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Genetica Basica
Genetica Basica
São Cristóvão/SE
2011
Genética Básica
Elaboração de Conteúdo
Bruno Lassmar Bueno Valadares
Edilson Divino de Araujo
Silmara de Moraes Pantaleão
Diagramação
Nycolas Menezes Melo
Ilustração
Bruno Lassmar Bueno Valadares
Edilson Divino de Araujo
Silmara de Moraes Pantaleão
CDU 575
Presidente da República Chefe de Gabinete
Dilma Vana Rousseff Ednalva Freire Caetano
Vice-Reitor
Angelo Roberto Antoniolli
Núcleo de Avaliação
Hérica dos Santos Matos (Coordenadora)
Carlos Alberto Vasconcelos
AULA 2
Leis básicas da hereditariedade e extensões das leis de Mendel .. .......17
AULA 3
Ligação, recombinação e mapeamento gênicos ............................... 33
AULA 4
Herança ligada ao sexo e mecanismos de determinação sexual ... 51
AULA 5
Estrutura dos ácidos nucleicos . ........................................................ 65
AULA 6
Replicação do DNA e transcrição ...................................................................79
AULA 7
Código genético e tradução..............................................................113
AULA 8
Mutação e reparo do DNA.... ........................................................... 133
AULA 9
Regulação da expressão gênica ...... .............................................. 151
AULA 10
Princípios de Genética de Populações............................................ 167
Aula
BASES CROMOSSÔMICAS DA
1
HEREDITARIEDADE
META
Demonstrar a estruturação cromossômica e a organização do material genético durante o ciclo celular.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
conhecer a constituição do material de preenchimento do núcleo celular, a forma como a cromatina
se organiza durante a interfase e o processo de compactação do DNA e o comportamento dos
cromossomos durante as divisões mitóticas e meióticas.
PRÉ-REQUISITO
Biologia celular.
Genética Básica
INTRODUÇÃO
Nesta aula iniciaremos o estudo da genética com as bases cromossômi-
cas da hereditariedade. Vamos discutir como os cromossomos são consti-
tuídos e sua relação com a molécula de DNA e os genes. Os conceitos aqui
estudados serão importantes para os conteúdos seguintes de hereditariedade.
CROMATINA
Figura 1. Eletromicrografia destacando núcleo celular interfásico com regiões mais coradas de
heterocromatina e menos coradas, com eucromatina (Fonte: adaptado de: http://www.biologia.
edu.ar/cel_euca/images/01541a.jpg).
8
Bases cromossômicas da hereditariedade
Aula
9
Genética Básica
COMPACTAÇÃO DO DNA
Durante a divisão celular, a cromatina que preenche o núcleo reduz
sua atividade de síntese e sofre um processo intensificado de compactação.
A compactação do DNA e individualização dos cromossomos serve para
organizar o material genético, facilitando a segregação na divisão da célula.
A compactação tem início com o enovelamento do DNA em uma estrutura
composta por 8 proteínas, um octâmero de histonas (H2A, H2B, H3 e H4, cada
uma em dose dupla). O DNA dá duas voltas em torno do octâmero e, por fora, é
acoplada a histona H1 (Figura 3). A esse complexo é dado o nome de nucleossomo.
Figura 4. Aproximação dos nucleossomos pela histona H1 formando o solenóide (Fonte: http://3.
bp.blogspot.com/).
10
Bases cromossômicas da hereditariedade
Aula
ESTRUTURA DO CROMOSSOMO
11
Genética Básica
DIVISÃO CELULAR
Existem dois tipos de divisão celular que, conseqüentemente, originam
cada um, um tipo de célula. A mitose é o tipo de divisão que origina as
células somáticas que compõem o corpo de um organismo, mantendo suas
características genéticas como o mesmo número de cromossomos (2n) da
célula mãe para as células filhas; e a meiose, por sua vez, origina as células
reprodutivas com metade do número de cromossomos da célula mãe (n).
MITOSE
12
Bases cromossômicas da hereditariedade
Aula
MEIOSE
13
Genética Básica
Metáfase I:
Organização dos cromossomos na placa equatorial onde os homólogos
se encontram, desta vez, pareados.
Anáfase I:
Separação dos cromossomos homólogos que migram para os pólos
da célula orientados pelos centríolos.
Telófase I:
Reorganização do núcleo nos pólos e divisão do citoplasma.
2ª Divisão Meiótica - Das duas células-filhas haplóides resultarão 4
células também haplóides por separação, agora, das cromátides irmãs.
Prófase II:
Corresponde ao final da telófase I com o desaparecimento da mem-
brana nuclear.
Metáfase II:
Posicionamento dos cromossomos na região equatorial da célula.
Anáfase II:
Separação das cromátides irmãs e migração para os pólos da célula.
Telófase II:
Reconstituição dos núcleos e divisão citoplasmática (citocinese), com
a formação de 4 células filhas haplóides e geneticamente diferentes entre
si devido à recombinação de partes dos cromossomos homólogos ocor-
ridas na prófase I.
As fases da meiose estão representadas resumidamente na Figura 8.
14
Bases cromossômicas da hereditariedade
Aula
RECOMBINAÇÃO GÊNICA 1
A recombinação genética que ocorre durante a Prófase I da meiose tem
um importante papel evolutivo e adaptativo para as espécies. A recombina-
ção durante a formação de gametas possibilita uma maior diversidade de
arranjos alélicos. Alguns livros didáticos ainda denominam a recombinação
meiótica como “crossing over” (Figura 9). A recombinação meiótica será
estudada novamente na aula de ligação gênica e mapeamento cromossômico.
CONCLUSÃO
Nesta aula é importante ressaltar a idéia da constituição cromossômica
e como ocorre a compactação do DNA para sua formação. Compare o que
ocorre na mitose e na meiose, veja as diferenças entre as células formadas
em cada um desses tipos de divisão celular.
O entendimento da hereditariedade estudada nas próximas aulas será
mais fácil com uma boa compreensão dos conceitos aqui abordados.
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Genética Básica
RESUMO
Os cromossomos são resultado da compactação do DNA. Durante a
interfase, a cromatina se encontra dispersa preenchendo o núcleo da célula de
eucariontes. Durante a divisão celular, a cromatina sofre a compactação, o que
torna possível a individualização dos cromossomos. Na divisão mitótica, o numero
cromossômico e as características genéticas da célula são mantidas, enquanto na
meiose, ocorre a redução do número de cromossomos para formação de gametas.
ATIVIDADES
AUTOAVALIAÇÃO
PRÓXIMA AULA
Na próxima aula iremos falar sobre princípios básicos da hereditar-
iedade propostos por Mendel e as variações de mecanismos de herança.
.
REFERÊNCIAS
GRIFFITHS AJF, MILLER JH, SUZUKI DT, LEWONTIN RC, GEL-
BART WM. 2009. Introdução à Genética. 8 ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 794p.
PIERCE BA. 2004. Genética: um enfoque conceitual. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 758p.
SNUSTAD DP, SIMMONS MJ. 2008. Fundamentos de Genética. 4ª ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 903p.
16
Aula
2
LEIS BÁSICAS DA HEREDITARIEDADE
E EXTENSÕES DAS LEIS DE MENDEL
META
Explicitar os princípios básicos da hereditariedade propostos por Mendel e as variações de
mecanismos de herança.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
compreender os princípios da segregação de alelos (1ª lei) e segregação independente (2ª lei);
compreender a relação de dominância e recessividade entre alelos; definir conceitos de homozigose e
heterozigose, genótipo, fenótipo e sua relação com o ambiente; interpretar as proporções genotípicas
e fenotípicas de descendentes obtidos em um cruzamento; aplicar as regras de proporção e
probabilidade nos cruzamentos; conhecer um cruzamento teste; compreender casos de ausência de
dominância, alelos múltiplos, herança quantitativa, alelos letais e interação gênica.
PRÉ-REQUISITO
Bases cromossômicas da hereditariedade e noções matemáticas de proporção e probabilidade.
Genética Básica
INTRODUÇÃO
Nesta aula muitos conceitos de Genética deverão ser observados para
que você tenha um melhor aproveitamento, como conceitos de genes,
alelos, dominância, recessividade, genótipo e fenótipo. A base desta aula é a
realização de cruzamentos onde serão observados os genótipos e fenótipos
dos descendentes. Para tanto, é importante que você tenha compreendido
bem os conceitos de segregação na aula anterior sobre bases cromossômicas
da hereditariedade.
A compreensão dos diferentes mecanismos de herança vai lhe propor-
cionar uma interpretação matemática da Genética. Primeiramente é impor-
tante compreender os mecanismos propostos por Mendel de segregação
dos alelos na formação dos gametas e a segregação independente de alelos
localizados em cromossomos distintos.
Os cruzamentos descritos por Mendel apresentam uma proporção
fenotípica de descendentes que caracterizam os princípios básicos da he-
reditariedade. Os demais mecanismos de herança que serão estudados a
seguir (nesta e em outras aulas) poderão obedecer a esses princípios, ou,
apresentar variações nessas proporções.
Figura 1. Representação dos cruzamentos realizados por Mendel, observando as proporções entre
os fenótipos de cor verde ou amarela das sementes.
18
Leis básicas da hereditariedade e extensões das leis de Mendel
Aula
Neste caso, as ervilhas verdes (vv) e amarelas (VV) cruzadas eram puras
e, nos cruzamentos, foram produzidos os híbridos (Vv) que apresentavam
a cor amarela devido a seu fator de hereditariedade ser dominante para
esta característica.
Em seguida, em um auto-cruzamento dos descendentes da primeira
geração (F1) originou a segunda geração de descendentes (F2) com ervil-
has amarelas e verdes, respectivamente, na proporção 3:1 (Figura 3). Neste
cruzamento temos a demonstração dos princípios da primeira lei de Mendel
que postula a segregação dos alelos na formação dos gametas.
19
Genética Básica
CRUZAMENTO TESTE
20
Leis básicas da hereditariedade e extensões das leis de Mendel
Aula
21
Genética Básica
Regra do “ou”
Ocorrência de um ou outro evento: somam-se as frações
Ex.: No cruzamento entre dois indivíduos heterozigotos, qual a proba-
bilidade de gerar um indivíduo de fenótipo dominante, seja ele homozigoto
ou heterozigoto?
Genótipo homozigoto (AA) = ¼
Genótipo heterozigoto (Aa) = ¼ + ¼ = ½ → ¼ + ½ = ¾
As chances de gerar um indivíduo de fenótipo dominante, seja ele
homozigoto ou heterozigoto, são de ¾.
Regra do “e”
Ocorrência de um evento e outro, necessariamente: multiplicam-se as frações.
Ex.: Considerando o cruzamento de heterozigotos, qual a probabili-
dade de gerar um indivíduo de característica recessiva e outro dominante?
