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Física Geral I - F 128

Aula 8: Energia Potencial e


Conservação de Energia
2o Semestre 2012
Q1: Trabalho e força
Analise a seguinte afirmação sobre um corpo, que partindo do
repouso, move-se de acordo com a força mostrada abaixo:
“A velocidade deste corpo é negativa em x = 3 m”

A.  Verdadeiro    
B.  Falso  

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Relembrando…
Energia é um conceito que vai além da mecânica de Newton e
permanece útil também na mecânica quântica, relatividade,
eletromagnetismo, etc.

A conservação da energia total de um sistema isolado é


uma lei fundamental da natureza.

1 2
Energia Cinética: K= mv
2
“O trabalho da força resultante que atua sobre uma partícula
entre as posições x1 e x2 é igual à variação da energia cinética
da partícula entre estas posições”.

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Energia Potencial

A energia potencial U é uma forma de energia que pode ser


associada com a configuração (ou arranjo) de um sistema de objetos,
que exercem forças uns sobre os outros. Se a configuração muda, a
energia potencial também pode mudar.

Vamos começar discutindo o caso unidimensional. Depois


generalizaremos para mais dimensões.

Dois tipos de energia potencial com os quais estaremos lidando


são a energia potencial gravitacional e a energia potencial elástica.

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Energia Potencial em 1D
Variação de energia potencial (caso unidimensional):
x
ΔU ( x0 → x ) = U ( x ) − U ( x0 ) = −W = − ∫ F ( x)dx
x0
É usual tomar x0 como uma configuração de referência fixa. Assim, a energia
potencial da partícula na configuração x é:
x
dU
U ( x ) = U ( x0 ) − ∫ F ( x )dx F =−
x0
dx
Notem que é preciso que a força seja uma função apenas da posição
(configuração). Não se pode definir U(x) em outros casos (a força de arraste
dependente da velocidade, por exemplo): ver mais detalhes adiante.
Do ponto de vista físico, apenas as variações de energia potencial são
relevantes. Então, pode-se sempre atribuir o valor zero à configuração de
referência:
U ( x0 ) = 0
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Conservação da Energia Mecânica
Do teorema do trabalho-energia cinética para uma força que só
depende da posição:
W = ΔK

Como U ( x f ) − U (xi )= −W
1 2 1 2
U ( xi ) − U ( x f ) = mv f − mvi
2 2

1 2 1 2
mvi + U ( xi ) = mv f + U ( x f )
2 2

1 2
E = mv + U ( x ) = constante ( a energia mecânica
2 total não varia).

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Energia Potencial Gravitacional (campo uniforme)


Nas proximidades da Terra a força gravitacional pode ser aproximada por mg.

Tomando como referência para U o ponto y = 0 (U(0)=0):

U ( y) = 0 − ∫ (−mg )dy = mgy U ( y ) = mgy


0

Conservação da energia:

1
E = mv 2 + mgy = constante
2

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Energia Potencial Gravitacional (campo uniforme)

Exemplo: Qual é a mínima altura h para que o corpo deslizando complete o loop?

m
• No limiar: N = 0
v2
r h mg = m ⇒ v 2 = gr
r

Por conservação de energia mecânica:


1
E =mghmin =mg 2r + mv 2 =
•N 2
 1 5
mg mg 2r + mgr = mgr
2 2

hmin = 2,5r

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Energia Potencial Elástica
x
1 2
Configuração de referência: x0= 0 ⇒ U ( x) = 0 − ∫ (− k ) xdx = kx
0
2
1 1
E = mv 2 + kx 2 = constante
2 2
1
v = 0 e x = A ⇒ E = kA2
2
1 2
v = −vmax e x = 0 ⇒ E = mvmax
2
1
v = 0 e x = − A ⇒ E = kA2
2
1 2
v = vmax e x = 0 ⇒ E = mvmax
2
1
v = 0 e x = A ⇒ E = kA2
2

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Energia Potencial em mais de uma dimensão
Como no caso unidimensional, só é possível definir a energia
potencial para forças conservativas.
Uma força é dita conservativa se o trabalho que ela realiza sobre
um corpo que se desloca entre dois pontos não depende da trajetória
seguida pelo corpo, mas apenas das posições inicial e final.
Equivalentemente, uma força é conservativa se o trabalho que ela
realiza sobre um corpo que descreve um percurso fechado é zero.
Exemplos de forças conservativas:
1.  força gravitacional
2.  força elástica
3.  qualquer força unidimensional que só dependa da posição: F(x)

Com técnicas de cálculo mais avançadas, é possível estabelecer


um critério matemático simples para determinar se uma força é
conservativa.

