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Parafusos PDF
Parafusos PDF
ESCOLA DE ENGENHARIA
ENGENHARIA MECÂNICA EMPRESARIAL
ELEMENTOS DE MÁQUINAS
PROF. CARLOS GUILHERME
Introdução ......................................................................................................... 5
História.............................................................................................................. 6
Arquimedes ................................................................................................... 7
Estrutura e aplicação.......................................................................................... 8
Roscas ........................................................................................................... 9
Padronização ............................................................................................... 19
Normas ........................................................................................................ 24
2
Influência do tipo de conexão parafuso/porca ........................................... 31
Bibliografia ..................................................................................................... 48
Lista de Figuras
Figura 1 - Parafuso ........................................................................................... 5
Figura 2 - Exemplo de união por parafusos ....................................................... 8
Figura 3- Partes de um parafuso ........................................................................ 9
Figura 4 - Rosca de parafuso............................................................................. 9
Figura 5 - Montagem de peças ........................................................................ 10
Figura 6 - Movimentação de peças.................................................................. 10
Figura 7 - Rosca triangular.............................................................................. 10
Figura 8 - Rosca trapezoidal ........................................................................... 10
Figura 9 - Rosca redonda ................................................................................ 11
Figura 10 - Rosca quadrada ............................................................................ 11
Figura 11 - Rosca dente-de-serra..................................................................... 11
Figura 12 - Rosca direita ................................................................................. 11
Figura 13 - Rosca esquerda ............................................................................. 12
Figura 14 - Elementos gerais das roscas .......................................................... 12
Figura 15 - Parafuso corpo cilíndrico .............................................................. 12
Figura 16 - Parafuso corpo cônico .................................................................. 13
Figura 17 - Parafuso corpo parcialmente roscado ............................................ 13
Figura 18 - Parafuso corpo totalmente roscado................................................ 13
Figura 19 - Porca sextavada ............................................................................ 14
3
Figura 20 - Porca com assento cônico ............................................................. 14
Figura 21 - Porca com assento esférico ........................................................... 14
Figura 22 - Porca cega .................................................................................... 14
Figura 23 - Porca chapéu ................................................................................ 14
Figura 24 - Porca com entalhes radiais ............................................................ 14
Figura 25 - Porca castelo ................................................................................ 15
Figura 26 - Porca com furo de fixação ............................................................ 15
Figura 27 - Porca com parafuso de fixação ..................................................... 15
Figura 28 - Porca quadrada ............................................................................. 15
Figura 29 - Tipos de parafusos ........................................................................ 18
Figura 30 - Efeito da laminação a frio dos filetes de parafusos fabricados com
aço tratado termicamente para um mínimo de 860 Mpa ............................................... 29
Figura 31 - Efeito da laminação da rosca antes e após o tratamento térmico em
parafusos com limite de resistência à tração de aproximadamente 1.500 MPa (Madayag,
1969) .......................................................................................................................... 29
Figura 32 - Parafuso de Arquimedes ............................................................... 38
Figura 33 - Prensa de parafuso ........................................................................ 39
Figura 34 - Compressor de parafuso ............................................................... 40
Figura 35 - Exemplo ligação aparafusada com cisalhamento excêntrico .......... 41
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Fatores de área de cisalhamento por corte de roscas ........................ 23
Tabela 2 - Propriedades mecânicas para parafusos ........................................... 34
Tabela 3 - Composições químicas para as classes de parafusos de aço ............. 36
Tabela 4 - Resistência de cálculos dos parafusos em ligações por contato ........ 45
Tabela 5 - Resistência de cálculo à pressão de contato na parede do furo (entre
dois furos) ................................................................................................................... 46
Tabela 6 - Resistência de cálculo à pressão de contato na parede do furo (furo e
borda) ......................................................................................................................... 46
Tabela 7 - Força de protensão mínima em parafusos de alta resistência ............ 47
Tabela 8 - Resistência de cálculo à força cortante em ligações por atrito .......... 47
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Introdução
O parafuso é uma peça metálica ou feito de matéria dura (PVC, plástico, vidro,
madeira, entre outros), em formato cônico ou cilíndrico, sulcada em espiral ao longo de
sua face externa e com a sua base superior adaptada a diversas ferramentas de fixação
(cabeça do parafuso), como chave de fenda ou demais modelos.