Fenótipo recessivo (aa) = ¼
Fenótipo dominante (AA + Aa) = ¾ → ¼ x ¾ = 3/16
As chances de gerar um indivíduo com característica dominante e outra
com característica recessiva, são de 3/16.
AUSÊNCIA DE DOMINÂNCIA
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Leis básicas da hereditariedade e extensões das leis de Mendel
Aula
ALELOS MÚLTIPLOS
Fenótipo Genótipo
Aguti C C , C+cch, C+ch, C+c
+ +
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Genética Básica
Figura 9. Coelhos com pelagem aguti, chinchilla, himalaia e albino (Fonte: http://crv.educacao.
mg.gov.br/sistema_crv/index).
GRUPOS SANGUÍNEOS
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Leis básicas da hereditariedade e extensões das leis de Mendel
Aula
Fenótipo Genótipos
Antígeno de
membrana
Anticorpo Doa para Recebe de
2
A IAIA, IAi A Anti-B A e AB AeO
B B B
B I I ,I i B Anti-A B e AB BeO
AB IAIB AeB - AB A, B e O
O Ii - Anti-A e Anti-B A, B e AB O
Antígeno de
Fenótipo Genótipos Anticorpo Doa para Recebe de
membrana
Rh+ RR, Rr Rh - Rh+ Rh+ e Rh -
Rh - RR - Anti-Rh Rh+ e Rh - Rh -
“Falso O”
Existe um gene que é precursor da expressão dos antígenos de mem-
brana do fator ABO. Para que o indivíduo expresse esses antígenos é
importante que o indivíduo tenha genótipo HH ou Hh. Indivíduos com
genótipo hh não apresentam antígenos do fator ABO e pertencendo ao
grupo O, mesmo tendo os genes para antígenos A ou B. Este fenômeno é
conhecido como “efeito Bombaim”.
INTERAÇÃO GÊNICA
Existem vários casos onde os genes se interagem, havendo mais de um
par de alelos determinando uma única característica. Um exemplo clássico
de interação gênica é encontrado na determinação do formato da crista de
galinhas (Figura 10).
25
Genética Básica
Fenótipo Genótipos
Noz RREE, RrEE, RREe, RrEe
Rosa RRee, Rree
Ervilha rrEE, rrEe
Simples Rree
PLEIOTROPIA
Ao contrário da interação gênica, alguns alelos são responsáveis
por mais de uma característica, ocasionando assim casos de pleiotropia, que
ocorre algumas vezes devido aos genes para estas características estarem
localizados muito próximos em um mesmo cromossomo, ou então por
uma característica ser conseqüência da outra, como é o caso do albinismo
(indivíduos com ausência de pigmentação na pele) que também determina
outras características como hipersensibilidade à luz e maior predisposição
ao câncer de pele (Figura 11).
26
Leis básicas da hereditariedade e extensões das leis de Mendel
Aula
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Genética Básica
HERANÇA QUANTITATIVA
Para uma mesma característica existem dois ou mais pares de genes
situados em cromossomos de pares distintos. Cada alelo dominante apre-
senta um efeito aditivo sobre o fenótipo.
É o tipo de herança observada em características como a cor da pele
(Figura 13), altura e cor dos olhos. Nesse tipo de herança cada caracter-
ística apresenta mais de dois fenótipos. A relação entre alelos e fenótipos
é expressa pela fórmula a seguir:
Nº de fenótipos = Nº de alelos + 1
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Leis básicas da hereditariedade e extensões das leis de Mendel
Aula
GENES LETAIS
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Genética Básica
CONCLUSÃO
RESUMO
Com a observação de cruzamentos realizados com ervilhas, Mendel
descreveu os princípios básicos da hereditariedade, postulados como 1ª Lei
de Mendel: segregação dos alelos na formação dos gametas, e 2ª Lei de
Mendel: segregação independente dos alelos. Conceitos muito importantes
para a Genética também foram descritos por Mendel, como a relação de
dominância e recessividade. Variações das leis de Mendel podem ser ob-
servadas diversas características em diferentes organismos, que não obede-
cem as proporções descritas por Mendel, como nos casos de ausência de
dominância, alelos letais, alelos múltiplos, herança quantitativa e interação
gênica. Em alguns desses outros mecanismos a proporção de descendentes
encontrada nos cruzamentos pode diferir do que foi proposto por Mendel,
como no caso dos alelos letais onde um tipo de genótipo é eliminado e
na ausência de dominância onde um terceiro fenótipo é determinado pelo
indivíduo hibrido.
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Leis básicas da hereditariedade e extensões das leis de Mendel
Aula
ATIVIDADES
1. Esta atividade consiste em um jogo que aborda a determinação genética
2
dos grupos sanguíneos. Acesse o jogo pelo endereço a seguir, imprima,
leia as informações, monte as peças e jogue com pessoas da sua família ou
até mesmo sozinho.
http://www.geneticanaescola.com.br/ano4vol1/MS11_004.pdf
AUTOAVALIAÇÃO
31
Genética Básica
PRÓXIMA AULA
Na próxima aula, serão estudados genes localizados em um mesmo
cromossomo, diferente, do que estudamos nessa aula (genes de segrega-
ção independente). Tenha como base os conhecimentos desta aula de
cruzamentos e segregação de alelos e da aula anterior, da segregação de
cromossomos homólogos na meiose.
REFERÊNCIAS
32
Aula
LIGAÇÃO, RECOMBINAÇÃO E
3
MAPEAMENTO GÊNICOS
META
Discutir a importância dos princípios que regem a origem da diversidade genética a cada geração
celular e a construção de mapas físicos para a localização de genes em cada cromossomo do
genoma.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
compreender a importância dos mecanismos de ligação gênica e recombinação para a origem da
diversidade genética nas populações naturais;
construir mapas genéticos.
PRÉ-REQUISITOS
Antes de iniciar o estudo da Recombinação Genética, o aluno deverá fazer uma leitura sobre a As
Leis de Mendel em um livro de genética Genética consultando a bibliografia recomendada.
Genética Básica
INTRODUÇÃO
A diversidade biológica de determinada espécie é o conjunto de car-
acterísticas morfológicas e fisiológicas que a torna capaz de responder ás
mudanças ambientais. Essa diversidade é originada pelos diferentes con-
juntos de alelos estocados nos diferentes indivíduos de uma população. As-
sim, quanto mais diversificada for esta população, maior a variabilidade de
respostas ás mudanças ambientais e, consequentemente a sua sobrevivência.
Os mecanismos genéticos que dão origem a essa diversidade, a seg-
regação independente e a recombinação gênica, ocorrem durante a divisão
celular meiótica, gerando os gametas.
Na segregação independente dos cromossomos (Fig. 1), ou 2ª Lei
de Mendel, os cromossomos e seus genes podem combinar-se ao acaso,
gerando gametas com diferentes arranjos, como em um sorteio. As com-
binações mais freqüentes são as parentais; as menos freqüentes são a de
gametas recombinantes, ou seja, com novas combinações. As proporções
esperadas serão 1:1:1:1.
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Ligação, recombinação e mapeamento gênicos
Aula
P. exemplo, em humanos
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Genética Básica
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Ligação, recombinação e mapeamento gênicos
Aula
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Genética Básica
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Ligação, recombinação e mapeamento gênicos
Aula
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Genética Básica
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Ligação, recombinação e mapeamento gênicos
Aula
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Genética Básica
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Ligação, recombinação e mapeamento gênicos
Aula
Assim:
I = 1 – C, em que:
C = (nº observado de recombinantes duplos - FRDO/ nº esperado de
3
recombinantes duplos - FRDE)
No exemplo de Drosophila:
FRDO = 8
FRDE = 0,064 x 0,132 = 0,0084 (8% de 1448 = 12)
I = 1 – 8/12 = 4/12 = 1/3 = 33%
C = 0 (interferência completa, I = 1)
Nesse caso não são observados duplo recombinantes
C = 1 (ausência de interferência, I = 0)
Nesse caso o número de duplo recombinantes observado é igual ao
número esperado de duplos recombinantes
CONCLUSÃO
43
Genética Básica
Figura 9- Mapa genético humano representando a associação entre genes e doenças (Fonte: www.educarchile.cl).
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Ligação, recombinação e mapeamento gênicos
Aula
RESUMO
EXERCÍCIO RESOLVIDO
- v: olhos vermilion.
- cv: ausência de nervuras nas asas.
- ct: margens das asas cortadas.
P. v+v+ cvcv ctct x v v cv+cv+ ct+ct+
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Genética Básica
v ct cv
13,2 6,4
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Ligação, recombinação e mapeamento gênicos
Aula
47
Genética Básica
ATIVIDADES
48,5% BR
48,5% br
1,5% Br
1,5% bR
a. 48,5 cM
b. 97 cM
c. 1,5 cM
d. 3 cM.
e. 50 cM
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Ligação, recombinação e mapeamento gênicos
Aula
AUTOAVALIAÇÃO
Após estudar esta aula, consigo saber:
3
1. O que caracteriza um gene ligado?
2. Quantos e quais arranjos um gene ligado pode ter?
3. Qual a função do percentual de recombinação em um cruzamento para
a construção de um mapa genético?
4. O que significa Interferência?
5. O que significa Coincidência?
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
49
Aula
META
Apresentar o mecanismo de herança de genes localizados nos cromossomos sexuais e os diferentes
mecanismos de determinação do sexo.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
compreender o mecanismo de herança dos genes estruturais localizados nos cromossomos
sexuais e conhecer exemplos de características determinadas por genes localizados no
cromossomo X; compreender o mecanismo de compensação de doses e explicar diferentes
mecanismos de determinação do sexo.
PRÉ-REQUISITOS
Conteúdo das aulas de mecanismos de herança e bases cromossômicas da hereditariedade.
Genética Básica
INTRODUÇÃO
Na natureza, a maioria dos animais e muitas plantas, apresentam
diferença sexual, onde encontramos organismos masculinos e femininos.
Geralmente, essa diferenciação é determinada por cromossomos especiais,
denominados cromossomos sexuais. As características determinadas pelos
genes presentes nesses cromossomos também terão padrão de herança
diferente dos genes localizados nos demais cromossomos (autossomos).
Nesta aula vamos estudar a herança de caracteres genéticos determi-
nados por genes localizados nos cromossomos sexuais, algumas variações
e também os diferentes padrões de determinação genética do sexo.
HERANÇA DE CARACTERÍSTICAS
RELACIONADAS AO SEXO
52
Herança ligada ao sexo e mecanismos de determinação sexual
Aula
DALTONISMO
53
Genética Básica
Figura 2. Exemplo de teste para daltonismo. Indivíduos daltônicos não conseguem visualizar o
número na figura.
