Você está na página 1de 53

temporama

dominique gonzalez-foerster
dores

temporama
dominique gonzalez-foerster

museu de arte moderna


rio de janeiro
curadoria pablo león de la barra
Catalogação na Fonte elaborada por 20 jun - 9 ago 2015
Verônica de Sá Ferreira – CRB 7/6244

M986

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.


Temporama: Dominique Gonzalez-Foerster / Museu de
Arte Moderna do Rio de Janeiro; [curadoria de Pablo
León de la Barra]. – Rio de Janeiro : Museu de Arte Mod-
erna do Rio de Janeiro, 2015.
100 p. ; 21 cm.

Textos em português e inglês.


ISBN 978-85-98121-25-3

1. Arte contemporânea - França. 2. Gonzalez-Foerster,


Dominique, 1965 - I. Título.

CDD: 709.050944
Maior empresa brasileira e maior patroci- Toda grande cidade tem um grande O Grupo Bradesco Seguros orgulha-se Incentivar e contribuir para o acesso às
nadora das artes e da cultura em nosso museu. E no Rio de Janeiro não pode ser de ser mantenedor do Museu de Arte mostras e exposições, reduzindo a distân-
país, a Petrobras tem, em seu programa diferente. O Museu de Arte Moderna é, há Moderna do Rio de Janeiro. Um espaço cia entre a população e as artes, é uma das
cultural, espaço reservado – e consolidado mais de 60 anos, uma referência de beleza, dedicado à preservação, reflexão e difusão principais razões pelas quais a Organização
– para ações de patrocínio a museus, sua contemporaneidade e cultura. A Light é da arte moderna e contemporânea. Mais Techint se converteu em uma das mante-
manutenção e suas atividades. Instituição mantenedora desse espaço, que enche de do que um museu, o l é uma obra de nedoras do Museu de Arte Moderna do Rio
cuja importância é essencial não apenas orgulho cada um dos cariocas, de nasci- arte, símbolo da arquitetura moderna, tom- de Janeiro, instituição de suma importân-
para as artes visuais, mas para a própria mento e de coração. O próprio l já é bado pelo Instituto do Patrimônio Histórico cia e representatividade para a cultura bra-
cultura brasileira contemporânea, o Museu uma obra de arte. Sua arquitetura e seus e Artístico Nacional – Iphan Sua trajetória sileira. A Organização Techint tem em seus
de Arte Moderna do Rio de Janeiro é uma traços em harmonia com a paisagem do é marcada pelos movimentos artísticos valores o compromisso com a construção
das que contam com a Petrobras entre Aterro do Flamengo são um deleite para nacionais desde a década de 50. Grandes do conhecimento, o incentivo à educação
seus mantenedores. Um dos objetivos da os olhos. E, ao abrigar tão renomadas nomes da arte contemporânea brasileira, e o respeito pela diversidade cultural. Com
nossa empresa em sua política de patro- exposições, o Museu de Arte Moderna que hoje integram o circuito internacional, mais de seis décadas de história no Brasil
cínio a museus é democratizar o acesso prova que a arte é democrática e deve ser revelaram seus talentos no l. Atual- por intermédio de suas empresas – Techint
a seus acervos e exposições. Contribuir, acessível a todos. Quem ganha com tanta mente, oferece programação diversificada, Engenharia e Construção, TenarisConfab,
enfim, para que nossos museus se mante- beleza é o estado do Rio de Janeiro. Que como exposições, debates e atendimentos Confab Equipamentos, Exiros e Ternium,
nham vivos, em constante diálogo com seu este templo da beleza continue reunindo, especiais a escolas e universidades. Seu além de participação no grupo de controle
tempo, como espaços de encontro entre a cada dia, mais e mais diferentes artistas acervo abrange artes plásticas, cinema, da Usiminas –, a Organização Techint sem-
o público e as artes. Desde a sua criação, e formas de arte. A Light deseja que o fotografia e documentos históricos. Como pre buscou promover a multiplicidade e o
a Petrobras tem como missão primordial l atraia sempre mais visitantes, que mantenedor do Museu de Arte Moderna apreço à arte e à cultura. No Brasil desde
contribuir para o crescimento do Brasil. os apaixonados por arte continuem circu- de Rio de Janeiro, o Grupo Bradesco 1947, a Organização Techint se orgulha
Fazemos isso em nosso cotidiano, incen- lando por esse espaço e que aqueles que Seguros reforça o compromisso de pro- de ajudar a desenvolver o País e perseguir
tivando o desenvolvimento da indústria ainda o conhecem pouco visitem o museu mover e estimular o desenvolvimento de entre seus principais objetivos a melhoria
pesada no País, investindo em pesquisa, para se apaixonarem. Parabéns ao l ações relevantes para a nossa sociedade na qualidade de vida das comunidades
criando tecnologia de ponta, aprimo- pelas exposições que apresenta e que elas nas áreas de educação, saúde, cultura, brasileiras em que está presente, levando
rando cada vez mais nossos produtos, continuem sempre se renovando. A arte esporte e meio ambiente. A iniciativa faz a elas educação, esporte, cultura e arte.
expandindo nossas ações para além é cultura. Cultura é desenvolvimento. E o parte do Circuito Cultural Bradesco Segu-
das fronteiras brasileiras, assegurando a povo do Rio de Janeiro merece sempre o ros, que apresenta calendário diversificado
autossuficiência em petróleo. Somos uma melhor. de eventos artísticos nacionais e interna-
empresa de energia, cuja trajetória tem cionais de grande sucesso, em diferentes
como principal característica a superação áreas culturais, como artes plásticas, lite-
de desafios. Apoiar as artes e a cultura é ratura, dança, música erudita, exposições,
uma das formas de cumprirmos rigorosa- teatro e grandes musicais, contribuindo
mente esse compromisso. para difundir cultura e entretenimento ao
público brasileiro.
museu-paisagem “Temporama”, de Dominique Gonzalez- O que vemos na exposição “Temporama” Enfim, não há mais obras individuais, mas
dominique gonzalez-foerster no mam Foerster, no l, é uma exposição que é a reunião de alguns trabalhos do início um espaço mágico que é maior que a
luiz camillo osorio, transforma nossa relação com o espaço da trajetória de Dominique, quando ainda soma das partes. A Dominique-Fitzcarraldo,
museu de arte moderna do rio de janeiro arquitetônico e com o modo convencional estava na escola de arte – o que em hipó- encantada pela ópera, projetada em uma
curador que lidamos com a temporalidade. A sus- tese alguma significa que sejam trabalhos floresta de trapos dourados, é a passagem
pensão do encadeamento linear do tempo menos relevantes, apenas que apareceram fantasmagórica para a exposição onde
surge, curiosamente, pelo modo como ela em um momento específico quando a tudo é simultaneamente ficção e realidade.
transtorna nossa relação com o mundo vontade de arte era maior que a certeza
exterior. Há uma desnaturalização gene- do seu devir-arte – com outros recentes
ralizada em que o dentro se mistura com que contaminam o momento anterior e
o fora e o antes se articula com o depois. trazem tudo para o presente. Agora não
Ao inverter a lógica encontrada nos vitrais é mais o dentro e o fora que se misturam,
das catedrais góticas, que potencializa a mas o antes e o depois. Tudo se deixa
interioridade, nesse espaço criado pela impregnar pelo trabalho-paisagem que
Dominique, o encantamento se dá nas pas- permeia o conjunto, os filtros azul-turquesa
sagens de dentro para fora e de fora para e vermelho, aplicados às janelas ao longo
dentro; o exterior vira ficção e o interior da grande sala do l. O turquesa do
vira paisagem e/ou jardim. lado da cidade, o vermelho do lado do
É sabida a maneira como a artista foi jardim. Essa luz reverberando pelo piso
influenciada pela cultura brasileira, em preto brilhante do museu se infiltra pelos
especial por momentos importantes de trabalhos e suspende toda a exposição no
nossa arquitetura e paisagismo modernos. ar. A grande piscina de Dominique-Marilyn
Além do próprio l e sua delicadeza mergulha todo o espaço no seu interior,
brutalista, que tanto encantou a artista faz da sala um jardim e das obras elemen-
em sua primeira visita ao Rio há mais de tos de uma cena de cinema. A instalação
quinze anos, destacaria também os nomes ampliada mobiliza os vários aspectos que Gostaria de agradecer aos amigos que apoiaram
de Sérgio Bernardes, Roberto Burle Marx integram o espaço expositivo: a narrativa a realização deste catálogo: Anna e Digo Fiães,
e Lina Bo Bardi. Eles levaram ao limite a histórica, os elementos da arquitetura, a Mara Fainziliber, Isabela e Marcelo Ferro,
incorporação da pujança tropical na von- luminosidade, as referências de uma cul- Associação Civil Educando e outros dois amigos
tade construtiva. Neles o sonho se infiltrava tura visual moderna, os hábitos de circu- que preferiram ficar anônimos. Além disso, gostaria
no gesto e se perpetuava no movimento lação do espectador em uma exposição, a de agradecer imensamente a Dominique e à
expansivo da construção. O calçadão de expansão da experiência estética incorpo- Fundação Outset England and Outset Netherlands
Copacabana, nesse aspecto, é fundamen- rando a paisagem externa. As obras não pela doação da obra M.2062 (Fitzcarraldo) que
tal, sendo ao mesmo tempo cidade e praia, estão em lugar nenhum e a exposição está passa a fazer parte da coleção do l.
pedra e jardim. por toda a parte.
jardins, parques, paisagens, Já faz um mês que cheguei ao Rio de Os espaços de exposição do l ficam Para o antropólogo Claude Lévi-Strauss,
ambientes, exposições, museus, Janeiro. Há um ano, exatamente neste dia, dentro de uma caixa de vidro flutuante era característica dos trópicos essa vaga
pavilhões, trópicos, praias, piscinas, estávamos juntos planejando uma possível apoiada numa estrutura de concreto, o distinção entre dentro e fora, entre funções
desertos, microclimas, imersões, exposição sua no Museu de Arte Moderna que possibilita a existência de um espaço e usos, entre ordem racional e desordem
heterotopias daqui. O l parecia o lugar perfeito interior de planta aberta, onde duas facha- selvagem. Ele escreveu sobre isso em seu
pablo león de la barra para uma mostra da sua obra. “Estar aqui das longitudinais de vidro abrem-se para estudo-diário de viagem de 1955, Tristes
me faz lembrar a excitação da primeira diferentes vistas do Rio: a fachada do lado Trópicos. Os efeitos dos trópicos tornaram-
vez que estive neste lugar, a primeira vez noroeste revela o centro da cidade e seus se evidentes conforme ele atravessava de
que estive no Rio”1, você disse. Primor da edifícios; a fachada do sudeste contempla navio o Atlântico: “(...) num convés que o
arquitetura concreta, projetado em 1953 o Parque do Flamengo, a Baía de Guana- calor – crescente à medida que nos aproxi-
por Affonso Eduardo Reidy e inaugurado bara e o Pão de Açúcar. Ao falar sobre suas mávamos dos trópicos e tornava intolerável
em 1967, o l, agora envelhecido pelo decisões para o projeto de arquitetura do a permanência nos porões – transformava
passar do tempo e pelo clima, incorpora l, Reidy explicou: “Daí o partido ado- progressivamente numa combinação de
a sua concepção de “modernidade tropi- tado, com o predomínio da horizontal em sala de jantar, quarto de dormir, berçário,
cal” e torna-se um claro exemplo da sua contraposição ao movimentado perfil das lavanderia e solário.”4 “Estou, sem dúvida,
compreensão do processo da moderni- montanhas e o emprego de uma estrutura do outro lado do Atlântico e do Equador, e
dade nos trópicos. “As condições tropicais extremamente vazada e transparente, que bem perto do trópico. Numerosas coisas o
parecem conseguir revelar a bela e imatura permitirá manter a continuidade dos jar- atestam: este calor tranquilo e úmido que
desordem que gera a modernidade. O lado dins até o mar, através do próprio edifício, liberta meu corpo do peso habitual da lã e
forte, inconsciente da modernidade parece o qual deixará livre uma parte apreciável suprime a oposição (que descubro retros-
precisar de uma luz e de um contexto espe- do pavimento térreo. Em lugar de confinar pectivamente como uma das constantes
ciais para ser ativado. Às vezes, a moder- as obras de arte entre quatro paredes, num da minha civilização) entre a casa e a rua”.5
nidade por si só, principalmente quando absoluto isolamento do mundo exterior, Ao chegar ao Brasil, essas diferenças tor-
se trata de arquitetura, torna-se muito fria foi adotada uma solução aberta, em que a naram-se mais evidentes: “(...) a passagem
em suas intenções abstratas; equilibrada, natureza circundante participasse do espe- é menos marcada que na Europa entre as
porém, com desejos imaturos, muita água táculo oferecido ao visitante do Museu.” 3 casas e a calçada; as lojas, apesar do luxo
e plantas, torna-se algo simultaneamente As duas fachadas de vidro permitem que das suas vitrinas, prolongam a exposição
mais complexo e mais bonito.” 2 a paisagem entre no museu. Interior e até a rua; quase não se percebe se se está
exterior misturam-se ao espaço da expo- dentro ou fora. Na verdade, a rua não é
sição, que se torna uma continuação da somente um lugar onde se passa; é um
paisagem, bem como um espaço para lugar onde se fica. Viva e calma ao mesmo
observá-la. O vidro também cria um jogo tempo, mas animada e melhor protegida
de reflexões e miragens, onde as diferen- que as nossas”.6
tes imagens do Rio juntam-se às memórias
e desejos dos visitantes. Da mesma forma,
as obras de arte expostas no l não são
exibidas somente dentro do museu, mas 3
Affonso Eduardo Reidy, ‘MAM, Descriptive
flutuam também para dentro da paisagem Memorial’, in Museu de Arte Moderna Rio de
1
Dominique Gonzalez-Foerster, conversas por do Rio, tornando-se parte dela. Janeiro, Architecture and Construction, MAM/
Skype com a autora, janeiro de 2015 Cobogo, 2011, p. 22
2 4
Dominique Gonzalez-Foerster, ‘Tropicale Claude Lévi-Strauss, Tristes Tropiques, Criterion
Modernité, A Conversation Between Dominique Books, New York, 1955 (primeira edição americana
Gonzalez Foerster and Jens Hoffmann’, in Tropical 1961), p. 27
5
Modernité, Pavilion Mies van der Rohe, Barcelona, Ibid., p 90
6
1999 Ibid., p 89
Em 2015, o l celebrará quarenta e oito O l está situado no Aterro do Flamengo, O projeto de Burle Marx e Reidy para o
anos da inauguração de seu prédio, que também conhecido como Parque do Fla- Aterro do Flamengo foi certamente uma
desde então vem abrigando exposições de mengo, construído sobre uma parte da resposta à vizinha Praça Paris, parque do
arte moderna e contemporânea, tanto bra- Baía de Guanabara aterrada com material século XIX que, antes do aterro, situava-se
sileira como internacional. Alexander Cal- proveniente da demolição do Morro de à beira da baía. Projetada em estilo neo-
der, por exemplo, realizou uma grandiosa Santo Antônio, um dos morros do centro do clássico francês no bairro carioca da Glória,
exposição no museu em 1959. O l tam- Rio que foram derrubados para abrir espaço ela foi também protagonista do seu filme
bém executa a difícil tarefa de conservar as para a modernização da cidade. A ideia de Glória (2008). Na Praça Paris, “existem
obras de arte contra os efeitos das intem- construir um parque nesse aterro foi de Car- becos, bancos, postes e estátuas, fontes
péries dos trópicos. Não tem sido fácil. lota de Macedo Soares, também conhecida e pequenos lagos, como no Jardim de
Em 1978, um incêndio destruiu o museu como Lota, companheira da poeta Elizabeth Luxemburgo. O desenho intencionalmente
quando este abrigava uma mostra de Joa- Bishop. O parque foi projetado por Reidy, preciso foi completamente derrotado pelo
quin Torres Garcia, além da exposição com paisagismo de Roberto Burle Marx, clima e pela vegetação rebelde. É como
“Geometria Sensível”, de obras de artistas que também projetou os jardins do l, um Versalhes tropical ou uma Marienband
contemporâneos da América Latina que com seu extenso gramado, no qual dois de Janeiro.”7 A Praça Paris é “um tipo de
trabalhavam com abstração. A maior parte tipos diferentes de grama formam o dese- jardim francês, obcecado por ordem e
das obras foi consumida pelo fogo ou nho sinuoso também encontrado em Copa- simetria, só que no Rio isso não funciona,
seriamente danificada. O museu também cabana. O Parque do Flamengo é pontuado porque ele é formado por plantas nativas
foi um centro de resistência contra a auto- por uma série de construções de concreto que não aceitam esses desenhos rígidos.
ridade social e moral. Em 1965, durante projetadas por Reidy, que criam um ritmo Esse jardim cresce selvagem.”8 O filme
a exposição “Opinião 65”, Hélio Oiticica dentro do percurso e funcionam como aborda as questões de se transplantar
tentou entrar no museu com seus amigos centros de atividade no parque. Existe uma e transpor o pensamento, arquitetura e
da escola de samba da Mangueira, todos arena circular para dança com palco para desejos europeus para uma terra tropi-
trajando Parangolés – esculturas em forma performances; um coreto em forma de cal, mas também as mudanças que estes
de capa que ele havia criado. Em 1970, no estrela com cobertura de concreto; um par- sofrem sob os efeitos da tropicalização.
auge da ditadura militar brasileira, Antonio que infantil com teto ondulado de concreto,
Manuel apresentou, mesmo sem permis- agora ocupado pela guarda do parque e
são, uma proposta que havia sido rejeitada gatos vadios; um pequeno teatro a céu
para o Salão de Arte Moderna do museu. aberto para peças infantis e de marionetes;
Em O corpo é a obra, ele desceu nu as e uma estrutura fechada de concreto cons-
escadas do museu, numa performance que truída originalmente para ser um pavilhão
o crítico de arte Mário Pedrosa chamou de para crianças, adolescentes e idosos. Esse
“exercício experimental da liberdade”. No último pavilhão, contudo, abrigou até bem
