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Análise descritiva do estudo de tempos e

métodos: uma aplicação no setor de


embaladeira de uma indústria têxtil
Adélia Denísia Felippe
adelia_df@hotmail.com
FURB

Maycon Roger Custodio


mrmcustodio@hotmail.com
FURB

Neseli Dolzan
neselidolzan@terra.com.br
FURB

Edson Sidnei Maciel Teixeira


edson.teixeira@ifsc.edu.br
IFSC

Resumo:Este trabalho tem por objetivo relatar a importância da utilização dos estudos de tempos e
métodos em setores produtivos, definindo o fluxo operacional mais adequado ao trabalho e identificar
gargalos produtivos. O foco é a definição do tempo padrão das operações envolvidas em um processo
produtivo através de ferramentas de cronoanálise e cronometragem, promovendo o controle do fluxo de
processo e possibilitando análises diversas tais como: carga máquina, carga homem, eficiência,
produtividade entre outros. Assim, foi realizado um estudo de caso em uma indústria têxtil de Santa
Catarina, no setor da embaladeira dos rolos de malha que seguem para a expedição, demonstrando que os
resultados obtidos dão consistência aos números necessários ao controle da produção. Descreveu-se a
aplicação e os resultados deste trabalho auxiliaram na identificação de pontos para melhorias
relacionadas ao método e tempo no posto de trabalho analisado. Verificou-se ainda a praticidade na
análise dos tempos de cada parte da embaladeira.

Palavras Chave: Tempos - Métodos - Descrição - Embaladeira -


1. INTRODUÇÃO
Em todas as atividades, a busca da produtividade e competitividade é condição
fundamental à sobrevivência das empresas. Entretanto, estas devem estar sempre atreladas à
qualidade, já que o trabalho imperfeito reflete em energia desperdiçada e a correção do
defeito significa tempo perdido.
Para sobreviver globalmente, as empresas precisam planejar e reorganizar as suas
estruturas com novas combinações, utilizando ferramentas que permitem que elas estejam
mais próximas de seus parceiros, fornecedores e clientes. Neste novo mundo onde a
concorrência é muito forte, apenas as empresas eficientes, competitivas e produtivas
sobreviverão.
O presente trabalho tem como objetivo descrever a aplicação do estudo de tempos e
métodos em uma aplicação prática no setor de uma embaladeira de uma na empresa têxtil da
região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Esta empresa possui em sua missão a descrição
de ser referência no segmento têxtil e reconhecida por sua ética, qualidade e integridade,
assim como sua visão inclui a busca pelo reconhecimento e respeito como importante
fornecedor de malhas no mercado em que atua. Deste modo, este trabalho vem ao encontro
da missão e visão da empresa, contribuindo com seus desejos e alinhado com a necessidade
de busca constante de melhorias e aplicações de técnicas que venham suportar os seus
interesses produtivos.
Dentre os objetivos específicos da abordagem encontra-se a cronoanálise que será
utilizada como ferramenta que, além de definir o tempo padrão, auxiliará na organização dos
processos, sendo um documento que acompanhará a evolução contínua das melhorias. Outra
aplicação utilizada para a cronoanálise será de utilizar o tempo padrão como um dos
parâmetros para a constituição do custo industrial através da relação tempo padrão x custo-
minuto do setor produtivo.
Vale então ressaltar as palavras de Senai (2011) que cita que
o desenvolvimento de uma cronometragem tecnicamente correta irá permitir ao
empresário definir sua real capacidade instalada e, assim, executar o planejamento
adequado à produção, direcionando corretamente o seu recurso humano e sua
disponibilidade de equipamentos e máquinas, a fim de atender a demanda comercial
existente no mercado.
Assim, este estudo de tempos e métodos contribuirá em dados mais seguros no que diz
respeito ao tempo padrão do processo analisado e a definição de variáveis tais como: roteiro
de trabalho, balanceamento de linha, viabilizações, carga homem, carga máquina, indicadores
da produtividade e qualidade. Espera-se, entre outros resultados, a descrição de um caso real
e a apresentação dos resultados obtidos, gerando argumentos para discussões sobre as
alterações e melhorias consequentes da aplicação do estudo de tempos e métodos.