O parafusos tem por finalidade ser o elemento de fixação de duas ou mais
superfícies, combinadas ou em junções diferentes, como a madeira, parede de alvenaria
(neste caso com a utilização de bucha de fixação), chapas metálicas ou numa matriz de
matéria pouco dura ou dura, podendo associar o uso de porcas ou através do efeito
combinado de rotação e pressão em um orifício destinado exclusivamente para recebê-
lo, sulcado em sentido contrário ao espiral ou não.
Figura 1 - Parafuso
5
História
Arquitas de Tarento
6
Arquimedes
Johannes Gutenberg
Foi um inventor e gráfico alemão. Sua invenção do tipo mecânico móvel para
impressão começou a Revolução da Imprensa e é amplamente considerado o evento
mais importante do período moderno. Teve um papel fundamental no desenvolvimento
da Renascença, Reforma e na Revolução Científica e lançou as bases materiais para a
moderna economia baseada no conhecimento e a disseminação da aprendizagem em
massa.
Leonardo da Vinci
Jacques Besson
7
astronomia. Nomeado pelo rei Carlos IX como “Senhor das máquinas do rei", também
lançou um livro e desenhos de um conjunto de instrumentos e máquinas que imaginou
serem construídos.
Henry Maudslay
Estrutura e aplicação
8
A redução dos esforços por intermédio de parafuso pode-se obter de forma igual
se houver transformação de movimentos, como nos casos atrás apontados, ou por meio
de uma jogo de engrenagens especiais: parafuso sem-fim e roda dentada, em que o
movimento de rotação do parafuso é transmitido, desmultiplicado, ao veio da roda
dentada, situado num plano perpendicular ao eixo do parafuso.
Os parafusos se diferenciam pelo tipo de rosca, da cabeça, da haste e do tipo de
acionamento.
Roscas
9
Figura 6 - Movimentação de peças
Figura 5 - Montagem de peças
Tipos de roscas
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Figura 9 - Rosca redonda
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Figura 13 - Rosca esquerda
Corpo do parafuso
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Figura 16 - Parafuso corpo cônico Figura 18 - Parafuso corpo totalmente roscado
Cabeça do parafuso
Pode-se ter para fuso sem cabeça e com cabeça. No caso dos com cabeça elas
podem apresentar diversas formas: quadrada, sextavada, de tremoço (ou esférica),
contrapunçoada, cónica, ou de grampo, forma que as porcas também podem tomar, além
de outras, como, por exemplo, a porca de orelhas, cuja forma é estabelecida para
facilitar o seu aperto manual. O parafuso que para apertar uma peça é roscado em outra
peça de conjunto, ficando então fixo na peça onde está roscado e o aperto da peça a
fixar é feito por meio de uma porca. Para evitar, naqueles parafusos sujeitos a vibrações,
que se desapertem ou desenrosquem, empregam-se dispositivos especiais de fixação das
porcas ou da cabeça do parafuso, como o emprego de anilhas de chapa, que se dobram
contra uma da faces da porca; anilha de mola, anilha belleville, porcas com rasgos ou
furos, por onde se introduz um troço, dupla porca, etc.
Tipos de porcas
13
Figura 19 - Porca sextavada Figura 20 - Porca com assento cônico
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Figura 25 - Porca castelo Figura 26 - Porca com furo de fixação
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Tipos de parafusos
Parafuso sem porca: Utilizado onde não há espaço para acomodar uma porca, sendo
o parafuso acomodado em um furo.
Parafuso de pressão: Parafuso cujo fim é o aperto de uma peça ou objeto contra
outro com força considerável devido à desmultiplicação do esforço que se consegue
pelo parafuso.
Parafuso diferencial: Parafuso tendo aberto no seu corpo duas roscas de passo
diferente; o que faz quando o parafuso se move numa das porcas, que esteja fixa,
deslocar a outra com uma amplitude de movimento diferente devido a desigualdade
dos passos das roscas.
16
Parafuso de fundação farpado ou dentado: São feitos de aço ou ferro e são
utilizados para prender máquinas ou equipamentos ao concreto ou à alvenaria. Têm
a cabeça trapezoidal delgada e áspera que, envolvida pelo concreto, assegurando
uma excelente fixação. Seu corpo é arredondado e com dentes, os quais têm a
função de melhorar a aderência do parafuso ao concreto.
