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HISTÓRA E GEOGRAFIA DE RONDÔNIA - EXCELÊNCIA

Prof. FRANCISCO MATIAS, do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia.

O ESTADO DE RONDÔNIA, em seu aspecto político e administrativo, é originário do


Território Federal do Guaporé, criado pelo presidente Getúlio Vargas, em 13 de setembro de 1943, por
força do decreto-lei nº 5.812. O primeiro governador do Território Federal do Guaporé foi o coronel do
Exército Aluízio Pinheiro Ferreira, que tomou posse no dia 29 de janeiro de 1944, data da instalação do
Território
Após a mudança da designação do Território Federal do Guaporé para Território Federal de
Rondônia, em 17 de fevereiro de 1956, o primeiro governador foi o coronel José Ribamar de Miranda, que
havia sido nomeado para o Território Federal do Guaporé, e continuou à frente do governo. Mas, o
primeiro a ser nomeado governador foi o general Jaime Araujo dos Santos, em 1956, e o último, o coronel
do Exército Jorge Teixeira de Oliveira, que governou de 1979 a 1981.
O Território Federal de Rondônia foi elevado à condição de Estado em 22 de dezembro de 1981,
data em que surgiu no mapa político do Brasil a 23ª. Unidade Federada brasileira.
- O espaço físico que constitui o estado de Rondônia localiza-se na megarregião Norte, e integra a
Amazônia brasileira. É um dos quatro estados desta megarregião situado na Amazônia Ocidental.
A área territorial que constitui o estado de Rondônia localiza-se ao sul da Amazônia ocidental,
da linha do Equador, e do estado do Amazonas; a Noroeste e a Oeste do estado do Mato Grosso; a
Nordeste do estado do Acre, e a Sudoeste da República da Bolívia. Com relação ao país, Rondônia está no
Oeste meridional brasileiro.
No que se refere ao fuso horário, Rondônia situa-se a cinco horas negativas de Greenwich, o
meridiano de zero grau que passa sobre a cidade de Londres, Inglaterra. A nível Brasil, o fuso horário de
Rondônia está à uma hora negativa de Brasília e a quatro horas negativas da ilha de Fernando de
Noronha.
- No aspecto geopolítico, Rondônia integra a Amazônia Legal, ou Amazônia Global.
- O Brasil detém a maior porção territorial amazônica, com 47,92% do espaço físico que a
constitui, segundo o IBGE, o que o torna dono de quase metade do território amazônico. Em sua porção
territorial brasileira, a Amazônia integra-se à megarregião Norte, ou Amazônica brasileira, que se
constitui por sete estados: Amazonas, Pará, Amapá, Roraima, Tocantins, Rondônia e Acre. A megarregião
Norte recebe incentivos governamentais para fomentar seu desenvolvimento socioeconômico através da
SUDAM, Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, cujo principal polo de produção industrial
situa-se na Zona Franca de Manaus, administrada pela SUFRAMA (Superintendência da Zona Franca de
Manaus).
Os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus abrangem todos os estados da Amazônia
Ocidental. Portanto, Rondônia está inserido nos projetos da Zona Franca de Manaus, obtendo os benefícios
de redução tributária inerentes.

1.4 - AMAZÔNIA LEGAL - O governo brasileiro estabeleceu um espaço geopolítico designado


Amazônia Legal, ou Amazônia Global, instituído através da Lei Complementar nº 1.806, de 06 de janeiro
de 1953, no último governo do presidente Getúlio Vargas. Por este documento legal foi criada da
Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia,SPVEA, com a finalidade de analisar
projetos de desenvolvimento regional. Neste novo contexto geopolítico regional, o que se convencionou
denominar Amazônia Legal ficou constituída pelos estados do Amazonas, Pará, Acre, e pelos territórios
federais do Guaporé (atual estado de Rondônia), Amapá (atual estado do Amapá) e Rio Branco (atual
estado de Roraima). Foram incluídos os estados do Maranhão, a oeste do meridiano de 44º; Mato Grosso,
ao norte do paralelo de 16º de latitude Sul, e Goiás, ao norte do paralelo de 13º de latitude sul,
atualmente estado do Tocantins.
O estado de Rondônia é membro fundador da Amazônia Legal, desde os tempos de Território
Federal do Guaporé, e está localizado totalmente na Amazônia Legal.
Com a promulgação da Constituição Federal de 05 de outubro de 1988, ocorreram modificações
na nomenclatura e formação da Amazônia Legal. O artigo 13 das disposições transitórias da Carta Magna
de 1988 cria o estado do Tocantins, desmembrado do estado de Goiás, na megarregião Centro-Oeste, e o
localiza na megarregião Norte. O artigo 14 eleva os territórios federais do Amapá e de Roraima à categoria
de estados. Desse modo, a Amazônia Legal passa a contar com nove componentes.
Outra importante alteração deu-se por conta da Lei Complementar nº 031, de 11 de outubro de
1997, que incluiu todo o estado do Mato Grosso e nove por cento do de Goiás ao contexto geopolítico da
Amazônia Legal. Em 1981, com a elevação do Território Federal de Rondônia à categoria de Estado, a
Amazônia Legal sofreu a primeira alteração em sua nomenclatura, sem, no entanto, alterar sua estrutura
geográfica. Somente com a criação do estado do Tocantins ocorreu a expansão da megarregião Norte e,
por conseguinte, da Amazônia Legal.

ASPECTOS POLÍTICOS
O estado de Rondônia constitui-se na 23ª UF do Brasil, criado em 22 de dezembro de 1981, por
força da Lei Complementar 041. Sua instalação ocorreu no dia 04 de janeiro de 1982, com a posse do
primeiro governador, o coronel Jorge Teixeira de Oliveira, nomeado pelo presidente João Baptista de
Oliveira Figueiredo, na forma do disposto na lei complementar nº 041/198 1. Esta data, a partir de
2010, foi oficializada pela Assembleia Legislativa como a Data Magna de Rondônia.
O Poder Legislativo é representado pela Assembleia Legislativa, e o Poder Judiciário pelo
Tribunal de Justiça, criado através da Lei Complementar nº 041/1981 e instalado no dia 26 de janeiro de
1982. O primeiro presidente do TJ de Rondônia foi o desembargador Fouad Darwich Zacharias. O atual
presidente é o desembargador Roosevelt Queiroz Costa e o vice-presidente, desembargador Raduan
Miguel Filho. Nos municípios, a atividade judiciária é exercida pelo Tribunal de Justiça através de vinte e
cinco comarcas. O Poder Executivo estadual é representado pelo governador, que despacha no Palácio
Presidente Vargas. A capital do estado de Rondônia é a cidade de Porto Velho, conforme estabelece o
artigo 4º da Constituição estadual promulgada em 1989.
No estado de Rondônia, a Constituição Estadual em vigor foi promulgada no dia 28 de setembro
de 1989, pela Assembleia Legislativa e Constituinte.Esta constituição substituiu a primeira, promulgada
em 06 de agosto de 1983. Portanto, o Brasil já teve oito constituições e Rondônia, duas.
A principal representação política é feita pelo governador e, nos seus impedimentos, pelo vice-
governador. O atual governador do estado de Rondônia é o médico Confúcio Aires Moura, PMDB, e o
vice-governador é o empresário Ayrton Gurgacz, PDT, eleitos em 03 de outubro de 2010. Os mandatos,
iniciaram em 1º de janeiro de 2011 e expiram em 31 de dezembro de 2014.
3.ASPECTOS FISIOGRÁFICOS
3.1- LIMITES TERRITORIAIS - O Estado de Rondônia tem suas fronteiras limítrofes com os
estados do Mato Grosso, Amazonas e Acre, e com a República da Bolívia.
- Ao Norte, Nordeste e Noroeste, limita-se com o estado do AMAZONAS;
. Ao Sul, Sudoeste, Oeste e Noroeste, com a REPÚBLICA DA BOLÍVIA;
- Ao Sul, a Leste e a Sudeste, com o estado do MATO GROSSO;
- A Oeste e Noroeste, com o estado do ACRE.
3.2 – FRONTEIRA BRASIL-BOLÍVIA – O Brasil limita-se com a Bolívia nos estados do Acre
(618 km), Mato Grosso (580 km), Mato Grosso do Sul (358 km) e Rondônia. A fronteira Brasil-Bolívia, no
estado de Rondônia, possui uma extensão de 1.342 km, com uma faixa de 150 km de largura, envolvendo
27 municípios. Desses, nove encontram-se na borda da fronteira, por isso são considerados fronteiriços:
Porto Velho, Nova Mamoré, Guajará Mirim, Costa Marques, São Francisco do Guaporé, Alto Alegre dos
Parecis, Alta Floresta do Oeste, Cabixi e Pimenteiras do Oeste. Esta fronteira tem como principais divisores
de água os rios Madeira, Guaporé, Mamoré e Abunã.
A linha geodésica que divide o Brasil da Bolívia nos estados de Rondônia e Acre é denominada
Linha Cunha-Gomes, em homenagem ao militar brasileiro que, no final do século XIX descobriu as
nascentes do rio Javari, contribuindo para solucionar as pendências fronteiriças do Brasil com a Bolívia.
3.3 - ÁREA GEOGRÁFICA - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE, através do
Anuário Estatístico 2010, delimita a extensão geográfica do estado de Rondônia em 237.590,864 km²., com
base em portaria baixada em 2002. No entanto, o Atlas geoambiental de Rondônia, edição 2003, divulga
que o espaço físico rondoniense corresponde a 238.512,80 km².
- Mas, para efeitos de exames, a extensão territorial que deve ser considerada é aquela apresentada pelo
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
De todo modo, Rondônia possui uma das maiores áreas territoriais do Brasil, representando
6,19% da megarregião Norte e 2,80% do país. Portanto, a área geográfica, ou extensão territorial, de
Rondônia é a 4ª maior da megarregião Norte e a 13ª do país.
- Em Rondônia, os cinco municípios com maior extensão territorial são: Porto Velho (34.096,429
km²), Guajará Mirim (24,855,722 km²), Vilhena (11.518,952 km²), São Francisco do Guaporé (10.959,796
km²), e Nova Mamoré (10.071,660 km²).

4 - DADOS POPULACIONAIS - O Censo IBGE 2010 registra a população do estado de
Rondônia com 1.562.409 habitantes, aproximadamente. Esse levantamento de dados populacionais foi
realizado pelo IBGE através do Censo que ocorre a cada 10 anos, e registrou um aumento populacional de
13,43% com relação ao Censo IBGE 2000.
O contingente populacional urbano do Estado de Rondônia representa 68,11% e o rural 31,89%,
sendo considerado um estado urbanizado, a exemplo de todos os integrantes da megarregião Norte.
Portanto, Rondônia, que foi concebido a partir de uma política do governo federal (regime militar) para
ser uma Fronteira de Expansão Agropecuária, e, portanto, predominantemente rural, passou por uma
profunda alteração socioeconômica e política nos últimos trinta anos, e tornou-se predominantemente
urbano.
A população masculina corresponde a 51,32% e a feminina 48,68%. Ainda, segundo o Censo IBGE
2010, a população feminina é maior que a masculina nos municípios de Porto Velho, Vilhena, Guajará
Mirim e Ji-Paraná. Desse modo, Rondônia é o 3º Estado mais populoso da megarregião Norte, perdendo
apenas para o Pará e o Amazonas, respectivamente. A nível Brasil é o 21º. Estado em população.
4.1 – OS CINCO MUNICÍPIOS RONDONIENSES MAIS POPULOSOS: 1.Porto Velho (428.527
habitantes) 2.Ji-Paraná (116.610 habitantes), 3.Ariquemes 90.383 habitantes), 4.Cacoal (78.574 habitantes),
5.Vilhena (76.202 habitantes).

