
há razões para que o autor do dano seja responsabilizado.” Cf. MORAES, M aria Celina
Bodin de. Risco, solidariedade e responsabilidade objetiva. Revista RT, São Paulo, v. 854,
p. 18, dez. 2006.
(60) THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2003. vol. III, t. II, p. XI.
•fflENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 143
(61) PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 267.
144 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
(62) DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao novo
Código Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. XIII, p. 40.
(63) GO NÇALVES, Carlos Roberto. R esponsabilidade civil. 14. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 420.
(64) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 165-166.
NDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 145
(65) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2011. p. 725.
(66) DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 21. ed. São
Paulo: Saraiva, 2007. v. 7. p. 12-13.
(67) T E P E D IN O , G ustavo. T em as de d ire ito civil. 2. ed. Rio de Ja n e iro : R enovar, 2001.
146 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
Para finalizar este capítulo, podemos esboçar uma síntese dos prováveis
rumos da responsabilidade civil, apontando dez tendências mais evidentes:
2. O réu indeniza pela ilicitude ou antiju- O réu indeniza pelo dano injusto, mesmo
rídicidade do seu ato quando decorrente de atividade lícita
3. O réu indeniza porque agiu com negli O réu indeniza porque criou a oportunida
gência, imperícia ou imprudência de ou a ocasião para o advento do dano
(1) GONÇALVES, Carlos Roberto. Comentários ao Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2003.
v. 11, p. 318.
(2) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas,
2012. p. 49.
152 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
Assim, uma vez constatado que o empregado foi vítima de algum acidente
ou doença cabe verificar em seguida o pressuposto do nexo causal, isto é,
se há uma relação de causa e efeito ou liame de causalidade entre tal evento
e a execução do contrato de trabalho. Se o vínculo causal for identificado,
então estaremos diante de um acidente do trabalho conforme previsto na
legislação; no entanto, se não for constatado, torna-se inviável discutir qualquer
indenização. Nesse sentido o art. 19 da Lei n. 8.213/1991 menciona que
“acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa.”
(3) CRUZ, Gisela Sampaio da. O problem a do nexo causal na responsabilidade civil. Rio de
Janeiro: Renovar, 2005. p. 4.
I é d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 153
4) Lei n. 8.213, de 24 ju l.1991 — “Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício
do trabalho a serviço da em presa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no
nciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
:ause a morte ou a perda ou redução, perm anente ou temporária, da capacidade para o
trabalho.” (...) “Art. 20. Consideram -se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior,
as seguintes entidades mórbidas: I — doença profissional, assim entendida a produzida ou
:esencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determ inada atividade e constante da
respectiva relação elaborada pelo M inistério do Trabalho e da Previdência Social; II —
:oença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da
'elação m encionada no inciso I.”
(5) Lei n. 8.213, de 24 jul. 1991 — “Art. 21. Equiparam-se tam bém ao acidente do trabalho,
para efeitos desta Lei: I — o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a
causa única, haja contribuído diretam ente para a m orte do segurado, para redução ou
oerda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica
para a sua recuperação.”
154 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
(6) Lei n. 8.213, de 24 jul. 1991 — “Art. 21. Equiparam-se tam bém ao acidente do trabalho,
para efeitos desta Lei: (...) II — o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do
trabalho, em consequência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorism o praticado por terceiro ou com panheiro de
trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por m otivo de disputa relacionada ao
trabalho;
c) ato de im prudência, de negligência ou de im perícia de terceiro ou de com panheiro de
trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabam ento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força
maior; (...)
IV — o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho:
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à em presa para lhe evitar prejuízo ou
proporcionar proveito;
c) em viagem a serviço da em presa, inclusive para estudo quando financiada por esta
dentro de seus planos para m elhor capacitação da mão de obra, independentem ente do
meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que
seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
§ 1- Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de
outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o em pregado é
considerado no exercício do trabalho.”
(7) Só não fica caracterizado como acidente do trabalho quando o evento for provocado
dolosam ente pelo próprio empregado, porque aquele que “lesa o próprio corpo ou a saúde,
ou agrava as conseqüências da lesão ou doença, com o intuito de haver indenização ou
valor de seguro”, comete crime de estelionato, conforme previsto no art. 171, § 2-, do Código
Penal. E naturalm ente q u a lquer com portam ento tip ifica d o com o crim e não pode gerar
benefício para o seu autor, ou como diz a antiga parêmia: ninguém pode beneficiar-se da
própria torpeza.
VDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 155
Ultim am ente, no entanto, tem -se observado uma tendência de fle xi
bilização dos pressupostos da responsabilidade civil, com o propósito de
aumentar a proteção das vítimas dos danos injustos. Em cuidadosa disserta
ção de mestrado, anotou na parte conclusiva a professora carioca Gisela
Sampaio:
(8) GONÇALES, Odonel Urbano. Manual de direito previdenciário. 10. ed. São Paulo: Atlas,
2002. p. 194.
156 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(9) CRUZ, Gisela Sampaio da. O problem a do nexo causal na responsabilidade civil. Rio de
Janeiro: Renovar, 2005. p. 347. Na apresentação desta obra, anota o civilista Gustavo
Tepedino: “Diante da inquietante proliferação dos fatores de risco, que se constituem em
potenciais causadores de danos no conturbado cenário da sociedade industrial e tecnológica,
afigura-se o nexo causal como o m aior problema da responsabilidade civil contem porânea.
(...) De fato, fala-se hoje, com certa frequência, de causalidade presum ida, causalidade
alternativa, causalidade flexível, causalidade elástica e outras tantas teorias que se voltam
à proteção da vítim a. A responsabilidade civil encontra-se, neste m om ento, diante de
verdadeira escolha de Sofia no que diz respeito ao nexo causal: se por um lado, não se
pode desconsiderar o nexo causal com o elem ento da responsabilidade civil, por outro,
exige-se, com fundam ento na nova ordem constitucional, uma maior proteção da vítim a do
dano injusto.”
(10) A redação proposta pela Medida Provisória n. 316, de 11 de agosto de 2006, era mais
incisiva quanto à inversão do ônus da prova em favor do acidentado. Vejam o texto original:
Art. 21-A. Presume-se caracterizada incapacidade acidentária quando estabelecido o nexo
técnico epidem iológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade
da empresa e a entidade m órbida m otivadora da incapacidade, em conform idade com o
que dispuser o regulam ento. Todavia, diante da forte reação em presarial e da polêm ica
instaurada (foram apresentadas 33 emendas), a bancada governista, quando da votação
na Câmara dos Deputados do Projeto de Lei de Conversão, negociou um texto intermediário
que re su lto u na reda çã o da Lei n. 1 1 .4 3 0 /2 0 0 6 , ou seja, c o n s a g ro u o nexo causal
epidem iológico, mas com algum as atenuantes.
«VDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 157
8. Para atender a tal mister, e por se tratar de presunção, matéria regulada por lei e
não por meio de regulamento, está-se presumindo o estabelecim ento do nexo entre o
trabalho e o agravo, e consequentem ente o evento será considerado como acidentário,
sempre que se verificar nexo técnico epidem iológico entre o ramo de atividade da
em presa e a entidade mórbida relacionada na CID motivadora da incapacidade.
9. Essa m etodologia está em basada na CID, que se encontra atualm ente na 10a
Revisão. Em cada processo de solicitação de benefício por incapacidade ju n to à
P re vid ê ncia S ocial, c o n sta o b rig a to ria m e n te o re g istro do d ia g n ó stico (C ID -10)
identificador do problem a de saúde que motivou a solicitação. Esse dado, que é
e x ig id o p a ra a c o n c e s s ã o de b e n e fíc io p o r in c a p a c id a d e la b o ra tiv a ,
independentemente de sua natureza acidentária ou previdenciária, e cujo registro é
de responsabilidade do médico que prestou o atendimento ao segurado, estabelece
a relação intrínseca entre a incapacidade laboral e a entidade mórbida que a provocou.
(11) Cf. Revista Proteção, Novo Hamburgo, Ano XX, n. 185, p. 34, maio 2007.
(12) Disponível em: <w w w .planalto.gov.br>.
158 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(13) O detalhamento quanto ao método de apuração do Nexo Técnico Epidemiológico foi feito
pelo Decreto regulamentar n. 6.042/2007, com os acréscimos dos Decretos ns. 6.957/2009 e
7.126/2010. Conferir também a Instrução Normativa INSS/PRES. n. 45, de 6 ago. 2010.
(14) Instrução Normativa INSS/PRES. n. 31, de 10 set. 2008, art. 6e, § 3g.
•DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 159
IV — os dados epidemiológicos;
V — a literatura atualizada;
(21) ALVIM, Agostinho. Da inexecução das obrigações e suas conseqüências. 4 ed. atual.
São Paulo: Saraiva, 1972. p. 341.
(22) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 62.
N d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 163
(25) MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do trabalho
e doenças ocupacionais. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 19-20.
(26) “ Indenização. D ano m aterial e moral. Doença profissional. R edução da capacidade
auditiva. Não obstante tenha a em pregadora, em determ inado m om ento do contrato de
trabalho, encaminhado a CAT ao INSS, que, em sua perícia médica, autorizou a concessão
do auxílio-acidente ao empregado, por certo período, estes fatos não elidem a conclusão
pericial, do perito do juízo, ratificada pelos assistentes das empresas reclamadas e dotada
de va lio so s subsídios, co m p ro va do s nos autos, de que a perda a u d itiva so frid a pelo
reclamante é preexistente à sua admissão na em presa e que no correr do longo tem po que
lhe prestou serviços, até sua aposentadoria proporcional por tem po de serviço e posterior
dispensa, não foi ag ravada em de co rrê ncia das condições em que os se rviços foram
prestados. Nesse contexto, embora presente o dano, ausentes o nexo causal e a culpa, que
dariam suporte à pretensão indenizatória m anifestada na exordial.” Minas Gerais. TRT 3a
Região. 3- Turma. RO n. 329-2006-088-03-00-7, Rei.: Des. César Pereira da Silva Machado
Júnior, DJ 28 abr. 2007.
(27) OPTIZ, Oswaldo; OPTIZ, Sílvia. Acidentes do trabalho e doenças profissionais. 3. ed.
São Paulo: Saraiva, 1988. p. 26.
In d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 165
ocupacional pode, em certas situações, ter mais de uma causa, sendo, inclusive e
eventualmente, uma intra e outra extraocupacional. Concausa significa a coexistência
de causas geratrizes de determ inada patologia. Segundo Houaiss, concausa é a
‘causa que se junta a outra preexistente para a produção de certo efeito’. Para fins de
fixação da responsabilidade empresarial, na concausa não se mede, necessariamente,
a extensão de uma e de outra causa, já que ambas se somam, se fundem, se agrupam
para desencadear a doença. Os reflexos, isto é, os fragmentos de cada causa podem
até atingir o horizonte do arbitramento do quantum indenizatório; dificilmente, porém,
o núcleo deflagrador e agravador da doença. A situação não é, por conseguinte, de
principalidade ou de acessoriedade, nem de anterioridade ou de posterioridade da
doença, mesmo porque a medicina não é uma ciência exata, que permita ao Médico,
sempre e sempre, um diagnóstico m ilim etricam ente preciso a esse respeito. O que
im porta efetivam ente, na esfera da responsabilidade trabalhista, é a existência ou
não de fa to re s re la c io n a d o s com o tra b a lh o , que te n h a m c o n trib u íd o p a ra o
desencadeam ento da doença ocupacional, mormente se se levar em consideração,
em casos difíceis, que o risco da atividade econômica é, intrínseca e extrinsecamente,
da empresa: seria como que um risco ao mesmo tempo econômico e social. Casos há
em que, para os operadores do Direito, a causa invisível se esconde por detrás da
causa visível, cabendo ao Perito a realização de exame meticuloso e a confecção de
laudo elucidativo, a fim de que se possa verificar, com segurança e com justiça, a
ocorrência do nexo de causalidade, que pode, com o assinalado, ser um nexo de
concausalidade. O juiz tem o comando do processo e a verdade real interessa com
igual intensidade a todos os ramos do processo, pouco importando se penal, trabalhista,
cível, mas ganha contornos significativos quando se trata de doença, cujas seqüelas
restringem ainda mais o já limitadíssim o mercado de trabalho, e, por consequência, o
acesso ao direito ao em prego, constitucionalm ente garantido. Logo o ju iz pode e
deve designar as perícias que entender necessárias, com fincas no art. 765 da CLT.
Se a empresa, por ação ou omissão, pratica ato ilícito de índole trabalhista de modo a
estabelecer a sua culpa, identificado o nexo etiológico entre as condições em que o
trabalho era executado e a doença ocupacional, aflora a sua responsabilidade pela
indenização trabalhista por danos morais, a ser fixada prudente e equitativam ente
pelo juiz, levando, inclusive, em consideração, o grau de culpa ondeada, naquilo e na
proporção em que for possível a apuração, por imputação direta à em pregadora.”
Minas Gerais. TRT 3a Região. 4a Turma. RO n. 01242-2005-035-03-00-0, Rei.: Des.
Luiz Otávio Linhares Renault, DJ 06 out. 2007.
(28) C AVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 51.
(29) MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de
procedimentos para os serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde do Brasil, 2001. p. 28.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o o u D oença O c u p a c io n a l 167
Categoria Exemplos
(30) THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2003. v. III, t. 2, p. 94.
168 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
(32) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 69.
(33) C ódigo Civil, art. 936: “O dono, ou detentor, do anim al ressarcirá o dano por este
causado, se não provar culpa da vítim a ou força m aior.”
(34) A hipótese de culpa concorrente será apreciada no item 7.8 do próximo Capítulo.
170 S e b a s t iã o G er ald o de O l iv e ir a
“Indenização por dano moral e patrimonial — Indevida quando com provada a culpa
exclusiva do em pregado — Comprovada nos autos a entrega e fiscalização do uso
de equipam entos individuais de segurança, bem como o fato do autor estar embriagado
no momento do acidente, não há que se falar em responsabilidade do empregador. O
acidente de trabalho ocorreu por exclusiva culpa do empregado, não fazendo jus à
indenização postulada.” Paraná. TRT 9a Região. 4a Turma. RO n. 99513-2006-661-
09-00, Rei.: Sérgio Murilo Rodrigues Lemos, DJ 30 maio 2006.
conclui-se que o falecim ento de seu em pregado atingido na sua área de proteção
vitim ado por raio é acontecim ento trágico, imprevisível e inevitável, puro evento de
origem natural, estando, assim, excludente de encargo in denizatório.” São Paulo.
STACivSP. 10- Câm. Apelação com revisão n. 577.478-00/0, Rei.: Juiz Marcos Martins,
julgado em 20 set. 2000.
36) Assevera, com propriedade, Judith Martins-Costa que: “Toda inevitabilidade é relativa,
no tempo e no espaço (...). É preciso ver a pessoa e o evento, porém, não abstratamente, mas
situadamente, em relação ao tempo e ao espaço, ao seu ambiente ou contexto. Daí a importante
consciência do tempo em que vivemos, tempo que não é ‘unânime’, mas plurifacetado, como
plurifacetada é a sociedade contem porânea.” In: C om entários ao novo C ódigo Civil: do
ínadimplemento das obrigações. Rio de Janeiro: Forense, 2003. v. V, t. II, p. 205.
37) A professora Judith Martins-Costa, ao com entar o art. 393 do novo Código Civil, afirma:
‘Se o fato for im previsível, mas as conseqüências forem evitáveis, porém o devedor não
cuidar de evitá-las, o caso pode configurar Ínadimplemento por culpa e não impossibilidade
devido ao fortuito ou força m aior.” In: Com entários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro,
2003. v. V, t. II, p. 203.
174 S e b a s t iã o G er aldo de O l iv e ir a
(39) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 71. No julgam ento do Recurso Especial n. 264.589/RJ anotou o Colendo
STJ: “Na lição de Clóvis, caso fortuito é ‘o acidente produzido por força física ininteligente,
em condições que não podiam ser previstas pelas partes’, enquanto a força m aior é ‘o fato
de terceiro, que criou, para a inexecução da obrigação, um obstáculo, que a boa vontade do
devedor não pode vencer’, com a observação de que o traço que os caracteriza não é a
im pre visib ilid a d e , mas a in e v ita b ilid a d e .” Cf. STJ. 4- T urm a. Rei.: M inistro S álvio de
Figueiredo, julgado em 14 nov. 2000.
(40) RODRIGUES, Sílvio. R esponsabilidade civil. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 175-
176. No julgam ento da Apelação Cível n. 197254352, ocorrido em 14 de maio de 1998, o
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul asseverou: “A empresa de transporte coletivo
rodoviário que contrata aposentado para a estressante função de motorista, que vem a ter
enfarte do miocárdio, provocando acidente, não prova, satisfatoriamente, nas circunstâncias,
a im previsibilidade do evento, m ediante sim ples atestado m édico de sanidade física e
mental feito seis m eses antes. Som a-se que m esm o adm itindo-se a im previsibilidade,
portanto, configurando-se caso fortuito, teria ele origem interna, e não externa. Logo, não
excludente da responsabilidade porque inserido no risco natural da atividade lucrativa
exercida.” Vale observar, no entanto, que neste julgam ento o Tribunal estava apreciando
ação ajuizada pelo usuário do transporte coletivo que foi atingido pelo acidente mencionado.
(41) Vejam também neste sentido: ALVIM, Agostinho. Da inexecução das obrigações. 4. ed.
São Paulo: Saraiva, 1972. p. 330; GO NÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil.
14. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 643; PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade
civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. p. 303; N ORONHA, Fernando. D ireito das
obrigações. São Paulo: Saraiva, 2003. v. 1, p. 626; DIREITO, Carlos Alberto Menezes;
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao novo Código Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
176 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
2007. v. XIII, p. 90; RODRIGUES, Sílvio. Responsabilidade civil. 19. ed. São Paulo: Saraiva,
2002. v. 4, p .175; M ARTINS-COSTA, Judith. C om entários ao novo C ódigo Civil. Rio de
Janeiro: Forense, 2003. v. V, t. II, p. 201.
(42) DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao novo
Código Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. XIII, p. 90.
(43) PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 301.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 177
(44) VENOSA, Sílvio de Salvo. D ireito civil. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. v. IV, p. 53-54.
180 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
(45) Anderson Schreiber assevera que: “A gradual perda de rigor na apreciação do nexo de
causalidade, extraída de tantos expedientes em pregados pela jurisprudência, com maior
ou menor apoio na doutrina, efetivam ente assegura às vítim as em geral a reparação dos
danos sofridos. Até aqui, o que vem sendo apontado como relativização da prova do nexo
causal parece legitimar-se por aquilo que já foi denominado como ‘o imperativo social da
reparação’.” Cf. Novos paradigm as da responsabilidade civil. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
p. 74.
(46) Na realidade o art. 735 incorpora no direito positivo o que a jurisprudência já havia
consolidado desde 1963, por interm édio da Súmula n. 187 do Supremo Tribunal Federal.
'ÍDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU ÜOENÇA OCUPACIONAL 1 81
CULPA DO EMPREGADOR NO
ACIDENTE DO TRABALHO
(1) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2011. p. 154.
(2) CAVALIERI, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
p. 32.
(3) A pud ABBAGNANO, Nicola. D icionário de filosofia. 2. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1982.
p. 209.
(4) O jurisconsulto romano Domício Ulpiano indicava três princípios fundam entais do Direito:
viver honestamente, não lesar a ninguém e dar a cada um o que é seu. A locução neminem
laedere (a ninguém ofender ou lesar) era indicada nos três ju ris praecepta com o alterum
non laedere com o mesmo significado.
184 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
(5) DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI, Sérgio. Comentários ao novo Código
Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. XIII, p. 67.
(6) A pud DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1995. v. 1, p. 110.
(7) LIMA, Alvino. Culpa e risco. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1963. p. 76.
(8) DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
v. 1, p. 120.
(9) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2011. p. 130.
'.DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 185
(10) Nesse sentido a lição de Carlos Roberto Gonçalves. In: R esponsabilidade civil. 14. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. p. 51. De form a sem elhante pontua Humberto
Theodoro Júnior: “O Código Civil, diversam ente do C ódigo Penal, não arrola a im perícia
entre as m odalidades de culpa. Não quer isto dizer que a imperícia não represente culpa
para a configuração do delito civil. O certo é que não se tem na espécie algo realmente
diverso das figuras tradicionais da negligência e da imprudência. A imperícia é apenas a
violação do dever de conduta que decorre da circunstância de exigir-se do agente o emprego
de conhecim entos técnicos no ato que acabou tornando-se lesivo. A imperícia, nessa ordem
de ideias, tanto pode operar por omissão como por comissão, no tocante ao em prego da
técnica necessária, de sorte que, no final, ter-se-á uma negligência ou uma imprudência,
embora rotulada de imperícia.” Cf. C omentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense,
2003. v. III. t. 2, p. 106.
(11) GO NÇALVES, Carlos Roberto. R esponsabilidade civil. 14. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 51-52.
(12) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 37.
186 S e b a s t iã o G er ald o de O l iv e ir a
A p rom ulg ação do E statuto m encio nado d e sp e rta ria nos m eios
acadêmicos maior interesse pelo assunto e, com o tempo, é provável que na
"'m a ç ã o jurídica haveria uma disciplina específica para estudar o tema,
::d e n d o ser denominada Direito Ambiental do Trabalho ou Direito à Saúde
: : Trabalhador. Um Estatuto legal sobre o tema poderia abordar aspectos do
direito material relacionados à segurança, higiene e saúde do trabalhador; as
cjestões modernas do meio ambiente do trabalho; as tutelas processuais
~ais adequadas para garantir a segurança e a saúde do trabalhador; a
eoaração dos danos decorrentes dos acidentes e doenças ocupacionais; as
~edidas preventivas e pedagógicas; a educação am biental do trabalho;
as penalidades etc.
A expectativa é que um novo diploma legal traria um impacto positivo
cara a segurança e saúde nos locais de trabalho, bem como despertaria a
:outrina para aprofundar no exame e no progresso deste ramo especial do
Iíre ito (17). Será também uma demonstração inequívoca para as empresas e
:ara os trabalhadores que o legislador assumiu o compromisso de fomentar
a cultura preventiva de segurança e saúde no local de trabalho. Em síntese,
essa mudança poderá representar uma verdadeira revolução cultural, um novo
narco legal em favor da preservação da vida e do trabalho digno.
:3ntrole central para melhor coordenação e aplicação dessas regras, como recom enda o
art. 15 da Convenção 155 da OIT.
' 6) A tendência do Direito contem porâneo é no sentido de adoção de minicódigos temáticos,
:enom inados de m icrossistem as ou estatutos, que tratam de uma matéria específica de
:rm a sistematizada, abordando os conceitos básicos, os princípios próprios e os direitos e
garantias correspondentes. Dentro dessa perspectiva, foram adotados no Brasil o Código
de Defesa do Consumidor, o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto do Idoso e o
Estatuto da Cidade, só para citar os exemplos mais conhecidos.
17) Encontra-se em tram itação na Câm ara Federal o Projeto de Lei n. 7.097/2002, que
nstitui o C ódigo Brasileiro de Segurança e Saúde no Trabalho, de autoria do Deputado
-rna ldo Faria de Sá. Em 2012, o referido Projeto foi apensado ao PL 1.216/2011.
188 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
1. Constituição da República
1.1. “Art. 7Q. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
outros que visem à melhoria de sua condição social: ... XXII: redução dos
riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança.”
art. 170, VI). Como assevera José Afonso da Silva, “o problema da tutela
jrídica do meio ambiente manifesta-se a partir do momento em que sua
:egradação passa a ameaçar não só o bem-estar, mas a qualidade da vida
"umana, senão a própria sobrevivência do ser humano.”(20) Com o passar do
:empo e o acúmulo da experiência, a legislação vem atuando para garantir o
embiente de trabalho saudável, de modo a assegurar que o exercício do
yabalho não prejudique outro direito humano fundamental: o direito à saúde,
complemento imediato e inseparável do direito à vida. As preocupações
ecológicas avançam para também preservar a qualidade do meio ambiente
ao trabalho.
2. Convenções da OIT
(20) SILVA, José Afonso da. Direito am biental constitucional. 3. ed. São Paulo: Malheiros,
2000. p. 28.
190 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
2.2. Convenção 155: art. 18. “Os empregadores deverão prever, quando
for necessário, medidas para lidar com situações de urgência e com acidentes,
incluindo meios adequados para a administração de primeiros socorros.”
2.3. Convenção 155: art. 19. “Deverão ser adotadas disposições, em
nível de empresa, em virtude das quais: (...) c) os representantes dos
trabalhadores na empresa recebam informação adequada acerca das medidas
tomadas pelo empregador para garantir a segurança e a saúde,\e possam
consultar as suas organizações representativas sobre essa informação, sob
condição de não divulgarem segredos comerciais; d) os trabalhadores e seus
representantes na empresa recebam treinamento apropriado no âmbito da
segurança e da higiene do trabalho;”
2.4. Convenção 161: art. 5. “Sem prejuízo da responsabilidade de cada
empregador a respeito da saúde e da segurança dos trabalhadores que
em prega, e tendo na devida conta a necessidade de participação dos
trabalhadores em matéria de segurança e saúde no trabalho, os serviços de
saúde no trabalho devem assegurar as funções, dentre as seguintes, que
sejam adequadas e ajustadas aos riscos da empresa com relação à saúde
no trabalho: a) identificar e avaliar os riscos para a saúde, presentes nos
locais de trabalho; b) vigiar os fatores do meio de trabalho e as práticas de
trabalho que possam afetar a saúde dos trabalhadores, inclusive as instalações
sa n itá rias, as cantin as e as áreas de habitação, sem pre que esses
equipamentos sejam fornecidos pelo empregador; c) prestar assessoria quanto
ao planejamento e à organização do trabalho, inclusive sobre a concepção
dos locais de trabalho, a escolha, a manutenção e o estado das máquinas e
dos equipamentos, bem como sobre o material utilizado no trabalho; d)
participar da elaboração de programas de melhoria das práticas de trabalho,
bem como dos testes e da avaliação de novos equipamentos no que concerne
aos aspectos da saúde; e) prestar assessoria nas áreas da saúde, da
segurança e da higiene no trabalho, da ergonomia e, também, no que concerne
aos equipamentos de proteção individual e coletiva; f) acompanhar a saúde
dos trabalhadores em relação com o trabalho; g) promover a adaptação do
trabalho aos trabalhadores; h) contribuir para as medidas de readaptação
profissional; i) colaborar na difusão da informação, na formação e na educação
nas áreas da saúde e da higiene no trabalho, bem como na da ergonomia; j)
organizar serviços de primeiros socorros e de emergência; k) participar da
análise de acidentes de trabalho e das doenças profissionais.”
2.5. C onvenção 161: art. 13. “Todos os trabalhadores devem ser
informados dos riscos para a saúde inerentes a seu trabalho.”
3. Leis Ordinárias
3.1. CLT — A CLT estabelece diversas normas de segurança, medicina e
saúde do trabalhador no Capítulo V do Título II, abrangendo do art. 154 ao 201.
'.DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 191
(21) Código de Processo Civil. Art. 355: “O juiz pode ordenar que a parte exiba documento
ou coisa, que se ache em seu poder.”
(22) Código de Processo Civil. Art. 359. “Ao decidir o pedido, o juiz admitirá como verdadeiros
os fatos que, por meio do docum ento ou da coisa, a parte pretendia provar: I — se o
requerido não efetuar a exibição, nem fizer qualquer declaração no prazo do art. 357; II —
se a recusa for havida por ilegítima.”
192 S e b a s t iã o G e r ald o de O liv e ir a
3.1.4. CLT — art. 168. “Será obrigatório exame médico, por conta do
empregador, nas condições estabelecidas neste artigo e nas instruções
complementares a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho: I — na
admissão; II — na demissão; III — periodicamente.”
3.1.5. CLT — art. 170. “As edificações deverão obedecer aos requisitos
técnicos que garantam perfeita segurança aos que nelas trabalhem.”
A CLT trata nos arts. 170 a 174 das condições das edificações, tais
como: altura livre do piso ao teto (pé-direito), inexistência de saliências e
depressões no piso, aberturas nas paredes, condições de segurança e higiene
das paredes, escadas, rampas etc. Esses artigos foram regulamentados pela
NR-8 da Portaria já mencionada. Mais recentemente foi aprovada também
a NR-35, que trata do Trabalho em altura, pela Portaria SIT n. 313, de 23 de
março de 2012.
Os arts. 179 a 181 da CLT, que tratam das instalações elétricas, foram
regulamentados pela NR-10 da Portaria n. 3.214/1978, a qual estabelece todos
os procedim entos de segurança dos em pregados que trabalham com
eletricidade, desde a fase de transmissão, distribuição e consumo de energia
elétrica. Como exemplo, estabelece essa NR que no desenvolvimento de
serviços em instalações elétricas devem ser previstos sistemas de proteção
coletiva por meio de isolamento físico de áreas, sinalização, aterramento
provisório e outros similares, nos trechos onde os serviços estão sendo
desenvolvidos (subitem 10.3.1.1).
sanitária, à prom oção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim com o visa à
recuperação e reabilitação da saúde dos tra b a lh a d o re s subm etidos aos riscos e
agravos advindos das condições de trabalho, abrangendo:
(24) A NR-35 foi aprovada pela Portaria SIT n. 313, publicada no DOU e m 27 mar. 2012.
INDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 197
(25) Discorrendo a respeito do assunto o adm inistrativista José dos Santos Carvalho Filho
registra: “Modernam ente, contudo, em virtude da crescente com plexidade das atividades
técnicas da Adm inistração, passou a aceitar-se nos sistem as normativos, originariam ente
na França, o fenôm eno da deslegaiização, pelo qual a com petência para regular certas
matérias se transfere da lei (ou ato análogo) para outras fontes normativas por autorização
do próprio legislador: a norm atização sai do dom ínio da lei ( dom aine de Ia loi) para o
dom ínio de ato regulam entar (dom aine de l ’ordonnance). O fundam ento não é difícil de
conceber: incapaz de criar a regulamentação sobre alguma matéria de alta complexidade
técnica, o próprio Legislativo delega ao órgão ou à pessoa adm inistrativa a função específica
de instituí-la, valendo-se de especialistas e técnicos que m elhor podem dispor sobre tais
assuntos.” Cf. M anual de direito adm inistrativo. 14. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005.
p. 43.
(26) JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito adm inistrativo. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
2006. p. 169.
‘-DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 199
(27) CLÈVE, Clémerson Merlin. Atividade legislativa do P oder Executivo. 2. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2000. p. 140.
(28) Pelo “princípio da falha segura” , previsto no item 12.5 da NR-12 da Portaria n. 3.214/
1978 do Ministério do Trabalho e Emprego, a máquina deve entrar autom aticamente em um
"estado seguro”, quando ocorrer falha de um com ponente relevante de segurança.
200 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
“A cid ente do trabalho . D escum prim ento das norm as de p roteção à saúde e
segurança do trabalhador. Reparação dos danos morais e materiais. A NR-12 do
M inistério do Trabalho, no seu item 12.1.2, determ ina que ‘os pisos dos locais de
trabalho onde se instalam máquinas e equipam entos devem ser vistoriados e limpos,
sempre que apresentarem riscos provenientes de graxas, óleos e outras substâncias
que os tornem e sco rre g ad io s’, de m odo a perm itir que os tra b alhadores possam
m o vim e n ta r-se com s e g u ra n ça . R esponde p ela re p a ra ção dos danos m orais e
materiais experim entados pelo empregado que sofre acidente do trabalho em razão
do d e s c u m p rim e n to d e s s a n o rm a té c n ic a a e m p re s a que p ra tic a a to ilíc ito ,
consubstanciado em conduta om issiva de descum prir obrigação legal de observar as
normas de segurança e m edicina no trabalho (art. 157/CLT) e ainda deixa de implantar
medidas de segurança e programas de prevenção de acidentes, como a tanto estão
obrigados todos os em pregadores (por exemplo, os PPRA e PCMSO exigidos nas
INDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 201
NR-07 e NR-09 do Ministério do Trabalho) para evitar que os equipam entos usados
como fatores de sua produção venham a atingir os trabalhadores e sua higidez física.”
Minas Gerais. TRT 3a Região. 1- Turma. RO n. 00980-2007-148-03-00-7, Rei.: Des.
Emerson José Alves Lage, DJ 21 out. 2008.
29) Conferir nesse sentido o julgam ento pelo STF das ADI ns. 996, 1.258, 1.388, 1.670,
1 946, 2.398, dentre outras.
202 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
(31) GO NÇALVES, Carlos Roberto. R esponsabilidade civil. 14. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 437.
.DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 205
32) “A cidente do Trabalho — Indenização — Empresa que deixa de dotar equipam ento de
tr,abalho de dispositivo de segurança disponível no m ercado à época do evento — Culpa
: aracterizada — Verba devida. Ao deixar a em presa de dotar o equipam ento de trabalho de
; spositivo de segurança hábil e então disponível no mercado, para evitar o acidente ocorrido,
agiu de form a negligente e imprudente, ficando configurada sua culpa grave no evento,
recorrendo daí sua obrigação de indenizar, já que existentes o dano e o nexo causal.” São
-aulo. STACivSP. 1® Câm. Civil. Apelação com revisão n. 487.857-00/8, Rei.: Juiz Vieira de
.'oraes, Ac. de 5 maio 1997, Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 743, p. 330, set. 1997.
206 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(2) O padrão de conduta pode ser ajustado em função da idade, de deficiência psíquica
ou fís ic a , ou q u a n d o , d e v id o a c irc u n s tâ n c ia s e x tra o rd in á ria s , não se p o ssa
legitimam ente esperar que a pessoa em causa atue em conform idade com o mesmo.
(3) As disposições que prescrevem ou proíbem uma determ inada conduta devem ser
tom adas em consideração a fim de se estabelecer o padrão de conduta exigível.”<34)
33) “A cidente do trabalho com óbito — Colisão com motocicleta — Falta de carteira nacional
rs habilitação — D ano m oral e m aterial. O dever de diligência da em presa que explora
at ,id a d e econôm ica que im plique em risco para a vida do em pregado e para a vida de
serceiros não pode ser o mesmo daquele exigido para o homem médio, pois a potencialidade
de oausar danos é consideravelm ente m aior nas atividades de uma em presa em comparação
: : n os atos da vida normal de um cidadão comum. Desse modo, ao não exigir do empregado
; carteira nacional de habilitação para a função de ‘m oto-boy’, a em presa agiu de modo
■ecligente e assum iu o risco de produzir o acidente que causou o óbito do empregado.
ZSva concorrente que se reconhece para deferir aos dependentes indenização por dano
moral e material, na proporção da culpa da R eclam ada Porto Cais Adm inistradora Ltda.
-e curso de Revista conhecido e provido.” TST. 3- Turma. RR n. 1574/2005-005-24-00.9,
Rei.: Ministro Carlos Alberto Reis de Paula, DJ 19 dez. 2008.
34) Em 1992 um grupo de juristas de diversos países, sem qualquer vinculação a organismos
ciais, fundou o “European Group on Tort Law”, com o propósito de estudar a unificação
3u, pelo menos, apresentar propostas de aproxim ação do direito privado europeu na área
208 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
da responsabilidade civil ou dos direitos dos danos. Após mais de 12 anos de estudos e
debates foram apresentados, em m aio de 2005, os “ P rincípios de D ireito Europeu da
Responsabilidade Civil” . Para maiores inform ações sobre o trabalho do grupo e das linhas
gerais adotadas nos princípios mencionados, consultar artigo doutrinário de Miquel Martin
C a sa is d isp o n íve l em: < h ttp ://w w w .a s o c ia c io n a b o g a d o s rc s .o rg /c o n g re s o /5 c o n g re s o /
p o n e n c ia s /M iq u e lM a rtin P rin c ip io s .p d f>. A ce sso em: 29 dez. 2009. O in te iro te o r dos
“Princípios de Direito Europeu da Responsabilidade Civil” encontra-se disponível em: <http:/
/civil.udg.edu/tort/Principles/pdf/PETLPortuguese.pdf>. Acesso em: 29 dez. 2010.
(35) A expressão da culpa como uma “espécie de pecado jurídico” foi mencionada por Paul
Esmein, citado por SCHREIBER, Anderson. Novos paradigm as da responsabilidade civil:
da erosão dos filtros da reparação à diluição dos danos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 34.