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Figura 29 - Tipos de parafusos
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Padronização
Série grossa -> aplicações comuns que requerem repetidas inserções e remoções
do parafuso ou onde o parafuso é rosqueado em material mole.
Série fina -> mais resistentes ao afrouxamento decorrente de vibrações que as
roscas grossas por causa de seu menor ângulo de hélice.
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Série ultrafina -> utilizadas onde a espessura do passo é limitada e suas roscas
pequenas são uma vantagem.
Todas as roscas padrão são de mão direita (RH – right hand) por padrão, a
menos que haja especificação em contrário por adição das letras LH (left hand) à
especificação.
Uma rosca direita afastará a porca (ou parafuso) de você quando um ou outro
componente for girado na direção dos ponteiros do relógio.
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testes das barras rosqueadas sob tração mostram que a sua resistência à tração é melhor
definida para média dos diâmetros menor e primitivo.
A área sob tração AT, é definida como:
Com:
d = diâmetro externo
N = número de filetes por polegada
p = passo em milímetros
A tensão em uma barra rosqueada devido a uma carga axial de tração F, é então:
Tensão de cisalhamento
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Se ambos os materiais possuem resistência idêntica, o conjunto pode ser rasgado
ao longo do diâmetro primitivo. Em todo caso devemos supor algum grau de
compartilhamento da carga entre os filetes das roscas a fim de calcular as tensões.
Um modo de proceder consiste em considerar que uma vez que uma falha
completa requer que todos os filetes da rosca sejam rasgados, estas podem ser
consideradas como compartilhando a carga igualmente. Essa hipótese é provavelmente
válida, desde que a porca ou parafuso (ou ambos) seja dúctil de modo a permitir que
cada rosca rasgue a medida que o conjunto começa a falhar. Contudo, se ambas as
partes são frágeis (por exemplo, aços de alta resistência ou ferro fundido) e o ajuste dos
filetes da rosca é pobre, podemos imaginar cada filete assumindo toda a carga por
turnos até que haja fratura e o trabalho seja repassado para o próximo filete. A realidade
está inserida nestes extremos. Se expressarmos a tensão sob cisalhamento em termos do
número de filetes de rosca engajados, um julgamento deve ser feito em cada caso para
determinar o grau de compartilhamento de carga apropriado.
A área sob cisalhamento ou rasgamento AS para um filete de rosca é a área do
cilindro do seu diâmetro menor dR:
p → passo da rosca
Wi → fator que define a porcentagem do passo ocupado pelo metal no diâmetro menor
A área para um passo da rosca, obtida a partir desta equação pode ser
multiplicada por todos, por um ou alguma fração do número total de filetes de rosca
engajados de acordo ao que julgar correto o projetista, sempre levando em conta os
fatores discutidos acima para cada caso em particular.
Para o rasgamento da porca no seu diâmetro maior, a área sob cisalhamento para
um filete de rosca é:
p → passo da rosca
Wo → fator que define a porcentagem do passo ocupado pelo metal no diâmetro maior
da porca
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Fatores de área para área de cisalhamento por corte de roscas:
TIPO ROSCA Wi Wo
UNS/ISO 0,80 0,88
QUADRADA 0,50 0,50
ACME 0,77 0,63
(trapezoidal)
BOTARÉU 0,90 0,83
Tabela 1 - Fatores de área de cisalhamento por corte de roscas
Tensões torcionais
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Onde:
Normas
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ABNT NBR 5869:2010 - Pontas de rosca e partes sobressalentes de parafusos –
Formas e dimensões;
ABNT NBR 5870:2010 - Saídas de rosca – Formas e dimensões;
ABNT NBR 5926:2010 - Arruelas de pressão pré-montadas em parafusos —
Requisitos;
ABNT NBR 8133:2010 - Rosca para tubos onde a vedação não é feita pela
rosca – Designação, dimensões e tolerâncias;
ABNT NBR 9583:2010 - Parafusos auto atarraxantes com cabeça cilíndrica e
fenda — Dimensões;
ABNT NBR 9586:2010 - Parafusos auto-atarraxante com cabeça escareada-
abaulada e fenda — Dimensões;
ABNT NBR 9595:2010 - Elementos de fixação – Parafusos auto-atarraxantes –
Aplicação, escolha de diâmetros de furo básico e de passagem;
ABNT NBR 9980:2010 - Parafuso de cabeça redonda, para uso como escada de
torres de linha de transmissão de energia elétrica – Requisitos e designação;
ABNT NBR 9981:2010 - Parafuso sextavado de alta resistência para uso
estrutural – Dimensões;
ABNT NBR 9983:2010 - Arruela de uso em parafuso sextavado estrutural de
alta resistência - Dimensões e material – Padronização.