Figura 3. Cruzamento entre um homem normal XDY e uma mulher portadora do alelo para o
daltonismo XDXd. Os descendentes
54
Herança ligada ao sexo e mecanismos de determinação sexual
Aula
HEMOFILIA
55
Genética Básica
Figura 5. Indivíduo normal e indivíduo com pêlos nas bordas das orelhas.
56
Herança ligada ao sexo e mecanismos de determinação sexual
Aula
4
Figura 6. Calvície – característica dominante no sexo masculino e recessiva no sexo feminino.
57
Genética Básica
Figura 8. Gatas apresentando o padrão de colocação das manchas determinado pela inativação do
X (Fonte: http://www.infoescola.com/genetica/cromatina-sexual/).
DETERMINAÇÃO DO SEXO
SISTEMAS CROMOSSÔMICOS
MACHOS HETEROGAMÉTICOS
Nestes sistemas de determinação sexual, os machos (heterogaméticos)
formam gametas distintos, por tanto, é quem determina o sexo do descen-
dente. As fêmeas formam apenas um tipo de gameta.
58
Herança ligada ao sexo e mecanismos de determinação sexual
Aula
- Sistema XY/XX
Os machos formam gametas que apresentam, além do lote de autos-
somos, cromossomos sexuais distintos, uns contendo o cromossomo Y
4
que determinara o sexo masculino, outros contendo o cromossomo X, que
determina o sexo feminino.
Este sistema é encontrado em humanos e outros mamíferos.
- Sistema X0/XX
Os machos formam gametas que apresentam numero distinto de cro-
mossomos. A presença de um cromossomo X no gameta do macho, além
dos autossomos, determina a formação de uma fêmea e, sua ausência, a
formação de um organismo macho. Ocorre em percevejos, gafanhotos e
baratas.
FÊMEAS HETEROGAMÉTICAS
Agora, são as fêmeas quem vão formar gametas distintos e determinar
o sexo dos descendentes. Para diferenciar dos sistemas de machos het-
erogaméticos, os cromossomos sexuais nesta condição são denominados
como Z e W.
- Sistema ZW/ZZ
As fêmeas formam gametas contendo ou o cromossomo Z, que deter-
minará a formação de um macho, ou o cromossomo W, que determina a
formação de uma fêmea. Os machos formam apenas gametas portadores
do cromossomo Z, alem do lote de autossomos. Ocorre em borboletas,
mariposas, alguns peixes e aves.
59
Genética Básica
- Sistema Z0/ZZ
Gametas das fêmeas contendo o lote de autossomos mais o cromos-
somo Z determina a formação de um macho. Se o gameta da fêmea, apre-
senta apenas o lote de autossomos, o organismo formado será uma fêmea.
Os gametas dos machos, todos apresentam o cromossomo Z alem do lote
de autossomos. Encontrado em galinha e alguns répteis.
SISTEMA HAPLOIDE-DIPLOIDE
60
Herança ligada ao sexo e mecanismos de determinação sexual
Aula
Machos: 2A + XY
Fêmeas: 2A + XX
61
Genética Básica
CONCLUSÃO
RESUMO
62
Herança ligada ao sexo e mecanismos de determinação sexual
Aula
ATIVIDADES
1. Assista ao filme Óleo de Lorenzo e explique o mecanismo de herança
4
da doença adenoleucodistrofia apresentada nessa história.
2. Uma mulher, em um exame oftalmológico, foi diagnosticada com dalton-
ismo, mas, esta característica se manifestava apenas em seu olho direito. Do
olho esquerdo, essa mulher apresentava visão normal. Com base nos con-
hecimentos estudados nessa aula, explique como esse fenômeno é possível:
AUTOAVALIAÇÃO
63
Genética Básica
PRÓXIMA AULA
A partir da próxima aula, iniciaremos o estudo da Genética molecular.
Será entendida a estrutura do material genético e todo o funcionamento
dos genes. É muito importante ter a idéia da estrutura cromossômica e dos
mecanismos de herança, para que esses novos conceitos venham completar
efetivamente a compreensão da Genética.
REFERÊNCIAS
64
Aula
META
Apresentar a estrutura molecular do DNA e RNA.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
conhecer as estrutura de um nucleotídeo; compreender as propriedades dos ácidos nucléicos
relacionadas à sua constituição molecular; compreender o sentido 5’-3’ na estrutura dos ácidos
nucléicos; conhecer as diferentes bases nitrogenadas e a forma como interagem entre si;
diferenciar estruturalmente DNA e RNA.
PRÉ-REQUISITOS
Conceitos de biologia celular e química de ensino médio.
Genética Básica
INTRODUÇÃO
Bem vindo ao maravilhoso mundo da Genética Molecular. A partir
desse capítulo, você vai conhecer detalhadamente a constituição molecular
dos ácidos nucléicos (DNA e RNA) e assim, poderá compreender suas
propriedades, como o comportamento destas moléculas, a natureza da
informação genética e a estrutura de um gene, conhecimentos de extrema
importância para a compreensão de todo o funcionamento gênico e também
para o desenvolvimento das novas tecnologias da genética.
Será estudada a constituição dos nucleotídeos e a forma como se
“encaixam” e interagem entre si para compor as moléculas dos ácidos
nucléicos. Em seguida, serão apresentadas as diferenças estruturais entre
DNA e RNA, estendendo às suas propriedades funcionais relacionadas à
sua estruturação molecular.
As informações desta aula são a base para a compreensão de todo
o conteúdo de genética molecular que será estudado. Assim, será muito
importante que dedique atenção especial a essa aula e que também faça
revisões dos conceitos aqui apresentados sempre que for necessário nas
aulas posteriores.
CONHECENDO O NUCLEOTÍDEO
66
Estrutura dos ácidos nucleicos
Aula
67
Genética Básica
68
Estrutura dos ácidos nucleicos
Aula
69
Genética Básica
Figura 8. Representação da estrutura de cadeia dupla com fitas antiparalelas do DNA e da fita simples
de RNA (Fonte: adaptado de www.accessexcellence.org/AB/GG/nucleic.php).
Figura 9. James Watson e Francis Crick com o modelo de estrutura proposto para o DNA em 1953
(Fonte: http://www.reproductive-revolution.com/watson_crick.html).
70
Estrutura dos ácidos nucleicos
Aula
Figura 10. Modelo tridimensional da dupla hélice de DNA (Fonte: adaptado de: http://commons.
wikimedia.org/wiki/File:A-DNA,_B-DNA_and_Z-DNA.png).
71
Genética Básica
72
Estrutura dos ácidos nucleicos
Aula
Figura 11. Estrutura molecular das bases nitrogenadas demonstrando a formação específica de
pontes de Hidrogênio (Fonte: http://www.enq.ufsc.br/.../genetica/dna042.png).
73
Genética Básica
Figura 12. Diferenças estruturais entre DNA e RNA (Fonte: adaptado de www.ibb.unesp.br/.../imagens/dna_rna.jpg)
CONCLUSÃO
Ao final desta aula, é importante que você verifique se os objetivos
propostos realmente foram atingidos em seu aprendizado, pois, estas infor-
mações são fundamentais para a compreensão das próximas aulas.
Você deve conhecer bem a estrutura dos nucleotídeos, especialmente
compreender a numeração dos carbonos do açúcar e em quais desses car-
bonos vamos encontrar a base nitrogenada, o ácido fosfórico, onde teremos
a diferença entre uma ribose e uma desoxirribose e os pontos de ligação
entre um nucleotídeo e outro na cadeia.
74
Estrutura dos ácidos nucleicos
Aula
RESUMO
A estrutura dos ácidos nucléicos é definida a partir da polimerização de
nucleotídeos formando cadeias lineares. Os nucleotídeos são constituídos por
fosfato, açúcar e base nitrogenada. Os açúcares são do tipo ribose para RNA e
desoxirribose para o DNA. As bases nitrogenadas são classificadas como púricas
(adenina e guanina) e pirimídicas (citosina, timina e uracila). A base nitrogenada
timina é especifica de DNA e a uracila, para RNA. O DNA é uma cadeia dupla
e o RNA, uma cadeia simples. No DNA as bases nitrogenadas interagem entre
si, formando pares específicos de timina com adenina, e citosina com guanina.
Esta especificidade entre as bases é dada por sua conformação estrutural e
pelas pontes de hidrogênio formadas entre as mesmas. A sequência de bases
nitrogenadas é o que determina o código genético.
ATIVIDADES
1. Extração caseira de DNA.
Uma atividade prática de fácil realização é a extração caseira de DNA
vegetal. Esta atividade pode ser realizada em sua própria cozinha, utilizando
material comum do seu uso diário, como água, detergente, sal, álcool, fru-
tos macios (banana, mamão ou morango), copo, funil, filtro de café e saco
plástico e palito de churrasco.
Primeiramente, faça uma solução em um copo de água, com duas
colheres cheias de sal e quatro colheres de detergente. Amasse bem o
fruto dentro do saco plástico, adicione a solução de água, sal e detergente
e misture para homogeneizar. Com auxilio de um funil, filtre a solução e
recolha o material liquido (filtrado) em um copo.
Adicione lentamente, deixando escorrer pela parede do copo, o álcool
(que deve ser utilizado gelado para obter melhor resultado).
Com o palito de churrasco, mecha lentamente a solução em movimentos
circulares e verá a formação de uma “nuvem” esbranquiçada na solução
em torno do palito.
75
Genética Básica
AUTOAVALIAÇÃO
Após estudar esta aula, consigo:
1. Descrever a estrutura comum dos nucleotídeos?
2. Explicar o motivo estrutural do DNA apresentar cargas negativas e ter
caráter ácido?
3. Explicar como é determinado na estrutura molecular dos ácidos nucléicos
o sentido 5’-3’?
4. Diferenciar estruturalmente os dois grupos de bases nitrogenadas?
5. Explicar o que determina a especificidade no pareamento entre as bases
nitrogenadas?
76
Estrutura dos ácidos nucleicos
Aula
PRÓXIMA AULA
Na próxima aula será abordada a replicação do material genético. Os
conceitos aqui estudados sobre a estrutura do DNA serão de extrema im-
portância para a compreensão do novo conteúdo, especialmente a estrutura
dos nucleotídeos, com ênfase no sentido 5’-3’.
REFERÊNCIAS
77
Aula
REPLICAÇÃO DO DNA E
6
TRANSCRIÇÃO
META
Apresentar os processos de replicação e transcrição do material genético e fornecer as informações
necessárias para o estudante compreender a base molecular da hereditariedade e da expressão
gênica.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
saber como ocorre o processo de replicação do DNA ao nível molecular e relacionar esse evento
aos mecanismos de reprodução e formação de organismos multicelulares;
compreender como se dá a passagem da informação contida no DNA para as moléculas de RNA
pelo processo de transcrição;
entender a relação entre a transcrição e a expressão gênica;
conhecer a base comum da replicação e da transcrição em procariotos e eucariotos, bem como
entender as particularidades relacionadas a esses dois grupos.