(36) Na linha desse pensam ento, vale citar, por todos, M aria C elina Bodin de Moraes:
“O rig in a lm e n te , culp a era apenas a a tu a çã o c o n trá ria ao d ire ito , porque n e g lig e n te ,
im p ru d e n te , im p e rita ou d o io s a , q u e a c a rre ta v a d a n o s a o s d ire ito s de o u tre m .
M odernam ente, todavia, d iversos a utores abandonaram esta conceituação, preferindo
considerar a culpa o descum prim ento de um standard de diligência razoável, diferenciando
esta noção, dita ‘norm ativa’ ou ‘objetiva’, da outra, dita ‘psicológica’.” Cf. Risco, solidariedade
e responsabilidade objetiva. Revista RT, São Paulo, v. 854, p. 21, dez. 2006.
bCENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 209
zntérios para o juiz arbitrar o valor do dano moral, dentre os quais figuram a
'íensidade do dolo e o grau de culpa do responsável.
No campo da indenização por acidente do trabalho, a gradação da culpa
leve importância destacada antes da vigência da Constituição de 1988, porque
a comprovação da culpa de natureza grave era requisito indispensável para
: cabimento da reparação civil, conforme entendimento sedimentado na Súmula
229 do Supremo Tribunal Federal: A indenização acidentária não exclui a
do direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do empregador. Mesmo
cepois da Constituição de 1988, a intensidade da culpa tem sido considerada
-o arbitramento da indenização por dano moral, diante do caráter pedagógico
e compensatório dessa condenação.
Com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, o estudo da gradação
3a culpa ganhou maior prestígio e efeito prático, pela introdução de dois
cispositivos que não constavam do Código anterior, quais sejam:
a) — Art. 944, parágrafo único: “Se houver excessiva desproporção entre a gravidade
da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.”
b) — Art. 945: “Se a vítim a tiver concorrido culposam ente para o evento danoso, a sua
indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto
com a do autor do dano.”
37) O Enunciado 458 adotado por ocasião da V Jornada de D ireito Civil, realizada em
2011, prevê: “Art. 944. O grau de culpa do ofensor, ou a sua eventual conduta intencional,
:eve ser levado em conta pelo juiz para a quantificação do dano m oral.”
38) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Alias, 2012. p. 39.
210 S e b a s t iã o G eraldo de O liv e ir a
(39) “ Civil. Indenização. A ssalto a Banco. Morte de funcionário. D ever da instituição financeira
de p re sta r segurança. L e i n. 7.102/83. Fato previsível. Culpa grave. Inexigência. D ano
moral. P edidos cum ulados. Não obstante ter o banco instalado em sua agência alguns
d is p o s itiv o s m ín im o s de s e g u ra n ç a , d e te rm in a d o s p e la Lei n. 7 .1 0 2 /8 3 , d e ve ser
responsabilizado pelo dano causado ao seu funcionário, se esses aparatos não foram
suficientes para impedir a sua morte, ocorrida por ocasião de assalto. Em face dos constantes
assaltos a bancos, em razão dos elevados valores sob sua guarda, estes têm a obrigação
legal de zelar pela segurança das pessoas que se encontram na área de sua proteção,
assim como de seus funcionários. A diligência que se requer, para esse mister, não é a
mínima. Ao contrário, deve ficar caracterizado que todas as medidas possíveis e existentes
foram tom adas para se evitar o dano e essas foram eficazes no cum prim ento da função
(REsp. n. 89.784/RJ). Sendo perfeitamente previsível e evitável o assalto a agência bancária,
não se há de falar em ocorrência de caso fortuito ou força m aior, a excluir a culpa da
instituição financeira pela morte de seu funcionário na ocorrência de tal evento. Desde a
integração do seguro no sistema previdenciário, com a edição da Lei n. 6.367/76, não mais
se questiona a propósito do grau de culpa do em pregador na ocorrência do acidente de
trabalho, sendo suficiente a culpa leve para caracterizar a obrigação indenizatória. Havendo
pedidos indenizatórios cum ulados, deve o ju iz individualizar a verba relativa aos danos
morais, definindo a parte correspondente a cada um dos credores.” Minas Gerais. TJMG, 5ã
Câm. Cível. Ap. Cível n. 372.367-5, Rei.: Manuel Saramago, julgado em 12 jun. 2003.
(40) “A cidente de trabalho. Responsabilidade do em pregador. A caracterização da culpa,
prevista no art. 7-, XXVIII, da CF/88, independe do grau com que esta se verifique. Em outras
palavras, o em pregador responde por ato omissivo ou comissivo, tenha ele concorrido com
culpa grave, leve ou levíssima. No presente caso, a reclamada não promoveu o treinam ento
adequado e ainda permitiu que a m áquina empregada na compactação do lixo fosse utilizada
de form a inadequada, o que ce rta m e n te deu causa ao in fo rtú n io e xp e rim e n ta d o pelo
reclamante.” Pará. TRT 8® Região. 4a Turma. RO n. 01826-2005-010-8-00-2, Rei.: Odete de
Alm eida Alves, julgado em 25 abr. 2006.
k d e n iz a ç õ e s p o r A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 211
41) Para Sílvio Rodrigues a indenização calculada pela extensão do dano, sem considerar
a gravidade da culpa, “por vezes se apresenta injusta, pois não raro de culpa levíssima
iesulta dano desmedido para a vítima. Nesse caso, se se impuser ao réu o pagamento da
n d e n iza çã o to ta l, a s e n te n ç a p o d e rá c o n d u z i-lo à ruína. E n tã o e s ta r-s e -á a p e n a s
sansferindo a desgraça de uma para outra pessoa, ou seja, da vítim a para aquele que, por
- nima culpa, causou o prejuízo.” In: D ireito civil: responsabilidade civil. 19. ed. São Paulo:
3araiva, 2002. v. 4, p. 188.
42) Como assevera Agostinho Alvim, “sucede, às vezes, que, por culpa leve, sem esquecer
jm a dose de fatalidade, como acentua Rossel, vê-se alguém obrigado a reparar prejuízos
vastas proporções. O juiz poderia sentir-se inclinado a negar a culpa, para evitar uma
iDndenação que não com porta m eio-term o.” In: Da inexecução das obrigações e suas
:onsequências. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1972. p. 201.
212 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
(45) De form a semelhante, o Código Civil português estabelece no art. 570°: “Quando um
fato culposo do lesado tiver concorrido para a produção ou agravam ento dos danos, cabe
ao tribunal determ inar, com base na gravidade das culpas de am bas as partes e nas
conseqüências que delas resultaram , se a indenização deve ser totalm ente concedida,
reduzida ou mesmo excluída.”
(46) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2011. p. 168.
(47) O mestre Caio Mário, ao discorrer a respeito da culpa concorrente, assevera que “o
m a io r p ro b le m a e s tá em d e te rm in a r a p ro p o rc io n a lid a d e . V a le d iz e r: a v a lia r
quantitativam ente o grau de redutibilidade da indenização, em face da culpa concorrente
da vítim a. Entra aí, evidentem ente, o arbítrio de bom varão do juiz, em cujo bom -senso
repousará o justo contrapasso, para que se não amofine em demasia a reparação a pretexto
da participação do lesado, nem se despreze esta última, em detrim ento do ofensor.” Cf.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 83.
(48) THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2003. v. III, t. 2, p. 109.
214 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(49) DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao novo
Código Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. XIII, p. 405-406.
(50) BINDER, M aria C ecília Pereira; ALM EID A, lldeberto Muniz. A cidentes do trabalho:
acaso ou descaso? In: MENDES, René (Org.). P atologia do trabalho. 2. ed. São Paulo:
Atheneu, 2003. v. 1, p. 774.
(51) DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
v. II, p. 696.
NDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 215
Essa visão ultrapassada está impedindo que haja progresso nas políticas
de segurança e saúde do trabalhador, bastando mencionar que os índices de
acidentes do trabalho continuam elevados. Ora, se todos adotássemos
:erm anentem ente um nível extraordinário de atenção, praticam ente não
:correriam acidentes do trabalho, acidentes de trânsito ou qualquer outro
nfortúnio. Nenhum programa de prevenção sério pode considerar o empregado
:omo se fosse uma figura robótica que nunca comete deslize, distante de
sua natureza humana e falível. Cabe transcrever nesse sentido as conclusões
aa professora Maria Cecília Pereira Binder, especialista em acidentologia:
“Nas abordagens com portamental e ergonômica, a im portância dos
comportamentos do acidentado na etapa imediatamente antecedente à
lesão foi progressivamente sendo minimizada, criando-se o consenso
de que a prevenção não pode prescindir do desvendar dos fatores mais
remotos das origens dos acidentes. As análises dos acidentes do trabalho
(e tam bém as análises do trabalho) devem evidenciar os fatores
potencialmente capazes de desencadear tais eventos para planejar as
intervenções preventivas, incluindo aí aspectos da organização do
trabalho e do gerenciamento da empresa.
Os conceitos de atos inseguros e condições inseguras, originados na
década de 1930, com base na concepção de acidentes como seqüência
linear de eventos, foram abandonados por grande número de estudiosos
ou passaram por m udanças sig n ifica tiva s em sua interpretação.
D esconsiderando a evolução dos conhecim entos, em num erosas
empresas do país persiste a concepção dicotômica, atos inseguros e
condições inseguras, como norteadoras das investigações de acidentes
do trabalho.
Uma das conseqüências da evolução da concepção de acidentes tem
sido a crescente compreensão da inutilidade de recomendações de pre
venção como ‘prestar mais atenção’, ‘conscientizar’, ‘tomar mais cuidado’
216 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
(52) BINDER, M aria C ecília Pereira; ALM EID A, lldeberto Muniz. A cidentes do trabalho:
acaso ou descaso? In: MENDES, René (Org.). Patologia do trabalho. 2. ed. São Paulo:
Atheneu, 2003. v. 1, p. 787. A m édica Maria Cecília Binder é doutora em M edicina pela
UNICAMP, com pós-doutoramento no Departam ento de Acidentologia do institute Nacional
de Recherche et de Sécurité — INRS, Nancy, França.
(53) LAPA, Reginaldo. Buscar as causas em vez de culpados. Revista CIPA, São Paulo, v.
XXXIII, n. 385, p. 92, out. 2011.
‘ .DENiZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 217
§ 19 O relatório previsto no caput deverá ser digitado, ter redação clara, precisa e com
ordem lógica e instruído com o m aior número possível de elem entos probatórios,
podendo ser incluídos diagramas, esquemas, fotos, vídeos e outros recursos.
54) O Juiz, de ofício ou a requerim ento da parte, poderá requisitar cópia autêntica ou
: gitalizada do Relatório produzido ao Chefe do setor de Segurança e Saúde no Trabalho
da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego para fins de instrução do processo
art. 399 do CPC).
218 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
por uma questão de equidade, entendim ento que foi reconhecido e adotado pelo
legislador do atual Código Civil, que passou a prever que se a vítim a tiver concorrido
culposam ente para o evento danoso, a indenização será fixada tendo-se em conta a
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Como se depreende
do c ita d o a rtig o , a c u lp a c o n c o rre n te não e x c lu i a re s p o n s a b ilid a d e c iv il do
empregador, mas determ ina a fixação de valor indenizatório na proporção da culpa das
partes no acidente ocorrido, o que leva à distribuição proporcional dos prejuízos. A
atitude negligente do laborista de d e srespeitar regra básica de trânsito, fato que
in flu e ncio u so b re m a n e ira na o c o rrê n c ia do a cid e n te de tra b a lh o a u to m o b ilís tic o
que o vitimou, deve ser contraposta à atitude culposa do em pregador de im por ao
tra b a lh a d o r a c u m u la d a m e n te o e x e rc íc io da fu n ç ã o de m o to ris ta , to ta lm e n te
desvinculada daquela para a qual foi contratado, sem providenciar a supervisão e o
treinam ento que tal função exigia, expondo o trabalhador a risco a respeito do qual
ele não estava preparado para lidar, em descumprimento ao comando constitucional
de prevenir acidentes, reduzindo os riscos existentes no local de trabalho (art. 7-,
XXII, da CF). Cabível, portanto, a redução da indenização deferida, observando-se o
princípio da razoabilidade, em atenção à culpa concorrente verificada.” Minas Gerais.
TRT 3a Região. 2a Turma. RO n. 00607-2010-008-03-00-4, Rei.: Sebastião Geraldo
de Oliveira, DJ 12 jul. 2011.
(57) PAULA, Carlos Alberto Reis de. A especificidade do ônus da prova no processo do
trabalho. São Paulo: LTr, 2001. p. 193.
(58) C AVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 41.
(59) LIMA, Alvino. Culpa e risco. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1963. p. 79.
INDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 221
p 3 Cf. Revista CIPA, São Paulo, Ano XXVIII, n. 329, p. 72, abr. 2007.
224 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
(64) THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2003. v. III, t. II, p. 106-107.
(65) AZEVEDO , A ntônio Danilo Moura de. A teoria dinâm ica de distribuição do ônus da
prova no direito processual civil brasileiro. Disponível em: < http://jus2.uol.com .br/doutrina/
texto.asp?id=10264>. Acesso em: 30 dez. 2010. Em outra passagem desse texto o autor
comenta: “O juiz poderá m odificar a regra geral para ajustá-la ao caso concreto reduzindo,
na m aior m edida do possível, as desigualdades das partes e, com isso, tentar evitar a
derrota da parte que possivelmente tem o melhor direito, mas que não está em melhores
condições de prová-lo.”
(66) CARVALHO, Priscilla de Souza. A teoria dinâm ica do ônus da prova e sua repercussão
no direito processual do trabalho. In: KOURI, Luiz Ronan Neves; FER N AN DES, Nadia
Soraggi; CARVALHO, Ricardo W agner Rodrigues de (Coord.). Tendências do processo do
trabalho. São Paulo: LTr, 2010. p. 153-154.
; ENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 225
“ R ecurso de revista. A cid ente de trab alh o . Ind en ização por danos m orais e
m a te ria is . Em que pese o T rib u n a l R egional te r d e s e n v o lv id o te se a ce rca da
re spo nsa bilida d e objetiva, subsiste, nos te rm o s do acórdão, a re sp o nsabilidade
subjetiva, considerando-se a aplicação, ao caso, da teoria da culpa presumida, pela
qual se inverte o ônus probatório em razão do princípio da aptidão para a prova, já
que é do em pregador a obrigação de tornar disponível a docum entação relativa à
segurança do trabalho. No caso, o R egional registrou que — ficou devidam ente
demonstrado, através do laudo pericial, a existência do nexo causal entre a doença
de que é acometido o reclamante e o trabalho exercido na reclamada. E, conforme se
depreende do acórdão do Regional, analisando as atividades desem penhadas pelo
reclamante, verifica-se que a reclam ada não providenciou o meio ambiente laboral
ade q u a d o , d e ix a n d o de fis c a liz a r se as norm as de s e g u ra n ç a esta va m sendo
cum pridas eficazm ente — dever inafastável da empregadora. Sendo im possível ao
empregado a produção de prova, deve-se adequar a apuração da culpa, por meio da
inversão do ônus da prova, por ser mais fácil ao empregador comprovar sua conduta
quanto ao fornecim ento de segurança, afastando sua culpa no evento danoso. Não
tendo, pois, se desincum bido do ônus que lhe com petia, presum e-se a culpa e o
conseqüente dever de indenizar. Assim, estando comprovados os pressupostos para a
re sp onsabiliza çã o do em p re g ad o r por a cidente do tra b a lh o , ou seja, o nexo de
causalidade entre a moléstia do trabalhador e as atividades por ele desenvolvidas na
empresa, bem como a culpa da empregadora, é seu dever indenizar os prejuízos sofridos
pelo empregado. Recurso de revista de que não se conhece.” TST. 6a Turma. RR n.
79301-77.2004.5.15.0045, Rei.: Ministra Kátia Magalhães Arruda, DJ 24 ago. 2012.
j»c e ‘ , z a ç õ e s p o r A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 227
" In d e n iz a ç õ e s p o r d a n o s m o ra is . A c id e n te do tra b a lh o . Na a p u ra ç ã o da
responsabilidade civil em decorrência do acidente de trabalho, o ônus da prova recai
sobre o e m p re g ad o r, que de ve c o m p ro v a r a in e x is tê n c ia da co n d u ta cu lp o sa.
Entretanto, não se desonerando do encargo que milita em seu desfavor, presume-se
a culpa, surgindo o conseqüente dever de indenizar o trabalhador pelo prejuízo sofrido.
Recurso de Revista não conhecido.” TST. 3a Turma. RR n. 84.813/2003-900-03-00.2,
Rei.: Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DJ 15 set. 2006.
DANOS DECORRENTES DO
ACIDENTE DO TRABALHO
(1) PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. 8â t. Rio de Janeiro: Forense,
2002. p. 37.
(2) Mesmo nos casos de assédio moral ou sexual, ainda que não haja adoecim ento da
vítima, também ocorre um dano, porém mais encoberto e subjetivo, como o constrangimento,
o desconforto, o mal-estar, o desrespeito e a humilhação. Na expressão lapidar do jurista
Adriano de Cupis, “tudo que o direito tutela, o dano vulnera”.
(3) O Dicionário Houaiss anota sobre o vocábulo indene: 1. que não sofreu perda, dano;
livre de prejuízo 2. que não foi atingido na sua integridade física; são e salvo 3. que se
indenizou, se ressarciu; com pensado, indenizado, rem unerado. ETIM. Lat. Indem nis que
não teve prejuízo, livre de perda, de dano. De fato, o prefixo de negação latino in mais o
radical dan, do latim damnum dá mesmo um sentido de tornar sem danos.
(4) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011. p. 1395.
'.DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 229
5) Apud GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 14. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 475.
5) DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Com entários ao novo
Código Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. XIII, p. 94.
(7) Código Penal: “Art. 132 — Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
3ena — detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crim e mais grave,
^arágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da
saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços
em estabelecim entos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais.”
230 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
8.3.1. Abrangência
|8) Lei n. 8.213, de 24 jul. 1991. Art. 60, § 3a. “Durante os primeiros quinze dias consecutivos
ao do afastam ento da atividade por m otivo de doença, incum birá à em presa pagar ao
segurado empregado o seu salário integral.”
(9) THEODORO JÚNIOR, Humberto. Com entários ao novo C ódigo Civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2003. v. III, t. 2, p. 36.
10) DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 21. ed. São
Paula: Saraiva, 2007. v. 7, p. 66.
232 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(11) ALVIM, Agostinho. Da inexecução das obrigações e suas conseqüências. 4. ed. atual.
São Paulo: Saraiva, 1972. p. 173.
(12) O art. 10:101 dos P rincípios de D ireito Europeu da re sp o n sa b ilid a d e civil, antes
mencionados, estabelece: “A indenização consiste numa prestação pecuniária com vista a
com pensar o lesado, isto é, a repor o lesado, na medida em que o dinheiro o permita, na
posição em que ele estaria se a lesão não tivesse ocorrido.”
INDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 233
Além das perdas efetivas dos danos emergentes, a vítima pode também
; car privada dos ganhos futuros, ainda que temporariamente. Para que a
'eparação do prejuízo seja completa, o art. 402 do Código Civil determina o
cômputo dos lucros cessantes, considerando-se como tais aquelas parcelas
cujo recebim ento, dentro da razoabilidade, seria correto esperar. Em
decorrência desse comando, não deve ser considerada a mera probabilidade
de alguma renda, nem se exige, por outro lado, certeza absoluta dos ganhos.
O critério de razoabilidade expresso na lei indica que a apuração deverá
ser norteada pelo bom-senso e pela expectativa daquilo que ordinariamente
acontece(13). Com apoio nessa diretriz, é correto prever que o acidentado
continuaria no emprego, recebendo os seus salários normais com as devidas
correções alcançadas pela categoria profissional. É verdade que esse
empregado poderia vir a ser promovido recebendo salários mais elevados,
nas também seria possível imaginar que poderia ficar desempregado ou ser
vítima de alguma doença grave. Para fugir dessas cogitações que estão no
mundo do imponderável deve o intérprete procurar sustentação em dados
mais concretos e dentro da razoabilidade.
Pontua Agostinho Alvim que deve ser admitido que “o credor haveria de
íucrar aquilo que o bom-senso diz que lucraria. Há aí uma presunção de que
os fatos se desenrolariam dentro do seu curso normal, tendo-se em vista os
antecedentes.”(14) Assim, se a empresa tiver um plano de cargos e salários
prevendo promoção automática por antiguidade, o valor da indenização deverá
considerar essa hipótese, diante da razoável certeza do fato. Se a vítima que
se tornou inválida, por exemplo, tiver sido, anteriormente, aprovada em um
concurso público, a partir do momento em que for nomeado o candidato que
figure em seguida à sua classificação, o valor dos lucros cessantes deverá
contemplar os vencimentos que ela teria no cargo público.
No caso do acidente do trabalho, após os primeiros quinze dias, o
empregado ficará privado dos salários e demais vantagens, que é o caso
típico dos lucros cessantes. Convém enfatizar que o valor pago pela
Previdência Social a título de auxílio-doença acidentário não serve para repor
ou mesmo compensar parcialmente os lucros cessantes, conforme anotamos
no Capítulo 4, item 4.4.
(13) O Código Civil alemão tem dispositivo na linha desse entendimento, no § 252: “Tem-se
por frustrado o lucro que certas probabilidades induzissem a esperar, atendendo ao curso
normal dos acontecimentos ou às especiais circunstâncias do caso concreto e, particularmente,
às providências e medidas postas em prática." Cf. ALVIM, Agostinho. Da inexecução das
obrigações e suas conseqüências. 4. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1972. p. 190.
114) ALVIM, Agostinho. Da inexecução das obrigações e suas conseqüências. 4. ed. atual.
São Paulo: Saraiva, 1972. p. 189.
234 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
(15) Código Civil. Art. 403. “Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas
e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e
imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.”
(16) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 80.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 235
17) Cf. Voto proferido no STJ. 4- T. Recurso Especial n. 1.723-RJ. Rei.: Ministro Barros
Monteiro, DJ 2 abr. 1990.
18) Comentando esse artigo, Clovis Beviláqua foi enfático: “Se o interesse moral justifica a
acção para defendel-o ou restaurai-o, é claro que tal interesse é indemnizavel, ainda que o
oem moral não se exprima em dinheiro. É por uma necessidade dos nossos meios humanos,
sempre insufficientes, e, não raro, grosseiros, que o Direito se vê forçado a acceitar que se
computem em dinheiro o interesse de affeição e outros interesses moraes.” Cf. Código Civil
dos Estados Unidos do Brasil comentado. 4. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1939. v. 1,
p. 313.
119) “Os padrões de moralidade, consubstanciados na honestidade, integridade e dignidade,
são indicativos de civilização. Os grupos sociais somente conseguem manter-se coesos na
medida em que esses valores encontram -se presentes nos indivíduos e nos agrupamentos
humanos. A desagregação da vida grupai advém da violência e ausência de valores morais
que enobrecem e destacam os sentimentos do espírito. O homem sem valores é o pior dos
animais, pois, com seu espírito antivirtude, ele concorre para a destruição dos padrões de
moralidade, que constitui um acervo da civilização” . Cf. REIS, Clayton. Dano moral. 4. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1994. p. 136.
(20) GOMES, José Jairo. Responsabilidade civil e eticidade. Belo Horizonte: Del Rey, 2005.
p. 56.
236 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
(21) PEREIRA, Caio M ário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. 8ã t. Rio de Janeiro:
Forense, 2002. p. 58.
(22) Enfatiza Yussef Cahali a respeito do dano moral que “o instituto atinge agora a sua
m aturidade e afirm a a sua relevância, esm aecida de vez a relutância daqueles ju ize s e
doutrinadores então vinculados ao equivocado preconceito de não ser possível compensar
a dor moral com dinheiro.” Dano moral. 3. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2005. p. 19.
(23) ANDRADE, Gustavo C. de. A evolução do conceito de dano moral. Revista da AJURIS,
Porto Alegre, v. XXX, n. 92, p. 139, dez. 2003.
(24) FERREIRA, Roberto Schaan. O dano e o tempo: responsabilidade civil. Revista Estudos
Jurídicos, São Leopoldo, v. 25, n. 64, p. 70, jan./abr. 1992.
friDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 237
Já Yussef Said Cahali entende que “tudo aquilo que molesta gravemente
a alma humana, ferindo-lhe gravemente os valores fundamentais inerentes à
sua personalidade ou reconhecidos pela sociedade em que está integrado,
cualifica-se, em linha de princípio, como dano moral; não há como enumerá-los
exaustivamente, evidenciando-se na dor, na angústia, no sofrimento, na
:'isteza pela ausência de um ente querido falecido; no desprestígio, na des
consideração social, no descrédito à reputação, na humilhação pública, no
devassamento da privacidade; no desequilíbrio da normalidade psíquica, nos
:raumatismos emocionais, na depressão ou no desgaste psicológico, nas si-
:jações de constrangimento moral.”(26)
Em sintonia com os conceitos acima, no julgamento da Apelação Cível
n. 38.191-7, a 1- Câmara Civil do Tribunal de Alçada do Paraná, em 10 de
setembro de 1991, tendo como relator o Juiz Celso Araújo Guimarães, anotou
nos fundamentos do acórdão:
(25) DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
v. 2, p. 730.
(26) CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 3. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2005. p. 22-23.
238 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
Não resta dúvida, portanto, que o ato ilícito ou antijurídico pode provocar
da n o s m a te ria is e dan os m o ra is, ou seja, d a n o s p a trim o n ia is e
extrapatrimoniais. E o dispositivo constitucional já citado deixou patente que
a sanção do dano moral ocorre por intermédio da indenização(28).
(27) GAGLIANO, Pablo; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo curso de direito civil. 5. ed. rev.
e atual. São Paulo: Saraiva, 2007. v. III: Responsabilidade civil, p. 55.
(28) Convém registrar, en passant, que há questionam entos doutrinários sobre o acerto da
s o lu ç ã o e n c o n tra d a p o rq u e , p a ra d o x a lm e n te , e s ta b e le c e a re p a ra ç ã o do d a n o
extrapatrimonial com bens de caráter patrimonial. Daí a dificuldade de avaliar com o rigor
monetário valores morais de certa form a imensuráveis.
(29) ROMITA, Arion Sayão. Direitos fundam entais nas relações de trabalho. 2. ed. rev. e
aum. São Paulo: LTr, 2007. p. 267.
n iz a ç ô e s p o r A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 239
30) ROCHA, Cármen Lúcia Antunes. O direito à vida digna. Belo Horizonte: Fórum, 2004. p. 38.
31) GOMES, José Jairo. R esponsabilidade civil e eticidade. Belo Horizonte: Del Rey, 2005.
p. 9.
32) BANDEIRA DE MELLO, C elso Antônio. Curso de direito adm inistrativo. 22. ed. São
= aulo: Malheiros, 2007. p. 923.
240 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
(34) DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao novo
Código Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. XIII, p. 102-103.
242 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
dos atos ilícitos, mas deixam espaço para a condenação pelo dano moral
quando asseguram: sem excluir outras reparações ou algum outro prejuízo
que o ofendido prove haver sofrido. Em síntese, está pacificado na doutrina e
jurisprudência o cabimento da indenização por dano moral cumulada com a
reparação do dano material, mesmo quando proveniente do mesmo fato ou
ato antijurídico, não gerando mais perplexidade alguma.
“O valor do dano moral tem sido enfrentado no STJ com o escopo de atender a sua
dupla função: reparar o dano buscando m inim izar a dor da vítim a e punir o ofensor,
para que não volte a reincidir.” STJ. 2- Turma. ED-REsp n. 845.001, Rei.: Ministra
Eliana Calmon, DJe 24 set. 2009.
(36) O art. 10:101 dos Princípios de Direito Europeu da responsabilidade civil prevê que “a
indenização tem também uma função preventiva.”
(37) ANDRADE, André Gustavo de. Dano m oral & indenização punitiva. 2.ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2009. p. 314.
244 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(38) “A indenização, em caso de danos morais, não visa reparar, no sentido literal, a dor, a
alegria, a honra, a tristeza ou a humilhação; são valores inestimáveis, mas isso não impede
que seja precisado um valor compensatório, que amenize o respectivo dano, com base em
alguns elem entos com o a gravidade objetiva do dano, a personalidade da vítim a, sua
situação fam iliar e social, a gravidade da falta, ou mesmo a condição econômica das partes.”
STJ. 5a Turma. REsp n. 239.973/RN, Rei.: Ministro Edson Vidigal, julgado em 16 maio de
2000, DJ 12 jun. 2000, p. 129.
(39) CUNHA GONÇALVES, Luiz da. Tratado de direito civil. São Paulo: Max Limonad, 1957.
v. 12, t. II, p. 543.
'.DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 245
(40) “ Provado o fato, não há necessidade de prova do dano moral, nos term os de persistente
jurisprudência da Corte.” Cf. STJ. 3- Turma. R Espn. 261.028/RJ, Rei.: Ministro Carlos Alberto
Menezes, DJ 20 ago. 2001. “Na concepção moderna da reparação do dano moral prevalece
a orientação de que a responsabilização do agente se opera por força do simples fato da
violação, de modo a tornar-se desnecessária a prova do prejuízo em concreto.” STJ. 4 â
Turma. REsp n. 173.124/RS, Rei.: Ministro Asfor Rocha, DJ 19 nov. 2001.
246 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
(41) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011. p. 1.907.
(42) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 97.
(43) BITTAR, Carlos Alberto. Reparação civil por danos morais. 3. ed. rev., atual, e ampl. 2-
t. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. p. 136.
NDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 247
“Recurso de revista, indenização por dano moral. Com provação do prejuízo moral.
D esnecessidade. 1. O dano moral em si não é suscetível de prova, em face da
impossibilidade de fazer demonstração, em juízo, da dor, do abalo moral e da angústia
sofridos. 2. Trata-se, pois, de — dam num in re ipsa — , ou seja, o dano moral é
consequência do próprio fato ofensivo, de modo que, com provado o evento lesivo,
tem -se, com o consequência lógica, a configuração de dano m oral, exsurgindo a
obrigação de pagar indenização, nos termos do art. 52, X, da Constituição Federal. 3.
Na hipótese, a Corte de origem asseverou que o reclamante foi mantido como refém
durante rebelião dos internos de uma das unidades da reclam ada. Desse modo,
diante das premissas fáticas constantes do acórdão recorrido, tem -se por comprovado
o evento danoso, ensejando, assim, a reparação do dano moral. Recurso de revista
conhecido e provido.” TST. 1- Turma. RR n. 230940-08.2004.5.02.0045, Rei.: Ministro
W alm ir Oliveira da Costa, DJ 02 jul. 2010.
“Indenização. Dano moral. Dano presum ido. Como se trata de algo imaterial ou
ideal, a prova do dano moral não pode ser feita através dos mesmos meios utilizados
para a com provação do dano material. Por outras palavras, o dano moral está ínsito
na ilicitude do ato praticado, decorre da gravidade do ilícito em si, sendo desnecessária
sua efetiva demonstração, ou seja, como já sublinhado: o dano moral existe in re ipsa.
Afirm a Ruggiero: “ Para o dano ser indenizável, basta a perturbação feita pelo ato
ilícito nas relações psíquicas, na tranqüilidade, nos sentimentos, nos afetos de uma
pessoa, para produzir uma dim inuição no gozo do respectivo direito.” STJ. 1S Turma.
REsp n. 608.918, Rei.: Ministro José Delgado, DJ 21 jun. 2004.
248 S e b a s t iã o G eraldo de O liv e ir a
O valor da indenização por dano moral tem sido fixado por arbitramento
do juiz, de acordo com as circunstâncias do caso, já que não existe, ainda,
dispositivo legal estabelecendo parâmetros objetivos a respeito(44).
(44) O Projeto de Lei n. 150 de 1999, aprovado no Senado, mas atualmente arquivado na
C âm ara (PL n. 7.124/2002), estabelecia os critérios para a fixação do valor dos danos
m orais:
“Art. 7- Ao apreciar o pedido, o juiz considerará o teor do bem jurídico tutelado, os reflexos
pessoais e sociais da ação ou omissão, a possibilidade de superação física ou psicológica,
assim como a extensão e duração dos efeitos da ofensa.
§ 1Q Se julgar procedente o pedido, o juiz fixará a indenização a ser paga, a cada um dos
ofendidos, em um dos seguintes níveis:
I — ofensa de natureza leve: até R$ 20.000,00 (vinte mil reais);
II — ofensa de natureza média: de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a R$ 90.000,00 (noventa
mil reais);
III — ofensa de natureza grave: de R$ 90.000,00 (noventa mil reais) a R$ 180.000,00 (cento
e oitenta mil reais).
§ 2- Na fixação do valor da indenização, o juiz levará em conta, ainda, a situação social,
política e econômica das pessoas envolvidas, as condições em que ocorreu a ofensa ou o
prejuízo moral, a intensidade do sofrim ento ou hum ilhação, o grau de dolo ou culpa, a
existência de retratação espontânea, o esforço efetivo para m inim izar a ofensa ou lesão e o
perdão, tácito ou expresso.
§ 3- A capacidade fina n ce ira do causador do dano, por si só, não autoriza a fixação da
ind enizaçã o em va lo r que p ropicie o e n riq u e cim e n to sem causa, ou d e sproporcional,
da vítim a ou de terceiro interessado.
§ 4- Na reincidência, ou diante da indiferença do ofensor, o juiz poderá elevar ao triplo o
valor da indenização.”
'.DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 249
(49) “Dano moral. Fixação do valor da indenização. A quantificação do dano moral deve
atender às necessidades da parte ofendida e aos recursos da parte ofensora, de modo a
não ser o valor da indenização dem asiado alto para acarretar um enriquecim ento sem
causa àquele que o recebe, nem tão insignificante a ponto de ser inexpressivo para quem
o paga. Devem ser consideradas, invariavelmente, a intensidade, a gravidade, a natureza
e os reflexos do sofrim ento experimentado, bem como a repercussão de caráter pedagógico
que a pena imposta trará ao ofensor. "Santa Catarina. TRT 12ã Região. Acórdão n. 2.487/
2001, Rei.: Juiz Gilm ar Cavalheri, DJ 15 mar. 2007.
(50) Cf. Minas Gerais. TAMG. 1ã Câm. Civil. Ap. Cível n. 213.381-9, Rei.: Juiz Páris Pena,
julgada em 11 jun. 1996.
(51) “Agravo de instrumento em Recurso de Revista — Dano moral — Valor arbitrado. No
que se refere ao quantum fixado à indenização, é de se ressaltar que os parâmetros para a
fixação do valor da indenização, isto é, valor justo e razoável, na verdade, são peculiares ao
caso concreto, em face da dor ou do dano causado ao trabalhador. Incólumes os dispositivos
s u s c ita d o s . A g ra vo de in s tru m e n to d e s p ro v id o .” T S T . 1§ T u rm a . A IR R n. 1 12540-
79.2006.5.06.0004, Rei.: Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DJ 17 set. 2010.
■DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 251
(52) “ Dano moral. Valor fixado. Efeito pedagógico e punitivo. O escopo da reparação do
prejuízo experim entado pela vítim a concentra-se na inibição do agente causador do dano
a praticar outros atos ilícitos, sem perm itir o locupletam ento da outra parte. Nessa linha de
raciocínio, deflui-se que o valor arbitrado atingiu o desígnio esperado, ou seja, a função
pedagógica e punitiva que a indenização deve representar para o agente ofensor. Agravo
de instrumento a que se nega provim ento.” TST. 2- Turma. AIRR n. 4039/2002-902-02-00,
Rei.: Ministro Sim pliciano Fontes de F. Fernandes, DJ 23 jun. 2006.