2. TEMPOS E MÉTODOS
Segundo Barnes (1977), os principais impulsos para o desenvolvimento dos sistemas
de tempos predeterminados partiram de Frederick W. Taylor e de Frank B. Gilbreth. O estudo
de tempos teve seu início em 1881 na usina da Midvale Steel Company e Taylor foi o seu
principal introdutor.
Frederick W. Taylor, o pai do estudo de tempos, escreveu no fim do século passado
que, para estabelecer um tempo padrão normal era necessário subdividir a operação
em elementos de trabalho, descrevê-los, medi-los com um cronômetro e adicionar
certas permissões que levem em conta esperas inevitáveis e fadiga (MAYNARD,
1970).
Alguns anos após Taylor ter iniciado seu trabalho com estudo de tempos, Gilbreth,
considerado o pai do estudo de movimentos, iniciou sua técnica de uso da câmara
cinematográfica para estudar os movimentos requeridos para a execução de certas tarefas
(MAYNARD, 1970). Gilbreth subdividiu os elementos de Taylor em movimentos básicos que
ele chamou de therbligs (conjunto de movimentos fundamentais necessários para o
trabalhador executar operações em tarefas manuais). Segundo Borba et al. (2011), esses
therbligs foram usados para estabelecer o tempo padrão de uma operação como Taylor o fez
com os seus elementos.
A decomposição de operações possibilitou eliminar movimentos inúteis e ainda
simplificar, racionar ou unir os movimentos úteis proporcionando assim economia de tempos
e esforço do operário. A partir disso, determina-se o tempo para a execução das tarefas
mediante o uso de um cronômetro. Meyers (1999) diz que Taylor foi a primeira pessoa a usar
o cronômetro para estudar o trabalho e portanto é chamado de “Pai do Estudo do Tempo”.
Segundo Furlani (2011) o estudo de tempos e métodos pode ser definido como um
estudo de sistema que possui pontos identificáveis de entrada – transformação – saída,
estabelecendo padrões que facilitam as tomadas de decisões. Assim, pode-se favorecer o
incremento da produtividade e prover-se de informações de tempos com o objetivo de
analisar e decidir sobre qual o melhor método a ser utilizado nos trabalhos de produção.
A obtenção de informações reais sobre um processo modifica a forma de tratar a
produtividade e a qualidade num processo produtivo. Os estudos de tempos e métodos
fornecem meios para obtenção de dados reais e somente assim pode-se obter indicadores
confiáveis. Takashina (1999) afirma que os indicadores são essenciais ao planejamento e
controle dos processos das organizações e, neste contexto, a cronoanálise é uma base para o
controle das diversas etapas do processo produtivo, fornecendo o parâmetro inicial, que é o
tempo padrão, para análises e indicadores da produtividade e qualidade. Juran (1991) cita a
importância do controle de processo para a prevenção de mudanças indesejáveis e adversas.
Neste controle, a cronoanálise toma grande importância. E segundo Toledo (2004b), a
cronoanálise vem do estudo de tempos e métodos. Ela define parâmetros tabulados de várias
formas, coerentemente, culminando no melhor planejamento e racionalização industrial.
O estudo de tempos padrão definido como o processo de determinação do tempo
necessário para a execução, em condições padronizadas dos trabalhos produtivos, necessita
sempre de especificações prévias do método empregado para essa execução, o qual deve ter
sido submetido a um estudo de métodos. Furlani (2011) diz que os princípios e técnicas do
estudo de métodos são universais, valendo para qualquer atividade que envolva o trabalho
humano. Porém, o conceito de "melhor método" depende de cada trabalho em cada situação
particular. Não significa obrigatoriamente "o mais econômico", podendo fatores não
econômicos intervir consideravelmente na decisão sobre qual é a melhor entre diversas
alternativas de execução de um trabalho.

