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Culturas Alimentares e Industriais

Aula 1:
Introdução a cultura de Arroz

dr. Nelson Cossa


A CULTURA DO ARROZ

dr. Nelson Cossa


Topicos
1. IMPORTÂNCIA
2. ORIGEM
3. CLIMA
4. MORFOLOGIA DA PLANTA
5. GERMINAÇÃO, CRESCIMENTO, E DESENVOLVIMENTO DA
PLANTA
6. SISTEMAS DE CULTIVO
7. PREPARAÇÃO DO SOLO
8. MANEIO DA ÁGUA
9. MANEIO DE FERTILIZANTES
10. ERVAS DANINHAS E SEU CONTROLE
11. PRAGAS, DOENÇAS E O SEU CONTROLE
12. COLHEITA E PÓS-COLHEITA
dr. Nelson Cossa
1. IMPORTÂNCIA cont...
 De acordo com a FAO, a produção mundial em 2018 foi calculada em
777,7 milhões de toneladas de arroz em casca,1,3% a mais do que em
2017.

 Na África, as colheitas aumentaram 3,7% graças a uma recuperação da


produção no leste e no sudeste do continente, na Tanzânia e em
Madagascar.

 A produção do arroz (em casca) em Moçambique duplicou nos últimos 10


anos, de 165.211ton em 2010-11 para 340.800ton em 2018-19. Este
aumento, no entanto, é principalmente devido a expansão das áreas
cultivadas e o rendimento médio mantém-se estagnado entre 1,2 a 1,5
ton/ha (MADER, 2020).
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1. IMPORTÂNCIA cont...
Em Moçambique
 Fonte de carbohidratos
 Cultura mais adaptada para os solos pesados e para os solos hidromórficos
das planícies das províncias do centro e norte do pais durante a época
chuvosa
 Tem um potencial para a exportação para os países vizinhos
 A produção de arroz em Moçambique tem estado a aumentar nos últimos
anos devido a:
- aumento das areas
- modesto aumento dos rendimentos por hectare
- distribuicao de sementes e utensilios de trabalho
- boas condições climatéricas
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2. A ORIGEM DO ARROZ
O centro de origem do arroz é a Ásia onde é cultivado há mais de 3.000 anos

Na região sul do continente africano a origem do arroz não é clara. Vários
autores atribuem a sua introdução aos Árabes, Portugueses, ou comerciantes
asiáticos e imigrantes
Em Moçambique, acredita-se que o arroz é cultivado há mais de 500 anos
Existem pelo menos 500.000 famílias de pequenos agricultores (cerca de 2,5
milhões de pessoas ) directamente envolvidas na produção de arroz
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3. CLIMA cont...
3.1.2 Radiação solar
 Experiências realizadas em varias partes do mundo mostraram que há uma forte correlação
entre a radiação solar e o rendimento do grão no período que vai desde a iniciação da
panícula até à maturação por causa do aumento da matéria seca
 Estudos feitos no IRRI revelaram que a acumulação do amido nas folhas e nos colmos
começa cerca de 10 dias antes da floração
 O amido é marcadamente acumulado no grão durante o período de 30 dias depois da
floração

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3. CLIMA
Regiões de produção de arroz

• Clima temperado desde a China (53° N) até à Austrália, 35° S, porem os melhores rendimentos por hectare
são obtidos nas regiões de clima temperado como a Itália, Japão, Coreia e Austrália
Efeitos climáticos sobre a produção de arroz
Chuvas
• A quantidade e a distribuição das chuvas são os factores mais importantes no arroz de sequeiro de terras
baixas que representam cerca de 80% da área global.

 Se houver excesso de agua na fase da transplantação a mortalidade das plantinhas aumenta

 Se ocorrer uma variabilidade na cessação das chuvas, durante a fase reprodutiva ou de


maturação o rendimento pode ser seriamente afectado.