mesmo ano, o curador do l Frederico recentemente o Museu Carmen Miranda,
Morais organizou os “Domingos da Cria- um museu pequeno e maravilhoso, embora
ção” , que abriram um espaço para a liber- esquecido, que continha todas as roupas,
dade coletiva, experimentação e happe- fotos, recordações e parafernália referentes
nings nos jardins externos do museu. ao ícone brasileiro e era visitado principal-
mente por turistas homossexuais de ses-
senta e tantos anos. Juntos, os pavilhões, o
MAM e o paisagismo de Burle Marx fazem 7
Dominique Gonzalez-Foerster, ’Gloria’, 2008,
do Parque do Flamengo um museu a céu roteiro de cinema
aberto, um museu sem paredes. Entretanto, 8
Dominique Gonzalez-Foerster in Hans Ulrich
as estruturas de concreto de Reidy não se Obrist, Dominique Gonzalez-Foerster –
encontram mais nas melhores condições e The Conversation Series Walter König, Koln,
necessitam de atenção urgente. 2008, p. 171
Existe uma história sobre Roberto Burle O choque entre o selvagem e o racional faz Diferentemente do modelo de empreendi-
Marx e como ele descobriu realmente a parte do principal argumento do antropó- mentos urbanos norte-americanos à beira
vegetação tropical brasileira no Jardim logo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro -mar, onde hotéis e outras construções cos-
Botânico de Berlim-Dahlem. “Por esse em seu ensaio “A inconstância da alma tumam ser erguidas bem em frente à praia,
motivo, quando me perguntam onde eu selvagem”. No ensaio, ele usa como exem- transformando-a em propriedade privada,
teria percebido as qualidades estéticas plo as observações feitas pelo missionário no Rio, a praia é um espaço democrático,
dos elementos nativos da flora brasileira, jesuíta e escritor Antônio Vieira ao comparar com passeio para os pedestres e rua para
onde tomei a decisão de construir, com a europeus e indígenas durante a colonização os veículos, criando um espaço entre os
flora autóctone, toda uma ordem de nova do Brasil e descrever como os indígenas prédios e a praia. Tanto em Copacabana
composição plástica para o desenho, para nativos, embora aparentemente receptivos quanto em Ipanema, a relação entre o mar
a pintura, até atingir a paisagem e o jar- à evangelização, voltavam aos seus antigos e a cidade é simples e direta. Em Copa-
dim, que fazem a parte mais conhecida de hábitos, inclusive o canibalismo. Vieira usa cabana, os fantásticos desenhos de Burle
minha criação, sinceramente respondo que duas formas diferentes de escultura de Marx para os calçadões conectam a cidade
foi como estudante de pintura diante de jardim para fazer essa analogia: “Os que com o oceano. Presume-se que Burle
uma estufa de plantas tropicais brasileiras, andastes pelo mundo, e entrastes em casas Marx tenha alterado a direção do famoso
no Jardim Botânico de Berlim.”9 Esse reco- de prazer de príncipes, veríeis naqueles mosaico branco e preto português das
nhecimento na Europa da fauna nativa com quadros e naquelas ruas dos jardins dois calçadas para que corresse em paralelo à
a qual ele havia crescido impactou-o de tal gêneros de estátuas muito diferentes, umas praia, e não na direção perpendicular como
forma que, ao voltar ao Brasil, começou a de mármore, outras de murta. A estátua de no projeto original, tornando-se, assim,
usar plantas brasileiras em seus projetos mármore custa muito a fazer, pela dureza e uma continuação das ondas que rolam em
paisagísticos. Foi algo que chocou a elite resistência da matéria; mas, depois de feita direção à praia. Em Plages (2001), que você
da classe alta brasileira, que seguia mode- uma vez, não é necessário que lhe ponham filmou do 21º andar do Hotel Othon Palace
los culturais europeus e para quem a vege- mais a mão: sempre conserva e sustenta a em Copacabana, a câmera acompanha o
tação tropical era apenas natureza não cul- mesma figura; a estátua de murta é mais padrão do desenho de Burle Marx no calça-
tivada e representava um estado selvagem fácil de formar, pela facilidade com que se dão e o movimento das ondas. As pessoas
de civilização. O resgate de Burle Marx da dobram os ramos, mas é necessário andar se reúnem na praia, fogos de artifício pipo-
vegetação tropical para criar novos jardins, sempre reformando e trabalhando nela, cam no céu e sirenes policiais ecoam: é o
parques e paisagens incorporou o medo para que se conserve. Se deixa o jardineiro Ano Novo! A fluidez de Copacabana, como
distópico dos cidadãos “cultivados” do Rio de assistir, em quatro dias sai um ramo a de muitos outros espaços no Rio, poderia
de que a cidade fosse retomada pela Mata que lhe atravessa os olhos, sai outro que ser um modelo de utopia social e urbana,
Atlântica circundante, que transformaria lhe descompõe as orelhas, saem dois que mas essa utopia também é frágil. Quando
a paisagem urbana na selva original de de cinco dedos lhe fazem sete, e o que o filme se aproxima do fim e começa a
antes. Muitos anos depois, Burle Marx ten- pouco antes era homem, já é uma confusão chover, uma última voz, de um pescador
tou o inverso, tropicalizar Paris, criando um verde de murtas. Eis aqui a diferença que da região, diz: “Copacabana não existe”.
jardim para o telhado do Centre Pompidou há entre umas nações e outras na doutrina Copacabana poderia, assim, ser apenas um
(1988), que nunca foi executado. da fé.”10 Uma resistência semelhante ao sonho humano.
controle e domesticação existe no conceito 10
Eduardo Viveiros de Castro, The Inconstancy of
de Lévi-Strauss de la pensée sauvage11, the Indian Soul. The Encounter of Catholics and
ou pensamento selvagem, que pode ser Cannibals in 16th Century Brazil, Prickly Paradigm
compreendido como pensamentos não Press, Chicago, 2011 (Original em português
9
Roberto Burle Marx, ‘Concepts of Composition’ domesticados, uma forma de pensar e publicado em 1992), p. 1-2
in Lauro Cavalcanti and Farés El-Dahdah (eds), fazer que existe fora dos sistemas teóricos e 11
Claude Lévi-Strauss, The Savage Mind, 1962
Roberto Burle Marx, The Modernity of the institucionais. Como explica a crítica de arte (publicado em inglês em 1966)
Landscape, Cité de l’architecture & du patrimoine, Jennifer Allen, o pensamento selvagem são 12
Jennifer Allen, ‘Weeds’, in Pensée Sauvage,
Paris e Actar, Barcelona/New York, 2011, p. 49 as “ervas daninhas que brotam ao lado de catálogo de exposição, Kunstverein Frankfurt,
um jardim bem cuidado.”12 2007, p. 86
No Parque do Flamengo, a relação entre Os parques e as praias do Rio são mais do consiste em duas toalhas estendidas no chão, “Sob os paralelepípedos, a praia!”, dizia
a cidade e o mar torna-se mais complexa que lugares de divertimento temporário e um expediente que gera a possibilidade de o slogan dos movimentos estudantis de
com o acréscimo da vegetação e do parque tornam-se uma forma de fuga das estruturas criar uma praia em qualquer lugar. Em 2013, 1968 da França, e, com ele, a praia e o
tropical entre os prédios e a baía, criando urbanas racionais de controle encontradas para o 33º Panorama da Arte Brasileira, intitu- lazer assumiram o potencial de revolu-
uma zona intermediária entre os dois. Em nas cidades. Nesse sentido, estão mais pró- lado “P33: Formas únicas da continuidade no ção. O potencial transformador do lazer
ambos os casos, no Parque do Flamengo ximos do que Michel Foucault chamou de espaço”, com curadoria de Lisette Lagnado, como alternativa ao capitalismo alienante
e no calçadão da praia de Copacabana, heterotopias: “... lugares reais, lugares efeti- você levou a praia a São Paulo, inserindo também esteve bem presente na obra
os visitantes caminham num ambiente que vos, lugares que são delineados na própria numa galeria a céu aberto, a Galeria Nova de Hélio Oiticica. Oiticica desenvolveu
é uma verdadeira obra de arte. Criar uma instituição da sociedade, e que são espécies Barão, uma versão em metade do tamanho o termo “crelazer”, uma combinação de
obra de arte dessa ordem e magnitude de contraposicionamentos, espécies de uto- original dos postos de salvamento projetados crer e criar com lazer, representando tanto
seria praticamente impensável hoje. Copa- pias efetivamente realizadas nas quais os pelo arquiteto Sergio Bernardes em 1976 a crença no lazer como o seu potencial
cabana e Flamengo também possuem uma posicionamentos reais, todos os outros posi- para as praias de Copacabana e Ipanema. criativo. Crelazer tornou-se uma forma de
qualidade cinemática. Estar no Parque do cionamentos reais que se podem encontrar resistência à superprodução e ao consumo
Flamengo é como participar de uma pro- no interior da cultura estão ao mesmo tempo excessivo. “Não ocupar um lugar especí-
dução cinematográfica, onde cada manhã representados, contestados e invertidos”.13 fico, no espaço ou no tempo, assim como
um filme se desenrola ao longo do parque, Acredito que seja por causa desse tipo de viver o prazer ou não saber a hora da pre-
sendo os habitantes da cidade os figuran- liberdade, por causa da multiplicidade de guiça, é e pode ser a atividade a que se
tes e o parque, o principal protagonista. atividades que acontecem nesses locais, que entrega um ‘criador’... O Crelazer é o criar
Lá, o olhar/a câmera do visitante pode se tanto os parques como as praias tenham se do lazer ou crer no lazer? Não sei, talvez
mover em duas direções: numa linha reta tornado parte da sua pesquisa e vocabulário os dois, talvez nenhum.”16 Com o conceito
ao longo da praia e do passeio ou em e o motivo de você ter incorporado o espírito de crelazer, Oiticica resgatou a ideia de
movimentos sinuosos e mais caprichosos do que acontece dentro deles ao seu trabalho lazer como forma de criação.17 Ambientes
entre as árvores e a vegetação. As pessoas de exposição. Sobre a praia, você afirmou: criados por ele, como Eden (1969), para
também escolhem desempenhar diferen- “Interesso-me pela praia porque é um lugar a exposição na Whitechapel Gallery de
tes papéis: desde beber água de coco em para brincar, cheio de possibilidades. Não é Londres, ou pavilhões ao ar livre, como
bancos curvos de concreto, fazer nada ou como a cidade... É um território aberto”.14 Invenção da cor, Penetrável Magic Square
descansar numa rede amarrada entre duas “O que gosto no Rio ou em Copacabana No. 5, De luxe (1975-78, construído após
árvores, jogar dominó ou xadrez em mesas é que os banhistas sempre parecem estar sua morte, em 2000) eram lugares onde o
de concreto, correr na calçada principal participando de uma reunião ou inauguração crelazer poderia existir.
próximo às marinas, se exercitar, jogar gigantesca. Gostaria de me aprofundar nessa
vôlei na praia, pegar sol próximo ao mar, sensação de praia dinâmica”.15 Plage Parallele
treinar passos de baile funk em uma das (1999), que você expôs pela primeira vez no
construções de concreto, fazer musculação pavilhão Mies van der Rohe, em Barcelona,
com pesos de concreto na academia ao ar
livre no final do parque ou buscar romance
entre as árvores quando a noite cai. O Fla-
mengo é um espaço democrático, utópico:
todos dividem o parque, não importa a 13
Michel Foucault, ‘Des Espaces Autres’, 16
Hélio Oiticica, “Creleisure”, in Guy Brett,
classe social, etnia, cor da pele ou prefe- in Architecture/Mouvement/Continuite, no 5, 1984, Catherine David, and Chris Dercon, Hélio Oiticica,
rência sexual. O que não significa, é claro, pp. 46-49 Centro De Arte Hélio Oiticica/Jeu de Paume/Witte
que o problema da etnia e de classe esteja 14
Dominique Gonzalez-Foerster in Hans Ulrich De With, Rio de Janeiro/Paris/Rotterdam, 1992,
resolvido no Brasil, onde cidadãos descen- Obrist, Dominique Gonzalez-Foerster – p 132-138
dentes de escravos negros africanos ainda The Conversation Series Walter König, Koln, 17
Ver Lisette Lagnado “Solarium: Exotourism
têm menos oportunidades do que aqueles 2008, p. 165 and Creleisure” in Dominique Gonzalez-Foerster,
de descendência europeia ou mestiça. 15
Ibid., p. 76 Nocturama, MUSAC, Actar, Barcelona, 2008, p. 90
Park – A Plan for Escape foi a sua proposta, controle e autoridade.”21 O parque criou Você continuou a pesquisar essas estra- Museet, em Estocolmo, consistia em um
em 2002, para Documenta 11, em Kassel, uma paisagem para a sobrevivência desses tégias em outros parques em trabalhos letreiro cor de laranja de neon onde se lê
Alemanha, em que um parque era criado objetos, momentos e memórias, mas tam- posteriores: Le Jardin des Dragons et des “Brasilia Hall” e um tapete verde gigante,
dentro da Orangerie de Kassel. A área bém conectou diferentes sensibilidades e Coquelicots (2003) em MC2, Grenoble, referência não à arquitetura modernista de
delimitada criava um microclima e continha permitiu a criação de novos relacionamen- França; Roman de Münster (2007) em utopia e controle da capital do Brasil, mas
memórias de suas viagens por paisagens, tos e configurações entre eles. Um oásis e Münster, Alemanha; Desert Park (2010) em sim aos espaços vazios entre os prédios do
em sua maioria, de fora da Europa e do uma ilha, um espaço dentro de um espaço, Inhotim, próximo a Belo Horizonte, Bra- governo situados na cidade.
Ocidente, que você chamou de “tudo de o parque fugiu dos espaços normativos de sil; e, bem recentemente, Ballard Garden
terras distantes”18: uma roseira de Chandi- exposição do Fridericianum e Documenta (2014) em De Singel, na Antuérpia, Bél-
garh, a cidade modernista construída por Hall. Dessa forma, A Plan for Escape tam- gica. Os parques também se transformam
Le Corbusier na Índia; uma rocha vulcânica bém se aproximava do conceito de hetero- no que você chama de pré-arquitetura, um
de El Pedregal, os campos de lava desen- topia de Foucault: “A heterotopia é capaz lugar que existe antes do aparecimento de
volvidos na Cidade do México pelo arqui- de justapor em um só lugar real vários edificações, antes que os objetos se soli-
teto Luis Barragan, onde ele também pro- espaços, vários posicionamentos que são difiquem. Para Foucault, o exemplo mais
jetou alguns jardins; um telefone público em si próprios incompatíveis.”22 antigo de heterotopia é o jardim. “O jar-
de Copacabana; um longo banco de con- dim tradicional dos persas era um espaço
creto vermelho semelhante ao que você sagrado que devia reunir dentro do seu
viu em Taipei; luzes pendentes cor de rosa retângulo quatro partes representando as
lembrando aquelas vistas num parque em quatro partes do mundo, com um espaço
Istambul, mas também em homenagem a mais sagrado ainda que os outros que era
Felix Gonzalez Torres; um pequeno lago como o umbigo, o centro do mundo em
de mosaico em forma de rim em home- seu meio (é ali que estavam a taça e o
nagem a Burle Marx ou talvez também a jato de água); e toda a vegetação do jar-
Garett Eckbo; e um poste gigante como dim devia se repartir nesse espaço, nessa
os que existem no Parque do Flamengo espécie de microcosmo.”23 Em seguida,
ou em La Costera, em Acapulco.19 “Cada 18
Dominique Gonzalez-Foerster, “Park – A Plan Foucault compara os tapetes aos jardins
elemento era distinto e único. Cada um for Escape”, Documenta XI, catálogo, Kassel, orientais, os tapetes tornando-se jardins
funcionava quase como uma escultura, mas Alemanha, 2002, p. 562 portáteis. “Já os tapetes, eles eram, origi-
era também um símbolo de outra coisa. A 19
Dominique Gonzalez-Foerster, Park. nalmente, reproduções de jardins. O jardim
obra tem tudo a ver com as conexões entre Plan d’évasion, Imschoot Uitgevers, Gent, é um tapete em que o mundo inteiro vem
esses objetos. De certa forma, eu entendia Bélgica, 2002, é um livro de recursos de arquivo realizar sua perfeição simbólica; e o tapete
isso como um novo tipo de jardim.”20 O e iconografia que documenta parques, praias, é uma espécie de jardim móvel através do
parque de Kassel era a manifestação física espaços abertos e a atividade humana nesses espaço. O jardim é a menor parcela do
das ideias que embasam seu conceito de lugares ao redor do mundo. mundo e, sendo assim, a totalidade do
tropicale modernité: “Certos momentos 20
Dominique Gonzalez-Foerster, Chronotopes & mundo.” Sua obra Tapis de Lecture (2000
de Brasília, Chandigarh ou Hong Kong – e Dioramas, DIA Art Foundation New York, 2010 até o presente) é formada por tapetes
falo de momentos, não só de lugares; uma p. 54 quadrados de 5 metros por 5 metros de
combinação de pessoas, prédios, luz, som, 21
Dominique Gonzalez-Foerster, ‘Tropicale uma só cor (vi alguns azuis e outros cinzas,
plantas, eventos que parecem exibir, em Modernité, A Conversation Between Dominique vermelhos ou verdes), com pilhas de livros
escala urbana, um estado de coisas muito Gonzalez-Foerster and Jens Hoffmann’, de ficção relacionados a um determinado
interior, aquilo que às vezes chamo de in Tropical Modernité, Pavilion Mies van der Rohe, tema. Os tapetes tornam-se lugares para
tráfego emocional ou mercado negro emo- Barcelona, 1999 deitar e ler os livros, lugares para fugas
cional: a forma como lidamos/negociamos 22
Michel Foucault, ‘Des Espaces Autres’, in mentais, mas poderiam também ser tape- 23
Michel Foucault, ‘Des Espaces Autres’,
internamente para manter vivos o desejo Architecture/Mouvement/Continuite, no 5, 1984, tes voadores, piscinas ou parques. Sua in Architecture/Mouvement/Continuite, no 5,
e a beleza contra todas as formas de pp. 46-49 instalação Brasilia Hall (2000), no Moderna 1984, pp. 46-49
No Rio de Janeiro, estou hospedado no A experiência da piscina/espaço molhado Gostaria de relacionar a experiência de
lugar que você batizou de SET – Sítio me faz lembrar o conceito de Gaston Diole de estar nas profundezas do mar
Experimental Tropical, que, em suas pala- Bachelard da imensidão íntima. Nele, e no deserto com a experiência de estar