2.1. CRONOANÁLISE E CRONOMETRAGEM


A cronoanálise tem sua origem no estudo de tempos e métodos, sendo que com base
nesta ferramenta, define-se os parâmetros tabulados de várias formas que, coerentemente,
culminam na racionalização industrial. Anis (2011) cita que, como resultado da cronoanálise
busca-se o tempo padrão que determina um tempo de produção onde o analista o utilizará na
determinação de parâmetros relativos à produtividade e consequentemente da qualidade.
Toledo (2004a) esclarece que o tempo padrão por si só de nada vale, pois é um ato mecânico
onde o cronoanalista, seguindo uma norma de ação, determina um tempo de produção em
uma folha de papel que, sendo apenas arquivado, não trará nenhum benefício. Complementa
também que o cronoanalista é o homem que de posse desses dados, no estudo de
cronoanálise, recriará o universo contido num processo produtivo.
A Cronometragem é a técnica de obter os tempos de processos que, numa análise mais
completa se tornará a própria cronoanálise. Como qualquer outra técnica ou ciência, a
cronometragem possui uma terminologia especial, portanto alguns dos termos especiais
empregados na cronometragem ou estudo de tempos devem ser definidos para propiciar a
melhor compreensão dos resultados. Toledo (2004a) apresenta várias definições traduzidas da
padronização A.S.M.E. (American Society of Mechanical Engineers), dentre as quais
destacam-se: elemento, ciclo, ritmo normal, avaliação de ritmo, tempo normal, tempo padrão
e tolerâncias ou suplementos.
Elemento é a subdivisão do ciclo de trabalho composta de uma sequência de um ou
mais movimentos. Numa operação verificam-se, geralmente, três elementos principais:
a) Preparar (ou carregar);
b) Fazer (ou processar);
c) Descarregar.
Há várias razões para se proceder a subdivisão do ciclo de trabalho em elementos,
dentre as quais a obtenção da descrição detalhada e sistemática do método cronometrado, a
possibilidade de uma reconstituição precisa do método, a verificação da regularidade dos
tempos de cada elemento de ciclo para ciclo, a avaliação do ritmo do operário em cada
elemento individual, o balanceamento e a padronização dos tempos numa mesma sequência
de movimentos (TOLEDO, 2004b).
A decomposição da operação em elementos e a descrição dos elementos devem ser
feitas com clareza e precisão de detalhes, de modo a permitir a utilização rápida e fácil por
outras pessoas, bem como a sua incorporação num sistema de padronização de elementos,
sempre que possível. Os elementos manuais devem ser separados dos elementos de máquina,
bem como os constantes dos variáveis, sempre que possível.
Toledo (2004b) define também ciclo como a realização completa pelo operário de
todos os elementos de uma operação, com início e fim definido e ritmo normal como o ritmo
de trabalho geralmente empregado pelos operários trabalhando sob supervisão capacitada.
Esse passo pode ser mantido dia após dia, sem fadiga mental ou física excessiva, e é
caracterizado pelo exercício quase ininterrupto de esforço razoável. A avaliação de ritmo é
um método que compara a rapidez e a precisão com que o operário realiza os movimentos
necessários para executar uma operação com o conceito que o observador tem de tempo
normal.
Ainda segundo o mesmo autor, tempo normal ou normalizado é o tempo requerido por
um operário qualificado, trabalhando no ritmo normal dos operários em geral sob supervisão
hábil, para completar um elemento, ciclo ou operação, seguindo um método preestabelecido.
É também a soma de todos os tempos elementares normais que constituem um ciclo ou uma
operação. Tempo padrão é o tempo que se determina seja necessário para um operário
qualificado trabalhando num ritmo normal e sujeito a demoras e a fadigas normais, para
executar uma quantidade definida de trabalho de uma quantidade especificada, seguindo um
método preestabelecido. É o tempo normalizado acrescido das tolerâncias para fadigas e
demoras. Já tolerâncias ou suplementos são acréscimos de tempos incluídos no tempo
normalizado de uma operação, a fim de compensar o operário pela produção partida por
causa de fadiga e das interrupções normalmente previstas, tais como as paradas pessoais.
Lidório (2011) esclarece que ao se propor cronometrar uma operação deve-se
antecipadamente determinar os pontos de destaque isto é, dividir os principais elementos das
operações, analisando-os detidamente e a seguir cronometrá-los em quantidade que oscile
entre 10 a 40 observações de acordo com o seguinte critério:
- 10 a 20 observações para produção de pequena série;
- 20 a 30 observações para produção em série;
- 30 a 40 observações para produção em massa.
Em relação à didática da ferramenta cronometragem como os equipamentos para o
estudo de tempos incluem-se o cronômetro de hora centesimal, vídeo, folha de observação,
prancheta para observações e as etapas para a determinação do tempo padrão da operação
como: divisão da operação em elementos, determinação do número de ciclos a serem
cronometrados, avaliação da velocidade do operador, determinação das tolerâncias,
atendimento às necessidades pessoais, alívio da fadiga e determinação do tempo padrão
(LIDÓRIO, 2011).