DIN 921 – Parafuso Cabeça de bandeja entalhado
DIN 906- Parafuso Bujão (Com Plug Allen)
DIN 908-Bujão Rosca BSP e Métrica
DIN 910-Bujão
DIN 911- Chave Sextavada
DIN 912 – Parafuso Allen Rosca ISO
DIN 913- Parafuso Allen sem Cabeça
DIN 914- Parafuso Allen sem Cabeça
DIN 915 -Parafuso Allen sem Cabeça
DIN 916- Parafuso Allen sem Cabeça, ponta cônica Recartilhada
DIN 920- Parafuso Cabeça com Fenda
DIN 923- Parafuso Com cabeça com fenda com ombros.
DIN 927- Parafusos com fenda no ombro
DIN 931- Parafuso Cabeça Sextavada
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DIN 933-Parafuso Sextavado Inox
DIN 933 Sz- Parafuso Sextavado com Fenda
DIN 939-Prisioneiro com Rosca Parcial
DIN 938-Prisioneiro com Rosca Parcial
DIN 940-Prisioneiro com Rosca Parcial
DIN 961 Rosca Cabeça Sextavada Rosca Total
DIN 963 A- Parafuso Cabeça Chata com Fenda
DIN 964 A- Parafuso Cabeça Chata oval com Fenda
DIN 965 A- Parafuso Cabeça Chata com Fenda PHILIPIS
DIN 966 A- Parafuso Cabeça Chata Oval Com Fenda Philips
Com relação ao perfil da rosca, Thurston (1951) mostrou que uma rosca
Withworth com um perfil normalizado pelo Reino Unido possui limite de resistência à
fadiga superior quando comparado ao perfil com normalização americana. Por outro
lado, Forrest (1952) apresentou a superioridade das roscas Unified em relação à rosca
Withworth sob carregamento axial.
Quando a resistência à fadiga de parafusos está em jogo, a questão que
geralmente surge é qual tipo de rosca, fina ou grossa, deve ser utilizado. A resistência à
fadiga de parafusos é significativamente afetada pela severa concentração de tensão que
surge na raiz do primeiro filete da rosca em contato com a porca. O quanto essa
concentração de tensão fragiliza o parafuso de uma dada dimensão depende do passo da
rosca de duas maneiras. Por um lado, quanto menor passo da rosca, maior será a
concentração de tensão no parafuso (Dragoni, 1994), o qual contribui para uma redução
da resistência. Por outro lado, quanto menor for o passo da rosca, menor será a
sensibilidade ao entalhe e maior será a seção transversal do parafuso, o que beneficia a
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resistência. O efeito real do passo da rosca na resistência do parafuso é uma interação
entre esses dois mecanismos (Dragoni, 1997).
Dragoni (1997) estudou o efeito do passo da rosca na resistência à fadiga de
parafusos de aço, de especificação ISO, acoplados com porcas padronizadas. Por meio
da análise de elementos de contorno e da foto elasticidade, Dragoni (1997) mostrou que
a capacidade de carga de parafusos está relacionada a uma compreensão do fator de
entalhe, o qual inclui tanto a concentração de tensão e a sensibilidade ao entalhe.
Dragoni apresenta gráficos do fator de entalhe como uma função do diâmetro nominal e
do passo da rosca para uma seleção de classes de parafusos. Os gráficos mostram que a
capacidade de carga aumenta sensivelmente com a diminuição do passo para parafusos
pequenos fabricados com aços de baixa resistência mecânica (classe ISO 4.6).
Reciprocamente, a capacidade de carga aumenta significantemente com o passo
(melhoras acima de 40 % podem ser alcançadas) para parafusos grandes fabricados com
aços de alta resistência mecânica (classe ISO 12.9).