5 - BACIAS HIDROGRÁFICAS – A área geográfica que constitui o Estado de Rondônia integra
o sistema da grande Bacia Amazônica. Portanto, as Bacias Hidrográficas de Rondônia, num total de sete
principais e 42 menores, constituem-se em sub-bacias da grande Bacia Amazônica. São as seguintes a
bacias hidrográficas principais de Rondônia:
1ª) Bacia do Gy-Paraná, 80,6 mil km²; 2ª) Bacia do Guaporé, 59,3 mil km²;
3ª) Bacia do Madeira, 31,4 mil km²; 4ª) Bacia do Jamary, 29,1 mil km²;
5ª) Bacia do Mamoré, 22,7 mil km²; 6ª) Bacia do Roosevelt, 15,5 mil km²;
7ª) Bacia do Abunã, 4,7 mil km².
6 - HIDROGRAFIA – A rede potâmica de Rondônia é constituída por 128 rios de grande,
pequeno e médio portes, além de igarapés, igapós e lagos. Os principais rios integrantes do sistema
hidrográfico de Rondônia, e formadores de suas principais Bacias Hidrográficas, são:
1 - Rio Guaporé, ou Itenez: nasce na Chapada dos Parecis, região de Mato Grosso. Percurso 1.716
km. Seu trecho navegável de 1.500 km, forma uma hidrovia binacional. É divisor de água entre Brasil e
Bolívia. Sua foz fica no município de Guajará-Mirim, na altura do distrito de Surpresa, onde deságua no
rio Mamoré, do qual é um dos principais afluentes.
2) Rio Mamoré, ou Grande de La Plata: nasce na Cordilheira Real, na Bolívia. Percurso: 1.100 km,
totalmente navegável, formando uma hidrovia binacional conjunta com o rio Guaporé. É divisor de água
Brasil/Bolívia. Em sua foz, na altura de Riberalta, na Bolívia, junta-se ao rio Beni com o qual forma o Rio
Madeira. No seu curso localizam-se cinco acidentes hidrográficos: as cachoeiras Lajes, Bananeiras, Pau
Grande, Guajará-Açu e Guajará-Mirim, integrantes da Encosta Setentrional do Planalto Brasileiro.
3) Rio Gy-Paraná, ou, Machado: Nasce na região de Pimenta Bueno,RO, na chapada dos Parecis,
serra do Uru. Percurso: 1.243 km. È o maior afluente do rio Madeira, em sua margem direita, no qual
deságua, na altura do distrito porto-velhense de Calama, onde está sua foz. É um rio misto, de planalto e
de planície. Em seu curso localizam-se cinco acidentes hidrográficos: as cachoeiras de 2 de Novembro,
Angustura, 1º de Março, Caldeirão do Inferno e Nazaré.
4) Rio Madeira, ou Caiary: nasce na Bolívia, na altura de Riberalta, da junção dos rios Beni e
Mamoré. Percurso: 3.240 km, desses. 1.700 km em território brasileiro, entre os estados de Rondônia e
Amazonas. Seu trecho navegável é de 1.116 km, no seu médio e baixo cursos, que compreende da
cachoeira de Santo Antonio, na altura da cidade de Porto Velho,RO, até o município de Itacoatiara,AM,
onde fica sua foz.
O rio Madeira é tributário do rio Amazonas, do qual é o maior e mais importante afluente pela
margem direita. É um rio com três cursos: alto, médio e baixo Madeira e se constitui em um rio de aluvião,
com maior penetração na Planície Amazônica, apesar de percorrer longo trecho da Encosta Setentrional do
Planalto Brasileiro, desde quando penetra no Brasil (estado de Rondônia), até ultrapassar seu último
acidente hidrográfico à jusante, a cachoeira de Santo Antonio, e alcançar a Planície Amazônica. É um dos
mais jovens rios do mundo, com três milhões de anos.
5) Rio Roosevelt, também conhecido por rio da Dúvida ou Escondido, tem sua nascente na
chapada dos Parecis, região de Pimenta Bueno,RO. Sua descoberta ocorreu em 1909, durante as primeiras
penetrações da Comissão Rondon, mas foi batizado com a toponímia atual em 1914, para homenagear ao
ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt, um dos chefes da expedição Roosevelt-Rondon, 1913-
1914. Este rio é afluente do rio Madeira pela margem direita.
6) Rio Abunã, ou Ina. Sua nascente ocorre no estado do Acre, região de Xapuri. Ao penetrar na
Bolívia recebe a toponímia Abunã e retorna ao Brasil, no estado de Rondônia, região de Porto Velho, onde
se torna afluente do rio Madeira. Em seu curso encontram-se dois acidentes hidrográficos: as cachoeiras
Fortaleza e Tambaqui.
7) Rio Jamary. Curso de 870 km. Nasce na chapada dos Pacaás-Novos, serra das Pedras Brancas,
ou do Mirante, região de Mirante da Serra,RO. Possui importantes acidentes hidrográficos, dos quais se
destaca a cachoeira de Samuel, na área do município de Candeias do Jamari, onde foi construída a
Usina Hidrelétrica de Samuel. É afluente do rio Madeira, onde deságua na altura do distrito de São
Carlos, município de Porto Velho.

7 – GEOMORFOLOGIA - BACIAS FISIOGRÁFICAS - A área geográfica que constitui o estado
de Rondônia está localizada em terras desmembradas da megarregião Centro-Oeste, na proporção de 86%,
que pertenciam ao estado do Mato Grosso, e da megarregião Norte, na ordem de 14%, que faziam parte do
estado do Amazonas. Desse modo, sua formação geológica remonta aos períodos Arqueozóicos (mais
antigos da Era Primária), e Paleoproteozóico (2º mais antigo), com dois bilhões de anos; remonta também
ao período Holoceno da Era Quaternária, até o período das chamadas Coberturas Cenozóicas, mais
recentes, de dois bilhões de anos aos dias atuais. Sua área é constituída por territórios integrados por
quatro Bacias Fisiográficas, ou Ambientes de Relevo, formadas por duas Planícies, uma Encosta e um
Planalto.
1) Planície Guaporé-Mamoré ou Planície Guaporeana (Vale do Guaporé) - Esta Bacia
Fisiográfica tem seu início no sopé da Chapada dos Parecis, estado do Mato Grosso, e estende-se aos
territórios do Brasil e da Bolívia. Em sua porção limitada pelo estado de Rondônia, o Vale do Guaporé
abrange os municípios de Pimenteiras do Oeste, Cabixi, Alta Floresta do Oeste, Alto Alegre dos Parecis,
Cerejeiras, Corumbiara, Alta Floresta do Oeste Seringueiras, São Miguel do Guaporé, Costa Marques e
Guajará-Mirim, e termina no município de Nova Mamoré, onde encontra o rio Madeira e a Encosta
Setentrional do Planalto Brasileiro, que a separa da Planície Amazônica.
2)Planície Amazônica ou Terras Baixas Amazônicas – Esta bacia fisiográfica, na porção situada
na área geográfica de Rondônia, tem seu início em Porto Velho, à jusante da cachoeira de Santo Antonio,
no rio Madeira, e se estende à maior parte do espaço Amazônico. Possui elevações entre 80 e 200 metros de
altitude acima do nível do mar. Seus principais relevos são os barrancos dos rios, com elevações de 5 a 10
metros de altura acima do nível dos seus rios, e os platôs.
A cidade de Porto Velho, com 98 metros de altitude acima do nível do mar, é a única do estado
situada nesta Planície, cujo bioma é a Floresta Equatorial ou Mata Amazônica, tendo o rio Madeira como
o mais importante, no espaço rondoniense.
3)Encosta Setentrional do Planalto Brasileiro – Esta Bacia Fisiográfica inicia em Porto Velho, à
montante da cachoeira de Santo Antonio, no rio Madeira. Seus principais relevos são os acidentes
hidrográficos, ou degraus submersos, localizados nos rios Madeira, Abunã, Mamoré, Guaporé, Jamary e
Gy-Paraná. Desses, destacam-se a cachoeira de Santo Antonio e os Saltos do Girau e Teotônio, no rio
Madeira; as cachoeiras Guajará-Mirim e Guajará-Açu, no rio Mamoré, a cachoeira de Samuel, no rio
Jamary, e a 2 de novembro, no rio Gy-Paraná.
4) Planalto Mato-Grossense, ou Superfície Cimeira - Bacia Fisiográfica que divide as regiões
Norte e Centro-Oeste, e limita a megarregião Norte em sua porção sul. Possui elevações com altitudes de
300 a 1.000 metros acima do nível do mar. Seus principais relevos são: Chapada dos Parecis e Chapada
dos Pacaás-Novos. Estes maciços penetram em Rondônia a partir do estado do Mato Grosso, no sentido
sul – oeste, com início na região de Vilhena (Chapada dos Parecis), e término na região Guajará Mirim
(Chapada dos Pacaás-Novos), compondo no seu trecho a região vulcânica de Rondônia.
A principal cidade localizada nesta Bacia é a de Vilhena, com altitude de 701 metros acima do
nível do mar. O bioma predominante desta Bacia é a Floresta do Cerrado, ou Savana, mas, penetra em
uma importante extensão da Floresta Equatorial. O rio Roosevelt é o principal formador de sua rede
potâmica, seguido dos rios Ávila e Iquê.

8 - FATOR CLIMÁTICO – O clima de uma região tem como principais fatores a vegetação ou
bioma, e a altitude. A área geográfica do estado de Rondônia, por estar localizada entre dois biomas, a
Floresta Equatorial, ou Mata Amazônica, e a Floresta do Cerrado, ou Savana, e por encontrar-se em duas
altitudes limitadas pelas Planícies Guaporé-Mamoré (Vale do Guaporé), e Amazônica (Terras Baixas), e
ainda pela Encosta Setentrional do Planalto Brasileiro e Planalto Mato-grossense (Chapada dos
Parecis/Pacaás-Novos), sofre a influência de dois tipos de clima, um predominante e outro parcial.
O Clima Predominante é o EQUATORIAL QUENTE-ÚMIDO, OU SUPER ÚMIDO, que
abrange a 75% do seu território, tendo como principal área de atuação, a cidade de Porto Velho. O Clima
Parcial é o TROPICAL ÚMIDO, que atua na região do Cone-Sul e em uma parte do Centro-Sul do Estado,
tendo no município de Vilhena sua principal área de ação. Portanto, Rondônia tem dois tipos de clima,
considerando-se como fatores climáticos as altitudes e os biomas.

9 - EVOLUÇÃO POLÍTICA E ADMINISTRATIVA - O Estado de Rondônia é uma das 26
Unidades Federadas (UF) do Brasil. Sua evolução político-administrativa ocorreu em um lento processo de
desenvolvimento socioeconômico, decorrente de vários desdobramentos migracionais, vinculados a ciclos
econômicos, assentamentos migratórios rurais e urbanos e ao crescimento vegetativo.
Sua área geográfica recebeu a toponímia RONDÔNIA no ano de 1915, através da ação do
cientista Edgar Roquette-Pinto, médico e etnólogo, integrante da Comissão Rondon, que requereu do
governo federal, naquele ano, que a região situada entre os rios Juruena e Madeira, cortada pela Linha
Telegráfica implantada por aquela Comissão, recebesse oficialmente a toponímia Rondônia. Na época, o
espaço físico que hoje constitui o Estado de Rondônia estava dividido entre os estados do Mato Grosso e
do Amazonas, cujos governos controlavam as respectivas fronteiras, através do funcionamento dos
municípios de Santo Antonio do Alto Madeira, MT, criado em 1908, e de Porto Velho, AM, criado em
1914. Posteriormente, o governo do Mato Grosso criou o município de Guajará Mirim, em 1928.
9.1 - O TERRITÓRIO FEDERAL DO GUAPORÉ - Esta geopolítica confusa somente seria
alterada em decorrência de uma ação do governo federal (presidente Getúlio Vargas), que através do
Decreto-Lei 5.812, expedido em 13 de setembro de 1943, criou cinco territórios federais, como unidades
administrativas nos sertões do Brasil. Nesse contexto foram criados, na megarregião Norte, o Território
Federal do Guaporé (hoje estado de Rondônia), o Território Federal do Rio Branco (hoje estado Roraima), e
o Território Federal do Amapá (hoje estado do Amapá).
Além desses, este decreto-lei criou os territórios federais do Iguaçu, na megarregião Sul, e o de
Ponta-Porã, na megarregião Centro-Oeste. Mas, estes dois territórios federais foram extintos por força da
Constituição Federal de 1946, e suas terras reincorporadas aos estados de origem, Paraná e Mato Grosso,
respectivamente. Convém esclarecer que o Brasil já possuía dois territórios federais: o do Acre, primeiro
território federal brasileiro, criado em 1904, e o de Fernando de Noronha, criado em 1942.
OS MUNICÍPIOS – O decreto-lei nº 5.839, de 21 de setembro de 1943, baixado pelo presidente
Getúlio Vargas, organizou administrativamente os territórios federais e instituiu seus municípios. Neste
cenário, o Território Federal do Guaporé ficou constituído, inicialmente, pelos municípios de Porto Velho,
Lábrea e uma parcela do de Canutama, (desmembrados do estado do Amazonas) e Guajará Mirim, Alto
Madeira, e uma porção territorial de Vila Bela, (desmembrados do Mato Grosso).
Mas, em 1944, através do decreto-lei nº 5.870, baixado pelo presidente Getúlio Vargas, o
Território Federal do Guaporé seria reduzido a três municípios, na medida em que, por força deste
decreto-lei, ocorreu a reintegração do município de Lábrea e da parcela do de Canutama ao Amazonas, e
da porção do de Vila Bela ao estado do Mato Grosso.
Em 1945, o governo federal extinguiu o município do Alto Madeira e incorporou suas terras aos
municípios de Porto Velho e Guajará Mirim, respectivamente. Desse modo, o Território Federal do
Guaporé passou a ser constituído por duas circunscrições administrativas, - Porto Velho e Guajará Mirim
- condição que se estenderia até 1977, quando ocorreu a primeira divisão territorial em Rondônia.
9.2 - O TERRITÓRIO FEDERAL DE RONDÔNIA - Foi nesse ambiente político, dominado por
Cutubas e Peles-Curtas, que surgiu a ideia de alterar a designação política do Território Federal do
Guaporé para Território Federal de Rondônia. Isto ocorreu através da Lei Complementar 2.731, de
17.02.1956, de autoria do deputado federal Áureo de Melo, do PTB do Amazonas, aprovada pelo
Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República Juscelino Kubistcheck de Oliveira, JK.