3. CRONOANÁLISE DO SETOR DE EMBALADEIRA


O processo escolhido para estudo foi o do setor da embaladeira da indústria têxtil em
análise. A importância do processo, além de sua própria etapa produtiva está na característica
de trabalhar na saída da linha em conformidade com a área de expedição. Como relevância
estão incluídas as necessidades de agilidade na entrega e atendimento aos pedidos que serão
enviados aos clientes, considerando a rapidez e qualidade.
Como resultados buscados estão melhorias que incluem:
- O estabelecimento de padrões de produção;
- O auxílio na determinação de custos padrões de modo mais preciso;
- O fornecimento de dados para balanceamento da linha de produção;
- A programação da mão de obra necessária para um determinado patamar de
produção.
O desenvolvimento de uma cronoanálise tecnicamente correta permite ao gestor a
definição da real capacidade instalada e assim, executar o planejamento adequado à
produção, direcionando corretamente o seu recurso humano e sua disponibilidade de
equipamentos e máquinas a fim de atender a demanda comercial existente no mercado.

3.1. PLANEJAMENTO DA APLICAÇÃO DO ESTUDO DE CASO


Para o desenvolvimento deste trabalho foram adotados dois modelos de coleta de
dados. O primeiro com base em tomada de tempo indireta utilizando uma câmera filmadora
localizada em um ponto onde era possível visualizar todo o processo da embaladeira. O
segundo, baseado na tomada de tempo direta acompanhando o operador nos processos de
buscar o palete com os rolos a serem embalados até levar o palete com os rolos já embalados
para a expedição, definindo assim a primeira e a última etapa analisada.
A coleta de dados totalizou um período de cinco dias durante o turno da geral da
fábrica. As etapas tratadas com os operadores do setor da embaladeira para o levantamento de
dados foram:
- Discussão clara com os envolvidos sobre o tipo de trabalho a ser executado,
buscando a colaboração de todos para diminuir ou evitar o estresse durante a cronometragem;
- Definição do método de trabalho e planejamento dos elementos da operação a serem
cronometrados com o uso de equipamentos adequados;
- Treinamento do operador para que ele desenvolvesse a atividade dentro do ritmo e
método esperados, com o uso de técnicas para evitar alteração de ritmo ou hábitos do
funcionário;
- Anotação de todos os dados adicionais observados;
- Filmagem do posto de trabalho e a peça a ser produzida e analisada.
Uma sequência de atividades foi montada antes do início do trabalho. A aplicação da
metodologia específica para estudo de tempos e métodos foi executada considerando-se os
seguintes passos:
- Divisão do processo em estudo em elementos, ou seja, descrição das etapas do ciclo
de trabalho, obtendo etapas passíveis de cronometragem;
- Cronometragem de cada etapa conforme o ciclo definido. Considerou-se uma
quantidade de 20 observações e coletas de tempos como adequadas ao processo em análise;
- Execução de uma cronometragem preliminar (sete observações) para obter os dados
necessários à determinação do número necessário de cronometragens (n);
- Realização das cronometragens definidas e determinação do tempo médio das
operações (TM);
- Eliminação de elementos estranhos ou ciclos que não foram realizados em
convergência com a proposta de trabalho;
- Comparação dos resultados obtidos pela cronometragem direta com as filmagens
visando eliminar distorções de coleta ou dados inconsistentes;
- Avaliação do fator de ritmo do operador e determinação do Tempo Normal (TN);
- Determinação das tolerâncias de fadiga e de necessidades pessoais;
- Avaliação numérica da validade dos dados obtidos;
- Determinação do Tempo Padrão (TP), objeto do estudo.
A análise final do processo da embaladeira foi realizada a partir das filmagens do
processo em comparação com os dados obtidos in loco. Isso deixou a análise muito mais
verdadeira, pois o estudo das etapas pode ser feito de um modo mais tranquilo, com a
facilidade de avançar ou recuar o processo em todo o momento da análise. Assim, os
principais instrumentos da cronoanálise foram: cronômetro centesimal, folha de
apontamentos com prancheta e filmadora.