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3. CLIMA cont...
Radiação solar
 Que há uma forte correlação entre a radiação solar e o rendimento do grão no período que vai desde a
iniciação da panícula até à maturação por causa do aumento da matéria seca.
Efeito do comprimento do dia.
 O arroz é, geralmente uma planta de dias curtos e sensível ao fotoperíodo. Portanto, dias longos
podem impedir ou atrazar considerávelmente a floração.
Efeito da temperatura
os altos rendimentos obtidos nos climas temperados comparados com os dos trópicos tem sido
geralmente atribuídos às baixas temperaturas durante a fase de maturação.
o período de maturação é prolongado devido às baixas temperaturas o que permite mais tempo
para o enchimento do grão dr. Nelson Cossa
3. CLIMA cont...
Efeito das temperaturas baixas
• Os sintomas mais frequentes causados pela baixa temperatura são: fraca germinação, floração
retardada, esterilidade, excerção incompleta da panícula, formação anormal dos grãos.

Efeito das temperaturas altas


 Altas temperaturas podem também induzir esterilidade
 Altas acima de 35-41°C são prejudiciais durante a antese porque provocam a esterilidade das
espiguetas

Efeitos do vento
 Ventos fortes como os que ocorrem durante os ciclones podem causar acamamento das plantas
ou desgranamento como também provocar danos mecânicos nas folhas..
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3. CLIMA cont...

Influência do clima sobre o rendimento do arroz

Os factores que afectam o rendimento do arroz não são fáceis de separar. A relação entre o
rendimento do grão e as suas respectivas componentes pode ser expressa como:

Rendimento do grão = numero de panículas x numero de espiguetas por panícula x


percentagem de espiguetas cheias x peso de 1000 grãos

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4. MORFOLOGIA DA PLANTA DE ARROZ

O arroz cultivado (Oryza sativa L.) pertence à tribo Oryzeae da sub-família


Pooideae na família das gramíneas.
A planta de arroz pode ser caracterizada como uma gramínea anual, com
colmos redondos, ocos, laminas foliares césseis e uma panícula terminal
Em condições favoráveis, a planta pode crescer por mais de um ano
A planta do arroz está adaptada ao habitat aquático.

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4. MORFOLOGIA DA PLANTA DE ARROZ
Órgãos vegetativos

Os órgãos vegetativos
consistem de raízes, colmos
e folhas

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Colmo
O colmo da planta do arroz é oco e constituído
por uma serie de nós e entrenós

Folhas
A folha consiste de bainha e limbo. A bainha
envolve o colmo acima do nó
As variedades diferem quanto ao comprimento,
largura, área, forma, cor, angulo e pubescência

A ultima folha imediatamente abaixo da panícula


chama-se folha bandeira
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4.4 Órgãos Florais

Os órgãos florais são colmos modificados


O caule terminal da planta de arroz é a
inflorescência ou panícula

A espigueta é a unidade da inflorescência


As espiguetas são pediceladas na panícula
ramificada

A espigueta consiste de duas lemas estéreis, a


ráquila e a floreta. A floreta inclui a lema, pálea
e a flor nelas contida
A flor consiste de seis estames e um pistilo

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Panícula

-A panícula nasce apartir do ultimo


entrenó do colmo
Flor
 A flor propriamente dita consiste de estames e Filete
(pestilo)
 O fruto do arroz é a cariopse onde cada fruto individual
ajusta-se à parede do ovário maduro (pericarpo), em
forma de um grão

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5. GERMINAÇÃO, CRESCIMENTO, E DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento da planta de arroz pode ser


dividido em três fases

1. A fase vegetativa, que decorre da germinação ate à


iniciação da panícula

2. A fase reprodutiva, que decorre da iniciação da


panícula até à floração

3. A fase de maturação, que decorre da floração até à


maturação completa

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Fase vegetativa
Germinação da semente
-Em ambientes quentes e húmidos, as sementes de variedades não dormentes germinam
imediatamente após a maturação fisiológica
Emergência e crescimento das plantinhas
- A 1 folha normalmente emerge depois de 3 dias após a sementeira de semente pré-germinada (a pré-
germinação geralmente é feita através da colocação da semente em molho durante 24 horas seguida de
uma incubação durante 48 horas)

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Emergência e crescimento das plantinhas
 O crescimento dos filhos terciários
ocorre em duas fases:

-Fase de máximo afilhamento


-O aumento de filhos terciários continua
até um certo ponto designado fase de
máximo afilhamento

-Fase do alongamento do colmo


-Nas variedades de ciclo curto, o
alongamento do colmo e o
desenvolvimento da panícula ocorrem
simultaneamente

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Fase Reprodutiva
-A fase reprodutiva é marcada pela iniciação do
primórdio da panícula com dimensões
microscópicas dentro do caule em crescimento

Iniciação da panícula
-Nas variedades de ciclo curto o primórdio da
panícula começa a diferenciar-se cerca de 40
dias depois da sementeira e torna-se visível 11
dias depois (iniciação visível da panícula)
-A iniciação da panícula começa no colmo
principal
Polinização e fertilização
-O arroz é altamente autofecundado
-As flores abrem às 09:00 horas ate às 15:00
horas dependendo da variedade e do clima.

Fase da maturação
-Nos trópicos, a fase de maturação (da floração ate
à maturação) leva 25-30 dias independentemente
da variedade. A maturação envolve três fases

a) A fase de grão leitoso


b) A fase pastosa do grão

c) A fase de grão maduro


6. SISTEMAS DE CULTIVO DO ARROZ

 O arroz é cultivado desde o equador ate 50° N e desde o nível do mar ate
cerca de 2.500 metros
 Os solos e climas variados

 A textura varia de solos arenosos ate argilosos, o pH varia de 3 a 10


 culturas susceptíveis de serem cultivadas em solos saturados ou em
condições de submergência
Ecossistemas
Os factores que normalmente são considerados para designar os ecossistemas em que o
arroz cresce são:

 o regime hídrico (défice, excesso ou óptimo),


drenagem (boa ou má),
temperatura (óptima ou baixa),
solos (normal ou com problemas) e

topografia (plana ou ondulada).

Nota: Ainda não existe um consenso comum sobre os factores para designar os
ecossistemas.
 Os ecossistemas actualmente reconhecidos são:
i) Arroz irrigado
ii) Arroz de sequeiro de terras baixas
iii) Arroz de agua profunda
iv) Arroz de montanha
v) Arroz de pântanos com influencia de marés
Ecossistemas
a) Arroz de terras baixas (alagada)
- Na maioria dos países o arroz é produzido em
terras baixas
- Dentro deste ecossistema, a terra é preparada em
húmido ou em seco mas a agua no campo é
sempre mantida através de marrachas (diques).
Preparação de viveiros
 Arroz de sequeiro - inicio das chuvas
 Arroz irrigado os viveiros - a qualquer momento
 Transplante: 20-30 dias de idade

 Mais curto for ciclo vegetativo - cedo a sua


transplantação
O compasso
 O compasso apertado aumenta o custo desta operação
assim como as possibilidades de acamamento
 Plantas muito afastadas podem resultar em baixos
rendimentos

 Não existe nenhum espaçamento óptimo que sirva


para todas as variedades
Arroz de sequeiro (terras baixas)

 É necessário que haja uma acumulação de agua

no terreno antes de se fazer a lavoura

 Construção de diques (marrachas) para captar e

controlar a agua das chuvas

 Pratica de transplantação embora também

ocorra a pratica da sementeira directa em terreno

húmido ou seco
 Em Moçambique contribui com cerca de 90% da
área total
 As regiões mais importantes são as províncias de
Zambézia, Sofala, Nampula e Cabo Delgado
 As variedades utilizadas são na maioria as
tradicionais
 As limitações à produção incluem:
a) a má preparação da terra,
b) insuficiente quantidade e distribuição irregular das
chuvas,
c) ervas daninhas,
d) baixa fertilidade dos solos,
e) pássaros, ratos,
f) variedades de baixo rendimento e a falta de semente
de boa qualidade
Arroz de montanha
 O ecossistema de arroz de terras altas ocupa cerca de 7% da área cultivada com arroz em
Moçambique (Nampula e Cabo Delgado)
 O arroz de montanha é também cultivado na Ásia, em outras partes da África e na América
Latina e representa cerca de 10% do total 140 milhões de hectares cultivados no mundo
 As praticas de cultivo variam muito, partindo da agricultura itinerante nas Filipinas, Índia,
Tailândia e África Ocidental, por exemplo, ate ao sistema altamente mecanizado no Brasil
Arroz de montanha