PRÉ-REQUISITOS
Conhecimento sobre a estrutura do material genético.
Genética Básica
INTRODUÇÃO
Prezado estudante, nas aulas da disciplina de Biologia Celular certa-
mente você deve ter estudado as características celulares, bem como a mitose
e a meiose, mecanismos de divisão celular. Também dever ter visto que
existe desde organismos que são formados por uma única célula, tal como
as bactérias, até organismos multicelulares, como o próprio homem. Estima-
se que um homem adulto tenha cerca de 65.000.000.000.000 (sessenta e
cinco trilhões) de células, sendo a maior parte delas, células somáticas que
formam juntas os diversos tecidos e órgãos que compõem o organismo.
Nessa aula veremos os mecanismos básicos moleculares pelos quais uma
célula gera linhagens inteiras de células geneticamente idênticas, por meio
de um processo de replicação altamente preciso, ou então como utiliza esse
mesmo mecanismo para gerar descendentes, tanto de forma assexuada
quando por mecanismos de reprodução sexuada. Entretanto, mesmo sendo
geneticamente idênticas, os nossos trilhões de células somáticas não são
funcionalmente, nem morfologicamente, idênticas. Então, como é possível
gerar diversidade e especificidade utilizando o mesmo material genético
obtido por meio da replicação? Parte dessa resposta está no processo
de transcrição, que diz respeito ao modo pelo qual as células transmitem
às moléculas de mRNA informações específicas que serão utilizadas em
um processo posterior que dirige a produção das proteínas, mecanismos
associados ao código genético e ao processo de tradução que serão abor-
dados no próximo capítulo. Em resumo, veremos como os genomas são
conservados por meio da replicação que cria novas cópias genéticas e como
as informações genéticas contidas no genoma são utilizadas por meio da
transcrição do genes.
REPLICAÇÃO
80
Replicação do DNA e transcrição
Aula
Figura 1- Gêmeos univitelinos: as gêmeas idênticas Betty Richards e Jenny Pelmore numa foto de
infância e, à direita, comemorando seus 101 anos de vida em Manchester, na Inglaterra.
(Fonte: http://www.telegraph.co.uk).
81
Genética Básica
82
Replicação do DNA e transcrição
Aula
83
Genética Básica
ORIGENS DA REPLICAÇÃO
No ano de 1963, estudos auto-radiográficos do cromossomo de
E.coli mostraram que o cromossomo bacteriano é uma estrutura circular
e que o processo de deselicoidização da molécula de DNA e a replicação
semi-conservativa eram processos que ocorrem de forma acoplada, quase
simultaneamente interpretação dos pesquisadores paras as auto-radiografias
indicaram também que a replicação tem início em um sítio específico,
chamado de origem e ocorre de forma bidirecional ao redor do cromos-
somo circular, em um modelo denominado círculo rolante.
Figura 4- Auto-radiografia de um cromossomo bacteriano em processo de replicação. (a) Uma auto-radiografia do clássico
trabalho de Cairns (1963), com seu diagrama interpretativo acima à direita. Os filamentos radioativos são mostrados com
linhas sólidas e os filamentos novos são ilustrados como linhas tracejadas. (b) interpretação do processo de replicação
bidirecional chamado círculo rolante
(Fonte: http://schaechter.asmblog.org).
84
Replicação do DNA e transcrição
Aula
REPLICAÇÃO BIDIRECIONAL
Cairns em seus estudos considerou que a replicação teria uma única
6
origem e formaria uma única forquilha de replicação em movimento unidi-
recional ao redor do cromossomo circular. No entanto sabe-se atualmente
que a replicação em procariontes pode ter a formação de duas forquilhas
a partir de uma única origem, com as duas forquilhas movendo-se em
sentidos opostos, ou seja, a replicação realiza um movimento bidirecional.
A replicação bidirecional foi descoberta em experimentos realizados
com vírus bacterianos da E. coli, denominados de fago lambda. O cromos-
somo do bacteriófago lambda apresenta regiões ricas em A:T onde ocorrem
as diferenciações. Experimentos de Schnos e Inman (1960) demonstraram
que a replicação do cromossomo lambda parte de uma mesma origem em
movimento bidirecional.
No processo de desnaturação do DNA as pontes de hidrogênio e as
ligações hidrofóbicas são quebradas quando expostas a altas temperaturas ou
pH ácido por exemplo. Nessa quebra os filamentos do DNA são separados,
mas os pares de A:T são rapidamente desnaturados por possuírem apenas
duas pontes de hidrogênio, enquanto que os pares G:C são ligados por três
pontes. As bolhas da desnaturação dos pares A:T podem ser vistas através de
microscopia eletrônica e assim utilizados como marcadores. Schnos e Inman
observaram as posições dessas bolhas em vários réplicons e puderam demon-
strar as forquilhas em sentidos opostos ao redor do cromossomo circular.
A replicação bidirecional foi comprovada em outros organismos incluindo
eucariontes, mas a replicação bidirecional não se aplica a todas as espécies,
apesar de ocorrer na maioria, em colifagos, por exemplo, ela é unidirecional.
Nos cromossomos eucarióticos, que apresentam vários sítios de origem
de replicação existem diversos réplicons. O réplicon é, portanto, o produto
da replicação gerado a partir de um sítio de origem de replicação.
85
Genética Básica
DNA POLIMERASES
86
Replicação do DNA e transcrição
Aula
REPLICAÇÃO EM EUCARIONTES
A replicação em eucariontes ainda não tem todos seus mecanismos
completamente elucidados, mas sabe-se que apresentam algumas diferenças
quando comparados à replicação dos procariontes. As principais diferenças
são: origens múltiplas de replicação, maior número de polimerases, maior
diversidade de funções para DNA polimerases, montagem de nucleossomos
após a replicação.
Como visto anteriormente em leveduras, algumas seqüências de DNA
(ARS) possuem a habilidade de se auto-reaplicar, o que possibilita a repli-
cação de qualquer filamento de DNA, uma vez que estejam ligados a uma
destas ARS. O complexo de reconhecimento de origem (ORC) liga-se a
ARS desenrolando o DNA. O DNA eucariótico possui muitas origens de
replicação e cada origem possui um ORC. O genoma precisa ser replicado
de forma a não repetir nenhum gene nem deixar que algum gene não seja
replicado. Assim em células eucarióticas o inicio da replicação se dá em
duas fases para maior controle do processo de replicação.
Na primeira fase as origens são aceitas para replicação por meio de um
fator de permissão da replicação que se liga a estas origens. Na fase seguinte
as proteínas iniciadoras se ligam somente às origens “permitidas” ou ligadas
a seu fator de permissão, a partir de então se tem a separação dos filamen-
87
Genética Básica
88
Replicação do DNA e transcrição
Aula
Teta
Ioda
Sim
Sim
Não
Não
Reparo do DNA.
Síntese de DNA
translesão.
6
Kapa Sim Não Síntese de DNA
translesão.
Lambda Sim Não Reparo do DNA.
Mi Sim Não Reparo do DNA.
Sigma Sim Não Replicação do DNA
nuclear, reparo do
DNA,e coesão de
cromátides irmãs.
EFEITO DE OKAZAKI
É do conhecimento de vocês que a molécula de DNA é formada por
uma hélice dupla, constituída de duas fitas complementares que apresentam
polaridades opostas e por isso, são denominadas antiparalelas. Enquanto
uma tem sentido 3’→5’, a fita complementar encontra-se no sentido 5’→3’.
Para que um novo nucleotídeo seja adicionado durante a polimerização a
DNA polimerase cliva o nucleotídeo trifosfatado (utilizado como matéria
prima), liberando duas moléculas de fósforo inorgânico, o que fornece a
energia necessária para a catálise da formação de uma ligação fosfodiester
entre a ligação livre, do único fosfato restante no nucleotídeo, e a extremi-
dade 3’-OH livre da desoxirribose da fita nascente. Assim, cada nucleotídeo
novo deixa uma extremidade 3’-OH livre para os próximos nucleotídeos,
repetindo esse passo sucessivamente, enquanto estiverem na presença
da fita molde. Como as DNA polimerases iniciam a síntese a partir do
fragmento 3’OH livre fornecido pelo primer, a fita nova 5’→3’ apresenta
uma síntese contínua dando origem ao filamento denominado leading, e
a fita nova no sentido 3’→5’ apresenta síntese descontínua originando o
filamento lagging. Quando a fita molde está no sentido 5’→3’ não é pos-
sível fornecer à DNA polimerase uma extremidade livre 3’OH de forma
simultânea ao fornecimento da fita molde, uma vez que a extremidade livre
3’OH encontra-se na extremidade oposta à fita molde.
A síntese do filamento lagging tem sentido contrário ao da deselicoidização,
indo de encontro à forquilha de replicação, o que faz a síntese desse filamento
ocorrer de forma fragmentada, já que o primer é adicionado à distância de
algumas centenas de nucleotídeos da forquilha de replicação (para solucionar
a falta de fita molde) e a polimerização se estende até voltar à parte já replicada,
sendo necessários vários primers, sendo um para cada fragmento da fita lagging.
Assim a síntese do filamento lagging se dá de forma descontínua em fragmen-
tos curtos que são denominados de fragmentos de Okazaki. A figura a seguir
ilustra a formação das fitas lagging e leading durante o processo de replicação.
89
Genética Básica
O MECANISMO DE REPLICAÇÃO
O complexo de replicação pode ser resumido ao que ocorre durante
a formação de um réplicon.
90
Replicação do DNA e transcrição
Aula
Figura 7- Esquema representativo da abertura da fita de DNA evidenciando as funções das proteínas
SSB e das helicases.
(Fonte:www.ufsm.br).
91
Genética Básica
izadas por clivar apenas uma das duas fitas de DNA. Essa quebra unifilamentar
permite que a fita clivada gire em torno do eixo da molécula, desfazendo a
superélice e, consequentemente, permitindo que a abertura da fita dupla de
DNA possa continuar. A clivagem realizada pelas topoisomerases tipo I são
energeticamente mais eficientes. As topoisomerases do tipo II apresentam como
principal diferença a clivagem bifilamentar do DNA, podendo remover ou até
mesmo introduzir superélices utilizando um mecanismo que requer energia.
A topoisomerase do tipo II mais bem caracterizada é a enzima DNA girase.
Figura 8 – Adição de novos nucleotídeos pela DNA polimerase na extremidade 3’OH livre da fita nova.
