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Por - Felicio Bule 1

Historia oral

Conceito de fonte oral

Segundo (J. Vancina p. 140) fonte oral são todas as declarações feitas por uma pessoa sobre
uma mesma sequência de acontecimentos passados, contanto que a pessoa não tenha
adquirido novas informações entre as diversas declarações.
Importancia

ALVES e FELIPE (p.11) defendem que pesquisas em que se utiliza a memória como
instrumento de resgate da história de vida de homens e mulheres, desenvolvem um sentimento
identitário à formação da cidadania, bem como o fortalecimento da organização comunitária.

(THOMPSON, 1992, p. 17) citado por (ALVES e FELIPE, 2016, P. 3) afirma que:

“ (...) a história oral pode dar grande contribuição para o resgate da memória nacional, mostrando-se
um método bastante promissor para a realização de pesquisa em diferentes áreas. É preciso preservar
a memória física e espacial, como também descobrir e valorizar a memória do homem. A memória de
um pode ser a memória de muitos, possibilitando a evidência dos fatos coletivos ”

.
A história tradicional normalmente vem privilegiando o relato dos grandes sujeitos e
acontecimentos, já a história oral busca dar voz aos pequenos eventos do quotidiano, que
fazem parte de nossas vidas, dá ouvidos aos silenciados, mostrando o quanto também são
sujeitos da história. Assim, uma das características dessa metodologia está no fato de que ela
pode apresentar uma riqueza de detalhes que, muitas vezes, não são encontrados nos
documentos.

Olhando para o caso de muitos povos africanos a fonte oral é vista como essencial no resgate
da historia de grandes reinos que remontam do século XVII. A respeito disso, Hampate Ba
firma:

“ (…) nenhuma tentativa de penetrar a história e o espírito dos povos africanos terá validade a menos
que se apoie nessa herança de conhecimentos de toda espécie, pacientemente transmitidos de boca a
ouvido, de mestre a discípulo, ao longo dos séculos. Essa herança ainda não se perdeu e reside na
memória da última geração de grandes depositários, de quem se pode dizer são a memória viva da
África.” (A.Hampate Ba p. 167)
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Podemos afirmar que até mesmo os povos que sempre se orgulharam das fontes escritas,
também, usaram as fontes orais para resgatar histórias de suas pátrias.
Hampate Ba afirma que:

(…) Os primeiros arquivos ou bibliotecas do mundo foram o cérebro dos homens. Antes de colocar seus
pensamentos no papel, o escritor ou o estudioso mantém um diálogo secreto consigo mesmo. Antes de
escrever um relato, o homem recorda os fatos tal como lhe foram narrados ou, no caso de experiência
própria, tal como ele mesmo os narra. (p.167)

Objecto da história oral


Le Goff (1996) citado por ALVES e FELIPE (P. 3) afirma que a memória é o objecto
principal no trabalho com as fontes orais, pois o estudo vem por intermédio da memória das
testemunhas.

Tipos de memória

Segundo Halbwachs (1990) citado por ALVES e FELIPE (P.3) a memória pode dividir-se
em duas possibilidades: a memória individual e a memória colectiva. Ambas relacionam-se e
interferem-se entre si.

Limitações da história oral

Segundo ALVES e FELIPE (p. 4), a memória não apresenta exactidão, pode não ter um dado
preciso, mas possui dados que, às vezes, um documento escrito não possui. Mas as limitações
existem também nos documentos escrito, a respeito disso, Hampate Ba afirma que:

“Nada prova a priori que a escrita resulta em um relato da realidade mais fidedigno do que o
testemunho oral transmitido de geração a geração. (…). Além disso, os próprios documentos escritos
nem sempre se mantiveram livres de falsificações ou alterações, intencionais ou não, ao passarem
sucessivamente pelas mãos dos copistas”. (p.168)

Que cuidados devemos ter ao usar a historia oral?


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ALVES e ELIPE (P. 5) afirmam que a fonte oral pode ser confrontada com outros tipos de
documentação e analisada não apenas como uma complementação do documento escrito nos
estudos históricos, uma vez que ambos os documentos produzem informações sobre as
transformações das sociedades humanas.

(J Vansina) Uma tradição é uma mensagem transmitida de uma geração para a seguinte. Mas
nem toda informação verbal é uma tradição. Inicialmente, distinguimos o testemunho ocular,
que é de grande valor, por se tratar de uma “imediata”, não transmitida, de modo que os riscos
de distorção do conteúdo são mínimos. (…) O boato deve ser excluído, pois, embora
certamente transmita uma mensagem, é resultado, por definição, do ouvir dize

Historia oral como fonte de pesquisa

A história oral se configura como um procedimento de colecta utilizado frequentemente em


pesquisas históricas de educação. Este recurso possibilita ao pesquisador recorrer, alem de
documentos escritos, aos documentos orais como elementos significativos no resgate de uma
história. (p.3)
Ao recorrer à história oral, é preciso entendê-la numa perspectiva que vai alem um relato de
factos vivenciados num dado momento histórico em que somente documentos escritos não
poderiam revelar por si só todos os sentidos circundantes num determinado meio social (p. 3-
4). A entrevista é um recurso importante para fazer aparecer uma história oral. (P.4)
Para o entrevistador conseguir obter as informações almejadas no momento da entrevista,
precisa activar a memória do entrevistado. Por isso, as perguntas em uma entrevista devem ser
elaboradas de acordo com a pretensão de ouvir do entrevistador ou seja, precisam ser
coerentes não só com o tema em foco, mas também com o interlocutor com quem se fala (p.5)
A transcrição das entrevistas se caracteriza como uma segunda etapa importante no processo
da história oral. Entendemos, portanto, a necessidade de correcção da entrevista, mantendo o
sentido intencional articulado pelo narrador. A textualização é a última etapa na
materialização do discurso oral, que deve ser conferido pelo entrevistado para autorização de
sua publicação. Reconstruir histórias de vida, sejam elas nos aspectos pessoais, sociais,
culturais ou profissionais, é uma forma de reaver lembranças escondidas reveladoras de
sentimentos que, ao serem expressos pelas palavras, conseguem fazer os factos renascerem
mesmo imaginariamente.
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Bibliografia
ALVES e FELIPE,
Hampate Ba p. 167) A tradição viva
VANCINA, J. A tradição oral e sua metodologia

Felicio Bule

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