Possuem um sistema radicular mais profundo que as do arroz de terras baixas;

Muitas variedades de montanha tem uma tolerância a seca razoável;

Elas produzem rendimentos baixos mas estáveis de cerca de 1 ton/ha

Pela sua pouca importância para o caso de Moçambique não nos debruçamos

sobre os outros ecossistemas de produção de arroz (aguas profundas e áreas

sobre influencia de marés)


7. PREPARAÇÃO DO SOLO
Preparação do solo
 As práticas de preparação solo tem um efeito no desenvolvimento
da cultura durante a germinação, emergência da plantinha e no
aspecto geral da cultura
 Os sistemas de preparação do solo variam com a:
 disponibilidade de agua,
 textura do solo,
 topografia,

 capacidade financeira do agricultor e


 com a preferencia do agricultor com relação ao tipo de cultura a praticar

 Sistemas mais comuns em Moçambique: sistemas de produção de


arroz de sequeiro de terras baixas e do arroz irrigado em
sementeira directa
Preparação do solo
Arroz da zona baixa: gradagem- sementeira directa e Puddling
para transplantação - reduzir a perda de água por percolação até o
lençol freático.
Arroz da zona alta: gradagem

Quando o pH do solo é baixo (ácido), deve fazer-se a calagem


2ton/há –sementeira a lanco
Evita a toxicidade por ferro e aluminio bem como a
disponibilidade de fosforo.
Sementeira
Escolha das variedades
 Alto rendimento

 Adaptabilidade

 Altura de ±1.1m para colheita manual

Selecção da semente
 Semente nova

 Quebra de dormencia

 Teste de germinacao 80-100%

Pre- germinacao

Producao de viveiro
 Sementeira de grão seco numa cama de semente seca que é depois alagada.

 Sementeira de grão pré-germinado numa cama de lama húmida. Largura 1m


comprimento 10m = 10kg
 Sementeira de tapete
8. MANEIO DA ÁGUA
Características físicas da planta
A altura da planta está directamente relacionada com a altura da água no campo

A altura da planta geralmente aumenta com o aumento da profundidade da água


O número de filhos da planta de arroz, por seu turno, está inversamente
relacionado com a profundidade da agua
Com um progressivo défice de água no solo, o numero de filhos diminui mais
do que quando houver um excesso de agua
A resistência ao acamamento diminui à medida que a profundidade da agua
aumenta porque as plantas tendem a crescer mais
Estado de nutrientes e as características físicas dos solos alagados
A submergência aumenta da disponibilidade de muitos nutrientes, mas se os
solos forem muito permeáveis, os nutrientes podem ser lavados para alem da
zona do sistema radicular
Toxicidade do solo
Vários ácidos orgânicos tais como o acido acético, butirico, gases como o
dióxido de carbono, metano e acido sulfídrico são produzidos podem retardar o
desenvolvimento das raízes, inibem a absorção de nutrientes e provocam a
podridão das raízes.
NB: O oxigénio pode ser reposto no solo através da drenagem
Temperatura da água
Ambas, temperatura alta e baixa da agua tem efeitos adversos sobre o
crescimento e rendimento do grão
Estudos feitos no Japão indicam que a temperatura óptima da agua se situa
entre 25 e 30°C
Nas ultimas fases de crescimento, temperaturas de agua abaixo de 15°C
retardam a iniciação da panícula, diminuem o tamanho da panícula e
aumentam a esterilidade

Profundidade de água e população de ervas daninhas


As ervas daninhas podem ser completamente eliminadas se for mantida uma
lamina de agua de cerca de 10-15 cm
Uso da água e efeitos do stress hídrico nas diferentes fases de crescimento
 A cultura do arroz pode resistir e recuperar de estresses ligeiros ou relativamente curtos se
condições favoráveis forem rapidamente restabelecidas
 O arroz é mais sensível ao stress hídrico apartir dos 20 dias antes da emergência da panícula ate
10 dias depois da sua emergência (De Datta, 1983).
a) Na Fase da plântula
-A necessidade da agua é pequena. Com efeito, se as sementes estiverem submersas, o
desenvolvimento da radícula é afectado pela falta de oxigénio

b) Desenvolvimento vegetativo

- lamina fina (2-3 cm)