9.3 – A 1ª. DIVISÃO TERRITORIAL - A primeira divisão territorial (criação de municípios),
ocorrida no espaço físico que constitui o estado de Rondônia deu-se no âmbito do Território Federal de
Rondônia, no final da década de 1970, durante o funcionamento de dois ciclos econômicos, o da
Agricultura e o da Cassiterita.
A Lei Complementar nº 6.448, de 11 de outubro de 1977, aprovada pelo Congresso Nacional e
sancionada pelo presidente da República Ernesto Geisel, deliberou sobre a criação de cinco municípios:
Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Pimenta Bueno e Vilhena. Estas foram as primeiras circunscrições
administrativas criadas em Rondônia. Com esta nova constituição administrativa, o Território Federal e
Rondônia passou a contar com sete municípios, tendo em vista a existência de Porto Velho e de Guajará
Mirim, de cujas terras os novos municípios foram desmembrados.
A segunda divisão territorial ocorreu por força da Lei Complementar nº 6.921, de 16 de junho
de 1981, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República João Baptista de
Oliveira Figueiredo. Esta Lei criou os municípios de Jaru, Ouro Preto do Oeste, Presidente Médici,
Espigão do Oeste, Colorado do Oeste e Costa Marques, elevando para treze o número de circunscrições
administrativas no Território Federal de Rondônia. Outras divisões territoriais ocorreriam a partir da
criação do Estado de Rondônia.

10 – RONDÔNIA-ESTADO - No ano de 1981, a 22 de dezembro, o Território Federal de
Rondônia foi elevado à 23ª. Unidade Federada brasileira: o Estado de Rondônia. Portanto, de Guaporé a
Rondônia foram 38 anos como Território Federal, sendo 13 anos com a designação Guaporé e 25 anos
como Rondônia. A criação do estado da Rondônia ocorreu por elevação do Território Federal para
Unidade Federada brasileira.
Em 1985, com as mudanças políticas ocorrentes no país provocadas pela queda do regime militar,
o governador Jorge Teixeira de Oliveira foi exonerado, através de decreto presidencial expedido pelo
presidente da República José Sarney. Em seu lugar foi nomeado o deputado estadual Ângelo
Angelim,PMDB/Vilhena, que governou de 1985 a 1987. As primeiras eleições para governador e vice-
governador ocorreram em 15 de novembro de 1986, simultâneas às eleições para os representantes no
Congresso Nacional (dois senadores e oito deputados federais), deputados estaduais, prefeitos e
vereadores. Naquele pleito, o ex-deputado federal e ex-prefeito de Porto Velho, Jerônimo Garcia de
Santana, tornou-se o primeiro governador eleito do estado. O vice-governador foi o ex-deputado federal
Orestes Muniz Filho. A posse o ocorreu em 14 de março de 1987.

11 - DIVISÃO TERRITORIAL - No ano de sua criação, o estado de Rondônia estava constituído
por treze municípios (Porto Velho e Guajará Mirim, criados no início do século XX, por influência da
ferrovia Madeira-Mamoré). Em 1977 foram criados os municípios de Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal,
Pimenta Bueno e Vilhena. Em 1981, o mapa político do Território Federal de Rondônia foi acrescido com
os municípios de Jaru, Ouro Preto do Oeste, Presidente Médici, Espigão do Oeste, Colorado do Oeste e
Costa Marques).
Convém esclarecer que os municípios criados entre 1977 e 1981, surgiram por influência do Ciclo
da Agricultura, ou da Colonização. Mas, tendo em vista a expansão populacional e a evolução política e
administrativa da nova Unidade Federada,(UF), surgiu a necessidade de serem executadas novas divisões
territoriais em seu espaço territorial. Desse modo, a primeira divisão territorial, no âmbito do Estado de
Rondônia deu-se por força do Decreto-Lei nº 071, de 05 de agosto de 1983, expedido pelo governador
Jorge Teixeira de Oliveira, que criou os municípios de Rolim de Moura e Cerejeiras, respectivamente. O
Estado passou a contar com quinze circunscrições administrativas em seu mapa político. No ano de 1986,
ocorreu nova divisão territorial na área geográfica do estado de Rondônia. Mas, este e outros processos de
divisão territorial passaram a ocorrer por iniciativa do Poder Legislativo, através de Leis Complementares
(LC), aprovadas pela Assembleia Legislativa, como se verá a seguir:
- A LC nº 100, de 11 de maio desse ano, criou o município de Santa Luzia do Oeste; a de nº 103, de
20 de maio, criou o município de Alvorada do Oeste, e a 104, criou o município de Alta Floresta do Oeste.
Ambas as Leis foram sancionadas pelo governador Ângelo Angelim. Estes foram os primeiros
municípios rondonienses criados pela Assembleia Legislativa. O mapa político de Rondônia foi elevado de
15 para 18 municípios. O 19º município, Nova Brasilândia do Oeste, foi criado em 19 de junho de 1987,
através da LC nº 157, sancionada pelo governador Jerônimo Santana.
A estrutura político-administrativa do Estado de Rondônia estava sendo alterada rapidamente
tendo em vista a necessidade de serem organizados novos municípios. No ano de 1988, a LC nº 198, de 11
de maio, sancionada pelo governador Jerônimo Santana, criava o município de Machadinho do Oeste,
elevando para vinte os municípios do Estado. Nesse mesmo ano, a 6 de julho, foram criados mais três
municípios: São Miguel do Guaporé (LC nº 206), Nova Mamoré (LC nº 207) e Cabixi (LC nº 208),
sancionadas pelo governador Jerônimo Santana. O estado de Rondônia passou a ser constituído por 23
municípios.
No ano de 1992, a 13 de fevereiro, ocorreu o maior processo de divisão territorial em Rondônia,
tendo em vista a criação, nesta data, de dezessete municípios, cujas leis complementares foram
sancionadas pelo governador Oswaldo Piana Filho. Destarte, foram criados os seguintes municípios:
Theobroma, LC nº 371; Cacaulândia, LC nº 374; Campo Novo de Rondônia, LC nº 379; Alto Paraíso, LC nº
375; Novo Horizonte do Oeste, LC nº 365, Castanheiras, LC nº 366; Urupá, LC nº 368; Mirante da Serra, LC
nº 369; Seringueiras, LC nº 370; Corumbiara, LC nº 377; Monte Negro, LC nº 378; Ministro Andreazza, LC
nº 372; Governador Jorge Teixeira, LC nº 373, Itapuã do Oeste, LC nº 364, Candeias do Jamary, LC nº 363;
Rio Crespo, LC nº 376 e Vale do Paraíso, LC nº 367. Em 1994, a 22 de junho, nova divisão territorial
ocorreu, tendo em vista a criação de oito municípios: Cujubim, LC nº 568; Nova União, LC nº 566; São
Felipe do Oeste, LC nº 567; Primavera de Rondônia, LC nº 569; Alto Alegre dos Parecis, LC nº 570;
Teixeirópolis, LC nº 751; Vale do Anarí, LC nº 572, e Parecis, LC nº 573. Com essa configuração em seu
mapa político, o estado de Rondônia passou a contar com 48 municípios.
A última divisão territorial ocorreu em 27.12.1995. Nesta data foram criados os municípios de
Chupinguaia, LC nº 643, São Francisco do Guaporé, LC nº 644, Pimenteiras do Oeste, LC nº 645, e Buritis,
LC nº 649. O mapa político de Rondônia passou a contar com cinquenta e dois municípios, constituídos
por 185 distritos. Estes foram os últimos municípios criados no século XX em Rondônia.

13 - ASPECTOS GEOPOLÍTICOS - O estado de Rondônia constitui-se em uma Megarregião
formada por 52 municípios, dividida geopoliticamente em duas Mesorregiões e oito microrregiões, onde
estão assentados, em dois blocos distintos, seus municípios. A primeira Mesorregião é designada
MADEIRA-GUAPORÉ, composta por duas microrregiões. A segunda, designada LESTE
RONDONIENSE, é formada por seis microrregiões. Cada microrregião é constituída por um bloco de
municípios e possui uma cidade-polo, a mais evoluída dos municípios que a compõe, e que lhe empresta o
nome.
- Na MESO MADEIRA-GUAPORÉ, constam duas microrregiões. A primeira, é a microrregião
Porto Velho e a segunda, a microrregião Guajará Mirim.
1ª) A microrregião PORTO VELHO tem como cidade-polo a cidade de Porto Velho e, é formada
pelos municípios de Porto Velho, Nova Mamoré, Candeias do Jamary, Itapuã do Oeste, Buritis, Campo
Novo de Rondônia e Cujubim.
2ª) A microrregião GUAJARÁ MIRIM tem como cidade-polo a cidade de Guajará Mirim sendo
constituída pelos municípios de Guajará Mirim, Costa Marques e São Francisco do Guaporé.
- A MESO LESTE RONDONIENSE possui seis microrregiões.
1ª) Microrregião ARIQUEMES - cidade-polo a cidade de Ariquemes. Municípios que a integram:
Ariquemes, Rio Crespo, Alto Paraíso, Monte Negro, Cacaulândia, Machadinho do Oeste e Vale do Anarí;
2ª) Microrregião JI-PARANÁ, cuja cidade-polo é a cidade de Ji-Paraná. Esta microrregião é
formada pelos municípios de Ji-Paraná, Jaru, Theobroma, Governador Jorge Teixeira, Vale do Paraíso,
Nova União, Mirante da Serra, Ouro Preto do Oeste, Teixeirópolis, Urupá e Presidente Médici;
3ª) Microrregião ALVORADA DO OESTE, cuja cidade-polo é a cidade de Alvorada, é integrada
pelos municípios de Alvorada do Oeste, São Miguel do Guaporé, Seringueiras e Nova Brasilândia do
Oeste.
4ª) A microrregião CACOAL tem como cidade-polo a cidade de Cacoal. Os municípios que a
integram são: Cacoal, Ministro Andreazza, Espigão do Oeste, Rolim de Moura, Alta Floresta do Oeste,
Alto Alegre dos Parecis, Santa Luzia do Oeste, Novo Horizonte do Oeste e Castanheiras;
5ª) A microrregião VILHENA, tem como cidade-polo da cidade de Vilhena e, é formada pelos
municípios de Vilhena, Pimenta Bueno, Chupinguaia, Parecis, São Felipe do Oeste e Primavera de
Rondônia;
6ª) A microrregião COLORADO DO OESTE tem como cidade-polo a cidade de Colorado. Os
municípios que a integram são: Colorado do Oeste, Cerejeiras, Cabixi, Corumbiara e Pimenteiras do Oeste.
Portanto, o estado de Rondônia se constitui em uma MEGARREGIÃO, dividida geopoliticamente
em DUAS MESORREGIÕES e OITO MICRORREGIÕES.