vras, é “um lugar para observar, desfrutar Bachelard usa os escritos do explorador do nos trópicos e a mudança de natureza
e descrever os efeitos da tropicalização”.24 fundo do mar Philippe Diole e suas expe- que ocorre nela. A experiência de estar
A primeira vez que estive aqui foi há quase riências em águas profundas e no deserto rodeado por vegetação tropical não é
dez anos, quando a casa/terraço do século vazio como exemplo de experiência dessa tão diferente da experiência de estar no
XIX estava em obras. Desde então, vi o imensidão. “Diole conclui que ‘descer às deserto ou debaixo d’água. Você também
lugar mudar sob os efeitos do clima e profundezas do mar ou vagar pelo deserto explorou essas similaridades na sua obra.
das intempéries. Como a Casa de Vidro significa mudar de espaço’ e, ao mudar Na exposição “Chronotopes & Dioramas”
(1951) de Lina Bo Bardi, que ela construiu de espaço, ao deixar o espaço de nossas (2010) para Dia, na Hispanic Society de
para si e para o marido, Pietro Maria, ao sensibilidades habituais, passamos a nos Nova York, em 2010, você criou três dio-
chegar ao Brasil – uma caixa de vidro comunicar com um espaço que é fisica- ramas parecidos com aqueles encontrados
de onde se pode observar a vegetação mente inovador. ‘Nem no deserto nem no em museus de história natural ou etnogra-
tropical ao redor –, o SET é também uma fundo do mar o nosso espírito permanece fia. Cada diorama recriou um clima/tempo/
plataforma de observação. É, basicamente, fechado e indivisível’. Essa mudança de condição diferente: um era dedicado ao
um terraço aberto, com uma balaustrada espaço concreto não pode mais ser uma Oceano Atlântico, outro ao deserto e o
rosa que se abre para a paisagem onde, à mera atividade mental comparável à cons- último, aos trópicos. Cada diorama tam-
distância, pode-se contemplar de cima o ciência da relatividade geométrica. Pois bém continha livros ou páginas de roman-
Parque do Flamengo e a Baía de Guana- não mudamos de lugar, mudamos a nossa ces relacionados a cada clima, em lugar
bara. “O panorama em frente ao terraço natureza.’” 27 de animais empalhados de cada região ou
é um romance inédito permanente sobre manequins representando o povo nativo.
a vida urbana tropical e o Pão de Açú- Você disse certa vez: “Sempre busquei
car, pássaros, aviões...”25 O SET também um relacionamento com o meio ambiente,
tem uma piscina, que ecoa e reflete a uma imersão, em vez de um relaciona-
forma do Pão de Açúcar, mas que é mais mento com o objeto... um relacionamento
do que uma piscina e se transforma em com as coisas à nossa volta.”28 Como uma
espaço molhado e sala líquida, possibi- forma de “ver não o que está à sua frente,
litando ideias fluidas, insights individuais mas o que está no seu interior.”29 Seus
ou conversas em grupo. Você já havia parques, exposições e ambientes são luga-
relacionado antes o conceito da água res para explorar esses relacionamentos
com a transmissão de conhecimento: “Há e realizar essas imersões. Mas diferente-
alguns anos venho sonhando em fazer uma mente das experiências fenomenológicas
piscina na praia – um tipo de ‘universidade individuais de Bachelard e Diole, seus
tropical’”.26 Essa obsessão por criar pisci- 24
Dominique Gonzalez-Foerster, espaços heterotópicos de crelazer pro-
nas em espaços de exposição existe no seu “Sítio de Experimentação Tropical”, põem experiências individuais e coletivas.
trabalho há muito tempo e esteve presente conversa por e-mail com o autor, 2008 Neles, a identidade não é fixa, a diferença
em Waterloo-Martini (1997) e Repulse Bay 25
ibid. é reconhecida e a diversidade é incorpo- 28
Dominique Gonzalez-Foerster in Hans Ulrich
(1999), ambientes criados para exposições 26
Dominique Gonzalez-Foerster in Hans Ulrich rada. Ao adentrá-los, entramos numa zona Obrist, Dominique Gonzalez-Foerster –
em que você inundou o espaço sem usar Obrist, Dominique Gonzalez-Foerster – de liberdade, experiência e transforma- The Conversation Series Walter König, Koln,
água, e, mais recentemente, Ballard Gar- The Conversation Series Walter König, Koln, ção. São, assim, microtopias, espaços para 2008, p. 19
den (2014), onde o principal elemento do 2008, p. 75 revoluções moleculares30, lugares que nos 29
Ibid., p. 21
jardim é uma piscina vazia, desolada. 27
Gaston Bachelard, The Poetics of Space, permitem fugir para inventar novas e dife- 30
Félix Guattari e Suely Rolnick, Molecular
Beacon Press Boston, 1994 (publicado rentes realidades. Revolution in Brazil, Semiotexte, Los Angeles, 2008,
originalmente em francês em 1958), p.206 (original em português1986)
Temporama é um retrato cronotrópico da Atuando no espaço entre arte, cinema, Temporama is a chronotropic portrait of Operating in the space between art, cin-
artista quando jovem que dá vida mais uma arquitetura e literatura, a maioria dos tra- the artist as a young woman and brings ema, architecture, and literature, most of
vez a obras realizadas por Dominique Gon- balhos de Gonzalez-Foerster das últimas back to life works done by Dominique Gon- Gonzalez-Foerster’s work in the past three
zalez-Foerster entre 1985 e 1991, durante três décadas trata da possibilidade da via- zalez-Foerster between 1985 and 1991, decades has been concerned with the
e logo depois de seus anos de escola de gem física e mental através do tempo e do during and soon after her art school years; possibility of physical and mental travel
artes. Muitos desses trabalhos estão sendo espaço como estratégia para revelar uma many of these works are being recreated through space and time as a strategy
recriados pela primeira vez para esta expo- compreensão emocional do espaço, da for the very first time for this exhibition. The for revealing an emotional understanding
sição. As obras de início de carreira estão memória, da realidade e da ficção. Assim early works are full of incipient intuitions of space, memory, reality, and fiction.
repletas de intuições incipientes e desejos como habitou salas, momentos e lugares, and immature desires, exploring ideas and In a similar way to how she has inhab-
imaturos, explorando ideias e materiais Gonzalez-Foerster recentemente incorpo- materials that would with time become ited rooms, moments, and places, Gonza-
que se tornariam, com o tempo, essenciais rou diversos personagens, tais como Lola essential to the artist’s practice: the expe- lez-Foerster has recently embodied many
para a prática da artista: a experiência do Montez, o rei Luís II, Edgar Allan Poe, Bob rience of time and space, the presence different characters, including Lola Mon-
tempo e do espaço, a presença da horizon- Dylan, Vera Nabokov e Fitzcarraldo. of horizontality and color, and the use of tez, King Ludwig II, Edgar Allan Poe, Bob
talidade e da cor, o uso de carpetes, livros Dominique Gonzalez-Foerster expõe ao carpets, books, and domestic objects as Dylan, Vera Nabokov, and Fitzcarraldo.
e objetos domésticos como elementos redor do mundo desde 1985. Mora entre constitutive and recurring elements within Dominique Gonzalez-Foerster has exhib-
constitutivos e recorrentes do trabalho. Paris e Rio de Janeiro, e seu pensamento the work. ited all around the world since 1985. She
Temporama cria um fuso horário onde as artístico e sua prática foram profunda- Temporama creates a time zone where the lives between Paris and Rio de Janeiro,
diferentes obras coexistem, onde o pas- mente influenciados pela vivência do Rio. different works coexist, where the past is and her artistic thinking and practice have
sado é repensado e o futuro, reimaginado. Desde 1998, desenvolveu um extenso con- rethought and the future reimagined. More been deeply influenced by her experience
Mais do que uma exposição, Temporama é junto de obras relacionadas com o Brasil, than an exhibition, Temporama is a time of Rio. Since 1998 she has developed an
uma máquina do tempo, mas também um incluindo quatro filmes e participações na machine, but also an interior park and a extensive body of work related to Brazil,
parque e um jardim interiores, uma piscina Bienal de São Paulo de 2006 e o Panorama garden, a swimming pool and a landscape. including four films and participations in
e uma paisagem. da Arte Brasileira de 2013, ambos com As part of a new work created specially for the 2006 São Paulo Biennale and the 2013
Como parte de uma nova obra criada curadoria de Lisette Lagnado. A instalação l, Gonzalez Foerster appears as Marilyn Panorama da Arte Brasileira, both curated
especialmente para o l, Gonzalez- site-specific Desert Park (2010) encontra-se Monroe in the famous skinny dip scene by Lisette Lagnado. Her site-specific instal-
Foerster aparece como Marilyn Monroe na em Inhotim, em Minas Gerais. Por meio de from her unfinished last movie, Some- lation, Desert Park (2010), is located in
famosa cena de nudez na piscina do último sua conversa de longa data com a arqui- thing’s Got to Give (1962), with this con- Inhotim, in Minas Gerais. Through her
filme da atriz, o inacabado Something's tetura moderna brasileira e das primeiras necting us back to the early modern days long-time conversation with Brazilian mod-
Got to Give (1962), levando-nos, assim, de obras de sua carreira, Gonzalez-Foerster of the museum and the mid-sixties when ern architecture and by showing very early
volta aos primórdios modernos do museu nos oferece a oportunidade de ver o l com Gonzalez-Foerster was born. works, Gonzalez-Foerster offers the oppor-
e a meados da década de 60, quando outros olhos, como um cenário de experi- l’s glass facades covered with red and tunity to see l with different eyes as a set-
Gonzalez-Foerster nasceu. ências do século XX e um lugar de origens blue filters become like 3-D glasses that ting for twentieth century experiences and
As fachadas de vidro do l, recobertas e infinitos começos. activate the space, allowing the landscape a place of origins and endless beginnings.
de filtros vermelhos e azuis, tornam-se um outside to merge with the exhibition space
tipo de óculos 3-D, ativando o espaço e Pablo León de la Barra and the art works inside, which in Tempo- Pablo León de la Barra
permitindo que a paisagem de fora se mis- Curador rama all become transformed through cul- Curator
ture ao espaço da exposição e às obras de tural, artistic, architectural, and emotional
arte, que, em Temporama, são transforma- metabolization.
das pela metabolização cultural, artística,
arquitetônica e emocional.
unfinished Paris, 30 de junho de 2015
quantum of marilYn
in the pool Eu ainda não vi “Temporama” e não sei se
tristan bera poderei ir ao Rio de Janeiro neste verão.
Eu vi as fotografias do espaço do l em
para nossa marilyn de santa teresa, sua progressão durante a montagem, e em
denise milfont seguida as fotos finais, as do vernissage e
as de Pablo Leon de la Barra no Instagram.
Há alguns meses você me falou durante
a sua concepção. Também me lembro
de um jantar neste inverno, em Paris com
Camillo Osorio. Então, como divido um
escritório com Martial Galfione, com quem
você começou POSTE 9 em 2000 (um
escritório de arquitetura com o nome do
posto salva-vidas da praia de Ipanema,
desenhado por Sérgio Bernardes), eu pude
ver no decorrer do ano imagens que ser-
viram de inspiração, os planos e o avanço
do projeto no papel. No fundo, eu acom-
panhei o método sem vivenciar o resultado
final e sabemos o quanto as suas exposi-
ções são concebidas a partir de um terreno
de experimentação, mesmo que sigam
um plano bem definido, e se inspirem em
referências artísticas, cinematográficas e
literárias muito claras, são pouco literais
e acabam pertencendo unicamente ao
espectador. Então de “Temporama” eu só
conheço o argumento, os preparativos e as
promessas, mas a conhecendo um pouco e
seguindo o exemplo do crítico de cinema
francês Serge Daney, que se autorizava a
escrever sobre filmes que ainda não tinha
assistido, eu mesmo me autorizo a lhe
escrever esta carta, que eu espero possa
lhe dar os elementos de leitura a respeito
de sua obra e sua prática. Assim eu me
curvo a esse exercício escolhido com toda
sua artificialidade, desenvolvendo mais
para os leitores os elementos que você já
sabe e dissimulando os que apenas nos
dizem respeito.
Um dia, Diógenes Paixão, proprietário do Um texto crítico em forma de carta já apre- Juntos, sempre gostamos de identificar as 1965 é o equinócio dos anos 60.
Bar do Mineiro em Santa Teresa, que senta, de cara, a impossibilidade de ser semelhanças, diferenças e repetições de
no filme Plages (2001) evoca o calçadão simples e objetivo, e fala ao menos tanto um modelo cinematográfico ou hollywoo-
de Copacabana, concebidopor Roberto do seu autor quanto do objeto analisado. diano, mas também os laços infinitos que,
Burle Marx, como o desenho mais longo Isso posto, meu desejo não é falar de mim numa continuidade orgânica, ligam toda
do mundo, nos contou que a expressão e do que me leva apreciar sua obra, nem biografia a uma história cultural expandida.
carioca “não é a minha praia”1 designa a de você como um objeto de estudo lon- Esse jogo levou, por exemplo, à realização
praia como domínio de predileção princi- gínquo e admirável, mas de nosso ponto do curta Belle comme le jour (2012), pre-
pal e referencial. Mas parece-me, também, de encontro, que denominamos afinidade. lúdio retrofuturista de Belle de jour (1967)
algo coletivo, compartilhável. Desde os Essas afinidades se traduzem especifica- de Luis Buñuel e de Belle toujours (2006)
anos 1990 você dialogou de maneira con- mente em várias fascinações divididas de Manoel de Oliveira, em que os dois
tínua e generosa com arquitetos, artistas, desde 2010 e que hoje, por ocasião desta protagonistas cultivam uma semelhança,
curadores, escritores, designers gráficos e nova, inédita e única exposição no seu fantasiosa e real com Catherine Deneuve
músicos, considerando que a arte, longe percurso, merecem ser evocadas. e Marcello Mastroianni. Uma jovem, loura,
de ser uma prática solitária, se enriquecia sofisticada, penteada como Kim Novak em
com a colaboração e a interdisciplinari- Vertigo (1958) de Alfred Hitchcock, absorta
dade, constituindo com seus amigos um na contemplação de uma estátua de Vênus
território comum aos campos morfogené- no museu do Louvre, é abordada por
ticos desenrolando-se em um espaço-tem- um homem com sotaque italiano que lhe
poralidade de contornos suaves e difusos: conta a história de um monge apaixonado
uma praia. A praia no Rio é muito mais por uma cadela. A jovem fica atordoada e
que um espaço de lazer. É como os cafés se retira, mas a história suscita nela uma
em Paris desde o Iluminismo no século onda de fantasias, que ela pensa poder
XVIII, um espaço de troca e socialização. interromper o fluxo casando-se com Pierre
Porém, nesse caso o café define um círculo Sérizy. Em Belle de jour, que data de 1967,
fechado, que deu origem à expressão café o casal festeja o primeiro aniversário de
society por qualificar um grupo fechado de casamento. A ação de Belle comme le jour
indivíduos da alta sociedade, a praia acaba é situada ainda em um ano anterior, em
sendo um território descontextualizado e 1965. Esse ano corresponde à criação do
heterotópico, aberto sobre a cidade e o título masoquista Venus in furs do Velvet
horizonte. Underground, a partir do qual o músico e
produtor brasileiro, Arto Lindsay, compôs
um cover, Faux fur, para a trilha sonora do
nosso filme.
A banda de John Cale e Lou Reed é 1965 é o ano em que Jean-Luc Godard É o ano em que o Museu de Arte Moderna 1965 é também o ano do seu nascimento.
sublimada por Andy Warhol em Exploding realiza seu único filme de ficção científica, do Rio de Janeiro organiza a exposi- Se eu evoco no mesmo plano Marilyn
plastic inevitable, essas sessões de cinema Alphaville, que você intitulou “o livro de ção “Opinião 65”, quando Hélio Oiticica Monroe, o estilo camp, o l do Rio, a
expandido que combinavam música ao arquitetura sentimental” Alphavilles?, em apresenta os seus parangolés. Um ano arquitetura modernista e a ficção científica
vivo e projeção de filmes, com as apresen- 2004. antes, o edifício já tinha aparecido, por não é para fazer alusão a descobertas ale-
tações de whip dance de Gerard Malanga. necessidade do roteiro e com toda licença atórias e concomitantes sobre o modelo
Em 1965, Warhol produziu o filme under- poética, como a casa do embaixador da Internet do “serendipismo1”, e sim para
ground Camp, que encena números de França, em Brasília, em O homem do Rio, o mostrar que as suas obras se originam,
canto, de dança, de poesia, de imitação filme de Philippe de Broca com Jean-Paul mais frequentemente, de um diálogo e de
ou de travestis interpretados pelas estrelas Belmondo e Françoise Dorléac, irmã de elementos biográficos, seja de uma cone-
do Silver Factory, e que ilustra o estilo Catherine Deneuve. xão de múltiplos laços entre sí e de uma
identificado por Susan Sontag. O camp imensidão de referências, que colocam o
“é uma maneira de ver o mundo como seu processo de criação em uma teoria
um fenômeno estético. O ideal não será de ator-rede. Eu imagino que a exposi-
a beleza, mas um certo grau de artifício e ção “Temporama” seja um retorno em
estilização”. Marilyn Monroe, imortalizada, si mesmo, sobre si, mas não um retorno
encarna esse ideal hollywoodiano, ino- narcisista sobre obras da juventude nunca
cente e pervertido, ao qual os travestis se reeditadas, e nunca reeditadas desde os
referem e homenageiam. anos 80, mas uma investigação sobre um
eu original em diálogo com a arquitetura
do museu e da cidade e do cinema, em
constante mutação e em constante relei-
tura, um eu fugitivo, aquático, prestes a
surgir fora d’água de uma piscina, aparecer
e, em seguida, desaparecer.