“Valor fixado para o dano moral. Doença profissional. I — A indenização por dano moral
deve o b s e rv a r o c rité rio e stim a tivo , d ife re n te m e n te d a q u e la por dano m a te ria l, cujo
cálculo deve observar o critério aritmético. Na fixação da indenização do dano moral, a seu
turno, deve o juiz se nortear por três vetores, quais sejam, a gravidade do dano causado, a
estatura econôm ico-financeira do ofensor e o intuito inibidor de futuras ações lesivas à
honra e boa fam a do empregado. II — Tendo por norte as seqüelas psicológiéas, provenientes
da doença profissional que acom etera a recorrida, com irrefragável repercussão na sua
Intim idade profissional, a estatura econôm ica do recorrente e as condições culturais da
empregada vitimada, tanto quanto o caráter pedagógico inerente ao ressarcimento do dano
moral, sobressai a constatação de o valor arbitrado em R$ 10.000,00 revelar-se razoável e
proporcional, infirm ando-se a pretensa vulneração dos artigos 944 do C ódigo Civil e 5a,
inciso V, da Constituição, este por sinal impróprio à controvérsia, considerando que ele só
é inteligível no âm bito do inciso IV, no qual o C onstituinte assegurou o direito à livre
manifestação do pensamento. III — Recurso não conhecido.” TST. 4- Turma. RR n. 7803/
2005-026-12-00.5, Rei.: Ministro Barros Levenhagen, DJ 13 fev. 2009.
(53) O E nunciado n. 458 aprovado na V Jornada de D ireito Civil, realizada em 2011,
preceitua: “Art. 944. O grau de culpa do ofensor, ou a sua eventual conduta intencional,
deve ser levado em conta pelo juiz para a quantificação do dano moral.”
252 S e b a s t iã o G e r ald o de O liv e ir a
(54) Vale citar alguns exemplos de valores da indenização por danos morais fixados pelos
T rib u n a is S u p e rio re s , p a ra o c o rrê n c ia s m a is g ra v e s , n a tu ra lm e n te p a ra c a s o s e
circu n stâ n cia s d istinta s: 1. TS T — R R -3 4 5 0 0 -8 3 -2 0 0 6 -5 -1 7-2002, m antido o v a lo r de
R $ 2 0 0 .0 0 0 ,0 0 ; 2. T S T — A R R 6 9 2 0 0 -7 9 -2 0 0 6 -5 -1 2 -0 0 4 9 , re d u z id o o v a lo r p a ra
R$50.000,00; 3. TST — ARR 64700-05-2008-5-15-0020, mantido o valor de R$1.000.000,00;
4. TST — RR 48000-89-2006-5-17-0012, mantido o valor de R$500.000,00; 5. TST — RR-
379400-19-2008-5-09-0071, mantido o valor de R$100.000,00; 6. TST- AIRR 1358/2002-
011-11-41 — Mantida a condenação em 400 salários mínimos; 7.TST — AIRR 142900-37-
2003-5-05-0551, mantido o valor de R$100.000,00; 8. STJ. REsp 740059 — Indenização
aum entada para 500 salários mínimos; 9. STJ — REsp 612613 — Mantida a indenização de
500 s a lá rios m ínim os; 10. STJ — REsp 1171826/R S — Indenização aum entada para
R$558.000,00; 11. STJ — REsp 747474 — Reduzido o valor para R$305.000,00; 12. STJ-
REsp 515750 — Provimento do recurso para reduzir a indenização para 300 salários mínimos.
NDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 253
“Por maiores que sejam as dificuldades, e seja lá qual for o critério origi-
nariamente eleito, o certo é que, a meu ver, o valor da indenização por
dano moral não pode escapar ao controle do Superior Tribunal de Justi
ça. Urge que esta Casa, à qual foram constitucionalmente cometidas
tão relevantes missões, forneça e exerça controle, de modo a que o
lesado, sem dúvida alguma, tenha reparação, mas de modo também
que o patrimônio do ofensor não seja duramente ofendido. O certo é que
o enriquecimento não pode ser sem justa causa.”
(55) DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao novo
Código Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. XIII, p. 377.
(56) “P rocessual civil. Agravo regim ental no agravo em recurso especial. Responsabilidade
civil. Digitador. Lesão proveniente de esforço repetitivo. Redução da capacidade laborativa.
Total e perm anente. C um ulação de benefício p revidenciário com pensão decorrente de
ilícito civil. Possibilidade. Dano moral. Redução da indenização. Inviabilidade. Razoabilidade
na fixação do quantum. 1. É possível a cumulação de benefício previdenciário com pensão
decorrente de ilícito civil. 2. O recurso especial não com porta o exame de questões que
im pliquem revolvim ento do contexto fático-probatório dos autos, a teor do que dispõe a
S ú m ula n. 7/S T J. 3. C o n tu d o , em h ip ó te s e s e x c e p c io n a is , q u a n d o m a n ife s ta m e n te
evidenciado ser irrisório ou exorbitante o arbitram ento da indenização, a jurisprudência
desta Corte permite o afastamento do referido óbice, para possibilitar a revisão. 4. No caso
concreto, a indenização fixada pelo Tribunal local em 50 (cinqüenta) salários mínimos, em
razão da perda da capacidade laborativa do recorrido decorrente de lesão compatível com
DORT, não se revela excessiva. 5. Agravo regimental desprovido.” STJ. 4- Turma. AgRg no
AREsp n. 104.823/SP, Rei.: Ministro Antonio Carlos Ferreira, DJ 17 set. 2012.
254 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
(57) AGUIAR, Roger Silva. Responsabilidade civil objetiva: do risco à solidariedade. São
Paulo: Atlas, 2007. p. 90.
256 S e b a s t iã o G e r ald o de O liv e ir a
Além das indenizações por dano material e moral, pode ser cabível a
indenização por dano estético, quando a lesão decorrente do acidente do
trabalho compromete ou pelo menos altera a harmonia física da vítima.
Enquadra-se no conceito de dano estético qualquer alteração morfológica do
acidentado, como, por exemplo, a perda de algum membro ou mesmo de um
dedo, uma cicatriz ou qualquer m udança corporal que cause repulsa,
afeiamento ou apenas desperte a atenção por ser diferente(59).
O prejuízo estético não caracteriza, a rigor, um terceiro gênero de danos,
mas representa uma especificidade destacada do dano moral, sobretudo
(58) PAULA, Carlos Alberto Reis de. A especificidade do ônus da prova no processo do
trabalho. São Paulo: LTr, 2001. p. 193.
(59) Para Griot, inclui-se na integridade corporal a integridade da aparência, da imagem,
principalm ente os traços da face e os m ovim entos habituais de uma pessoa. Observa,
ainda, que “haverá atentado à existência física não som ente em caso de ferim ento, de
secção ou fratura de uma parte do corpo, como tam bém quando o gravam e é feito à aparência
física: cada ser humano vem ao mundo envolvido na form a de seu corpo; ele será julgado,
em grande parte, conforme a sua aparência física, que lhe pode atrair, à primeira vista, a
sim patia ou a antipatia; é por sua aparência física que uma pessoa marca desde o início seu
círculo de ação, e esta aparência pode favorecer ou prejudicar o desenvolvim ento de sua
personalidade” . A p u d CAHALI, Y ussef Said. D ano morai. 3. ed. rev,, atual, e ampl. São
Pauio: Revista dos Tribunais, 2005. p. 203.
" C e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 257
30) LOPEZ, Teresa Ancona. O dano estético: responsabilidade civil. 3. ed. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2004. p. 21.
51) DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 21. ed. São
=3aulo: Saraiva, 2007. vol. 7, p. 80.
52) “Acidente de trabalho. Danos morais e estéticos. Cumuiatividade. As indenizações
:o r danos morais e estéticos decorrentes de um mesmo acidente de trabalho podem ser
258 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e if -
cum uladas, porquanto, quando a lesão im plica uma deform idade física perm anente, são
atingidos, ao mesmo tempo, bens jurídicos claramente distintos: a higidez emocional, ligada
ao so frim e n to p síq u ico p ro vo ca d o pelo a cid e nte , e a in te g rid a d e fís ic a , v in c u la d a à
deformação estética irreversível.” Santa Catarina. TRT 12a Região. RO n. 01476-2005-024-
12-00-5, Rei.: Juíza Maria Regina Olivé Malhadas, DJ 15 out. 2006.
(63) Rio de Janeiro. Tribunal de Alçada. 7- Câm. Civil, Rei.: Fabrício Paulo Bandeira Filho,
julgado em 02 abr. 1997.
NDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 259
a mesma. O fundam entai é que as perdas a serem ressarcidas tenham sido, de fato,
diferentes (perda patrimonial, perda moral e, além dessa, perda estética). Recurso de
revista não conhecido, no tem a.” TST. 3- Turma. RR n. 217600-28.2009.5.09.0303,
Rei.: Ministro Mauricio Godinho Delgado, DJ 5 out. 2012.
“Dano m oral e dano estético — Cum ulação. Adm ite-se a cum ulação dos danos
moral e estético, ainda que derivados do mesmo fato, quando possuem fundam entos
distintos. O dano moral é compensável pela dor e constrangim ento impostos ao autor
e o dano estético pela anomalia que a vítim a passou a ostentar. O dano estético afeta
‘a integridade pessoal do ser humano, em geral, e em particular a harm onia física,
c o n c e b id a s co m o m a te ria liz a ç ã o de um d ire ito h u m a n o g a ra n tid o no n ív e l
c o n s titu c io n a l.’ Ele poderá ser o re su lta d o de um a fe rid a que gera cica triz, da
amputação de um membro, falange, orelha, nariz, olho ou outro elemento da anatom ia
hum ana. Q uando se constata que um sem elhante possui algum a parte do corpo
alterada em relação à imagem que tinha formado o observador, o fato causa impacto
a quem percebe através de seus sentidos. É inegável que esse dano estético provoca
também impacto sobre a percepção da própria vítima, afetada com a diminuição da
harm onia corporal. O que se visa proteger não é a beleza, valor relativo na vida
c o tid ia n a , m as g a ra n tir as c irc u n s tâ n c ia s de re g u la rid a d e , h a b itu a lid a d e ou
norm alidade do aspecto de uma pessoa; busca-se reparar que o ser humano, vítima
da cicatriz, se veja como alguém diferente ou inferior, ante a curiosidade natural dos
outros, na vida de relação. A reparação não resulta, portanto, do fato de a cicatriz ser
repulsiva, em bora essa circ u n s tâ n c ia possa a u m e n ta r o qu antum re ssa rcitó rio ,
tam pouco de ser sanada mediante uma cirurgia plástica, fato que poderá atenuar o
valor da indenização (GRANDOV, Baildomero e BASCARY Miguel Carrillo. Cicatrices.
Dano estético y derecho a Ia integridad física. Rosário: Editora FAZ, 2000, p. 34 e 40).”
Minas Gerais. TRT. 3® Região. 2- Turma. RO n. 01771-2002-032-03-00-2, Rei.: Juíza
Alice Monteiro de Barros. Revista LTr, São Paulo, v. 68, n. 3, p. 361, mar. 2004.
260 S e b a s t iã o G eraldo de O liveira
(64) A ponta-se como prim eiro julgam ento no Brasil aplicando a teoria da perda de uma
chance um acórdão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, do ano de 1990, com a
seguinte ementa: “ R esponsabilidade civil. Médico. Cirurgia seletiva para correção de miopia,
resultando névoa no olho operado e hipermetropia. Responsabilidade reconhecida, apesar
de não se tratar, no caso, de obrigação de resultado é de indenização por perda de uma
chance.” TJRS. 5- Câm ara, A pelação cível n. 589069996, Rei.: Ruy Rosado de A guiar
Júnior, julgado em 12 jun. 1990. Disponível em: <www .tjrs.jus.br>.
•o e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 261
Não se pode garantir que o referido trabalhador teria sido aprovado nessa
última etapa, mas suas possibilidades eram grandes, especialmente porque
já havia superado as etapas mais difíceis e concorridas do certame. O seu
prejuízo real, em razão do acidente do trabalho sofrido, foi a perda da chance
de continuar participando do concurso. Desse modo, a indenização não pode
(65) MELO, Raimundo Simão de. Direito ambiental do trabalho e a saúde do trabalhador. 3.
ed. São Paulo: LTr, 2008. p. 357. De forma semelhante, pontua Sérgio Cavalieri: “Há forte
corrente doutrinária que coloca a perda de uma chance como terceiro gênero de indenização,
a m e io c a m in h o e n tre o d a n o e m e rg e n te e o lu c ro c e s s a n te .” C f. P rogram a de
responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2012. p. 84.
262 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
de indenização por danos materiais e compensação por danos morais sofridos pelo
agravado, em virtude de lesão ocasionada no interior de coletivo da ré, que impediu
o autor de prosseguir em concurso público para Inspetor de Segurança Penitenciária
(prova de capacitação física). Perda de uma chance. R esponsabilidade Objetiva.
Correta valoração das provas. (....) Improvimento do Recurso.” TJRJ. 2a Câm. Cívei.
Apelação n. 2009.001.00165, Rei.: Des. Alexandre Câmara, julgado em 28 jan. 2009.
“ R espo n sabilid ade civil. V antagem séria e real perdida pelo em pregado em
decorrência de ato ilícito do empregador. Perda de uma chance. Dano patrimonial
in d en izável. A te o ria da responsabilidade civil pela perda de uma chance torna
in d e nizá ve l a p ro b a b ilid a d e sé ria de o b te n ç ã o de um re s u lta d o le g itim a m e n te
esperado que é obstado por ato ilícito praticado pelo agente ofensor. Se o reclamante
tinh a com o ju sta e real a probabilidade de um ganho salarial decorrente de sua
prom oção ao cargo de supervisor de vendas da reclam ada, porque aprovado em
processo seletivo interno da empresa, mas viu perdida a chance de conquistar esse
resultado em razão de ato ilícito praticado pelo empregador, quando da sua dispensa,
m anifestam ente abusiva e ilícita, faz jus à reparação patrim onial decorrente deste
ilícito (...).” TRT 3a Região. RO n. 01533-2007-112-03-00-5, Rei.: Desem bargador
Emerson José Alves Lage, DJ 02 out. 2008.
(69) SAAD, Teresinha Lorena P. Previdência Social como instrum ento de prevenção dos
riscos do trabalho. Revista de Previdência Social, São Paulo, v. 20, n. 190, p. 782, set. 1996.
70) O art. 2:102 (2) dos Princípios de Direito Europeu de responsabilidade civil estabelece:
'A vida, a integridade física ou psíquica, a dignidade hum ana e a liberdade gozam de
croteção mais extensa.”
71) MONTEIRO, Antônio Lopes. Os aspectos legais da tenossinovite. In: CODO, W anderley;
^LMEIDA, Maria Celeste C. G. de (Org.). LER: diagnóstico, tratamento e prevenção: uma
-oordagem interdisciplinar. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 281.
CAPÍTULO 9
1 — no pagamento das despesas com o tratam ento da vítima, seu funerai e o luto da
fam ília;
espólio não tem legitimidade para postular as indenizações por danos materiais
du morais, já que os titulares desse direito serão aqueles que foram diretamente
afetados(1).
O acréscimo da expressão “sem excluir outras reparações”, introduzida
no caput do art. 948 acima mencionado, veio para corrigir uma falha muito
oriticada do Código Civil anterior. Isso porque a interpretação literal do art.
1.537 limitava a indenização às verbas referentes ao tratamento da vítima,
:uneral, luto da família e aos alimentos aos dependentes do morto. Dessa
;orma, a reparação no caso concreto nem sempre atendia ao princípio milenar
da restitutio in integrum, já que podia gerar redução dos rendimentos do núcleo
familiar do falecido.
(1) Vamos indicar os beneficiários do pensionam ento no item 9.4 e dos legitimados para
postular a indenização por danos morais no item 9.9.
(2) Carlos Roberto Gonçalves, ao com entar o art. 948 do atual Código Civil em comparação
com o art. 1.537 do Código anterior, anota: “Atribui-se a esse dispositivo o defeito de haver,
de certo modo, limitado a matéria da indenização. A interpretação literal, restritiva, perdurou
durante largo tempo. Aos poucos, entretanto, uma jurisprudência mais evoluída passou a
e n te n d e r que o art. 1.537 d e v ia s e r in te rp re ta d o com o m e ra m e n te e n u m e ra tiv o ou
e x e m p lific a tiv o de ve rb a s que devem n e c e s s a ria m e n te c o n s ta r da in d e n iz a ç ã o .” In:
Comentários ao Código Civil: parte especial: direito das obrigações. São Paulo: Saraiva,
2003. v. 11, p. 529.
270 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
(3) Em situação análoga, é oportuno citar o entendimento adotado pelo Colendo STJ: “Tem
legítim o interesse para p leitear indenização a pessoa que detinha a posse do veículo
sinistrado, independentemente de título de propriedade.” STJ. 3a Turma. Resp n. 5.130-SP,
Rei.: Ministro Dias Trindade, julgado em 8 abr. 1991.
In d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o o u D oença O c u p a c io n a l 271
'enda até então mantido. Daí mencionar o art. 402 do Código Civil que as
oerdas e danos abrangem o que o prejudicado perdeu mais o que razoavel
mente deixou de lucrar, ou de receber no caso do acidente do trabalho.
(4) DIAS, José de Aquiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
v. II, p. 756.
(5) CLT. Art. 459. “O pagamento do salário, qualquer que seja a modalidade de trabalho,
não deve ser estipulado por período superior a um mês, salvo o que concerne a comissões,
percentagens e gratificações.”
272 S e b a s t iã o G eraldo de O liv e ir a
(6) C ódigo Civil. “Art. 186. A quele que, por ação ou om issão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito.”
(7) A pu d STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. rev., atual, e ampl. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 1.421.
MDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 273
(8) CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 3. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2005. p. 114-118.
(9) Anota Y ussef Said Cahali: “À diferença do que ocorre com os danos patrim oniais do art.
1.537, II, do antigo CC (repetido no art. 948, II, do novo CC), em que a ‘prestação de
alim entos a quem o defunto os d e via ’ representa obrigação de trato sucessivo que se
desenvolve no tempo, inclusive com a garantia de pagamento do art. 602 do CPC [atual art.
475-Q], a quantia do dano moral, no caso, deve ser paga de uma só vez, de imediato, e não
em form a pensionai.” Cf. D ano m o ra i 3. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2005. p. 182.
(10) GO NÇALVES, C arlos Roberto. R esponsabilidade civil. 14. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 506.
274 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e f -
(11) Cf. STJ. 4- Turma. REsp n. 403.940, Rei.: Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, julgado
em 02 maio 2002.
(12) O Código Civil de 1916, no art. 396, previa a concessão de alimentos para a subsistência
do parente necessitado. O C ódigo Civil atual, m uito mais abrangente, menciona, no art.
1.694, alimentos necessários para o reclamante (parente, cônjuge ou companheiro) “viver
de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de
sua educação.” No entanto, os alim entos serão apenas os indispensáveis à subsistência
quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia, como prevê o § 2-
do mesmo artigo.
In d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 275
aos dependentes do morto, uma análise mais detida afasta rapidamente essa
■alsa impressão inicial, como veremos a seguir.
Num breve apanhado histórico, pode-se observar que a interpretação
-estritiva do art. 1.537 do Código Civil de 1916 foi sendo gradativamente superada,
com decisiva contribuição da doutrina mais autorizada. Na segura lição de
Pontes de Miranda, “a expressão ‘alimentos’, no art. 1.537, II, do Código Civil,
de modo nenhum se refere somente às dívidas de alimentos conforme o Direito
de Família. Alimentos são, aí, apenas o elemento que se há de ter em conta
para o cálculo da indenização.” E mais adiante conclui: “Trata-se de indenização
a título de alimentos, e não de alimentos propriamente ditos.”(13)
De forma semelhante, assevera o clássico Aguiar Dias que “a expressão
alimentos tem somente a finalidade de orientar o julgador para o quantum da
Indenização. Não constitui fundamento da reparação, que, assim, perderia o
seu caráter de reconstituição, para assumir o de substituição da obrigação
alimentar.” E com apoio no voto do Ministro do STF, Laudo de Camargo,
sintetizou: “Não se trata de prestação de alimentos, que se fixa em proporção
das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada, e sim
de indenização, que visa a reparar, pecuniariamente, o mal originado do ato
ilícito.”(14) Nessa mesma trilha, o entendimento adotado pelo Colendo Supremo
Tribunal Federal, em julgamento de 1976:
“Reparação de dano em consequência de homicídio. A alusão a alimentos’ contida
no inciso II do artigo 1.537 do Código Civil é simples ponto de referência para o cálculo
da indenização e para a determinação dos beneficiários, e, sendo critério de liquidação
de obrigação de indenizar, não se destina a transformar a natureza dessa obrigação,
metamorfoseando-a em outra, de caráter diverso, como é a de prestar alimentos. Não é
c ab íve l, portan to, a co n ce ssã o de a lim e n to s p ro v is io n a is no cu rso da ação de
indenização de perdas e danos por homicídio. Recurso Extraordinário conhecido e
provido.” STF. RE n. 84.319, Rei.: Ministro Moreira Alves, julgado em 12 nov. 1976.
(13) PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado. 2. ed. Rio de
Janeiro: Borsoi, 1967. t. 54, p. 284-285.
(14) DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
v. II, p. 756-757.
(15) CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 3. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2005. p. 110.
276 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
Por outro lado, se o art. 950 do Código Civil assegura ao acidentado que
ficou inválido uma pensão correspondente “à importância do trabalho para
que se inabilitou” , não há razão lógica, nem jurídica, para deferir a pensão
aos dependentes da vítima seguindo outras bases, apenas porque se trata
de acidente fatal. Discorrendo sobre essa questão, concluiu Rui Stoco: “Ambas
as hipóteses são de pensionamento mensal, seja aos dependentes do morto,
seja à própria vítima, de modo que a utilização das expressões ‘alimentos’ no
art. 948 e ‘pensão’ no art. 950 não significa que haja diferença ontológica e
substancial entre uma e outra. Ambas têm características de prestação
alimentar, mas não caráter alimentar propriamente dito.”<18)
(16) RODRIGUES, Sílvio. Direito civil: responsabilidade civil. 19. ed. São Paulo: Saraiva,
2002. v. 4, p. 217.
(17) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011. p. 1.559.
(18) Idem.
(19) “Recurso Especial. Responsabilidade civil. Aplicação do art. 1.537, II, do Código Civil.
1. A reparação do dano não tem ca rá te r alim entar, estando d esvinculada da situação
econôm ico-financeira do beneficiário, correta a interpretação do acórdão recorrido sobre o
alcance do art. 1.537, II, do Código Civil. De fato, se fosse diversa a com preensão da regra
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r a b a lh o ou D oença O c u p a c io n a l 277
jurídica invocada pela recorrente, estar-se-ia abrindo uma am pla frente para confinar a
indenização a uma certa situação econôm ico-financeira do prejudicado pelo evento danoso,
deixando de lado o fato do ilícito, com a conseqüente impunidade civil do agente.” STJ. 3a
Turma. REsp n. 62.963, Rei.: Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 06 maio
1997.
(20) STJ. 3a Turma. REsp n. 33.127-8, Rei.: Ministro Nilson Naves, julgado em 8 ago. 1995.
(21) “Habeas corpus. Alimentos devidos em razão de ato ilícito. Prisão civil. Ilegalidade. 1.
Segundo a pacífica jurisp ru d ê n cia do S uperior T ribunal de Justiça, é ilegal a prisão civil
278 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e if
VII) Nas edições anteriores deste livro afirmamos que não cabia penhora
do im óvel reside ncia l, na execução da pensão m ensal d e ferid a aos
dependentes econômicos do acidentado, por ser inaplicável a ressalva do
art. 3Qda Lei n. 8.009/1990. Revendo o entendimento, concluímos agora, c o r
mais vagar, que é sim possível a penhora do imóvel residencial do executado
nessa hipótese. O art. 3Qda Lei n. 8.009/1990 exclui da impenhorabilidade o
crédito decorrente de “pensão alimentícia” . O art. 100, § 1Qda Constituição
da República, com a redação alterada pela Emenda Constitucional n. 62/2009,
esclarece o alcance jurídico da expressão pensão alimentícia: “Os débitos
de natureza alim entícia com preendem aqueles decorrentes de salários,
vencim entos, proventos, pensões e suas com plem entações, benefícios
decretada por descum prim ento de obrigação alim entar em caso de pensão devida em
razão de ato ilícito. 2. Ordem concedida.” STJ. 4- Turma. HC 182.228/SP, Rei.: Ministro João
Otávio de Noronha, DJe 11 mar. 2011.
“Responsabilidade civil — Acidente do trabalho — Indenização — Direito comum — Prisão
civil — Ato ilícito — Pagamento de prestação alimentícia fixada — Ausência — Descabimento
— Descabe a execução e cominação de prisão adm inistrativa contra sócio de sociedade
por cotas de responsabilidade limitada. A prisão civil de que trata o § 1a, do art. 733, do
C ó d ig o de P ro ce sso C ivil, c.c. art. 5 a, LX V II, da C o n s titu iç ã o F ederal é re s trita ao
Ínadimplemento de alimentos decorrentes de relação de direito de família; cuidando-se de
regra excepcional de prisão por dívida, aplica-se restritivam ente não se estendendo às
ações por responsabilidade ‘ex delito’.” São Paulo. STACivSP. 2- Câm. HC 791.388-00/1,
Rei.: Juiz Norival Oliva, julgado em 12 maio 2003.
(22) “Execução — Responsabilidade Civil — Acidente do trabalho — Indenização — Direito
Comum — Benefício — Pensão mensal vitalícia — Citação do devedor nos termos do art.
733 do Código de Processo Civil — Inadmissibilidade — Às execuções por renda mensal
de ações acidentárias pelo Direito Comum aplica-se o art. 602 e não 733, § 1a, do Código
de Processo Civil.” São Paulo. STACivSP. 2- Câm. HC n. 791.388-00/1, Rei.: Juiz Norival
Oliva, julgado em 12 maio 2003.
(23) E nte ndem o s que co n tin u a v á lid a nossa co n clu são , m esm o d epois da a lte ra çã o
introduzida pelo § 3a do art. 475-Q que sugere a possibilidade de alteração do valor do
pensionamento, caso sobrevenha modificação das condições econômicas da parte. Vamos
analisar a referida inovação legal no item 9.6 deste capítulo.
(24) Tratarem os com mais vagar deste tem a no item 9.4.2.
INIENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 279
25) “Recurso Especial — Execução — Ação reparatória por ato ilícito — Acidente de trânsito
— Pensão alimentícia — Bem imóvel — Penhorabilidade — Possibilidade — Inaplicabilidade
oa Lei n. 8.009/90 — Recurso especial provido. I — A pensão alim entícia é prevista no art.
3S, inciso III, da Lei n. 8.009/90, como hipótese de exceção à impenhorabilidade do bem de
fam ília. E tal dispositivo não faz q u alquer distinção quanto à causa dos alim entos, se
recorrente de vínculo fa m ilia r ou de obrigação de reparar danos. II — Na espécie, foi
°iposta pensão alim entícia em razão da prática de ato ilícito — acidente de trânsito —
ensejando-se o reconhecim ento de que a im penhorabilidade do bem de fa m ília não é
:oonível à credora da pensão alimentícia. Precedente da Segunda Seção. III — Recurso
especial provido.” STJ. 3B Turma. REsp n. 1186225/RS, Rei. Ministro Massami Uyeda, DJ 13
set. 2012.
' E xecução de p en são m en sal v ita lícia . Bem de fa m ília. In a p lic á v e l a regra de
impenhorabilidade estabelecida na lei n. 8.009/90. O inciso III do art. 3e da Lei n. 8.009/90
excepciona a regra da im penhorabilidade quando a execução for prom ovida “pelo credor
de pensão alim entícia” . Entre os débitos de natureza alimentícia estão incluídas as pensões
e indenizações por m orte ou invalidez fundadas na responsabilidade civil, conform e o
disposto no art. 100, § 12-A, da C onstituição Federal, com redação dada pela Emenda
Constitucional n. 30/2000. Assim, à execução dos créditos trabalhistas que trata de pensão
mensal vitalícia não se aplica a regra da impenhorabilidade prevista no art. 3-, caput, da Lei
n. 8.009/90, por incompatibilidade com o disposto no art. 100, § 1a-A, da CF.” Paraná. TRT
9ã Região Seção Especializada. AP n. 991500-86.2006.5.09.0018. Rei.: Des. Luiz Eduardo
Gunther, DJ 11 maio 2012.
280 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir -
O art. 948 do Código Civil indica como credores dos alimentos “as
pessoas a quem o morto os devia” , ou, como interpretava Clóvis Beviláqua,
as pessoas a quem o falecido teria de prestá-los se fosse vivo(26). Não se
trata, portanto, de direito de natureza hereditária porquanto não são
necessariamente os sucessores da vítima, na forma da lei civil, que recebem
a pensão. Para identificar o beneficiário ou os beneficiários do pensionamento,
o eminente Caio Mário recomenda que seja formulada a seguinte indagação:
quem é ou quem são as pessoas diretamente atingidas pela morte da vítima?(27)
(26) Apud PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. 9. ed. 8a t. Rio de Janeiro:
Forense, 2002. p. 322.
(27) PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. 9. ed. 8a t. Rio de Janeiro:
Forense, 2002. p. 329.
(28) DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: responsabilidade civil. 21. ed. São
Paulo: Saraiva, 2007. v. 7, p. 77. Com pensamento semelhante anotou Rui Stoco: “Objetivou
o legislador suprir as necessidades da própria vítim a e, também, daqueles que dependiam
da vítim a falecida, de modo que se esta já não mais pode fazê-lo, evidenciada a carência
NDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 281
que a morte do alimentante provocou no lar e aos seus dependentes, privados que estejam
para uma sobrevivência em condições sem elhantes àquela existente antes do evento,
caberá ao ofensor, na mesma proporção, fazê-lo.” Cf. Tratado de responsabilidade civil. 8.
ed. rev., atual, e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 1484-1485.
(29) Conferir nesse sentido: DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de
Ja n e iro : F o re n se , 1995. v. II, p. 7 89; D IN IZ , M a ria H e le n a . Curso de d ireito civil:
responsabilidade civil. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 7, p. 202; GONÇALVES, Carlos
Roberto. Responsabilidade civil. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 482.
(30) VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito das sucessões. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 21.
282 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liveira
“Adm inistrativo. Agravo regim ental no agravo de instrum ento. Servidor público.
Concubina. Pensão. Rateio com a viúva. Im possibilidade. Precedentes do STJ e
do STF. Agravo não provido. 1. “A proteção do Estado à união estável alcança apenas
as situações legítimas e nestas não está incluído o concubinato” , sendo certo que a
“titularidad e da pensão decorrente do falecim ento de servidor público pressupõe
vínculo agasalhado pelo ordenam ento jurídico, mostrando-se impróprio o implemento
de divisão a beneficiar, em detrim ento da família, a concubina (RE 590.779, Rei. Min.
Marco Aurélio, STF, Primeira Turma, DJe 26.3.09). 2. Hipótese em que o Tribunal de
origem reconheceu, com base no conjunto probatório dos autos, que o falecido servidor
não e ra s e p a ra d o de fa to , te n d o e s ta b e le c id o d o is n ú c le o s fa m ilia re s
concom itantem ente, com sua esposa e com a ora agravante. 3. Agravo regimental
não provido.” STJ. 1ã Turma. AgRg no Ag n. 1424071/RO, Rei.: Ministro Arnaldo Esteves
Lima, DJ 30 ago. 2012.
“S ervid o r Público Estadual falecido. Pensão por m orte. Rateio entre viúva e
concubina. Im possibilidade. Precedentes. No caso de pensão por morte, é possível
o rateio igualitário do benefício entre a ex-esposa e a com panheira de servidor falecido.
O reconhecimento da união estável pressupõe a inexistência de im pedim entos para
o casamento. A vigência de m atrim ônio não é em pecilho para a caracterização da
união estável, desde que esteja evidenciada a separação de fato entre os ex-cônjuges,
o que não é a hipótese dos autos. O concubinato não pode ser erigido ao mesmo
patam ar jurídico da união estável, sendo certo que o reconhecimento dessa última é
condição im prescindível à garantia dos direitos previstos na Constituição Federal e
na legislação pátria aos companheiros, inclusive para fins previdenciários. Recurso
O rdinário em Mandado de Segurança conhecido e provido.” STJ. 5a Turm a. RMS
30.414/PB, Rei.: Ministra Laurita Vaz, DJ 24 abr. 2012.
“Indenização por ato ilícito — Pensão à com panheira e ao filho da vítima: limite
tem poral — Mulher e filho mantidos pela vítim a têm direito à indenização sob a forma
de alimentos, como estabeleceu o acórdão, em quantitativo que esta Corte não pode
dim ensionar por óbice da Súmula 07/STJ. A pensão fixada para a com panheira da
vítim a não pode ser condicionada à manutenção da sua situação de mulher sozinha,
dado o seu caráter indenizatório (precedentes do STJ).” STJ. 2- Turma. REsp n. 392.240/
DF, Rei.: Ministra Eliana Calmon, julgado em 04 jun. 2002.
(36) PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado. 2. ed. Rio de
Janeiro: Borsoi, 1967. t. 54, p. 286.
(37) DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10 ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
v. II, p. 790.
NDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 285
“Responsabilidade civil. Pensionam ento aos filhos. Limite de idade. Em casos que
tais, o pagamento da pensão será devido aos filhos menores até o limite de vinte e
cinco anos de idade, quando, presum ivelmente, os beneficiários terão concluído sua
form ação, inclusive em curso universitário, não mais se ju stifica n do o vínculo de
dependência.” STJ. 3- Turma. REsp n. 402.443, Rei.: Ministro Castro Filho, julgado
em 02 out. 2003.
(38) Segundo estabelece o art. 16, § 4Q, da Lei n. 8.213/1991, que dispõe sobre os benefícios
da Previdência Social, aqui invocada por analogia, é presum ida a dependência do cônjuge,
com panheira ou companheiro e do filho não emancipado menor de 21 anos ou inválido.
286 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liveira
Por outro lado, se ficar comprovado que o filho não colaborava para as
despesas da família, não cabe o deferim ento de pensão aos pais, pela
inexistência de prejuízo material, podendo ser concedida, conforme o caso, a
indenização por danos morais.
“Civil e Processo civil. Indenização. Morte. Danos materiais. Pensão mensal. Valor
e term o final. I — A orientação da Segunda Seção, em casos de indenização por
morte de filho, é de que a pensão mensal arbitrada em favor dos pais deve ser integral
até os 25 (vinte e cinco) anos, idade presum ida do casamento da vítima, reduzindo-se
a partir de então essa pensão à metade até a data em que, também por presunção, a
vítim a atingiria os 65 (sessenta e cinco) anos de idade. II — Não correspondendo a
contribuição dos filhos, para o custeio da casa dos seus pais, à totalidade do seu
salário, afigura-se razoável e justo, em linha de princípio, fixa r a indenização no
percentual de dois terços (2/3) daquele.” STJ. 4 a Turma. REsp 302.298/M G , Rei.:
Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, julgado em 7 maio 2002.
(39) GONÇALVES, Carlos Roberto. Comentários ao Código Civil: parte especial: direito das
obrigações. São Paulo: Saraiva, 2003. v. 11, p. 532.
288 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir -
Leciona Caio Mário que “todas essas situações podem ser enfeixadas
numa fórmula global ou num princípio genérico: têm legitimidade ativa para a
ação indenizatória as pessoas prejudicadas pelo ato danoso.”<40) Com
pensamento semelhante assevera Aguiar Dias: “Tem direito de pedir reparação
toda pessoa que demonstre um prejuízo e a sua injustiça. O quadro dos sujeitos
ativos da reparação deve atender a esse princípio, de ampla significação.
Assim sendo, quer se trate de dano moral ou de dano material, não se pode
cogitar de restringir a ação de indenização a privilégio do parentesco.”(41)
(40) PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. 8ã t. Rio de Janeiro:
Forense, 2002. p. 330.
(41) DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
v. II, p. 793.
INDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 289
rcupação perm anente, essa parcela, desde que habitual, deverá ser
adicionada ao valor da remuneração paga pelo empregador para compor a
rase de cálculo da pensão. Esse entendimento, que já era acolhido pela
-nsprudência, ficou agora mais fortalecido com o acréscimo da expressão
sem excluir outras reparações” no caput do art. 948 do Código Civil.