14 – ECONOMIA E BASE ECONÔMICA – A economia de Rondônia é urbana e rural. No
entanto, a exemplo de toda a megarregião Norte, o estado de Rondônia passa por um importante processo
de urbanização, tendo em vista a maioria de sua população, cerca de 68%, residir nos núcleos urbanos ou
cidades, e 32% na área rural. A Base Econômica de Rondônia é estruturada nos três setores formais da
economia: Setor Primário, Setor Secundário e Setor Terciário, cujos ramos desenvolvem-se na área
urbana e na área rural.
14.1 – Setor Primário - Têm como principais atividades a pecuária bovina e a agricultura. Desse
modo, a atividade pecuária faz do Estado um dos mais importantes produtores de gado bovino, de corte e
de leite, do país. O plantel bovino de Rondônia é formado por 11,8 milhões de cabeças, sendo 80% de corte
e 20% de leite, constituindo-se no 7º do país e segundo da megarregião Norte, superado pelo estado do
Pará.
As principais microrregiões produtoras da bovinocultura são: Vilhena, Colorado do Oeste,
Cacoal, Ariquemes e Ji-Paraná.
Na microrregião Vilhena destacam-se os municípios de Pimenta Bueno e Chupinguaia.
Na microrregião Colorado do Oeste as maiores áreas produtoras são Colorado do Oeste,
Corumbiara e Cerejeiras. Na microrregião Cacoal, destacam-se os municípios de Cacoal, Rolim de Moura
e Alta Floresta do Oeste. Na microrregião Ji-Paraná, os municípios de Ji-Paraná, Ouro Preto do Oeste e
Jaru são os maiores produtores, com destaque para Jaru, o maior produtor de gado leiteiro do Estado.
Na microrregião Porto Velho, destacam-se os municípios de Porto Velho (que detém o maior
plantel bovino de corte do Estado), Buritis e Nova Mamoré. Na microrregião Ariquemes, destacam-se os
municípios de Ariquemes e Alto Paraíso.
14.2 - A BACIA LEITEIRA de Rondônia constitui-se na 10ª maior do país e na primeira da
megarregião Norte. Neste cenário produtivo, a microrregião Ji-Paraná, com ênfase aos municípios de Ji-
Paraná, Ouro Preto do Oeste e Jaru, concentra a maior Bacia Leiteira do Estado.
14.3 – AGRICULTURA - No ramo agrícola, a sojicultura é o carro-chefe, com destaque para a
produção de soja na região conhecida por Cone Sul do Estado, onde estão as microrregiões Vilhena e
Colorado do Oeste. Nesse contexto, dez municípios rondonienses são produtores de soja, sendo o maior
produtor o município de Cerejeiras, seguido por Vilhena, Pimenta Bueno e Cabixi. Na região Oeste, o
município de Porto Velho destaca-se como o 8º produtor de soja do estado. Os cultivadores de soja em
Rondônia, e os do noroeste do Mato Grosso, utilizam o corredor intermodal rodo/fluvial formado pela
rodovia BR 364 e a hidrovia do Madeira, para o escoamento da economia sojífera. Na altura da cidade de
Porto Velho está localizado o Terminal Graneleiro que executa o transbordo da produção de soja com
destino ao Terminal Graneleiro de Itacoatiara,AM, que atua como porto receptor, do qual a soja produzida
em Rondônia e no noroeste Mato Grosso parte com destino aos portos exportadores de Santarém, Manaus
ou Belém do Pará. No entanto, convém frisar, que produção de soja que utiliza o corredor de BR 364 e do
terminal graneleiro de Porto Velho, não se origina inteiramente no estado, tendo vista a maior parte, cerca
de 80%, ser originária do noroeste do Mato Grosso.
A Cafeicultura, outra importante atividade agrícola de Rondônia, tem como principais zonas de
produção as microrregiões Cacoal. Ji-Paraná, Alvorada do Oeste, Ariquemes e Porto Velho, com
destaque para o município de Cacoal (maior produtor do Estado), e São Miguel do Guaporé (segundo
maior produtor).
Na microrregião Porto Velho, destacam-se os municípios de Porto Velho e Buritis. Nesta
atividade cafeeira, Rondônia é o 5º produtor do país e o segundo da megarregião Norte, superado pelo
estado do Pará.
A Cacauicultura ocorre, principalmente, nas microrregiões Ariquemes e Ji-Paraná, com destaque
para Cacaulândia, Theobroma, Ariquemes (1º produtor), Jaru e Ouro Preto do Oeste. O estado é o 3º
produtor do país e o segundo de sua megarregião, superado pelo estado do Pará. Convém esclarecer que a
economia cacaueira não se resume apenas ao cultivo, ou plantation, do cacau, tendo em ocorrer no ramo
extrativista vegetal, nas mesmas microrregiões de cultivo.
14.4 – Setor Secundário - A ECONOMIA AGROPECUÁRIA tem seu desdobramento no setor
secundário, no ramo Agroindustrial, destacando-se os laticínios e os frigoríficos. Nos laticínios (ou
indústrias lácteas), Rondônia tem destaque a nível nacional como grande produtor de queijos e de leite
pasteurizado, desnatado, em pó, condensado e creme de leite. Manteigas, doces e iogurte integram esta
importante pauta do setor secundário. Neste contexto, Rondônia aparece como o 4º produtor nacional de
queijo mussarela, integrando o agronegócio regional e nacional, a partir de exportações para as
megarregiões Norte, Nordeste e Sudeste. As zonas dessa produção agroindustrial são as microrregiões
Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal, Vilhena e Porto Velho, com ênfase aos municípios de
Jaru, Ouro Preto do Oeste, Vilhena Ariquemes, Cacoal, Porto Velho e Rolim de Moura.
No ramo dos frigoríficos, Rondônia tem sua maior área produtiva nas microrregiões Porto
Velho, Ariquemes, Cacoal, Ji-Paraná e Colorado do Oeste, com destaque para os municípios de Porto
Velho, Nova Mamoré, Ariquemes, Jaru, Ji-Paraná, Cacoal e Vilhena. Nesse contexto, o estado de Rondônia
é o 4º maior exportador de carne bovina do país, atendendo aos mercados europeu, asiático e nacional,
participando do agronegócio brasileiro. Nesse contexto, Rússia, China e países Árabes, são os principais
importadores da carne produzida em Rondônia. No plano nacional, importam carne de Rondônia os
estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Amazonas.
14.5 – O ESCOAMENTO DA ECONOMIA de Rondônia tem sua infraestrutura viária baseada
em seis rodovias federais, 83 rodovias estaduais, três hidrovias e sete aeroportos, que integram o sistema
intermodal de transporte e de escoamento da economia. Desse modo, ao contrário dos demais estados de
sua megarregião, Rondônia prioriza o rodoviarismo que representa a maior parcela dos meios de
transporte. Não há, na economia rondoniense, o sistema ferroviário.
As rodovias federais que servem ao estado de Rondônia, são: BR 174, BR 319, BR 364, BR 421,
BR 425 e BR 429, sendo a mais importante a BR 364, conhecida por rodovia transnacional ou Marechal
Rondon, que interliga Rondônia aos estados do Acre e do Mato Grosso e ao centro-sul do país.
Para o escoamento através do sistema hidroviário, são utilizadas três hidrovias: a Hidrovia
Guaporé-Mamoré e a Hidrovia do Madeira, esta atuando como hidrovia de grande contorno, com 1.116
km de extensão.
Os terminais aeroportuários estão localizados nas seguintes cidades: Porto Velho (aeroporto
internacional), Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal e Vilhena, aeroportos regionais, e Guajará Mirim e Costa
Marques, aeroportos de fronteira.

15 – MEIO AMBIENTE - Em linhas gerais, pode-se afirmar que o processo de ocupação humana
do espaço rondoniense, ao longo dos vários ciclos econômicos, foi executado de maneira desordenada,
com pouca ou nenhuma preocupação com o meio ambiente, tendo e vista a ausência de políticas públicas
mais específicas e a presença de uma mentalidade meramente colonizadora nos vários processos
ocupacionais. Por este modo, ao longo dos séculos, os avanços migracionais, desde a construção da
ferrovia Madeira-Mamoré aos desdobramentos do ciclo da agricultura, alteraram a fisionomia florestal e o
bioma rondonienses. Somente a partir da década de 1960, o governo federal voltou-se para a preservação
do meio ambiente e para a demarcação de terras indígenas no território rondoniense. Em 1960 o governo
JK criou inspetorias florestais. Em 1974, o regime militar interditou áreas para a demarcação da reserva
indígena Roosevelt/Aripuanã, visando à atração dos povos indígenas Cinta-Larga, Suruí, Arara, Gavião e
Erikpatsa.
Em 1979, o governo militar criou a Reserva Biológica,REBIO, Jaru, na área onde se localiza a
microrregião Ji-Paraná. Na sequência, o governo federal criou o Parque Nacional de Pacaás-Novos, que
abrange as microrregiões Guajará Mirim, Ji-Paraná, Ariquemes e Porto Velho. Diante de todo esse quadro
de colonização rural e urbana, Rondônia passou a ser alvo de várias instituições nacionais e internacionais
preocupadas com a preservação ambiental, e tornou-se no grande vilão ambiental da Amazônia.
15.1 - PLANAFLORO - O Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia é um programa específico
do governo do Estado, executado a partir de 1988, através de decreto expedido na gestão do governador
Jerônimo Santana, como medida para ordenar as atividades socioeconômicas e o desenvolvimento
sustentável de Rondônia. No entanto, esse programa somente ganhou força de Lei em 1991, quando a
Assembleia Legislativa aprovou a Lei Complementar número 052/1991, que ratificou o decreto
governamental de 1988.
Todavia, esse programa precisava ser adequado às modernas normas nacionais e internacionais
para o Meio Ambiente. Por este motivo, o governo do Estado elaborou um novo projeto que foi aprovado
pela Assembleia Legislativa na forma da Lei Complementar nº 233, de 06 de junho de 2000. Por esse
documento legal, Rondônia estabeleceu a ação ambiental em três componentes: o meio físico, o meio
biológico e o meio socioeconômico, definindo o espaço rondoniense em três zonas e nove subzonas. O
PLANAFLORO disciplina a ocupação do espaço físico do estado de Rondônia, que se tornou o primeiro
do país a ser regido por uma Lei de Zoneamento Socioeconômico e Ecológico. Para esse fim foram
criadas 54 Unidades de Conservação e Uso Sustentável que priorizam os recursos hidrominerais, a
Fauna, a flora e o desenvolvimento sustentável. Estas Unidades de Conservação ou reservas, estão
divididas em dois grupos.
No primeiro, encontram-se as Florestas Nacionais, FLONAS, Florestas Estaduais, FLOTAS,
Reservas Extrativistas, RESEX e Reservas de Desenvolvimento Sustentável. No segundo, estão os Parques
Nacionais e as Reservas Biológicas, REBIO, Estações Ecológicas, Reservas Particulares do Patrimônio
Nacional e Área de Proteção Ambiental,APA.
No entanto, o grave processo de desmatamento das matas rondonienses, e o açoriamento dos
seus rios foram se intensificando, notadamente em razão das atividades agropecuária e mineral. Somente a
partir de 1988, em pleno desenvolvimento do ciclo da agricultura, o governo de Rondônia, pressionado
por entidades nacionais e internacionais sobre a questão ambiental, decidiu instituir o Plano Agropecuário
e Florestal de Rondônia, PLANAFLORO, como medida para conter o desmatamento e ordenar as
atividades socioeconômicas, resultando, posteriormente, na lei de zoneamento socioeconômico e
ecológico, que institui as Unidades de Conservação e Uso Sustentável, divididas em dois grupos.
No 1º grupo estão as Unidades de Uso Sustentável, formadas pelas Florestas
Nacionais,FLONAS,Florestas Estaduais, FLOTAS, Reservas Extrativistas, RESEX, Reservas de
Desenvolvimento Sustentável, e Florestas Extrativistas.
No 2º grupo encontram-se as Unidades de Proteção Integral, nas quais se incluem Parques
Nacionais, Reservas Biológicas, REBIO, Estações Ecológicas, Reservas Particulares do Patrimônio
Nacional, e Áreas de Proteção Ambiental,APA.
Neste contexto, Rondônia possui 22,32% de seu espaço físico formados por Unidades de
Conservação e Uso Sustentável. Dessas, três são unidades de conservação municipais, 42 são unidades de
conservação estaduais, oito são unidades de conservação federais e uma constitui-se em unidade de
conservação particular.