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Forças Conservativas
Trabalho realizado pela força gravitacional ao longo do circuito
fechado A→ B → C indicado:

L  
B
d  
A

θ
C

WA + WB + WC = −mgd + mgLsenθ + 0 = 0

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Forças Não-Conservativas
Forças não-conservativas: seu trabalho depende da trajetória.

Exemplos: força de atrito e força de arraste.


 
Watr ( A→B) = ∫ f atr ⋅ ds = − f atr LA→B =
C

− µc m g d reta
=
− µc m gπ d / 2 semi − circunferê ncia

Nesse caso, não é possível definir uma energia potencial porque o


trabalho da força de atrito depende da trajetória descrita pelo corpo.

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Energia Potencial em mais de uma dimensão

Generalizando, sempre se pode associar uma energia potencial


a uma força conservativa:

r 
    
U (r ) − U (r0 ) = − W (r0 → r ) = − ∫ F ⋅ dr

r0

 
r
Note que não é preciso dizer qual trajetória tomar entre 0 e r ,
pois nesse caso o trabalho independe da trajetória.
Se só há forças conservativas, então a energia mecânica total
(potencial + cinética) é conservada:
E = K + U = constante

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Energia mecânica na presença de forças não-
conservativas
Entretanto, se há forças não-conservativas:

W = Wnão −cons + Wcons = ΔK ⎫


⎬ ⇒ Wnão−cons = ΔK + ΔU = ΔEmec
Wcons = −ΔU ⎭

No caso de forças como de atrito e de arraste, o trabalho é sempre


negativo (a força é sempre no sentido oposto ao deslocamento):

Watrito = − f atrito L < 0 ⇒ ΔEmec < 0

Como o trabalho forças dissipativas é sempre negativo, a energia


mecânica do sistema sempre diminui na presença delas.

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Forças dissipativas e energia interna
O trabalho das forças dissipativas (e a consequente diminuição da energia
mecânica) é acompanhado de um aumento da temperatura dos corpos em contato
(aumento da agitação térmica das moléculas):
® variação da energia interna = - trabalho das forças dissipativas

Watrito = −ΔEint ⎫
⎬ ⇒ ΔEint + ΔEmec = Δ ( Eint + Emec ) = 0
Watrito = ΔEmec ⎭

Etotal = Eint + Emec = constante


A energia total de um sistema isolado, mecânica mais interna, é conservada.
Em geral, há outras formas adicionais de energia (elétrica, magnética,...) que,
uma vez adicionadas acima, fornecem uma quantidade que se conserva.

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Forças dissipativas e energia interna
Exemplo: O bloco de massa m é solto de x = d. Qual é sua
velocidade em x = 0?
1 2 ⎫
a)  Sem atrito ΔK = mv − 0 ⎪
 2 ⎪
⎬ ⇒ ΔK = −ΔU
F 1
ΔU = 0 − kd 2 ⎪
2 ⎪⎭
d   1 2 1 2 k
mv = kd ⇒ v = d
2 2 m

b)  Com atrito ΔE = ΔK + ΔU = Watr = − µc mgd



F 1 2 1 2
mv = kd − µc mgd
2 2

d   fa kd 2
v = − 2µc gd
m
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Relação entre Força e Energia Potencial

x
U ( x) − U ( x0 ) = − W ( x0 → x) = − ∫ F ( x) dx
x0

dU
F ( x) = −
dx

⎛ dU ⎞ F(x0) = 0
⎜ ⎟ =0
⎝ dx ⎠ x = xo U(x0): Mínima ou Máxima

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Exemplo: Ligação Química
Exemplo de ligação representada por um potencial Lenard - Jones

F>0 repulsão

F
F<0 atração

U
Mínimo de energia
ε ⎡⎛ a ⎞ ⎤
13 7
⎛a⎞
F (r )=12 ⎢⎜ ⎟ − ⎜ ⎟ ⎥
a ⎢⎣⎝ r ⎠ ⎝ r ⎠ ⎥⎦