92
Replicação do DNA e transcrição
Aula
93
Genética Básica
OS TIPOS DE RNA
94
Replicação do DNA e transcrição
Aula
RNA MENSAGEIRO 6
O RNA mensageiro ou mRNA foi descoberto na década de 1950 por
François Gros em estudos com bacteriófagos da E. coli, por meio de uma
experimento conhecido como pulso-caça, nesse experimento Góis marcou a
uracila radioativamente e observou seus movimentos na síntese, e percebeu
que o RNA do fago tinha curta duração e estava associado aos ribossomos,
interpretou que esse RNA fosse um de transferência de informações entre
o DNA e os ribossomos, cunhando-o de mensageiro. O mRNA codifica e
carreia as informações genéticas do DNA para os ribossomos. O mRNA
divide-se em três regiões: a região5’ que não codifica a seqüência de aminoá-
cidos da proteína; a região codificante onde são encontrados os códons, for-
mados por três nucleotídeos que, em conjunto, determinam um aminoácido
a ser incluído na síntese e a região 3’ não traduzida em proteína. Os RNAs
heterogêneos nucleares (htRNA) são os produtos primários da transcrição em
eucariotos. Vale lembrar que as células de bactérias não possuem htRNA já
que nestas a transcrição ocorre simultaneamente a tradução. O RNA heterogê-
neo nuclear é um precursor do mRNA maduro que está restrito ao núcleo
das células eucarióticas e geralmente é muito maior que o mRNA maduro,
em função de ser formado por uma fita de RNA exatamente complementar
à fita molde do DNA de origem, incluindo regiões codificantes (Exons) e
regiões não codificantes (introns). Voltaremos a esse tema quando tratarmos
do processamento do mRNA em eucariontes.
95
Genética Básica
96
Replicação do DNA e transcrição
Aula
RNA RIBOSSOMAL
O RNA ribossomal ou rRNA faz parte da constituição dos ribossomos
6
compondo suas unidades e subunidades e conjunto com diversas proteínas.
Nos ribossomos encontra-se aproximadamente 80% de todo o RNA con-
tido na célula e neles é que são montadas as proteínas. Nos procariontes os
rRNA’s interagem com mais de 50 proteínas ribossômicas diferentes para
formar a complexa estrutura tridimensional do ribossomo. As classes de
rRNA procarióticas são chamadas: 5S, 16S e 23S. Essa nomenclatura se dá
em função de sua densidade em gradiente de sedimentação em sucrose.
Nos ribossomos eucarióticos os rRNA interagem com cerca de 80 proteínas
diferentes, sendo as classes de rRNA eucarióticos designados 5S, 5,8S, 18S
e 28S. O rRNA é obtido por transcrição e o produto final dos genes são
moléculas de RNA.
97
Genética Básica
RIBOZIMAS
98
Replicação do DNA e transcrição
Aula
SÍNTESE DE RNA 6
A transcrição é o mecanismo pelo quais todas as categorias de RNA,
vistas anteriormente, são sintetizadas. A transcrição utiliza uma fita de DNA
como molde e assemelha-se à replicação, no entanto são copiados apenas
alguns trechos do DNA, como um gene ou alguns poucos genes. Pois seria
demasiadamente desnecessário que a todo tempo que uma célula neces-
sitasse de uma proteína especifica tivesse que transcrever todo o genoma.
Assim a transcrição proporciona à célula a oportunidade de selecionar quais
proteínas serão produzidas segundo sua necessidade.
Para a transcrição são necessários três elementos básicos:
1. O filamento molde de DNA – que consiste em uma única fita de DNA,
diferentemente da replicação que ocorre em ambas as fitas da dupla hélice,
pois em qualquer trecho do DNA uma única fita possui a informação a ser
transcrita, que é a unidade de transcrição;
2. O substrato (nucleotídeos) – o RNA é constituído de trifosfatos de ribo-
nucleosídeos (rNTPs) que são adicionados molécula por molécula ao grupo
3’-OH somado ao fósforo orgânico, constituindo-se a como a matéria prima
da transcrição (RNAn + rNTP → RNAn+1 +PPi, onde PPi é o fósforo);
3. O aparelho de transcrição – é constituído de por uma gama de enzimas
e proteínas que auxiliam, sintetizam e regulam o processo de transcrição.
AS RNA POLIMERASES
TRANSCRIÇÃO EM PROCARIONTES
99
Genética Básica
INÍCIO
100
Replicação do DNA e transcrição
Aula
ELONGAMENTO
O elongamento da cadeia de RNA é catalisado pelo cerne da enzima
6
RNA polimerase após a liberação da subunidade sigma, dentro da bolha de
transcrição, que é um segmento de RNA que permanece aberto durante a
catálise da transcrição, tanto a abertura quanto o fechamento temporário da
bolha é catalisado pela RNA polimerase, além da adição de ribonucleosídeos
trifosfatados complementares a fita de DNA molde.
TÉRMINO E LIBERAÇÃO
101
Genética Básica
O PROCESSO DE TRANSCRIÇÃO EM
EUCARIOTOS
102
Replicação do DNA e transcrição
Aula
ELONGAMENTO
TÉRMINO
PROCESSAMENTO DE RNA
103
Genética Básica
Figura 17- RNA heterogêneo nuclear o o processo de splicing para a obtenção do mRNA maduro
(Fonte: http://www.emc.maricopa.edu).
104
Replicação do DNA e transcrição
Aula
105
Genética Básica
106
Replicação do DNA e transcrição
Aula
Interação Ação
U1 + sítio de corte 5’ Induz íntron a remoção, sempapel direto na
recomposição.
U2 + ponto de ramificação Formação do laço.
U2 + U6 Mantém a ponta 5’ do íntron próxima do
ponto de ramificação.
U6 + ponto de corte 5’ Posiciona a ponta 5’ do íntron próxima ao
ponto de ramificação.
107
Genética Básica
CONCLUSÃO
A molécula de DNA passa pelo processo de replicação para garantir a
hereditariedade das células, possibilitando o desenvolvimento de organismos
pluricelulares e as diversas formas de reprodução, utilizando um processo
muito preciso envolvendo diversas moléculas que garantem a replicação
semi-conservativa do DNA. Por outro lado, podemos concluir que é no
processo de transcrição que o DNA realmente inicia a realização de sua
função de fornecimento de informações genéticas que determinam as car-
acterísticas das proteínas e, participando efetivamente do material genético
na formação do organismo.
RESUMO
A estrutura do DNA proposta por Watson e Crick levou-os a propor um
modelo para a replicação do DNA. Em 1958 os pesquisadores Meselson e
Stahl conseguiram comprovar que a replicação ocorre realmente de forma
semi-conservativa. A replicação envolve sempre um sítio inicial chamado
origem de replicação, sendo o produto da replicação iniciado pelo sítio de
origem denominado réplicon. Bactérias possuem geralmente apenas um
sítio de origem de replicação, tendo apenas um réplicon. No entanto, em
eucariotos existem diversos pontos de origem e, consequentemente, vários
réplicons. Em termos moleculares, a abertura da fita de DNA é realizada
108
Replicação do DNA e transcrição
Aula
109
Genética Básica
ATIVIDADES
1. A replicação do DNA é um mecanismo enzimaticamente muito rigoroso,
pois um número muito pequeno de erros é condição básica da sobrevivência
da espécie. Por que são adicionados erros na replicação?
a) porque a enzima incorpora bases trocadas com baixa freqüência;
b) porque as bases são quimicamente modificadas por enzimas celulares
e transformam-se assim umas nas outras logo depois do processo de rep-
licação;
c) porque a tautomeria de bases confunde a enzima na hora da síntese;
d) porque o mecanismo de revisão induz mutações;
e) porque radicais livres na célula modificam quimicamente as bases recém-
incorporadas, antes que sejam metiladas.
2. Complete: Cada aminoácido é levado aos ribossomos para a síntese
de polipeptídeos pelo pareamento de bases entre o __________ de uma
molécula de aminoacil-RNAt e o __________ de um RNAm.
3. Com base nos eventos ocorridos na replicação do DNA, relacione a
segunda coluna de acordo com a primeira:
DNA pol I ( ) Junta os fragmentos de Okasaki
Forquilha de replicação ( ) Curtos segmentos de RNA
5´- 3 ( ) Remove os primers e substitui por DNA
DNA ligase ( ) Desenrola o DNA
Primer ( ) Direção da replicação
Fragmentos de Okasaki ( ) Sintetiza DNA na fita contínua e
descontínua
Helicase ( ) região onde está ocorrendo a replicação
DNA pol III ( ) Curtos fragmentos de DNA na
fita descontínua
AUTOAVALIAÇÃO
110
Replicação do DNA e transcrição
Aula
PRÓXIMA AULA
Na próxima aula você vai acompanhar o mecanismo de tradução da
6
informação contida no DNA e as propriedades do código genético.
REFERÊNCIAS
EMERSON A. CASTILHO MARTINS, E.A.C., MACIEL-FILHO, P.R.
Mecanismos de expressão gênica em eucariotos, Revista da Biologia –
www.ib.usp.br/revista – volume 4 – junho de 2010.
GRIFFITS, A. J. F. e Col – Introdução à genética – Editora Guanabara
Koogan, 9a edição, Rio de Janeiro, RJ, 2008.
SNUSTAD, D. P. – Fudamentos à Genética - Editora Guanabara Koogan,
6a edição, Rio de Janeiro, RJ, 2008.
111
Aula
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
entender como foi decifrado e qual a função desempenhada pelo código genético no processo de
expressão gênica;
identificar as principais características do código genético;
entender o processo de tradução e sua relação com a informação genética de um organismo.
PRÉ-REQUISITO
Conhecimento sobre a estrutura do material genético, noções básicas de bioquímica.
Genética Básica
INTRODUÇÃO
Prezado estudante, o assunto dessa aula representa um dos mais fasci-
nantes capítulos da genética por decifrar um dos grandes enigmas da bio-
logia, que explica como a informação genética armazenada no DNA, por
meio da sequência de pares de nucleotídeos, pode determinar o fenótipo de
um organismo, ou seja, nessa aula você vai concluir a ideia da colinearidade
entre genes e proteínas. Portanto, essa é a continuidade da história iniciada
nas aulas anteriores, que trataram da estrutura do material genético e da
estratégia utilizada pela célula para produzir moléculas intermediárias de
RNA por meio da transcrição. Nessa aula entenderemos o código gené-
tico, uma vez que a linguagem química entre ácidos nucleicos e proteínas
é diferente. Enquanto as unidades formadoras dos ácidos nucleicos são
os nucleotídeos, nas proteínas tais unidades são os aminoácidos. Depois
de entendermos o código genético, podemos passar para o mecanismo de
tradução propriamente dito. Nessa etapa veremos como as proteínas são
formadas a partir das informações provenientes das moléculas de RNA
mensageiro, bem como se dá a participação de outros tipos de RNA nesse
processo que ocorre nos ribossomos envolvendo diversas macromoléculas.