3.2. COLETA DE DADOS E TRATAMENTO DOS RESULTADOS


Os elementos são as partes que formam uma operação completa, logo a operação do
processo da embaladeira foi dividida em elementos a fim de tornar mais precisa a obtenção
dos tempos e possibilitar a identificação de movimentos desnecessários durante a realização
da tarefa. A partir disso, foi possível sequenciar os elementos, criando a estrutura do processo
produtivo. Foram consideradas três etapas, sendo que a última era de setup (preparação da
operação para o produto seguinte), conforme Tabela 1.

Tabela 1: Etapas de estudo de análise do processo da embaladeira. Fonte: O autor

1ª etapa 2ª etapa 3º etapa - setup


1 Pegar o rolo de malha e Buscar o palete dos rolos de Organizar papelão
levar à máquina malha para a embaladeira
2 Colocar o rolo de malha na Levar o palete dos rolos de Levar papelão
máquina até rolar para a malha para a expedição
próxima etapa
3 Deslocar o rolo de malha Arrumar o palete vazio para Trocar bobinas
para selar a lateral iniciar nova embalagem e
pesagem
4 Selagem do rolo de malha
5 Pesagem do rolo de malha
6 Pegar o rolo de malha e
colocar no palete

Somente após conhecer todo o processo produtivo analisado e organizando as


atividades de modo a criar um fluxo foi possível estudar os tempos do posto de trabalho. Isso
foi realizado conforme as Tabelas 2, 3 e 4, segundo a metodologia desenvolvida por Barnes
(1977).

Tabela 2: Levantamento de dados para a 1ª etapa dos processos da embaladeira. Fonte: O autor

Elementos Pegar o Colocar o rolo Deslocar o Selagem Pesagem Pegar o


rolo de de malha na rolo de do rolo do rolo rolo de
malha e máquina até malha para de malha de malha malha e
levar à rolar para a selar a colocar no
máquina próxima etapa lateral palete
Tempo total 289,45 951,67 339,90 248,06 726,80 245,76
Nº registros 25 25 25 25 25 25
Tempo médio 11,58 38,07 13,59 9,92 20,07 9,83
Ritmo 0,84 0,9 0,95 1 0,84 0,9
Tempo Normal 9,73 34,26 12,91 9,92 16,86 8,85
Tolerância 1,15 1,15 1,15 1,15 1,15 1,15
Setup+Finalização 0 0 0 0 0 0
T.Normal+Toler 11,19 39,40 14,85 11,41 19,39 10,17
Frequência 1 1 1 1 1 1
T.Padrão/Operação 11,19 39,40 14,85 11,41 19,39 10,17
T.Padrão/Rolo 106,41 1,77 33,83  34
centmin min Rolo/hora