(43) O valor da pensão deve ser calculado tom ando-se como base o prejuízo dos dependentes
da vítim â: A parcela do FGTS não com punha a renda mensal ou anual do acidentado,
porque só poderia ser sacada em situações excepcionais, como nos períodos de desemprego
ou na aposentadoria. Assim, a sua inclusão na base de cálculo do pensionamento implicaria
conceder rendimentos superiores aos que a vítima habitualmente recebia. Vejam entendimento
do TST a respeito: “Acidente do trabalho. Dano material. Pensão. Base de cálculo. FGTS. Não
compõe a base de cálculo da pensão prevista no art. 950 do CC a contribuição para o FGTS,
porquanto tal valor não integra os rendimentos efetivos do empregado. Precedente. Recurso
de revista não conhecido, no aspecto.” TST. 3- Turma. RR n. 172400-44.2007.5.03.0041,
Rei.: Ministro Maurício Godinho Delgado, DJ 28 set. 2012.
(44) PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. 8- t. Rio de Janeiro:
Forense, 2002. p. 316.
•DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 291
Ocorre que a Constituição da República de 1988, no art. 7-, IV, optou por
vedar qualquer vinculação de valor ao salário mínimo, especialmente para
(45) “Indenização — Pensão por morte do chefe de família. Do cálculo da pensão deve ser
deduzido 1/3 que representa as presumíveis despesas pessoais da vítim a.” STF. 1ã Turma.
RE 85.417, Rei.: Ministro Cunha Peixoto, julgado em 31 ago. 1976.
"Responsabilidade civil. Acidente de trabalho. Pensão em favor da mãe. Dependência
econômica. Fixação em dois terços. Segundo entendimento da Segunda Seção desta Corte,
o pensionam ento em favor dos genitores decorrente do falecim ento de filho deve ser de
..dois terços da renda auferida pela vítim a já que, por presunção, esta consum iria pelo
menos um terço com o próprio sustento.” STJ. 4- Turma. REsp 435.157/MG, Rei.: Ministro
Fernando Gonçalves, julgado em 10 jun. 2003.
“Pensão devida a filho menor. Redução do pensionamento. Adequada a fixação do valor da
pensão em 2/3 (dois terços) dos rendim entos da vítima, deduzindo que o restante seria
gasto com seu sustento próprio.” STJ. 1® Turma. REsp n. 603.984, Rei.: Ministro Francisco
Falcão, julgado em 5 out. 2004.
(46) Constituição da República. Art. 1-, XXVIII: “seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em
dolo ou culpa.” De form a semelhante prevê o art. 121 da Lei n. 8.213/1991: “O pagamento,
p e la P re v id ê n c ia S o c ia l, d a s p re s ta ç õ e s p o r a c id e n te do tra b a lh o não e x c lu i a
responsabilidade civil da em presa ou de outrem.”
292 S e b a s tiã o G e r a ld o de O live -
(47) “ Dano moral. Fixação de indenização com vinculação a salário mínimo. Vedaçãc
Constitucional. Art. 7-, IV, da Carta Magna. — O Plenário desta Corte, ao julgar, em 1e. 10.97.
a ADIN 1425, firmou o entendimento de que, ao estabelecer o art. 7S, IV, da Constituição que
é vedada a vinculação ao salário m ínim o para qualquer fim, quis evitar que interesses
estranhos aos versados na norma constitucional venham a ter influência na fixação do valor
m ínim o a ser observado. — No caso, a indenização por dano moral foi fixada em 500
sa lá rio s m ínim os para que, in e q u ivo ca m e n te , o v a lo r do s a lá rio m ínim o a que essa
indenização está vinculado atue com o fator de atualização desta, o que é vedado pelo
citado dispositivo constitucional. — Outros precedentes desta Corte quanto à vedação da
vinculação em causa. Recurso extraordinário conhecido e provido.” STF. 1a Turma. RE n.
225.448, Rei.: Ministro Moreira Alves, DJ 16 jun. 2000.
Constitucional. Art. 7° Inc. IV, da Constituição da República. Não recepção do art. 3-, § 1°
da Lei Complementar paulista n. 432/1985 pela Constituição de 1988. Inconstitucionalidade
de vinculação do adicional de insalubridade ao salário mínimo: Precedentes. 1, O sentido
da vedação constante da parte final do inc. IV do art. 1- da C onstituição impede que o
salário m ínim o possa ser aproveitado como fator de indexação; essa utilização tolheria
eventual aumento do salário mínimo pela cadeia de aumentos que ensejaria se admitida
essa vinculação (RE 217.700, Ministro Moreira Alves). A norma constitucional tem o objetivo
de impedir que aumento do salário mínimo gere, indiretamente, peso maior do que aquele
diretam ente relacionado com o acréscimo. Essa circunstância pressionaria reajuste menor
do salário mínimo, o que significaria obstaculizar a implem entação da política salarial prevista
no art. 7°, inciso IV, da Constituição da República. O aproveitamento do salário mínimo para
form ação da base de cálculo de qualquer parcela rem uneratória ou com qualquer outro
o b je tivo p e cu n iá rio (in d e n iza çõ e s, pensões etc.) e sb a rra na vin c u la ç ã o ve d a d a pela
C o nstituição do Brasil. H istórico e análise co m parativa da ju risp ru d ê n cia do S uprem o
Tribunal Federal. Declaração de não recepção pela Constituição da República de 1988 do
Art. 3a, § 1a, da Lei Complem entar n. 432/1985 do Estado de São Paulo. ...” STF. Pleno. RE
n. 565.714-1, Rei. Ministra Cármen Lúcia, DJe 07 nov. 2008.
hCENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 293
Diante dessa posição da Corte Maior, tudo indica que não deverá vingar
a inovação introduzida no CPC pela Lei n. 11.232/2005, cujo art. 475-Q, § 4S,
estabelece que “os alimentos podem ser fixados tomando por base o salário
mínimo.” Sem dúvida, a regra deverá ser aplicada nos casos em que a vítima
zercebia um salário mínimo mensal, mormente porque a lógica indica que
oelo menos essa quantia ela continuaria recebendo, não fosse o acidente.
Entretanto, nas hipóteses de remunerações superiores, a fixação do valor
:ela quantidade de salários mínimos poderá acarretar ao longo do tempo um
aumento real da pensão, especialmente em razão do propósito governamental,
; rmado nos últimos anos, de conceder reajuste do salário mínimo acima da
nflação anual. Ademais, o reajuste pela variação do salário mínimo conflita
com o que prevê o art. 7-, IV, da Constituição Federal, conforme acima men
cionado.
(48) “Em enta: Em bargos D eclaratórios recebidos com o agravo regim ental. Indenização.
Vedação de vinculação ao salário mínimo. Art. 7° IV, da Constituição. Questão apresentada
som ente em embargos à execução. À luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
é vedado o uso do salário mínimo como fator de atualização da indenização. O mesmo não
ocòrre, contudo, quando se faz uso dele como expressão do valor inicial da indenização.
No entanto, no caso, observo que se trata de recurso extraordinário originário de embargos
à execução. Assim, a vinculação da indenização ao salário mínimo é matéria que não pode
mais ser discutida, porquanto alcançada pela coisa julgada. Agravo regimental a que se
nega provim ento.” STF. 2- Turma. Al n. 537333. Rei. Ministro Joaquim Barbosa. DJe 12
maio de 2009.
(49) É oportuno transcrever a Súmula vinculante do STF n. 4, adotada em 2008, cujo teor
reforça o entendimento mencionado, apesar de tratar de assunto diverso: “Salvo nos casos
previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser usado como indexador de base de
cálculo de vantagem de servidor público ou de empregado, nem ser substituído por decisão
ju d ic ia l.”
294 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e f
Mesmo considerando que o texto legal atual deixa a critério do juiz orde
nar ou não a constituição de capital, é recomendável determinar sempre essa
garantia, ainda no processo de conhecimento(51), pelos sérios riscos já men-
(50) A redação do revogado art. 602 do CPC tinha comando imperativo: “Toda vez que a
indenização por ato ilícito in clu ir prestação de alim entos, o juiz, quanto a esta parte,
condenará o devedor a constituir um capital, cuja renda assegure o seu cabal cum prim ento.”
A gora a redação do art. 475-Q confere ao ju iz a facu ld a d e de ord e n a r ao d evedor a
constituição do capital para garantia do pagamento da pensão.
(51) Entendemos, com apoio na doutrina, que é possível determinar a constituição de capital
para garantia do pensionamento mesmo na fase de execução, de ofício ou a requerimento da
parte. Nesse sentido pondera Arnaldo Rizzardo: “Desde que surjam motivos para exigir a
garantia posteriormente, concede-se sua instituição. Se em dado momento as circunstâncias
não ensejavam a providência, não havia porque buscá-la. Surgindo uma situação que enseja
o colapso financeiro do obrigado, com prenúncios de insolvência, o direito que consolidou a
obrigação permite que se estabeleça a garantia.” Cf. Responsabilidade civil: Lei n. 10.406, de
10.1.2002. Rio de Janeiro: Forense, 2005. p. 898-899.
INDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 295
(52) CHAVES, Luciano Athayde. A recente reforma no processo comum e seus reflexos no
direito judiciário do trabalho. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: LTr, 2007. p. 99-100.
296 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e -
(53) RIZZARDO, Arnaldo. Responsabilidade civil: Lei n. 10.406, de 10.1.2002. Rio de Janeiro:
Forense, 2005. p. 900.
(54) Ibidem, p. 901.
;DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 297
oeneficiária jovem viúva, situação que ocorre com razoável frequência. Esta
pensão poderá perdurar por mais de 50 anos, ou seja, o tempo da expectativa
de sobrevida da vítima(55). Por causa de tais receios e das lições da experiên
cia, o entendimento no âmbito do STJ é o de que a constituição de capital
para as empresas privadas não deve ser dispensada(56). Com a pacificação
desse posicionamento, o STJ, em 2005, adotou a Súmula n. 313, com o
seguinte enunciado: “Em ação de indenização, procedente o pedido, é ne
cessária a constituição de capital ou caução fidejussória para a garantia de
pagamento da pensão, independentemente da situação financeira do deman
dado.”'57)
A constituição de capital em estudo poderá ainda ser substituída por
fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado pelo juiz (art. 475-Q,
§ 2e, do CPC). Pela fiança o Banco assume o encargo, caso o devedor não
pague a pensão, como ocorria com a antiga caução fidejussória prevista no
revogado art. 602, § 2Q, do CPC(58). Caberá ao juízo da execução, diante do
requerimento do executado, analisar a proposta dessa modalidade de garantia,
sempre com vistas à segurança futura dos beneficiários da pensão, podendo
acolher ou não o requerido, de acordo com as circunstâncias do caso(59).
Nada impede, como assegura Mendonça Lima, que “as partes façam
acordo quanto ao valor da indenização ou a forma de pagamento, indepen
dentemente das normas aqui prescritas, que apenas têm aplicabilidade, se os
interessados não acertarem uma forma conciliatória de liquidar a obrigação.”*61
Por derradeiro, neste tópico, é necessário anotar que, em razão de
mudança nas condições econômicas, o capital ou a garantia constituída pode
tornar-se inadequado ou desproporcional ao objetivo proposto de assegura
a continuidade do pagamento da pensão, tanto pelo excesso quanto pela
insuficiência. Em tal circunstância, qualquer das partes poderá pedir ao juiz
da execução o aumento ou a redução do encargo, conforme previa o § 3Qdo
art. 602 do CPC(62). A redação atual do art. 475-Q, § 39, do CPC estabelece
que: “Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte
requerer, conforme as circunstâncias, redução ou aumento da prestação.”
(60) RODRIGUES, Sílvio. D ireito civil: responsabilidade civil. 19. ed. São Paulo: Saraiva,
2002. v. 4, p. 216.
(61) LIMA, Alcides de Mendonça. C omentários ao Código de Processo Civil. 5. ed. rev. e
atual. Rio de Janeiro: Forense, 1987. v. VI, p. 537.
(62) CPC. Art. 602, § 3S: “Se, fixada a prestação de alimentos, sobrevier modificação nas
condições econômicas, poderá a parte pedir ao juiz, conforme as circunstâncias, redução
ou aumento do encargo.”
(63) THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2003. v. III, t. 2, p. 158.
•.DENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 299
suando analisou o texto do revogado art. 602 do CPC e que foi substituído
oelo atual 475-Q do mesmo Código:
(66) “ Termo ad quem. Pensão. O termo ad quem do pensionam ento da viúva, consoante
entendim ento firm ado por esta Corte, deve ser a data em que a vítim a com pletaria 70
(setenta) anos de idade.” REsp n. 72.793-SP” . STJ. 4- Turma. Resp n. 468.934/SP, Rei.:
Ministro Fernando Gonçalves, julgado em 20 maio 2004.
(67) Cf. RE 66.253 e RE 74.769.
(68) Cf. RE 100.127.
(69) “ R esponsabilidade civil. Expectativa de vida da vítim a fixada, por maioria de votos, em
69 anos, de conform idade com tabela do M inistério da P revidência e A ssistência Social.
^ d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 301
^ecurso especial conhecido e provido, parcialm ente.” STJ. 4ã Turma. REsp n. 37.765/RJ,
Rei.: Ministro Barros Monteiro, julgado em 11 o u t.1993.
*Responsabilidade civil. Invalidez e posterior morte de vítima que contava 74 anos. Sobrevida
provável. Tabela progressiva da Previdência. IBGE. Quando, em casos de responsabilidade
civil, haja necessidade de estabelecer-se a presumível sobrevida, recomendável se faz a
utilização da tabela progressiva da Previdência Social divulgada pelo IBGE, critério que,
comparado ã adoção do limite fixo de 65 anos, se reveste de maior lógica e coerência.” STJ.
Turma. REsp n. 53.840/RS, Rei.: Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, julgado em 10
out. 1994.
Responsabilidade civil do Estado. Ação de indenização por danos morais e materiais.
Pensão. Termo ad quem. Data em que o de cujus completaria 70 anos. O critério para
:eterm inar o termo final da pensão devida à viúva é a expectativa de vida do falecido. Ela
~ão é indicador estanque, pois é calculado tendo em conta, além dos nascimentos e óbitos,
d acesso à saúde, à educação, à cultura e ao lazer, bem como a violência, a criminalidade,
a poluição e a situação econôm ica do lugar em questão. Q ualquer que seja o critério
adotado para a aferição da expectativa de vida, na hipótese de dúvida o juiz deve solucioná-
-la da maneira mais favorável à vítima e seus sucessores. A idade de 65 anos, como termo
fin a l p a ra p a g a m e n to de p e n s ã o in d e n iz a tó ria , não é a b s o lu ta , s e n d o c a b ív e l o
estabelecim ento de outro limite, conforme o caso concreto. Precedentes do STJ. É possível
a utilização dos dados e sta tístico s divulgados pela P revidência S ocial, com base nas
informações do IBGE, no tocante ao cálculo de sobrevida da população média brasileira.
Em hom enagem à alteração gradativa e prospectiva da ju risprudência, bem com o aos
precedentes referidos pelos recorrentes, o termo ad quem para o pensionam ento deve ser
a data em que o de cujus com pletaria 70 anos.” STJ. 2a Turma. REsp n. 1244979/PB, Rei.:
Ministro Herman Benjamin, DJ 20 maio 2011.
302 S e b a s t iã o G e r ald o de O liveira
(71) “ Civil. S obrevida pro vá ve l até os 70 anos de idade. A doção da tabela do IBGE. A
sobrevida da pessoa adulta não é a mesm a do recém -nascido, porque aquele já passou
por riscos de mortalidade que este ainda não enfrentou; a tabela do IBGE, a respeito, reflete
esse p rincípio, e prefere sobre o c rité rio da so b re vid a média, ap ro ve ita d o por outros
precedentes judiciais. Recurso especial conhecido, mas não provido.” STJ. 3a Turma. REsp
n. 119.649/RJ, Rei.: Ministro Ari Pargendler, julgado em 04 abr. 2000.
304 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
que acaba elevando a média indicada. Para essa finalidade, montamos a seguir
dois quadros da expectativa de sobrevida para os óbitos ocorridos em 201 1(72),
com separação por sexo:
(72) Colocamos nos Anexos VIII a XI a tabela da expectativa de sobrevida no Brasil por
sexo, aplicável para os óbitos ocorridos nos anos de 2007 a 2010, conforme foi divulgado
pelo IBGE.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 305
(73) V erificar neste sentido: STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. rev.,
atual, e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 1.499; RIZZARDO, Arnaldo. A
reparação nos acidentes de trânsito. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. p.
174; GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 14. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 602.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 307
(74) Lei n. 3.807, de 26 ago. 1960, art. 40: “Toda vez que se extinguir uma quota de pensão,
proceder-se-á a novo cálculo e a novo rateio do benefício na forma do disposto no art. 37 e
seu parágrafo único considerados porém apenas os pensionistas remanescentes. Parágrafo
único. Com a extinção da quota do último pensionista, extinta ficará também a pensão.”
(75) Lei n. 8.213, de 24 jul. 1991.
(76) “Responsabilidade civil, em consequência de acidente ferroviário. Pensão. Indenização
à viúva e à filha da vítima. Cessada a quota de pensão devida a uma das beneficiárias, ela
308 S e b a s t iã o G e r ald o de O liv e ir a
Ainda que não tenha havido previsão a respeito no título executivo tran
sitado em julgado, o direito de acrescer pode ser implementado posterior
mente, ao longo do cumprimento da sentença(80). Contudo, o mais indicado é
que a decisão no processo de conhecimento já determine o recálculo do va
reverterá em favor da rem anescente.” STF. 2- Turma. RE 73.463, Rei.: Ministro Eloy da
Rocha, julgado em 21 ago. 1972.
(77) GO NÇALVES, Carlos Roberto. R esponsabilidade civil. 14. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 603.
(78) A 1- Turm a do TST, no julgam ento do RR n. 729/2005-051-18-00, relatado pelo Ministro
P edro P aulo M anus, D J 30 m aio 20 0 8 , e n te n d e u c a b ív e l o d ire ito de a c re s c e r no
pensionam ento decorrente de acidente do trabalho.
(79) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011. p. 1.512.
(80) ‘‘A gravo regimental. Civil e processual civil. Im pugnação ao cum prim ento de sentença.
Direito de acrescer. Ofensa à coisa julgada. Não ocorrência. 1. C abim ento do direito de
acrescer, independentem ente de previsão no título executivo, no caso de pensão ‘intuitu
fam iliae’, como na espécie. Precedentes.” STJ. 3§ Turma. AgRg nos EDcl no Ag n. 1209255/
MG, Rei.: Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJ 13 ago. 2012.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 309
(81) “Ementa — D ireito C ivil e Processual Civil. Indenização p o r danos materiais. Morte de
pai de família. Pensão mensal. Direito de acrescer. Cabimento. Decorrência lógica do pedido
de indenização. Julgam ento extra Petita. Inexistência. 1. Adm ite-se o direito de acrescer
nas hipóteses em que há mais de um beneficiário de pensão mensal paga em decorrência
de ilícito civil. Precedentes. 2. Não ocorre julgam ento extra petita se o Tribunal decide
questão que é reflexo do pedido contido na petição inicial. Precedentes. 3. O direito de
acrescer decorre logicamente do pedido form ulado na petição inicial das ações de natureza
indenizatória, cujo escopo é recom por o estado das coisas existente antes do evento danoso.
Assim, o direito de acrescer encontra fundam ento no fato de que a renda da vítim a sempre
seria re ve rtid a em b e n e fício dos dem ais fa m ilia re s quando q u a lq u e r deles não m ais
necessitasse dela. 4. Não se afigura razoável que, cessado o direito de um dos familiares
ao recebimento da pensão, o valor correspondente simplesm ente deixe de ser pago pelo
réu. Para m anter a coerência da prem issa que ju stifica a própria im posição da pensão
mensal — de que o pai de fam ília participaria do orçam ento dom éstico até a sua morte
natural — esta deve continuar a ser paga integralmente. A saída de um dos filhos do núcleo
fam iliar não permite inferir que a contribuição do pai diminuiria; apenas significa que esse
valor seria distribuído de form a diferente. Recurso especial a que se nega provim ento.” STJ.
3B Turma. REsp n. 1.155.739/MG, Rei.: M inistra Nancy Andrighi, DJ 10 out. 2012.
310 S e b a s t iã o G er ald o de O liv e ir a
civil tem direito de acrescer à sua quota o montante devido a esse título aos outros
filhos do de cujus, em virtude do advento da maioridade destes ou em caso de morte
dos outros titulares, ju stificando-se o respectivo direito pela presunção de que os
pais, se vivos fossem , m elhor a ssistiria m os filh o s rem anescentes, até quando
alcançassem a idade-lim ite de 25 anos, adquirindo autonom ia econôm ica.” Minas
Gerais. TRT 3- Região. 8ã Turma. RO n. 331-2006-134-03-00-2, Rei.: Márcio Ribeiro
do Valle, DJ 07 out. 2006.
“Os danos morais dizem respeito ao foro íntimo do lesado. Seu patrimônio
ideai é marcadamente individual, e seu campo de incidência o mundo
interior de cada um de nós. (...) Os bens morais são inerentes à pessoa,
incapazes, por isso, de subsistir sozinhos. Desaparecem com o próprio
indivíduo. Podem os terceiros compartilhar de minha dor, sentindo, eles
próprios, por eles mesmos, as mesmas angústias que eu. O que se não
concebe, porém, é que as minhas dores, as minhas angústias, possam
ser transferidas de mim para o terceiro. Isto seria atentatório da própria
natureza das coisas e, materialmente, impossível. Não existe, pois, o
ju s hereditatis relativamente aos danos morais, tal como acontece com
os danos puramente patrimoniais. A personalidade morre com o indivíduo,
arrastando atrás de si todo o seu patrimônio. Só os bens materiais
sobrevivem ao seu titular.”(82)
(82) SILVA, Wilson Melo. O dano m oral e sua reparação. 3. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro:
Forense, 1983. p. 649. No m esm o sentido pontua Y ussef Cahali: “Não se adquire esse
d ire ito p or s u c e ssã o , nem é ele tra n s m is s ív e l aos h e rd e iro s do seu titu la r. D ire ito
personalíssim o, atrelado, aliás, aos direitos da personalidade, só o respectivo titular se
legitima para o seu exercício, e ninguém pode fazê-lo por ele; não exercido em vida pelo
beneficiário, esse direito à reparação do dano moral fenece, levando o beneficiário para
seu túm ulo toda a consternação de um dano moral não reparado.” Cf. Dano moral. 3. ed.
rev., atual, e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. p. 171.
(83) Argentina. Código Civil. “Art. 1.099. Si se tratase de delitos que no hubiesen causado
sino agravio moral, como Ias injurias o Ia difamación, Ia acción civil no pasa a los herederos
y sucesores universales, sino cuando hubiese sido entablada por el difunto.”
312 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
(84) DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
v. II, p. 802.
(85) MAZEAUD, Leon. RecueiI Critique Dalloz , p. 46, 1943, apud PORTO, Mário Moacyr.
Dano moral. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 590, ano 73, p. 39, dez. 1984.
iNDENIZAÇÕES POR ACIDENTE DO TRABALHO OU DOENÇA OCUPACIONAL 313
(86) PORTO, Mário Moacyr. Dano moral. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 590, ano 73,
p. 39, dez. 1984.
(87) DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
v. II, p. 802; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São
P aulo: A tla s , 201 2. p. 100; D IN IZ , M a ria H e le n a . Curso de d ireito civ il b ra sile iro :
responsabilidade civil. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 7, p. 203; RIZZARDO, Arnaldo.
A reparação nos acidentes de trânsito. 9. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. p.
247; G O NÇALVES, Carlos Roberto. Comentários ao Código Civil: parte especial: direito
das obrigações. São Paulo: Saraiva, 2003. v. 11, p. 351; BITTAR, Carlos Alberto. Reparação
civil por danos morais. 3. ed. rev., atual, e ampl., 2 - 1. São Paulo: Revista dos Tribunais,1999.
p. 157; SEVERO, Sérgio. Os danos extrapatrimoniais. São Paulo: Saraiva, 1996. p. 33.
(88) CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 3. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2005. p. 171 e 802-807; A M ARAN TE, A parecida. Responsabilidade civil por
dano â honra. 3. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 1996. p. 141.
314 S e b a s t iã o G e r ald o de O liv e ir a
por direito hereditário, o direito de ação que a vítima, ainda viva, tinha contra o seu
ofensor. Tal direito é de natureza patrimonial. Leon Mazeaud, em magistério publicado
no Recueil Critique Dalloz, 1943, p. 46, esclarece: ‘O herdeiro não sucede no sofrimento
da vítima. Não seria razoável admitir-se que o sofrim ento do ofendido se prolongasse
ou se entendesse (deve ser estendesse) ao herdeiro e este, fazendo sua a dor do
morto, dem andasse o responsável, a fim de ser indenizado da dor alheia. Mas é
irrecusável que o herdeiro sucede no direito de ação que o morto, quando ainda vivo:
tinha contra o autor do dano. Se o sofrim ento é algo entranhadam ente pessoal, o
direito de ação de indenização do dano moral é de natureza patrimonial e, como tal.
transm ite-se aos sucessores’. (Porto, Mário Moacyr, in Revista dos Tribunais, V. 661,
p. 7/10). 8. ‘O dano moral, que sempre decorre de uma agressão a bens integrantes
da personalidade (honra, imagem, bom nome, dignidade etc.), só a vítim a pode sofrer,
e enquanto viva, porque a personalidade, não há dúvida, extingue-se com a morte.
Mas o que se extingue — repita-se — é a personalidade, e não o dano consumado,
nem o direito à indenização. P erpetrado o dano (m oral ou m aterial, não importa)
contra a vítim a quando ainda viva, o direito à indenização correspondente não se
extingue com sua morte. E assim é porque a obrigação de indenizar o dano moral
nasce no mesmo momento em que nasce a obrigação de indenizar o dano patrimonial
— no momento em que o agente inicia a prática do ato ilícito e o bem juridicamente
tutelado sofre a lesão. Neste aspecto não há distinção alguma entre o dano moral e
patrim onial. Nesse mesm o m om ento, tam bém , o correlativo direito à indenização,
que tem natureza patrimonial, passa a integrar o patrim ônio da vítim a e, assim, se
transm ite aos herdeiros dos titulares da indenização’ (CAVALIERI FILHO, Sérgio.
Program a de R esponsabilidade Civil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 85/88). 9.
Ressalte-se, por oportuno, que, conforme explicitado na r. sentença e no v. acórdão
recorrido, ‘o finado era solteiro e não deixou filhos, fato incontroverso comprovado
peio documento de fl. 14 (certidão de óbito), sendo os autores seus únicos herdeiros,
legitimados, pois, a propor a dem anda’ (fl. 154). Ademais, foi salientado nos autos
que a vítim a sentiu-se lesada moral e fisicam ente com o ato praticado pelos policiais
militares e que a ação somente foi proposta após sua morte porque aguardava-se o
trâ nsito em ju lgado da ação penal. 10. Com essas considerações d outrinárias e
jurisprudenciais, pode-se concluir que, embora o dano moral seja intransmissível, o
direito à indenização correspondente transmite-se causa mortis, na medida em que
integra o patrim ônio da vítima. Não se olvida que os herdeiros não sucedem na dor,
no sofrimento, na angústia e no aborrecimento suportados pelo ofendido, tendo em
vista que os sentimentos não constituem um ‘bem ’ capaz de integrar o patrim ônio do
de cujus. Contudo, é devida a transm issão do direito patrimonial de exigir a reparação
daí decorrente. Entende-se, assim, pela legitim idade ativa a d causam dos pais do
ofendido, já falecido, para propor ação de indenização por danos morais, em virtude
de ofensa moral por ele suportada. 11. Recurso especial do Estado de São Paulo
conhecido, mas desprovido.” STJ. 1 - Turma. REsp. n. 978651/SP, Rei.: Ministra Denise
Arruda, DJ 26 mar. 2009.
atual e dom inante que vigora nesta c. Corte é no sentido de embora a violação moral
atinja apenas o plexo de direitos subjetivos da vítima, o direito à respectiva indenização
transm ite-se com o falecim ento do titular do direito, possuindo o espólio ou os herdeiros
legitim idade ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos morais, em
virtude da ofensa moral suportada pelo de cujus. Incidência da Súmula n. 168/STJ.
Agravo regimental desprovido.” STJ. Corte Especial. AgRg nos EREsp n. 978651/SP,
Rei.: Ministro Felix Fischer, DJ 10 fev. 2011(89).
(89) Os julgam entos posteriores do STJ passaram a seguir esse entendimento, citando-se
com o exem plos: AgRg nos EDcl no RESP n. 1126313/PR; REsp n. 1071158/RJ; REsp
12200982/RS e REsp 1040529/PR. Ademais, conforme prevê a Súmula 168 do STJ, citada
no julgamento, “não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do tribunal
se firmou no mesm o sentido do acórdão embargado.”
318 S e b a s t iã o G er ald o de O liveira
(90) CAHALI, Yussef Said. Dano moral. 3. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2005. p. 114.
(91) SEVERO, Sérgio. Os danos extrapatrimoniais. São Paulo: Saraiva, 1996. p. 25.
In d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 319
(92) Código Civil. Art. 12. Parágrafo único: “Em se tratando de morto, terá legitimidade para
requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em
linha reta, ou colateral até o quarto grau.”
(93) Aprovado pelo Decreto-lei n. 47.344 de 25 nov. 1966.
(94) Cf. STF. Turma. RE n. 59358/GB, Rei.: Ministro Djaci Falcão, julgado em 05 jun.
1967.
320 S e b a s t iã o G e r ald o de O liv e ir a
(95) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 99.
(96) Na opinião do juiz paulista Ronaldo Alves de Andrade, além dos fam iliares nucleares,
“são legitim ados ao pleito de dano moral decorrente do homicídio, aquelas pessoas muito
próximas à vítim a e que com ela m antinham especial relação afetiva e que por essa razão
experim entaram extrem ada dor moral em razão da perda do ente querido. É o caso da
com panheira, noiva ou nam orada que durante anos m antinham estreita relação afetiva
com a vítim a e que m uita vez sofrem mais a perda do que os próprios fam iliares. Destarte,
nos parece injusta a solução que som ente reconhece legitim idade aos fam iliares da vítim a.”
Cf. Dano moral à pessoa e sua valoração. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2000. p. 163.
(97) DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
v. II, p. 794.
(98) PEREIRA, Caio Mário da Silva. Responsabilidade civil. 9. ed. 8ã t. Rio de Janeiro:
Forense, 2002. p. 317.
(99) BITTAR, Carlos Alberto. Reparação civil por danos morais. 3. ed. rev., atual, e ampl. 2-
t. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. p. 156, nota de rodapé n. 277.
In d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T rabalho ou D oença O c u p a c io n a l 321
de Vilson Rodrigues Alves, são legitimadas para postular o dano moral “as
pessoas mais próximas da vítima, porquanto essa proximidade suscita o
vínculo de afeição e, com a ruptura dele, o que traduz empiricamente o dano
apatrimonial, pela diminuição do que a dor acarreta à energia da vida.”(100)
Por tudo que foi exposto, é imperioso concluir que a identificação dos
legitimados para postular indenização por dano moral dependerá muito das
especificidades do caso concreto, de acordo com o prudente convencimento
do juiz. Com certeza o ponto de partida será sempre o núcleo familiar restrito,
dos que mantinham convivência mais íntima com a vítima — mesmo sem
dependência econômica — , e que são presumivelmente aqueles diretamente
afetados. O utros pretendentes tam bém poderão lograr êxito na ação
indenizatória, desde que apresentem provas convincentes de laço afetivo
duradouro com a vítima e dos efeitos emocionais danosos causados pela
morte, de modo a justificar o deferimento da reparação por danos morais.
Para finalizar este tópico, vale citar alguns julgados a respeito do tema:
“Agravo regim ental. Ação de indenização. Dano moral. A cidente aéreo. Irmãos da
vítim a. Legitim idade ativa. Precedentes da corte. Quantum indenizatório fixado
em R$ 120.000,00 para cada um dos quatro autores. Razoabilidade. 1. Os irmãos
podem p leitear indenização por danos m orais em razão do fa lecim ento de outro
irmão, sendo irrelevante a existência de acordo celebrado com os genitores, viúva e
filhos da vítim a que os ressarciram pelo mesmo evento. A questão não é sucessória,
mas obrigacional, pois a legitim idade ativa não está restrita ao cônjuge, ascendentes
e descendentes, mas a todos aqueles atingidos pelo sofrim ento da perda do ente
querido, desde que afirmem fatos que possibilitem esse direito’ (REsp 1.291,702/RJ,
Rela M inã Nancy Andrighi, DJe 30.11.2011). 2. Esta Corte só conhece de valores
fix a d o s a títu lo de d a n o s m o ra is que d e sto a m ra z o a b ilid a d e , o que, a n te as
peculiaridades do caso, não ocorreu no presente feito. 3. Agravo Regimental im provido.”
STJ. 3ã Turma. AgRg no AREsp n. 171,718/RJ, Rei.: Ministro Sidnei Beneti, D J 29 jun.
2012.
não do núcleo familiar mais restrito. A indenização deverá ser fixada em valor
único para rateio entre os diversos credores ou atribuída separadamente a
cada um?
Discorrendo a respeito do assunto, assevera Carlos Alberto Bittar que
há “plena autonomia do direito de cada lesado, de sorte que, nas demandas
do gênero se atribuem indenizações próprias e in d ividualiza das aos
interessados: assim acontece, por exemplo, quanto à mulher e filho, com
respeito à morte provocada do marido ou pai (...)■ Nada impede se faça sob
litisconsórcio o pleito judicial, quando admissível, mas cada demandante faz
jus à indenização compatível com a sua posição.”(101)
De acordo com o m agistério de Hum berto Theodoro Júnior, seria
preferível atribuir a indenização ao “núcleo familiar como uma unidade ou uma
comunidade.”(102) Em obra específica a respeito do dano moral, o jurista mineiro
explica com mais vagar seu pensamento:
“Definidos os parentes a serem indenizados, remanesce outro problema
sério: o cálculo da indenização será feito de modo a multiplicar a verba
reparatória pelo número de parentes do ofendido, ou se apurará um valor
geral a ser rateado entre os membros do clã? Sempre nos pareceu que
a indenização do dano moral não deve ser apurada de maneira diversa
do que se passa com o dano material. Assim como o pensionamento se
estipula em bloco para a família, também a indenização da dor moral
deve ser única, e não repetida inúmeras vezes diante de cada parente
que compareça em juízo em busca de reparação.”(103)
Se os danos morais decorrentes do acidente do trabalho fatal atingiram
diretamente ou em ricochete diversas pessoas, não padece dúvida de que a
pretensão reparatória é individual de cada lesado, podendo ser apresentada
em juízo separadamente ou em litisconsórcio. Todavia, considerando que na
apuração do dano material o valor da pensão é rateado entre os beneficiários,
como argumentou Humberto Theodoro, é razoável também que o montante
da indenização por dano moral seja fixado de forma global para o conjunto
dos credores, solução essa que vem tendo acolhimento na jurisprudência
mais autorizada(104).
(101) BITTAR, Carlos Alberto. Reparação civil por danos morais. 3. ed. rev., atual, e ampl. 2-
t. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. p. 157.
(102) THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2003. v. III, t. 2, p. 49.
(103) THEO DO RO JÚNIOR, Humberto. Dano moral. 4. ed. atual e ampl. São Paulo: Juarez
de Oliveira, 2001. p. 94.
(104) “ Responsabilidade Civil. Dano moral. Morte de esposa e mãe. D eferim ento de
inde niza ção e qu ivalen te a 500 sa lá rio s m ínim os, a ser re p a rtid a igualm ente entre os
beneficiários. Recurso conhecido em parte pela divergência e provido parcialm ente.” STJ.
4ãTurma. REsp n. 163484/RJ, Rei.: Ministro Ruy Rosado de Aguiar, julgado em 20 a go.1998.
324 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
“Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu
ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além
326 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
Nos acidentes de menor gravidade pode ser que nem haja necessidade
de o acidentado se afastar do trabalho ou, então, que ocorra um afastamento
temporário até que ele se recupere integralmente. Por outro lado, nos casos
de maior gravidade, após consolidadas as lesões, poderá ocorrer perda
definitiva total ou parcial da capacidade para o trabalho. Cada uma dessas
hipóteses produz efeitos jurídicos distintos, conforme veremos nos tópicos
seguintes.