1
Serendipismo, traduzido livremente do termo
em inglês serendipity, significa fazer desco-
bertas por acaso, acidentalmente. [Nota do
tradutor].
Em 2012, você começa as “aparições”, em A piscina é um padrão persistente na sua Em 2014, você inaugura Ballard garden Por que essa imagem a assombra? Talvez
que encarna, um a um, numerosos perso- obra. Eu lembro que escrevendo Belle na Antuérpia, um ambiente arquitetônico porque a prática artística encubra também
nagens reais e ficcionais do século XIX e comme le jour, você propôs inicialmente que compõe junto com o Desert Park uma força íntima que ninguém, exceto
do século XX (Fitzcarraldo, o rei Ludwig II, filtrar a imagem para que o encontro dos (2011), um díptico distópico inspirado em você, possa admitir ou julgue loucura total
Lola Montez, Scarlett O’Hara, Edgar Allan dois personagens em meio a antiguidades romances de antecipação de J.G. Ballard. enquanto ela não for concluída. Frank
Poe, etc. VS Anonymous, Aschenbach, no museu do Louvre acontecesse em um Em contradição com o exuberante parque Perry, o autor de Swimmer, realiza Mom-
Bob Dylan, a bailarina de Red Shoes, Vera banho de azul onírico. Abandonamos a tropical de Inhotim, Desert Park é uma mie dearest (1981), uma cinebiografia da
Nabokov, etc.). Eles se enfrentam para ideia. Mas em Farouche féline, editado em estrada de terra árida onde pontos de atriz Joan Crawford (uma outra estrela
determinar a forma da ópera do século 2012 no contexto de uma cooperativa de ônibus em concreto aguardam um via- camp citada por Susan Sontag), com Faye
XXI. Na sua exploração biográfica através fanzines criado por Philippe Parreno, nós jante que não partirá nunca, descrevendo Dunaway no papel principal, que treina
dos filmes e livros (sua principal fonte de reunimos alguns stills de piscinas cinema- mais do que anunciando as desigualdades de maneira obstinada, buscando a perfei-
trabalho), é uma etapa extra em que ao tográficas achados em Cat people (1942), de acesso aos recursos vitais. O Ballard ção absoluta, percorrendo sua piscina de
modo dos personagens de Fahrenheit 451 de Jacques Tourneur, e a refilmagem de Garden na Antuérpia é uma piscina vazia, Hollywood nadando crawl.
de Ray Bradbury e François Truffaut (T.451 1982 de Paul Schrader com Nastassja uma versão arquitetônica de uma ilha
é uma adaptação sob a forma de um pas- Kinski. Um dos seus últimos filmes, Lola de concreto rodeada por lagosque, em
seio cênico à moda Tensta Konsthall de Montez in Berlin (2015), realizado a partir plena cidade, dá ao visitante a assustadora
Estocolmo em 2012), você se transforma de uma “aparição” no Circo Cabuwazi de impressão das aberrações climáticas causa-
no que lê e proporciona uma nova versão Berlim em Lola Montez e inspirado no filme das pela atividade humana. Deparamo-nos
em quatro dimensões sob a forma de uma de 1955 de Max Ophüls, é completamente com uma piscina vazia no Empire of the
experiência, de uma vivência efêmera e imerso no azul e transforma a heroína sun (1985), romance semiautobiográfico
transitória. Essas experiências foram pos- fatal do século XIX em uma serigrafia de de Ballard, no qual a ação se situa em
síveis pelo poder quântico da arte, que Andy Warhol. Diz-se que a primeira piscina Shangai dos anos 1940 durante a guerra
permite a coabitação no presente de ele- principesca da Europa foi construída nos sino-japonesa. Depois de perder seus pais
mentos heterogêneos, abolindo o espaço, jardins do castelo de Nymphenburg em numa multidão – cuja montagem de Ste-
o tempo e o gênero. Os stand-ups de Munique, justamente onde fica a Schönhei- ven Spielberg na adaptação para o cinema
Marilyn Monroe expostos no l são a tengalerie (a galeria de beleza) e dentro da em 1987 me fez ter pesadelos na infância
versão unfinished2 da estrela no seu último qual figura o retrato de Lola Montez. –, o jovem Ballard, chegando numa casa
filme, Something’s gotto give (George de família pilhada por saqueadores de
Cukor, 1962), no qual a cena na piscina guerra, vê uma piscina esvaziada onde as
ainda continua a fazer sonhar. folhas mortas se acumulam. Tem também
uma imagem de piscina vazia, metafórica
e dramática, em The Swimmer ou Enigma
de uma vida (Frank Perry, 1968), em que
o herói, interpretado por Burt Lancaster,
projeta, o que alguns chegam a achar estú-
pido, voltar para casa de piscina em piscina
seguindo o rio batizado Lucinda, o nome
de sua esposa desaparecida. Foi parado
em sua busca, quando se deparou com
uma piscina vazia que decidiu atravessar
imitando o gesto do nado crawl no ar.