-Um excesso de agua nesta fase, dificulta seriamente o enraizamento e reduz o afilhamento

-As bainhas foliares das plantas submersas enfraquecem e partem-se com facilidade
Na Fase reprodutiva
Dois factores devem ser considerados para o maneio de agua nesta fase
- Uma seca nesta fase, causa sérios danos particularmente quando ocorre a partir da altura
da iniciação da panícula ate á fase da floração por causa do aumento da esterilidade da
panícula como resultado da sua má formação e deficiente emergência, floração e
fertilização.
-O outro factor é o excesso de agua na fase reprodutiva, especialmente na fase de
emborrachamento, porque enfraquece o colmo e aumenta o acamamento.

Na Fase de maturação
-fazer a drenagem dos campos cerca de 10 dias antes da colheita e facilita
a colheita mecânica
-Contudo, o ataque de ratos pode aumentar nos campos drenados
Necessidade de água
-A necessidade total de água inclui a água necessária para a produção de plantinhas no viveiro,
preparação do solo e para o crescimento da planta desde a transplantação ate à colheita
-A quantidade é determinada por vários factores tais como o tipo de solo, topografia, profundidade
do lençol freático, ciclo vegetativo, método de preparação do solo e a evaporação durante o
período de crescimento
Condições topográficas

• Tamanho do tabuleiro ;
• Elevação não deve exceder 2/3 da lâmina de água.
Eficiência do sistema de rega
• Vazão da fonte;
• Declividade baixa;
• Baixa permeabilidade;
• Camada compactada.
Tipos de tabuleiros
• Tabuleiros retos;
– Áreas planas limitadas por diques;
– Tabuleiros maiores;
– Exigem áreas com baixa permeabilidadeTabuleiros em contorno;
Tipos de tabuleiros
Tabuleiros em contorno
Tabuleiros acompanham curvas de nível;
Construção de diques paralelos entre si;
Diques construídos seguindo contorno do terreno.
Construção de diques
• Variação em forma e tamanho;
Lâmina de água nos tabuleiros;

 Intensidade de ventos;
Intensidade de tráfego.
Margem livre acima do nível de água;
Necessidade de agua

A demanda de agua para a cultura de arroz irrigado por inundação obtém-se pelo
somatório de volumes de agua para:

i. Saturar o solo
ii. Formar a lamina de agua sobre a superfície do solo;
iii. Atender a evaporação da superfície liquida e

iv. Atender a evapotranspiração da cultura de arroz (ET) e attender as perdas por


infiltracao.
9. MANEIO DE FERTILIZANTES
Elementos essenciais para o arroz
 Para a cultura do arroz, 16 elementos são essenciais nomeadamente, carbono, hidrogénio,
oxigénio, nitrogénio, fósforo, potássio, enxofre, cálcio, magnésio, zinco, ferro, cobre,
molibdénio, boro, manganésio e cloro edevem estar presentes em quantidades óptimas e em
formas utilizáveis pela planta de arroz
 O nitrogénio, fósforo, potássio e zinco são os elementos mais utilizados pelos produtores de
arroz
 O processo de absorção de nutrientes nas diferentes fases de crescimento é uma função do
clima, propriedades do solo, quantidade, método de aplicação e da variedade da planta do
arroz
Utilização de fertilizantes

Os fertilizantes mais comuns usados na cultura de sao:


• NPK 15-15-15,

• fosfato de diamónio (DAP)(N,P)


• a ureia (que contém 46% N)

• o nitrato de amónio com cálcio (CAN;


• e sulfato de amónio de nitrato (ASN; 26% N)