(1) Convém registrar que a fonte principal do direito ã indenização por acidente do trabalho
é o art. 7-, XXVI11, da C o n s titu iç ã o da R e p ú b lica q u a n d o re la c io n a os d ire ito s dos
trabalhadores. Todavia, o detalhamento da matéria deve ser buscado no Código Civil, por
aplicação subsidiária, conform e determ ina o art. 82, parágrafo único, da CLT: “O direito
comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatível
com os princípios fundam entais deste.”
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o o u D oença O c u p a c io n a l 327
Com efeito, nas ações indenizatórias, uma vez form ada a relação
processual, será determinada a realização da prova pericial, cujo laudo deverá
retratar a extensão dos danos ou da invalidez e todas as variáveis conseqüentes.
Deverá tam bém fornecer inform ações técnicas a respeito do nexo de
causalidade e da eventual conduta culposa do empregador, com o objetivo
de proporcionar ao juiz informações completas sobre os fatos controvertidos,
para que possa formar sua convicção e proferir o julgamento. Por tudo isso, a
diligência pericial envolvendo acidente do trabalho será mais demorada e
trabalhosa, com laudos extensos, pelo que deve m erecer por parte dos
m agistrados o arbitram ento de honorários condizentes para remunerar
adequadamente o perito oficial, certamente bem acima dos valores fixados para
os laudos envolvendo adicional de insalubridade ou de periculosidade.
(2) CPC. Art. 145. “Quando a prova do fato depender de conhecim ento técnico ou científico,
o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421.”
(3) SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. 15. ed. São Paulo:
Saraiva, 1993. v. 2, p. 474.
(4) TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. A prova no processo do trabalho. 8. ed. São Paulo:
LTr, 2003. p. 385.
328 S e b a s t iã o G er ald o de O liv e ir a
Nos casos das ações e n vo lven do doenças ocu p a cio n a is, cujas
controvérsias são mais complexas, o laudo pericial deve abranger com
suficiente profundidade técnica três etapas sucessivas, para oferecer ao
julgador amplo conhecimento dos fatos:
Ocorre que para o exame concomitante dessas três etapas são exigidos
conhecimentos multidisciplinares, que raramente um só profissional que atua
como perito do juízo detém. Em diversos julgamentos de ações indenizatórias
(7) Segundo Primo B randim iller, podem ser estabelecidos os seguintes diagnósticos: 1)
Diagnóstico anátomo-patoiógico — descreve o tipo de lesão ou de processo patológico que
acomete determinado órgão, segmento corporal ou função: amputação da falange distai do
polegar direito, tenossinovite dos extensores do punho esquerdo. 2) Diagnóstico funcional
— indica o tipo e grau de intensidade em que se encontra alterada determ inada função:
in s u fic iê n c ia re s p ira tó ria o b s tru tiv a ; h ip o a c u s ia (ou d is a c u s ia ) n e u ro s s e n s o ria i. 3)
Diagnóstico sindrômico — tipifica a ocorrência de síndrome, entendida como um conjunto
de sinais e sintom as com uns a um grupo de d ife re n te s doenças: hip e rte n sã o arterial
sistêmica, síndrome vestibular periférica, parkinsonismo, icterícia. 4) Diagnóstico etiológico
— identifica a causa, ou causas, das lesões, reduções funcionais ou síndromes: tendinite
do supraespinhoso por esforços repetitivos, perda auditiva induzida por ruído, silicose,
dermatite de contato por cimento. Cf. Perícia judicial em acidentes e doenças do trabalho.
São Paulo: Senac, 1996. p. 178.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 331
(8) CPC. Art. 426: “Compete ao Juiz: I — indeferir quesitos impertinentes; II — form ular os
que entender necessários ao esclarecim ento da causa.”
332 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
afastada pelo julgador, que declarou sua incerteza sobre o nexo causal e, na
dúvida, decidiu em favor da parte menos favorecida. I — Nas ações de indenização
fundadas no art. 159 do Código Civil, cabe ao autor a prova do fato constitutivo de seu
direito, cum prindo-lhe dem onstrar a culpa do agente, o dano e o nexo causal entre o
ato culposo e o prejuízo. II — O julgador não está vinculado ao laudo pericial, podendo
apreciar livremente a prova (CPC, arts. 131 e 436). Porém, ao recusar as conclusões
do perito, deve expor as razões de seu convencim ento (CPC, art. 458, II). III — Recurso
especial conhecido e provido.” STJ. 3S Turma. REsp n. 442.247/M G , Rei.: Ministro
Pádua Ribeiro, julgado em 05 jun. 2003.
Recomenda Sílvio Rodrigues que “o juiz deverá agir com ponderação ao fixar
a indenização em casos tais, admitindo por vezes haver apenas redução na
capacidade laborativa, com o fito não só de impossibilitar um enriquecimento
indevido quando a vítima possa voltar a trabalhar em outro mister, como
também o de desencorajar um injustificado ócio”(14).
(14) RODRIGUES, Sílvio. Direito civil: responsabilidade civii. 19. ed. São Paulo: Saraiva,
2002. v. 4, p. 234.
(15) “Indenização p o r dano m a te ria l— Definição do grau de redução da capacidade laborativa
— omissão — A determ inação do grau de redução da capacidade de trabalho não envolve
explanação m atem ática, mas, sim, ju ízo de va io r fundam entado, segundo a persuasão
racional do magistrado. A ciência jurídica preocupa-se, antes, com a justa reparação do
dano sofrido, do que, especificam ente, com a precisão matemática dos cálculos. Segundo
o princípio do livre convencim ento motivado, cumpre ao magistrado exam inar e qualificar
as provas produzidas e juntadas aos autos, fundam entando sua decisão. A obrigatoriedade
de fundam entação dos atos judiciais, no entanto, não exige que o m agistrado destaque,
e n tre os c o m p o n e n te s do q u a d ro fá tic o -p ro b a tó rio , u m a ou o u tra p ro v a em que
especificam ente baseou sua decisão. Recurso não conhecido.” TST. 3- Turma. RR n. 930/
2001-010-08-00.6, Rei.: Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DJ, 19 mar. 2004.
(16) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 132.
(17) PEREIRA, Caio M ário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. 8- t. Rio de Janeiro:
Forense, 2002. p. 319-320.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 337
(18) COSTA, Hertz J. Acidentes do trabalho na atualidade. Porto Alegre: Síntese, 2003. p. 143.
(19) STJ. 3- Turma. AgRg no AgRg no Ag. 596.920, Rei.: Ministro Humberto Gom es de
Barros, DJ 1- jul. 2005. Com redação praticam ente idêntica, a Ementa do REsp n. 233.610,
tam bém julgado pela 3a Turm a do STJ em 09 nov. 1999, tendo como Relator o Ministro
Eduardo Ribeiro.
338 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
Proveram o apelo, invertendo a sucum bência.” Rio Grande do Sul. TJRS. 10a Câm.
Cível. Apelação Cível n. 70008018517, Rei.: Des. José Conrado de Souza Júnior,
julgado em 16 set. 2004.
(20) “Tendo a vítim a de acidente de trânsito ficado, em razão dos ferim entos, impossibilitada
de cuidar dos afazeres da casa, faz jus ao recebimento de indenização para contratação de
em pregada enquanto subsistir o impedimento. Tal verba não se confunde com a pensão, já
deferida, decorrente da redução da capacidade laborativa.” São Paulo. 1gTACivSP. 7a Câm.
Rei.: Juiz Luiz de Azevedo. In: STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8a ed. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2011. p. 1.408.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 339
zo que o ofendido prove haver sofrido” no art. 949 do Código Civil de 2002
agasalha sem dúvida essa despesa adicional do acidentado(21). Por outro lado,
se essa despesa da vítima é inevitável, é justo e razoável que o ressarcimen
to englobe tal valor em sintonia com o princípio da restitutio in integrum.
Uma vez decidido que ocorreu a invalidez permanente total e estando
presentes os pressupostos da responsabilidade civil, cabe o deferimento da
reparação dos danos materiais, morais, estéticos ou a perda de uma chance,
conforme o caso. A abordagem genérica dos danos como pressuposto da
indenização foi feita no Capítulo 8, ao qual nos reportamos. Neste tópico vamos
realçar algum as questões peculiares à indenização no caso dos danos
decorrentes da invalidez permanente.
(21) Confira nesse sentido: GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 14. ed.
São Paulo: Saraiva, 2012. p. 612. Pode ser também invocado por analogia o art. 45 da Lei
n. 8.213, de 24 jul. 1991, que trata dos benefícios da Previdência Social. O Anexo I do
Regulam ento da Previdência Social (Decreto n. 3.048/1999) relaciona as hipóteses que
autorizam o pagamento do adicional previsto no art. 45: 1 — Cegueira total; 2 — Perda de
nove dedos das mãos ou superior a esta; 3 — Paralisia dos dois membros superiores ou
inferiores; 4 — Perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for impossível;
5 — Perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese seja possível; 6 — Perda de
um membro superior e outro inferior, quando a prótese for impossível; 7 — Alteração das
faculdades mentais com grave perturbação da vida orgânica e social; 8 — Doença que exija
permanência contínua no leito; 9 — Incapacidade permanente para as atividades da vida
diária. Vale anotar, no entanto, que a reparação civil é mais am pla e não está lim itada
somente a tais hipóteses ou ao percentual da regra previdenciária. O parâm etro principal
deve ser a reparação integral do prejuízo demonstrado,
(22) “Deve ser interpretado o período da convalescença como o período necessário à cura”.
Cf. DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao novo
Código Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. XIII, p. 453.
340 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liveira
(23) GO NÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 14. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 606.
(24) No ramo dos Seguros Privados, prevê a Circular n. 302/2005 da SUSEP: “Art. 12. Após
co n c lu s ã o do tra ta m e n to , ou e s g o ta d o s os re c u rs o s te ra p ê u tic o s d is p o n ív e is p ara
recuperação, e constatada e avaliada a invalidez perm anente quando da alta m édica
d e fin itiva , a so cie d a d e s e g u ra d o ra deve p a g a r um a in d e n iza çã o , de a co rd o com os
percentuais estabelecidos nas condições gerais e/ou especiais do seguro."
(25) “Indenização. Verba destinada às despesas de tratamento. Segundo o disposto no art.
1.539 do Código Civil, não se confundem, sendo suscetíveis de acumulação, as despesas
de tratam ento e a pensão correspondente à inabilitação para o trabalho. Recurso especial
conhecido, em parte, e provido.” STJ. 4 B Turma. REsp n. 50.903/RJ, Rei.: Ministro Barros
Monteiro, julgado em 21 fev. 1995.
(26) STJ. 3a Turma. REsp n. 651.225, Rei.: Ministro Castro Filho, julgado em 19 ago. 2004.
Em outro julgam ento decidiu o STJ: “A necessidade de cirurgias reparadoras durante alguns
anos justifica o deferim ento de verba para custear essas despesas, mas sem a imediata
execução do valor para isso arbitrado, uma vez que o num erário necessário para cada
operação deverá ser antecipado pela empresa-ré sempre que assim for determinado pelo
juiz, de acordo com a exigência médica. A devedora constituirá um fundo para garantir a
exigibilidade dessa parcela.” Cf. STJ. 4 B Turma. REsp n. 347.978/RJ, Rei.: Ministro Ruy
Rosado de Aguiar, julgado em 18 abr. 2002.
(27) “Civil. Acidente do trabalho. Indenização pelo direito comum. Se o em pregado teve,
comprovadam ente, uma redução irreversível na sua capacidade auditiva, faz jus à respectiva
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 341
indenização, independentem ente do benefício pre vid e n ciá rio correspondente. R ecurso
especial conhecido e provido, em parte.” STJ. 3a Turma. REsp n. 419.034/RJ, Rei.: Ministro
Ari Pargendler, julgado em 05 dez. 2002.
“Responsabilidade do empregador — Doença profissional. Incapacidade permanente. Dano
material. A incapacidade parcial e perm anente do em pregado, proveniente de doença
equiparada a acidente do trabalho e decorrente da negligência do em pregador, atrai a
obrigação de indenizar o dano material, nos moldes do art. 950 do Código Civil, quitada na
form a de pensão, em v a lo r igual à im p o rtâ n c ia do tra b a lh o para que se in a b ilito u o
trabalhador. O benefício previdenciário percebido atualm ente não exclui a pensão civil
reivindicada pelo autor, pois ela tem como fundam ento ato ilícito praticado pelo reclamado,
ao passo que os valores pagos pelo INSS decorrem das contribuições pagas pelo empregado
e pelo empregador no curso do contrato. As duas parcelas são distintas e não se compensam,
pois, consoante o artigo 7-, XXVIII, da Constituição, o seguro social contra acidentes do
trabalho não exciui a indenização civil devida pelo em pregador, quando incorrer em dolo
ou culpa. No mesmo sentido é a Súmula n. 329 do Excelso STF.” Minas Gerais. TRT 3a
Região. 7a Turma. RO n. 00484-2004-076-03-00-1, Rei.: Juíza Alice Monteiro de Barros, DJ
25 jan. 2005.
(28) Constituição da República. Art. 7°, XXVIII: “seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em
dolo ou culpa.” De form a semelhante prevê o art. 121 da Lei n. 8.213/1991: “O pagamento,
p e la P re v id ê n c ia S o c ia l, d a s p re s ta ç õ e s p o r a c id e n te do tra b a lh o n ã o e x c lu i a
responsabilidade civil da em presa ou de outrem .” Aiiás, a Súmula n. 229 do STF menciona
que “a indenização acidentária não exclui a do direito com um ...”
(29) Cf. STF. 1a Turma. RE n. 94.429-0, Rei.: Ministro José Néri da Silveira, julgado em 30
abr. 1984. Vejam tam bém a respeito acórdão do STJ: “Agravo regimental no agravo em
recurso especial. Responsabilidade civil. Erro médico. Intoxicação do autor por mercúrio.
Necrose e amputação de dois dedos da mão. Condenação. Hospital. Pagamento. Pensão
vitalícia ã vítima. Não limitação da pensão ã data em que a vítima com pletar 65 anos.
342 S e b a s t iã o G er ald o de O liv e ir a
Precedentes. 1, No caso, em que não houve óbito da vítima, inexiste razão para limitar a
pensão a ela devida à data em que com pletar 65 anos. “A estimativa de idade provável de
vida para o recebimento da pensão é feita quando a indenização é pedida, por exemplo,
pelos pais, em face da morte de algum filho, pois aí pode ser usada tabela do IBGE sobre
qual seria a idade provável de vida da vítima. Situação diversa do presente caso, em que o
agravado é a vítim a e está vivo” (AgRg no Ag 1294592/SP, Rei. Ministro Aldir Passarinho
Junior, Quarta Turma, julgado em 23.11.2010, DJe 3.12.2010) 2. Agravo regimental a que
se nega provimento, com aplicação de multa.” STJ. 4 - Turma. AgRg no AREsp n. 126.529/
SP, Rei. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 18 abr.2012.
(30) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011. p. 1.499.
(31) “ Ação de indenização. Acidente de trabalho. Amputação parcial de membro. Danos
m ateriais, m orais e estético. Redução reconhecida na capacidade laboral. Aspecto
dissociado da eventual não diminuição salarial. Pensionamento devido. I. Diversamente do
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 343
benefício pre videnciário , a ind e niza çã o de cunho civil tem por o b jetivo não apenas o
ressarcimento de ordem econômica, mas, igualmente, o de com pensar a vítim a pela lesão
física causada pelo ato ilícito do em pregador, que reduziu a sua capacidade laboral em
caráter definitivo, inclusive pelo natural obstáculo de ensejar a busca por melhores condições
e rem uneração na m esm a em presa ou no m ercado de trabalho. II. Destarte, ainda que
eventualmente prosseguisse a empregada nas mesmas funções — o que sequer é o caso
dos autos — o desem p e n h o do tra b a lh o com m a io r s a c rifíc io em fa ce das seqüelas
p e rm a n en te s há de se r co m p e n sa d o p elo p a g a m e n to de um a p e n sã o re s s a rc itó ria ,
independentemente de ter ou não havido perda financeira concretam ente apurada.” STJ. 4-
Turma. REsp n. 588.649/RS, Rei.: Ministro Aldir Passarinho Júnior, julgado em 02 set. 2004.
(32) Lei n. 8.213, de 24 ju l. 1991. A rt. 86. “O a u xílio -a cid e n te será concedido, com o
indenização, ao segurado quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente
de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem redução da capacidade para o
trabalho que habitualm ente exercia.”
344 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
(33) Para facilitar a consulta, reproduzimos o inteiro teor da referida tabela como “Anexo V”,
no final deste livro.
(34) MONTEIRO, Antônio Lopes; BERTAGNI, Roberto Fleury de Souza. Acidentes do trabalho
e doenças ocupacionais. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 45. De form a semelhante,
sustenta Hertz Costa que o auxílio-acidente tornou-se um benefício polêm ico e fonte de
infindáveis discussões judiciárias. Cf. Acidentes do trabalho na atualidade. Porto Alegre:
Síntese, 2003. p. 111.
(35) A SUSEP é uma autarquia federal, vinculada ao Ministério da Fazenda, responsável
pelo c o n tro le e fis c a liz a ç ã o dos m e rc a d o s de se g u ro , p re v id ê n c ia p riv a d a a b e rta ,
capitalização e resseguro.
(36) Para facilitar a consulta, reproduzim os o inteiro teor da Tabela da SUSEP, adotada
pela Circular n. 029 de 20 dez. de 1991, como “Anexo VI” , no final deste livro. Vale esclarecer
que a Circular SUSEP n. 302, de 19 de setem bro de 2005, revogou a mencionada Circular
n. 029/1991, mas manteve em vigor a Tabela daquela norma.
In d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 345
(37) Para facilitar a consulta, reproduzimos o inteiro teor da Tabela no Anexo VII, no final
deste iivro.
(38) Publicado no Diário da República do dia 23 de outubro de 2007, a partir da p. 7715,
com vigência desde 23 de janeiro de 2008.
346 S e b a s t iã o G e r ald o de O liv e ir a
(42) GO NÇALVES, Carlos Roberto. R esponsabilidade civil. 14. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 611.
348 S e b a s t iã o G eraldo de O liv e ir a
(43) THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2003. v. III, t. 2, p. 158.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 349
(44) CPC. Art. 471. “Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à
mesma lide, salvo: I — se, tratando-se de relação jurídica de natureza continuativa, sobreveio
modificação no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do
que foi estatuído na sentença;”
(45) Aliás, no âm bito da P revidência Social, diante dessas possibilidades de alteração,
prevê o art. 71 da Lei n. 8.212/1991: “O Instituto Nacional do Seguro Social — INSS deverá
rever os benefícios, inclusive os concedidos por acidente do trabalho, ainda que concedidos
judicialm ente, para avaliar a persistência, atenuação ou agravam ento da incapacidade
para o trabalho alegada como causa para a sua concessão.” Se for constatada a recuperação
da capacidade para o trabalho, o INSS deverá cessar o benefício, conforme especificado no
art. 49 do Decreto n. 3.048/1999.
350 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir -
(46) DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
v. 1, p. 39.
(47) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011. p. 1495-1497.
(48) RIZZARDO, Arnaldo. Responsabilidade civil: Lei n. 10.406, de 10.1.2002. Rio de Janeiro:
Forense, 2005. p. 236.
In d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 351
(49) DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao novo
Código Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. XIII, p. 458-459.
(50) Não cabe a e xig ê n c ia do p a g a m e n to único na h ip ó te se de pensão d e vid a aos
dependentes pela morte do acidentado, como previsto no art. 948 do Código Civil. Apenas
para argum entar, se fosse cabível deferir o pagam ento da pensão de uma só vez a cada
um dos dependentes econômicos do acidentado morto, haveria no arbitramento do valor um
cálculo com plexo e impreciso, com diversas variáveis e resultados diferentes, porquanto
cada dependente teria um limite tem poral diferente para auferir o rendimento. Além disso,
haveria o risco de transform ar o pagamento da pensão aos dependentes econômicos em
verba de natureza patrim onial a ser dividida igualmente entre os herdeiros, dependentes
ou não do acidentado.
(51) Ver item 9.7 do Capítulo 9 retro.
352 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liveira
em parcela única do valor da pensão mensal vitalícia está prevista no parágrafo único
artigo 950 do Código Civil. É faculdade conferida pelo legislador ao ofendido, quando
expressam ente requerida na petição inicial. Entretanto, a fixação desse valor requer
cuidados especiais, para evitar desequilíbrio da equação financeira. Apurado o valor
da perda mensal de renda, deve ser estipulado um valor que alocado em aplicação
financeira de perfil conservador (e, portanto, seguro), à taxa média de juros de 0,5%
(juros legais e da caderneta de poupança), resulte no mesmo valor da perda mensal
de re n d a do a c id e n ta d o . A s s e n te n ç a s p ro fe rid a s em açã o re c la m a tó ria têm
s im p le sm e n te m u ltip lica d o o núm ero de m eses pelo v a lo r da perda m ensal do
acidentado, para pagamento antecipado, o que resulta em desequilíbrio da equação
financeira, pois deve ser considerado o rendimento mensal do capital antecipado (artigo
950 do Código Civil) e não o valor futuro do somatório das prestações mensais vincendas.
Recurso parcialmente provido, para adequar o valor da parcela de danos materiais, a
ser quitado por antecipação, ao conceito de indenização de capital suficiente para
cobrir a perda de renda do acidentado.” Minas Gerais. TRT 3- Região. 2- Turma. RO n.
00477-2008-152-03-00-1, Rei.: Jales Valadão Cardoso, DJ 10 jun. 2009.
em parcela única, seja em parcelas mensais, ainda que tenha pedido expresso para
pagamento em uma única vez, nos term os do parágrafo único do referido dispositivo.
A norma inscrita no parágrafo único do art. 950 do CC deve ser apreciada levando em
consideração o princípio que norteia a fixação de capital, que é gerar a subsistência
da parte lesada, sem que se verifique que a mera exigência de que o prejudicado
pode exigir a indenização de uma só vez importe em dever legal imposto ao julgador,
sem levar em consideração os demais princípios que regem a prestação jurisdicional,
em especial aquele inscrito no art. 131 do CPC. Precedentes desta c. SBDI-1. Recurso
de e m b a rg o s c o n h e c id o e d e s p ro v id o .” T S T . S B D I-I. E -R R n. 2 6 2 0 0 -
09.2007.5.12.0012, Rei.: Ministro Aloysio Corrêa da Veiga, DJ 2 mar. 2012.
“Danos materiais. Acidente do trabalho. Pensão mensal. Opção por pagam ento
em parcela única. Art. 950, parágrafo único, do Código Civil. Conquanto o artigo
950 do Código Civil faculte ao prejudicado a possibilidade de exigir o pagamento, de
uma só vez, da indenização por danos m ateriais decorrentes de ato de que resulte a
impossibilidade do exercício do seu ofício ou a redução da sua capacidade de trabalho,
d a í não re su lta a o b rig a to rie d a d e do d e fe rim e n to , pelo ju iz, do p le ito tal com o
form ulado. Incumbe ao magistrado, no exercício prudente da jurisdição e à luz das
circ u n s tâ n c ia s e vid e n c ia d a s pela pro va dos a utos, d e c id ir so b re a fo rm a m ais
adequada de pagamento da referida indenização, para o que deverá levar em conta
as necessidades da vítim a, a higidez financeira e capacidade econôm ica do réu.
Hipótese em que a decisão judicial, no sentido de acolher parcialm ente a pretensão
obreira, determinando o pagamento da indenização em prestações mensais encontra
am paro no princípio do livre convencim ento m otivado, consagrado no art. 131 do
Código de Processo Civil. Precedentes desta Corte superior. Agravo de instrumento
não provido.” TST. 1- Turma. AIRR n. 37100-59.2007.5.15.0144, Rei.: Ministro Lélio
Bentes Corrêa, DJ 18 maio 2012.
Estabelece o art. 949 do Código Civil: “No caso de lesão ou outra ofensa
à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos
lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo
que o ofendido prove haver sofrido.”
(54) Lei n. 8.213, de 24 jui. 1991. Art. 59. “O auxílio-doença será devido ao segurado que,
havendo cum prido, quando for o caso, o período de ca rência exigido nesta Lei, fica r
incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze)
dias consecutivos.”
(55) “Deve ser interpretado o período da convalescença como o período necessário à cura.
Basta que haja im possibilidade do exercício da sua atividade normal, assim não apenas a
retenção ao leito hospitalar como, ainda, a perm anência em casa, ou seja, que ‘se veja
privado das vantagens que naturalmente obteria se estivesse em atividade’, como adverte
Clóvis. E as despesas são aquelas decorrentes do tratam ento hospitalar, do tratam ento
ambulatorial, do tratam ento domiciliar, incluída a medicação, a fisioterapia em suas diversas
modalidades, as próteses e órteses, tudo aquilo que for necessário ao tratamento da vítima
até sua com pleta recuperação. O que importa, na nossa avaliação, é a cura, isto é, a
indenização deve cobrir todas as despesas que são exigidas para a cura da vítima, sem
exceção.” Cf. DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio, Comentários
ao novo Código Civil. 2007, v. XIII, p. 454.
(56) Lei n. 8.213, de 24 jul. 1991. Art. 60, § 3a. “Durante os primeiros quinze dias consecutivos
ao do afastam ento da atividade por m otivo de doença, incum birá à em presa pagar ao
segurado empregado o seu salário integral.”
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 357
(57) GO NÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 605.
(58) Constituição da República. Art. 7a, XXVIII: “seguro contra acidentes de trabalho, a cargo
do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em
dolo ou culpa.” De form a semelhante prevê o art. 121 da Lei n. 8.213/1991: “O pagamento,
p e la P re v id ê n c ia S o c ia l, da s p re s ta ç õ e s p o r a c id e n te do tra b a lh o n ã o e x c lu i a
responsabilidade civil da em presa ou de outrem.” Aliás, a Súmula n. 229 do STF menciona
que “a indenização acidentária não exclui a do direito com um ...”
(59) GO NÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 605.
358 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
(60) Lei n. 8.213, de 24 jul. 1991. Art. 60, § 3e. “Durante os primeiros quinze dias consecutivos
ao do afastam ento da atividade por m otivo de doença, incum birá à em presa pagar ao
segurado empregado o seu salário integral.”
CAPÍTULO 11
PRESCRIÇÃO
Prevê o art. 189 do Código Civil: “Violado o direito, nasce para o titular a
pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os
arts. 205 e 206.” Para Humberto Theodoro, consiste a prescrição “na abertura
de uma faculdade que a lei faz ao devedor para poder este, amparado no
(1) Para o clássico Antônio Luis da Câmara Leal, “prescrição é a extinção de uma ação
ajuizável, em virtude da inércia de seu titular durante um certo lapso de tempo, na ausência
de causas preclusivas do seu curso. A í estão, a dar-lhe corpo a individualidade, seus
diversos elementos integrantes: objeto, causa eficiente, fator operante, fator neutralizante e
efeito. Seu objeto: a ação ajuizável; sua causa eficiente: a inércia do titular; seu fator operante:
o tem po; seu fator neutralizante: as causas legais preclusivas de seu curso; seu efeito:
extinguir as ações.” Cf. Da prescrição e da decadência: teoria geral do direito civil. 4. ed. Rio
de Janeiro: Forense, 1982. p. 12.
360 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
(2) THEODORO JÚNIOR, Humberto. Com entários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2003. v. III, t. 2, p .159.
(3) A questão tornou-se polêmica a partir da vigência da Emenda Constitucional n. 45/2004,
quando passou para a Justiça do Trabalho a competência para julgar as ações indenizatórias por
acidente do trabalho ou doenças ocupacionais. Enquanto a competência era da Justiça Comum
dos Estados, aplicava-se, sem controvérsia, o prazo prescricional previsto no Código Civil.
(4) DAL COL, H elder M artinez. A prescrição nas ações indenizatórias por acidente do
trabalho no Código Civil de 2002. Revista R T, São Paulo, v. 93, n. 821, p. 13, 2004.
(5) SOUTO MAIOR, Jorge Luiz. A prescrição do direito de ação para pleitear indenização
por dano moral e material decorrente de acidente do trabalho. Revista LTr, São Paulo, v. 70,
n. 5, p. 545, 2006.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r a ba lh o ou D oença O c u p a c io n a l 361
(6) MELO, Raimundo Simão de. Direito am biental do trabalho e a saúde do trabalhador. 3.
ed. São Paulo: LTr, 2008. p. 463. Aliás, no sentido desse posicionamento, por ocasião da 1a
Jornada de Direito M aterial e Processual do Trabalho, realizada em Brasília, em novembro
de 2007, foi aprovado, por maioria, o Enunciado n. 45, com o seguinte teor: “Responsabilidade
civil. Acidente do trabalho. Prescrição. A prescrição da indenização por danos materiais ou
morais resultantes de acidente do trabalho é de 10 anos, nos termos do art. 205, ou de 20
anos, observado o art. 2.028 do Código Civil de 2002.”
(7) Art. 7- “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria
de sua condição so cia l:... XXVIII — seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador,
sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.”
(8) Art. 7a “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social: ... XXIX — ação, quanto a créditos resultantes das relações
de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais,
até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho.”
(9) SÜSSEKIND, Arnaldo. Direito constitucional do trabalho. 2. ed. ampl. e atual. Rio de
Janeiro: Renovar, 2001. p. 314. De form a semelhante, assevera Eduardo Fornazari Alencar
362 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
que “a com preensão da palavra ‘cré d ito s’, no texto constitucional, deve se dar na sua
significação mais ampla e abrangente, como sendo ‘direitos’ ou ‘pretensões’ do trabalhador
em relação ao empregador, sejam eles de cunho patrimonial ou não.” Cf. A prescrição do
dano m oral decorrente de acidente do trabalho. São Paulo: LTr, 2004. p. 87.
(10) “ Ementa: Dano moral — natureza jurídica — prescrição. A questão do dano moral em si
mesma não tem natureza jurídica previamente definida. A moldura de tal natureza jurídica
depende, por acessoriedade, da natureza jurídica da relação principal na qual ocorreu. Assim,
se ocorreu em razão de relação civil, houve um dano moral civil. Se em razão de relação
comercial, houve um dano moral comercial. Se em razão de relação de trabalho, houve um
dano moral trabalhista. Tratando-se de dano moral trabalhista, o crédito pretendido resultaria
de comando obrigacional (por ilícito) trabalhista. Sendo assim, tal crédito subordina-se ao
estatuído pelo inciso XXIX, e alíneas, do art. 7B, da CRFB/88.” São Paulo. TRT 15a Região. 6-
Turma. RO n. 7563/04, Rei. Juiz Luiz Felipe Paim da Luz Bruno Lobo, DJ 19 nov. 2004.
(11) SILVA, Antônio Álvares da. Pequeno tratado da nova com petência trabalhista. São
Paulo: LTr, 2005. p. 234.
(12) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 15.
(13) PONTES DE MIRANDA, Francisco C. Tratado de direito privado. 2. ed. Rio de Janeiro:
Borsoi, 1955. t. VI, p. 101.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 363
(14) T E P E D IN O , G ustavo. Tem as de d ire ito civil. 2. ed. Rio de Janeiro: R enovar, 2001.
p. 200.
(15) DALLEGRAVE NETO, José Affonso. Responsabilidade civil no direito do trabalho. 4.
ed. São Paulo: LTr, 2008. p. 53.
(16) Anota Paulo Emílio Ribeiro de Vilhena: “Como conceito técnico, a relação jurídica, em
si, não define um parcelamento de interesse, juridicam ente organizado. Sua característica
está em ser neutra, incolor. De seu conteúdo não se extrai uma direção tutelar do ordena
mento jurídico, mas, apenas, um nexo entre o dever (qualquer que seja) e um direito (não
importa sua natureza), em que se defrontam dois polos (os sujeitos). Em uma só relação
ju ríd ica não se encontram critérios valorativos de preceituação jurídica, senão em seu
agrupamento, através de direitos e deveres que se entrecruzam. Insiste-se: unitariamente
considerada, a relação jurídica é incolor. Somente a reunião, o cruzam ento ou a superpo
sição de relações ju ríd ica s é que revelarão um princípio organizado de tutela de interes
ses, uma situação jurídica, um instituto jurídico (conceito que tem tonalidade fosca e, quase
sempre, difusa), uma posição jurídica firm ada segundo um princípio jurídico.” Cf. D ireito
público e direito p rivado: sob o prism a das relações jurídicas. 2. ed. rev. e atual. Belo
Horizonte: Del Rey, 1996. P. 64.
364 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(17) Lei n. 8.078, de 11 set. 1990. Art. 27: “Prescreve em 5 (cinco) anos a pretensão à
reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II
deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecim ento do dano e de
sua autoria.”
(18) RUSSOMANO, Mozart Victor. Comentários à CLT. Rio de Janeiro: Forense, 1990. v. 1,
p. 46.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 365
(24) É oportuno m encionar que o atual Código Civil, publicado no dia 11 de janeiro de 2002,
entrou em vigor no dia 12 de janeiro de 2003, em razão do que prevê o seu art. 2.044
combinado com o art. 8-, § 1a, da Lei Complem entar n. 95/1998: “A contagem do prazo para
entrada em vigor das leis que estabeleçam período de vacância far-se-á com inclusão da
data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua
consum ação integral.”
(25) “Agravo de instrumento. Acidente do trabalho. Responsabilidade civil. Prescrição. Direito
intertemporal. A partir da vigência do novo Código Civil, o prazo prescricional das ações de
reparação de danos que não houver atingido a metade do tem po previsto no Código Civil
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 369
de 1916 fluirá por inteiro a partir da vigência do novo Código, sob pena de se im por a
retroatividade da lei civil e se perpetrar uma inconstitucionalidade tal a de contrariar o
princípio da isonomia.” Rio Grande do Sul. TJRS. 9- Câm. Cível. Al n. 70010969012, Rei.:
Des. Marilene Bonzanini Bernardi, julgado em 21 fev. 2005.
“R e sp o n sa b ilid a d e c iv il — A c id e n te do tra b a lh o — In d e n iza çã o — D ire ito com um —
Prescrição — Prazo pela nova le i (art. 206, v, § 3-, v c.c. art. 2.028, do código civil de 2002)
— Fluência a pa rtir da data da vigência do novo código — Irretroatividade — Reconhecimento.
A lei nova, sob pena de inconstitucionalidade, não pode retroagir para suprim ir direitos e,
assim, a redução do prazo prescricional conta-se a partir de sua entrada em vigor.” São
Paulo. STACivSP, 2a Câm. Cível, Al n. 830.741-00/8, Rei.: Juiz Felipe Ferreira, julgado em
15 mar. 2004.
(26) BATALHA, Wilson de Souza Campos. Direito intertemporal. Rio de Janeiro: Forense,
1980. p. 246.
(27) A respeito, consultar, dentre outros: 1) THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários
ao novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2003. vol. III, t. 2, p. 296-302; 2) SANTOS,
Antônio Jeová. Direito intertem poral e o novo Código Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2003. p. 103-108; 3) GONÇALVES, Carlos Roberto. R esponsabilidade civil. 10. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012. p. 656-657.
370 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
a prescrição, a lei nova não se pode aplicar ao prazo em curso sem se tornar
retroativa. Daí, resulta que o prazo novo, que ela estabelece, correrá somente
a contar de sua entrada em vigor; entretanto, se o prazo fixado pela lei antiga
deveria terminar antes do prazo novo contado a partir da lei nova, mantém-se
a aplicação da lei antiga, havendo aí um caso de sobrevivência tácita desta
lei, porque seria contraditório que uma lei, cujo fim é diminuir a prescrição,
pudesse alongá-la.”(28)
(28) STF. 1s Turma. RE 51.706, Rei. Ministro Luis Gallotti, julgado em 04 abr. 1963. No
mesmo sentido o RE n. 79.327, julgado em 03 out. 1978.
(29) MELO, Raimundo Simão de. Prescrição nas ações acidentárias. Revista LTr, São Paulo,
v. 70, n. 10, p. 1.171, out. 2006.
372 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
(32) LORA, llse Marcelina Bernardi. A prescrição nas ações de indenização decorrentes de
a c id e n te s do tra b a lh o — o p ro b le m a da c o m p e tê n c ia . D is p o n ív e l em : < h ttp ://
www.anam atra.org.br>. Acesso em: 10 fev. 2006.