2
Unfinished é um termo impossível de traduzir do
inglês, contém ao mesmo tempo uma noção de
inacabado e de infinito.
Por que você é terrivelmente fascinada Você está em constante diálogo com o
pelo desenho megalomaníaco de Fitzcar- meio ambiente, uma empatia, permeado
raldo, anti-herói absoluto da era colonial, de tudo que você vê, que te cerca e te
que persegue o sonho de construir uma acompanha. Pendurei no escritório uma
ópera na floresta amazônica, com o incrível imagem do filme Central (2001), em for-
objetivo de levar a cultura alemã para os mato horizontal, onde uma jovem está de
territórios indígenas, independentemente costas, postada imóvel de frente para a
do que isso possa custar ao ecossistema? baía de Hong Kong. Altiva, na contraluz, a
Talvez porque essa figura negativa conheça jovem se parece com o monólito negro de
os riscos da desterritorialização (conceito 2001 – Uma Odisseia no espaço (1968), de
criado por Félix Guattari em contato com Stanley Kubrick, olhando a outra margem.
a cultura brasileira), inerente a uma prática A imagem me inspira uma estranheza pre-
artística nômade. “Temporama” no l ocupante que, portanto, permite um pos-
é, com certeza, um prelúdio de uma futura sível diálogo, contemplativo mas também
retrospectiva, a ser inaugurada no Centro perplexo e incerto, com a arquitetura do
Georges Pompidou em Paris, no próximo que chamamos desde 2000 de Antropo-
outono (porque mais uma vez todas as ceno. O cinema e a arquitetura são as duas
suas concepções seguem um modelo de disciplinas que acompanharam essa nova
ligação biográfica e orgânica), mas um era geológica, desde a Grande Aceleração
prelúdio específico, inédito e não itine- iniciada em 1944, contribuindo de maneira
rante, uma vez que a cenografia e as obras crítica e descritiva para o desenvolvimento
expostas foram concebidas em harmonia da dominação do homem sobre o solo. O
crítica com a história que você desde então que sobrou da estupefação do século XX
construiu com a cidade do Rio de Janeiro a modernista, a idade de ouro das piscinas
partir de 1998. de Hollywood e das ilhas em concreto?
Talvez a possibilidade de retorno em si
graças a uma ficção expandida, unfinished,
nossa praia.
museum-landscape Temporama by Dominique Gonzalez- In Temporama we are presented with a Ultimately, these are no longer individual
dominique gonzalez-foerster at mam Foerster at l is an exhibition that combination of works from the beginning works, but a magical space that is greater
luiz camillo osorio, transforms our relationship with architectural of Gonzalez-Foerster’s career, when she than the sum of its parts. Dominique-
museu de arte moderna do rio de janeiro space and the conventional way we deal was still at art school – which in no way Fitzcarraldo, enraptured by opera,
curator with time. Curiously, the suspension of means they are any less significant, but projected onto a forest of frayed strips of
the linear flow of time comes about in the just that they emerged at a specific time gold cloth, is the phantasmagoric passage
way it transforms our relationship with the when the will of art was greater than the to this exhibition, where everything is
outside world. There is an overall sense certainty of its becoming-art – together simultaneously fiction and reality
of denaturalization, with the inside mixing with some recent pieces that pervade
with the outside, and the before articulating the previous works, bringing everything
with the after. Inverting the rationale of into the present. Now it is no longer the
stained glass in gothic cathedrals, which inside and outside that are blended, but
enhances the interior, in this space created the before and after. Everything is imbued
by Gonzalez-Foerster the enchantment is by the work-landscape that permeates the
produced in the passages from the inside whole set, the turquoise and red filters on
to the external world and from the outside the windows along the great exhibition hall
to the interior of the museum; what is out at l. Turquoise on the city side, red on
there becomes fiction and what is inside the garden side. This light shimmering off
becomes a landscape and/or garden. the polished black floor infiltrates the works
The influence Brazilian culture has had and suspends the whole exhibition mid-air.
on Gonzalez-Foerster is well known, The great Dominique-Marilyn swimming
especially some key moments in our pool draws the whole space into itself,
modern architecture and landscape makes the room into a garden and the
design. Apart from l itself and its brutal works part of a film set. The expanded
delicacy, which so struck the artist when installation galvanizes the different aspects I would like to thank the friends who have
she first visited Rio over 15 years ago, that make up the exhibition space: the supported the production of this catalog: Anna and
other influences can be pinpointed such historical narrative, the architectural Digo Fiães, Mara Fainziliber, Isabela and Marcelo
as Sergio Bernardes, Roberto Burle Marx features, the light, the references from Ferro, Associação Civil Educando, and two other
and Lina Bo Bardi. They pushed to its limits modern visual culture, the habitual way friends who would rather remain anonymous. I also
the incorporation of tropical exuberance viewers circulate around an exhibition, the extend my heartfelt thanks to Dominique, Outset
into the constructivist urge. In them, the expansion of the aesthetic experience to England and Outset Netherlands for the donation
dream infiltrated the gesture and was incorporate the outdoor landscape. The of M.2062 (Fitzcarraldo), which has been added to
perpetuated in the expansive movement works are nowhere and the exhibition is the l collection.
of the construction. In this respect, the everywhere.
Copacabana beachfront promenade is
fundamental, as it is at once city and
beach, stone and garden.
Petrobras, the most important Brazilian Every great city has a great museum. And The Bradesco Insurance Group is proud to One of the main reasons Techint Organiza-
company and the most important sponsor this could not be different in Rio de Janeiro. be a patron of the Museum of Modern Art tion has become a Patron of the Museum
of arts and culture in our country has in its The Museum of Modern Art has, for over of Rio de Janeiro. A space dedicated to the of Modern Art of Rio de Janeiro, an exceed-
cultural program a space reserved – and 60 years, been a reference for beauty, preservation, reflection and diffusion of ingly important and representative institu-
consolidated – for sponsoring museums, contemporaneity and culture. Light is a modern and contemporary art. More than a tion for Brazilian culture, is to stimulate and
their maintenance and their activities. An Patron of this space that fills every carioca, museum, l is a work of art, a symbol of contribute towards offering access to
institution whose importance is essential by birth or at heart, with pride. l, in modern architecture, preserved by the shows and exhibitions, thereby reducing
not only for the visual arts, but for itself, is already a work of art. Its architecture Iphan – Institute of National Historic and the distance that separates the population
contemporary Brazilian culture itself, the and design, in harmony with the landscape Artistic Heritage. Its trajectory has been and the arts. Among Techint Organiza-
Museum of Modern Art of Rio de Janeiro is of the Aterro do Flamengo, are a delight to marked by national artistic movements tion´s values is a commitment towards
one of those that has Petrobras among its the eye. Furthermore, by sheltering such since the decade of 1950. Important names building knowledge, an incentive to educa-
Patrons. One our company´s objectives, celebrated exhibitions, the Museum of of Brazilian contemporary art, which today tion and respect for cultural diversity. With
within its policy of sponsoring museums, is Modern Art proves that art is democratic are part of the international circuit, had a history of over six decades in Brazil,
to democratize the access to its collections and should be accessible to everyone. The their talents revealed in this institution. through its companies – Techint Engenha-
and exhibitions. Finally, to contribute State of Rio de Janeiro gains much from Currently, l´s program offers exhibitions ria e Construção, TenarisConfab, Confab
towards keeping our museums alive, in such beauty Our wish is that this temple of and debates and special attention to Equipamentos, Exiros and Ternium, as well
constant dialogue with their time, as a beauty may continue, day-by-day, to schools and universities. Its collection is as participation in the group that controls
meeting place for the public and the arts. increasingly unite different artists and forms also diversified and includes fines arts, cin- Usiminas – Techint Organization has always
Since its foundation, the main mission of of art. Light hopes that l will ever attract ema, photography and historical docu- attempted to promote multiplicity and
Petrobras has been to contribute towards more visitors; that those who are passionate ments. As a patron of the Museum of appreciation of art and culture. In Brazil,
Brazil´s growth. We do this daily by about art will continue to circulate in this Modern Art of Rio de Janeiro, the Bradesco since 1947, Techint Organization is proud
stimulating the development of the heavy space and that those who know it only Insurance Group strengthens its commit- to have helped develop the Country, and
industry in the Country, investing in slightly will visit the museum and become ment to promote and stimulate the devel- to include among its main objectives
research, creating state-of- art technology, art lovers. Congratulations to l for the opment of activities that are relevant to our improved quality of life in the Brazilian
increasingly perfecting our products, exhibitions that it holds and may they society in the areas of education, health, communities where it is present, bringing
expanding our actions beyond Brazil´s continue to be always renewed. Art is culture, sports and environment. This initia- to them education, sports, culture and art.
borders and guaranteeing self-sufficiency culture. Culture is development. And the tive is a part of the Bradesco Insurance
in the production of oil. We are an energy people of Rio de Janeiro always deserve Cultural Circuit that presents a diversified
company, whose main feature has been to the best. calendar of highly successful national and
overcome challenges. Supporting the arts international events in different cultural
and culture is one of the ways in which we areas - fine arts, literature, dance, classical
strictly fulfill this commitment. music, exhibitions, theatre and important
musicals - contributing toward promoting
culture and entertainment for the Brazilian
public.
Gardens, Parks, Landscapes, It’s been a month already since I arrived in able part of the ground floor free. Rather so that you hardly notice whether you are,
Environments, Exhibitions, Rio de Janeiro. A year ago this very day, than confine the art between four walls, or are not, ‘inside’ the shop. The street is
Museums, Pavilions, Tropics, we were together planning your possible totally isolated from the world outside, an a place to be lived in, not a place to pass
Beaches, Swimming Pools, exhibition at the Museum of Modern Art open solution was adopted in which the through. It is at once tranquil and animated
Deserts, Microclimates, here. l seemed like the perfect place nature around it might participate in the – more lively, and yet more sheltered, than
Immersions, Heterotopias. for an exhibition of your work. “Being here spectacle offered to the museum visitor.”3 our streets at home.”6
Pablo León de la Barra makes me remember the excitement of the Both glass facades allow for the landscape In 2015 l celebrates the fiftieth anniver-
first time I was in this place, the first time to come inside the museum. Inside and out- sary since the inauguration of its building,
I was in Rio,”1 you said. A masterpiece of side become blurred within the exhibition which has hosted exhibitions of both Brazil-
concrete architecture designed in 1953 by space, which becomes a continuation of the ian and international modern and contem-
Affonso Eduardo Reidy and inaugurated landscape as well as a space to observe this porary art. Alexander Calder, for example,
in 1967, l’s architecture, now aged by landscape. The glass also creates a game of had a grand exhibition at l in 1959.
time and weather, embodies your con- reflections and mirages where the different l has also carried out the difficult job
ception of “tropical modernity” and is a images of Rio overlap with the visitors’ of conserving art against the effects of
clear example of your understanding of memories and desires. In the same way, the the elements in the tropics. This has not
the process of modernity in the tropics. art exhibited at l is not only exhibited been easy. In 1978, a fire burned down the
“Tropical conditions seem able to reveal inside the museum, but also floats inside museum while it was holding an exhibition
the beautiful, immature mess that gener- Rio’s landscape, becoming part of it. of works by Joaquin Torres Garcia, as well
ates modernity. The powerful, unconscious For anthropologist Claude Lévi Strauss, the as “Geometria Sensivel”, an exhibition of
side of modernity seems to need special tropics were characterized by this blurring contemporary artists from Latin America
light and context to be more active. Some- of distinctions between inside and out- working with abstraction. Most of the works
times modernity by itself, especially when side, between functions and uses, between were burned and lost or were severely dam-
it comes to architecture, gets too dry in rational order and savage disorder. He aged. The museum has also been a focal
its abstract intentions; but balanced with wrote about this in his 1955 study-trave- point of resistance against social and moral
immature desires, lots of water and plants, logue, Tristes Tropiques. The effects of the authority. In 1965, during the “Opiniao 65”
it becomes something more complex and tropics became evident as he crossed the exhibition, Hélio Oiticica attempted to enter
more beautiful at the same time.”2 Atlantic by ship. “As we got steadily near the museum with friends from the Mangue-
l’s exhibition spaces are located inside the tropics, the heat made the hold more ira samba school, all wearing Parangolés,
a floating glass box supported by a con- and more unbearable, and turned the deck
crete structure, which allows for a free inte- into a mixture of dining-room, dormitory, 1
Dominique Gonzalez-Foerster, skype conversation
rior plan space whose two lengthwise glass nursery, wash-house and solarium.”4 “That with the author, January 2015
facades open onto different faces of the I had crossed the Atlantic and the Equa- 2
Dominique Gonzalez Foerster,
Rio landscape: the north-west façade looks tor and was near the tropics I knew form ‘Tropicale Modernité, A Conversation Between
towards the city center and its buildings; several infallible signs: among them, the Dominique Gonzalez-Foerster and Jens Hoffmann’,
the south-east façade overlooks Flamengo easy-going damp heat which emancipated in Tropical Modernité, Pavilion Mies van der Rohe,
Park, Guanabara Bay, and Sugar Loaf. Talk- my body from its normal layer of woollens Barcelona, 1999
ing about the design decisions he made for and abolished the distinction (which I rec- 3
Affonso Eduardo Reidy, ‘l, Descriptive
the architecture of l, Reidy explained: ognized, in retrospect, as one of the marks Memorial’, in Museu de Arte Moderna Rio de
“hence the decision to adopt predomi- of our civilization) between ‘indoors’ and Janeiro, Architecture and Construction,
nantly horizontal lines to offset the busy ‘outdoors’.”5 Upon reaching Brazil, these l/Cobogo, 2011, p. 22
outline of the mountain range and the differences become more evident. “The 4
Claude Lévi Strauss, Tristes Tropiques,
employment of a thoroughly pierced, trans- transition from house to street was less Criterion Books, New York, 1955
parent structure that would allow its gar- clearly marked than it is in Europe. No mat- (first American Edition 1961), p. 27
dens to continue through the building itself ter how smart the shop-front, the goods 5
Ibid., p. 90
all the way to the sea, leaving a consider- have a way of spilling over in the street, 6
Ibid., p 89
cape sculptures he had created. In 1970, at and the elderly. Instead, until very recently of artistic composition in drawing, painting, the pleasure-houses of princes, will have
the height of the Brazilian military dictator- this last pavilion housed Museu Carmen until I got to landscape architecture and seen on those lawns and along those gar-
ship, Antonio Manuel went ahead without Miranda, an amazing but forgotten small gardening that are the best known part den-paths two very different types of stat-
authorization to perform a work he had museum containing all the dresses, photos, of my work, I candidly reply that it hap- ues, those of marble and those of myrtle.
submitted unsuccessfully to the museum’s memorabilia and paraphernalia regarding pened when I was a student of painting The marble statue is quite difficult to make,
Modern Art Salon. In O Corpo é a Obra the Brazilian icon, which was mostly visited and visited a greenhouse full of tropical because of the hardness and resistance of
(The Body is the Work), he walked naked by homosexual tourists in their late sixties. plants form Brazil at the Botanical Garden the material; but, once the statue has been
down the stairs of the museum in what art Together, the pavilions, l and Burle in Berlin.”9 This recognition in Europe of fashioned, one no longer needs to put
critic Mario Pedrosa called “the experimen- Marx’s landscape design make Flamengo the native fauna with which he had grown one’s hand to it again: it always conserves
tal exercise of freedom.” The same year, Park an open-air museum, a museum with- up had such an effect on him that on his and sustains the same shape. The statue of
l curator Frederico Morais organized the out walls. However, Reidy’s concrete struc- return to Brazil he began to use local Bra- myrtle is easier to form, because of the ease
“Domingos da Criação” (Sundays of Crea- tures are no longer in the best state of repair zilian plants as part of his garden designs. with which the branches are bent, but one
tion), which created a space for collective and require urgent attention. This was something that shocked the must always keep reshaping it and working
freedom, experimentation and happenings Burle Marx and Reidy’s design for Aterro upper class Brazilian elite, who followed on it in order for it to stay the same. If the
in the gardens outside the museum. de Flamengo must have been a response European cultural models, and for whom gardener ceases to pay attention, in four
l is located in Aterro de Flamengo, to nearby Praça Paris, a nineteenth century tropical vegetation was only uncultivated days a branch sticks out that runs through
also known as Flamengo Park, built on park located on what used to be the edge nature and represented a savage state of the statue’s eyes, another one jumbles its
land reclaimed from Guanabara Bay using of the bay before the land was reclaimed. civilization. Burle Marx’s reclaiming of trop- ears, two more turn its five fingers into
material from the demolition of Morro de It was designed in French neoclassical style ical vegetation in order to create new gar- seven, and that which shortly before was
Santo Antonio, one of the hills in the center in the district of Gloria and was also the dens, parks, and landscapes embodied the a man is now a green confusion of myrtle.
of Rio, which was razed to open space for protagonist of your film, Gloria (2008). In dystopian fear of the “cultivated” citizens Here, then, lies the difference between
the city’s modern development. The idea Praça Paris, “there are alleys, benches, lamp of Rio that their city would be reclaimed some nations and others in the doctrine
of building a park on this reclaimed land posts and statues, fountains and ponds, like by the surrounding Atlantic Forest, which of faith.”10 A similar resistance to control
came from Carlota de Macedo Soares, also in the Jardin du Luxembourg. The inten- would transform the urban landscape back and domestication exists in Lévi Strauss’s
known as Lota, who was poet Elizabeth tionally precise design has been completely into the jungle it originally was. Many years concept of “la pensée sauvage”11, or the
Bishop’s partner. The park was designed overthrown by the climate and unruly veg- later, Burle Marx attempted the opposite – savage mind, which can be understood
by Reidy, and the landscape design was by etation. It’s like a tropical Versailles or a to tropicalize Paris – by designing a rooftop
Roberto Burle Marx, who also designed the Marienband de Janeiro.”7 Praça Paris is garden for Centre Pompidou (1988), which 7
Dominique Gonzalez-Foerster,’Gloria’, 2008,
l gardens, which include a large lawn “a kind of French garden, obsessed with was never executed. film script
where two different kinds of grass form order and symmetry, except that in Rio it The clash between the savage and the 8
Dominique Gonzalez-Foerster in
the undulating design that also features doesn’t work because it’s made with local rational is part of Brazilian anthropologist Hans Ulrich Obrist, Dominique Gonzalez-Foerster –