114
Código genético e tradução
Aula
sem votos. Como uma estrutura tão simples, contendo apenas 4 tipos de
unidades (os nucleotídeos) poderia gerar toda a informação necessária para
dar conta de toda a diversidade genética dentro e entre as espécies? Então,
7
quando na década de 1950 ficou comprovado, sem nenhuma sombra de
dúvida, que candidato “azarão” – O DNA – era o material genético, mas
sobrou uma grande dúvida para a comunidade científica: uma vez que são
os ácidos nucleicos que contêm as informações genéticas, como eles estão
relacionados à sequência de aminoácidos das proteínas?
Vamos entender melhor esse questionamento, vejam a estrutura química
de um nucleotídeo e compare-o com a estrutura de um aminoácido padrão.
Figura 1
ESTRUTURA PROTEICA
115
Genética Básica
Figura 2.
116
Código genético e tradução
Aula
117
Genética Básica
O CÓDIGO GENÉTICO
118
Código genético e tradução
Aula
119
Genética Básica
120
Código genético e tradução
Aula
O CÓDIGO COMPLETO
121
Genética Básica
122
Código genético e tradução
Aula
123
Genética Básica
Figura 7 – Ligação do tRNA ao aminoácido numa reação catalisada pela enzima Aminoacil tRNA
sintetase.
124
Código genético e tradução
Aula
RIBOSSOMOS
Os ribossomos são estruturas complexas encontradas geralmente associadas
7
às membranas internas celulares formadas na proporção aproximada de 50% de
RNA ribossomal e 50% proteínas. Os ribossomos durante o processo de tradução
do mRNA possuem duas subunidades de tamanhos diferentes, chamadas sub-
unidade maior subunidade menor, ligadas entre, mas que se dissociam ao final
do processo de tradução. Esta organização básica é comum entre procariontes
e eucariontes, entretanto, as moléculas de rRNA e proteínas significativamente
diferentes, o que possibilita diferenciar os ribossomos dos dois grupos. O RNA
ribossomal é produzido a partir da transcrição do DNA; nos eucariontes esse
processo ocorre no nucléolo, que é uma região especializada do núcleo para a
produção de moléculas de rRNA. Essas moléculas são produzidas na forma de
precursores bem maiores que, de forma parecida com o que o ocorre com o
mRNA, são processadas em rRNA que ainda sofrem metilações, processo que
parece proteger o rRNA da degradação pelas ribonucleases no citoplasma. Os
genes que decodificam o rRNA geralmente estão presentes em muitas cópias
nos genomas de todos os organismos estudados até hoje. Essa redundância é
importante em função da grande quantidade de ribossomos nas células.
Os ribossomos presentes em células procarióticas possuem uma sub-
unidade maior com coeficiente de sedimentação em gradiente de densidade
de 50S (Svedberg) e outra menor com 30S. A estrutura completa, com o
arranjo das duas subunidades nos procariontes apresenta coeficiente de
sedimentação 70S. Nos eucariontes, a subunidade maior tem coeficiente
60S e a menor 40S, formando uma estrutura de 80S quando as duas partes
encontram-se associadas. A figura a seguir mostra em detalhes os compo-
nentes que formam os ribossomos de células procarióticas e eucarióticas.
Figura 8 – Ligação do tRNA ao aminoácido numa reação catalisada pela enzima Aminoacil tRNA sintetase.
125
Genética Básica
TRADUÇÃO
INICIAÇÃO
126
Código genético e tradução
Aula
ALONGAMENTO
127
Genética Básica
TÉRMINO
128
Código genético e tradução
Aula
129
Genética Básica
CONCLUSÃO
O código genético explica como quatro nucleotídeos controlam a
informação para determinar a sequência de aminoácidos no processo de
formação das proteínas. Existe uma colinearidade entre genes e proteínas e
a tradução é a efetivação dessa relação, quando a informação genética levada
pelo RNA mensageiro é decodificada na forma de um polipeptídeo, ou seja,
a ligação entre genótipo e fenótipo é uma proteína: a maioria dos genes afeta
o fenótipo codificando proteínas. A corrida científica iniciada na década de
1950 levou a total decifração do código genético, ao conhecimento de suas
propriedades e ao reconhecimento dos fatores envolvidos no processo de
tradução. Nessa aula foi possível observar o papel desempenhado pelos
ribossomos, pelo mRNA, tRNA e rRNA, suas características e como es-
sas unidades estão envolvidas com a produção de proteínas. Porém, uma
importante propriedade do código genético, sua universalidade, deve ser
lembrada. Essa propriedade gera um importante registro do elo que liga
todos os seres vivos e nos remete a uma origem ancestral comum, uma
vez que não é por acaso que compartilhamos um mesmo sistema, sendo o
código genético algo tão específico, deixando claro que pertencemos todos,
das bactérias às plantas e animais, à mesma árvore da vida.
RESUMO
O código genético e a tradução mostram como a informação genética
armazenada no RNA mensageiro que foi transcrito pelo DNA, pode deter-
minar a sequência de aminoácidos de uma proteína e participar na formação
do fenótipo de um organismo. Cerca de 15% do peso do conteúdo celular
é formado por proteínas, que por sua vez, desempenham funções vitais
para os seres vivos. A unidade formadora das proteínas é o aminoácido,
sua estrutura química é formada por um carbono assimétrico, um grupo
carboxila, um grupo amino, um hidreto e um grupo lateral R, que varia de
aminoácido para aminoácido, conferindo a eles diferentes propriedades
bioquímicas. As sequências de aminoácidos ligadas covalentemente são
denominadas polipeptídeos. Essas estruturas são formadas por até 20
tipos diferentes de aminoácidos e possuem uma enorme diversidade nos
seres vivos. O código genético é o modo pelo qual a informação genética
é armazenada na sequência de nucleotídeos de um gene. As características
do código genético podem ser resumidas em algumas propriedades: o có-
digo genético é formado por trincas de nucleotídeos no mRNA , ou seja, 3
nucleotídeos decodificam um aminoácido específico; é redundante porque
mais de um códon pode especificar o mesmo aminoácido e a relação entre
o códon e o aminoácido se dá pelo tRNA que carrega um aminoácido es-
pecífico adequado ao seu anticódon; o código genético é quase universal,
130
Código genético e tradução
Aula
ou seja, serve para todos os seres vivos, com exceção de alguns códons;
não é sobreposto, ou seja, possui apenas uma matriz de leitura que é estab-
elecida pelo códon de iniciação, que geralmente recebe a n-formil metionina
7
em bactérias (ou a metionina em eucariontes). O processo de tradução
compreende as fases de início, alongamento e término e cada mRNA pode
ser simultaneamente traduzido por vários ribossomos e muitas proteínas
ainda não estão prontas ao final da tradução, existindo a possibilidade de
que sejam modificadas por mecanismos pós-traducionais.
ATIVIDADES
1. Baseando-se na lista de códons e aminoácidos abaixo, quais das seguintes
afirmações são corretas?
AGU = serina AGC = serina
AAU = asparagina AAC = asparagina
AUG = metionina AUA = isoleucina
a) o código genético é degenerado
b) a alteração de um único nucleotídeo no DNA que dirige a síntese destes
códons poderia levar à substituição de uma serina por uma asparagina no
polipeptídeo.
c) a alteração de um único nucleotídeo no DNA que dirige a síntese destes
códons necessariamente levaria à substituição de um aminoácido no poli-
peptídeo codificado.
d) um tRNA com o anticódon ACU se ligaria a um ribossomo na presença
de um destes códons.
2. Responda:
a) Em procariotos, a maioria da cadeias polipeptídicas são iniciadas com o
aminoácido ______, cujo códon é ______.
b) Num sistema de síntese de proteínas in vitro, que permita o início e
término da síntese em qualquer sequência de RNA, que peptídeo seria
produzido pelo poli-ribonucleotídeo 5'-UUUGUUUUUGUU-3' ? Indique
qual o aminoácido N-terminal e o C-terminal do polipeptídeo obtido.
c) O códon AUG funciona tanto para iniciar uma cadeia polipeptídica
quanto para dirigir a incorporação de uma metionina em posições internas
de uma proteína. Quais os mecanismos de seleção do códon AUG para a
iniciação da tradução em procariotos?
3. O antibiótico Cloranfenicol se liga ao ribossomo 50S e inibe a atividade
da peptidil-transferase, enquanto o Ácido fusídico se liga ao fator de elon-
gação G (EF-G) e inibe a liberação de EF-G do complexo EF-G/GDP;
as Quinolonas se ligam à subunidade A da DNA girase (topoisomerase) e
impede o superenrolamento do DNA, impedindo assim a síntese de DNA.
Que efeito (s) você esperaria em um tratamento anti-bacteriano, usando
cada um destes antibióticos?
131
Genética Básica
AUTOAVALIAÇÃO
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
132
Aula
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
compreender a importância da precisão dos processos biológicos para a sobrevivência dos
organismos;
compreender a função e importância das mutações gênicas na geração da variabilidade,
entender a origem e efeito das mutações sobre o funcionamento celular;
dompreender o funcionamento dos diversos sistemas de reparo do DNA para a manutenção da
estabilidade do material genético.
PRÉ-REQUISITOS
Para alcançar os objetivos propostos o aluno deverá recorrer aos seus conhecimentos de sobre
estrutura e funcionamento do DNA, comsultando as aulas anteriores e a bibliografia indicada.
Genética Básica
INTRODUÇÃO
A continuidade, precisão e fidelidade dos processos biológicos são essen-
ciais para a manutenção da vida. No entanto, o material biológico está inserido
no meio ambiente onde os indivíduos sobrevivem e precisam responder a ele.
As respostas geradas pelos organismos ao meio podem causar danos
ao material genético e ao funcionamento dos processos biológicos. No en-
tanto, os erros no material genético gerados sejam de maneira espontânea
ou induzida, tornam-se o motor da evolução, uma vez que fornecem novas
combinações ao genoma das espécies.
IMPORTÂNCIA
134
Mutação e reparo do DNA
Aula
Figura 2- Deleção
135
Genética Básica
Figura 3- Inserção
136
Mutação e reparo do DNA
Aula
Figura 5 - Tautomerização
137
Genética Básica
2. Desaminação das bases, são alterações nas bases do DNA por substi-
tuir um grupamento amina (- NH2) por uma hidroxila (-OH). Da mesma
forma que na tautomerização, as bases desaminadas comportam-se como
bases não usuais e fazem pareamentos errôneos (ex: H – C), como mostra
a figura 8 ao lado:
138
Mutação e reparo do DNA
Aula
Figura 9 - depurinação
139
Genética Básica
MUTAÇÕES INDUZIDAS
O efeito do meio ambiente sobre os organismos pode ser avaliado
por aumentos nas taxas de mutações em organismos expostos a agentes
mutagênicos ambientais, tanto físicos (Raios X e radiação UV) quanto
químicos (drogas, poluentes ambientais, xenobióticos etc).