16 - O MERCANTILISMO E AS POLÍTICAS DE COLONIZAÇÃO DOS VALES DO
MADEIRA E DO GUAPORÉ - O sistema econômico da Amazônia portuguesa era estruturado no
mercantilismo, envolvendo atividades extrativistas, a exemplo da coleta de drogas do sertão e extração
mineral. Nesse sentido, ocorria a penetração de comerciantes de frutos e essências raras amazônicas,
conhecidos por “droguistas do sertão”, e de grandes expedições exploradoras, de limites e científicas,
que percorriam a região amazônica em busca de reconhecimento territorial com a finalidade de expandir e
consolidar as posses da Coroa portuguesa, da realização de estudos da fauna, da flora e da fisiografia, do
apresamento indígena e da extração de drogas do sertão.
Nesse sentido, as expedições mais importantes a percorrerem os rios Madeira, Jamary, Mamoré e
Guaporé foram:
- EXPEDIÇÃO PEDRO TEIXEIRA (1637-1639) – Bandeira de limites que partiu de Belém, PA,
com destino à cidade de Quito, no vice-reinado do Peru (hoje capital da república do Equador). No
retorno, em 1639, o capelão da frota, padre jesuíta espanhol Cristóbal de Acuña, registrou pela primeira
vez o rio Caiary com o nome rio das Madeiras, ou rio Madeira.
- EXPEDIÇÃO ANTONIO RAPOSO TAVARES (1647-1651) – Bandeira exploradora e de limites,
que partiu da Vila de São Paulo com destino a Belém do Grão-Pará. Conhecida historicamente como a
“Grande Bandeira de Limites” ou a que realizou “A Grande Marcha dos 12 mil quilômetros”, esta foi a
primeira expedição luso-brasileira a percorrer o rio Madeira. Em seu trajeto, penetrou nos rios Tietê,
Paranapanema, Paraguai, Prata, Paraguá, Mamoré, Guaporé, Madeira e alcançou o rio Amazonas até seu
destino final, a vila de Belém do Grão-Pará.
- EXPEDIÇÃO FRANCISCO DE MELO PALHETA (1723-1726) – Bandeira exploradora e de
limites, partiu de Belém do Grão-Pará com destino ao Vale do Guaporé-MT. Essa Bandeira alcançou o
povoado de Moxos, na Audiência de Charcas (hoje República da Bolívia), no vice-reinado do Alto Peru,
desafiando o estado de guerra entre os reinos de Portugal e Espanha, e depois, percorreu o rio Guaporé,
retornando a Belém do Pará em 1726. Prosseguindo a viagem, o capitão Palheta foi à cidade francesa de
Caiena, atual Guiana Francesa, de onde contrabandeou mudas e sementes de café, tornando-se o
introdutor do cultivo de café no Brasil, em sua fazenda na capitania do Grão-Pará.
- EXPEDIÇÃO LUÍS FAGUNDES MACHADO (1748/1749) – Bandeira exploradora e de limites.
Partiu de Belém do Pará com destino a Vila Bela da Santíssima Trindade do Mato Grosso, no Vale do
Guaporé. Foi a primeira Bandeira a explorar o rio Jamary até encontrar a cachoeira de Samuel. Esta
expedição realizou estudos cartográficos da região do baixo, médio e alto Madeira, resultando na Carta
Topográfica do Rio Madeira, que serviu para orientar a Coroa portuguesa nas negociações para o Tratado
de Madri, em 1750.
Em todas estas expedições ficava claro que a Coroa portuguesa buscava consolidar suas posses
territoriais e explorar o máximo que pudesse as riquezas naturais amazônicas. Com essa finalidade,
Portugal implementou novas políticas de ocupação regional, criando capitanias hereditárias, a exemplo
da Capitania do Maranhão - hoje estado do Maranhão - Capitania do Grão-Pará - hoje estado do Pará -
Capitania de São José e Rio Negro – hoje estado do Amazonas – e a Capitania de Cuiabá e Mato Grosso –
que hoje compreende os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e a maior porção territorial que
constitui o estado de Rondônia.
Além disso, Portugal estimulou o surgimento de núcleos de povoamento na região que
compreende os vales do Madeira e do Guaporé. Os principais povoamentos foram:
- Santo Antonio das Cachoeiras (1728) e N. Senhora da Boa Viagem do Salto Grande (1757) -
hoje Vila do Teotônio-; Balsemão (1768), na altura do salto do Girau; São José de Montenegro, hoje PIC
Sidney Cirão, em Nova Mamoré,RO, na altura do salto do Ribeirão, todos no Rio Madeira.
No Rio Guaporé, o mais importante núcleo de povoamento foi Vila Bela da Santíssima
Trindade de Mato Grosso (1748), que funcionou como capital da capitania de Cuiabá e Mato Grosso, a
partir de 1752.
Para dar suporte ao mercantilismo, a Coroa portuguesa autorizou o funcionamento de empresas
de navegação e colonização, como a Companhia de Navegação e Comércio do Amazonas, pertencente ao
megaempresário brasileiro Irineu Evangelhista de Souza, barão de Mauá, e duas outras: a Companhia
Fluvial do Pará e a Companhia Fluvial do Alto Amazonas. Mais tarde, essas três empresas foram
adquiridas pela Amazon Steal Navigation Company, da Inglaterra, que monopolizou o sistema de
transportes, colonização e os mercados produtores regionais.

A navegação no trecho Belém do Pará/Vila Bela, um longo trajeto de 770 léguas, era também o
mais tortuoso por conta dos acidentes hidrográficos (cachoeiras, saltos e corredeiras) encontrados nos rios
Madeira, Mamoré e Guaporé. Para superar esses obstáculos naturais, muitas vezes, as expedições faziam o
contorno por terra, através das picadas e dos varadouros abertos na floresta. Este processo ficaria
conhecido por Sistema de Varação, que consistia na abertura de picadões e varadouros no meio da
floresta, situação que tornava as viagens mais longas e penosas.
Desse modo, a distância mais curta nesse itinerário – e a mais difícil de ser vencida – ficava no
trecho que compreende a Santo Antonio do Rio Madeira até a de Guajará Mirim, onde estão localizados
20 acidentes hidrográficos, sendo quinze no rio Madeira e cinco no Mamoré. O primeiro acidente
hidrográfico à montante do rio Madeira é a Cachoeira de Santo Antonio, em Porto Velho, e o último, a
Cachoeira Guajará-Myrim, à montante do rio Mamoré, cuja toponímia deu origem aos nomes dos
municípios de Guajará Mirim, no estado de Rondônia, e Guayaramerim, no departamento do Beni,
Bolívia.

18 - ABERTURA DOS RIOS DA AMAZÔNIA à navegação internacional foi uma das decisões
políticas mais demoradas do governo luso-brasileiro para estimular o mercantilismo e a colonização
regionais. Visando a impedir as penetrações das potências dominadoras do mundo ocidental na Amazônia
(Inglaterra, França, Holanda, Espanha e, posteriormente, os Estados Unidos da América), a Coroa
portuguesa proibiu, no final do século XVII, que navios de bandeira estrangeira percorressem os rios
amazônicos. Em seguida, por conta do funcionamento do Ciclo do Ouro no Vale do Guaporé (século
XVIII), Portugal decretou a proibição da navegação, de toda e qualquer embarcação, nos rios Guaporé,
Mamoré e Madeira (1733), visando a coibir o crescente contrabando de ouro e as relações „não permitidas‟,
mas atuantes, entre garimpeiros luso-brasileiros e comerciantes de víveres espanhóis, localizados na
margem esquerda do rio Guaporé, que eles chamavam Itenez.
Os problemas gerados por essa política protecionista de Portugal, mantida depois pelo governo
imperial brasileiro, foram muitos, na medida em que tal decisão contrariava os interesses dos demais
países sul-americanos amazônicos - Bolívia, Peru, Equador, Venezuela e Colômbia – e os das principais
potências mundiais - Inglaterra, Espanha, França, Holanda e EUA.
Mas, somente na segunda metade do século XIX, o governo imperial brasileiro (D. Pedro II)
decretaria a abertura dos rios amazônicos à navegação de embarcações de bandeira estrangeira, exceto nos
rios Madeira, Mamoré e Guaporé, que ficaram liberados apenas para navios luso-brasileiros. Essa decisão
modificou por completo o mercantilismo, o processo de povoamento, e introduziu na região a influência
direta das potências mundiais, a partir da criação da empresa Amazon Steal Navigation, uma poderosa
companhia de navegação fluvial e de colonização, de capital inglês, que monopolizou, como se pode
observar, o poderoso sistema de transporte na Amazônia.

19 - EXPLORAÇÃO E COLONIZAÇÃO DO OESTE DA AMAZÔNIA - O final do século XVIII
foi marcado pela exploração, reconhecimento e colonização do Oeste da Amazônia, a partir da aprovação,
em 1798, do Plano de Navegação e Comércio, implantado pela Coroa portuguesa na região, envolvendo
as capitanias do Grão-Pará, do Rio Negro (hoje estado do Amazonas) e a de Cuiabá e Mato Grosso. Nesse
contexto, a base econômica estava sendo alterada com o aumento do comércio das drogas do sertão,
destacando-se o cacau, e, mais adiante, a extração do látex, a matéria-prima da borracha.
A estratégia de instalar povoados e criar vilas e cidades nos vales do Madeira e do Guaporé,
integrava a política oficial colonizadora executada pela Coroa portuguesa e, após a independência, pelos
governos imperial e republicano do Brasil.

Portanto, o processo de exploração e colonização do Oeste da Amazônia está diretamente


relacionado à economia mercantilista, cujos desdobramentos geraram povoamento não-indígena na
região.
Nesse contexto, incluem-se os megaprojetos de ocupação e colonização dos quais se destacam o
primeiro e o segundo ciclos da borracha, a construção e funcionamento da ferrovia Madeira-Mamoré e
das linhas e estações telegráficas estratégicas da Comissão Rondon e, posteriormente, a construção efetiva
da rodovia BR 029, hoje BR 364.
19.1 - A QUESTÃO INDÍGENA - O desenrolar das atividades mercantis e a chegada sistemática
de povoadores na área dos vales do Madeira, Guaporé e Mamoré, e suas linhas de penetração nas demais
bacias da região, provocaram expropriação de terras indígenas, cujos povos foram empurrados cada vez
mais para o interior da floresta e submetidos a um intenso processo de submissão, desunião tribal,
extermínio e desaparecimento de algumas das mais importantes nações, a exemplo dos Paiaguá, do vale
do Guaporé, dos Pama, Munduruku, Torá e Mura, do vale do Madeira.
A Coroa portuguesa, em um primeiro momento, estimulava o apresamento indígena por colonos
e expedições exploradoras, apesar de expedir vários decretos proibindo sua escravização. No entanto, em
1775, Portugal expediu provisão real (decreto) abolindo o escravismo indígena, ao tempo em que
estimulava a introdução de negros africanos como mão de obra escrava, substituta e definitiva no
processo de exploração e colonização da Amazônia.

No século XIX, com o funcionamento do 1º Ciclo da Borracha, os novos povoadores amazônicos
passaram a ser, em sua maioria, nordestinos introduzidos no sistema extrativo-produtivo e comercial dos
seringais. Nos espaços físicos que constituem hoje os estados de Rondônia e Acre, a evolução econômica
da produção de borracha e sua comercialização geraram povoamentos e conflitos.
Nesse novo cenário, o Oeste amazônico receberia milhares de trabalhadores nordestinos inseridos
no sistema dos seringais. Mas havia também o ingresso de imigrantes estrangeiros no desenrolar do 1º
Ciclo da Borracha, a exemplo de europeus, asiáticos e norte-americanos, além de bolivianos e peruanos.
De outras regiões do Brasil, notadamente do sul e sudeste, aportaram na Amazônia patrões de seringais,
técnicos e comerciantes que operavam a exploração de látex, e a produção, comercialização e exportação
de borracha silvestre.
Mas, deve-se ressaltar, nesse processo de povoamento e colonização regionais, a importância dos
missionários jesuítas na fundação das Missões que depois se transformaram em vilas e cidades. No vale
do médio Madeira, por exemplo, destaca-se a ação do jesuíta João de Sampayo que fundou, em 1728, a
missão de Santo Antonio das Cachoeiras, na região conhecida como Boca do Jamary, localizada entre a
cachoeira de Santo Antonio e a foz do rio Jamary, no Madeira.

20 - O PROCESSO DE OCUPAÇÃO E EXPROPRIAÇÃO INDÍGENA NA ÁREA DO BENI - O
avanço da colonização sobre a região Amazônica gerou conflitos mortais entre os povos indígenas e os
colonizadores, principalmente na imensa área dos rios Beni e Madeira. O índio tornou--se mercadoria
plenamente comercializável na medida em que se constituía na mão de obra mais fácil de ser encontrada e,
portanto, de ser escravizada. No século XIX, o noroeste boliviano foi alvo de intensa exploração econômica
com a utilização de mão de obra indígena e expropriação de suas terras.
No vale do rio Beni, a Coroa espanhola praticava um sistema de colonização diferenciado
daquele praticado pela Coroa portuguesa nos vales do Guaporé e Madeira. A Espanha cobrava tributo a
todo indígena entre 18 e 50 anos de idade. Esses impostos eram altíssimos e incidiam sobre a produção, o
que causava um sentimento de revolta nos povos indígenas, sobretudo, naqueles localizados no noroeste
boliviano, fronteira com a Amazônia portuguesa, região do rio Beni. Somente após a divisão do Vice-
Reinado do Alto Peru (1824-1825), através da ação de Simon Bolívar, esses tributos foram abolidos, mesmo
porque a Espanha perdeu o controle sobre a região que terminou dividida em vários países que se
estendem da Venezuela à Bolívia, nos dias atuais.
Em 1831, o governo boliviano restabeleceu os direitos dos povos indígenas às suas terras. Mas
essa nova condição política não se estendeu ao noroeste boliviano, região de Mojos, Yucararés e Chiquitos,
cujas terras foram disponibilizadas pelo governo para a colonização agropastoril ou exploração de látex,
atraindo importantes contingentes migratórios. Desse modo, o indígena foi novamente submetido a um
sistema de patronato rural, quadro que seria abolido somente vinte anos mais tarde.
Os povos indígenas da região do Beni promoveram várias revoltas, levantando-se contra a
política colonial do governo boliviano. Um dos mais importantes líderes desses movimentos foi o índio
Pedro Ignácio Muíba que comandou uma grande rebelião contra o sistema. Mas, os índios sob seu
comando foram duramente reprimidos por forças militares e paramilitares, fazendeiros e mineradores
brancos. Paradoxalmente, este conjunto de forças era apoiado por grupos indígenas liderados por Juan
Maraza, que lutava ao lado dos colonizadores contra seu próprio povo.
No entanto, a resistência dos povos indígenas do Beni seria intensificada com o passar dos anos,
estendendo-se até meados do século XX, quando, por fim, conquistaram o direito a terra.