in Copacabana. Flamengo Park is punctu- plants that don’t accept these rigid designs. Eduardo Viveiros de Castro’s main argu- The Conversation Series Walter König,
ated by a series of concrete constructions This garden goes wild.”8 The film raises the ment in his essay, “The Inconstancy of the Koln, 2008, p. 171
designed by Reidy, which create a rhythm questions of transplanting and transposing Indian Soul”. In it, he uses as an example 9
Roberto Burle Marx, ‘Concepts of Composition’
within the parcours and function as hubs of European thought, design, and desires into the observations made by Portuguese Jes- in Lauro Cavalcanti and Farés El-Dahdah (eds),
activation within the park. There’s a circular a tropical land, but also the changes they uit missionary and writer, Antonio Vieira, Roberto Burle Marx, The Modernity of the
arena for dance with a stage for perfor- undergo under the effects of tropicalization. in his comparisons between Europeans Landscape, Cité de l’architecture & du patrimoine,
mances; a star-shaped bandstand covered There’s a story about Roberto Burle Marx and indigenous people during the coloni- Paris and Actar, Barcelona/New York, 2011, p. 49
with a concrete umbrella; a playground and about how he really discovered Brazil- zation of Brazil, and how the indigenous 10
Eduardo Viveiros de Castro, The Inconstancy
with an undulating concrete roof, which is ian tropical vegetation at the Berlin-Dahlem locals, although apparently receptive to of the Indian Soul. The Encounter of Catholics
now occupied by the park’s security guards Botanical Garden. “When I am therefore the gospel, would go back to their old and Cannibals in 16th Century Brazil,
and stray cats; a small open-air theatre for asked just when it was that I detected the ways, including cannibalism. Vieira uses Prickly Paradigm Press, Chicago, 2011
children’s drama and puppet plays; and a aesthetic qualities of the native elements two different forms of garden sculpture to (Portuguese original published in 1992), p. 1-2
closed concrete structure that was originally in Brazilian flora, or at what point I decided draw this analogy. “You who have travelled 11
Claude Lévi Strauss, The Savage Mind, 1962
built to be a pavilion for children, teenagers to use native plants in a whole new order through the world, and have entered into (published in English in 1966)
as untamed thoughts, a way of thinking creating a buffer zone between them. In cault called heterotopias: “…real places also very present in Hélio Oiticica’s work.
and doing that exists outside theoretical both cases – Flamengo Park and Copaca- – places that do exist and that are formed Oiticica developed the term, “crelazer”,
and institutional frameworks. As explained bana’s beach promenade – visitors walk in the very founding of society – which a combination of crer (believe) and criar
by art critic Jennifer Allen, wild thinking is on and in an environment that is a total are something like counter-sites, a kind (create) with lazer (leisure), representing
the “unwanted weeds that had sprung up work of art. To create an artwork of this of effectively enacted utopia in which the both belief in leisure and the creative
alongside a well-tended garden.”12 scale and magnitude would be almost real sites, all the other real sites that can potential of leisure. Crelazer became a
Unlike the American urban seafront devel- unthinkable today. Both Copacabana and be found within the culture, are simul- form of resistance to overproduction and
opment model, where hotels and other Flamengo also have a cinematic quality to taneously represented, contested, and overconsumption “Not to occupy a specific
buildings tend to be constructed right on them. Being in Flamengo Park is like being inverted.”13 I believe it’s because of this place, in space and time, as well as to live
the beach front, turning the beach into part of a film, where every morning a movie kind of freedom, because of the multiplicity pleasure or not to know the time of lazi-
private property, in Rio the beach is a happens throughout the length of the park of activities that happen in them, that both ness, is and can be the activity to which the
democratic space, with a promenade for with the city’s inhabitants acting as extras parks and beaches have become part of ‘creator’ may dedicate himself… Is Crelei-
pedestrians and a road for cars, which and the park being the main protagonist. your research and vocabulary, and why you sure creation of leisure or belief in leisure?
create a space between the buildings In the park, the visitor’s eye/camera can have incorporated the spirit of what hap- I don’t know, maybe both, maybe nei-
and the beach. In both Copacabana and move in two directions: in a straight line pens in them into your exhibition practice. ther.”16 Through the concept of crelazer,
Ipanema, the relationship between sea along the beach and promenade, or in Of the beach you have said, “I’m inter- Oiticica reclaimed the idea of leisure as
and city is straightforward. In Copaca- curvy and more capricious movements in ested in the beach, because it’s a place for a form of creation.17 Environments of his
bana, Burle Marx’s incredible designs for between the trees and vegetation. People playing, full of possibilities. It’s not like the like Eden (1969) at his exhibition at the
the promenades connect the city and the also choose to take different roles: from city… It’s an open territory.”14 “What I like Whitechapel Gallery in London, or outdoor
ocean. Allegedly, Burle Marx changed the drinking coconut water on curved concrete about Rio or Copacabana is that people pavilions like Invenção da cor, Penetrável
direction of the famous black-and-white benches, doing nothing or resting on a on the beach always look as if they were Magic Square No. 5, De luxe (1975-78 built
Portuguese mosaic paving design in the hammock tied between two trees, play- taking part in a giant meeting or open- after his death in 2000) were places where
promenade so it would run parallel to the ing dominos or chess on concrete tables, ing. I’d like to go further with this feeling crelazer could exist.
beach instead of perpendicular to it, as jogging on the main promenade next to of the dynamic beach.”15 Plage Parallele Park – A Plan for Escape was your 2002
was originally planned, so that it becomes marines, doing exercises, playing volleyball (1999), which you exhibited first at the
a continuation of the waves rolling towards on the beach, sun-bathing near the water, Mies van der Rohe pavilion in Barcelona, 12
Jennifer Allen, ‘Weeds’, in Pensee Sauvage,
the beach. In Plages (2001), which you practicing baile funk dance steps in one of consists of two towels laid on the floor, a exhibition catalogue, Kunstverein Frankfurt,
filmed from the 21st floor of Othon Palace the concrete constructions, lifting concrete readymade that creates the possibility of 2007, p. 86
Hotel in Copacabana, the camera traces weights in the outdoor gym at the end of creating a beach anywhere. In 2013, for 13
Michel Foucault, ‘Des Espaces Autres’,
the pattern of Burle Marx’s design on the the park, or looking for romance amongst the 33th Panorama of Brazilian Art entitled in Architecture/Mouvement/Continuite, no 5,
promenade as well as the movement of the the trees when night falls. Flamengo is “P33: Formas únicas da continuidade no 1984, pp. 46-49, translated from the French
waves. People gather on the beach, fire- a democratic, utopian space: everybody espaço,” [“P33: Unique Forms of Continu- by Jay Miskowiec
works explode in the sky, and police sirens shares the park regardless of social class, ity in Space”] curated by Lisette Lagnado, 14
Dominique Gonzalez-Foerster in Hans Ulrich
sound: it’s New Year! Copacabana’s fluid- ethnicity, skin color or sexual preference. you took the beach to Sao Paulo by insert- Obrist, Dominique Gonzalez-Foerster –
ity, like that of many other spaces in Rio, This, of course, doesn’t mean that the ing into an open-air shopping arcade, The Conversation Series Walter König, Koln,
could be a model for a social and urban problem of ethnicity and class is solved in Galeria Nova Barão, a half-scale version of 2008, p. 165
utopia, but this utopia is also fragile. As the Brazil, where citizens who are descendants the lifeguard towers designed by architect 15
Ibid., p. 76
film ends and it starts to rain, a last voice, of black African slaves still have fewer Sergio Bernardes in 1976 for Copacabana 16
Hélio Oiticica, “Creleisure”, in Guy Brett,
that of a local fisherman, says, “Copaca- opportunities than those of white Euro- and Ipanema beaches. Catherine David, and Chris Dercon, Hélio Oiticica,
bana doesn’t exist.” As such, Copacabana pean descent or mixed race. The 1968 slogan of the student uprisings Centro De Arte Hélio Oiticica/Jeu de Paume/Witte
might be only a human dream. Parks and beaches in Rio go beyond being in France stated, “beneath the pavement, De With, Rio de Janeiro/Paris/Rotterdam, 1992,
In Flamengo Park, the relationship between sites for temporary relaxation and become the beach!” and with it the beach and lei- p 132-138
city and sea is made more complex by the a form of escape from the rational urban sure took on the potential for revolution. 17
See Lisette Lagnado “Solarium: Exotourism
addition of the vegetation and tropical structures of control found in cities. In this The transformational potential of leisure as and Creleisure” in Dominique Gonzalez-Foerster,
park between the buildings and the bay, respect they are closer to what Michel Fou- an alternative to alienating capitalism was Nocturama, MUSAC, Actar, Barcelona, 2008, p. 90
proposition for Documenta 11 in Kassel, an island, a space within a space, the park seen some that are blue and others that of water to the transmission of knowledge:
Germany, which created a park within the escaped the normative exhibition spaces of are gray, red or green), which have stacks “For some years now, I’ve been dream-
park of Kassel’s Orangerie. The delimitated the Fridericianum and Documenta Hall. In of fiction books related to a certain topic ing about doing a swimming pool on the
area created a microclimate, and con- this way, A Plan for Escape was also close around them. The carpets become places beach – a kind of ‘tropical university’.”27
tained memories of your travels through to Foucault’s conception of heterotopia: to lie down on to read the books, places This obsession with creating swimming
mostly non-European and non-Western “The heterotopia is capable of juxtapos- for mental escapes, but could also be flying pools in exhibition spaces has existed in
landscapes, what you called “everything ing in a single real place several spaces, carpets, swimming pools, or parks. Your your work for a long time, and appeared in
from far away”18: a rosebush from Chan- several sites that are in themselves incom- installation, Brasilia Hall (2000), at Moderna Waterloo-Martini (1997) and Repulse Bay
digarh, the modernist city built by Le patible.”22 Museet, Stockholm consisted of an orange (1999), both environments you created for
Corbusier in India; a volcanic rock from El You continued researching these strate- neon sign reading “Brasilia Hall” and a exhibitions where you inundated the space
Pedregal, the lava fields developed in Mex- gies in other parks in later commissions: giant green carpet, which is a reference not without using water, and more recently in
ico City by architect Luis Barragan, where Le Jardin des Dragons et des Coquelicots to the modernist architecture of utopia and Ballard Garden (2014), where the main ele-
he also designed some gardens; a public (2003) at MC2, Grenoble, France; Roman control of the capital of Brazil, but to the ment of the garden is an empty, desolate
telephone box from Copacabana; a long de Munster (2007) at Muenster, Germany; empty spaces between the government swimming pool.
red concrete bench like one you had seen Desert Park (2010) at Inhotim near Belo buildings in the city.
in Taipei; hanging pink lights reminiscent Horizonte, Brazil; and very recently Ballard In Rio de Janeiro, I’m staying at the place
of some you saw in a park in Istanbul, but Garden (2014) at De Singel in Antwerp, you named SET, Sítio Experimental Trop-
also an homage to Felix Gonzalez Torres; a Belgium. The parks also become what you ical, which, in your words, is “a place to 18
Dominique Gonzalez-Foerster, “Park – A Plan
small mosaic kidney-shaped pond in hom- call pre-architecture, a place that exists observe, enjoy, and describe the effects for Escape”, Documenta XI, catalogue, Kassel,
age to Burle Marx or maybe also to Garett before buildings appear, before things of tropicalization.”25 The first time I was Germany, 2002, p. 562
Eckbo; and a giant lamp post like the ones solidify. For Foucault, the oldest example here was almost ten years ago, when the 19
Dominique Gonzalez-Foerster - Park. Plan
seen in Flamengo Park or in Acapulco’s La of heterotopia is the garden. “The tradi- nineteenth century house/terrace was in d’évasion, Imschoot Uitgevers, Gent, Belgium,
Costera.19 “Each was distinct and unique. tional garden of the Persians was a sacred the process of being renovated. Since 2002, is an archival and photographic source book
Each acted almost as a sculpture, but it space that was supposed to bring together then, I’ve seen the place change under the documenting parks, beaches, open spaces, and the
was also a sign of something else. The inside its rectangle four parts representing effects of the climate and weather. Like human activity in them around the world.
work is all about the links between these the four parts of the world, with a space still Lina Bo Bardi’s Casa de Vidro (1951), the 20
Dominique Gonzalez-Foerster, Chronotopes
objects. In a way, I saw it as a new type of more sacred than the others that were like house she built for herself and husband & Dioramas, DIA Art Foundation New York,
garden.”20 The park in Kassel was the phys- an umbilicus, the navel of the world at its Pietro Maria upon arriving in Brazil – a 2010 p. 54
ical manifestation of your ideas behind the center (the basin and water fountain were glass box from which to observe the sur- 21
Dominique Gonzalez Foerster,
concept of tropicale modernité: “Certain there); and all the vegetation of the garden rounding tropical vegetation –, SET is also ‘Tropicale Modernité, A Conversation Between
moments of Brasilia, Chandigarh or Hong was supposed to come together in this an observation platform. It is basically an Dominique Gonzalez Foerster and Jens Hoffmann’,
Kong – and I am talking about moments, space, in this sort of microcosm.”23 Fou- open terrace with a pink balustrade that in Tropical Modernité, Pavilion Mies van der Rohe,
not only places; a combination of people, cault then makes a comparison between opens towards the landscape, where, in Barcelona, 1999
buildings, light, sound, plants, events that Oriental carpets and gardens, with the the distance, you can see Flamengo Park 22
Michel Foucault, ‘Des Espaces Autres’, in
seem to display, citysize, a very inner state carpets becoming portable gardens. “As and Guanabara Bay from above. “The pan- Architecture/Mouvement/Continuite, no 5, 1984,
of things, what I sometimes call emotional for carpets, they were originally reproduc- orama in front of the terrace is a permanent pp. 46-49, translated into English by Jay Miskowiec
traffic or emotional black market: the way tions of gardens (the garden is a rug onto unwritten novel about urban tropical life 23
ibid.
we deal/negotiate internally to keep desire which the whole world comes to enact its and Sugarloaf, birds, airplanes…”26 SET 24
ibid.
and beauty alive against all forms of con- symbolic perfection, and the rug is a sort also has a swimming pool, which echoes 25
Dominique Gonzalez Foerster, ‘Sitio de
trol and authority.”21 The park created a of garden that can move across space). The and reflects the shape of Sugar Loaf, but Experimentacion Tropical’, email conversation with
landscape for the survival of these objects, garden is the smallest parcel of the world which is more than a swimming pool, and the author, 2008
moments, and memories, but also con- and then it is the totality of the world.”24 becomes a wet space and a liquid room 26
ibid.
nected different sensibilities and allowed Your Tapis de Lecture (2000 to the pres- that allows for fluid ideas, individual illumi- 27
Dominique Gonzalez-Foerster in Hans Ulrich
for the creation of new relationships and ent day) are square carpets measuring 5 nations or group conversations to happen. Obrist, Dominique Gonzalez-Foerster – The
configurations amongst them. An oasis and meters by 5 meters of a single color (I’ve In the past you have also related the idea Conversation Series, Walter König, Koln, 2008, p.75
The experience of the swimming pool/ immersion, rather than a relationship to UNFINISHED Paris, June 30, 2015
wet space makes me think of Gaston the object…a relationship with things that QUANTUM OF MARILYN
Bachelard’s idea of intimate immensity. In surround us.”29 As a way of “seeing not IN THE POOL I haven’t seen “Temporama” yet and I
it, Bachelard uses the writings of undersea what’s in front of you, but rather inside tristan bera don’t know if I’ll make it to Rio de Janeiro
explorer Philippe Diole and his experiences of you.”30 Your parks, exhibitions, and this summer. I’ve seen the photographs of
in the deep sea and the empty desert as an environments are places to explore these To our Marilyn from Santa Teresa, Denise Milfont the space at l as the installation has pro-
example for the experience of this immen- relationships and to do these immersions. gressed, and then the final photos from the
sity. “Diole concludes that ‘to go down into But unlike Bachelard’s and Diole’s individ- opening and by Pablo Leon de la Barra on
the water, or to wander in the desert, is to ual phenomenological experiences, your Instagram. A few months ago you talked to
change space,’ and by changing space, heterotopian spaces for crelazer propose me while you were devising it. I also recall
by leaving the space of one’s usual sen- both individual and collective experiences. a dinner this winter in Paris with Camillo
sibilities, one enters into communication In them, identity is not fixed, difference is Osorio. So, as I share an office with Martial
with a space that is psychically innovating. recognized, and otherness is incorporated. Galfione, with whom you set up POSTE 9
‘Neither in the desert nor on the bottom Upon entering them, one enters a zone of in 2000 (an architecture firm named after
of the sea does one’s spirit remain sealed freedom, experience, and transformation. the lifeguard tower on Ipanema beach
and indivisible.’ This change of concrete As such they are microtopias, spaces for designed by Sérgio Bernardes), I had the
space can no longer be a mere mental molecular revolutions31, places that allow chance to see, as the year went by, some
operation that could be compared with us to escape in order to invent other new images that served as inspiration, the plans
consciousness of geometrical relativity. For realities. and progress of the project on paper. In
we do not change place, we change our the background, I witnessed the method
nature’.”28 without experiencing the end result, and
I would like to relate Diole’s experience of we know how much the exhibitions you
being underwater and in the desert with conceive are spaces to experiment with;
the experience of being in the tropics, and even if they have a clearly defined plan and
the change of nature that occurs within it. are inspired by explicit references from art,
The experience of being surrounded by film and literature, they are far from literal
tropical vegetation is not that different than and end up belonging exclusively to the
the experience of being immersed in the viewer. So all I know about “Temporama”
desert or under water. In your own work, is the general idea, the preparations, and
you’ve also explored these similarities. In the promises, but knowing you a bit and
the exhibition “Chronotopes & Dioramas” following the example of French film critic
(2010) for Dia at the Hispanic Society Serge Daney, who took the liberty of
in New York in 2010, you created three writing about films he hadn’t watched, I
museum dioramas, similar to those found will likewise take the liberty of writing you
in museums of natural history or ethnog- 28
Gaston Bachelard, The Poetics of Space, this letter that I hope will give some clues
raphy. Each diorama recreated a different Beacon Press Boston, 1994 (first published in about the interpretation of your work and
climate/weather/condition: one was dedi- French 1958), p.206 practices. I therefore submit to this chosen
cated to the Atlantic Ocean, another to the 29
Dominique Gonzalez-Foerster in Hans Ulrich exercise with all its artificiality, setting forth
desert, and the last one to the tropics. Each Obrist, Dominique Gonzalez-Foerster – more for other readers the elements that
diorama also contained books or pages of The Conversation Series Walter König, Koln, you already know, and concealing the ones
novels relating to each climate instead of 2008, p. 19 that have only to do with us.
taxidermied animals of each region or man- 30
Ibid., p. 21 One day, Diógenes Paixão, who owns Bar
nequins representing indigenous inhabit- 31
Félix Guattari and Suely Rolnick, Molecular do Mineiro in Santa Teresa, who in your