 NB: As quantidades óptimas de fertilizantes vão depender da localização e dos


condicionantes locais.
Uso de estrume animal
Quando disponível, o estrume animal é um recurso importante para a melhoria
da fertilidade dos campos de arroz.
• Contudo, o estrume contém uma menor densidade de nutrientes em comparação
com os fertilizantes químicos e a quantidade de nutrientes obtida do estrume
produzido numa exploração pecuária de pequenas dimensões é normalmente
insuficiente para sustentar o nível necessário de produtividade do arroz.
• Contudo, o uso combinado de estrume e fertilizantes químicos permite a
obtenção de rendimentos superiores aos obtidos com cada um destes adubos em
separado.
Deficiencias
Sintomas de deficiências de macronutrientes e correção
Nitrogênio

Fósforo
Potássio

Cálcio
Magnésio

Enxofre
Sintomas de deficiências de micronutrientes

Ferro

Zinco
Cobre
10. ERVAS DANINHAS E SEU CONTROLE
Definição
- Ervas daninhas são definidas como sendo plantas crescendo em local onde não são desejadas
Danos

- Elas provocam muitos danos directos à cultura porque:


-reduzem o rendimento e a qualidade por competirem com a cultura em relação aos nutrientes,
agua e luz
-agravam o problema de doenças, insectos e outras pragas por servirem de hospedeiros
alternativos
-dificultam a colheita

-as ervas aquáticas reduzem a eficiência dos sistemas de irrigação


Classificacao
As ervas daninhas são classificadas
em gramíneas, folha larga e
ciperáceas
As ervas daninhas mais importantes
na cultura do arroz em
Moçambique são
Gramíneas
Echinochloa colona (L.)
- muito parecida com arroz
- quando este ainda é muito
- pequeno
- Echinochloa crus galli ssp.
- Echinochloa glabrescens
Ciperáceas anuais
- Cyperus difformis (L.)
- Cyperus iria (L.)
- Fimbristylis spp
Ciperáceas vivazes
- Cyperus rotundus
- Scirpus maritimus
Folha larga
- Monochoria vaginalis
Arroz vermelho
- Quando pequeno, quase não se
distingue do próprio arroz cultivado.
Depois destaca-se por ser mais alto e
desgranar com muita facilidade
Praticas de maneio das ervas daninhas
A competição das ervas daninhas varia com:
 o tipo de cultura (montanha, terras baixas),
 métodos de estabelecimento da cultura (transplantação, sementeira directa),
 variedade (alta, baixa),
 praticas culturais (preparação da terra,
 compasso,
 adubação,
 pureza da semente, etc).
• Alguns cientistas acreditam que a substituição das variedades tradicionais pelas
modernas tem provocado um aumento dos problemas de competição das ervas
daninhas
Métodos de controle de ervas daninhas
Os métodos de controle podem ser agrupados em culturais, manuais, mecânicos,
químicos e biológicos. Cada um tem as suas vantagens e desvantagens mas quando
aplicado isoladamente, nenhum método consegue ter um controle económico e uma
eficácia adequada
Métodos culturais
- O controle cultural inclui a prevenção da introdução de ervas daninhas, preparação do
solo, rotação de culturas, selecção de cultivares, época de sementeira, método de
estabelecimento da cultura, população de plantas, adubação e maneio da agua
Método manual
O controle manual inclui a queima, o arranque e o uso de
instrumentos como enxadas
Método biológico
Vários agentes biológicos tais como insectos, térmites e
fungos tem sido utilizados para controlar as erva
daninhas no arroz (golden snail)
Métodos químicos
Herbicidas são substancias químicas ou organismos biológicos que matam ou suprimem o crescimento d
plantas por afectarem um ou mais dos processos vitais à sobrevivência da planta tais como:
-divisão celular

-desenvolvimento de tecidos

-formação de clorofila

-Fotossíntese
-Respiração

-metabolismo do nitrogénio

-actividade enzimática

-Em geral, herbicidas aplicados em doses muito altas matam todas as plantas

-O uso de herbicidas está-se tornando popular dentre os produtores de arroz devido ao aumento do cus
de mão de obra para a monda
 Herbicidas mais usados