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Diagramas de Energia
Energia potencial de um bloco de massa m preso a uma mola de constante
elástica k :
U(x)
1 2
U ( x) = k x
2
Conservação de energia:
E
1 2 1 2 K
E = mv + kx = constante U
2 2
-xm 0 xm x
∴ K = E − U (x)

Desta relação e do diagrama, vemos que o movimento do bloco é limitado a


pontos x compreendidos no intervalo − xm ≤ x ≤ xm . De fato, para pontos x fora deste
intervalo, teríamos U ( x ) > E , e portanto K < 0 , o que é obviamente impossível.
xm e − xm são os pontos de retorno, onde a velocidade é nula:
2 E kx 2
v ( x) = ± −
m m

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Diagramas de Energia
Ponto  de  retorno  ou  reversão:  a  velocidade  se  anula  e  troca  de  sinal  

Ponto de equilíbrio instável:


F(x) = 0 e U(x) é máximo

K Pontos de equilíbrio indiferente:


F(x) = 0 e U(x) não é máximo nem
U mínimo

Pontos de equilíbrio estável:


dU
F =− F(x) = 0 e U(x) é mínimo
dx

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Q2: Energia Potencial e Força
A energia potencial gravitacional da Terra pode ser descrita e
exemplificada pelo equação abaixo. Para qual distância r a força do
potencial gravitacional é nula?
U(r) GMm

R

0   R  
r  
A. r  =  RTerra  
B. r  =  0  
C.  r  =  infinito  

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Energia Potencial Gravitacional
Força gravitacional: 
F
 GMm r

F =− 2 rˆ ds ∝
r
  r r

U ( r ) − U ( r0 ) = − ∫ F ⋅ dr = ∫ F ( r ) dr , pois dr = − dr rˆ
r0 r0
r
GMm
= ∫r r 2 dr
0

Tomando a configuração de referência U ( r0 → ∞) =0 :


r
 GMm GMm
U (r ) = ∫ 2 dr = −

r r

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Energia potencial gravitacional: campo uniforme
⎡ 1 1⎤
U ( R + y ) − U ( R) = −GMm ⎢ − ⎥=
U(r) ⎣R+ y R⎦
y ⎛ GM ⎞
= GMm ≅ ⎜ 2 ⎟ my = mgy
R (R + y) ⎝ R ⎠
g ≅ 9,8 m/ s 2
0   R   R+y  
r  
y  
Pode-se estimar g a uma altura de 400 km:
2
GM GM ⎛ R ⎞
g´( h = 400 km ) = = 2 ⎜ ⎟ =
( R + h) ⎝ R+h⎠
2
R
GMm 2
− ⎛ 6, 4 ⎞
R = 9,83 × ⎜ ⎟ ≅ 8, 7 m/s 2
⎝ 6,8 ⎠
R≅ 6,37×10 3 km
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Velocidade de Escape
v = vesc v=0

Velocidade limiar para escapar da atração gravitacional de um astro:


® velocidade de lançamento tal que chegue ao infinito com
velocidade nula. Por conservação de energia mecânica:
E = K ( R ) +U ( R)= K (∞) +U (∞) = 0
1 2 1 2 GMm
E= mvesc + U ( R ) = U (∞) = 0 ⇒ mvesc =
2 2 R
2GM GM
vesc = = 2 2 R = 2 gR
R R
vesTerra
c = 11, 2 km/s

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Buracos Negros
Velocidade de escape igual à velocidade da luz:
vesc = c = 3,0 × 10 8 m/s
Raio de um buraco negro de massa M
2GM 2GM
vesc = =c⇒R= 2 Raio de Schwarzschild
R c
Para a Terra,
Terra
RSchw = 8,8 mm

Se a Terra se transformasse num buraco negro, seu raio


diminuiria para 8,87 mm !

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Buracos Negros

Velocidade de escape igual à velocidade da luz:


vesc = c = 3,0 × 10 8 m/s
Raio de um buraco negro de massa M
2GM 2GM
vesc = =c⇒R= 2 Raio de Schwarzschild
R c

Embora esse resultado da mecânica newtoniana seja igual ao


que é obtido na Teoria da Relatividade Geral, isso é apenas uma
coincidência!

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