ants. You once said, “I’ve always looked Revolution in Brazil, Semiotexte, Los Angeles, 2008, film Plages (2001) says the Copacabana
for a relationship to the environment, an (original in Portuguese1986) beachfront promenade, designed by Rob-
erto Burle Marx, is the longest drawing in what led, for instance, to the short film, 1965 was the year when Jean-Luc Godard Anonymous, Aschenbach, Bob Dylan, the
the world, taught us the expression used Belle Comme le Jour (2012), a retro-fu- made his only science fiction film, Alphav- ballerina from Red Shoes, Vera Nabokov,
in Rio, “não é a minha praia”1 making the turistic prelude to Belle de Jour (1967) ille, from which you created a “book of etc.). They’re set against one another to
beach the key point of reference. But it by Luis Buñuel, and Belle Toujours (2006) sentimental architecture,” Alphavilles?, in determine the form of twenty-first century
also seems to have something collective by Manoel de Oliveira, in which the two 2004. opera. It is a new step in your biographi-
about it, something shareable. Since the protagonists cultivate a fantasized and real It was the year when Museu de Arte Mod- cal explorations through films and books
1990s you’ve interacted continuously and likeness with Catherine Deneuve and Mar- erna do Rio de Janeiro held its “Opinião (your main source of work), when, like
generously with architects, artists, curators, cello Mastroianni. A young, sophisticated 65” (Opinion 65) exhibition, when Hélio the characters from Ray Bradbury’s and
writers, graphic designers and musicians, blond with her hair done like Kim Novak Oiticica presented his parangolés. A year François Truffaut’s Fahrenheit 451 (T.451
considering that art, far from being a lonely in Alfred Hitchcock’s Vertigo (1958), lost earlier, the building had appeared, as is an adaptation of this in the form of a
practice, is enriched by collaboration and in contemplation of a statue of Venus at required by the script and with absolute scenic walk at Tensta Konsthall in Stock-
interdisciplinarity, constituting with your the Louvre, is approached by a man with poetic license, as the residence of the holm in 2012), you turn into what you read
friends a common territory with morphoge- an Italian accent who tells her the story French ambassador in Brasilia in That Man and offer a new four-dimensional version
netic fields, taking place in a space-time of of a monk in love with a female dog. The from Rio, a film by Philippe de Broca in the form of a transitory and ephemeral
diffuse contours: a beach. In Rio, the beach young woman is disturbed and leaves, but with Jean-Paul Belmondo and Françoise experience. These experiences, which are
is far more than a leisure space. It’s like the the story awakens in her a wave of fanta- Dorléac, Catherine Deneuve’s sister. possible thanks to the quantic power of art
cafés of Paris since the Enlightenment of sies she thinks she can stem by marrying 1965 was also the year you were born. to allow heterogeneous elements to coex-
the eighteenth century: a space for social Pierre Sérizy. In Belle de Jour, set in 1967, If I’m evoking Marilyn Monroe, camp, l ist in the present, abolish space, time, and
intercourse and exchange. But in this case the couple celebrate their first wedding Rio, modernist architecture, and science gender. The cut-outs of Marilyn Monroe
the café designates a closed circle, which anniversary. The action of Belle Comme le fiction on the same plane, it isn’t to allude exhibited at l are the unfinished (a word
is what gave rise to the expression “café Jour takes place earlier, in 1965. This was to random concomitant discoveries accord- that contains at once the notion of not fin-
society”, relating to a closed group of indi- also the year when the Velvet Underground ing to the Internet model of serendipity, ished and infinite) version of the star in her
viduals from high society, while the beach brought out their masochistic Venus in but rather to show that your works origi- last film, Something’s Got To Give (George
is a deterritorialized, heterotopian territory Furs, which served as inspiration for Brazil- nate most frequently from interactions and Cukor, 1962), whose swimming pool scene
that is open to the city and the horizon. ian musician and producer Arto Lindsay’s biographical elements, from multiple linked still conjures up dreams.
A critical text in the form of a letter already Faux Fur, the soundtrack for our film. threads and a constellation of references, Swimming pools are recurrent in your work.
indicates the impossibility of being simple 1965 is the equinox of the sixties. which put your creative process within the I recall that while writing Belle Comme le
and objective, and at least speaks both of John Cale and Lou Reed’s band was subli- theory of the network-actor. I imagine that Jour, you had the initial idea of filtering
its author and of the object being analyzed. mated by Andy Warhol’s Exploding Plastic “Temporama” is like returning to yourself, the image so that the scene where the two
This said, my desire is not to talk about Inevitable, expanded film sessions that on yourself, but not a narcissistic return to characters meet amongst the antiquities
myself and what has led me to appreci- combined live music and projected film works from youth never reproduced, and in the Louvre could be bathed in dream-
ate your work, or of you as a long-time, images with performances of whip dance never shown again since the 1980s, but an like blue. The idea was dropped. But in
admirable object of study, but of our point by Gerard Malanga. In 1965, Warhol pro- investigation into an original self interact- Farouche Féline, published in 2012 in the
of encounter, which we can call affinity. duced Camp, an underground film with ing with the architecture of the museum frame of a gang of fanzines created with
These affinities translate specifically into performances of singing, dancing, poetry, and the city and cinema, in constant muta- Philippe Parreno, we got together some
different shared passions since 2010, and mime or transvestites by the Silver Fac- tion and constant reinterpretation, a fleet- stills of swimming pools from Cat People
which deserve to be mentioned today on tory Superstars, which illustrates the style ing, aquatic self about to come up out of
the occasion of this new, unique exhibition identified by Susan Sontag. Camp is “one the water of a pool, to appear and then
in your career. way of seeing the world as an aesthetic disappear.
Together, we’ve always enjoyed identify- phenomenon. That way, the way of Camp, In 2012, you started your “apparitions”,
ing the similarities, differences and repeti- is not in terms of beauty, but in terms of in which, one by one, you embody vari-
tions with cinematic or Hollywood models, the degree of artifice, of stylization.” Mar- ous real-life and fictional characters from
but also the infinite bonds that, in an ilyn Monroe, immortalized, incarnates this the nineteenth and twentieth centuries 1
Meaning “it’s not my beach,” the equivalent of
organic thread, link every biography to an innocent, perverse Hollywood ideal the (Fitzcarraldo, King Ludwig II, Lola Montez, the English expression, “it’s not my cup of tea.”
expanded cultural history. This game was transvestites refer to and pay homage to. Scarlett O’Hara, Edgar Allan Poe, etc. vs. [translator’s note]
(1942), by Jacques Tourneur, and Paul Burt Lancaster, decides to do something surrounds and accompanies you. In my
Schrader’s 1982 remake with Nastassja considered stupid by some, which is to go office I’ve hung a picture from the film,
Kinski. One of your most recent films, back home pool by pool, making a river Central (2001), a horizontal shot, where a
Lola Montez in Berlin (2015), is based on he calls Lucinda, the name of his lost wife. young girl stands motionless with her back
an “apparition” at the Cabuwazi Circus His quest ends when he comes across an to us facing Hong Kong bay. Standing tall
in Berlin as Lola Montez. Inspired by Max empty pool that he decides to cross doing against the light, she looks like the black
Ophüls’s 1955 film, it is completely bathed freestyle in the air. monolith from 2001 – A Space Odyssey
in blue and transforms the nineteenth Why does this image haunt you? Maybe (1968) by Stanley Kubrick, gazing at the
century heroine fatale into an Andy Warhol because the artistic work also covers up opposite shore. The image stirs in me
silkscreen print. It’s said that the first aristo- an inner power that nobody but you can an uncanny strangeness, which therefore
cratic swimming pool of Europe was built admit or would consider total folly until it is enables a dialog that is contemplative but
in the gardens of Nymphenburg Palace in carried through. Frank Perry, who directed also perplexing and uncertain, with the
Munich, precisely where the Schönheiten- The Swimmer, also made Mommie Dearest architecture that since 2000 we have called
galerie (“gallery of beauties”) is, which (1981), a biopic of actress Joan Crawford the Anthropocene. Film and architecture
harbors a portrait of Lola Montez. (another camp star mentioned by Susan are the two disciplines that have accom-
In 2014, you inaugurated Ballard Garden Sontag), with Faye Dunaway in the leading panied this new geological era since the
in Antwerp, an architectural environment role, who trains obstinately in her quest Great Acceleration that began in 1944,
that, together with Desert Park (2011), for absolute perfection, swimming up and contributing critically and descriptively to
forms a dystopian diptych inspired by down her Hollywood swimming pool. the development of human domination of
J.G. Ballard’s speculative fiction novels. Why are you so dreadfully fascinated by the earth. What remains of the wonder-
Counterpointing the lush tropical park of the megalomaniacal dream of Fitzcarraldo, ment of the modernist twentieth century,
Inhotim, Desert Park is an arid dirt track the absolute anti-hero of colonial times, the golden age of Hollywood swimming
where concrete bus stops await a traveler who pursues the mad dream of building pools and concrete islands? Maybe the
who will never leave, describing more than an opera house in the Amazon forest with chance of returning to oneself thanks to an
stating the inequalities of access to essen- the incredible aim of taking German culture expanded, unfinished fiction, our beach.
tial resources. Meanwhile, Ballard Garden is to indigenous lands, no matter what this
an empty swimming pool, an architectural may cost the ecosystem? Maybe because
version of a concrete island surrounded this negative figure knows the risks of
by pools, which, in the middle of the city, deterritorialization (a term coined by Félix
gives visitors the unnerving impression of Guattari in contact with Brazilian culture)
the climate aberrations caused by human inherent to a nomadic artistic practice.
activity. There is an empty swimming pool “Temporama” at l is undoubtedly a
in Empire of the Sun (1985), a semi-autobi- prelude to a retrospective future to be
ographical novel by Ballard set in Shanghai inaugurated at Centro Georges Pompidou
in the 1940s during the Sino-Japanese War. in Paris this Autumn (because once again
After losing his parents in a crowd – the all your conceptions follow a pattern of
depiction of which in Steven Spielberg’s biographical and organic connections), but
1987 film adaptation gave me childhood it’s a specific, new, non-touring prelude,
nightmares – the young Ballard reaches an since the setting and the works on display
empty family home sacked by war pillagers were conceived in critical harmony with the
and sees an empty swimming pool where history you’ve been creating with the city of
dead leave pile up. There is also a meta- Rio de Janeiro since 1998.
phorical and dramatic image of an empty You’re constantly interacting with the envi-
swimming pool in The Swimmer (Frank ronment, in empathy even, permeated
Perry, 1968), in which the hero, played by by everything you see, everything that
Nascida em Estrasburgo em 1965, Domi- em escala 1:4 de esculturas selecionadas Born in Strasbourg in 1965, Dominique the turn of the millennium include Roman
nique Gonzalez-Foerster estudou na École de outros artistas apresentadas antes no Gonzalez-Foerster studied at the Ecole de Münster (2007), in which she created
des Beaux-Arts de Grenoble, onde se Skulptur Projekte Münster; TH.2058 (2008), des Beaux - Arts de Grenoble, from which quarter-size replicas of selected sculptures
formou em 1987, e na École du Magasin encomendada para o Turbine Hall da Tate she graduated in 1987, and at the École by other artists previously presented at
do Centre National d’Art Contemporain de Modern como parte da série Unilever, que du Magasin at the Centre National d’Art Skulptur Projekte Münster; TH.2058 (2008),
Grenoble, antes de concluir seus estudos consistia de 200 estruturas de metal de Contemporain in Grenoble, before going her commission for the Turbine Hall at
em 1989 no Institut des Hautes Études en camas-beliche dispostas em fileiras, com on to complete her studies in 1989 at Tate Modern as part of the Unilever Series,
Arts Plastiques, em Paris. Morando em Paris livros espalhados por cima e enormes répli- the Institut des Hautes Études en Arts which involved two hundred metal bunk-
e no Rio de Janeiro, Gonzalez-Foerster é cas de esculturas de artistas como Louise Plastiques in Paris. Based in Paris and bed frames in rows with books scattered on
celebrada por sua prática interdisciplinar e, Bourgeois e Bruce Nauman elevando-se Rio de Janeiro, Gonzalez-Foerster is cel- them, with large-scale replicas of sculptures
ao lado de contemporâneos como Philippe sobre elas; e Desert Park, nos trópicos ebrated for her interdisciplinary practice by artists such as Louise Bourgeois and
Parreno e Pierre Huyghe, é considerada de Inhotim (2010), para a qual construiu and, alongside contemporaries such as Bruce Nauman towering above; and Desert
uma das figuras proeminentes da estética pontos de ônibus de concreto inspirados Philippe Parreno and Pierre Huyghe, is Park in the Tropics of Inhotim (2010), for
relacional, termo proposto pelo crítico e na arquitetura modernista brasileira, que considered one of the preeminent figures which she fabricated concrete bus shelters
curador Nicholas Bourriaud para descrever instalou num campo próximo a uma flo- of relational aesthetics, the term proposed inspired by Brazilian modernist architecture
práticas surgidas na década de 1990 que resta tropical. Sua prática transdisciplinar by critic and curator Nicholas Bourriaud and installed them in a field next to a Bra-
exploravam os relacionamentos humanos e e muitas vezes colaborativa também se to describe practices that emerged in the zilian tropical forest. Her transdisciplinary
os contextos sociais em que eles ocorrem. estendeu ao âmbito da música e do teatro, 1990s exploring human relationships and and often collaborative practice has also
Com seu interesse especial pela arquite- com peças como NY.2022 (2008), com Ari the social contexts in which they operate. extended into the realms of music and the-
tura, interiores e espaços e seu fascínio Benjamin-Meyers e a Richmond County With a particular interest in architecture, atre, with pieces including NY.2022 (2008)
pela literatura, cinematografia, mídia e Orchestra de Staten Island, no Peter B. interiors and spaces, allied to a preoccupa- with Ari Benjamin-Meyers and the Staten
tecnologia, seu trabalho assumiu primor- Lewis Theater do Guggenheim Museum, tion with literature, cinematography, media Island’s Richmond County Orchestra at the
dialmente a forma de instalações, com fre- Nova York; K.62 (2009), no Abrons Art and technology, her practice primarily Peter B. Lewis Theater at the Guggenheim
quência site-specific, embora muitas vezes Center, Nova York, como parte da Per- took the form of installations, regularly Museum, New York; K.62 (2009) at the
utilize também o filme como suporte. Entre forma 09; e T.1912 (2011), em homenagem created site-specifically, though has often Abrons Art Center, New York, as part of
a série de obras dos anos 1990 em torno do 99º aniversário do naufrágio do Titanic, since also taken the medium of film. A Performa 09; and T.1912 (2011), in honour
da ideia de quartos estão RWF (Rainer no Guggenheim Museum, Nova York. A series of works from the 1990s revolving of the 99th anniversary of the sinking of
Werner Fassbinder) (1993), a recriação do performance M.2062 começou na Memory around the idea of chambres included the Titanic, at the Guggenheim Museum,
apartamento do falecido cineasta alemão, Marathon da Serpentine Gallery em 2012 e RWF (Rainer Werner Fassbinder) (1993) – New York. The performance work M.2062
e Une Chambre en Ville (1996), que apre- foi apresentada em diversas versões desde a recreation of the apartment of the late started at the Memory Marathon at the
sentou um quarto parcamente decorado, então, inclusive com o título Lola Montez German film-maker – and Une Chambre Serpentine Gallery in 2012 and has been
porém acarpetado, contendo um pequeno in Berlin (2014). Entre suas mostras indi- en Ville (1996), which presented a sparsely presented in various versions since, includ-
número de objetos para comunicação de viduais estão “Chronotopes & Dioramas” decorated though carpeted room contain- ing under the title Lola Montez in Berlin
informações e mídia, tais como um rádio na Dia Art Foundation, Nova York (2009), ing a small number of objects for com- (2014). Recent solo exhibitions include
-relógio, uma TV portátil, telefone e jornais “Splendide Hotel” na Reina Sofia, Madri municating information and media such ‘Chronotopes & Dioramas’ at the Dia Art
diários. Entre 1998 e 2003, produziu uma (2014), “Temporama”, no Museu de Arte as a radio clock, portable TV, telephone Foundation, New York (2009), ‘Splendide
série de 11 filmes apresentados como a Moderna do Rio de Janeiro (junho, 2015) e and daily newspapers. Between 1998 and Hotel’ at the Reina Sofia, Madrid (2014),
compilação Parc Central (2006), contendo a retrospectiva em desenvolvimento para 2003 she produced a series of eleven ‘Temporama‘ at Museu de Arte Moderna,
filmagens de parques, praias, desertos e o Centre Pompidou de Paris (setembro, films presented as the compilation Parc Rio de Janeiro (June, 2015) and retrospec-
paisagens urbanas de diversos locais, de 2015). Central (2006), featuring footage of parks, tive in development for the Centre Pompi-
Kyoto a Buenos Aires, de Paris a Taipei. beaches, deserts and urban landscapes dou, Paris (September, 2015).
Em 2002, ganhou o Prix Marcel Duchamp, from places ranging from Kyoto to Buenos
Paris. Entre suas principais obras e projetos Aires, Paris to Taipei. In 2002 she was the
desde a virada do milênio estão Roman winner of the Prix Marcel Duchamp, Paris.
de Münster (2007), em que criou réplicas Some of her key works and projects since
Museu de Arte Moderna Presidente President Sócios e Parceiros Administração e Finanças
Rio de Janeiro Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand Associates and Partners Management and Finances
Alessandro Hage Henrique Andrade Oliveira
Av Infante Dom Henrique 85 Vice-presidente Vice President Cláudio Pereira
Parque do Flamengo João Maurício de Araujo Pinho Filho Design Eduardo Gomes Chaves
20021-140 Rio de Janeiro RJ Carla Marins Coordenadora Coordinator Sandra Borges dos Santos
Brasil Diretor Director Mariana Boghossian Marcelo Barbara
www.mamrio.org.br Luiz Schymura Rafael Rodrigues Marcio Oliveira
facebook/museudeartemodernarj Alice Assaf Mídias Sociais Evelin Damascena
twitter/mam_rio Conselho Deliberativo Matheus Freitas Estagiário Trainee Adriana da Silva Pereira
Deliberative Council José Geraldo Avelino
Parceiros Partners Armando Strozenberg Cinemateca Film Archive Luiz Carlos dos Santos
Bolsa de Arte do Rio de Janeiro Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand Gilberto Santeiro Curador Curator Neuza Pinheiro
Credit Suisse Hedging-Griffo Demósthenes M. de Pinho Filho Hernani Heffner Paulo Henrique Menezes
Investidor Profissional Elisabete Carneiro Floris Conservador Head of Preservation Shirlei de Almeida Leite
Revista Piauí Gilberto Chateaubriand Presidente President Carlos Eduardo Pereira Valdir Monteiro Leocádio
Salta Elevadores Gustavo Martins de Almeida Fabrício Felice Tereza Cristina Vasconcelos
Heitor Reis Edson Gomes Thais Belarmino da Silva
Lei de Incentivo à Cultura Helio Portocarrero Sidney de Mattos
Ministério da Cultura Henrique Luz Operações e Eventos
João Maurício de Araujo Pinho Pesquisa e Documentação Operations and Events
Vice-Presidente Vice President Research and Documentation Claudio Roberto
João Maurício de Araujo Pinho Filho Cláudio Barbosa João Elias de Almeida
Joaquim Paiva Maurício Sales Marcelo Antonio de Almeida
José Olympio Pereira Verônica de Sá Ferreira Reginaldo Pessanha dos Santos
Kátia Mindlin Leite Barbosa Aline Siqueira Roberto Monteiro Leocádio
Luis Antonio de Almeida Braga Flávio Augusto Valdeir Adriano de Silis
Luiz Carlos Barreto Estagiários Trainees : Behar Engenharia Consultoria Consulting
Mantenedores Sponsors
Luiz Schymura Ana Carolina Pazo
edores Nelson Eizirik Gabrielle Batista Recepção Reception
Paulo Albert Weyland Vieira Joana Pinho Tânia Nascimento
Paulo Roberto Ribeiro Pinto Luciana Nobre Fabiana Lima
Marina Otero Gabriela Darmont Freire
Artes Plásticas Visual Arts Priscilla Lazaro
Luiz Camillo Osorio Curador Curator Roberta Aleixo Assessoria de Imprensa Press Office
Marta Mestre Assistente Assistant Tainá Bandini CW&A Comunicação