- O Butachlor, Molinato, Oxidiazão, Propanil e Tiobencarbe são


usados para tratamentos pré ou pós emergência
11. PRAGAS E DOENÇAS EM MOÇAMBIQUE
11.1 Pragas

a) Brocas: Broca-ponteada-do-colmo e a Broca-rosada. O ataque destas na fase da formação da panícula torna-a estéril

b) Lagartas: Lagarta invasora. Os adultos podem voar algumas centenas de quilómetros podendo provocar um surto invasor na
geração seguinte

c) Gafanhoto-verde-do-arroz: Voam de dia e à noite em grandes grupos. As folhas novas são roídas nas extremidades. Os grãos na
fase leitosa são exprimidos e ficam ocos. Esta praga aparece esporadicamente em alguns anos na época quente

d) Pardal-de-bico-vermelho: aparecem em bandos de 10 a 500. Os períodos de maior actividade em que provocam mais estragos são
os que vão das 05:45 ate às 09:00 horas e das 15:00 ate às 17:30 horas

Os meios de controle consistem de: i) semear no cedo (Outubro-Novembro) com variedades de ciclo curto, para evitar que a
cultura amadureça na época de maior abundância de pássaros (Maio-Junho); ii) usar bandeirolas; iii) usar espantalhos; iv) usa
guarda-pássaros; e, em casos de ataques mais severos, realizar combate químico com avicida (Queletox) nos locais de
pernoita ou de nidificação dos pássaros

e) Rato-do-campo: ataca as sementes logo depois da sementeira e na época da maturação cortam os colmos por baixo da panícula
Doenças
a) Pyriculária oryzae (Queima):
b) b) Drechslera oryzae ou Helminthosporium oryzae (Mancha castanha):
Pyricularie oryzae
Helminthosporium+Podridao da bainha
12. PÓS-COLHEITA
 Todas as operações pós-colheita incluindo a própria colheita, debulha, secagem e armazenamento,
são interdependentes
 A técnica utilizada, o tempo em que cada operação e realizada contribui para a qualidade e para a
quantidade final do arroz resultante
 Estima-se que em Moçambique as perdas desde a colheita ate ao descasque são da ordem dos 30 a
40%

Colheita
 Em Moçambique, a colheita do arroz e de maneira geral feita a mão

 A planta do arroz e cortada com foices a cerca de 15-25 cm da superfície do solo ou panícula por
panícula com ajuda de facas ou conchas
 Raras excepções de corte mecanizado usando autocombinadas ocorrem no Chokwé, província de
Gaza
Tempo de colheita
 Nos trópicos e essencial colher no tempo certo porque de contrario, pode haver
muitas perdas resultantes do ataque de ratos, pássaros, desgranamento e
acamamento
 Uma colheita feita antes ou depois do tempo prejudica o rendimento do grão e a
qualidade durante o descasque
 A cultura esta pronta para a colheita quando 80% das panículas tem coloração
palha e os grãos na porção inferior da panícula estão na fase dura o que
corresponde a cerca de 28 a 34 dias depois da floração
Debulha
• Os métodos de debulha são geralmente classificados em manual e mecânica. A debulha
manual e frequentemente feita através de batimento das panículas contra um tambor ou
outro objecto similar. A debulha mecânica e feita com o uso de autocombinadas ou por
pequenas debulhadoras.
Secagem
• O conteúdo de humidade não deve ser superior a 14% para garantir bom armazenamento.
Se a humidade do arroz não for reduzida para 14% ou menos depois da colheita pode-se
deteriorar devido a acção dos microorganismos e ataque de insectos. A secagem deve
iniciar dentro de 12 horas e nunca depois de 24 horas depois da colheita.
Limpeza
 A limpeza é feita para eliminar as matérias estranhas por causa dos seus efeitos subsequentes na
armazenagem e na qualidade de descasque
 O arroz com impurezas esta propenso a deterioração durante a armazenagem
 Arroz não limpo aumenta as necessidades de manutenção dos equipamentos de descasque por
causa dos danos provocados pelas impurezas

Armazenagem
 O arroz, à semelhança dos outros cereais, esta sujeito a deterioração por causa da mudança de
temperaturas e da humidade relativa
 Os insectos e as doenças são também mais activos com o aumento da temperatura e da
humidade relativa.
FIM

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