21 – CICLOS ECONÔMICOS E CICLOS MIGRATÓRIOS - O processo de ocupação humana e
colonização das terras formadoras do estado de Rondônia, está diretamente vinculado ao funcionamento
de ciclos econômicos e da consequente atração de contingentes migracionais, inseridos nos ciclos
migratórios. O primeiro ciclo atuar decisivamente no povoamento deste lado amazônico foi o Ciclo do
Ouro No Vale do Guaporé, no século XVIII. Em seguida, ocorreram os dois ciclos da borracha, 1º e o 2º, o
Ciclo Ferroviário, o Ciclo Telegráfico, o Ciclo da Cassiterita, o Ciclo da BR 364, o da Colonização Agrícola,
o do Ouro no Vale do Madeira e, atualmente, o das Usinas do Madeira, como se verá a seguir:
– CICLO DO OURO NO VALE DO GUAPORÉ, 1730-1790 – Seu início ocorreu a partir da
descoberta das minas de ouro ao longo dos rios Cuiabá e Coxipó-Mirim, nos anos 1718 e 1723, pelos
bandeirantes luso-brasileiros Pascoal Moreira Cabral e Miguel Subtil, respectivamente. A partir desses
eventos, o foco da política portuguesa para a Amazônia foi alterado e a região onde surgiria a cidade de
Cuiabá se tornaria na porção mais populosa da Capitania de São Paulo, com a intensa penetração de
contingentes migratórios destinados à exploração aurífera e ao comércio que se formava nas áreas de
garimpo.
No entanto, a atividade garimpeira sofreu modificação espacial, a partir do início da década de
1730, quando os irmãos Fernando e Arthur Paes de Barros decidiram afastar-se da Vila de Cuiabá e
aprofundar a linha de pesquisa de ouro à região que eles passariam a denominar Mato Grosso – o Vale do
Guaporé. Nesta vasta área territorial, até então sob domínio espanhol, eles descobriram os rios do ouro –
Guaporé, Sararé, Corumbiara e Galera.
Desse modo, os irmãos Paes de Barros fundaram o Sítio do Pouso Alegre, para servir de posto de
abastecimento e núcleo populacional da região. Foi o bastante para a
Coroa portuguesa implantar novas políticas de ocupação e colonização regionais e criar a Capitania de
Cuiabá e Mato Grosso, no ano de 1748, cuja sede de governo deveria funcionar na cidade de Vila Bela da
Santíssima Trindade do Mato Grosso, edificada no espaço do Sítio do Pouso Alegre, nas nascentes do rio
Guaporé, ou Itenez.
A instalação da primeira capital da Capitania de Cuiabá e Mato Grosso deu-se em 1752 com a
posse do primeiro governador, o capitão-general D. Antonio José Rolim de Moura Tavares, que iria
governar por treze anos. Na outra margem do Guaporé, estava localizada a Audiência de Charcas – atual
República da Bolívia - agregada ao Vice-Reinado do Alto Peru, de possessão espanhola.
O desfecho deste duplo processo de colonização da porção oeste e noroeste Amazônia seria o
desentendimento diplomático entre os reinos de Portugal e Espanha e a decretação de uma guerra pela
posse territorial. Esta situação seria parcialmente controlada com a edição do Tratado de Madri, em 1750,
que demarcou as terras lusitanas e espanholas na Amazônia, sob a doutrina do Uti Possidetis Pos-Facto, ou,
a “terra é de quem a ocupa de fato”.
No entanto, este tratado não foi satisfatório para as pretensões espanholas e outro seria celebrado
em 1761, o Tratado de El Pardo, também assinado na Espanha, na cidade de El Pardo, ou do Prado. Este
novo acordo diplomático bilateral retificou alguns artigos do Tratado de Madri. Apesar deste novo evento
as desconfianças mútuas, a ambição territorial e a economia aurífera fazem recrudescer os confrontos na
fronteira de Portugal e Espanha na Amazônia.
Por estes motivos, o governo português, sob o reinado de D. José I e do 1º. Ministro, Marquês de
Pombal, passa a executar a Política Pombalina e decide pela construção de uma fortaleza no Vale do
Guaporé, o Real Forte do Príncipe da Beira, construído entre 1776 e 1783, sob a égide do Tratado de El
Pardo.
A Capitania de Cuiabá e Mato Grosso era governada pelo capitão-general D. Luís Albuquerque
de Mello Pereira e Cáceres, o governador que se empenhou em construir esta que se tornaria a maior
fortaleza portuguesa da Amazônia.
O primeiro engenheiro do forte foi o italiano Domingos Sambucetti, a serviço da Coroa
portuguesa, especializado neste de tipo de obra, baseada no sistema Vauban (do arquiteto francês
Sebastien Le Prest de Vauban). Contudo, o alferes Sambucetti, acometido de malária, morreria em 1781.
Para seu lugar na chefia das obras do Príncipe da Beira foi designado o militar português, coronel de
engenheiros Ricardo Franco de Almeida Serra, responsável pela entrega final das obras, apesar não estar
complemente concluída, no ano de 1783.

22 - A RESISTÊNCIA ESCRAVA E A SUBMISSÃO INDÍGENA - A escravidão negra na
Amazônia começou no Pará, em 1692, portanto, na segunda metade do século XVII, quando foram
introduzidos pouco mais de uma centena de negros, chamados pelos portugueses de “peças da Guiné” ou
“povo infiel”. Mas, o escravismo na região amazônica não seguia os padrões de organização do restante
do Brasil-Colônia, na medida em que o sistema na Amazônia era desorganizado e o preço da “peça da
Guiné” era muito elevado por conta das distâncias que encareciam o frete. Por isso, os negros escravos não
foram tão numerosos na Amazônia. A partir de 1750, com a celebração do Tratado de Madri entre os
reinos de Portugal e Espanha, e a execução da Política Pombalina, a atividade negreira na região
aumentou consideravelmente, mesmo porque, o Marquês de Pombal incentivou a criação de companhias
de navegação, a exemplo da Companhia Geral do Comércio do Maranhão e Grão-Pará, conhecida como a
“empresa de Pombal”. Essa companhia de navegação recebeu do governo português concessão para
introduzir negros escravos e imigrantes estrangeiros na região amazônica, com extensão ao Mato Grosso
(Vale do Guaporé).
A partir do seu funcionamento, o número de negros escravos aumentou na Amazônia,
notadamente aqueles destinados aos garimpos de ouro no Vale do Guaporé, às fazendas agropastoris, aos
engenhos, ao poder público, á Igreja e a outras atividades locais, principalmente na cidade de Vila Bela da
Santíssima Trindade de Mato Grosso. No entanto, este foi o modelo de escravismo negro mais violento do
Brasil-Colônia, na medida em que os negros se uniam com os povos indígenas, desafiavam as leis da
escravidão, atacavam seus donos e feitores e fundavam Quilombos no meio da floresta, onde
encontravam um pouco de liberdade e tornavam-se Quilombolas. Mas, tinham de enfrentar várias
batalhas, em lutas desiguais, contra as tropas luso-brasileiras enviadas para caçá-los e destruir os
Quilombos. Portanto, o símbolo da resistência escrava no Vale do Guaporé são os Quilombos e seus
habitantes, os Quilombolas.
O principal Quilombo fundado no Vale do Guaporé mato-grossense, hoje estado de Rondônia, foi
o Quilombo do Piolho ou Quariteré. Seu fundador foi o escravo João Piolho. Mas, depois de sua morte em
combate, foi substituído por sua mulher, Tereza de Benguela, conhecida como a “Rainha Viúva”, que
resistiu ferozmente às investidas de tropas luso-brasileiras, enviadas pelo governo da capitania de Cuiabá
e Mato Grosso, até ser derrotada e cometer suicídio, em 1792.
Os demais quilombos localizados no estado de Rondônia, egressos da economia aurífera do Vale
do Guaporé, são: Quilombo de Santo Antonio, Quilombo das Pimenteiras, Quilombo das Pedras Negras,
Quilombo do Pau D‟Óleo, Quilombo do Príncipe da Beira, Quilombo Rolim de Moura, Quilombo do
Galera e Quilombo do Mutuca.
22.1 - O ESCRAVISMO INDÍGENA é outro fator importante neste primeiro processo de
colonização da atual Amazônia rondoniense, notadamente durante o Ciclo do Ouro no Vale do Guaporé,
quando os indígenas eram capturados nas aldeias, ou na floresta, e submetidos ao trabalho escravo nos
garimpos, sítios, fazendas e núcleos urbanos que se formavam. Os principais povos indígenas submetidos
a este processo ilegal de escravidão foram os Caiapó e os Paiaguá, que trabalharam, também, na
construção do Real Forte do Príncipe da Beira.
Contudo a escravidão negra e o escravismo indígena transcendem ao Ciclo do Ouro no Vale do
Guaporé e se inserem no primeiro Ciclo da Borracha, cujo início, e durante muitos anos, ocorreu no Brasil
escravocrata, operado por uma sociedade vinculada aos processos da escravatura e, por isto mesmo,
habituados a operar a economia com este tipo de mão de obra.
23 - O 1º CICLO DA BORRACHA (1850-1920) - O desenvolvimento do 1º Ciclo da Borracha foi
controlado financeiramente pelas potências econômicas onde se desenvolvia a Revolução Industrial, com
destaque para a Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica e, sobretudo, EUA. O espaço amazônico, durante os
desdobramentos socioeconômicos e políticos promovidos por esse ciclo, foi povoado por imigrantes
estrangeiros e brasileiros.
23.1 - A MÃO DE OBRA SERINGUEIRA NO 1º CICLO DA BORRACHA - Dentre os
contingentes de trabalhadores nacionais encaminhados para a Amazônia, a maioria era formada por
nordestinos que passaram a integrar o cenário da economia gomífera e atuaram, respectivamente, como
seringalistas (donos dos seringais) e na mão de obra semiescravizada, na condição de seringueiros,
mateiros, toqueiros e outras atividades. Mas, a mão de obra utilizada nos primeiros momentos deste ciclo
econômico envolveu indígenas escravizados, substituídos por negros escravos. Posteriormente, foram
recrutados trabalhadores rurais sem-terra oriundos, em sua maioria, do Nordeste brasileiro, procedentes
dos estados do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambuco e Maranhão, constituindo uma
mão de obra análoga à escravidão.
Outro tipo de mão de obra utilizado nos seringais, neste ciclo de produção gomífera, foi a de
seringueiros bolivianos e peruanos, a maioria indígenas, que operavam na coleta do látex e na produção
de borracha nos vales do Guaporé, Mamoré, Madeira e Jamary, e na região do Acre.
Também tiveram participação importante no processo gomífero seringalistas e seringueiros
europeus, asiáticos e norte-americanos atraídos para a produção de borracha na Amazônia, e outras
atividades ligadas ao comércio e à pesquisa.
23.1 - O DECLINÍO DO 1º CICLO DA BORRACHA - O primeiro Ciclo da Borracha terminou
em decorrência do investimento norte-americano, inglês, francês e holandês no cultivo, ou plantation, de
seringueiras da Amazônia nas colônias asiáticas, centro-americanas e africanas, a partir do final da
década de 1870. Poucos anos mais tarde, essas colônias passaram a produzir borracha silvestre cultivada,
de melhor qualidade, alcançando os menores preços de mercado e maior quantidade de oferta.
O primeiro ciclo da borracha entrou em declínio no final da década de 1910 quando os mercados
consumidores, europeu e norte-americano, passaram a comprar exclusivamente borracha produzida no
sudeste asiático e na África, principalmente na Tailândia, Malásia, Vietnan, Hong Kong, Ceilão, Filipinas,
Índia, Sudão, Libéria, Congo e Indonésia.