Majzoobi (2005) também investigou o efeito do passo da rosca (grossa e fina) na
resistência à fadiga de parafusos com especificação ISO, dentro de uma faixa de 10 ≤d
≤24 mm (d = diâmetro externo), e parafusos com especificação American Unified,
dentro da faixa de 7/16” ≤d ≤1”. Foram utilizados no estudo cinco dimensões de
parafusos ISO (M10, M12, M16, M20 e M24) e cinco American Unified (7/16”, 1/2",
5/8”, 7/8” e 1”) com dois passos de rosca diferentes (rosca grossa e fina). Os parafusos
ISO eram da classe 5.8 e os parafusos American Unified eram classificados como A325
de acordo com a especificação da ASTM. Os resultados experimentais mostraram que
para os parafusos de especificação ISO, parafusos com rosca grossa tem uma vida em
fadiga maior que os parafusos com rosca fina. Para os parafusos de especificação
American Unified, quando a comparação foi realizada com base na tensão no núcleo
(Força / Área do núcleo), parafusos com rosca grossa são superiores aos parafusos com
rosca fina, no entanto, quando baseado na tensão nominal (Força / Área nominal), tanto
os parafusos de rosca grossa quanto os de rosca fina exibiram a mesma capacidade de
carga. Os 31 resultados também indicaram que para a mesma tensão no núcleo, a vida
em fadiga de parafusos ISO e American Unified, exceto para o parafuso de 1”, diminui
com o aumento do diâmetro nominal dentro da faixa analisada. Para o parafuso de 1”, a
vida em fadiga aumentou com o aumento do diâmetro nominal.
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Influência do processo de fabricação da rosca
Vários processos podem ser utilizados para fabricar a rosca dos parafusos. A
Usinagem é economicamente vantajosa para pequenas quantidades e geometrias
complicadas. No entanto, defeitos (tais como, micro trincas e contornos de grãos) que
se formam na superfície durante o processo de fabricação servem como locais
preferenciais para o início de uma trinca por fadiga. Assim, roscas usinadas geralmente
exibem propriedades de fadiga inferiores. A laminação, por outro lado, é vantajosa para
elevado números de produção. Durante este processo, grãos são alinhados na direção de
laminação (“fibras mecânicas”) e tensões residuais de compressão são introduzidas no
material. Consequentemente, tanto o início como a propagação de trincas por fadiga
são dificultadas (Ifergane, 2001). A Figura 30 ilustra a melhora na resistência à fadiga
de parafusos, com limite de resistência à tração de aproximadamente 860 MPa, com
filetes laminados a frio após tratamento térmico (Madayag, 1969).
A sequência dos processos envolvidos na fabricação dos parafusos também
pode afetar as propriedades de fadiga da rosca dos parafusos. Já foi reportado que
tensões residuais de compressão na raiz da rosca de parafusos e na raiz do entalhe de
outro elemento estrutural podem aumentar significativamente a resistência à fadiga
(Bradley et al., 2006). Se o tratamento térmico for conduzido após a laminação, ocorre
uma diminuição da vida em fadiga devido ao crescimento dos grãos na superfície da
rosca, a eliminação das tensões residuais e a uma alta taxa de propagação das micro
trincas, que foram introduzidas durante o processo de fabricação da rosca. A Figura 31
ilustra a diferença na resistência à fadiga de aços laminados antes e após o tratamento
térmico (Madayag, 1969). No entanto, para roscas usinadas, a influência da sequência
de usinagem/tratamento térmico não é evidente, mas depende principalmente do
material e dos parâmetros de usinagem. Em aços de alta resistência mecânica, por
exemplo, micro trincas que foram formadas na raiz da rosca durante o processo de
usinagem podem se propagar durante o tratamento térmico, resultando em uma
diminuição da vida em fadiga (Ifergane, 2001). Por outro lado, após o tratamento
térmico o aço de alta resistência mecânica se torna menos dúctil e, portanto, exibe uma
alta tendência de trincar durante a usinagem (Dieter, 1988).