Museologia e Montagem Educação e Arte Segurança Security


Museology and Setting Up Education and Art Transegur Vigilância e Segurança
Veronica Cavalcante Luiz Pizarro Curador
Cátia Louredo Estagiários Trainees :
Fátima Noronha Felipe Barros da Silva
Cosme de Souza Carlos André Costa Moreira
Realização Realização José Marcelo Peçanha
o
Produção e Salão de Exposições
Production and Exhibition Hall
Hugo Bianco Coordinator Coordenador
Julliana dos Santos e Silva
Lucia Meneghini
Eduardo Ribeiro
Ana Paula Pinheiro
Jucelia de Karla Souto
Glayton Lisboa
Preparação do terreno para Desert park, 2010. temporama
construção, ca. 1955. Foto autor Foto da artista.
não identificado. Acervo l. sem título untitled 1985/2015 curadoria curatorship
livros, tijolos e madeira pablo león de la barra
books, bricks and wood
Segundo e terceiro pavimentos An outdoor room, 2014. planos e instalação plans and installation
do Bloco de Exposições, Foto da artista. sem título untitled 1985/2015 martial galfione
ca. 1961. Foto autor não vaso e lírio sobre rádio-relógio
identificado. Acervo l. vase and lily flower on radioclock produção “marilyn” “marilyn” production
fotografias photographs giasco bertoli
Bloco de Exposições após o Ballard garden, 2014. o deserto vermelho the red desert 1991/2015 cabelo e maquiagem hair and makeup
incêndio, 1978. Foto autor não Foto da artista. carpete e metal carpet and metal mélanie gerbeaux
identificado. Acervo l. assistente assistant constance chambers-farah
sem título untitled 1985/2015
aparelhos telefônicos telephones sets música para piscina soundtrack for the pool
Construção do Bloco Escola, Bar do Mineiro. cibelle, miss kittin, arto lindsay, tetine
[1955?]. Acervo l. Foto Pablo León de La Barra. sem título untitled 1987/2015
bolas de tênis e vidro tennis balls and glass bar do mineiro
diógenes paixão
lenço abstrato handkerchief abstract 1986/2015
Fotomontagem da vista aérea Alphaville (Alphaville, lenços de tecido fabric handkerchiefs agradecimentos especiais
da Baía de Guanabara, [1953?]. une étrange aventure de Lemmy special acknowledgements
Foto Jerry. Acervo l. Caution). Acervo l. sem título untitled 1986/2015 tristan bera, lisette lagnado, emma lavigne,
carpete carpet denise milfont, esther schipper, jochen volz,
david waddington, equipe l l team
Hélio Oiticica, Parangolé P4 O homem do Rio (L’homme sem título untitled 1987/2015
Capa 1, 1964 (cópia 1986). de Rio). Acervo l. objetos de alumínio e manta térmica fotografias photographs
Foto Deborah Engel, 2014. aluminium objects and survival blanket Pat Kilgore
Acervo l.
sem título untitled 1985/2015 © Dominique Gonzalez-Foerster | adagp
Plages, 2001. Foto da artista. Sem título (mm), 2015. estrutura de madeira wood structure
Foto Giasco Bertoli. museu de arte moderna
sem título untitled 1987/2015 rio de janeiro
baldes plásticos e luminárias articuladas 2015
plastic buckets and architect lamps
Plage parallèle, 1999. A bela da tarde (Belle de jour).
Foto da artista. Acervo l. sem título untitled 1985/2015
luminária de piso standing light

sem título untitled 2015


Double terrain de jeu, 2007. Sem título (mm) 2015. imagens impressas em alumínio e tecido
Foto da artista. Foto Giasco Bertoli. printed images on aluminium and fabric

temporama 2015
filmes plásticos azul e vermelho
Postococa, 2013. M.2062 (Fitzcarraldo), 2014. blue and red plastic films
Foto Panorama. Foto Giasco Bertoli.
todas as obras acima pertencem à artista
all works above belong to the artist

Tropicalisation, 2004. M.2062 (Fitzcarraldo), 2014. Fitzcarraldo, (M.2062), 2014


Foto da artista. Foto da artista. som e vídeo 5’ com projeção em cortina
sound and video 5' projected on drapery
coleção l doação outset england
and outset netherlands
Park, plan d'evasion, 2002. Fitzcarraldo. Acervo l. l collection gift of outset england
Foto da artista. and outset netherlands
Mantenedores Sponsors

ores

Realização Realization

Você também pode gostar