(33) PIN TO , José A ug u sto R odrigues. P re scriçã o , in d e niza çã o a c id e n tá ria e doença
ocupacional. Revista LT r, São Paulo, v. 70, n.1, p. 5, 2006.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 375
“In d en ização por danos m orais. A cid ente do trabalho . D oença profissional.
Prescrição. 1. O rienta-se o entendim ento da colenda SBDI-I no sentido de que a
regra prescricional aplicável à pretensão relativa à indenização por danos morais
decorrente de acidente do trabalho é definida a partir da data em que a parte tem
ciência inequívoca do evento danoso. Ocorrido o acidente ou cientificada a parte da
incapacitação ou redução da sua capacidade laboral em ocasião posterior ao advento
da Emenda Constitucional n. 45/2004, por meio da qual se definiu a competência da
Cabe registrar, por fim, que o critério mais direto adotado pelo TST, fixando
a regra de regência da prescrição de acordo com a data da ocorrência do fato
lesivo — se antes ou depois da Emenda Constitucional n. 45/2004 — ,
soluciona bem a grande maioria das controvérsias a respeito da prescrição
e, com o passar do tempo, essa questão tende a ficar superada pela aplicação
exclusiva da prescrição trabalhista.
(35) THEODORO JÚNIOR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro:
Forense, 2003. v. III, t. 2, p. 175.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 381
O próprio Código Civil atual estipula no art. 200 que, no caso de fato que
deva ser apurado no juízo crim inal, não correrá a prescrição antes da
respectiva sentença definitiva. Para as indenizações oriundas de seguro de
vida em grupo ou acidentes pessoais (art. 206, II, b), a prescrição só começa
a correr quando o segurado tem ciência do fato gerador da pretensão(37).
(36) O Código Civil italiano tem dispositivo expresso nesse sentido: “Art. 2.935: La prescrizione
com incia a decorrere dai giorno in cui il diritto può essere fatto valere.”
(37) “Seguro de vida em grupo e acidentes pessoais. Prescrição ânua. Termo inicial. Surdez
bilateral. Síndrom e neuropsíquica. M ales da coluna. A prescrição da ação indenizatória
somente flui a partir da data em que o segurado tom a conhecim ento inequívoco acerca da
existência da incapacidade permanente, através de laudo médico elaborado para esse fim,
indicando causa, natureza e extensão, não se considerando suficiente te r ele realizado
consultas, tratam entos ou recebido diagnósticos. R ecurso especial conhecido e provido
parcialm ente para afastar a prescrição com respeito à síndrome neuropsíquica e aos males
da coluna.” STJ. 4- Turma. REsp n. 166.316/SP, Rei.: Ministro Barros Monteiro, D J 14 fev.
2005.
“Seguro de vida em grupo e acidentes pessoais. Prescrição ânua. Termo inicial do prazo.
S egundo a jurisprudência do STJ, o dies a quo do lapso prescricional não é a data do
s in is tro , m as a q u e la em que o s e g u ra d o te ve c iê n c ia in e q u ív o c a da in c a p a c id a d e
perm anente que o acom etera e de sua extensão. Recurso especial conhecido e provido
parcialm ente.” STJ. 4- Turma. REsp n. 156.661/SP, Rei.: Ministro Barros Monteiro, DJ 21
ago. 2000.
382 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
“Art. 27. Prescreve em 5 (cinco) anos a pretensão à reparação pelos danos causados
por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a
contagem do prazo a partir do conhecim ento do dano e de sua autoria.”
(38) LEAL, Antônio Luis da Câmara. Da prescrição e da decadência: teoria geral do direito
civil. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1982. p. 23-24.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 383
(39) SANTANA, Héctor Valverde. Prescrição e decadência nas relações de consumo. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 100.
384 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
“Adm inistrativo. Responsabilidade civil do Estado (art. 37, § 6a, CF). Contaminação
pelo vírus HIV. Hospital público (transfusão sanguínea). Prescrição qüinqüenal
inocorrente. Dec. Federal 20.910/1932 (Art. 1s). 1. O fato vértice para a contagem
do prazo qüinqüenal (art. 1a, Dec. Federal n. 20.910/1932), no caso, finca-se na data do
conhecim ento do resultado revelado pelo exame técnico laboratorial e não de causa
externa anterior, desconhecida pelo destinatário da transfusão de sangue (HIV). Em
contrário pensar, seria a revolta do direito contra a realidade dos fatos, homenageando-
se co m p re e nsã o iló g ica de p ré vio co n h e c im e n to pelo d e s tin a tá rio e vo lu n tá ria
aceitação de transfusão fatal com sangue contaminado. 2. Recurso improvido.” STJ.
1a Turma. REsp n. 140.158/SC, Rei.: Ministro Milton Luiz Pereira, DJ 17 nov. 1997.
(40) “A cidente no trabalho. Prescrição. Termo inicial. Asbestose. Amianto. O term o inicial da
prescrição da pretensão indenizatória não flui da data do desligamento da empresa, mas
de quando o operário teve conhecim ento da sua incapacidade, origem, natureza e extensão,
que no caso corresponde à data do laudo. O fato do decurso de 34 anos da despedida do
empregado impressiona, mas deve ser examinado em conjunto com as características da
doença provocada pelo contato com o amianto (asbestose), que pode levar muitos anos
para se manifestar. Recurso conhecido e provido.” STJ. 4 a Turma. REsp n. 291.157/SP,
Rei.: Ministro Ruy Rosado de Aguiar, Ac. de 1s mar. 2001, DJ 3 set. 2001.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 385
(41) PEREIRA, Caio Mário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. 8® t. Rio de Janeiro:
Forense, 2002. p. 340.
(42) TST. OJ n. 375 da SBDI-I. “Auxílio-doença. Aposentadoria p o r invalidez. Suspensão do
contrato de trabalho. Prescrição. Contagem. A suspensão do contrato de trabalho, em virtude da
percepção do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, não impede a fluência da
prescrição qüinqüenal, ressalvada a hipótese de absoluta impossibilidade de acesso ao Judiciário.”
386 S e b a s t iã o G e r ald o de O liv e ir a
“ R espo n sabilid ade civil do E stado. Pretensão de ind en ização co ntra a fazen d a
nacional. Erro m édico. D anos m orais e p atrim o niais. P rescrição. T erm o inicial.
D ata da c o n s o lid a ç ã o do c o n h e c im e n to e fe tiv o da v ítim a d a s le s õ e s e su a
extensão. P rincípio da a ctio nata. 1. O term o a quo para a fe rir o lapso p re scricio n a l
p a ra a ju iz a m e n to de a çã o de in d e n iz a ç ã o c o n tra o E s ta d o não é a d a ta do
acide nte, m as a q u e la em que a vítim a te ve ciê n cia in e q uívo ca de sua invalidez
e da e x te n s ã o da in c a p a c id a d e de q u e re s to u a c o m e tid a . P re c e d e n te s da
P rim eira S eção.” STJ. 2- Turm a. A gRg no REsp n. 931.896, Rei.: M inistro H um berto
M artins, D J 03 out. 2007.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 387
(45) PAM PLONA FILHO, Rodolfo; VILLATORE, Marco Antônio César. D ireito do trabalho
doméstico. 2. ed. São Paulo: LTr, 2001. p. 133.
In d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 389
(48) A obra clássica de Antônio Luís da Câmara Leal inform a que a maioria dos Códigos
estabelece que a prescrição não pode ser conhecida pelo juiz e x officio. Como exemplo cita
os C ódigos da França, Itália, Suíça, Portugal, Argentina, Bolívia, Chile, Peru, Uruguai,
Venezuela e Japão. Cf. Da prescrição e da decadência: teoria geral do direito civil. 4. ed.
Rio de Janeiro: Forense, 1982. p. 79.
(49) Art. 194. “O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo se favorecer
a absolutam ente incapaz.”
(50) Art. 166. “O juiz não pode conhecer da prescrição de direitos patrimoniais, se não for
invocada pelas partes.”
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 391
(51) Redação anterior: CPC. Art. 219, § 52. “Não se tratando de direitos patrimoniais, o juiz
poderá, de ofício, conhecer da prescrição e decretá-la de im ediato.”
(52) Disponível em: <w w w .cam ara.gov.br>.
(53) Idem.
392 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
(55) THEODORO JÚNIOR, Humberto. /As novas reformas do Código de Processo Civil. 1.
ed. 5a t. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 67-69.
(56) ROM ITA, Arion Sayão. Pronúncia de ofício da prescrição trabalhista. Suplem ento
Trabalhista LTr, São Paulo, n. 100, p. 422-423, 2006.
394 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
CPC deve sofrer um exame à luz dos princípios e normas trabalhistas e conclui
pela incompatibilidade do acolhimento ex officio da prescrição no processo
do trabalho(57).
1. O autor ou alguns dos autores pode ser menor (arts. 198 do Código
Civil e 440 da CLT);
4. O autor pode ter ajuizado ação anterior, mesmo que tenha sido
arquivada, produzindo o efeito da interrupção do prazo prescricional em
curso (art. 202 do Código Civil e Súmula n. 268/TST);
(62) MONTEIRO, W ashington de Barros. Curso de direito civil. 34. ed. São Paulo: Saraiva,
1985. v. 1: Parte Geral, p. 294.
CAPÍTULO 12
(1) Código Civil. Art. 950. “Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa
exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabaiho, a indenização,
além das despesas do tratam ento e lucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá
pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação
que ele sofreu.”
398 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
Diante dessa realidade da vida, que não pode ser ignorada, é imperioso
concluir que as alterações ocorridas com a vítima, enquanto perdura essa
relação jurídica continuativa, devem repercutir no direito ao pensionamento,
em face da mudança do “estado de fato” que o juiz levou em consideração no
momento de proferir o julgamento. Nessa relação jurídica estatuída, de alguma
forma, está presente ou implícita a cláusula rebus sic stantibus, permitindo
que a decisão primitiva sofra uma adaptação, por meio de nova decisão judicial
para garantir continuadamente a manutenção da justa reparação do dano(4).
(2) CLT. Art. 873. “ D ecorrido mais de 1 (um) ano de sua vigência, caberá revisão das
decisões que fixarem condições de trabalho, quando se tiverem modificado as circunstâncias
que as ditaram, de modo que tais condições se hajam tornado injustas ou inaplicáveis.”
(3) CPC. Art. 460. “ É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa
da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que
lhe demandado. Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação
jurídica condicional.”
(4) Assinala Caio Mário que os juristas da Idade Média, atentando em que nos contratos de
execução diferida o ambiente no momento da execução pode ser diverso do que existia no
da celebração, sustentaram que o contrato devia ser cum prido no pressuposto de que se
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 399
(8) FADEL, Sérgio Sahione. Código de Processo C ivil comentado. 7. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2004. p. 537-538.
(9) MONTENEGRO, Antônio Lindbergh C. Ressarcim ento de danos. 8. ed. ampl. e atual.
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005. p. 218.
(10) DIREITO, Carlos Alberto Menezes; CAVALIERI FILHO, Sérgio. Comentários ao novo
C ódigo Civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. XIII, p. 394-397.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 401
(11) DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1995.
v. II, p. 785-786.
(12) GO NÇ ALVES, Carlos Roberto. R esponsabilidade civil. 10. ed. São Paulo: Saraiva,
2012. p. 581.
(13) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011. p. 1464-1465.
(14) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 141-142.
402 S e b a s t iã o G er ald o de O liv e ir a
Não há dúvida de que a decisão anterior tem força de lei nos limites da
lide e das questões decididas (art. 468 do CPC). Assim, não há espaço, na
via da ação revisional, para rediscutir os pressupostos da responsabilidade
civil apreciados no primeiro julgamento, tais como o dano indicado no primeiro
pedido, o nexo causal, a culpa ou a responsabilidade civil objetiva. Podem até
ser cabíveis tais questionam entos, em casos excepcionais, mas por
intermédio da ação rescisória, no prazo e nas estritas hipóteses legais. Nessa
linha de pensamento assevera Rui Stoco:
Convém mencionar que a ação revisional não pode ser manejada como
se fosse mais um recurso da sentença primitiva, porquanto a discussão
possível refere-se às mudanças fáticas ou de direito ocorridas após o primeiro
julgamento, em razão da natureza continuativa da relação jurídica criada pela
sentença. Não há, portanto, violação da coisa julgada anterior, conforme bem
analisa Sérgio Cavalieri:
(15) STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil. 8. ed. rev., atual, e ampl. São Paulo:
Revista dos Tribunais, 2011. p. 1588.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 403
(16) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 141.
(17) “ Previdenciário. Processo civil. A ção revisional de benefícios. A cidentário. R elação
jurídica continuativa. Art. 471, inciso I, do CPC. Im provim ento do recurso. É de natureza
continuativa as ações revisionais acidentárias, vez que o auxílio-acidente mensal é vitalício
e corresponde a percentual do salário de benefício do segurado (art. 86, § 1e da Lei n.
8.213/91 alterada pela Lei n. 9.032/95). A revisão prevista no art. 471, inciso I, do Código de
Processo Civil é uma exceção à regra geral de que nenhum juiz decidirá novam ente as
questões já decididas relativa à mesm a lide, e por conseguinte não agride o ato jurídico
perfeito ou a coisa julgada. Recurso desprovido.” STJ. 5a Turma. REsp n. 141.486 /P E , Rei.:
Ministro José Arnaldo da Fonseca, D J 03 maio 1999.
(18) C om o bem assevera José de A guiar Dias, “sem dúvida que a sentença deve ser
executada fielmente. Mas a linguagem da lei deve ser entendida de form a que corresponda
ao seu espírito e não de maneira a traí-lo, m ediante interpretação farisaica, que consiste em
sim ular respeito à lei, para deixar de aplicá-la.” Cf. Da responsabilidade civil. 10. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1995. v. II, p. 726.
(19) PAULA, Alexandre de. Código de Processo Civil anotado. 3. ed. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 1986. p. 637.
404 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(20) CAVALIERI FILHO, Sérgio. Program a de responsabilidade civil. 10. ed. São Paulo:
Atlas, 2012. p. 142.
(21) THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. 45. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2006. v. 1, p. 611.
(22) Entendo razoável aplicar, m utatis mutandis, a cautelar adm itida na rescisória para
suspen d er total ou parcialm ente a execução, conform e e n tendim ento conso lid a d o na
Orientação Jurisprudencial n. 76 da SBDI-II: “Ação rescisória. Ação cautelar para suspender
execução. Juntada de docum ento indispensável. P ossibilidade de êxito na rescisão do
ju lg a d o . É in d is p e n s á v e l a in s tru ç ã o da açã o c a u te la r com as p ro va s d o c u m e n ta is
necessárias à aferição da plausibilidade de êxito na rescisão do julgado. Assim sendo,
devem vir junto com a inicial da cautelar as cópias da petição inicial da ação rescisória
principal, da decisão rescindenda, da certidão do trânsito em julgado da decisão rescindenda
e inform ação do andamento atualizado da execução.”
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 405
§ 1a. Os alimentos provisórios fixados na inicial poderão ser revistos a qualquer tempo,
se houver modificação na situação financeira das partes, mas o pedido será sempre
processado em apartado.
(23) CLT. Art. 879, § 19. “Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a sentença
liquidanda, nem discutir matéria pertinente à causa principal.” No mesmo sentido prevê o
art. 475, G, do CPC: “É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou m odificar a sentença
que a julgou.”
(24) “ Processual civil. R ecurso especial em agravo de instrumento. Liquidação de sentença.
Pensão m ensal vitalícia. Alegação de fato novo (reabilitação da vítima). Suposta violação
do art. 471, /, do CPC. Não ocorrência. Desprovimento. 1. O juiz pode decidir novamente as
questões já decididas, quando sobrevier, na relação jurídica continuativa, a modificação no
estado de fato ou de direito (CPC, art. 471, I). 2. O juízo de prim eiro grau, no entanto,
e q u iv o c o u -s e na a p lic a ç ã o d e s s a re g ra , p o rq u a n to s u p rim iu , sem o b s e rv â n c ia do
contraditório, o direito do recorrido — garantido por coisa julgada material — à percepção
de pensão m ensal v ita líc ia e s ta b e le c id a no títu lo ju d ic ia l c o n d e n a tó rio . 3. E ventual
recuperação do recorrido (fato novo) deve ser, indiscutivelm ente, avaliada e comprovada
em perícia médica, sob pena de ofensa à coisa julgada material e ao devido processo legal
(CF/88, art. 52, XXXVI, LIV e LV). 4. Recurso especial desprovido.” STJ. 1a Turma. REsp n.
782.087/RJ, Rei.: Ministra Denise Arruda, DJ 02 ago. 2007.
406 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
(25) CLT. Art. 896, § 2°. “Das decisões proferidas pelos Tribunais Regionais do Trabalho ou
por suas Turmas, em execução de sentença, inclusive em processo incidente de embargos
de terceiro, não caberá Recurso de Revista, salvo na hipótese de ofensa direta e literal de
norma da C onstituição Federal.”
(26) SANTOS, M oacyr Amarai. Com entários ao Código de P rocesso Civil. 4. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 1986. v. IV, p. 454.
(27) Súmula n. 327 do TST: A pretensão a diferenças de com plem entação de aposentadoria
sujeita-se à prescrição parcial e qüinqüenal, salvo se o pretenso direito decorrer de verbas
não recebidas no curso da relação de em prego e já alcançadas pela prescrição, à época da
propositura da ação.
(28) Súmula n. 85 do STJ: “Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública
figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito reclamado, a prescrição
atinge apenas as prestações vencidas antes do qüinqüênio anterior à propositura da ação.”
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 407
ação revisional. Não há como rever a decisão que ainda é passível de recurso
e, portanto, sujeita a mudança pela instância superior. Nessa hipótese poderá
a parte interessada invocar, quando cabível, a aplicação do art. 462 do CPC,
que estabelece:
“Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou
extintivo do direito influir no julgam ento da lide, caberá ao juiz tom á-lo em consideração,
de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a sentença.”
(29) LACERDA, Galeno. O Código e o form alism o processual. Ajuris, Porto Alegre, n. 28, p.
12, jul. 1983.
(30) Com igual pensamento assevera Araken de Assis: “De tal ordem é a influência do fato
superveniente, no desfecho da causa, que o órgão judiciário não deverá surpreender as
partes, aplicando-o ex officio, com o lhe autoriza o art. 462, sem apresentá-lo ao debate
conjunto. F eita a alegaçã o pelo in te re ssa d o , im põe-se a o b se rvâ n cia do co n tra d itó rio ,
408 S e b a s t iã o G er ald o de O liv e ir a
colhendo o juiz a manifestação da parte contrária e, se for o caso, admitindo sua prova” . Cf.
“ Extinção do processo por superveniência de dano irreparável.” In: Doutrina e prática do
processo civil contemporâneo. São Paulo: RT, 2001. p. 198.
(31 ) “D ire ito do T rabalho. A g ra v o re g im e n ta l em re c u rs o e x tra o rd in á rio com agravo.
Im possibilidade de aplicação do art. 462 do CPC. A jurisprudência desta Corte firm ou-se no
sentido de que o art. 462 do CPC não se aplica na instância extraordinária.” STF. 2- Turma.
ARE 665710 AgR, Rei.: Min. Gilmar Mendes, DJ 20 jun. 2012.
“A g ra vo re g im e n ta l no re cu rso e xtra o rd in á rio . A rt. 4 6 2 do C ó d ig o de P ro ce sso Civil.
Inaplicabilidade. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que o art. 462 do
C ódigo de Processo C ivil, salvo em hipóteses excepcionais, não se aplica ao recurso
extraordinário.” STF. 1ã Turma. RE 433592 AgR, Rei.: Min. Dias Toffoli, DJ 31 maio 2012.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 409
É certo que a coisa julgada anterior é inviolável, mas tão somente nos
limites da lide e das questões decididas (art. 468/CPC). Os motivos e os
fatos discutidos e adotados como fundamento para o julgamento anterior não
fazem coisa julgada e nem vinculam o julgador dessa segunda causa (art.
469/CPC).
Pode ocorrer, por exemplo, que nessa segunda ação fique demonstrado
que o agravamento da doença incapacitante não teve etiologia ocupacional,
(32) “ C oisa ju ig a d a . S egunda dem anda. Indenização. A sentença tra n sita em julgado,
deferindo indenização correspondente à incapacidade em grau menor do que o apurado
no processo judicial, que ali não poderia ser reconhecida porque fora do pedido inicial, não
im p e d e u m a s e g u n d a d e m a n d a p ro p o s ta p a ra o b te r a d ife re n ç a de in d e n iz a ç ã o
correspondente ao m aior grau de incapacidade. Recurso conhecido e provido.” STJ. 4-
Turma. REsp n. 175.681/SP, Rei.: Ministro Ruy Rosado de Aguiar, D J 08 fev. 1999.
(33) MOREIRA, José Carlos Barbosa. Temas de direito processual. 2. ed. São Paulo: Saraiva,
1998. p. 243.
410 S e b a s t iã o G er ald o de O liv e ir a
(34) SILVA, Ovídio A. Baptista. Sentença e coisa julgada: ensaios e pareceres. 4. ed. rev. e
ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p. 95.
(35) STJ. SÚMULA N. 278: “O term o inicial do prazo prescricional, na ação de indenização,
é a data em que o segurado teve ciência inequívoca da incapacidade laboral.”
(36) PEREIRA, Caio M ário da Silva. R esponsabilidade civil. 9. ed. 8ã t. Rio de Janeiro:
Forense, 2002. p. 340.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 411
da coisa julgada, conforme previsto no art. 468 do CPC, não mudam em razão da
celebração do acordo. Assim, não pode ser acolhida ou considerada válida a
quitação de eventuais danos futuros, incertos e indeterminados, antes mesmo
do nascimento da pretensão reparatória. O termo de conciliação, por óbvio,
não produz o efeito de impedir o aparecimento de novos danos até então
desconhecidos, nem impede o nascimento de pretensão quando, mais tarde,
for constatada a efetiva violação do direito. Até porque a Constituição da
República veda excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão ou
ameaça de direito (art. 5Q, XXXV). Vale lembrar, ainda, que a transação deve
ser interpretada restritivamente, como dispõe expressamente o art. 843 do
Código Civil, pelo que não se admite que haja quitação implícita de danos
desconhecidos e futuros no momento da celebração do ajuste.
Por outro lado, se for constatado que a morte ocorreu por motivos
diversos, sem ligação com o acidente anterior ou por uma doença sem origem
ocupacional, como, por exemplo, uma doença degenerativa ou inerente ao
grupo etário, não cabe indenização alguma aos dependentes do falecido.
(1) Decreto n. 24.637, de 10 jul. 1934. Art. 12. “A indenização estatuída pela presente lei
exonera o empregador de pagar à vítima, pelo mesmo acidente, qualquer outra indenização
de Direito C om um .”
414 S e b a s t iã o G er ald o de O liv e ir a
(2) FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Comentários à Constituição brasileira. 4. ed. São
Paulo: Saraiva, 1983. p. 526.
(3) STF. Súmula n. 235, de 16 dez. 1963 — “É competente para a ação de acidente do trabalho a
justiça cível comum, inclusive em segunda instância, ainda que seja parte autarquia seguradora.”
(4) SARASATE, Paulo. A Constituição do Brasil ao alcance de todos. Rio de Janeiro: Freitas
Bastos, 1967. p. 463.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 415
(5) Vale citar uma das ementas indicadas nos precedentes que deram origem à Súmula n.
501: “ Conflito negativo de jurisdição. A cidente do trabalho. Ainda quando ajuizado contra o
INPS a com petência é da Justiça Estadual. Inconstitucionalidade do art. 16 da Lei n. 5.316,
de 14.9.1967 (CJ n. 3.893-G B ). P rocedência.” STF. Pleno. CJ 4759/S C , Rei.: M inistro
Thompson Flores, julgado em 21 ago. 1968.
(6) HASSON, Roland. Acidente de trabalho & competência. Curitiba: Juruá, 2002. p. 145.
416 S e b a s t iã o G e r ald o de O liv e ir a
(7) PINTO, José Augusto Rodrigues. Processo trabalhista de conhecimento. São Paulo: LTr,
1993. p. 113.
(8) FONTES, Saulo Tarcísio Carvalho. Acidente de trabalho — com petência da Justiça do
Trabalho: os reflexos da Emenda Constitucional n. 45. In: COUTINHO, Grijalbo Fernandes;
FAVA, Marcos Neves (Coord.) Nova com petência da Justiça do Trabalho. São Paulo: LTr,
2005. p. 358.
(9) Constituição da República, de 5 out. 1988. Art. 109. “Aos juizes federais compete processar
e julgar: I — as causas em que a União, entidade autárquica ou em presa pública federal
forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de
falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;”
(10) “Ninguém, certamente, considera que interpretar a lei seja interpretar a passagem de
um artigo ou de um inciso, colocando-o ao m icroscópio e exam inando suas partículas,
absolutamente desinteressado de todo o organism o vivo, do qual faz parte esse fragmento.
Isso não é interpretar, é apenas ler um texto. A leitura pode s e rtã o inteligente e compreensiva
quanto se queira; poderá o leitor conhecer a etimologia de todas e de cada uma de suas
palavras, dom inando suas raízes históricas; poderá ele ser um sagaz crítico gram atical,
capacitado a pôr em relevo as exatidões ou os erros do trecho examinado. Mas se o trabalho
não vai além disso, se se limita a exam inar o fragm ento que se encontra no microscópio,
não haverá interpretação. Toda tarefa interpretativa pressupõe trabalho de relacionar a
parte com o todo. O sentido é extraído inserindo-se a parte no todo.” Cf. COUTURE, Eduardo
J. Interpretação das leis processuais. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1994. p. 28-29.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 417
inclusive durante as fé ria s forenses, m ediante petição instruída pela prova de efetiva
no tifica çã o do evento ã P revidência S ocial, através de C o m unicação de A cid e n te do
Trabalho — CAT.”
(14) “D anos m orais — D oença p ro fis s io n a l — C om petência da ju s tiç a do trabalho. A
com petência da Justiça do Trabalho é definida peio art. 114/CF, estando nela inserido o
julgam ento de todos os dissídios individuais, entre trabalhadores e em pregadores, que
tenham origem na relação de trabalho. Ao definir a com petência da Justiça Federal, no art.
109 a CF/88 dispõe que com preende o processam ento e julgam ento de causas em que
forem partes a União, entidade autárquica ou em presa pública federal, exceto as de acidente
de trabalho e aquelas sujeitas à Justiça do Trabalho, dentre outras ali enumeradas. Conclui-
-se, assim, que as causas de acidente de trabalho, em que forem parte o empregado na
condição de segurado e o INSS são da com petência da Justiça Estadual. Não se pode,
e n tre ta n to , p re te n d e r seja a J u s tiç a C om um co m p e te n te p ara ju lg a r d is s íd io s e ntre
em pregado e em pregador que tenham origem no acidente do trabalho desde que nada
seja postulado em relação ao INSS, como é o caso dos autos, sendo a com petência da
Justiça do Trabalho, por força do art. 114, CF/88. A conclusão inevitável é a de que o § 2Q,
do art. 643, da CLT, foi revogado pelo art. 114 CF/88. O pedido de indenização por dano
moral form ulado com base na m oléstia que o obreiro acredita ter origem profissional, é
dirigido diretam ente contra o empregador, não tendo qualquer efeito reflexo contra o INSS,
estando fundado no disposto pelo art. 7-, XXVIII, CF/88, sendo, portanto, desta Justiça
E specializada a com petência ratione m ateriae para a p re ciá -lo .” M inas G erais. T R T 3-
Região. 3ã Turma. RO n. 9150/99, Rei.: Juíza convocada Cecília Alves Pinto, DJ 30 maio
2000.
(15) “R ecurso extraordinário. Medida Cautelar. Deferimento. É de deferir-se medida cautelar
de suspensão dos efeitos do acórdão objeto de RE já adm itido na origem e adstrito a
questão de com petência da Justiça Comum ou da Justiça do Trabalho para o processo,
quando, à prim eira vista, a solução dada na instância a quo, ao afirm ar a com petência
da Justiça Estadual para o caso — ação de indenização contra o em pregador por danos
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 419
(18) Assegura o douto Edilton Meireles que “esse dispositivo, ao certo, serviu muito mais
para acabar com as controvérsias quanto à competência para julgam ento dos feitos em que
se pede o ressarcim ento de danos morais e materiais, inclusive quando decorrentes do
acidente de trabalho”. Cf. A nova Justiça do Trabalho — com petência e procedimento. In:
COU TINH O , G rijalbo Fernandes; FAVA, M arcos Neves (C oord.). N ova com petência da
Justiça do Trabalho. São Paulo: LTr, 2005. p. 67.
In d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 421
Por outro lado, a ação para reparação dos danos provenientes dos
acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais é tipicamente trabalhista,
envolvendo o empregado e o empregador. A Justiça do Trabalho é o ramo do
Poder Judiciário que se encontra mais próximo do dia a dia dos trabalhadores,
das relações do empregado com a empresa, das ocorrências habituais no
meio ambiente do trabalho. Consequentemente está mais habilitada para
verificar o cumprimento dos deveres do empregado e do empregador quanto
às normas de segurança e saúde no local de trabalho, conforme previsto na
Consolidação das Leis do Trabalho e nas normas regulamentares. Na trilha
do ensinamento de Giuseppe Chiovenda, “quando a lei atribui a um juiz uma
causa tendo em vista a natureza dela, obedece à consideração de ser esse
juiz mais idôneo que outro para decidir; e essa consideração não tolera aos
particulares parecer diferente.”(19)
Com pensamento semelhante, assevera o Ministro do TST João Oreste
Dalazen, estudioso do tema: “Não se pode ignorar também que o acidente de
trabalho é um mero desdobramento do labor pessoal e subordinado prestado
a outrem e, em decorrência, gera uma causa acessória e conexa da lide
trabalhista típica. De sorte que não há mesmo razão jurídica ou lógica para
que as lides decorrentes de acidente de trabalho entre em pregado e
empregador transcendam da competência da Justiça do Trabalho.”(20)
(21) No Capítulo 3, item 3.2 abordamos a questão da ação judicial para enquadramento do
evento como acidente do trabalho, ao qual nos reportamos.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 423
tempo da edição da súmula, ainda não havia sido proferida sentença de mérito
em primeiro grau. Concluiu tratar-se de situações residuais, de 2004, que já
estavam ultrapassadas.
“A gravo reg im ental. R eclam ação co nstitu cion al. CF art. 105, I. A leg ação de
descum prim ento de decisão proferida em conflito de com petência julgado por
esta corte. Justiça do Trabalho. Ação de indenização por danos morais decorrentes
de acidente de trabalho. Herdeiros. Com petência. Emenda Constitucional n. 45.
Súm ula vinculante n. 22 do STF. Cancelam ento do verbete 366 do STJ. 1. Acórdão
da Justiça Estadual (perante a qual tram itava o processo por força de decisão preclusa
do STJ em conflito de com petência) declinatório da com petência para a Justiça do
Trabalho, com base na S úm ula V inculante 22 do STF. 2. Nos term os da Súm ula
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 427
(23) Tratam os das indenizações cabíveis no caso de acidente sofrido por tra b a lh a d o r
doméstico ou sem vínculo de em prego no Capítulo 14.
432 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
Constituição e, hoje, no inciso IX do art. 114 da CF/88, com a redação dada pela EC
4 5/200 4. P recedentes. 3. C o n flito co n h e cid o p ara d e c la ra r co m p e te n te o Juízo
suscitante.” STJ. 2ã Seção. CC n. 111.295/SP, Rei.: Ministra Maria Isabel Gallotti, Du
17 maio 2011.
(25) No Capítulo 12 retro detalham os as hipóteses de cabim ento da ação revisional das
decisões transitadas em julgado sobre indenizações decorrentes do acidente do trabalho
ou doença ocupacional.
436 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
“Entre duas ou mais ações pode haver relação tal que uma delas, porque
mais importante quanto ao objetivo do autor, tem posição de principal; e
as outras, que a ela se ligam, porque se destinam a complementá-la ou
porque dela decorrem , assum em uma situação secundária, e são
consideradas acessórias em relação a ela. Essas ações acessórias
pressupõem, pois, a existência da principal.”(28)
Questão que deve despertar maior questionamento refere-se aos casos
das ações julgadas definitivamente pela Justiça Comum e que não foram
a b ran gida s pela a lte ra çã o de co m p e tê n cia p rom ovid a pela Em enda
Constitucional n. 45/2004. Nessa hipótese, a ação revisional deverá ser
proposta ainda perante a Justiça Comum ou na Justiça do Trabalho?
Respondemos, sem hesitar, que o ajuizamento deverá ocorrer perante
a Justiça do Trabalho, porquanto desde a Emenda Constitucional n. 45/2004
a competência absoluta em razão da matéria para julgar as indenizações por
acidente do trabalho passou a ser da Justiça do Trabalho.
Não cabe aqui nem mesmo a ressalva aposta pelo STF, no julgamento
da CC n. 7.204, no sentido de que “as ações que tramitam perante a Justiça
comum dos Estados, com sentença de mérito anterior à promulgação da EC
45/2004, lá continuam até o trânsito em julgado e correspondente execução.”
A ação revisional instaura uma nova relação processual para apreciar os
efeitos jurídicos da mudança ocorrida no quadro fático após o julgamento
anterior, visto que não se enquadra como um mero incidente de execução da
sentença primitiva. Aliás, no julgamento mencionado ficou também decidido:
“Quanto àquelas (ações) cujo mérito ainda não foi apreciado, hão de ser
remetidas à Justiça do Trabalho, no estado em que se encontram, com total
aproveitamento dos atos praticados até então.”
Data vertia, não entendemos dessa forma. Ainda que a ideia seja atraente
do ponto de vista operacional e de especialização, a sua aplicação depende
de outra mudança constitucional. A com petência atribuída à Justiça do
Trabalho pela Emenda Constitucional n. 45/2004 refere-se às indenizações
postuladas em face do em pregador, com apoio no art. 7e, XXVIII, da
Constituição da República. Situação diversa ocorre quando o acidentado
busca obter judicialm ente, em face do INSS, os benefícios de natureza
acidentária, tais como auxílio-doença acidentário, aposentadoria por invalidez,
auxílio-acidente etc.
II — na via judicial, pela Justiça dos Estados e do Distrito Federal, segundo o rito
sum aríssim o, inclusive durante as férias forenses, m ediante petição instruída pela
438 S e b a s t iã o G er ald o de O liv e ir a
9. Nessa contextura norm ativa, tenho que o verbete da S úm ula 501 continua em
pleno vigor, mesmo porque a EC n. 45/04 não trouxe nenhuma modificação para o
inciso I e o § 3- do art. 109 da Constituição de 1988. Daí retirar da Justiça comum
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 439
estadual a com petência para as ações acidentárias significaria negar vigência a esses
preceitos constitucionais. E entregar essa mesma com petência à Justiça do Trabalho
significaria melindrar o princípio da distribuição de com petência em razão da matéria,
norteador da nova redação do art. 114, dada pela EC n. 45/04. É que, muito embora
a causa remota da ação acidentária seja uma relação de trabalho, pois sem essa o
acid e nte do tra b a lh o s e q u e r pode se r c a ra c te riz a d o , o fa to é que a n a tu re za
exclusivamente previdenciária dessa ação afasta a com petência da Justiça especial.”
apesar de estar consagrada pelo uso, nem sempre é correta, visto que não é
todo acidente ocorrido no ambiente de trabalho que pode ser enquadrado,
tecnicamente, como acidente do trabalho.
Do ponto de vista jurídico, o “acidente do trabalho” tem limites bem
delineados na legislação. Estabelece o art. 19 da Lei n. 8.213/1991: “Acidente
do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou
pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11
desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para
o trabalho.” São equiparadas ao acidente do trabalho típico as doenças
profissionais e as do trabalho (art. 20 da Lei n. 8.213/1991), bem como os
acidentes ocorridos no trajeto da residência para o local de trabalho ou deste
para aquela (art. 21 da referida lei).