28
Figura 30 - Efeito da laminação a frio dos filetes de parafusos fabricados com aço tratado
termicamente para um mínimo de 860 Mpa
Figura 31 - Efeito da laminação da rosca antes e após o tratamento térmico em parafusos com
limite de resistência à tração de aproximadamente 1.500 MPa (Madayag, 1969)
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parafusos da classe ISO 12.9 fabricados com aço SAE 8640 somente com o perfil 3/8
UNRF-24. As pré-cargas utilizadas foram 1, 50, 75, 90 e 100% da tensão de prova dos
parafusos com rosca laminada antes do tratamento térmico. A resistência à fadiga de
roscas finas laminadas após tratamento térmico com pré-carga de 1 % (razão de cargas
menor do que 0,05) aumentou consideravelmente (158 %) baseada em Sa (tensão
alternada) e 107 ciclos quando comparada com roscas que foram laminadas antes do
tratamento térmico. Isso está em acordo com resultados de comparação entre roscas
laminadas antes e após o tratamento térmico para razões de cargas (R) baixas. Quando
os parafusos foram ensaiados com pré-cargas maiores, obtiveram um aumento na
resistência à fadiga em 107 ciclos de 69 a 30 %. Esses aumentos são muito inferiores
aos 158 % quando utilizado uma pré-carga de 1 %, porém ainda são significantes.
Stephens et al. (2006) pesquisaram a influência da laminação a frio da rosca,
antes e após o tratamento térmico, na resistência à fadiga de parafusos com rosca grossa
e de alta resistência mecânica pra múltiplas condições de pré-carga. Para isso, utilizou
parafusos da classe ISO 12.9 fabricados com aço SAE 8640, porém com perfil de rosca
3/8 UNRC-16. As pré-cargas utilizadas foram 1, 50, 75, 90 e 100 % da tensão de prova
dos parafusos com rosca laminada antes do tratamento térmico. A resistência à fadiga de
roscas laminadas após tratamento térmico com pré-carga de 1 % obteve um aumento de
147 % na resistência à fadiga baseado em Sa (tensão alternada) e 107 ciclos quando
comparado com roscas que foram laminadas antes do tratamento térmico. Isso está em
acordo com resultados de comparação entre roscas laminadas antes e após o tratamento
térmico para razões de cargas (R) baixas. No entanto, utilizando uma alta pré-carga, a
resistência à fadiga de roscas com laminação após tratamento térmico não aumentou.
Kephart (2006) estudou a suscetibilidade de parafusos com diferentes processos
de fabricação da rosca ao fenômeno da corrosão sob tensão (CST). Kephart mostrou que
parafusos com rosca usinada de um material de alta resistência mecânica (ASTM A193
B-7 e A354 Classe 8), que foram expostos a um ambiente agressivo contendo 8 % em
peso de nitrato de amônio fervente e solicitados por volta de 40 % do limite de
escoamento do aço, sofreram o fenômeno da CST intergranular em apenas um dia. Em
condições de ensaio similar, os parafusos com rosca laminada antes do tratamento
térmico (têmpera e revenido) apresentaram uma suscetibilidade ao fenômeno da CST
similar aos parafusos com rosca usinada. No entanto, parafusos com rosca laminada
após tratamento térmico não exibiram o fenômeno da CST após uma semana de
exposição, até mesmo quando solicitados a 100 % do limite de escoamento da liga B-7.
30
Este efeito benéfico do processo ótimo de laminação da rosca (laminação da rosca após
tratamento térmico) ocorre devido aos altos níveis de tensão residual de compressão na
raiz da rosca (entalhes).
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especificações. Isso possibilita ao produtor utilizar o material mais econômico
consistente com seus equipamentos e procedimentos de produção que satisfaçam as
propriedades especificadas. A resistência mecânica e as designações das propriedades
de parafusos e prisioneiros são tipicamente baseadas no limite de resistência à tração
mínimo, enquanto que as designações da classe de porcas são tipicamente baseada na
tensão de prova. (ASM Comittee on Threaded Steel Fasteners, 1993).
Algumas propriedades requeridas pelas classes de parafusos são dadas pela
Tabela 2 (ISO 898-1, 1999).
Diversos aços de baixo carbono, médio carbono e ligas são utilizados na
fabricação das diferentes classes de parafusos para trabalharem entre -50 e 200 ºC.
Além do efeito da composição química do aço na resistência à corrosão e nas
propriedades a elevada temperatura, a temperabilidade do aço utilizado em prendedores
com rosca é importante quando se seleciona a composição química do aço. À medida
que a resistência mecânica requisitada e o tamanho da seção aumentam, a
temperabilidade do aço se torna um fator importante (ASM Comittee on Threaded Steel
Fasteners, 1993).