Após a análise da primeira etapa, tornou-se necessário realizar alguns cálculos para
identificar indicadores que pudessem auxiliar no entendimento do processo. Assim, pela
Tabela 2 observou-se que um operador embalando 34 rolos/hora produziria um total de 272
rolos em um período de 8 horas por dia (tempo estimado, sem setups). Porém, identificou-se
que a meta de produção do setor da embaladeira para um trabalho de 8 horas diárias era de
460 rolos de malha. Considerando que para este posto de trabalho a empresa possui dois
funcionários, optou-se por calcular a eficiência do processo através da Equação 1 de Cardoso
(2008) abaixo:
PPD  TP
Eficiência 
TTP  NP , onde (1)
NP = número de operadores, (no processo atual são dois operadores)
PPD = programa de produção por dia, (dados coletados  34 rolos/h x 8 h/dia = 272
rolos/dia)
TP = tempo padrão de fabricação por peça, (dados coletados 106,41 centmin)
TTP = tempo de trabalho por operador por dia, (8 h/dia = 28800 seg/dia)
272 106, 41
Eficiência 
28800  2 = 0,50
Normalmente, busca-se uma eficiência mais próxima de 1.

Tabela 3: Dados coletados em campo para a 2ª etapa. Fonte: O autor

Elementos Buscar o palete Levar o palete dos Arrumar o Palete


dos rolos de rolos de malha vazio para iniciar
malha para a para a expedição nova embalagem e
embaladeira pesagem

Tempo total 3.240,00 4.485,00 855,00


Nº registros 25 25 25
Tempo médio 129,60 179,40 34,20
Ritmo 0,90 0,90 0,95
Tempo Normal 116,64 161,46 32,49
Tolerância 1,15 1,15 1,15
Setup+Finalização 0 0 0
T.Normal+Toler 134,14 185,68 37,36
Frequência 1 1 1
T.Padrão/Operação 134,14 185,68 37,36
T.Padrão/Rolo 357,18 5,95
centmin min

Tabela 4: Dados coletados em campo para a 3ª etapa. Fonte: O autor

Elementos Trocar bobina de plástico

Tempo total 8.295,00


Nº registros 25
Tempo médio 331,80
Ritmo 0,9
Tempo Normal 298,62
Tolerância 1,15
Setup+Finalização 0
T.Normal+Toler 343,41
Frequência 1
T.Padrão/Operação 343,41
T.Padrão/Setup 343,41 5,72
centmin min
A Tabela 4 mostra o tempo com atividades de setup no processo de embaladeira.
Com os dados obtidos foi possível calcular o Takt Time, que é o tempo de trabalho
disponível por turno, dividido pela demanda. Segundo Cardoso (2008), o objetivo do Takt
Time é alinhar a produção à demanda (e não o oposto) com precisão, fornecendo um ritmo ao
sistema de produção conhecido como sistema puxado.
Tendo-se um turno de 8 h/dia  28800 s/dia, com interrupção (intervalo de almoço)
de 1 h/dia  60 min  3600 s, e com uma demanda de 460 rolos/turno, logo;

Takt Time=
 28800   3600  55s / unid
460 (2)
Pode-se ainda, avaliar o tempo padrão com Setup e Finalização baseado nas equações
de Cardoso (2008):
TP  TS / Q    Tp   TF / L 
, onde: (3)
TS = tempo padrão de setup (pela Tabela 4 = 5,72)
Q = quantidade de rolos para as quais o setup é suficiente (pelo processo 425 rolos)
Tp = tempo padrão da operação (pela Tabela 2 = 1,77)
TF = tempo padrão das atividades de finalização (pela Tabela 3 = 5,95)
L = lote de rolos para que ocorra a finalização (pelo processo 85 rolos)
Logo,
TP   5,72 / 425  1,77    5,95 / 85  TP  1,85min