Como se verifica, somente se enquadra no conceito legal acima transcrito
o acidente sofrido por aqueles segurados relacionados pela legislação da
infortunística e que tenha nexo causal direto ou indireto com o exercício do
trabalho. Consequentemente, não são considerados acidente do trabalho, em
termos legais, os acidentes sofridos no trabalho pelo empregado doméstico,
pelo trabalhador autônomo, pelo cooperado, pelo estagiário, pelo sócio ou
qualquer prestador de serviço sem vínculo de natureza empregatícia(1). De
forma semelhante, os acidentes sofridos pelos servidores públicos federais,
regidos pela Lei n. 8.112/1990, também não se enquadram no conceito legal
de acidente do trabalho, recebendo a denominação própria de acidente em
serviço(2).
Os trabalhadores que atuam no âmbito doméstico (empregados ou
autônomos) são apenas segurados da Previdência Social, mas não são
beneficiários do seguro de acidente do trabalho; quando sofrem acidentes ou
ficam incapacitados por doença relacionada ao trabalho, recebem benefícios
previdenciários, mas não aqueles de natureza acidentária. Daí por que o
empregador ou tomador dos serviços domésticos não recolhe o Seguro de
Acidente do Trabalho, nem está sujeito à emissão da Comunicação de Acidente
do Trabalho — CAT.
(1) Convém m encionar que, excepcionalmente, a lei considera acidente do trabalho aquele
sofrido pelo trabalhador avulso ou pelo segurado especial.
(2) Lei n. 8.112, de 11 dez. 1990. Art. 212. "Configura acidente em serviço o dano físico ou
mental sofrido pelo servidor, que se relacione, mediata ou imediatamente, com as atribuições
do cargo exercido. P arágrafo único. E quipara-se ao acidente em serviço o dano: I —
decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servidor no exercício do cargo; II —
sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-versa.”
442 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
(3) BARROS, Alice M onteiro de. Curso de direito do trabalho. 5. ed. São Paulo: LTr, 2009.
p. 335.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e do T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 443
(4) Vejam o item 14.2 acima, em que analisamos a diferença entre o acidente do trabalho e
o acidente no trabalho.
444 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
Por outro lado, o acidente pode ocorrer por fatores causais que não são
inerentes à tarefa que o contratado estava executando, por se tratar de risco
existente no local, que podia e devia ser controlado e vigiado pelo tomador
dos serviços. Não são riscos inerentes, mas riscos alheios aos serviços
contratados.
(5) A Convenção 167 da OIT foi ratificada pelo Brasil (Decreto Legislativo n. 61/2006), com
vigência interna desde 19 de maio de 2007. A prom ulgação ocorreu por interm édio do
Decreto n. 6.271, de 22 nov. 2007.
446 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
da tom ada, realiza tal procedim ento apenas desligando a chave geral. Inafastável,
contudo, a culpa do acionado, por fornecer equipam ento em más condições de uso,
perm itindo seu uso sem o b se rvâ n cia das regras que m inim izariam os riscos de
acidente. Concorrência de culpa para o acidente de trabalho, que autoriza a redução
à m e ta d e da in d e n iz a ç ã o a que te ria d ire ito o o b re iro , c a s o a c u lp a fo s s e
exclusivam ente do réu.” TJSP. 35® Câmara. Apelação com revisão n. 836203-0/8.
Rei.: Des. Clovis Castelo, DJ 13 dez. 2007.
Pelo que dispõe o parágrafo único do art. 927, haverá obrigação de reparar
o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar,
por sua natureza, riscos para os direitos de outrem. Por ocasião da 1ãJornada
de Direito Civil, promovida pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho
da Justiça Federal em 2002, foi adotada uma diretriz interessante para
interpretar o alcance do dispositivo insculpido no parágrafo único do art. 927
do Código Civil, conforme se verifica no teor do Enunciado n. 38:
“Enunciado 38 —- Art. 927: A responsabilidade fundada no risco da atividade, como
prevista na segunda parte do parágrafo único do art. 927 do novo C ódigo Civil,
configura-se quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano causar
a pessoa determinada um ônus maior do que aos demais membros da coletividade.”
Em regra, quem atua em tais serviços está exposto ao mesmo grau de risco
da média dos demais membros da coletividade. Além disso, o tomador dos
serviços no âmbito residencial não desenvolve atividade econômica, nem
cria um risco adicional de acidente pela natureza das tarefas que ajusta com
o trabalhador(6).
(6) “ Indenização p o r acidente de trabalho. Pessoa física (réu) que contrata trabalhador
autônom o (autor), para prestação de serviços no âm bito de sua residência — poda de uma
árvore. P restação de se rviço s que, in casu, não está v in c u la d a a q u a lq u e r a tividade
econôm ica desenvolvida pelo tom ador, não se aplicando a norma do parágrafo único do
a rtig o 92 7 do C ó d ig o C iv il (r e s p o n s a b ilid a d e o b je tiv a ), e sim , a re g ra g e ra l da
responsabilidade civil, fundada na culpa do agente (artigos 186 e 927, caput, do CC). Culpa
do tom ador não demonstrada. Recurso provido para absolver o réu da condenação.” Rio
Grande do Sul. TRT 4a Região. 1a Turma. RO n. 01664-2006-030-04-00-0, Rei.: Des. Maria
da Graça Ribeiro Centeno, DJ 24 jun. 2008.
“Agravo de instrumento. A cidente de trabalho. Indenização p o r dano m oral e/ou patrimonial.
A v. decisão afastou a responsabilidade objetiva de pessoa física que contrata trabalhador
autônom o para poda de uma árvore, e entendeu que não houve conduta culposa, pela
ausência de ingerência no serviço ou responsabilidade para observância de normas de
segurança do trabalho, em face do acidente ao cortar um galho de uma árvore que resultou
na fratura do fêmur. Não dem onstrada violação literal de dispositivo constitucional ou legal,
nem divergência jurisprudencial apta ao confronto de tese. Art. 896, e alíneas, da CLT."
TST. 6a Turma. AIRR n. 166440-50.2006.5.04.0030, Rei.: Ministro Aloysio Corrêa da Veiga,
DJ 07 abr. 2009.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 449
(7) Tratam os com vagar das críticas e inconvenientes a respeito do pagamento de uma só
vez no item 10.6, supra. Anotam os também naquele tópico o entendimento atual do TST no
sentido de analisar, na hipótese do caso concreto, a conveniência ou não de deferimento
da indenização de uma só vez.
450 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
(8) Para maiores fundam entos a respeito dessa conclusão, sugerimos a leitura do item 10.6,
supra.
CAPÍTULO 15
LIQUIDAÇÃO DA SENTENÇA
NAS AÇÕES INDENIZATÓRIAS
r
15.1. Considerações iniciais
(1) LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 6. ed. São
Paulo: LTr, 2008. p. 878.
452 S e b a s t iã o G er ald o de O l iv e ir a
tais indenizações são de natureza civii, devem ser feitas algumas adaptações
pontuais, especialmente na questão dos juros de mora.
(4) “ Correção monetária. Salário. Art. 459 da CLT. O pagamento dos salários até o 5Qdia útil
do mês subsequente ao vencido não está sujeito à correção monetária. Se essa data limite
for ultrapassada, incidirá o índice da correção monetária do mês subsequente ao da prestação
dos serviços, a partir do dia 1a.” (TST. Súmula n. 381)
(5) Abordam os com vagar essa questão no Capítulo 9, item 9.6, retro.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 455
(7) RIZZARDO, Arnaldo. Direito das obrigações. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p.
511-514.
(8) SANTOS, José Aparecido dos. Curso de cálculos de liquidação trabalhista. 2. ed. Curitiba:
Juruá, 2008. p. 473.
(9) “Juros de mora. Incidência. Os juros de mora incidem sobre a importância da condenação
já corrigida monetariam ente.” (TST. Súmula n. 200)
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 457
(10) Até mesmo as parcelas do FGTS, que têm norma própria prevista na Lei n. 8.036/1990
a respeito dos juros e correção monetária, quando deferidas em sentença trabalhista passam
a ser co rrig id a s pelos m esm os índices a p lic á v e is aos d é b ito s tra b a lh is ta s , conform e
entendimento pacificado pela Orientação Jurisprudencial n. 302 da SDI-I do TST.
458 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e f -
Não se pode negar que a previsão legal dos juros de mora para os créditos
trabalhistas, especialmente para aqueles decorrentes do acidente do trabalho,
ficou defasada e necessita de urgente atualização. O Código Civil de 2002
estabelece no art. 398 que, “nas obrigações provenientes de ato ilícito,
considera-se o devedor em mora, desde que o praticou.” Esse entendimento
há muito tempo vem sendo aplicado pelo STJ, que adotou em 1992 a Súmula
n. 54, com o seguinte enunciado: Os juros moratórios fluem a partir do evento
danoso, em caso de responsabilidade extracontratual. Vejam o entendimento
daquele Tribunal:
“Agravo regim ental. Recurso especial. Acidente de trabalho. Danos morais. Valor
da indenização. Correção monetária. Juros de mora. Súm ulas ns. 54 e 362/STJ. 1.
Fixada a indenização por danos morais em R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais)
para cada um dos nove recorrentes, valor que está bem próximo do que já arbitrou
esta Corte em casos semelhantes, não se pode considerá-la ínfima a justificar nova
revisão.2. A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde
a data do arbitram ento (Súm ula n. 362). 3. Os juros m oratórios incidem desde o
evento danoso (Súmula n. 54/STJ). 4. Agravo regimental não provido.” STJ. 4B Turma.
AgRg no REsp n. 685.309/MG, Rei.: Ministro Raul Araújo, DJ 17 set. 2012.
(11) TST. Súmula n. 439: “ Nas condenações por dano moral, a atualização monetária é
devida a partir da data da decisão de arbitram ento ou de alteração do valor. Os juros
incidem desde o ajuizamento da ação, nos termos do art. 883 da CLT.”
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 459
(12) Diante dessa previsão legal o C orregedor Geral da Ju stiça do T rabalho adotou o
Provimento TST/CG n. 3, de 3 de maio de 2005, dispondo sobre a retenção do imposto de
renda na fonte incidente sobre os rendim entos pagos em cum prim ento de decisões da
Justiça do Trabalho.
460 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
(13) TREVISO, Marco Aurélio Marsiglia. A Lei n. 11.457/2007 e o processo do trabalho. In:
Jornal Trabalhista Consulex, Brasília, Ano XXIV, n. 1175, p. 10, jun. 2007.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 461
(14) Lei n. 7.713, de 22 dez. 1988. Art. 6e. Ficam isentos do imposto de renda os seguintes
rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) IV — as indenizações por acidentes do
trabalho.
(15) Decreto n. 3.000, 26 mar. 1999. Art. 39: “Não entrarão no cômputo do rendimento bruto:
(...) XVI — a indenização reparatória por danos físicos, invalidez ou morte, ou por bem
m aterial d a nificad o ou d estruído, em d e co rrê n cia de acid e nte , até o lim ite fixa d o em
condenação judicial, exceto no caso de pagamento de prestações continuadas;”
462 S e b a s t iã o G er aldo de O liv e ir a
(18) DELGADO, José Augusto. Reflexões sobre o regime tributário das indenizações. In:
MACHADO, Hugo de Brito. Regime tributário das indenizações. Fortaleza: Instituto Cearense
de Estudos Tributários — ICET, 2000. p. 173.
464 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
“R ecurso esp ecial. E m bargos à execução. V erba in d en izató ria. A cid ente do
trabalho. Incom petência da Justiça Federal (CF, art. 109, I, parte final). Acordo.
Parcela retida pela devedora a título de im posto de renda. Im possibilidade. Não
incidência de im posto de renda sobre parcela indenizatória, ainda que paga
m ediante pensionam ento. Recurso especial desprovido. 1. Nos termos do art. 109,
i, da C onstituição Federal, estão excluídas da com petência da Justiça Federal as
causas relativas a acidente do trabalho. 2. Os valores recebidos a título de indenização
não sofrem a incidência do imposto sobre a renda, pois representam com pensação
pela perda da capacidade laboral, e não acréscimo patrimonial. Precedentes. 3. Ainda
que a indenização seja paga sob a forma de pensionam ento mensal, os pagamentos
não perdem a natureza indenizatória, não subsistindo razão para a retenção de imposto
de renda na fonte. Precedente. 4. Recurso especial desprovido.” STJ. 4- Turma. REsp
n. 1106854/RJ, Rei.: Ministro Raul Araújo, DJ 17 out. 2011.
(19) C ódigo T ributário Nacional. “Art. 43. O imposto, de com petência da União, sobre a
re n d a e p ro v e n to s de q u a lq u e r n a tu re z a te m c o m o fa to g e ra d o r a a q u is iç ã o da
disponibilidade econômica ou jurídica: I — de renda, assim entendido o produto do capital,
do trabalho ou da combinação de ambos; II — de proventos de qualquer natureza, assim
enten did os os acréscim o s p a trim o n ia is não co m pre e nd id o s no inciso a nterior. § 19 A
in c id ê n c ia do im p o sto in d e p e n d e da d e n o m in a ç ã o da re ce ita ou do re n d im e n to , da
localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da form a de percepção.”
(20) Nas orientações da Receita Federal para a Declaração de 2010 há uma pergunta a
respeito da tributação do dano moral. Vejam a orientação: “209 — Qual o tratam ento tributário
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 465
da indenização recebida por danos morais? Essa indenização, paga por pessoa física ou
jurídica, em virtude de acordo ou decisão judicial, é rendimento tributável sujeito à incidência
do imposto sobre a renda na fonte e na declaração de ajuste. (Decreto n. 3.000, de 26 de
março de 1999 — Regulamento do Imposto sobre a Renda — RIR , art. 718).” Disponível
em: < http://w w w .receita.fazenda.gov.br/P essoaFisica/IR P F/2010/P erguntas/D efault.htm >
(21) Decidimos neste sentido quando atuamos como Relator no julgam ento do AP n. 01561-
2005-114-03-00-3, Minas Gerais. TRT 3a Região. 2a Turma, DJ 11 fev. 2009.
466 S e b a s t iã o G e r a l d o de O liv e ir a
Observações:
1. Para a Receita Federal, são tributáveis tanto os valores pagos a título de lucros cessantes
ou pensionam ento quanto a parcela deferida a título de indenização por danos morais.
2. Não cabe in cid ê n cia ou retenção da c o n trib u iç ã o para o INSS em q u a lq u e r das
indenizações citadas.
3. 0 cálculo dos ju ro s de m ora deve se r fe ito d epois da recom posição do v a lo r da
indenização pela incidência da correção monetária (Súmula n. 200-TST).
ANEXO l<1>
AGENTES PATOGÊNICOS CAUSADORES DE DOENÇAS PROFISSIONAIS OU
DO TRABALHO, CONFORME PREVISTO NO ART. 20 DA LEI N. 8.213, DE 1991
Químicos
— Tetracloroetano Solvente.
— Tricloroetileno
Desengraxante, agente de limpeza a seco e de
extração, sínteses químicas.
— Tetracloroetileno
Desengraxante, agente de limpeza a seco e de
— Cloreto de vinila extração, sínteses químicas.
Intermediário na fabricação de cloreto de polivi-
— Brometo de metila nila.
Inseticida em fumigação (cereais), sínteses quí
— Brometo de etila micas.
Sínteses químicas, agente especial de extração.
1.2 — Dibromoetano
Inseticida em fumigação (solos), extintor de incên
— Clorobenzeno dios, solvente (celulóide, graxas, azeite, ceras).
— Diclorobenzeno Sínteses químicas, solvente.
Sínteses químicas, solvente.
XIV — lodo Fabricação e emprego do iodo.
XV — Manganês e seus compos 1. extração, tratamento e trituração de pirolusita
tos tóxicos (dióxido de manganês);
2. fabricação de ligas e compostos do manganês;
3. siderurgia;
4. fabricação de pilhas secas e acumuladores;
5. preparação de permanganato de potássio e
fabricação de corantes;
6. fabricação de vidros especiais e cerâmica;
7 soldagem com eletrodos contendo manganês;
8. fabricação de tintas e fertilizantes;
9. curtimento de couro.
XVI — Mercúrio e seus compos 1. extração e fabricação do mineral de mercúrio
tos tóxicos e de seus compostos;
2. fabricação de espoletas com fulminato de
mercúrio;
3. fabricação de tintas;
474 S e b a s t iã o G eraldo de O liv e ir a
4. fabricação de soida;
5. fabricação de aparelhos: barômetros, manô-
metros, termômetros, interruptores, lâmpadas,
válvulas eletrônicas, ampolas de raio X, retifica-
dores;
6. amalgamação de zinco para fabricação de ele
trodos, pilhas e acumuladores;
7. douração e estanhagem de espelhos;
8. empalhamento de animais com sais de mer
cúrio;
9. recuperação de mercúrio por destilação de re
síduos industriais;
10. tratamento a quente de amálgamas de ouro
e prata para recuperação desses metais;
11. secretagem de pelos, crinas e plumas, e fel-
tragem à base de compostos de mercúrio;
12. fungicida no tratamento de sementes e bri
lhos vegetais e na proteção da madeira.
Físicos
POEIRAS ORGÂNICAS
XXVI — Algodão, linho, cânhamo, Trabalhadores nas diversas operações com po
sisal eiras provenientes desses produtos.
Nota:
1 — As doenças e respectivos agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza
ocupacional listados são exemplificativos e complementares.
VII — Neoplasia maligna dos ossos e Radiações ionizantes (W88.-; Z57.1) (Quadro XXIV)
cartilagens articulares dos membros
VII — Otalgia e Secreção Auditiva “Ar Comprimido” (W94.-; Z57.8) (Quadro XXIII)
(H92.-): Otalgia (H92.0), Otorreia
(H92.1) ou Otorragia (H92.2)
XII — “Mal dos Caixões” (Doença 1. “Ar Comprimido” (W94.-; Z57.8)(Quadro XXIII)
de Descompressão) (T70.4) 2. Alterações na pressão atmosférica ou na
pressão da água no ambiente (W94,-; Z57.8)
XIII — Síndrome devida ao desloca 1. “Ar Comprimido” (W94.-; Z57.8) (Quadro XXIII)
mento de ar de uma explosão 2. Alterações na pressão atmosférica ou na
(T70.8) pressão da água no ambiente (W94.-; Z57.8)
III — Infarto Agudo do Miocárdio 1. Monóxido de Carbono (X47.-; Z57.5) (Quadro XVII)
(121.-)
2. Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5) (Quadro XIX)
3. Nitroglicerina e outros ésteres do ácido nítrico
(X49.-; Z57.5)
4. Problemas relacionados com o emprego e com
o desemprego (Z56.-)
510 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
VIII— Ateroesclerose (I70.-) e Doen Sulfeto de carbono (X49.-; Z57.5) (Quadro XIX)
ça Ateroesclerótica do Coração
(125.1)
III — Gengivite Crônica (K05.1) Mercúrio e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5)
(Quadro XVI)
XIX — Dermatite de Contato por Ir Agentes químicos, não especificados anterior
ritantes devida a outros agentes: mente, em exposição ocupacional (Z57.5) (Qua
Corantes (L24.8) dro XXVII)
XIII — Osteomalácia do Adulto in 1. Cádmio ou seus compostos (X49.-) (Quadro VI)
duzida por drogas (M83.5) 2. Fósforo e seus compostos (Sesquissulfeto de
Fósforo) (X49.-; Z57.5) (Quadro XII)
XIV — Fluorose do Esqueleto Flúor e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5)
(M85.1) (Quadro XI)
XV — Osteonecrose (M87.-): Os 1. Fósforo e seus compostos (Sesquissulfeto de
teo n ecrose devida a drogas Fósforo) (X49.-; Z57.5) (Quadro XII)
(M87.1); Outras Osteonecroses 2. Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7) (Quadro
secundárias (M87.3) XXII)
3. Radiações ionizantes (Z57.1) (Quadro XXIV)
XVI — Osteólise (M89.5) (de falan Cloreto de Vinila (X49.-; Z57.5) (Quadro XIII)
ges distais de quirodáctilos)
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T rabalh o ou D oença O c u p a c io n a l 525
LISTA C
(Incluído pelo Decreto n. 6.957, de 2009)
Nota:
1 — São indicados intervalos de CID-10 em que se reconhece Nexo Técnico
Epidemiológico, na forma do § 3fl do art. 337, entre a entidade mórbida e as classes de
CNAE indicadas, nelas incluídas todas as subciasses cujos quatro dígitos iniciais
sejam comuns.
A15-A19 0810 1091 1411 1412 1533 1540 2330 3011 3701 3702
3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211 4213 4222
4223 4291 4299 4312 4321 4391 4399 4687 4711 4713
4721 4741 4742 4743 4744 4789 4921 4923 4924 4929
5611 7810 7820 7830 8121 8122 8129 8610 9420 9601
E10-E14 1091 3600 3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900
4120 4211 4213 4222 4223 4291 4292 4299 4313 4319
4329 4399 4721 4921 4922 4923 4924 4929 4930 5030
5231 5239 8011 8012 8020 8030 8121 8122 8129 8411
9420
F10-F19 0710 0990 1011 1012 1013 1220 1532 1622 1732 1733
2211 2330 2342 2451 2511 2512 2531 2539 2542 2543
2593 2814 2822 2840 2861 2866 2869 2920 2930 3101
3102 3329 3600 3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839
3900 4120 4211 4213 4221 4292 4299 4313 4319 4321
4329 4399 4520 4912 4921 5030 5212 5221 5222 5223
5229 5231 5232 5239 5250 5310 6423 7810 7820 7830
8121 8122 8129 8411 8423 8424 9420
F20-F29 0710 0990 1011 1012 1013 1031 1071 1321 1411 1412
2330 2342 2511 2543 2592 2861 2866 2869 2942 3701
3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211 4213
4222 4223 4291 4292 4299 4312 4391 4399 4921 4922
4923 4924 4929 5212 5310 6423 7732 7810 7820 7830
8011 8012 8020 8030 8121 8122 8129 8423 9420
F30-F39 0710 0892 0990 1011 1012 1013 1031 1220 1311 1313
1314 1321 1330 1340 1351 1359 1411 1412 1413 1422
1531 1532 1540 2091 2123 2511 2710 2751 2861 2930
2945 3299 3600 4636 4711 4753 4756 4759 4762 4911
4912 4921 4922 4923 4924 4929 5111 5120 5221 5222
5223 5229 5310 5620 6110 6120 6130 6141 6142 6143
6190 6311 6422 6423 6431 6550 8121 8122 8129 8411
8413 8423 8424 8610 8711 8720 8730 8800
F40-F48 0710 0990 1311 1321 1351 1411 1412 1421 1532 2945
3600 4711 4753 4756 4759 4762 4911 4912 4921 4922
4923 4924 4929 5111 5120 5221 5222 5223 5229 5310
6110 6120 6130 6141 6142 6143 6190 6311 6422 6423
8011 8012 8020 8030 8121 8122 8129 8411 8423 8424
8610
G40-G47 0113 0210 0220 0810 1011 1012 1013 1321 1411 1412
1610 1621 1732 1733 1931 2330 2342 2511 2539 2861
3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211
4213 4222 4223 4291 4292 4299 4313 4319 4399 4921
4922 4923 4924 4929 4930 5212 8011 8012 8020 8030
8121 8122 8129
G50-G59 0155 1011 1012 1013 1062 1093 1095 1313 1351 1411
1412 1421 1529 1531 1532 1533 1539 1540 2063 2123
2211 2222 2223 2229 2349 2542 2593 2640 2710 2759
2944 2945 3240 3250 4711 5611 5612 5620 6110 6120
6130 6141 6142 6143 6190 6422 6423 8121 8122 8129
8610
H53-H54 0210 0220 0810 1071 1220 1610 1622 2330 2342 3701
3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211 4212
4213 4222 4223 4291 4299 4312 4313 4319 4321 4329
4391 4399 4741 4742 4743 4744 4789 4921 4922 4923
4924 4929 4930 8011 8012 8020 8030 8121 8122 8129
I05-I09 4921
110-115 0111 1411 1412 4921 4922 4923 4924 4929 5111 5120
I20-I25 1621 4120 4211 4213 4221 4222 4223 4291 4299 4329
4399 4921 4922 4930 6110 6120 6130 6141 6142 6143
6190
I30-I52 0113 0210 0220 0810 1011 1012 1013 1061 1071 1411
1412 1610 1931 2029 2330 2342 3600 3701 3702 3811
530 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211 4213 4222 4223
4291 4292 4299 4312 4313 4319 4391 4399 4621 4622
4623 4921 4922 4923 4924 4929 4930 8121 8122 8129
8411 9420
I60-I69 0810 1071 2330 2342 3600 3701 3702 3811 3812 3821
3822 3839 3900 4120 4211 4213 4222 4223 4291 4299
4312 4313 4319 4321 4391 4399 4921 4922 4923 4924
4929 4930 8112 8121 8122 8129 8411 8591 9200 9311
9312 9313 9319 9420
I80-I89 1011 1012 1013 1020 1031 1033 1091 1092 1220 1311
1321 1351 1411 1412 1413 1422 1510 1531 1532 1540
1621 1622 2123 2342 2542 2710 2813 2832 2833 2920
2930 2944 2945 3101 3102 3329 3701 3702 3811 3812
3821 3822 3839 3900 4621 4622 4623 4721 4722 4921
4922 5611 5612 5620 8011 8012 8020 8030 8121 8122
8129 8411 8610 9420 9491 9601
J40-J47 0810 1031 1220 1311 1321 1351 1411 1412 1610 1622
1629 2330 2342 2539 3101 3102 3329 4120 4211 4213
4292 4299 4313 4319 4399 4921 8121 8122 8129 8411
K35-K38 0810 1011 1012 1013 1071 1411 1412 1531 1540 1610 1621
1732 1733 2451 2511 2512 2832 2833 2930 3101 3329 4621
4622 4623 4921 4922 8610
K40-K46 0113 0210 0220 0230 0810 1011 1012 1013 1020 1031 1033
1041 1051 1061 1066 1071 1091 1122 1321 1354 1510 1610
1621 1622 1629 1722 1732 1733 1931 2211 2212 2219 2330
2341 2342 2349 2443 2449 2451 2511 2512 2521 2539 2541
2542 2543 2592 2593 2710 2815 2822 2832 2833 2861 2866
2869 2930 2943 2944 2945 3011 3101 3102 3329 3701 3702
3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120 4211 4212 4213 4221
4222 4223 4291 4292 4299 4312 4313 4319 4321 4329 4391
4399 4621 4622 4623 4632 4634 4687 4721 4722 4741 4742
4743 4744 4789 4921 4922 4930 5212 8121 8122 8129 9420
L60-L65 8610
L80-L99 0113 1011 1012 1013 1071 1411 1412 1610 1621 1931
2451 5611 5620 8121 8122 8129 8610
M00-M25 0113 0131 01330210 0220 0810 0892 0910 1011 1012 1013
1020 1031 10331041 1051 1052 1061 1064 1071 1072 1091
1122 1220 13111321 1351 1354 1411 1412 1413 1532 1621
1732 1733 19312012 2019 2312 2330 2341 2342 2349 2431
2443 2449 25112522 2539 2543 2550 2710 2813 2815 2822
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o o u D oença O c u p a c io n a l 531
S00-S09 3821 3822 3839 39004120 4211 4213 4221 4222 4223 4291
4292 4299 4312 4313 4319 4321 4329 4391 4399 4520 4530
4541 4542 4621 46224623 4635 4671 4672 4673 4674 4679
4687 4731 4732 47414742 4743 4744 4789 4921 4922 4930
5212 5320 7810 7820 7830 8011 8012 8020 8030 8121 8122
8129 9420
S20-S29 0113 0131 0133 0210 0220 0230 0810 1011 1012 1013 1071
1321 1510 1610 1621 1622 1629 1732 1733 1931 2330 2342
2512 2539 2543 2832 28332866 2869 3600 3701 3702 3811
3812 3821 3822 3839 39004120 4211 4213 4221 4222 4223
4291 4292 4299 4321 4399 4621 4622 4623 4632 4687 4741
4742 4743 4744 4789 49214922 4930 5212 5310 8121 8122
8129 9420
S30-S39 0131 0133 0210 02201011 1012 1013 1061 1071 1610 1621
2330 2342 2511 25123101 3329 3701 3702 3811 3812 3821
3822 3839 3900 41204211 4213 4221 4222 4223 4291 4299
4312 4313 4319 43214329 4391 4399 4621 4622 4623 4687
4722 4741 4742 47434744 4789 4921 4930 5212 5221 5222
5223 5229 7810 78207830 8121 8122 8129 9420
S40-S49 0131 0133 0210 0220 0500 0810 1011 1012 1013 1031 1033
1041 1051 1061 1064 1071 1091 1122 1321 1351 1354 1411
1412 1510 1531 1532 1533 1540 1610 1621 1622 1623 1629
1722 1732 1733 1931 2212 2221 2222 2223 2229 2330 2342
2349 2391 2451 2511 2512 2539 2542 2543 2592 2593 2710
2813 2815 2822 2823 2832 2833 2861 2866 2869 2930 2944
2945 2950 3101 3102 3329 3701 3702 3811 3812 3821 3822
3839 3900 4120 4211 4213 4221 4222 4223 4291 4292 4299
4312 4313 4319 4321 4329 4391 4399 4520 4530 4541 4542
4618 4621 4622 4623 4635 4661 4671 4672 4673 4674 4679
4687 4721 4722 4731 4732 4741 4742 4743 4744 4784 4789
4921 4922 4930 5212 5221 5222 5223 5229 5310 5320 7719
7810 7820 7830 8011 8012 8020 8030 8121 8122 8129 9420
S50-S59 0210 0220 0810 1011 1012 1013 1031 1033 1041 1051 1061
1064 1071 1091 1092 1093 1096 1099 1122 1311 1321 1354
1411 1412 1510 1531 1532 1533 1540 1610 1621 1622 1623
1629 1722 1732 1733 2211 2221 2222 2223 2229 2330 2341
2342 2391 2511 2512 2539 2542 2543 2592 2593 2710 2759
2813 2822 2823 2832 2833 2861 2866 2869 2930 2944 2945
2950 3011 3101 3102 3329 3701 3702 3811 3812 3821 3822
3839 3900 4120 4211 4213 4221 4222 4223 4291 4292 4299
4312 4313 4319 4321 4322 4329 4391 4399 4520 4621 4622
4623 4635 4661 4685 4686 4687 4689 4711 4721 4722 4741
4742 4743 4744 4784 4789 4921 4923 4924 4929 4930 5212
5221 5222 5223 5229 5310 5320 7719 7732 7810 7820 7830
8011 8012 8020 8030 8121 8122 8129 9420
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 533
S80-S89 0210 0220 0230 0500 0710 0810 0990 1011 1012 1013 1031
1033 1041 1051 1061 1062 1064 1071 1072 1092 1096 1099
1122 1321 1351 1354 1411 1412 1510 1531 1532 1540 1610
1621 1622 1623 1629 1710 1721 1722 1732 1733 1931 2012
2019 2029 2073 2091 2211 2219 2222 2312 2320 2330 2341
2342 2391 2439 2443 2449 2451 2511 2512 2521 2522 2539
2542 2543 2550 2592 2593 2651 2710 2812 2813 2815 2821
2822 2823 2831 2832 2833 2840 2852 2854 2861 2862 2864
2865 2866 2869 2930 2943 2944 2945 2950 3011 3101 3102
3329 3600 3701 3702 3811 3812 3821 3822 3839 3900 4120
4211 4213 4221 4222 4223 4291 4292 4299 4312 4313 4319
4321 4322 4329 4391 4399 4520 4530 4541 4542 4618 4621
4622 4623 4632 4635 4636 4637 4639 4661 4671 4672 4673
4674 4679 4681 4682 4685 4686 4687 4689 4711 4722 4723
4731 4732 4741 4742 4743 4744 4784 4789 4912 4921 4922
534 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
QUADRO N. 1
Aparelho visual
Situações:
a) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,2 no olho acidentado;
b) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,5 em ambos os olhos,
quando ambos tiverem sido acidentados;
c) acuidade visual, após correção, igual ou inferior a 0,5 no olho acidentado,
quando a do outro olho for igual a 0,5 ou menos, após correção;
d) lesão da musculatura extrínseca do olho, acarretando paresia ou paralisia;
e) lesão bilateral das vias lacrimais, com ou sem fístulas, ou unilateral com fístula.
NOTA 1 — A acuidade visual restante é avaliada pela escala de Wecker, em
décimos, e após a correção por lentes.
NOTA 2 — A nubécula e o leucoma são analisados em função da redução da
acuidade ou do prejuízo estético que acarretam, de acordo com os quadros respectivos.
QUADRO N. 2
Aparelho auditivo
TRAUMA ACÚSTICO
a) perda da audição no ouvido acidentado;
b) redução da audição em grau médio ou superior em ambos os ouvidos, quando
os dois tiverem sido acidentados;
c) redução da audição, em grau médio ou superior, no ouvido acidentado, quando
a audição do outro estiver também reduzida em grau médio ou superior.
NOTA 1 — A capacidade auditiva em cada ouvido é avaliada mediante audiometria
apenas aérea, nas frequências de 500, 1.000, 2.000 e 3.000 Hertz.
NOTA 2 — A redução da audição, em cada ouvido, é avaliada pela média aritmética
dos valores, em decibéis, encontrados nas frequências de 500,1.000, 2.000 e 3.000
Hertz, segundo adaptação da classsificação de Davis & Silvermann, 1970.
Audição normal — até vinte e cinco decibéis;
Redução em grau mínimo — vinte e seis a quarenta decibéis;
(1) Relação constante do Anexo III do Decreto n. 3.048, de 6 de maio de 1999. Regulamento
da Previdência Social.
536 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
QUADRO N. 3
Aparelho da fonação
Situação:
Perturbação da palavra em grau médio ou máximo, desde que comprovada por
métodos clínicos objetivos.
QUADRO N. 4
Prejuízo estético
Situações: Prejuízo estético, em grau médio ou máximo, quando atingidos crânios,
e/ou face, e/ou pescoço ou perda de dentes quando há também deformação da arcada
dentária que impede o uso de prótese.
NOTA 1 — Só é considerada como prejuízo estético a lesão que determina
apreciável modificação estética do segmento corpóreo atingido, acarretando aspecto
desagradável, tendo-se em conta sexo, idade e profissão do acidentado.
NOTA 2 — A perda anatômica de membro, a redução de movimentos articulares
ou a alteração da capacidade funcional de membro não são consideradas como prejuízo
estético, podendo, porém, ser enquadradas, se for o caso, nos quadros respectivos.
QUADRO N. 5
QUADRO N. 6
Alterações articulares
Situações:
a) redução em grau médio ou superior dos movimentos da mandíbula;
b) redução em grau máximo dos movimentos do segmento cervical da coluna
vertebral;
c) redução em grau máximo dos movimentos do segmento lombo-sacro da coluna
vertebral;
d) redução em grau médio ou superior dos movimentos das articulações do ombro
ou do cotovelo;
e) redução em grau médio ou superior dos movimentos de pronação e/ou de
supinação do antebraço;
f) redução em grau máximo dos movimentos do primeiro e/ou do segundo
quirodáctilo, desde que atingidas as articulações metacarpo-falangeana e falange-
-falangeana;
g) redução em grau médio ou superior dos movimentos das articulações coxo-
-femural e/ou joelho, e/ou tíbio-társica.
NOTA 1 — Os graus de redução de movimentos articulares referidos neste quadro
são avaliados de acordo com os seguintes critérios:
Grau máximo: redução acima de dois terços da amplitude normal do movimento
da articulação;
Grau médio: redução de mais de um terço e até dois terços da amplitude normal
do movimento da articulação;
Grau mínimo: redução de até um terço da amplitude normal do movimento da
articulação.
NOTA 2 — A redução de movimentos do cotovelo, de pronação e supinação
do antebraço, punho, joelho e tíbio-társica, secundária a uma fratura de osso longo do
membro, consolidada em posição viciosa e com desvio de eixo, também é enquadra
da dentro dos limites estabelecidos.