Sua ação se dá geralmente por mimetizar a estrutura de bases nitroge-
nadas, gerando deleções ou inserções, por alteração na estrutura tridimen-
sional do DNA ou por transposição de elementos moveis (Transposons)
para diferentes locais no DNA.
1. Análogo de bases:
Figura 11
140
Mutação e reparo do DNA
Aula
Figura 12
Figura 13
141
Genética Básica
Figura 14
Figura 15
142
Mutação e reparo do DNA
Aula
Figura 16
143
Genética Básica
144
Mutação e reparo do DNA
Aula
Figura 19.
145
Genética Básica
146
Mutação e reparo do DNA
Aula
8
Figura 21.
147
Genética Básica
REPARO PÓS-REPLICAÇÃO
Aqui o reparo de pareamentos incorretos se dá depois da replicação e requer
a existência de um sistema que seja capaz de reconhecer as bases mal pareadas,
determinar quais das bases é a incorreta e, por fim, eliminar a base incorreta e
sintetizar o novo segmento sem erro. As enzimas responsáveis por esse tipo
de reparo são produtos dos genes mutH, mutL, mutS e mutU. Pra distinguir
a hélice com erro da integra o sistema reconhece a Adenina (A) da seqüência
GATC da fita integra pela presença de metilação (Metilase de Adenina).
Figura 23.
148
Mutação e reparo do DNA
Aula
CONCLUSÃO
RESUMO
ATIVIDADES
1. Use a tabela do código genético para encontrar a seqüência do pequeno
polipeptídio codificado nesta mensagem:
5'- AUGUUCAAGAUGGUGACUUGGUAAAUC-3'
a) Qual a seqüencia aminoácidos resultante se o 1°G nesta mensagem
mudar para A?
b) Qual seria a seqüência aminoácidos se o 1 ° C fosse mudado para U ?
c) E se o 1° C fosse mudado para G?
d) E se o último G fosse mudado para A ?
2. Assinale a alternativa correta, levando em conta os ácidos nucléicos, a ocor-
rência de mutações e as conseqüentes mudanças do ciclo de vida da célula.
a) O DNA é constituído por códons, que determinam a seqüência de bases
149
Genética Básica
AUTOAVALIAÇÃO
Após estudar esta aula, consigo:
Definir
1. O que é mutação?
2. Diferenciar a transição e a transversão de bases nitrogenadas.
3. Distinguir as atividades mutagênicas dos seguintes agentes: 5-bromoura-
cila brometo de etídio, calor, e radiação ultravioleta.
4. Descrever as diferenças e as semelhanças entre o reparo por excisão de
bases e o mecanismo de fotoreativação.
5. Explicar por que a mutação é um importante mecanismo evolutivo.
PRÓXIMA AULA
REFERÊNCIAS
150
Aula
REGULAÇÃO DA EXPRESSÃO
9
GÊNICA
META
Apresentar dos principais mecanismos reguladores da expressão gênica em Eucariotos e Procariotos.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
conhecer os mecanismos gerais de regulação utilizados por Procariotos e Eucariotos;
relacionar as diferenças entre os mecanismos utilizados pelas duas categorias de organismos;
entender a importância dos mecanismos apresentados para a sobrevivência dos organismos.
PRÉ-REQUISITOS
Para alcançar os objetivos propostos o aluno deverá rever as aulas de estrutura e funcionamento
do DNA (Transcrição e tradução), como também utilizar a bibliografia indicada para aprofundar seus
conhecimentos.
Genética Básica
INTRODUÇÃO
Cada célula que compõe nossos órgãos e tecidos contém o mesmo
complemento de DNA – conhecido como genoma pessoal. Para nossas
células tornarem-se célula da pele ao invés de célula capilar, certos genes
tem que ser ligados ou desligados. Este processo de comutação da expressão
gênica é denominado regulação gênica. Alguns genes, como os das proteínas
ribossomiais, devem ser continuamente expressos em todas as células para
manter a produção de proteínas. Outros genes, no entanto, estão ativos
somente em células ou tecidos específicos. P. ex. o gene da opcina, o qual
codifica a proteína que ajuda a recepção de cor no olho, só está expressão
nas células da retina do olho.
Todos esses processos são precisamente regulados separadamente e
em conjunto para que os organismos se desenvolvam obedecendo suas
necessidades diárias e temporais.
O controle da expressão gênica em organismos cujo material genético
é o DNA é um processo coordenado e muito preciso. O metabolismo
celular, as respostas dos indivíduos ao ambiente, a expressão dos genes
responsáveis por cada período do desenvolvimento, todos dependem de
uma regulação conjunta e orquestrada.
Cada organismo vivo tem a capacidade de ligar e desligar seus genes
em momentos diferentes do seu ciclo de vida e sob certas condições. Isto
ocorre continuamente em nossos corpos sem a nossa interferência e,
mesmo, consciência. Este processo de regulação gênica é similar em todos
os organismos, aumentando em complexidade à medida que subimos na
cadeia evolutiva. Na maioria dos organismos esta regulação ocorre no nível
da transcrição do DNA, durante a síntese do RNAm.
Para compreender a regulação precisamos primeiro entender a estrutura
dos genes em Procariotos e Eucariotos.
ESTRUTURA DO GENE
A estrutura geral dos genes de Procariotos e Eucariotos é muito semel-
hante, uma vez que nos dois casos há seqüências reguladoras que antecedem
a região codificante e seqüências terminadoras que delimitam o final do
gene. Assim um gene, seja qual for sua origem, tem inicio e fim (figura1).
152
Regulação da Expressão Gênica
Aula
Figura1.
Figura 2.
153
Genética Básica
Figura 3.
Figura 4.
154
Regulação da Expressão Gênica
Aula
Figura 5.
Figura 6.
155
Genética Básica
156
Regulação da Expressão Gênica
Aula
Figura 7.
157
Genética Básica
O MODELO DO OPERON
Em 1961, dois cientistas, François Jacob e Jacques Monod propuseram
um modelo, para explicar a utilização de lactose por E. coli: o Modelo do
Operon. Nesse modelo, um conjunto de genes reguladores e estruturais,
agindo coordenados, controla a produção de enzimas responsáveis pela
degradação da Lactose.
Os genes que constituem o Operon são:
IPOZYA
158
Regulação da Expressão Gênica
Aula
Figura 8.
159
Genética Básica
Figura 9.
160
Regulação da Expressão Gênica
Aula
Figura 10.
161
Genética Básica
162
Regulação da Expressão Gênica
Aula
Figura 11.
PROMOTOR
ENHANCER (AMPLIFICADOR)
163
Genética Básica
SILENCIADOR
Outra seqüência de nucleotídeos que age a distancia do promotor e,
ligando-se a fatores de transcrição, silenciando genes. Os fatores de tran-
scrição que se ligam ao silenciador são chamados repressores.
164
Regulação da Expressão Gênica
Aula
Figura 14
CONCLUSÃO
RESUMO
165
Genética Básica
ATIVIDADES
1. A célula muscular cardíaca e a esquelética têm a mesma origem porém
são diferentes, tanto do ponto de vista estrutural como funcional. Ao longo
do processo de diferenciação das células do mesmo organismo ocorre
a) duplicação de alguns genes.
b) perda dos genes não expressos.
c) expressão diferencial dos genes.
d) indução de mutações específicas.
e) recombinação entre genes ativados.
2. No operon LAC de E. coli, qual é a função de cada um dos seguintes
genes ou sítios:
a) regulador b) operador c) promotor d) gene estrutural Z e )
gene estrutural Y?
AUTOAVALIAÇÃO
REFERÊNCIAS
166
Aula
PRINCÍPIOS DE GENÉTICA DE
10
POPULAÇÕES
META
Mostrar ao aluno que a dinâmica dos genes nas populações pode ser compreendida por meio do
estudo das suas frequências gênicas e genotípicas. Pretende-se fornecer os requisitos básicos
para que o aluno possa entender os mecanismos relacionados a variação genética das populações
biológicas ao longo do espaço e do tempo. Discutiremos os mecanismos básicos sobre os quais agem
os fatores evolutivos.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
saber identificar os principais mecanismos que afetam as frequências gênicas das populações
no espaço e no tempo. Deverá saber calcular as frequências gênicas e genotípicas e entender a
dinâmica dessas frequências e suas implicações numa população biológica.
PRÉ-REQUISITOS
Noções de genética mendeliana, Binômio de Newton e noções de álgebra.
Genética Básica
INTRODUÇÃO
Prezado aluno, até agora os assuntos tratados em genética diziam
respeito às características individuais e familiares e as análises utilizavam
heredogramas e cruzamentos entre indivíduos. Nesse momento temos
um novo desafio, como estudar uma população? Seria possível entender
a dinâmica dos genes e dos genótipos em escala populacional? A resposta
é positiva, mas muitos estudantes de biologia têm imensa dificuldade em
entender os princípios básicos de genética de populações, principalmente
em função dos cálculos envolvidos e por ser uma área da genética pouco
trabalhada no ensino médio. No entanto, é possível contornar essa dificul-
dade inicial por meio de ilustrações e simulações disponíveis na internet.
Nesse ponto o ensino a distância é facilitado pelo desenvolvimento da
informática e da disponibilidade de softwares e sites especializados nessa
área que serão comentados ao longo desse capítulo.
Uma população natural é formada por um conjunto de indivíduos de
uma espécie contendo diversas famílias com muitos genótipos diferentes.
Desse modo, a estrutura da população é definida pela frequência dos
alelos que compõem os diferentes genótipos das diferentes famílias. Uma
população natural é formada por todos os indivíduos que, ao se reproduzir
uns com os outros, compartilham de um pool gênico, que é formado pelo
conjunto total de informações genéticas compartilhadas pelos membros
reprodutivos da população.
Iniciaremos a aula descrevendo a variação genética populacional, o que
determina essa variação genética e quais suas implicações. Depois iremos
entender como seria a dinâmica dos genes e dos genótipos numa população
ideal – População em equilíbrio de Hardy& Weinberg – Tal qual o zero na
matemática, ou um ponto de referência na física, essa população ideal for-
nece um parâmetro básico para que possamos entender o perfil genético das
populações e verificar como cada fator evolutivo pode interferir na variação
populacional ao longo do tempo.A genética de populações estuda a origem
da variação, a transmissão dos genes ao longo das gerações e a dinâmica da
mudança na composição genética das populações ao longo do tempo por ação
das forças evolutivas sistemáticas (determinísticas) e aleatórias (estocásticas).