4. CONCLUSÕES
Este trabalho contribuiu com a aplicação da metodologia para o estudo de tempos e
métodos através de revisão da literatura e de estudo de caso realizado no setor da embaladeira
de uma empresa têxtil. Com a utilização da cronometragem foi possível definir o tempo
padrão real para cada etapa do processo e estudo dos tempos, enquanto que com a
cronoanálise tratou-se as observações das melhorias possíveis deste estudo de tempo aplicado
ao setor em análise.
Com os estudos dos tempos verificou-se que a decomposição das operações possibilita
eliminar movimentos desnecessários e ainda simplificar, racionar ou fundir os movimentos
úteis, proporcionando economia de tempo e esforço do operário. De acordo com os resultados
obtidos como, uma eficiência em 0,50 podem-se constatar pontos passíveis de melhorias,
também a verificação da viabilização de aperfeiçoamentos e necessidade de ações imediatas
para melhorias do processo.
Assim, as observações levantadas para melhoria da eficiência do processo indicaram
propostas de alterações em processo de trabalho que podem ser aplicadas na indústria em
questão. Algumas delas são:
- Alocar os atuais operadores dentro do processo; observou-se durante o levantamento
dos dados que ao deslocar os operadores de posição estes melhoravam seu desempenho;
- Realizar treinamentos com os operadores;
- Desenvolver um modelo integrado do uso de ferramentas de melhoria contínua com
os sistemas de tempos pré-determinados;
- Padronizar as tarefas e responsabilizar o operador para o cumprimento dos tempos e
métodos;
- Definir a carga homem e carga máquina;
- Criar indicadores de produtividade e qualidade.
Este trabalho atingiu o resultado esperado ao descrever a aplicação do estudo de
tempos e métodos em uma aplicação prática no setor de uma embaladeira de uma na empresa
têxtil da região do Vale do Itajaí. Deixa-se aqui a proposta para a continuidade do trabalho,
visto que, com os valores históricos e o estudo realizado, pode-se criar uma sistemática de
análise e melhoria visando aperfeiçoar os métodos de trabalho e os processos produtivos com
números que sejam coerentes com a realidade.
Portanto este artigo contribui na constatação da importância desta metodologia,
aproveitando a contribuição da cronoanálise e cronometragem no que se refere aos estudos
dos tempos, modernizando e integrando as filosofias de trabalho e os novos modelos de
gestão.

5. REFERÊNCIAS
ANIS, Gerson Castiglieri. A Importância dos Estudos de Tempos e Métodos para Controle da Produtividade e
Qualidade. Disponível em: <http://www.polimeroseprocessos.com/imagens/tempometodos.pdf>Acesso em 26
ago. 2011.
BARNES, R. M. Estudo de movimentos e de tempos: Projeto e medida do trabalho. São Paulo: Edgard Blücher,
1977.
BORBA, Mirna de. et.al. Comparação dos métodos de análise de tempos pré-determinados MTM-A1 e MTM-
UAS: um estudo de caso junto a uma linha de montagem de telefones. Disponível em:
<http://www.peteps.ufsc.br/novo/attachments/078_artigo%20mtm%20telefone.pdf> Acesso em: 26 ago. 2011.
CARDOSO, Wagner. Engenharia de Métodos e Produtividade. Uberaba: Apostila de Aula, 2008.
FURLANI, Kleber. Estudos de Tempos e Métodos. Disponível em:
<http://www.kleberfurlani.com/2011/01/estudo-de-tempos-e-metodos_5257.html> Acesso em: 26 ago.2011.
JURAN, J..M. Controle da Qualidade (Handbook). São Paulo: 4° ed. Editora. Makron Books, 1991.
LIDÓRIO, Cristiane Ferreira. Curso Técnico de Moda e Estilismo. Módulo 1. Tecnologia da Confecção.
Araranguá, 2008. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/49856761/55/CRONOMETRAGEM> Acesso em: 27
Ago. 2011.
MAYNARD, H.B. Manual de Engenharia de Produção – Seção 5: Padrões de tempos elementares pré-
determinados. São Paulo: Edgard Blücher, 1970.
MEYERS, F.E. Motion and Time Study: for lean manufacturing. New Jersey 2° ed. Editora Prentice Hall, 1999
SENAI. <http://www.sp.senai.br/portal/vestuario/conteudo/cronometragem.pdf>. Acesso em: 25 ago.2011.
TAKASHINA, Newton Tadachi. Indicadores da Qualidade e do Desempenho. Rio de Janeiro. Editora
Quaitymark, 1999.
TOLEDO, I.F.B. Cronoanálise. São Paulo 8° Ed. Assessoria Escola Editora, 2004a.
TOLEDO, I.F.B. Tempos & Métodos. São Paulo 8° Ed. Assessoria Escola Editora, 2004b.

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