538 S e b a s t iã o G e r ald o de O l iv e ir a
QUADRO N. 7
QUADRO N. 8
QUADRO N. 9
Invalidez % Sobre
Discriminação Importância
Permanente
segurada
Perda total da visão de ambos os olhos 100
Perda total do uso de ambos os membros superiores 100
T Perda total do uso de ambos os membros inferiores 100
0 Perda total do uso de ambas as mãos 100
1 Perda total do uso de um membro superior e um membro 100
A inferior
L
Perda total do uso de uma das mãos e de um dos pés 100
Perda total do uso de ambos os pés 100
Alienação mental total e incurável 100
Perda total da visão de um olho 30
Perda total da visão de um olho, quando o segurado já 70
P
não tiver a outra vista
A
R Surdez total incurável de ambos os ouvidos 40
C Surdez total incurável de um dos ouvidos 20
I Mudez incurável 50
A
Fratura não consolidada do maxilar inferior 20
L
DIVERSOS Imobilidade do segmento cervical da coluna vertebral 20
Imobilidade do segmento tóraco-lombo-sacro da coluna 25
vertebral
Perda total do uso de um dos membros superiores 70
P
A Perda total do uso de uma das mãos 60
R Fratura não consolidada de um dos úmeros 50
C Fratura não consolidada de um dos segmentos rádio- 30
I -ulnares
A
Anquilose total de um dos ombros 25
L
MEMBROS Anquilose total de um dos cotovelos 25
SUPERIORES Anquilose total de um dos punhos 20
% Sobre
Invalidez
Discriminação Importância
Permanente
segurada
Perda total do uso de um dos polegares, inclusive o 25
D metacarpiano
A Perda total do uso de um dos polegares, exclusive o 18
R metacarpiano
C
Perda total do uso da falange distai do polegar 9
I
A Perda total do uso de um dos dedos indicadores 15
L Perda total do uso de um dos dedos mínimos ou um dos 12
MEMBROS dedos médios
SUPERIORES Perda total do uso de um dos dedos anulares 9
Perda total do uso de qualquer falange, excluídas as do polegar:
indenização equivalente a 1/3 do valor do dedo respectivo
Perda total do uso de um dos membros inferiores 70
Perda total do uso de um dos pés 50
Fratura não consolidada de um fêmur 50
Fratura não consolidada de um dos segmentos tíbio- 25
-peroneiros
P Fratura não consolidada da rótula 20
A Fratura não consolidada de um pé 20
R Anquilose total de um dos joelhos 20
C
I Anquilose total de um dos tornozelos 20
A Anquilose total de um quadril 20
L Perda parcial de um dos pés, isto é, perda de todos os 25
MEMBROS dedos e de uma parte do mesmo pé
INFERIORES Amputação do 1s (primeiro) dedo 10
Amputação de qualquer outro dedo 3
Perda total do uso de uma falange do 12dedo, indenização equivalente
a 1/2, e dos demais dedos, equivalente a 1/3 do respectivo dedo
Encurtamento de um dos membros inferiores
de o (cinco) centímetros ou mais 15
de 4 (quatro) centímetros 10
de 3 (três) centímetros 6
Menos de 3 (três) centímetros : sem indenização
ANEXO VII
_ . n
Danos Corporais Totais Percentuali da
~i
sões, com a delimitação precisa dos respectivos efeitos, toda vez que proceder
a revisões de jurisprudência definidora de competência ex ratione materiae. O
escopo é preservar os jurisdicionados de alterações jurisprudenciais que ocor
ram sem mudança formal do Magno Texto.
6. Aplicação do precedente consubstanciado no julgamento do Inquérito 687,
Sessão Pienária de 25.08.99, ocasião em que foi cancelada a Súmula 394 do
STF, por incompatível com a Constituição de 1988, ressalvadas as decisões
proferidas na vigência do verbete.
7. Conflito de competência que se resolve, no caso, com o retorno dos autos ao
Tribunal Superior do Trabalho.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo
Tribunal Federal, por seu Tribunal Pleno, na conformidade da ata do julgamento e das
notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em conhecer do conflito e, por maioria,
definir a competência da justiça trabalhista a partir da Emenda Constitucional n. 45/
2004, para julgamento das ações de indenização por danos morais e patrimoniais
decorrentes de acidente de trabalho, vencido, no caso, o Senhor Ministro Marco Auré
lio, na medida em que não estabelecia a edição da emenda constitucional como mar
co temporal para competência da justiça trabalhista. Votou a Presidente.
Brasília, 29 de junho de 2005.
Ellen Gracie — Presidente.
Carlos Ayres Britto — Relator.
RELATÓRIO
O Senhor Ministro Carlos Ayres Britto (Relator)
Trata-se de conflito negativo de competência, suscitado pelo Tribunal Superior do
Trabalho em face do recentemente extinto Tribunal de Alçada do Estado de Minas Gerais.
2. Por meio dele, conflito, discute-se a competência para processar e julgar ação
indenizatória por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente do trabalho, quando
tal ação é proposta por empregado contra o seu empregador. Donde a controvérsia:
competente é a Justiça comum estadual, ou a Justiça especializada do trabalho?
3. Pois bem, o fato é que Vicente Giacomini Perón ajuizou, na Justiça do Trabalho e
contra o então Banco do Estado de Minas Gerais/BEMGE, ação de indenização por
motivo de doença profissional. O que levou a Junta de Conciliação e Julgamento de Ubá/MG
a se dar por incompetente e determinar a remessa dos autos a uma das Varas Cíveis
daquela mesma Comarca. Pelo que a Justiça estadual julgou o pedido parcialmente pro
cedente, resultando daí a interposição de recurso de apelação pelo Banco demandado.
4. Acontece que, ao apreciar o apelatório, o Tribunal de Alçada de Minas Gerais
declinou de sua competência e determinou a devolução dos autos à Junta de Concilia
ção e Julgamento de Ubá/MG. Esta última, agora sim, aceitou o processamento da
ação e, também ela, julgou parcialmente procedente o pedido do autor. Fato que ense
jou a interposição de recurso ordinário — apenas parcialmente provido pelo TRT/3®
Região — e, posteriormente, recurso de revista.
558 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
15. Com efeito, estabelecia o caput do art. 114, em sua redação anterior, que era
da Justiça do Trabalho a competência para conciliar e julgar os dissídios individuais e
coletivos entre trabalhadores e empregadores, além de outras controvérsias
decorrentes da relação de trabalho. Ora, um acidente de trabalho é fato ínsito à
interação trabalhador/empregador. A causa e seu efeito. Porque sem o vínculo traba
lhista o infortúnio não se configuraria; ou seja, o acidente só é acidente de trabalho se
ocorre no próprio âmago da relação laboral. A possibilitar a deflagração de efeitos
morais e patrimoniais imputáveis à responsabilidade do empregador, em regra, ora por
conduta comissiva, ora por comportamento omissivo.
16. Como de fácil percepção, para se aferir os próprios elementos do ilícito,
sobretudo a culpa e o nexo causal, é imprescindível que se esteja mais próximo do dia
a dia da complexa realidade laboral. Aspecto em que avulta a especialização mesma
de que se revestem os órgãos judicantes de índole trabalhista. É como dizer: órgãos
que se debruçam cotidianamente sobre os fatos atinentes à relação de emprego (mui
tas vezes quanto à própria existência dela) e que por isso mesmo detêm melhores
condições para apreciar toda a trama dos delicados aspectos objetivos e subjetivos
que permeiam a relação de emprego. Daí o conteúdo semântico da Súmula 736, deste
Excelso Pretório, assim didaticamente legendada: “Compete à Justiça do Trabalho
julgar as ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas traba
lhistas relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores”.
17. Em resumo, a relação de trabalho é a invariável matriz das controvérsias que
se instauram entre trabalhadores e empregadores. Já a matéria genuinamente aciden
tária, voltada para o benefício previdenciário correspondente, é de ser discutida com o
INSS, perante a Justiça comum dos Estados, por aplicação da norma residual que se
extrai do inciso I do art. 109 da Carta de Outubro.
18. Nesse rumo de ideias, renove-se a proposição de que a nova redação do art.
114 da Lex Maxima só veio aclarar, expletivamente, a interpretação aqui perfilhada.
Pois a Justiça do Trabalho, que já era competente para conciliar e julgar os dissídios
individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, além de outras
controvérsias decorrentes da relação trabalhista, agora é confirmativamente com
petente para processar e julgar as ações de indenização por dano moral ou patri
monial, decorrentes da relação de trabalho (inciso VI do art. 114).
19. Acresce que a norma fundamental do inciso IV do art. 1Qda Constituição
Republicana ganha especificação trabalhista em vários dispositivos do art. 7e, como o
que prevê a redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene e segurança (inciso XXII), e o que impõe a obrigação do seguro contra
acidente do trabalho, sem prejuízo, note-se, da indenização por motivo de
conduta dolosa ou culposa do empregador (inciso XXVIII). Vale dizer, o direito à
indenização em caso de acidente de trabalho, quando o empregador incorrer em dolo
ou culpa, vem enumerado no art. 7- da Lei Maior como autêntico direito trabalhista. E
como todo direito trabalhista, é de ser tutelado pela Justiça especial, até porque des-
frutável às custas do empregador (nos expressos dizeres da Constituição).
20. Tudo comprova, portanto, que a longa enunciação dos direitos trabalhistas
veiculados pelo art. 7- da Constituição parte de um pressuposto lógico: a hipossufi-
ciência do trabalhador perante seu empregador. A exigir, assim, interpretação extensiva
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 561
que causas, com pedidos e qualificações jurídicos diversos, mas fundadas no mesmo
fato histórico, sejam decididas por juízos diferentes. O princípio, a meu ver, é irretocá-
vel e ainda é o que deve presidir a solução da questão da competência neste caso.
Mas parece-me que, conforme propôs o eminente Ministro-Relator, deva ser ou
tra a resposta que promana daquele princípio.
É que a revisão do tema me convenceu de que tanto as ações acidentárias,
evidentemente oriundas de relação de trabalho, como, sem exceção, todas as demais
ações resultantes de relação de trabalho, devam, em nome do mesmo princípio, ser
atribuídas à Justiça do Trabalho. A especialização e a universalidade desta já reco
mendariam, quando menos em teoria, tal solução, por razões mais que óbvias, como
acabou de demonstrar o voto do eminente Ministro Carlos Britto.
Pesaram-me, sobretudo, duas outras ordens de consideração.
A primeira, porque o que dava suporte constitucional à jurisprudência da Corte
quanto à competência da Justiça estadual para as ações de acidente do trabalho, à
luz da Constituição atual, era menos o fato de nesta já não constar norma expressa
equivalente às prescrições do art. 123, § 1s, da Constituição de 1946, e do art. 142, §
2-, da Constituição de 1967, os quais atribuíam aquelas causas à Justiça ordinária dos
Estados, do que o fato de tirar-se do artigo 109, caput, da Constituição vigente, por
exclusão hermenêutica, igual consequência normativa.
Antes da Emenda n. 45, parecia deveras consistente a leitura de que, se estavam
excetuadas da competência da Justiça Federal as causas de acidente do trabalho, em
que sempre é interessada autarquia federal, só podiam elas caber na competência da
Justiça dos Estados, porque a mesma norma as excluía das que eram, por outras
regras, sujeitas à Justiça do Trabalho.
Mas, de lá para cá, a evolução da legislação acidentária, sobretudo com a equi
paração dos valores dos benefícios acidentários e previdenciários, e a disseminação
dos órgãos da Justiça trabalhista, competentes para tantas outras causas ligadas à
própria segurança do trabalho, desenharam nova realidade judiciária, que as próprias
exigências da unidade de convicção e da especialização de conhecimentos não pode
riam deixar de considerar nas perspectivas da revisão daquela exceção constitucional.
Isso, sem cogitar da necessidade de coerência axiológica que impunha a vigente Cons
tituição da República, ao conceber a indenização acidentária como direito típico da
condição jurídica do empregado e, portanto, como irradiação da relação de trabalho,
como se vê ao art. 7-, inc. XXVIII, da mesma Constituição.
É, portanto, dentro desse quadro, que há de interpretar-se a Emenda n. 45, quan
do, explicitando, no inc. I do art. 114, o caráter geral da competência da Justiça do
Trabalho, nela incluiu todas as ações oriundas da relação de trabalho.
Suposto não tenha sido essa a intenção do constituinte derivado, a cujo olhar
atento não poderia escapar a necessidade de, para guardar congruência com o even
tual propósito de submissão das causas de acidente de trabalho àquela Justiça espe
cializada, dar nova redação ao artigo 109, caput— para evitar dúvidas — , de modo
algum pode esquivar-se, diante do papel precário e relativo do material histórico e das
correlatas intenções do legislador, a conclusão de que outra há de ser a leitura da
norma que excepciona as ações acidentárias da competência da Justiça Federal.
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 563
O que com isso pretendo dizer é que, perante a novidade representada pelos
termos da Emenda n. 45, em particular pela redação introduzida no inc. I do art. 114,
deve o art. 109, caput, significar apenas que as ações de acidente do trabalho não são
da competência da Justiça Federal e, por conseguinte, que a sede dessa competência
deve buscar-se alhures, agora designadamente no próprio art. 114, queaaçambarcou.
Essa interpretação acomoda ambas as cláusulas constitucionais, reverencia a
especialização e a funcionalidade da Justiça do Trabalho, alivia a Justiça estadual e
sustenta-se na necessária unidade de convicção, sem esvaziar o disposto no inc. VI,
onde apenas se divisa a positivação, mediante relevo destinado a superar todas as
dúvidas, da jurisprudência desta Corte, que, sob a redação original do art. 114, caput,
entendia — a meu ver, com indiscutível acerto — que, para efeito dessa competência
distribuída com apoio em vários princípios, entre os quais o da unidade de convicção,
era e é irrelevante a província taxinômica das normas aplicáveis ao caso, se direito
trabalhista ou civil, e, pois, também a natureza mesma da responsabilidade, se nego
cial ou aquiliana.
Essa conjugação conduz, portanto, a meu ver, ao seguinte resultado prático:
são, agora, da competência exclusiva da Justiça do Trabalho todas as ações oriundas
da relação de trabalho, sem exceção alguma, trate-se de ações acidentárias típicas
ou de indenização de outra espécie e de outro título.
Senhor Presidente, a única objeção que me ocorreria, na hipótese, é que tal
exegese poderia, eventualmente, implicar sobrecarga à Justiça do Trabalho. Mas as
considerações daquele eminente Juiz trabalhista mineiro provaram que, sobretudo
depois da equiparação dos valores dos benefícios acidentários e dos benefícios previ
denciários, cuja diferença justificava que os empregados recorressem às ações aciden
tárias, estas são hoje raras, e a sua transferência não vai agravar a Justiça do Trabalho.
Com essa proposta, acompanho o voto do eminente Relator, para declarar que
todas as ações de indenização resultantes de relação do trabalho, inclusive as aciden
tárias típicas, são da competência da Justiça do Trabalho.
VOTO
DEBATE
O Senhor Ministro Sepúlveda Pertence — Gostaria de trazer ao Tribunal uma
preocupação. No mérito também me convenci da necessidade da revisão do entendi
mento majoritário do RE 438639: o Ministro Cezar Peluso mesmo acaba de nobremen
te reconhecer que as razões do seu voto naquele precedente — que pelo menos a mim
haviam convencido efetivamente — não procediam: seja sob prisma da unidade de
convicção, seja sob aquele de política judiciária, ao qual nos referimos.
O excelente trabalho de amicus curiae do ilustre magistrado Sebastião Geraldo
de Oliveira me fez despertar para que, há muitos anos, não ouvia falar, aqui no Distrito
Federal — das minhas origens forenses — , sobre a Vara de Acidentes de Trabalho.
Simplesmente porque ela desapareceu, em razão deste fato econômico que S.Exa.
realça: a equiparação do benefício previdenciário à indenização tarifada do acidente de
trabalho. Isso fez com que a ação acidentária contra o INSS sirva hoje, na maioria das
vezes, apenas ao trabalhador informal, porque o trabalhador formal terá igual cobertura
do sistema previdenciário.
564 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
Penitencio-me pelo engano e fico muito contente pela salutar expansão da Jus
tiça do Trabalho.
Eliminado o motivo de política judiciária, estou plenamente à vontade para, diante
do disposto na Emenda n. 45/2004, art. 114, dizer que a competência, no caso, é da
Justiça do Trabalho, a partir da Emenda n. 45, não só para as ações de indenização
por dano moral ou patrimonial decorrente da relação de trabalho — art. 114, inciso VI — ,
mas, como bem acentuou o Senhor Ministro Cezar Peluso, para as ações de acidente
do trabalho.
Com efeito, a exceção inscrita no inciso I do art. 109 da Constituição, que dispõe
sobre a competência dos juizes federais, “exceto as de acidente do trabalho”, não
estabelece competência da Justiça comum, só diz que essas causas não são da
competência dos juizes federais.
Posta assim a questão, com o advento da Emenda n. 45, a ampliar sobremanei
ra a competência da Justiça do Trabalho, — “compete à Justiça do Trabalho processar
e julgar as ações oriundas da relação de trabalho” — , observa-se a exceção que retira
da competência dos juizes federais o julgamento dessas ações de acidente do traba
lho, tendo, de um lado, uma autarquia federal, e reconhece-se que a competência é, a
partir da Emenda n.45, da Justiça do Trabalho.
Com essas breves considerações, Senhora Presidente, louvando mais uma vez
o trabalho do meu eminente colega, Juiz Sebastião Geraldo de Oliveira, do Tribunal
Regional do Trabalho da 3SRegião, acompanho o voto do eminente Ministro-Relator.
VOTO
O Senhor Ministro Sepúlveda Pertence - Senhora Presidente, evito sempre uma
citação de Hughes quanto ao papel de cortes como esta: a de que a Constituição seria
o que a Suprema Corte diz que ela é. Sempre preferi, por razões até de modéstia, outra
definição: aquela de termos a grave e às vezes triste responsabilidade de errar por últi
mo. Por isso estou muito à vontade, passados três meses da nossa decisão no RE n.
438.639, para voltar atrás como os demais Colegas que então compuseram a maioria.
Também fui impressionado com o tema e levado a nova reflexão e convencido ao
final do equívoco da decisão anterior por este exemplar trabalho de amicus curiae do
ilustre Juiz Sebastião Geraldo de Oliveira, do TRT de Minas.
E, com o Ministro Marco Aurélio, penso até não estar em causa, aqui, o problema
das ações acidentárias propriamente ditas. Mas, para a minha convicção, na linha do
voto do Ministro Cezar Peluso, esse ponto é essencial, pois, ao que entendi do voto de
Sua Excelência — que também me levou, naquela ocasião, a acompanhá-lo — ao
argumento da unidade de cognição era essencial a interpretação do art. 1 0 9 ,1, como
determinante da competência da Justiça comum ordinária estadual para a ação acidentá
ria, hoje sempre proposta contra o INSS, detentor do monopólio de seguros de acidente.
Acontece que essa interpretação era tipicamente o que Barbosa Moreira chama
de “interpretação retrospectiva”, que não observou que, quando se firmou, por exem
plo, a Súmula n. 235, não havia apenas a regra excludente da competência da Justiça
Federal, mas, também, o art. 123 da Constituição de 1946, o art. 134, § 2- da Consti
tuição de 1967, e o art. 142, § 2e da Carta de 1969, isto é, havia também uma outra
570 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
norma excludente, no capítulo da Justiça do Trabalho, para deixar explícito que a ela
não competiria, mas, sim, à Justiça comum dos Estados e do Distrito Federal o julga
mento das ações de acidente de trabalho.
Só por isso é que, na verdade, na minha linha de convicção, estamos sendo
obrigados a avançar e dizer que as ações acidentárias comuns já eram, sob a Consti
tuição vigente, da competência da Justiça do Trabalho. No entanto, persisto na opinião
de que, na instância extraordinária, só a partir de agora devemos aplicar esse entendi
mento aos casos novos.
Com isso, Senhora Presidente, acompanho o voto do eminente Ministro Carlos
Britto, com escusas pelo erro anterior, e declaro a competência, neste conflito, do
Tribunal Superior do Trabalho.
EXPLICAÇÃO
O Sr. Ministro Carlos Britto (Relator) - Senhora Presidente, não falei, por equívo
co, e agora penitencio-me por isso, o nome do eminente Doutor Sebastião. Mas quero
dizer que a visita que recebi dele em grande parte me honra, confirmando o meu
primeiro voto proferido, em 12.02.2005, no RE n. 394.943, na Primeira Turma. Essa
visita alentou-me sobremodo e levou-me a reelaborar o voto, claro que mantendo o
núcleo do primeiro, de 12de fevereiro de 2005, mas com um ânimo novo no sentido de
convencer Vossas Excelências de que, efetivamente, quando se trata não de ação
acidentária, propriamente dita, perante o INSS, mas de indenização por danos morais
resultantes de acidente do trabalho, nas ações propostas pelos empregados contra os
seus empregadores, a Justiça é, cristalinamente, a do Trabalho.
O Doutor Sebastião homenageou-me com sua visita e muito me animou a pros
seguir na luta. De sorte que é muito bonito ver-se num Plenário como este um voto
vencido tornar-se um voto vencedor, todos de espírito aberto para a rediscussão do
tema. O Direito só tem a ganhar com isso e, certamente, a Justiça também.
Quero fazer o registro, portanto, da valiosa contribuição recebida do eminente
magistrado de Minas Gerais.
VOTO
O Senhor Ministro Sepúlveda Pertence - Senhora Presidente, penso que a me
lhor fórmula é essa mesmo. Direito intertemporal é isso: só a partir da Emenda; fica o
resto como obter dictum.
O Senhor Ministro Marco Aurélio - Senhora Presidenta, peço a Vossa Excelên
cia para registrar o meu entendimento sobre o alcance do artigo 114, considerada a
redação primitiva: já entendia competente a Justiça do Trabalho.
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) — Ministro Marco Aurélio, Vossa
Excelência vai declarar voto?
O Senhor Ministro Marco Aurélio — Sim. Fico vencido. Não adotarei a prática de
cancelar as notas taquigráficas, vou declarar o voto. Apenas pediria para consignar
que fico vencido quanto ao termo iniciai da competência.
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) — Vossa Excelência retroage essa
competência?
I n d e n iz a ç õ e s por A c id e n t e d o T r abalh o ou D oença O c u p a c io n a l 571
O Sr. Ministro Carlos Britto (Relator) — Entendi assim desde o meu primeiro
voto, porém acompanho o Ministro Sepúlveda Pertence quanto a esse marco temporal
necessário.
O Senhor Ministro Gilmar Mendes — Quando do julgamento anterior, falamos
logo na eventual edição de uma súmula.
O Senhor Ministro Sepúlveda Pertence — Digo, apenas para registro histórico,
que antes de nos chegar o trabalho do Juiz mineiro, eu quis propô-la. Parei, porque a
edição da Súmula exige “reiteradas decisões sobre a mesma questão”.
O Senhor Ministro Gilmar Mendes — Sim, mas logo teremos decisões que não
chegarão ao Plenário, porque teremos decisões monocráticas e, depois, os tradicio
nais agravos regimentais, como conhecemos nas Turmas.
O Senhor Ministro Sepúlveda Pertence — A primeira súmula tem de ter pelo
menos umas três decisões, com relatório lido.
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) — Bem discutidas.
O Senhor Ministro Gilmar Mendes — Estaríamos pelo menos em processo de
elaboração. Eu estava concitando o Ministro Carlos Britto a pensar alto, uma vez que
ele é o autor do voto.
O Senhor Ministro Cezar Peluso — Até porque é um mecanismo novo que deve
ser aplicado.
O Sr. Ministro Carlos Britto (Relator) — Está sugerido.
A Sra. Ministra Ellen Gracie (Presidente) — Gostaria que a Taquigrafia apenas
incluísse na proclamação a observação de que o Ministro Marco Aurélio, no caso, fica
parcialmente vencido, na medida em que não estabelecia a edição da Emenda Cons
titucional n. 45 como marco temporal para a competência da Justiça trabalhista. É
isso Ministro Marco Aurélio?
O Senhor Ministro Marco Aurélio — Sim, Excelência.
O Sr. Ministro Carlos Britto (Relator) — Veja bem, aí é atribuir efeitos à nossa
decisão a partir da Emenda n. 45. Isso não implica deixar de reconhecer que a compe
tência já existisse anteriormente à Emenda n. 45. Não é isso, Ministro Sepúlveda
Pertence?
O Senhor Ministro Sepúlveda Pertence — A Justiça não é uma academia. Adoto,
por razões de política judiciária, a fórmula proposta no enunciado pela Senhora Presi
dente, da Emenda Constitucional n. 45.
O Sr. Ministro Carlos Britto (Relator) — Simplesmente como um imperativo de
política judiciária.
O Senhor Ministro Sepúlveda Pertence — Pouco importa esteja eu a confessar
que, desde 1988, descobri que estava errado. Mas essa era a orientação do Tribunal e
aí não me animo a dar provimento a recurso extraordinário para desfazer processos de
acidentes de trabalho em razão da minha nova visão do problema.
O Sr. Ministro Carlos Britto (Relator) — Então, em se tratando de imperativo de
política judiciária, concordo inteiramente.
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ÍNDICE ALFABÉTICO E REMISSIVO
(A numeração indica a página)
AÇÃO REVISIONAL
— alteração antes do trânsito em ju lg a d o ............................................................................ 406
— alteração após celebração de a c o rd o .............................................................................. 410
— alteração após indenização de uma só v e z ......................................................................408
— cláusula rebus sic s ta n tib u s.................................................................................... 398, 403
— com petência para ju lg a m e n to ............................................................................... 401, 435
— efeitos ex n u n c ........................................................................................................................ 404
— hipóteses de c a b im e n to .......................................................................................................398
— inexistência de afronta à coisa ju lg a d a ............................................................................ 402
— ju ris p ru d ê n c ia .......................................................................................................................... 401
— lim ite s ........................................................................................................................................ 402
— morte do a c id e n ta d o .............................................................................................................. 411
— mudança na capacidade la b o ra tiv a ............................................................. 397, 403, 410
— p re scriçã o ................................................................................................................................. 406
ACIDENTE DE TRAJETO
— desvio ou alteração do tr a je to ............................................................................................... 60
— e s ta tís tic a .................................................................................................................................... 35
— nexo cronológico e topográfico..............................................................................................60
— previsão le g a l............................................................................................................................. 60
ACIDENTE DO TRABALHO
— acidente auto p ro voca d o ........................................................................................................154
— acidente c o m u m ....................................................................................................................... 68
— acidente de qualquer n atu re za ....................................................................................... 47, 68
— acidente “do” e “no” tra b a lh o ...................................................................................... 49, 440
— acidente por e q u ip a ra çã o ...................................................................................... 56, 60, 61
— acidente típ ic o ............................................................................................................................45
— Brasil cam peão m u n d ia l......................................................................................................... 31
— comunicação v. COMUNICAÇÃO DO ACIDENTE DO TRABALHO
— conceito d o u trin á rio ..................................................................................................................46
— conceito le g a l.......................................................................................................................45, 51
586 S e b a s t iã o G er ald o de O l iv e ir a
— custo no B ra s il...........................................................................................................................32
— dia nacional em mem ória das v ítim a s ............................................................................... 33
— enquadram ento le g a l.............................................................................................................. 42
— estatística no B ra s il..................................................................................................................35
— estatística no m u n d o ............................................................................................................... 34
— histórico das leis a c id e n tá ria s ..............................................................................................38
— im portância do p ro b le m a ........................................................................................................ 31
— in itinerev. ACIDENTE DE TRAJETO
— mortes por d ia ............................................................................................................................37
— nexo c a u s a l...............................................................................................................................151
DANO
— enfoque trabalhista e p e n a l.................................................................................................. 229
— estético v. DANO ESTÉTICO
— material v. DANO MATERIAL
— moral v. DANO MORAL
— na invalidez perm a n en te ........................................................................................................334
— no acidente com ó b ito ............................................................................................................ 268
— por perda de uma c h a n c e ..................................................................................................... 260
— pressuposto da in d e n iz a ç ã o .................................................................................... 228, 268
— quando a vítim a so b re vive ..................................................................................................... 325
— quando é indenizável ............................................................................................................. 230
DANO ESTÉTICO
— conceito e a bran g ê n cia ..........................................................................................................256
— cum ulação com dano m o ra l.................................................................................................257
— ju ris p ru d ê n c ia ...........................................................................................................................258
DANO MATERIAL
— a b ra n g ê n c ia .............................................................................................................................. 231
— c o m p ro v a n te s ...........................................................................................................................270
— dano e m e rg e n te .......................................................................................................... 232, 269
— lucros c e s s a n te s ................................................................................................. 233, 270, 339
— na invalidez pe rm a n en te ....................................................................................................... 334
— na invalidez te m p o rá ria ..........................................................................................................355
— na redução de c a p a c id a d e ................................................................................................... 342
— no acidente com ó b ito ............................................................................................................268
— opção pelo pagam ento in te g ra l.............................................................................. 271, 349
— pensão v. PENSIONAMENTO
DANO MORAL
— caráter com pensatório e p u n itiv o .................................................................... 242, 251, 273
— c o n c e ito ..................................................................................................................................... 236
— critérios de a rb itra m e n to ....................................................................................251, 252, 322
— cum ulação com o dano material ........................................................................................ 241
— dispensa p ro v a ........................................................................................................................ 245
— e dignidade da pessoa h u m a n a .........................................................................................238
— evolução e abra n g ê n cia ........................................................................................................ 234
— finalidade da in d e n iz a ç ã o ..................................................................................................... 242
— fundam entos c o n s titu c io n a is .............................................................................................. 238
— isenção do imposto de re n d a ............................................................................................. 464
590 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
— ju ris p ru d ê n c ia ..........................................................................................................................72
— justiça c o m p e te n te ....................................................................................................... 72, 437
— recurso a d m in istra tivo ............................................................................................................. 69
— reflexos do en q u adram ento................................................................................................... 73
FATO DE TERCEI RO
— assalto à mão a rm a d a .......................................................................................................... 178
— exclui o nexo c a u s a l..................................................................................................... 168, 176
— ju ris p ru d ê n c ia ................................................................................................................ 177, 180
— quando o c o rre .......................................................................................................................... 176
— teoria do risco c o n e x o ........................................................................................................... 179
IMPOSTO DE RENDA
— com petência para dirim ir a co n tro v é rs ia ......................................................................... 459
— danos e m e rg e n te s .............................................................................................. 460, 466, 467
— danos m o ra is ............................................................................................................... 466, 467
— isenção nas in d e n iza çõ e s....................................................................................................461
— ju ris p ru d ê n c ia .............................................................................................................. 464, 465
— lucros c e s s a n te s ................................................................................................. 461, 466, 467
— quadro sinóptico das in c id ê n c ia s ......................................................................................467
— Súmula n. 4 9 8 /S T J .................................................................................................................466
INCAPACIDADE TEMPORÁRIA
— dano e sté tico ............................................................................................................................357
— dano m o ra l............................................................................................................................... 357
— fim da convalescença............................................................................................................ 356
— lucros c e s s a n te s .................................................................................................................... 356
— quando o c o rre ..........................................................................................................................355
INDENIZAÇÃO
— cum ulação com benefício a c id e n tá rio .................................................... 80, 84, 291, 341
— na incapacidade te m p o rá ria ................................................................................................355
— na invalidez permanente p a rc ia l............................................................................. 343, 346
— na invalidez permanente to ta l............................................................................................ 339
— na perda de uma c h a n c e ....................................................................................................260
— no acidente do dom éstico................................................................................................... 443
— no acidente do não e m p re g a d o .............................................................................. 443, 446
— no acidente sem a fa s ta m e n to .......................................................................................... 358
— no caso de m o rte .................................................................................................................. 268
— pagamento de uma só v e z .................................................................................250, 271, 349
— pensão v. PENSIONAMENTO
— p re s s u p o s to s ............................................................................................... 96, 151, 228, 268
— princípio da restitutio in in te g ru m ............................ 232, 269, 270, 289, 339, 341, 345
592 S e b a s t iã o G er ald o de O l iv e ir a
NEXO CAUSAL
— c o n c a u s a ...................................................................................................................... 153, 162
— c o n c e ito .................................................................................................................................. 151
— e p id e m io ló g ic o .................................................................................... 52, 68, 135, 157, 222
— e xclu d e n te s ............................................................................................................................168
— fle x ib iliz a ç ã o ...........................................................................................................................155
— in d ire to ...........................................................................................................................153, 168
— na lei a c id e n tá ria ........................................................................................................153, 168
— na responsabilidade c iv il......................................................................................... 152, 154
— nas doenças o c u p a c io n a is ...............................................................................................158
— no acidente do tra b a lh o ........................................................................................... 153, 158
— p re s u m id o .............................................................................................................................. 157
— Resolução CFM n. 1.488/1998......................................................................................... 160
— Resolução INSS n. 10/1999 .............................................................................................. 161
NORMAS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR
— delegação normativa — art. 2 0 0 /C L T ................................................................................197
— em leis e s p a rs a s ................................................................................................................... 195
— Estatuto Nacional de S S T .....................................................................................................187
— na C L T ....................................................................................................................................... 190
— na Constituição da R e p ú b lic a .............................................................................................188
— na Portaria n. 3.214/1978.................................................................................................... 196
— nas Convenções da O IT ........................................................................................................ 189
— no Código do C o n s u m id o r...................................................................................................194
— quadro das N R s ..................................................................................................................... 197
— validade das delegações n o rm a tiva s................................................................................201
PENSIONAMENTO
— alcance da “prestação de alimentos” ............................................................................... 275
— alim entos p ro v is io n a is ..........................................................................................................278
— base de c á lc u lo .....................................................................................................................288
— correção do v a lo r ................................................................................................................... 291
— direito de a cre sce r..................................................................................................................307
— da concubina............................................................................................................................282
— do cônjuge ou com p an h e iro .................................................................................... 281, 282
— dos filh o s .................................................................................................................................. 285
— dos p a is .....................................................................................................................................286
— e lucros c e s s a n te s ............................................................................................................... 270
— expectativa de sobrevida da v ítim a .....................................................................................300
594 S e b a s t iã o G eraldo de O l iv e ir a
— garantia do p a g a m e n to .........................................................................................................294
— legitim idade ativa do e s p ó lio ..........................................................................269, 281, 314
— na invalidez perm anente p a rc ia l...................................................................................... 346
— na invalidez permanente to ta l........................................................................................... 339
— natureza ju ríd ic a ................................................................................................................... 274
PROVA PERICIAL
— acom panham ento por te rc e iro s .......................................................................................... 329
— conteúdo do la u d o .............................................................................................327, 330, 333
— Instrução do IN S S ..........................................................................................................161, 332
— ju ris p ru d ê n c ia ...........................................................................................................................328
— nom eação de mais de um p e rito .........................................................................................331
— objeto da p ro v a .................................................................................................. 326, 330, 333
— profissional in d ic a d o .............................................................................................................. 328
— quesitos do ju íz o .......................................................................................................................331
— Resolução CFM n. 1.488 /1 9 9 8 ........................................................................................... 160
— Resolução CFM n. 1 .8 1 0 /2 0 0 6 ............................................................................................ 329
— Resolução INSS n. 10/1999 ..................................................................................... 161,332
RESPONSABILIDADE CIVIL
— cum ulação com benefício a c id e n tá rio .................................................... 84, 87, 291, 341
— diferença da indenização a c id e n tá ria .................................................................................. 77
— e s p é c ie s ....................................................................................................................................... 94
— evolução quanto ao acidente do tra b a lh o ...........................................................................80
— histórico do texto c o n stitu cio n a l.............................................................................................82
— noção a re sp e ito ........................................................................................................................ 78
— objetiva v. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
— p re s s u p o s to s ...............................................................................................96, 151, 228, 268
— previsão Constitucional ........................................................................................................... 83
— previsão na Lei n. 8.213/1991 ................................................................................................84
— previsão no Código C iv il.......................................................................................................... 80
— quadro das te n d ê n c ia s ..........................................................................................................150
— sem c u lp a ...................................................................................................................................113
— s u b je tiv a ....................................................................................................................................... 96
— Súmula n. 736 S T F ................................................................................................................. 419
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
— amplitude do art. 927 do Código C iv il................................................................................ 126
— atividades lesivas ao meio a m b ie n te ................................................................................ 113
— desenvolvimento da teoria do r is c o ........................................................................109, 122
— desenvolvimento no B ra s il.................................................................................................... 110
— do p o lu id o r................................................................................................................................ 113
— Enunciado n. 3 7 ....................................................................................................................... 123
— Enunciado n. 3 8 .............................................................................................................114, 131
— Enunciado n. 4 0 ....................................................................................................................... 126
596 S e b a s t iã o G e r a l d o de O l iv e ir a
4804.0