DEFINIÇÃO DE POPULAÇÃO
168
Princípios de Genética de Populações
Aula
169
Genética Básica
170
Princípios de Genética de Populações
Aula
10
Dizer 0,5 ou ½ ou 50% é exatamente a mesma coisa, sendo
apenas a escala diferente. 0,5 representa a metade do con-
junto inteiro igual a 1, enquanto ½ é o mesmo que a metade
de um conjunto inteiro de 2, ou seja, uma parte num total
de duas partes. Do mesmo modo, utilizando uma escala de
100 partes (percentagem), 50% representa a metade de 100.
É, portanto, apenas uma questão de escala.
171
Genética Básica
AA+Aa+aa=1
172
Princípios de Genética de Populações
Aula
10
Considerando as frequências genotípicas exemplificadas acima
(AA=0,25; Aa=0,5; aa=0,25), podemos dizer que a frequência alélica de A
nessa população é igual ao total dos homozigotos somado à metade dos
heterozigotos, logo:
Utilizando o número de indivíduos, temos:
Se
p+q=1→A+a=1
Então sendo
173
Genética Básica
O PRINCÍPIO DE HARDY-WEINBERG
Há mais de 100 anos atrás, em 1908, G. H. Hardy, um matemático
inglês e W. Weinberg, um médico alemão, desenvolveram independente-
mente um conceito matemático relativamente simples, hoje denominado
princípio de Hardy-Weinberg, considerado o fundamento básico da gené-
tica de populações. Esse princípio diz que numa população panmítica (de
reprodução ao acaso), infinita e na ausência de fatores evolutivos, como
o fluxo gênico, mutação, seleção e deriva genética, as frequências alélicas
e genotípicas permanecem constantes ao longo do tempo. O princípio de
Hardy-Weinberg pode ser utilizado para determinar a frequência de cada
alelo de um par ou de uma série, bem como frequências genotípicas de
homozigotos e heterozigotos na população.
Vamos considerar novamente o nosso conhecido locus A, com os
genótipos AA, Aa e aa, que serão aqui tratados como, respectivamente D, H
e R, uma alusão para genótipo dominante, heterozigoto e recessivo, mesmo
considerando que nem todos os loci apresentam essa forma de dominância.
Do mesmo modo, as frequências alélicas de A e a serão tratadas como p e
q. Essas letras (D, H e R para genótipos e p e q para alelos) são utilizadas
pelos livros convencionalmente para que seja possível desenvolver fórmulas
gerais que possam ser utilizadas para qualquer locus com dois alelos.
Hardy& Weinberg perceberam que a distribuição dos alelos numa
população, considerando um locus uma população mendeliana, pode ser
ajustada perfeitamente ao binômio de Newton, estudado por todos nós
ainda no ensino fundamental, quem se lembra de (p+q)2 ? Então, pelos
produtos notáveis sabemos que o cálculo fica simples, apenas relembrando
“o quadrado do primeiro mais duas vezes o primeiro pelo segundo mais o
quadrado do segundo” = (p+q)2=p2 +2pq+q2 , mas como reunir isso que
eu aprendi em matemática à genética de populações?
174
Princípios de Genética de Populações
Aula
175
Genética Básica
alelos LmeLn são codominantes, o que quer dizer que se expressam nos
heterozigotos. Um exame para o grupo sanguíneo MN constatou que nessa
população a frequência do alelo Lm é 0,4. Utilizando o que já aprendemos
anteriormente para calcular frequências alélicas, podemos deduzir facilmente
que a frequência do alelo Ln pode ser obtida por diferença, já que Lm+
Ln=1 (p+q=1), então qual seria o número esperado de indivíduos do tipo
M (genótipo LmLm), MN (genótipo LmLn) e do tipo N (genótipo LnLn)
nessa população? Considerando que essa população está em equilíbrio de
Hardy-Weinberg, podemos calcular facilmente esses valores utilizando o
binômio de Newton (p+q)2, vejamos:
Considerando que são 1000 indivíduos e que 0,16 são do tipo M (ho-
mozigotos, D), então basta multiplicar o número total de indivíduos pela
sua frequência:
176
Princípios de Genética de Populações
Aula
R= f(LmLn)=q2
R= f(LmLn)=0,62=0,36
R=f(LmLn)=0,36x1000=360 indivíduos
Portanto:
p2+2pq+q2=1, assim como D+H+R=1
Nesse exemplo:
160M+ 480MN+360N=1000 indivíduos
Também podemos calcular as frequências gênicas quando temos ap-
enas as frequências genotípicas, utilizando o inverso do raciocínio anterior.
Utilizando os resultados da questão anterior, vejamos como conseguimos
chegar às frequências alélicas:
177
Genética Básica
178
Princípios de Genética de Populações
Aula
10
Agora basta seguir o mesmo princípio utilizado anteriormente:
Se
q=001
Então
179
Genética Básica
1. População Panmítica
São populações de acasalamento ao acaso, ou seja, nesse caso a proba-
bilidade de um determinado alelo participar do processo reprodutivo é uma
questão inerente apenas à sua frequência populacional. Um dos fatores que
alteram esse pressuposto é a endogamia, que está associada ao acasalamento
preferencial entre indivíduos aparentados.
2. População infinita
É impossível que uma população biológica seja efetivamente infinita,
mas populações muito grandes se comportam praticamente como se fossem
infinitas. No entanto, quanto menor for o tamanho efetivo da população,
maior serão os desvios ao acaso em suas frequências gênicas e genotípicas
ao longo do tempo. Esse efeito é consequência da deriva genética, que causa
variações ao acaso (estocásticas) em populações finitas, sendo tanto mais
forte sua influência quanto menor for a população;
3. Que não exista fluxo gênico entre populações
O equilíbrio de Hardy-Weinberg pressupõe que as populações sejam
fechadas, ou seja, que não haja intercâmbio de genes em função da migração.
A saída e/ou entrada de indivíduos, portanto, pode afetar as frequências
genéticas populacionais.
4. Genes não mudam de um estado alélico para outro
Essa alteração é chamada de mutação e está associada a entrada de
variação genética na população, que por consequência alteraria as suas
frequências genéticas;
180
Princípios de Genética de Populações
Aula
181
Genética Básica
182
Princípios de Genética de Populações
Aula
Logo:
183
Genética Básica
184
Princípios de Genética de Populações
Aula
CONCLUSÃO
Conforme afirmado anteriormente, a evolução pode ser definida de
forma simplificada como a alteração nas frequências genéticas em uma
população ao longo do tempo. Para compreender um cenário onde as
frequências gênicas mudam, é imprescindível que o estudante de biologia
entenda um cenário um pouco mais simples, no qual as frequências genéticas
simplesmente não mudam, sendo essa compreensão a principal contribuição
dessa aula. A genética de populações forma o alicerce básico para o estudo
da evolução e também vem sendo muitíssimo utilizada na área de ecologia
e no estudo de populações humanas e estudos epidemiológicos. Diante do
que foi visto nessa aula, você pode concluir que uma população pode ser
caracterizada geneticamente por suas frequências gênicas e genotípicas e
que tais frequências se ajustam bem ao modelo matemático do binômio de
Newton por meio do princípio de Hardy-Weinberg, que por sua vez nos
fornece um parâmetro básico para reconhecer o grau de influência dos
fatores evolutivos numa população biológica.
185
Genética Básica
RESUMO
A genética de populações estuda a origem da variação, a transmissão
dos genes ao longo das gerações e a dinâmica da mudança na composição
genética das populações ao longo do tempo por ação das forças evolutivas.
A variação é uma propriedade natural das populações biológicas. O reconhe-
cimento da amplitude da variação fenotípica e de sua base hereditária levou
Darwin à idéia da evolução por meio da Seleção Natural.A nossa observação
das espécies em nível fenotípico dá uma dimensão prática da existência
de variação. No entanto, a variação genética é ainda maior que aquela que
pode ser observada na comparação dos fenótipos. Ao nível molecular a
variação existente é ainda maior.A quantidade de variação genética dentro
de populações naturais e a dinâmica das forças limitantes e/ou moldadoras
ao longo do tempo e do espaço formam a base de interesse do geneticista
de populações. A variabilidade genética, portanto, está diretamente rela-
cionada à evolução das espécies e o grau de variabilidade dentro da espécie
afeta diretamente o seu potencial de se adaptar a mudanças ambientais. As
frequências genotípicas populacionais estão relacionadas à forma em que
os alelos estão distribuídos aos pares nos indivíduos que formam a popu-
lação, enquanto a frequência alélica está relacionada à proporção de cópias
gênicas de um determinado tipo alélico numa determinada população. em
1908, Hardy e Weinberg desenvolveram,independentemente, um conceito
matemático relativamente simples, hoje denominado princípio de Hardy-
Weinberg, considerado o fundamento básico da genética de populações.
Esse princípio diz que numa população de reprodução ao acaso, infinita e
na ausência de fatores evolutivos, as frequências alélicas e genotípicas per-
manecem constantes ao longo do tempo. O princípio de Hardy-Weinberg
pode ser utilizado para determinar a frequência de cada alelo de um par
ou de uma série, bem como frequências genotípicas de homozigotos e
heterozigotos na população.
ATIVIDADES
1. Considere essas 5 populações. Calcule as frequências alélicas de cada uma
delas e verifique quais estão em equilíbrio de Hardy-Weinberg utilizando
um teste de qui-quadrado.
186
Princípios de Genética de Populações
Aula
a. População 1
AA Aa
320 480 200
aa 10
b. População 2 380 460 160
c. População 3 45 300 665
d. População 4 184 432 384
e. População 5 351 418 230
AUTOAVALIAÇÃO
Após estudar esta aula, consigo:
1. Definir o que são frequências alélicas?
2. Definir o que são frequências genotípicas?
3. Definir quais são os pressupostos para que uma população esteja em
equilíbrio de Hardy-Weinberg?
4. Explicar e Justificar ma população em equilíbrio pode ter uma frequência
de heterozigotos maior que 50% no locus analisado? Justifique.
187
Genética Básica
REFERÊNCIAS
GRIFFITS, A. J. F. e Col – Introdução à genética – Editora Guanabara
Koogan, 9a edição, Rio de Janeiro, RJ, 2008.
SNUSTAD, D. P. – Fundamentos à Genética - Editora Guanabara
Koogan, 6a edição, Rio de Janeiro, RJ, 2008.
FUTUYMA, D. Biologia evolutiva – Editora Funpec, 3ª edição, Ribeirão
Preto, SP, 2009
188