A Tabela 3 apresenta as composições químicas para as classes de parafusos de
aço dadas na Tabela 2.6 (ISO 898-1, 1999). O fabricante de parafusos pode escolher
qualquer aço dentro da limitação de cada classe, dados pela Tabela 3, para obter as
propriedades especificadas na Tabela 2.
33
Tabela 2 - Propriedades mecânicas para parafusos
34
35
Tabela 3 - Composições químicas para as classes de parafusos de aço
36
Exemplo de aplicações
Parafuso de Arquimedes
37
Figura 32 - Parafuso de Arquimedes
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Prensa de parafuso
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Compressor de parafusos
Esse tipo de compressor possui dois rotores em forma de parafusos que giram
em sentido contrário, mantendo entre si uma condição de engrenamento. A conexão do
compressor com o sistema se faz através das aberturas de sucção e descarga,
diametralmente opostas: O gás penetra pela abertura de sucção e ocupa os intervalos
entre os filetes dos rotores. A partir do momento em que há o engrenamento de um
determinado filete, o gás nele contido fica encerrado entre o rotor e as paredes da
carcaça. A rotação faz então com que o ponto de engrenamento vá se deslocando para a
frente, reduzindo o espaço disponível para o gás e provocando a sua compressão.
Finalmente, é alcançada a abertura de descarga, e o gás é liberado. De acordo com o
tipo de acesso ao seu interior, os compressores podem ser classificados em herméticos,
semi-herméticos ou abertos. Os compressores de parafuso podem também ser
classificados de acordo com o número de estágios de compressão, com um ou dois
estágios de compressão (sistemas compound).
40
Exemplo de cálculo – Ligação aparafusada com cisalhamento excêntrico
41
Considerações:
Solicitação de parafusos
Devido ao momento
= 110 = 2310
Momento polar de inércia do conjunto de parafusos, considerando que eles
tenham área unitária:
Σ = Σ( + ) = 4(6,5 + 7,5 ) = 478,5
42
As componentes de Fm são:
,
Horizontal: = = = 36,2
,
Vertical: = = = 31,4
Para rasgamento de contato entre dois furos, com s = 75 mm, φRn= 12,5 x 16 = 200kN
Para rasgamento entre furo e borda com e = 50 mm, φRn= 12,5 x 15 = 187,5 KN que é
o menor dos dois valores, sendo o dimensionamento governado pelo valor
anteriormente achado, φvRnv= 87,38 kN, que ainda é menor.
Verificação:
A solicitação de cálculo no parafuso, 61,5 kN é menor que a resistência de cálculo,
87,38kN (OK).
43
- resistência ao deslizamento (NBR 8800, 7.3.3.2):
Como a ligação é por atrito, ela deverá ser verificada também ao efeito de deslizamento.
Conforme visto anteriormente, como este é um estado limite de utilização, o esforço no
parafuso a ser considerado é o nominal;
Admitindo que o coeficiente γ de ponderação das ações seja 1,4, a solicitação nominal
do parafuso será:
61,5
= 43,9
1,4
Tb= 173 kN para parafuso com d = 7/8”, igual ao esforço de protensão na montagem do
parafuso, conforme tabela 19 – NBR 8800, também reproduzida neste trabalho (tabela
7).
T = 0, força de tração no parafuso, inexistente no caso, pois o parafuso é submetido
apenas ao cisalhamento;
Este valor pode ser achado diretamente na tabela 8, onde estão indicados os valores de
φvRnvpara parafusos ASTM A-325 e A-490 submetidos apenas ao cisalhamento e com
µ= 0,28 e ξ= 1.
Verificação:
A solicitação nominal de cálculo, 43,9 kN, é menor que a resistência ao deslizamento e
a conexão fica verificada a este efeito.
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Tabelas utilizadas no exercício anterior:
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Tabela 5 - Resistência de cálculo à pressão de contato na parede do furo (entre dois furos)
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Tabela 7 - Força de protensão mínima em parafusos de alta resistência
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Bibliografia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Parafuso#cite_note-gepb1-3 Acesso em 23 de
Dezembro de 2013 as 15:00h
http://pt.wikipedia.org/wiki/Parafuso_de_Arquimedes Acesso em 23 de
Dezembro de 2013 as 15:30h
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