23.2 – A MÃO DE OBRA PARA OS SERINGAIS DO ALTO MADEIRA - O primeiro Ciclo da
Borracha foi responsável por dotar a região Amazônica de uma identidade econômica e por seu primeiro
processo de povoamento efetivo, não indígena. A exploração do látex nos seringais, cuja demanda era para
atender aos países da Revolução Industrial (Inglaterra, França, Holanda, Alemanha e EUA), exigia cada
vez mais braços fortes para atuar na floresta, retirar o látex e produzir a borracha.
A mão de obra que iria atender a esse processo, inicialmente, foi a do indígena escravizado.
Eram os braços fortes mais próximos do sistema produtivo. Mas o indígena encontrava o ambiente
propício para fugas que desestabilizavam o sistema e havia leis que impediam sua escravização. Além
disso, os financiadores do Ciclo (Inglaterra, EUA e França), assumiam posição contrária a esta prática.
Contudo, os seringais precisavam produzir mais borracha para atender às necessidades
internacionais, principalmente após a descoberta da vulcanização da borracha por Charles Goodyear
(EUA) e Thomas Hankoock (Inglaterra), em 1839, da invenção do automóvel por Henry Ford (EUA), no
século XIX, e do pneumático, pelos irmãos Michelin, da França. Desse modo, o sistema foi buscar a mão
de obra nordestina para a exploração do látex e produção de borracha. Para fortalecer o sistema dos
seringais, uma política de povoamento da Amazônia foi executada pelo governo imperial brasileiro (D.
Pedro II), que incentivou a emigração de trabalhadores rurais sem-terra do Nordeste, notadamente dos
estados do Ceará, Paraíba, Piauí Pernambuco e do Maranhão, com destino à Amazônia.
Os nordestinos, transformados em seringueiros, passaram a integrar o cenário socioeconômico
da Amazônia na condição de mão de obra semiescravizada. No espaço físico que constitui o estado de
Rondônia, os nordestinos trabalharam juntamente com seringueiros bolivianos e peruanos que operavam
nos vales do Guaporé, do Mamoré, do Madeira e do Jamary, em seringais pertencentes a empresários
brasileiros, europeus, peruanos e bolivianos, como os poderosos Suarez y Hermanos, que controlavam o
comércio da borracha na região.
Portanto, os seringais absorveram mão de obra indígena escravizada, substituída pela mão de
obra negra africana escrava, e depois, por seringueiros bolivianos e peruanos. No contexto nacional
brasileiro, os seringais amazônicos, receberam contingentes migratórios originários do sul e do sudeste e,
sobretudo, do nordeste, com ênfase ao estado do Ceará. Havia ainda uma importante parcela de
imigrantes estrangeiros procedentes da Europa e dos EUA que integraram o setor produtivo da economia
gomífera durante o primeiro ciclo da borracha.

24 - A QUESTÃO ACRIANA - O território que forma o estado do Acre era considerado pelo
governo brasileiro, até o início do século XX, uma zona não-descoberta, mas que pertencia à Bolívia, na
forma do Tratado de Madri, de 1750, celebrado entre os reinos de Portugal e Espanha com vistas a
solucionar pendências territoriais na América do Sul. Por este acordo diplomático, os domínios espanhóis
estendiam-se à região da Amazônia que ficaria conhecida por Acre. Após a independência da Bolívia, em
1825, o Acre ficou no espaço físico boliviano. Em 1867, os governos brasileiro e boliviano firmaram, na
cidade de La Paz de Ayacucho, o Tratado de Amizade, Limites, Comércio, Navegação e Extradição,
através do qual o Brasil reconheceu definitivamente a posse da Bolívia sobre a região acriana.
No entanto, durante o 1º Ciclo da Borracha (1850-1920), governantes e seringalistas do Amazonas
e do Pará, estimulavam a penetração de contingentes nordestinos sobre a região acriana, através das
hidrovias Amazonas-Purus-Acre-Juruá. Em pleno território boliviano estes imigrantes fundavam seringais
e estabeleciam entrepostos comerciais.
Por conta disto, o governo boliviano reagiu e ocupou militarmente o Acre, provocando várias
rebeliões dos seringalistas brasileiros que operavam a exploração do látex e a produção de borracha
silvestre na região. A primeira rebelião no Acre boliviano ocorreu sob o comando do jornalista espanhol
D. Luís Galvez Rodriguez y Arias, que fundou, em 1899, a República Independente do Acre, contra os
interesses do Brasil, e desafiando a Bolívia e seu maior protetor, os EUA. Mas, este “país da borracha”,
como ficaria conhecido, não prosperou. No ano seguinte, pressionado pelo Departamento de Estado
norte-americano, o governo brasileiro interveio e destituiu o governo de Luís Galvez, que terminaria preso
e extraditado para a Espanha. Como resposta, o governo boliviano resolveu arrendar as terras do Acre a
um consórcio formado por empresas norte-americanas, inglesas, francesas e belgas, denominado Bolivian
Syndicate of New York, ou, simplesmente Sindicato. Esta decisão da Bolívia ensejou novas rebeliões no
Acre, lideradas por seringalistas e fomentadas pelos governos e empresários do Amazonas e do Pará,
interessados no controle econômico e tributário da região acriana.
A mais importante revolta acriana ocorreu entre os anos de 1902 e 1903, denominada a Guerra do
Acre. Nesse período, seringalistas acrianos, apoiados pelos governos do Amazonas e do Pará, e pelas
Casas Aviadoras, organizaram um levante contra as ações da Bolívia na região, e entregaram o comando
ao ex-militar e agrimensor gaúcho Plácido de Castro. Depois de muitos combates entre tropas formadas
por seringueiros e jagunços, a maior parte formada por imigrantes nordestinos, procedentes do estado do
Ceará, contra militares bolivianos e mercenários a soldo do Bolivian Syndicate, em 1903, Plácido de
Castro e seu exército de seringueiros, sagraram-se vencedores.
Em consequência, os governos do Brasil e da Bolívia firmaram o Tratado de Petrópolis, em 17 de
novembro de 1903, sob a orientação do ministro das Relações Exteriores do Brasil, José Maria da Silva
Paranhos Junior, o barão do Rio Branco, e do ministro boliviano Claudio Pinilla. Por esse acordo
diplomático, celebrado na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro, o Brasil ficou com a posse do Acre,
mediante compra, pelo valor de duas mil libras esterlinas pagas à Bolívia, e 114 mil libras que o Brasil
pagou, a titulo de indenização, ao Bolivian Syndicate, de Nova Iorque, EUA. Mais ainda: o Brasil cedeu
porções territoriais à Bolívia no rio Madeira e no porto de Manaus, e ficou obrigado a construir a Ferrovia
Madeira-Mamoré.

25 - A CONSTRUÇÃO DA FERROVIA MADEIRA-MAMORÉ (1ª. Fase) – A República da
Bolívia é a responsável pela abertura de um caminho de ferro ligando os rios Madeira e Mamoré, ao rio
Amazonas e, em seguida, aos portos exportadores de Manaus e Belém do Pará. A estrada de ferro
Madeira-Mamoré começou a ser construída no ano de 1872, sob a vigência de dois tratados celebrados
entre os governos brasileiro e boliviano. O primeiro foi o Tratado de Ayacucho, de 1867 e o segundo, o
Tratado de Navegação e Construção de Via Férrea, de 1882.
Sob a égide do Tratado de Ayacucho, o governo boliviano fundou, nos EUA, a empresa The
National Bolivian Navigation Company, e nomeou como presidente o coronel George Earl Church, dos
EUA. Esta empresa de navegação ficou incumbida de construir uma hidrovia nos rios Mamoré e Madeira,
mas, por exigência da Inglaterra, teve de arquivar este projeto e por em execução o projeto ferroviário,
elaborado pelo general boliviano Quentin Quevedo, em 1861.
Com o apoio do governo imperial brasileiro, principal signatário do Tratado de Ayacucho, e
contando com o total apoio dos EUA e da Inglaterra, o coronel Church constituiu, em 1870, a empresa The
Madeira and Mamoré Railway Company, com sede em New York, EUA, e recebeu do imperador do
Brasil, D. Pedro II, uma concessão de 50 anos para explorar os serviços de transporte rodo-fluvial da
Madeira-Mamoré.
Em seguida, contratou a empreiteira inglesa Public Works Construction Company, cuja
expedição instalou-se na localidade de Santo Antonio do Rio Madeira em 1872. Mas, esta empreiteira não
estava preparada para esse empreendimento e, após dez meses na região, enfrentando ataques de índios,
doenças tropicais, ações judiciais e perda de crédito, entrou em concordata e levantou acampamento sem
ter construído um metro de trilho sequer. Por conta desta situação, o coronel George Church contratou, em
1874, a empreiteira norte-americana Dorsay and Caldwell Company. E iria sofrer outro revés em seu
projeto de construir a Madeira-Mamoré. Ao chegar ao porto de Manaus, a direção da empresa destacou
uma equipe precursora para avaliar as condições da localidade de Santo Antonio, no rio Madeira. Ao
retornar, a comissão de estudos recomendou o imediato retorno da empreiteira aos EUA, alegando que o
local onde deveria ser iniciada a ferrovia era doentio e de difícil acesso. Portanto, a Dorsay and Caldwell
não se instalou no local de construção da ferrovia. De volta aos EUA, a direção da empresa transferiu, no
ano seguinte, o contrato para a empreiteira Reed and Brothers Company, que não enviou nenhuma
expedição ao Brasil e impetrou várias ações judiciais, nos foros de Londres e New York, contra a empresa
The Madeira and Mamoré Railway Company, requerendo indenizações por lucros cessantes e prejuízos.
Após enfrentar diversas demandas judiciais, o coronel George Earl Church retomou o controle
da empresa The Madeira and Mamoré Railway Company, aumentou o valor do empréstimo para 1.200
mil libras esterlinas, e contratou a empreiteira P & T Collins, de propriedade dos irmãos Phillip e Thomas
Collins, da Filadélfia,EUA. Esta empresa instalou acampamento na localidade de Santo Antonio do Rio
Madeira, no dia 19 de agosto de 1878.
Apesar de contar com o reconhecimento topográfico da região, a P & T Collins não conseguiu
resistir aos graves problemas que teve de enfrentar, um arco de dificuldades que envolvia doenças
regionais (malária), conflitos com os índios Caripuna, morte em massa de técnicos e operários, restrição de
crédito internacional, fugas de grupos de operários que se internavam na selva e, muitos morreram de
fome e doenças tropicais. Além disso, a empresa sucumbiu por conta de pesadas dívidas com bancos e
fornecedores, devido ao atraso na liberação das parcelas do crédito nos bancos ingleses.
Diante desse quadro, a empreiteira renunciou ao contrato, mas deixou construídos sete km de
ferrovia e inaugurou a primeira locomotiva da Madeira-Mamoré. Após um ano e seis meses de
atividades, a empreiteira P & T Collins levantou acampamento e deixou a região, vergada por uma pesada
concordata e várias demandas judiciais em seu desfavor. Em consequência, no dia 19 de agosto de 1879, o
governo imperial brasileiro decidiu cancelar a concessão ao coronel George Church e suspender as obras
da ferrovia Madeira-Mamoré Mas, as tratativas Brasil/Bolívia para a construção da ferrovia não cessaram.
Desse modo, em 1882, os dois governos firmaram o Tratado de Navegação e Construção de Via Férrea,
visando reiniciar as obras da Madeira-Mamoré.
25.1 – A CONSTRUÇÃO DA FERROVIA MADEIRA-MAMORÉ (2ª. Fase) - Entretanto, os
serviços somente seriam retomados após a celebração do Tratado de Petrópolis, em 17 de novembro de
1903, desta vez sob o controle do megainvestidor norte-americano Percival Farqhuar, e como obrigação
diplomática do governo brasileiro e medida compensatória pela anexação do Acre do território nacional
brasileiro.
Para este fim, o magnata norte-americano, na época, o homem mais rico do mundo, constituiu no
estado do Oregon, cidade de Portland, EUA, a empresa The Madeira-Mamoré Railway Company
Limited, com capital de sete milhões de dólares (em valores da época), e partiu para a contratação de um
forte grupo de empreiteiras norte-americanas, com experiência em outras ferrovias, para tocar esta que
seria a mais dramática obra ferroviária do mundo, em tempos de paz.
Em 1907, o grupo de empreiteiras norte-americano May, Jekkyl & Randolph, contratado pelo
Sindicato Farqhuar, instalou canteiros de obras no lugar conhecido como Porto Velho dos Militares, por
ser um antigo porto do rio Madeira, situado em terras do município de Humaitá, AM, na fronteira com o
estado de Mato Grosso. A construção definitiva da ferrovia Madeira-Mamoré ocorreu entre 1907 e 1912,
ano em que foi inaugurada a estação terminal Mamoré, na altura da cachoeira Guajará-Mirim, interligando
o rio Mamoré ao rio Madeira, e o vale do Madeira aos portos de Manaus e Belém, facilitando as
exportações e importações do noroeste boliviano, e de uma parcela do oeste Amazônico, fomentando o
mercantilismo regional.
A ferrovia Madeira-Mamoré integrava um ambicioso projeto geopolítico, idealizado pela Bolívia,
com o aval dos EUA e da Inglaterra, a ser executado pela empresa The Madeira and Mamoré Railway
Company Limited, a partir de uma concessão do governo brasileiro com prazo de duração de sessenta
anos, a partir de 1912.
Contudo, em 1913, em razão da falência do Sindicato Farqhuar, o conglomerado Madeira-
Mamoré foi adquirido pelo grupo anglo-canadense liderado pelo megaempresário W. Cameron Forbes.
Em 1931, a empresa seria nacionalizada pelo Brasil, depois da quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque
(Wall Street), ocorrida em 1929, que abalou a economia mundial. Em decorrência dos resultados nefastos
na economia mundial e do declínio do 1º Ciclo da Borracha, os novos proprietários anglo-canadenses,
decidiram fechar o empreendimento brasileiro, provocando um verdadeiro caos na economia dos
municípios de Porto Velho, Santo Antonio do Rio Madeira e Guajará- Mirim.
Por esse motivo, entrou em ação o militar Aluízio Pinheiro Ferreira que solicitou do presidente
Getúlio Vargas a intervenção do governo federal, fato ocorrido em 10 de julho de 1931 quando a Madeira-
Mamoré passou a denominar-se Estrada de Ferro Madeira-Mamoré S/A. Uma empresa estatal brasileira.
Contudo, os problemas da Madeira-Mamoré não terminaram. No ano de 1965, o governo federal
(regime militar) decidiu pelo fechamento definitivo da empresa. Com esta finalidade, foi criado nesse ano
o 5º Batalhão de Engenharia de Construção, que se instalou em Porto Velho em 1966 com duas missões
principais: a primeira, construir a rodovia federal BR 425, ligando o distrito do Abunã, em Porto Velho, à
cidade de Guajará Mirim, na fronteira Brasil-Bolívia. A segunda, executar o processo de erradicação da
ferrovia Madeira-Mamoré. A BR 425 foi concluída em 1972. Nesse ano, a 10 de julho, a Madeira-Mamoré
foi fechada definitivamente através do processo levado a efeito pelo 5º Batalhão de Engenharia de
Construção, BEC, denominado “Erradicação da Madeira-Mamoré”.

26 - A COMISSÃO RONDON - Simultaneamente às obras da ferrovia Madeira-Mamoré, surgiu
a construção das Linhas Telegráficas Estratégicas do Mato Grosso ao Amazonas, um projeto nacional
executado pela Comissão Rondon, uma expedição comandada pelo militar Cândido Mariano da Silva
Rondon. O funcionamento das estações telegráficas Vilhena, Pimenta Bueno, Presidente Hermes (hoje
cidade de Presidente Médici), Presidente Pena (hoje cidade de Ji-Paraná), Jaru, Jamary (hoje cidade de
Candeias), Santo Antonio, Jacy-Paraná, Abunã e Guajará Mirim, promoveu o surgimento do Ciclo do
Telégrafo (1916/1930).
Este novo ciclo econômico propiciou a implantação de núcleos urbanos e colônias agrícolas no
entorno das estações telegráficas. Além disso, proporcionou o adensamento populacional das Vilas de
Santo Antonio, Jacy-Paraná, e Guajará Mirim, atuando paralelamente às estações da ferrovia Madeira-
Mamoré.
A Comissão Rondon abriu uma nova rota de comunicação regional, interligando o noroeste do
Mato Grosso (que compreende 86% do território rondoniense) às regiões Sul e Sudeste do Brasil, e
orientou à construção da BR 364, cujo mapa seguiu as determinações da “estrada de Rondon”, aberta
para a colocação dos postes e para a construção das estações telegráficas entre, 1909 e 1916.
27 - O 2º CICLO DA BORRACHA - Esta atividade gomífera esteve relacionada diretamente aos
desdobramentos da 2ª. Guerra Mundial, notadamente, com a invasão por tropas japonesas das áreas
produtoras de borracha na Ásia e o consequente estrangulamento do mercado fornecedor para os
consumidores europeus e norte-americanos.
O principal documento para a efetivação desse novo ciclo foi o Tratado de Washington,
celebrado entre os governos brasileiro e norte-americano em 1942, que transformou a Amazônia em uma
Zona de Guerra para a produção emergente de borracha silvestre em larga escala.
O Tratado de Washington, também conhecido por “Acordos de Washington”, em razão dos
vários aditamentos ao seu texto original, injetou no Brasil cerca de 500 milhões de dólares, a fundo perdido
(cálculo sobre os valores da época), para fomentar a Indústria de Base no país, a exemplo da Companhia
Siderúrgica Nacional,CSN, em Volta Redonda,RJ, da Companhia Siderúrgica Vale do Rio Doce, VALE, em
Minas Gerais, e da Fábrica Nacional de Motores,FNM, em São Paulo.
Além disso, houve aporte de recursos destinados ao aparelhamento das Forças Armadas
(Exército, Marinha e Aeronáutica), que iriam participar da II Guerra Mundial, no cenário da Europa. Em
contrapartida, o governo norte-americano exigiu do governo brasileiro uma declaração de guerra à
Alemanha, à Itália e ao Japão, que formavam a aliança chamada Eixo, a cessão de áreas estratégicas para a
implantação de bases militares dos EUA, em Fortaleza, Recife, João Pessoa, São Luis do Maranhão, Belém,
Amapá, Rio de Janeiro e Natal. Mais ainda: o governo dos EUA exigiu a inclusão da Amazônia brasileira
no esforço de guerra dos Aliados (EUA, Inglaterra e França). Portanto, a Amazônia foi transformada em
uma Zona de Guerra, para a produção emergencial de borracha silvestre, onde foi travada a Batalha da
Borracha.
Os povoadores desse novo processo foram, principalmente, os nordestinos que integraram o
cenário da guerra da borracha. Nesse novo contexto, retornaram ao espaço amazônico os seringalistas,
forma como eram identificados os donos ou patrões de seringais, e os seringueiros, como se denominava a
mão de obra extrativa de látex e produtora de borracha. Essa mão-de-obra foi classificada em dois padrões
pelo governo Vargas. De um lado, os Soldados da Borracha, jovens, em sua maioria nordestinos, na faixa
etária de 18 a 25 anos, solteiros, recrutados pelo Exército mas, escalados para o trabalho nos seringais. De
outro os Arigós, também nordestinos, mas não inseridos no recrutamento militar, com idade superior 25
anos, destinados aos mesmos seringais. No entanto, não eram soldados da borracha na medida em que
integravam o segmento voluntário atraído para a Amazônia.
27.1 - O DECLÍNIO DO 2º CICLO DA BORRACHA - O segundo ciclo da borracha terminou
com o final da 2ª. Guerra Mundial e, mais precisamente, com a derrota dos japoneses, na medida em que
ocorreu a reocupação dos seringais do sudeste asiático pelos EUA, Inglaterra, França e Holanda, e,
sobretudo, o final 2ª Guerra Mundial (1945).
28 - O CICLO DA AGRICULTURA (Colonização) - Na década de 1970 o panorama sociopolítico
e econômico do Território Federal de Rondônia passaria por profundas transformações na medida em que
seu espaço físico começou a receber povoadores destinados à colonização agropecuária. Desse modo, o
tradicional modelo econômico foi profundamente alterado, passando de extrativo vegetal, florestal e
mineral para a produção agrícola e pecuária.
A principal estrutura regional para a consolidação desse novo modelo econômico foi a rodovia
BR 029, atual BR 364. Construída para atender, inicialmente, às demandas do Ciclo da Cassiterita, esta via
de comunicação tornou-se a principal estrutura viária para o acesso e o escoamento do Ciclo da
Agricultura. Outra estrutura de suporte desse ciclo estava nos núcleos urbanos surgidos a partir do
funcionamento das Estações Telegráficas da Comissão Rondon, a exemplo das estações Vilhena, Pimenta
Bueno, Presidente Hermes (hoje Presidente Médici), Presidente Pena,(hoje Ji-Paraná), Jaru, Arikêmes e
Jamary. Para consolidar esse processo de povoamento, foram utilizadas as estruturas sociopolíticas das
cidades de Porto Velho e Guajará Mirim, as duas únicas existentes no Território Federal de Rondônia, à
época.
O Ciclo da Agricultura recebeu vultosos incentivos financeiros, políticos e econômicos do
governo federal (regime militar). Em 1970 foi criado o Programa de Integração Nacional,PIN, que
resultou na criação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, INCRA, com a finalidade de
disciplinar e operacionalizar a organização fundiária e solucionar pacificamente as tensões sociais
decorrentes do novo processo de ocupação humana rural/urbana na área geográfica do Território
Federal de Rondônia. Para esse fim, o INCRA implantou Projetos Integrados de Colonização, PIC, e
Projetos de Assentamento Dirigido, PAD, que passariam a executar a colonização e o assentamento
agrário no espaço rondoniense.
a) Os PIC eram destinados aos trabalhadores rurais sem-terra, aqui denominados colonos, que
recebiam gratuitamente lotes rurais com infraestrutura viária, financiamento da produção e
aparelhamento público.
b) Os PAD eram destinados a empresários rurais que adquiriam lotes através de licitação.
Constituídos por extensas áreas, os lotes incluídos nos PAD destinavam-se a fazendas e outros
empreendimentos rurais de maior porte.

28.1 - PROJETOS INTEGRADOS DE COLONIZAÇÃO,PIC, IMPLANTADOS EM
RONDÔNIA.
1) PIC OURO PRETO (1970), deu origem à cidade de Ouro Preto do Oeste e expandiu o
povoamento para as áreas dos atuais municípios de Mirante da Serra, Nova União, Teixeirópolis, Vale do
Paraíso e Urupá, além de promover a expansão da Vila de Rondônia, gerando as condições para que fosse
transformada na cidade de Ji-Paraná.
2) PIC SIDNEY GIRÃO (1971), originou a cidade de Nova Mamoré e expandiu o povoamento
de Guajará Mirim;
3) PIC GY-PARANÁ (1972), deu origem à cidade de Cacoal, expandiu o povoamento da região
que forma o município Pimenta Bueno e originou o Projeto Rolim de Moura;
4) PIC PAULO DE ASSIS RIBEIRO (1973), originou os municípios de
Colorado do Oeste, Cerejeiras, Cabixi, Corumbiara, Chupinguaia e Pimenteiras do Oeste e
expandiu o povoamento da vila de Vilhena, gerando as condições para sua evolução como cidade.
5) PIC PADRE ADOLPHO ROLL (1975), deu origem à cidade de Jaru e expandiu o povoamento
para os atuais municípios de Governador Jorge Teixeira, Theobroma e Vale do Anari.

28.2 - PROJETOS DE ASSENTAMENTO DIRIGIDO, PAD, IMPLANTADOS EM


RONDÔNIA
1) PAD BURAREIRO (1974), para o cultivo, ou plantation do cacau. Para estimular a atividade
cacaueira, o governo federal recrutou no Estado da Bahia, os “burareiros”, contingentes formados por
pequenos produtores rurais que plantavam cacau no sul da Bahia, e bóias-frias ou trabalhadores rurais
sem-tem daquele estado. Estes contingentes migratórios foram assentados na região de Ariquemes.
2) PAD MARECHAL DUTRA (1975), para a agropecuária. Projeto destinado à atividade
agropecuária, em cujos módulos de terra foram assentados empresários rurais e trabalhadores rurais sem-
terra procedentes dos estados de Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Espírito Santo.
- Estes dois projetos deram origem ao município de Ariquemes.
Com o avanço de outras frentes migratórias sobre as áreas produtivas rondonienses, a partir da
segunda metade da década de 1970, o INCRA implantou novos projetos de assentamento
denominados Projeto de Assentamento, PA, e Projeto de Assentamento Rápido, PAR.

29 - O CICLO DAS USINAS DO MADEIRA - Na Bacia Hidrográfica do Madeira teve início, no
ano de 2008, a construção de duas usinas hidrelétricas: a UHE Santo Antonio, na cachoeira de Santo
Antonio, e a UHE do Jirau, na Ilha do Padre, na altura da cachoeira do Caldeirão do Inferno, seis km à
jusante do salto do Girau.
A UHE de Santo Antonio, construída pelo consórcio Santo Antonio Energia Civil (CSAC), e a
UHE do Jirau pelo consórcio Energia Sustentável do Brasil,ESBR, deverão gerar energia hidráulica para
suprir possíveis deficiências da Usina Binacional Itaipu, localizada no estado do Paraná, na fronteira
Brasil-Paraguai, e auxiliar no abastecimento dos parques industriais situados no noroeste do estado de São
Paulo, região sudeste.
Integrantes do Complexo Madeira, as usinas hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau propiciaram o
surgimento de um novo ciclo econômico em Rondônia, o Ciclo das Usinas do Madeira, iniciado em 2008,
com a atração migratória decorrente e as alterações geopolíticas inerentes aos ciclos econômicos, a
exemplo do sistema econômico, do surgimento de novas espacialidades e as agressões socioambientais
provocadas.
Das novas espacialidades surgidas no espaço físico do município de Porto Velho, podem ser
destacadas a Vila Nova Mutum, Vila Nova Teotônio, Vila Novo Engenho Velho e Vila do Engenho Velho,
destinadas a receber famílias remanejadas das áreas ribeirinhas do rio Madeira situadas em regiões
passíveis de alagações.
No entanto, o Complexo Madeira não se resume as estes dois empreendimentos. O governo
federal, através do IBAMA, liberou os EIA/RIMA (Estudos de Impactos Ambientais/Relatórios de
Impactos Sobre o Meio Ambiente), e as respectivas licenças de construção para outras usinas hidrelétricas.
Desse modo, serão construídas as seguintes usinas hidráulicas: UHE Binacional Ribeirão, no salto do
Ribeirão, no rio Madeira, nas proximidades do município de Guajará Mirim; UHE do Beni, na república da
Bolívia, e UHE Tabajara, no rio Machado ou Gy-Paraná, município de Machadinho do Oeste.

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